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“Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego”
Artigo 23 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10/12/1948)
Mas o pacote dourado de produtos otimistas que o mercado tentou vender não resistiu à
realidade do primeiro trimestre do ano. As notícias que vieram à público nesta semana de 13 a
19 de maio traçam um quadro muito desanimador para a realidade nacional, neste ano eleitoral,
sem muitas perspectivas pela frente.
Com a economia na UTI e uma quantidade enorme de desempregados no país, era de se esperar
uma taxa de inflação baixa, como é estabelecido pela famosa “Curva de Phillips”, que relaciona
alto desemprego à baixa inflação. Contudo, os preços tendem a subir no Brasil devido ao
aumento do preço do petróleo (que chegou a US$ 80 o barril Brent, esta semana), à nova política
de preços de combustíveis da Petrobras (o Brasil tem uma das gasolinas mais caras do mundo)
e à desvalorização cambial que está impactando o Brasil (o dólar oficial atingiu R$ 3,7 e
ultrapassou R$ 4 no mercado paralelo), a Argentina e diversos outros países ditos em
desenvolvimento.
Com a possibilidade de aumento da inflação, o Banco Central, no dia 16/05, resolveu manter a
taxa de juros Selic em 6,5% ao ano, que é a mais baixa em termos nominais, mas é muito alta
em termos reais, considerando o estado anêmico da economia brasileira.
O Banco Central também divulgou (dia 16/05) o Índice de Atividade Econômica do Banco Central
(IBC-Br), que registrou uma baixa de 0,13% no acumulado do primeiro trimestre de 2018 na
comparação com o trimestre anterior (outubro a dezembro de 2017), pela série ajustada. Isto
significa que a economia brasileira está estagnada e será incapaz de crescer 3% no corrente ano,
mesmo que houvesse um grande milagre.
Na quinta-feira, dia 17/05/2018, o IBGE divulgou a taxa composta de subutilização da força de
trabalho que agrega os desempregados, os subocupados por insuficiência de horas e a força de
trabalho potencial. O desalento, que faz parte da força de trabalho potencial, engloba as pessoas
que estavam fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguiam trabalho,
ou não tinham experiência, ou eram muito jovens ou idosas, ou não encontraram trabalho na
localidade – e que, se tivessem conseguido trabalho, estariam disponíveis para assumir a vaga.
No total, são 27,7 milhões de pessoas “jogadas na rua da amargura do desemprego”. Esta é a
taxa (24,7%) e o número (27,7 milhões) mais alto da série da PNADC, iniciada em 2012. Em
alguns estados a taxa de subutilização da força de trabalho chega a 40% (como na Bahia). Isto
mostra que o Brasil viveu a sua maior e mais profunda recessão da história e que esta tendo a
pior e mais desalentadora recuperação de todos os tempos. Pelo menos 3 milhões de brasileiros
procuram emprego há 2 anos e nada encontram.
Na verdade, todos estes dados acima sobre inflação, juros, desemprego, baixo crescimento, etc.
apenas confirmam que a economia brasileira está em um “beco sem saída” e o povo brasileiro
já não sabe mais o que é “Ordem e Progresso”, lema que foi inscrito na bandeira nacional pela
influência dos positivistas quando da Proclamação da República e que foi apropriado como lema
requentado do atual governo federal.
A situação da economia brasileira é, indubitavelmente, critica. O país tem uma grande crise
fiscal, uma dívida pública que está saindo totalmente do controle, baixa taxa de poupança e
investimento e baixíssima produtividade dos fatores de produção. Mesmo a ótima notícia de
que o Brasil vive o seu melhor momento demográfico da história e que tem uma janela de
oportunidade única para dar um salto no desenvolvimento humano, não vale de nada, pois o
estado da economia está jogando fora o bônus demográfico ao desperdiçar o potencial de 27,7
milhões de potenciais trabalhadores.
Para complicar ainda mais o que já está complicado, matéria do site Bloomberg (17/05/2018),
com base em estudos da economista da Universidade de Harvard, Carmen Reinhart, mostra que
os chamados “mercados emergentes” estão em pior situação hoje em dia do que durante a crise
financeira global de 2008.
Ao invés do otimismo dos BRICS, termo inventado pelo economista Jim O' Neill, do banco de
investimento Goldman Sachs, em 2001, a moda agora é falar de “Os 5 fracos” (“the Fragile Five”),
que incluem Brasil, Índia, África do Sul, Turquia e Indonésia. Sendo que a Argentina é Hors
concours. Uma crise internacional neste momento só iria agravar a crise brasileira.