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RESENHA CRÍTICA
NOVEMBRO DE 2017
AMARILDO GABRIEL BISSOLOTTI DOS SANTOS
RESENHA CRÍTICA
NOVEMBRO DE 2017
A LÓGICA DO CISNE NEGRO
A discussão do autor sobre essa Lógica é embasada em três atributos: Outiler, impacto
extremo e a natureza humana. O Outiler corresponde a um valor aberrante ou atípico que
interfere na interpretação sobre o evento. A existência do impacto extremo é decorrente da
imprevisibilidade do evento. A natureza humana está centrada em buscar explicações, com base
nas estratégias e fatos após o evento, para descrever a previsibilidade do mesmo. A baixa
previsibilidade e grande impacto tornam o Cisne Negro em improvável complicado, sendo esta
complicação acelerada com a Revolução Industrial, quando o mundo passa a ter uma
centralidade de conhecimento, onde acreditam que o imponderável não existisse.
Dessa forma, a lógica do Cisne Negro representa no cotidiano o que não se sabe ou não
imagina mais relevante do que aquilo que se sabe. Com tudo, a humanidade busca alterar o
curso dos eventos histórico, subestimando a previsão da ocorrência dos mesmos, e mais
importante, não se conscientizam desse processo. Essa capacidade de subestimar e não se
conscientizar da manifestação do Cisne Negro torna a mesma defasada no que diz respeito a
amplitude do conhecimento. A capacidade de adaptar-nos à ideia de que o Cisne Negro existe,
e pode acontecer a qualquer momento, nos torna mais estrategistas para lidar com a situação de
existência dele, ao contrário daqueles que tentam prevê-los por meio de projeto e de
planejamento, e muitas vezes se limitam apenas ao seu conhecimento deixando de lado a visão
hostil. A limitação de conhecimentos causada por acreditarmos em modelos prontos de estudo
e interpretação dos fatos do cotidiano faz com que o indivíduo observe apenas o comum e
despreze a possibilidade de observar aquilo que foge do comum, e muitas fezes o incomum traz
mais consequência do que o comum que era tanto observado e estudado. Isso se torna uma
desvantagem em um mundo vulnerável, onde aquilo que é desconhecido e que dificilmente
pode acontecer, principalmente quando estamos extremamente concentrados no que se conhece
e no que acontece com frequência, torna-se o colapso no seu campo de atuação.
Ao atribuir o fato da pessoa ter uma biblioteca e ter conhecimento, não é plausível
questionar o possuidor de quantos livros de fato já leu. Talvez ele não é possuidor do
conhecimento que se pensa que ele tem, pois, esse conhecimento estar nos livros não lidos, e é
nesses mesmos livros não lidos que a ideia de Cisne Negro está inserida. Nesse caso, o
questionamento representa nada mais que uma evasão intelectual do questionador, que em sua
grande maioria torna-se incapaz de reverter.
Existe uma tendência das pessoas se sentirem mais sabedores pela sua profissão e não
pelo conhecimento que tem sobre ela. Elas se acham capazes de explicar a causa de alguns
eventos que não à tem. Isso faz com quem, muitas vezes, de modo algum aceitemos a ideia da
imprevisibilidade. A forma como os eventos históricos são contados por livros é destorcida,
isto porque os mesmos são construídos a partir de rupturas, havendo saltos no entendimento,
mas ainda assim, sentimos o prazer de acreditar em tal escala temporal, onde a progressão
parece ser previsível.
Com a aglomeração nos sistemas mundiais, o Cisne Negro ultrapassa a crença dos jogos
de azar, e atinge os grandes negócios, provocando impactos irreversíveis no cenário mundial,
principalmente no setor financeiro, tornando-se, em alguns casos, mais catastróficos que os
cenários de guerra supracitado.
Um exemplo de Cisne Negro que ocorrera de forma positiva, ou seja, o fracasso foi
representado como de pouca importância, foi quanto ao caso da neurocientista, Yevgenia
Nikolayevna Krasnova. Ela costumava enriquecer suas teorias como histórias e as misturava
com sua auto bibliografia. Traduzia diálogos em línguas estrangeiras para o idioma original, de
forma semelhante a legendas de filmes.
O livro de Yevgenia pode ser considerado um Cisne Negro devido a proporção inesperada
alcançada pelo fenômeno que alcançou a autora e a editora com a publicação da obra. Isso
quando em vista a observação dos cientistas e escritores que “menosprezaram” sua obra durante
a tentativa de Yevgenia de persuadi-los. Porém, para a romancista e neurocientista, o sucesso
do seu livro era evidente, ausentando apenas a oportunidade e aceitação das editoras para que
isso ocorresse.