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Villa-Lobos e o Canto Orfeônico

Até 1930, o ensino de Música estava previsto na legislação educacional, porém, com imensa dificuldade
de expansão em nível nacional. Após a parceria estabelecida entre o presidente Getúlio Vargas e o maestro
e compositor Heitor Villa-Lobos, o ensino de Canto Orfeônico passou a ser inserido não apenas nas leis e
decretos federais, como na realidade das escolas brasileiras. O Canto Orfeônico, apesar de ser semelhante
ao Canto Coral, ajustava-se à ideia de multidões, pois não era necessário aos seus integrantes possuir
conhecimento profundo de técnica e teoria musical, como era o caso do coral tradicional.
Baseado nesta premissa, a prática de Canto Orfeônico, que já vigorava em território europeu desde o
século XIX, foi adotada como uma possibilidade plausível de aplicação nas escolas brasileiras. Villa-Lobos
empenhou-se pela obrigatoriedade do Canto Orfeônico na educação básica brasileira, além de promover
diversas concentrações orfeônicas, que eram apresentações vocais constituídas por um grande número de
estudantes dos diferentes níveis. Em 1940, por exemplo, Villa-Lobos regeu 42 mil estudantes no Estádio do
Vasco da Gama no Rio de Janeiro – a maior concentração realizada até então.
Juntamente com a expansão da disciplina de música na educação básica, Villa-Lobos preocupava-se
com a formação de professores para atuarem com o Canto Orfeônico. Para isso, foi criada em 1932, sob a
direção do maestro, a Superintendência de Educação Musical e Artística (SEMA), que seria responsável por
organizar o curso de Pedagogia da Música e do Canto Orfeônico em território nacional. Por meio da SEMA
e orientado por três finalidades – disciplina, civismo e educação artística – Villa-Lobos organizou cursos
especializados de Canto Orfeônico para professores. Em 1942, o maestro Villa-Lobos inaugurou o
Conservatório Nacional de Canto Orfeônico com a finalidade de formar professores e de oferecer um
programa modelo para os cursos de formação de professores de Canto Orfeônico no país.
No entanto, foi após o fim do governo Vargas, por meio do Decreto-lei n.º 9.494/46, que o Canto
Orfeônico sofreu um processo de reformulação. O Decreto-lei previa a uniformização da formação de
professores de Música no Brasil por meio da equiparação de “filiais” estaduais ao Conservatório Nacional
de Canto Orfeônico, o que ocorreu gradativamente nos anos seguintes. O ensino de Canto Orfeônico no
Brasil foi enfraquecido com a morte de Villa-Lobos em 1959 e extinto oficialmente da educação básica com
a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 4.024/1961), que substituiu o Canto
Orfeônico pelo ensino optativo de Música.

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