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Direito Processual do Trabalho – Claudio Dias

Aula 11 | Rito da Reclamação Trabalhista

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 2
2. RITO DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA ........................................................ 2
2.1. PETIÇÃO INICIAL ................................................................................................ 2
3. CITAÇÃO ................................................................................................................... 5
4. DEFESA DO RECLAMADO ................................................................................... 5
5. AUDIÊNCIA ............................................................................................................... 8

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Aula 11 | Rito da Reclamação Trabalhista

1. INTRODUÇÃO
Nesta aula, será abordado o Rito da Reclamação Trabalhista, desde a propositura da Ação
até o pagamento do crédito eventualmente reconhecido. Irá se abordar sob o enfoque do Rito
Ordinário, pontuando-se algumas questões quando esse rito apresentar diferenças severas no
tocante aos demais ritos.
2. RITO DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
2.1. PETIÇÃO INICIAL
A Petição Inicial poderá ser escrita ou verbal, conforme artigo 840 da CLT.
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Essa previsão é excepcionada quando se tratar de Reclamação para a instauração de
inquérito para apuração de falta grave contra empregado garantido com estabilidade, em que a
Reclamação deve, necessariamente, ser apresentada por escrito.
Art. 853 - Para a instauração do inquérito para apuração de falta grave contra empregado garantido com
estabilidade, o empregador apresentará reclamação por escrito à Junta ou Juízo de Direito, dentro de 30
(trinta) dias, contados da data da suspensão do empregado.
A Reclamação também poderá ser subscrita pela própria parte, sem o auxílio do
advogado, uma vez que ainda vige na Justiça do Trabalho o princípio do Jus Postulandi, no
qual as partes podem acompanhar suas ações sozinhas.
Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do
Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.
A Reclamação Trabalhista deve conter aqueles elementos apontados pelo artigo 840, §1º,
da CLT.
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação
de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
Segue um quadro comparativo com o artigo 319 do Código de Processo Civil, que
apontam aqueles elementos que deverão estar contidos na Petição Inicial na Justiça Comum,
com o fito de demonstrar que não há grandes diferenças entre os diplomas.

Art. 840, §1º, da CLT Art. 319 do CPC

A designação do juízo I – O juízo a que é dirigida

II – Os nomes, os prenomes, o estado


civil, a existência de união estável, a
A qualificação das partes
profissão, o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, o
endereço eletrônico, o domicílio e a
residência do autor e do réu

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A breve exposição dos fatos de que III – O fato e os fundamentos


resulte o dissídio jurídicos do pedido

O pedido, que deverá ser certo, IV – O pedido com as suas


determinado e com indicação de seu valor especificações;
V – O valor da causa

A data,
a assinatura do Reclamante ou de seu
Representante

VI – As provas com que o autor


pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados
VII – A opção pela realização ou não
de audiência de conciliação ou de
mediação
Assim como no CPC, a CLT fala que a Petição Inicial deverá apontar o Juízo a que é
dirigida a ação. Da mesma forma, a CLT fala em qualificação das partes, embora o CPC seja
mais detalhista. De todo o caso, as diferenças do CPC não são suficientes para ensejar a
impossibilidade de aplicação do dispositivo no Processo do Trabalho.
A CLT também menciona que a Reclamação deve conter uma breve exposição dos fatos
de que resulta o dissídio, diferentemente do CPC, que menciona que a Petição Inicial deve
apontar os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido. A CLT, nesse ponto, não exige indicação
dos fundamentos jurídicos. Vale lembrar, para tanto, que por fundamentos jurídicos não se
entende a mera indicação expressa das normas em que se fundamenta o pedido.
Adiante, a CLT menciona que a Reclamação deve fazer menção ao pedido, que deverá
ser certo, determinado e com indicação de seu valor. Nessa questão, o CPC se aproxima bastante
da CLT.
A CLT fala em data e assinatura do Reclamante ou de seu Representante, enquanto o CPC
fala que a inicial deve conter as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos
fatos alegados e a opção do autor pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
No tocante às provas, no Processo Trabalhista, elas serão definidas na audiência, uma vez
que a ideia orientadora do legislador ao editar a CLT foi de que todos os atos sejam praticados
na audiência. Com relação à opção pela realização de audiência de conciliação ou mediação, a
CLT não faz previsão dessa audiência em apartado.
A tentativa de conciliação, no rito ordinário, é feita em duas oportunidades na própria
audiência em que são produzidas as provas, em que é apresentada a defesa e em que,
teoricamente, deve ser proferida a sentença.
Com relação aos pedidos que não atendam ao disposto no §1º do artigo 840, o processo
será julgado extinto sem resolução do mérito.

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Artigo 840
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação
de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
Contudo essa extinção não pode se dar inadvertidamente porque, já no espírito do CPC
de 2015, a Súmula 263 do TST prevê que, salvo nas hipóteses do artigo 330 do CPC, o
indeferimento da petição inicial por não preencher requisito legal somente será cabível se, após
intimada para suprir a irregularidade em 15 dias, mediante indicação precisa do que deve ser
corrigido ou completado, a parte não o fizer.
Súmula nº 263 do TST
PETIÇÃO INICIAL. INDEFERIMENTO. INSTRUÇÃO OBRIGATÓRIA DEFICIENTE
Salvo nas hipóteses do art. 330 do CPC de 2015 (art. 295 do CPC de 1973), o indeferimento da petição
inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não
preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade em 15
(quinze) dias, mediante indicação precisa do que deve ser corrigido ou completado, a parte não o fizer
(art. 321 do CPC de 2015).
De acordo com esse artigo, o Juiz não pode simplesmente intimar a parte para que corrija
sua inicial, mas deve indicar o que ele entendeu não estar de acordo com a CLT. Nessa linha é
o artigo 321 do CPC, que diz expressamente que o Juiz deve apontar qual vício consta na inicial
para que a parte possa corrigi-lo.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que
apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor,
no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido
ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
Essa possibilidade de correção, no entanto, no entendimento da Súmula 415 do TST não
prevalece na situação em que o mandado de segurança for impetrado sem documento
considerado essencial ou indispensável. Entende o TST que, uma vez que o mandado de
segurança demanda prova pré-constituída, a sua impetração sem documento indispensável deve
implicar em sua extinção, e não correção.
Súmula nº 415 do TST
MANDADO DE SEGURANÇA. PETIÇÃO INICIAL. ART. 321 DO CPC DE 2015. ART. 284 DO CPC DE
1973. INAPLICABILIDADE
Exigindo o mandado de segurança prova documental pré-constituída, inaplicável o art. 321 do CPC de
2015 (art. 284 do CPC de 1973) quando verificada, na petição inicial do "mandamus", a ausência de
documento indispensável ou de sua autenticação. (ex-OJ nº 52 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000).
Conforme foi visto, a Súmula 263, a qual prevê a possibilidade de correção, há a exceção
das hipóteses do artigo 330 do CPC, quais sejam, inépcia, parte manifestamente ilegítima,
carência de interesse processual e não atendimento das prescrições dos artigos 106 e 321 do
CPC. Esses artigos preveem justamente que o Juiz deverá intimar a parte para sanar
determinados vícios constatados na Petição Inicial. De todo modo, nesses casos não é possível
a concessão de prazo para consertar a inicial.
➢ Em face da decisão que indeferir a Petição Inicial caberá Recurso Ordinário.
Caso não deseje a correção, mas a alteração à sua narrativa dos fatos ou acrescentar algo
à sua petição ou modificar, de qualquer forma, sua petição, a parte poderá fazê-lo após a
propositura da ação, sem o consentimento do Reclamado até o momento da defesa. No caso em

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que a defesa já tiver sido apresentada, mas a instrução não tiver iniciada, então a parte poderá
alterar sua Petição Inicial, desde que contenha a anuência do Reclamado. Caso, no entanto, a
instrução já tiver sido iniciada, não será cabível o aditamento da inicial.
3. CITAÇÃO
Uma vez distribuída a Petição Inicial, o próximo passo é chamar o Reclamado para
participar no Processo, promovendo a sua integração no polo passivo da Lide. Isso se dá por
meio da citação, que, na CLT, não é mencionada dessa forma, salvo na fase de Execução, onde
a CLT faz menção expressa da citação.
De modo geral, a CLT usa a expressão notificação para se referir genericamente aos atos
de comunicação. Por essa razão, pode-se dizer que, na CLT, a notificação denota tanto a
intimação quanto a citação do Reclamado.
A notificação do Reclamado prescinde de despacho do Juiz, conforme disposição do 841
da CLT, sendo ato do escrivão ou do secretário, independentemente do despacho do Juiz.
Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito)
horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para
comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
Em regra, essa notificação é feita por via postal, com aviso de recebimento, conforme
841, §1º, da CLT. Caso, no entanto, o Reclamado crie embaraços para o recebimento da
Reclamação ou não for encontrado, a notificação será realizada por edital.
§ 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu
recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que
publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.
Expedida a notificação, presume-se que ela tenha sido recebida 48 horas depois da
postagem. Caso a parte a tenha recebido em momento distinto, a ela incumbe o ônus de
demonstrar o recebimento em momento distinto, isso porque deve haver um prazo necessário
entre o recebimento da notificação e a Audiência do Julgamento (comumente chamada de
Audiência Una).
4. DEFESA DO RECLAMADO
Integrado o Reclamado no polo passivo, o próximo passo é este se defender das alegações
do Reclamante, apresentado sua defesa. Essa defesa deverá ser apresentada na Audiência, caso
frustrada a conciliação.
Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.
Conforme foi dito, a conciliação, na Justiça do Trabalho, é tentada na própria Audiência
em que serão praticados os demais atos, pois não há, no rito ordinário da Reclamação
Trabalhista, a previsão para a realização de uma audiência com vistas a, unicamente, realização
de conciliação.
Caso se trate de processo eletrônico, a defesa deverá ser apresentada até a audiência,
conforme artigo 847, parágrafo único, da CLT, incluído pela Lei 13.467/2017.
Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico
até a audiência. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

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Recentemente, há um julgado do TST dizendo que essa apresentação pode ser feita
inclusive quando a Audiência já tiver sido iniciada até o momento em que a conciliação tiver
sido frustrada. A CLT, no entanto, somente dispõe que a defesa deve ser apresentada até a
audiência.
Cumpre destacar que deve haver um intervalo mínimo entre o recebimento da notificação
e o momento da apresentação da defesa, que será feita em audiência. Esse intervalo, de acordo
com o artigo 841 da CLT, é de cinco dias.
Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito)
horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para
comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
Em se tratando da Fazenda Pública, no entanto, o artigo 1º do Decreto-Lei 779/1969
dispõe que esse prazo será em quádruplo, ou seja, 20 dias.
Art. 1º Nos processos perante a Justiça do trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou
municipais que não explorem atividade econômica:
II – o quádruplo do prazo fixado no artigo 841, “in fine”, da Consolidação das Leis do Trabalho;
Nesse contexto, importante notar que não se aplica ao Processo do Trabalho o artigo 229
do CPC, que prevê que, havendo litisconsorte com procuradores distintos, os prazos para eles
assinalados serão contados em dobro. A OJ 310 da SDI-I afasta expressamente a incidência
desse dispositivo ao Processo do Trabalho por entender que é incompatível com a celeridade
imanente ao Processo do Trabalho.
Código de Processo Civil
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão
prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento.
Tribunal Superior do Trabalho – OJ da SDI-I
310. LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM DOBRO. ART. 229, CAPUT E §§
1º E 2º, DO CPC DE 2015. ART. 191 DO CPC DE 1973. INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO TRABALHO
Inaplicável ao processo do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC de 2015 (art.
191 do CPC de 1973), em razão de incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente.
A apresentação de exceção de incompetência é um ponto que merece destaque porque
não será feita na audiência, cuja mudança adveio com a Reforma Trabalhista. Ao contrário das
demais matérias que o Reclamado pode alegar em sua defesa, a incompetência territorial não
deverá ser alegada na Audiência de Julgamento, mas em 5 dias a contar da notificação, antes
da Audiência de Julgamento, conforme previsão do artigo 800 da CLT, já com a alteração
trazida pela Lei 13.467/2017.
Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da notificação,
antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o procedimento
estabelecido neste artigo.(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Essa exceção deve ser apresentada antes da Audiência porque, uma vez apresentada, o
processo será suspenso e a Audiência de Julgamento não será realizada, cabendo ao Juiz
notificar o Reclamante e os litisconsortes, se existentes, para que se manifestem no prazo
comum de 5 dias.

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Em suma, o processo principal será suspenso e começará a tramitação da exceção. Essa


exceção pode, inclusive, dar ensejo a instrução processual, com a oitiva de testemunhas, se
necessário. Nessa situação, porém, a CLT prevê, expressamente, o excipiente e suas
testemunhas possuem o direito de serem ouvidos por carta precatória no Juízo que ele tenha
indicado como competente.
§ 3o Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência, garantindo o direito
de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver
indicado como competente.
Por exemplo, a ação foi ajuizada na capital de São Paulo, mas o Reclamado entende que
ela deveria ter sido proposta na cidade de Salvador. Assim, ele terá que apresentar a exceção e,
caso o Juiz entenda necessário a produção de prova testemunhal para instruir essa exceção, essa
prova testemunhal poderá, no tocante às testemunhas do reclamado, ser produzida na cidade de
Salvador. Essa situação possui finalidade de facilitar a situação do Reclamado.
Decidida a exceção, o processo retomará o seu curso normal, com a designação de
Audiência, apresentação de defesa e instrução processual diante do Juízo reconhecido como
competente. Caso tenha havida a apresentação da exceção de incompetência territorial, o
processo permanecerá suspenso até a decisão que resolverá a exceção.
Acerca do que conter na contestação, diz-se que o Reclamado deverá trazer, em sua
defesa, preliminares de mérito ou atacar o próprio mérito da questão. Ou seja, ele deve trazer
matérias que devem ser conhecidas antes da discussão do mérito e que, inclusive, podem obstar
a decisão ou deve atacar o mérito da questão.
Nesse sentido, o artigo 337 do CPC aponta que são preliminares de mérito as seguintes
questões:
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa; (artigo 800 da CLT)
Fazendo-se a ressalva, no inciso II, de que a incompetência territorial, que é de natureza
relativa, não deve ser alegada na defesa, como foi visto.
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
Todas essas matérias, com exceção da Convenção de Arbitragem e a incompetência
relativa, poderão ser conhecidas de ofício pelo Juiz, isto é, independentemente da alegação da
parte a seu respeito.
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das
matérias enumeradas neste artigo.

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Tendo trazido as preliminares de mérito cabíveis, o réu deve, ao tratar do mérito,


manifestar precisamente sobre todas as alegações de fato apresentadas pelo Reclamante. Trata-
se de ônus da impugnação específica porque as alegações de fato não impugnadas pelo
Reclamado, em sua defesa, serão presumidas verdadeiras, salvo se for admissível, a seu
respeito, a confissão, a petição inicial não tiver instrumento que a lei considerar da substância
do ato e, por fim, se estas alegações de fato estiverem em contradição com a defesa, considerada
em seu conjunto.
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da
petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Por essa razão, incumbe ao réu, em sua defesa, impugnar especificamente todas as
alegações de fato trazidas da parte contrária.
Nesse diapasão, em homenagem ao princípio da eventualidade, a parte também deve
apresentar, em sua defesa, toda a matéria de defesa. Somente será lícito aduzir novas alegações
quando forem relativas a direito ou fato superveniente, quando competir ao Juiz conhecer delas
de ofício ou quando, por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer
tempo e grau de jurisdição. Porém, a regra é que as alegações não trazidas com a contestação
não podem ser trazidas em momento posterior, em homenagem ao princípio da eventualidade.
Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito ou a fato superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
Também devem ser alegadas na defesa a compensação e a retenção (Artigo 767 do CLT
e Súmula 48 do TST). A compensação, porém, somente pode dizer respeito a dívidas de
natureza trabalhista (Súmula 18 do TST).
Desejando, o Reclamado poderá propor, na própria contestação (artigo 343 do CPC),
reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o
fundamento da defesa.
Essa reconvenção é faculdade do Reclamado, pois ele pode optar por discutir a questão
em ação própria que não esteja vinculada à Reclamação. Porém, uma vez proposta a
reconvenção, esta ganha autonomia frente a Reclamação principal. Ou seja, uma vez proposta
a reconvenção, a desistência da Reclamação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o
exame do mérito da Reclamação principal, não obstarão o prosseguimento do processo quanto
a reconvenção, por causa dessa autonomia da reconvenção.
5. AUDIÊNCIA
A audiência, primeiramente, será pública e realizada na sede do Juízo ou do Tribunal em
dias úteis previamente fixados, entre as 08h e 18h, não podendo ultrapassar 5 horas seguidas,
salvo quando houver matéria urgente (artigo 813 da CLT).
Art. 813 - As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do
Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não podendo
ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente.

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Se o Juiz, até 15 minutos após a hora marcada, não houver comparecido, os presentes
poderão retirar-se. Importante destacar, nesse ponto, que não se trata de atraso início da
audiência que autoriza as partes a se retirarem, mas, sim, o não comparecimento do Juiz no
local da audiência até 15 minutos após a hora marcada.
Nesse sentido é a IN 39/16 do TST, que é a norma que traz dispositivos do CPC que se
aplicam ou não no Processo do Trabalho, prevê entre os dispositivos que não se aplicam ao
Processo do Trabalho o artigo 362, III, do CPC.
Art. 362. A audiência poderá ser adiada:
III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado.
A audiência, conforme visto na aula de princípios, será uma, onde serão praticados,
preferencialmente, todos os atos.
Essa audiência começa com o pregão das partes, as quais são chamadas a comparecer a
sala de audiência, mediante o apregoamento. Se as partes não atenderem ao chamado, a solução
será diversa às partes, em homenagem ao princípio da proteção. Caso o Reclamante não
comparecer, haverá o arquivamento da Reclamação. Caso o Reclamado não comparecer, haverá
revelia.
Deve-se destacar, nesse assunto, que o Juiz não é obrigado a aceitar eventuais atrasos das
partes. Nesse sentido é expressa a OJ 245 da SDI-I do TST. A parte que se atrasar não pode
esperar que o Juiz aguarde seu comparecimento para que inicie a audiência.
245. REVELIA. ATRASO. AUDIÊNCIA
Inexiste previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte na audiência.
No caso da ausência do Reclamado, o qual gera revelia e confissão, a Reforma Trabalhista
trouxe inovação na CLT, que encerrou a celeuma sobre o que fazer quando a parte não estava
presente, mas o seu advogado estava. Nessa situação, muitos entendiam que o advogado não
poderia sequer juntar a defesa aos autos, uma vez que, ausente a parte, seria reconhecida a
revelia e confissão.
Com a Reforma Trabalhista, foi inserida o §5ºao artigo 844 da CLT que pôs fim a
discussão.
Art. 844 - O não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o
não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.
§ 5o Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os
documentos eventualmente apresentados.
Assim, estando presente o advogado, ele poderá promover a juntada da contestação e dos
documentos. Essa medida é importante porque a revelia não produz o efeito mencionado no
caput do artigo 844 quando, havendo pluralidade de Reclamados, um deles contestar a ação, o
litígio versar sobre direitos indisponíveis, a petição inicial não estiver acompanhada de
documento que a lei considere indispensável a prova do ato ou as alegações de fato formuladas
pelo Reclamante forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos
autos.
Art. 844 -
§ 4o A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se.
I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova
do ato;

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IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem em contradição


com prova constante dos autos.
Sendo assim, a juntada de defesa junto com documentos que comprovem a alegação da
Reclamada pode permitir a não produção de efeitos da revelia. Essa é a principal mudança
trazida pela Reforma Trabalhista, nesse ponto.
Em se tratando de Fazenda Pública, como se trata de interesse público e,
consequentemente, direitos indisponíveis, poderia se acreditar que não se produziria a revelia.
Porém, tal pensamento é errado. O TST entende, conforme OJ 152 da SDI-I, a revelia como
aplicável a pessoa jurídica de Direito Público.
152. REVELIA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. APLICÁVEL. (ART. 844 DA CLT)
Pessoa jurídica de direito público sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT.
Outro ponto que merece destaque é que a ausência do Reclamante somente resultará no
arquivamento da ação quando se der na Audiência Una. Quando se tratar, porém, de Audiência
de prosseguimento ou audiência de instrução, a ausência do Reclamante implica a confissão, e
não o arquivamento da ação, como ocorre na sua ausência na Audiência una. Ainda nessa
questão, o Reclamante deve ter sido intimado para comparecer a essa Audiência, cuja
ausência denotará confissão.
Apregoadas as partes, todos estando presentes, todos sentam à mesa, são, em seguida,
qualificados e, depois, haverá a tentativa de conciliação, que é a primeira coisa que o Juiz fará
(artigo 846 da CLT).
Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.
Caso as partes não cheguem a uma conciliação, o Reclamado apresentará sua defesa, que
poderá ser por escrito ou oralmente, com 20 minutos de apresentação, ou, ainda, caso se trate
de processo eletrônico, a defesa já poderá ter sido apresentada aos autos (artigo 847 da CLT).
Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.
Apresentada a defesa, tem início a fase instrutória. Após encerrada a instrução, as partes
poderão aduzir razões finais em até 10 minutos cada uma. Logo após o Juiz renovará a proposta
de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão, teoricamente, na própria
Audiência.
Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10
(dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não
se realizando esta, será proferida a decisão.

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