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Comunicagéo, politica e sociedade \ \ \ . \ Sobre 0 Quarto e 0 Quinto poderes | About the Fourth and the Fifth Estates | Marcus lanoni Dour em Sociologia Polite pola PUCSP Docenteepmstuier de Flees Cteper bere Fes = (toate evanaatgursconcetos importants para a conyesnsa do Quarto Pero desea papel nas das ata, tas come dalogi, condi de ropecantapa politica wearable. Aare abonde a ited contigo de wn ito Pade llenativa escatzador de Quarto Poder. Nasi coma a cominidede prfisona! das cxrunicasSes fem joo sm Pope importante na Tita pela encratiznsdo de miedo comuacagtos pela forme do Quinto Poder. Patavraschaves mass mntin, Questo Pott, Qui Pe Abstract = — This tet maes come inportont conor lo ardent the Fourth Estate and role hw caret days, such a Hola panorama ofpaltcal representation publicaphese also these of coming Psat wan alesate "hoi ad intended to eheck onde Fourth Esta, bows hoe te poesia comin forcast linpostant col tin srg for democraszata of he tcans of communication and forthe cvsitaton of the ih ste Keywords: nase si, th Fourth Btls, tha Ei sat Resumen — ———— Eltexto levania lganos eoneopos npovtantc pre a compnnsin del Goat Poder y desu papel en ta actual, oma ideolg,erenario de mpresentacdn politica vesfera pbc. Sie aordando deuce laconstacin Ge un vino Poder lteratvoy para fuenizare Cota Paden Must ct lo comside pejesisal dees comune ha tenido un pape! importante er lalacha porte democeatinaion eo medion de comarca y para formacton el Quinto Per Plata claves: ass mes, Corto Batt, Quinto Poe teers © Suerte © © Guinte wederes Introdugao \ objato desto toxto 6diseutira idéia | de Quinto Pott, ou soja, usm | poder alternativo a e fscabieadar do Quarto Pode, representado pola mscia, | Para tanto, seréfeita uma abordagom da idéia de Quarto Poder e de seu papel central nos dias atuais, 0 que passara pelo trata de alguns conceites-chave para se compreender 8 midia, A seguir seré consideratia a necessidade politica de se reforgar a iniciativa de constituigae de um Quinto Poder. 0 texto procura se apaiar, sobsstudo 1no morsismo e nos pensadores que dial ‘gam_com essa carrente de ponsamento, Se 0 mars ‘mo, por meio dealgumas de suas versoes mais ortedo- +08, descamhou no sectaris mo, hoje, talvea mais do que snunca, é vitima de mal se- aelhante, sob a guarida de seu pretenso fracasso en- quanta tears. Maso marxis ro niio vulgar 6 um pense ‘onto aborte:alinal, Marx enfatizou o cardter histori | co, portanto mutével, da sociedads humana ¢ das préprias idéias procuzidas polos homens. Ademais, 0 marxismo de Marx sompro dialogou com outzas corcen- tes de poasamento, soja nas diversas are- as da filosofia, na politica, na economia, za bistécia ote. Lonin, por exemple, vi fia ce Hegel, na econoraia poltt ca do Adam Smith e no svcialis- mo ut6pice francés as rs fontes princi- pais do mazxisme. Assim, dizer que se apdia na chave aberta por Marx nao sige nifica exeluir a incorporacio de concoi- tose ins finds a outas correntes dof pponsamento. ‘Trabalbar com 9 marxisimo implica, sobretudo, articular os nexos dialéticos entre economia & politica, so: eiedade Estado, estrutnm e suporostea- | | iia e ideotogia ‘ura, exist6ncia e consciéncia, trabalho alienagao, assim como, em uma visto gramstinna, hogemonis e contrs-hegema- nia © assim por dianto. Marx se orienta pela dilética mater alista flosofia que teoriza sobre a mudan- |, Gasol fondadn non conde o qe se ampara na visio do homem enuanto oon politike, o% sea, animal social, ‘maranhado om um conjumto de zelagdes nocessfrins para @ sua pradugio e repro «luglio coma sor savial. A dialétien materi | atista nos alorta pars 0 fato do quo oxisto | umm processo histérico e que © pensamen toesld& ele articulado como una das for cas da histria. O pensamento muda, ia- | cusive o prusanento que so desonelvo ‘com hase a dalética materialista. Os pres- ssupastas fundamentais da dialética rate- ‘ialista sobrevivem, mas se ecriam alguns descobremontas to sistem marsista com posto com base nessa filosofa, Hojo.0 pe | samento marxista éconvocadoa repensar- 0 para enfrontar 0s novos desafios postos pela historia. Uma das tendéncias aprofundadas pelo desenvolvimento capi- talista nas sltimas décadas tem sido a omergéncia denavosatoros sociopalitcas (novos sujeitos) em vérins érens de atuo a domacrética, pora alm do eldssica proletariado. Por Hin, algumas provistios do Marx foram. claraimente con pela histovia, outras seguirain cursos que | 2 disia nao dizer respeito ao pensse ‘mento genutino dos formuladares do soci- slisma cientifica, camo degeneracio bu- rocritica ¢ tatalitaria da experiéncia socialista cen A sociedade modema é extremamente ‘caractesiznda pela divisio do trabalho, tan to-do ponta de vista técnica, no interior dasomprosas, sobrotudo as grandes. como do pont de vista social, no sentido de que © trabalho social - ou seja, 0 trabalho necessério para ¢reprodugio dialtica, por tanto contraditérie, de um determinado par dao de interagbes ¢ necessicades socials — Secila ubdividido ¢especializn do, Ha empresas que fabricam avides, ou- tras que produzer lémpadas, ow slimen: tos, oumedicamentes, ou combustivel, ou informacao, ou entretenimento, para encur- tara lista © chegar ao ponto desejado. Os mass media, 01 s0j0, 0-universo da infor magi e do entretenimiento, tem como una de suas fungdes, no processo de divisio social da trabalho, a produgio e reprodu- io de idelogia (0 que tem a ver com « fa- Urieagdo de consenso, como diz Noam Chomsky). Eles pressupdem a separagio nite trabalho manual trabalho espiritual. Os mass media também sao grandes corporagdes econémicas, grandes empre- a8 capitalistas o, nossa medida, operam sobre as bases em que se cotocam as ria es sociais de produc e as foxgas pro- utivas, Mas agora, o que me intevessa abo Gar 6 1 dimensio ideolégica dos mass :nedia, Lembremos que Althusser coracte- riaow os mass media como portencentes.a0 aparellioideoldgico de Estado. Para abor- dar 2 relagio entre midie e ideologia, fare uma répida digressio conceitual 0 moto de producio capitalista tem como sua marca distintiva a produgta de mercadotias. A sociedad capitalista pro: uz, por exeeléncia, mercadorias. No feu dalismo, praticamente 0 que se produzia ‘erom valores-de-ns0, ou a troca era feita para fins do uso, jungio do binémio va lore valorde-troca ao valor-io-us0 s6 voio com 0 capitalismo. As mercadotias, ex- quanto forma socialmente dominante do produto do trabalho humano, sao inventa~ 4496 polo mado de produggo capitatista, on soja, tm doterminagio hisiérica, Mos o ‘acater histético da mercadoria ndo za sua origem, ¢ sim prossegue na historia dda prdpria produgto de mercadarias, que silo eriadas, racciadas, inventadas a todo lanto, Diforentos momentos histéxteos \ 53 \ \ | | tanto, diferentes meccadorias. Nas socie- ddades capitalstas, as mercadorias nos cer- cam, sao inseparaveis de nés, mesmo quando nos feltem, mesmo quanclo nao as possufmas. Assim, 0 marxismo nos faz ver a mer cadoria como tendo tr?s propriedades: vee Jor, valor-de-troca e valorde-uso. Quando ‘empresa prodne sua telenovela, eo fazna proviso racional de que seu produta cul- tural tecd ums audiéncia e que, assim sen- do, poderd ser vendide para os anuncian- tes, pois se vive em uma sociedade de economia de mercado, ela esti gerando valor, elo esté criando, através do trabalho, luma mercodoria. O valor-do-troca de uma imercadoria se realiza na troca, Quando uma emissora de ‘TV produz um produto comercial, coma uma telenovela, ¢ finan- cia concretamente « producto dessa mer- cadaria siravds dos snunctantes que vel- culam a propaganda da seus bens ow servigos durante 0 hordrio win que o pro sama também ¢ veiculado, ela realiza 0 valorde-traca de sua mercacioria cultural O valoc-do-uso da moreadaria diz respoito sua ulilidads. Considerando que cada ‘ercadoria tem a sua utilidade, as mores dorias sao diferentes enquanto valovde- uso. Osavioes sao meios de transporte, as ampacios sto equipamentos de energia elé- ive, os alimontos so preduzidos para que fs homens vivam ou sobrevivam, os me Aicamentos nos ajudam a continua vivos, os combustiveis sao insumos basicos para ofimcionamento da economia, as informa bins €o ontretenimento sia necessidades, de um lado,arquet(picas lo home sapiens , por culo, ao menos nos dllimos com anos, sao necessidades criadas ¢recriades com 0 auxilio precioso dos mass media, invengaio da madernidade reinventada pola pos-modernidade e w revolugao tee: nol6gica atual. A quostdo éa soguinto: qual 0 valorde-uso da informagao e demais produtos da industria cultural? Se se dei- \ \ | xxar de Indo a comunicagao dircta entre as am frets nesnedades e per pesous, no pocse ago doped mas Ojomaismna e a indisina para so tor como objeto informagio pro- dluzida pela intermediagéio dos mass me- dia, que 6 cada vez mais a informagao que so consume nos sociedades modernas, va ‘mos perceber quo ola tom a vercom a mado conereto e historicamente dotorminado como 0 homem se comunica, ou seja, res ponde A necessidade de informacao do homem, que, como vimas, & um zoon politixen. Respond também a necessida- ddo humana do lazor © entiotenimenta. O homens no 6 apenas wan hom fabor Po- demos concebé-lo também como homo Judens’. Aliés, essas duas dimuensbes da ‘cultura humana so levadas em conta pela antropologie cultural, Posén, oo realigarem, sous valoresde-uso, as morcaorias tfor- magio e eutretenimento, produzidas pela gcande midia, veiculam ideologia Tsao ém glo, no re Woda publica de, quando a un produto se cuualiambém si0——ineula uma imagem que consttids por sincloy One ts contacigtes as grandes empresas de inaproveitavel. Nao é essa a concepgto que ‘Marx poss midia vendem seus produ- los, ndo estdo apenas von- fiend as bases de seu sus- tonto material, ms tami suas concepgdes de mundo, seus ja. Assim, os produtos dda midia, ao mesmo tempo em que satis em necessidades humanas,tém a proprie= ogiada do voicular ideologia. E nijo 0 fazem necessariamente de mfincira premeditad ‘flo rar, espontanea ineale, Marx jé havia dito que as iddias dominantes em uma dada época s20 as idéias da classe dominante. A classe que tom a forge moterial dominante também ppossui a forga ospiritual dominante, Isso nao querddizer quetudo que gran- de midia corporativa produz seja pura ideologia e, partanto, material intelectual { { |v idoologia. O conhecimen- s4 claro, parexem- \ \ \ \ \ \ | | to ideolégico - que aparece em todas as areas da produgio do espfcito humano ~ também possui valor, ombora soja neces- sirio um esforgo pecmanente para, por assim dizer, procurar depurélo, 0 tanto quanto possivel, de sva tendéncia a mas- Cararo coneroto.A pip livro da idoologi Dizor queda v significa dizer também que s6 hija domi- nagdo € nao haja sujlto no processo de comunicagio feito por meio dos mass sedia. Nio so trata de ter uma visto apocaliplica do jorwalismo o da indistria cultural, ou dogmaticamente frankfur tiana®, até porque isso seria negar a dialética, © movimento eontraditerio do real quo atmvessa inclusive a mia, 0 oo: nalismo ¢ a indisiia cultural, como mao podia deixar de ser, também sie constitut- dos por contadigoes. Trata-se, sim, do re algar hiorarqniss. O poder que os arandes grupos de comunicagto tém de transmitie sous contetidos ¢ muito maior do que o poder de qualquer um dos simples mor tnis destituidio desses meios de producao. Ha uma clara desigualdade. Atéas conce ‘es mais Kbazais do comunicagto poli ca reconhecen ossa desigualdade. “Nos regimes domocriticos, a comunicagio ten dea ser constante entre a elite e «opin piiblica. As mensagens vao, quer das eli tes is massas para Ihes solicitar apoio, quer, se Gem que com maior diffewtdade (Grifés mous), das massas a elite através dos miltiplas eanais que transmitem & insifncia politica™. Porém é sabido que, aposar dessa desigualdade, 0 MST, por exemplo, que 6 constantemente bombar- dado pola midia ndo-plucalistao nfo pos- st instrumontos jornalisticos com o mes- 1mo poder de fogo de grande impreusa que “Luiz tio dean aie. Educa poe olor ound sea este lev costar Lento Kondor A questo ta Mela 2 No quo dasa san ara oram dogs. + Anglo Punwblanco. dn: Norberto Bovbio, Nicolo Matteoe taiaraneo Pesquin,Dichndre de politi, | bE conta com enormes recursos para implan- {ar gerir sua produgao didria) para fazer sua contrainformacia, ndo deixa de exis- tir e lutar por seus ideais, até perante a ica, com os meios de que dis- também existem na midia de estrutura oligopélica operante no Brasil, (0 piiblico possui espirito exitico, pen- sa, mas fax.com base no material de pen- ‘samento social dispontvel, cujo contetido 6 muito conformado pela midia, Observa- se que isso ¢ reconhecido também pela anilise estrutural-funcional do sistema politico: “Nos sistemas politicos modernos, ‘1 Comunicagao politica passa [..] através de canais especializados: 08 meios de co- municagdo de massa. A qualidade dos ‘mass media, o tipo de mensagens trans- mitidas ea freqiiéncia das préoprias men- sagens sio decisivas para a formagio das ‘atitudes da opinifio publica e,conseqiien- temente, para o tipo de prossdes que ela ‘exerce sobre os centros decisorios do sis- tema politico” ‘Quanto menos participativa fora demo- cracia existente, maior sero potencial ide- olégico da midia. Quando 0 cidado vin- culase a movimentos sociais, -ele incorpora valores alternativos,torna-se su jeito, adquire identidade sociopolitica.. Porém, a democracia ropresentativa no Brasil tem muito que avangar em termos de participacao. Apesar de podermos ca racterizar 0 pais como uma sociedad ccidentalizadn, conforme a visto gram: ‘ana, as profundas desigualdades no pro- ‘eess0 de individuagdo ainda comprome- tem 0 avango do processo democratico. Nesse sentido, nosso Estado ampliado ain- da tem muito que evoluir A edcagao dos idadios pode ser um fatorde estfmulo a0 ‘ritico. No Brasil, 0 sistema edu- cacional, além de deixar muito a desejar tem termos de adesdo da populacdo e em termos de qualidade, no estévoltado para uma visio critica da midia, mal que existe [ ‘também em paises desenvolvidos. Nesse sentido, 0 professor inglés Roger Silverstone ~ que, junto com Igncio Ramonet, tem levantado a idéia de Quinto Poder — prope que as escolas ensinem 0 piblico a lidar com a média. “Precisamos saber, todos nés, como a midia funciona e precisamos saber como ler e compreender ‘0 que lemos o ouvimos”™ Cenario de representagéo politica Venicio A. de Lima considera que as de ‘mocracias ocidentais so sociedados “media coutorod nas quaisa TV 6 0meio de comu- nicagdo dominante”. Essa media-centrality sistema nacional de comunicacdes cons- tituido. Hé uma centralidade da midia na politica. Os meios de comunicago desem- pponham um papel muito parecido aos dos partidos politicos, chegando até mesmo @ substitui-los. Realizam “funges que, tradi Cionalmente, cram atribuidas aos partds politicos, tais como: (a) definira agenda dos tomas relevantes paraa discuss na esfara * piblica (b) gerar e transmit informagies jpoliticas, (c) fiscalizar a agio das adminis tragées publicas, () exercer a critica das politicas piblicas, () canalizar as deman- das da populagto junto ao governo”. Esse autor trabalha com o conccito de cendrio dderepresentayao politica CR), paraoqual langa mao do conesito gramsciano de he- ‘gomonia/contra-hegemonia. O cendiio de representagdo poltica "se refere a constru- fo pablica das significagdes rolativas & politica.) Dessa forma, o CR-P é 0 espa- ‘0 especifico dle representacao da politica nas ‘democracias representativas’ contem- pordneas, constitutdo e consttuidar lugar ‘e objeto da articulagao hegemémice total, construido em processas de longo prazo, > Idem, bier. “Roger Silverstone. Parque estudar a midi’, p28 55 1 no mia pots midi, sobredudo na» pla tolovisdo, Como a hegemonia, 0 CR-P no \ pode nunca se singular. Temos,poranio, \ de ccrescentar ao conceito de CR-P 0 com coito do contia-CR-P ou do CRP altornatt- } vo". Ou seja, uma das conclusies possi- veis que se pode tirar disso é que a grande nici 61am instmimenta da hegemon'a bux ‘goes, mas oneesso dos dominadas a met- ‘9 do eomunieagio domocritioas 08 citi dos mass media também pode gerar con- luerhegemonia (0 problema da nfluéneta da mie doe a apinitio publica ser tanto mais sézi0 «qunnto mais aligopolista fora ostrutira tos wofculos do comunicagdo do massa, A globalizagzo tom acentuado forienente a coneentragio da midia em grandes organizaghes corpo- rativas, palerasas omprosns capitalists. “HE 20 anos, 50 corporagies dominavam 0 rmercado de midia nos EUA formagao se tomou imescadara€ proonedcle nm na niin dn cada de poderossst passnda, Hojo sto cinco™ Go poderssfres pre» ila tambo rgentcegdes pessul uma estrutura ligopolista,contrarando a propria Constituigaa de 19nd, em vigor. Fav quo entra a qusti clo Quarto Podor Elo surgo como una os- pécio do contrapeso 20s ise poderes dos Iislados lborais, 0 Executivo, 0 Legislat ‘yo Jidciéria, A iia de Quacta Poser corn & toma como a de um poder fisealiza- dior dos outros tris poder, wo mosino tempo, como um podar que inflacncis os omais poderes, de modo a veiclaraspi- ravios da sociedad civil. O Quarto Poder sige como uma insta de debates dos sotomes artionlnias da cidadonia, de ex prossio do sta opin, Nosse sonido, tc nha uma clara dimonsio politica. Segun- do osocidlogo portugués Nelson Tragaina, 0 temo uate Poder fe xiao peta ioe | ses Lord Macanlay, em 1828. A impronsi desomponharia um papel dal. Em prin: | ragiocntre Estados ro lugar, seria uma guardia dos cidadaios, ‘protegencdo-os do abuso de pader por {governantes que até entaa tinham mostra do apenas a face da tirania”, Ao mesmo tompo, aimpronsa dovoria sor “um voicu lode iniocmagaio para equiparos cidadéos com ferramentas vitais a0 exercicio dos seus direitas, e uma vor dos eidadaos na \ expresso das suas preocupagte ira, 0, 60 for praciso, da sua revolt Esfera publica ih ps i, eae Waukee rads epa anorectal Se eT T eaaases | Mari ore pene tether nes sang palicn Seaman e tlenton 2 lols am a camegago secant eat ames ral, torna-lo ideologia dominante. Essa es- Se eae fede ans aa oneomonnc Per elite raids eal lee | Bin pabies quae tm pote do ocr separagio entre Estado e saciedade, No Ho XIX ini entanto, jf no 36 8@ 0 pro- ccosso do rompimonto da barreira relativa | que separava Estado e soviedade, O Esta. do passa a acyirit novas fungoes, ele se socializa, e isso “pouco a pouco destréi a base da esfora pablica burguesa: - a sepa dade”. Eu que, Venfeo Ade Lina Midias teria e politica, p. 181-193, {ssa identfen da grea patios poiticns parece também em otras ators. Falke de 8, Palo. 270713005, p.A2 * wacessocom casa, §2/2002, wfngen Haber Mdanga etraral da esfera publ 56 1 Marcus tenet ‘gdes piblicas passam a fabricar o consen- ‘0 ¢ umarsemede de opinito publica Nio é nenhuma navidade dizer, por |, exemplo, que grando jomalismo, nacio- tem a ver como aumento da intervencia- | nal p internacional, virou espetlo fe- rnismo estatal sobre o conjunto da esfero | qilentemente manipula a informacao, fl- social oque est relacionado ao procesaa | tacoma tic, estabeleerelages perigoses do concentragio do capital que dara bia} comanunciantese coma paver econémico chamada era beral. A concentragao de | em geral, assim como com os mais vari capital ampliaemultidireciona asfuncées | dos e fortes ininrussas politicos, A biblio- do Esta. grafia sobre essos aspuctos negativos da No entanto, para o objeto dosto testo) imprensa 6 ampla. A adesao dos meios de sliluigao que Habermas considera ser) 0 chamado “pensamento tinico", 6 unm uuma exprossio privilegiada paraa epreen- | exemplo importante da vinculagio da segundo Habermas, ocorre 0 movimento “dlunapiaceinaaayoia nae \ Seep ae repeal Weed at sata de Bato sto da esfera pttblica: a impronse. O de- | mfdia a poderosos interesses politicos e senvolvimenio econémica ocarrido no se- | econdmices. tor da imprensa implicou importantes mudaagasem seu papel."Desdequeaver- | Quinto Poder da da parte redacional esté em corcelacio com a venda da parte dos antincios, a im- prensa, que até entio fora institwigaio de las enquanto péblico, toma: se instiluigdo de delerminados membros do piublico enquanta pessoas privadas - ou | homer. A Declaragio Universal dos Ditut ej, pértico de entrada de privilogiados in- | tos Humanos, aprovada pelas Nagoes Uni twrosses privados na esiora piblica"'.Em | das em 1948, estabelece, em seu artigo 19, coutra passager, Habermas diz: “Em com- | _o seguinte prinespio: "Toda pessoa tem di- pparagio com a imprensa da era liberal, as | relto & liberdade de opiniao o exprossi meios ce comunicagao de massa aleanca- | ‘este direito Inclui a liberdade de, sem i Hoje so coloca uma outra questo: como vigiar » Quarto Poder ou, ei outras pala ‘ras, como proteger os cidadaos do Quarto Poder? A comunicagho ¢ um direito do ram, porum lada,umaextensioe umaeti- | _terferénci, tec opinides e de procurar,ce- céicla incomparavolmente superiors e, | cabere transite informagdes e idéias por com isso, propria esfera publica se quaisquer meios ¢ independentemente de pandiu. Por outro lado, também foram | fronteieas”. Ou soja, formalmente, temos 0 cada vez mais desalojados dessa esfera | direito‘iliberdade de expressaa eo dirvito e reinseridios na esfera, outrora privada ido sor bom informados. Porm, niio 6 ne do intorcimio de moreadorias; quanto | —nhum exagero dizer que direito & commu nicacdo esta muito longe de prevelecer em varios cantos do mundo. A informagho se tomou mercatoria e propriedade de poilorostssimas organizagbes corporativas maior setomouwasua eficdciajoralistico publicitzia, tanto mais vulnotaveis se tox naram a pressio de determinadosinteres- ses privadas, soja individuals, soja ccoletivos. Enguantoantigamente a impron que operam dentro da logica da lucrativi- S286 podia intennadiareoforgar oracio- { dade, So organizacdes profundamente cinio das pessoas privadas reunidas em um | _articuladas aos interesses do grande capi- ppiblico,este passa agora, polo contririo,a | tal financeiro, industrial e de servigas ser cumhada primeira através dos meios do comunicagae de massa”, Assim, 05 J Op. ct p 212200 rss de comunicagdo de massac asrela- j "Ob. 20 Pode-se dizer que o jornalismo como ne- gocio evoluiu om detrimenta do jornalis- ‘mo enquanto servico piblico, Varios fun- dos de‘investimento possuem participagso no capital dos grandes conglomerados das ‘comunicagdes. Empresas de telefonia con- trolam também grandes jornais @ TVs. Na verdade, um processo impressionante € decisive tem sido as préprias fusses, aqui- sigdes ¢ joint ventures, e conseqiiente con- centragio operada entre as empresas de midia. Tem se aprofundado também o fe- nomeno da propriedade cruzada, que ocor- re quando um grupo de micia detém dife- rentes tipos de média do setor de comunicagio. [No plano das relages entre midia ein distri, pode-se citar 0 caso francés, Ne Franca, cs grupos Dassault ¢ Lagardére, que mente dominam as co- municagdes naquele pais, “apresentam em comum a in- Albeade ds imprensa — quietante particularidade de -onstituide er 7 Sumprnopb bed edo una empresedecaia principal atividade ¢ militar {avi6es de combate, helicsp- teros, misses, foguetes,saté- lites..J". Nos EUA, a rede [NBC 6 subsididria da Gene za] Bltric {GE}, quo também possui "subst- diariasina rea da defesa (comoaGB Aircraft Engines, uma das maiores fabricas le mo- tores a jato do mundo) que Iucram com a guerra”. Essa realidade compromete a pluralidade da informagio, a propria pre= servagio da cultura e a democracia. Como diz-um autor, a“democratizacao dos melas de cormunicagao ¢indispensivol para a do- mocratizagio da sociodade, pois hoje nao 6 suficiont falar em liberdace de expressio ‘e manifestagdo, se isto no for acompanha- do do direto de expressar opinides através dos meios de massa”*. ‘Trata-so de um problema intemacional absolutamente atual e que tem sido objeto do discussio governamental em vétios pa {ses, sobrea regulamentacéo da atividade ‘dos meios de comunicagao de massa no mercado global. Essa discussio ocorre até mesmo er uma democracia possuidora de uma sociedade civil bom organizada, ‘como @ dos EUA. o que revela 0 quanto ela ¢ importante no Brasil. que sequer con- solidou seu regime democritico, mas pos- ‘sui uma midia estruturada em oligopdlio. Em vérios pafses, inclusive no Brasil, os ‘anos 90 e este inicio de século XI tém assistido a criagdo de intimeros novos ins- titutos legais para legislar sobre a atuncao damitia no contexta de globalizacio, Nos BUA, a Gimaca dos Deputadas acaba de derrubar a desregulamentago da propri- cedade dos grandes grupos de midia, apro- ‘vada em junho deste ano (2003) pela FOC (Federal Communications Commission). O presidente George Bush e o lobby dos grandes conglomerados das comunica- (Ge esto unidos para tontarreverter essa Aecisio conta seus interosses de concen tragio da propriedade midiética. E por {sso que alguns critics dizem que a li- berdade de imprensa virou liberdade de empresa. ‘Nao se trata apenas de um trocadilho, mas algo quo tem a ver com aquilo que se pode pensar como contradigdes entre 0 liberalismo politico ¢ o liberalism eco- rnomico. 4 Iiberdade de imprensa 6 \m principio liberal — que se insere no Esta do de Di ido sobre uma ordem constituinte legitima -, vale dizer, 6 um ireilo liberal que se circunscreve no rol de direitos civis politicos conferidos pelo governo da lei. O Estado de Direito algu- mas veres 6, ¢ outras deveria ser, um pro: totor das liberdades e direites fuadamen- tais do cidadao, inclusive perante ‘evontuais abusos e distorcoes verificadas ros meios de comunicagao. Entre pensa- «Ignacio Hamonet In: wine novomilenio nf Matéio de etoria de Argemiro Ferreira. publicada 20 site Obervatiro da Iprenso, 30/4/2003. "jonge Almeida. Midi, Estado ¢ estratégias de conta Ahegemonia, txt exiido do site do autor na Inernet 58 ores do Estado Liberal, ele 6 concebide de tal forma ue nao admite, em tese, uma tstrutura de comunicagtes, am termos ins Uilucionais e de mercado, tal qual efeti mente possuimos, controlada por padero- 0s grupos privados, de tal forma que © phuralismo fica comprometido. # af que ‘entra a contradigto entre liberalismo poli {ico e hiberalismo econdmico. As idéias de primmazia do mercado ¢ de estado mini, colocadas em pratics, tém resultado em uuma midia que trata 0 pica coma con~ sumilor. A diforonga & que, como pi o-cidadao, temos direitos « libext ‘mas, como consumigores, somos insuridos fem um padrao restrito de sociabilidade, somos apenas agentes econémicas integra: dos ao procassa de realizagio do capital da indastria da mifia, Além disso, a vor Cidalee formas oligopolistas e concentra~ das assumidas pelos meios de comunica (0, nos marcos do liberalismo econ dn desregulamentagao promovida Estado om tempos do globulizack gama integridade das pretrogativas que 0 liberalismo politico atribui aos cidadaos, particularmente os pluralismos politico, cultural ideolégica, enim, a prépria Iie berdade de expressio. ‘Comm bast em Haburmas, pode-se imi {irque, n0s dureos tempos de alirmagao da esfera publice burguesa, 0s direitos do li- Ieralismo nao eram violados pela mia, pela contriri, ela ajudava n assegurd-los. Havia pluralidado, ibordadu do exprossio lc. Porém, na tualidade, o movimento de beralizacéo econdmica que avompanbaa slobalizagao aprofunden a concligao das ‘comunieagies como niverso das merea- dlovias als end vor.mats lucrativis, didas para consumidores racionalmente disputados, Esté ai o desenvolvimento do processo ent que o Quarto Poder eatra ez crise, que coincide com a pripria mudan- ‘a ostrutural da osfera paiblica de que fala ‘Habormas. Na vordade, 0 qu est em ques to nao éepenaso liberalism politico, mas também a demacra \ \ \ \ \ \ | f / | | | tum direity do liomem nfe significa pens la l Quando se diz. que a comunicagio é a aponas como uin dicelto individual, mas jambém como umn direito social ou coleti- ‘yo, ou seja, de grupos sociais. A televisao, por exerplo, age no espaco public, uit apapa pstzncenico pore, ¢poaol ets Pyar polltcn, economic, seta oo Tigi” Cale, portant, ao povo stabel- Gach clone Baal des alo cs {atime tlagto deles com 0 democrect, mecanismos de parlicipag’v no espago publice das comuncasies, por laterned, por exemplo, da exerci do dirli de tate, “Be quo tat o dato de anton, Hfexistonaomn vis putts mas ainda om iniciimente, do direilo 2 comutcacao ond um diets callin cue supoe, ac. tneos de comunicag par grupos ogi mameatseprecenlalves mu socetede No Brel esedsello de antons exist epenas pesgeeen cape ee ee: também poe ser relvindtendoo deta de Fetes fundamontast®- O dito de ante cis cul sutetlia tapas Gor th, Fraga, Alemenha, lle, nglatere © Tortuga Neae seid € ugente no ee apesar de prestarem intimeros servigos im- Dlrtantes comunidades locals, so aide Perseghidas chads pela Policia Fede tal Na verdad, odiitodenntenn se fon dita mu ile de u'9 epi ae nko um has ifs. Nes snide tami important ayilzagso das TVs comunitres. * Marks Vitdele Bunovdes. “Nes, o povo:roformas poltfons porn radicalizas a democraia’ nz Moria Vita anole auto Yonrach'e Fabio Keech ors | Reforma polilca eidae dni, p. 3 Além do direito de antena, Maria Victoria Benevides argumenta favoravel- mento & ampliagéo da teledemocracia, “Trata-se de colocar em prética o princi pio da comunicagéo interaliva por meio da TY, que atuaré contra o confisco da soberania popular pelos representantes tradicionais™® Tal idéia busca ampliar a participagdo popular, expandi-la do mero sufragio universal ¢ do simples acompanhamento do debate parlamentar para o debate popular direto, na TV, de questdes piiblicas relevantes. Experién- vias de tolodemacracia existe, entre outros, na Inglaterra, Estados Unidos, Canada, Suigs e Franc: A idéia de Quinto Poder se nutre de ivas como a luta pelo dircito de antona, pela loga- lizago das radios comunit tase TVs comunitarias, pela Oempresariado das co: teedemceaca além ae ou- ‘municagées possvl as iniciativas que, por dentro ou tanie ‘oy por fora do sistema de comu- tere organo Congess Beceio dominenle © por Nacional dentro ou por fora do marco palin latitulonal em gue pera fda, caminberm no sentido da ampliaclo da de- toocracia © d0 desenvolv- menta de contra-hegemonia ¢ caminhas ttertivas de atungso comunicacionel Nesse sentido, € fundamental uma rele ‘facia, oriunda da cdocla police, sobre papel dos profissnoals de comunicagto nese process democrtico. "Retomando tima tese Mannbetm sobre o papal do ttsloctua ¢ aproximando-ao das mais recentes toorizagbes sobrv a ‘nova class’ (Daniel | Ball, Alvin Gouldnor, Mueller ct quo, romaine ep | tica das classes inferiores, particularmen- tw do proletariado, jé conquistadas para a | causa do status quo, a oposigio a um ss tema distarcido de ComunicagSo politica, sobre o qual se apoiaria inteiramente a os- 60 jalmente apresentada por | trutura de dominio, s6 pode surgi, nos paises cle capitalismo maduro, do ‘estrato ‘cultura’, da érea de profissionais da co- ‘municagao cuja papel politica é hoje am- pliado, quor pelo dusonvolvimonto da ins- trugdo, quer pela expansio dos mass media. £ 8 atitude deste estrato cultural, ‘que se recusa a legitimar ideologicamente ‘as novas formas de dom{nio, que se deve- ri atribuir, segundo Mueller, a crise de itoridade de que sofrem os regimes poli- 08 ocidentais e a sua incapacidade de tirar total proveito do uso da moderna tec- nologia das Comnicagoes poiticas na do- fsa do status quo" Deixando de lado as considerages so- bre essa idéia de que o proletariado esta Iintegrado 20 status quo e de que elas ca- bem apenas ao capitalismo maduro, pen- so que podemos aplicé-la também a reali- dade brasileira. Se ainda capitalismo maduro, mos um capital tardia em proceso, somos uma socieiia~ cde democrética ocidental, na qual os mass ‘media esto dosenvolvidios e plenamente atuantes na estratura de dominio. No Bra- sil, esse processo de engajamento da intelectualidade e de profissionais liga- dos as comunicagées nfo é novo, como se pode vorificar om um exame da nossa historia, desde o século XIX, passando pela Primeira Repiblica, Revolugio de 1930 etc. No entanto, pode-se considerar que, nas condigdes atuais, esse engaja- ‘mento ganha outra dimensio, propiciada Por varios aspectos, como o avanco da democratizaca0 do pais, a ampliaglo dos cursos de ensino superior de Comunicacio Social, a revolugdo tecnolégica o sua in- fudacia sobre as comunicagées, as re- lagdes internacionais entre as organiza- ‘goes de luta popular por varios objetivos (questéo ambiental, pacifismo, movi mentos contra a globalizagdo, @ exclu- siio social, a exclusto digital a discrimi- Op. eit p82 » Angele Panebianco, op cit, p. 208 nagéo de mulhores © negos, movimen- tos anti-acistas em geral, movimentos pela sade, pela defesa da liberal se- xual, ONGs dos mais variados ttpas etc), ontro outros. Umborto Bco também sv proxima da iddi do valocizar a impor ianeia des prfisionais de comunicagao ‘Ao discutir os posicionsmentos de npocaiptics e itogrados, os autor s8- Jionta o papel da comunidade cultural na Ceti da caltura do masa, quo todos a- tremoe,pasea pela aia De ito, desde os anos 80,0 processa do ina democrtientigada as comune (stm oiginada virion grupos, ob io formados por jomalisas, edilisias profissionsis de TV, cinema o video, artis {as,comunicslogosem geal, professors ¢ tstoantes dos eurss de Commnicagno So. cial, enfim. Algumas entidades sia mais: fntigns, mas eonjugngaoatual do tas assis foreas sociopolitcas configura wn uadesnevo «poctlise Par Bear oop: ass alguns pouces exemplos, podemos Inencionar o Fénum Nacional pela Demo Cratlzago das Communicates (°NDC), er filo on 1867, que rode virias nts Teprocentaliv da oociodede cil Ligados alta pele Gemocrativagéo da midi Ae rade prensa, val rm 0 Nacional ds formals tug (PENA), do 1948; a Hxeculiva Nacional dos Estudantes de Comunicagao Social, [ENECOS), tanbem de 1991; a Associa Mundial de Raios Comonitatins- Bros (AMARO}; 9 Observatério da Tmprensa, alm do indmoron eas 0 ontidades, don tte os quais destaco a tule de exeaplo, camo imma expecitocia de ponls, « iran Gia Brasil uma agncia de notiias inde. endento do poder econbmico. Outros xomploa podem ser moncionados tam- trim, como Core da Gidadania, Cars Amigos, Carta Capital Cala Maior, Brasil de Foto, Revista Reportage, Ciranda da Informagto, o poral Porto Alegre 2003, Intorvozes-Coltvo Brae ds Comunica- co Social, Centro de Midia Independen- | \ \ | { | zoos L e1 \ \ \ “Antonia Martins, editor do irda Des, realizada cm no te, 0 Reporter Brasil, Em Crise, Intervalo e hors. Coma nao poderia deixar de ser, em se tratando de uma evenomia de mor ‘ado, hé também vérias entidades repre sentativas do sotor privada, como a Asso- Ciagdo Nacional de Jornais (AND), de 197: 1 Associagio Nacional des Editares de Re- vistas (ANER], de 1986, ¢ a Associagiio Brasileira do Emissoras de Rédio e Televi sto (ABERT), de 1962. Todas esas e im moras oulras argantizagGes interagem no processo de discussao ¢ acéo ligado #0 iuniverso das commnicaghes, entendendo por isso telecarnicagies, mass media 0 Informétiea. H4 que se mencionar que © empresariado das. comunicagdes possui bastante forea no Congresso Nacional, sen- do varios parlamentares ligados a esse se- tor da economia Fos procnsso democrético aleanga 0 plano politien-institucional. Ha vérias ins lituigdes do Estado brasileiro ligadas a quesiao das comunicagoes, como 0 Minis- \ério das Comicactes (1967), 8 Teleco- munieagoes Brasileiras S/ (Telebras) (2972), coja sistema fot privatizado em 1998, a Agéncia Nacional de Telecomuni- cagoes (ANATEL} (1997) etc. Na palavras Ge José Paulo Cavalcanti Filho, presidente do Conselho de Comunicagio Social, as rhormas logais que balizam a atuagio dos moios de comunicagdo no Brasil séo cadti- ‘as, “Fugindo ao modelo mundial que con- contra atribuigdes em otpaos especificos, gui 9 contrale dos meias de comuica io ests pulvocizada entre Ministéeio das Comunicagies, Anatel, Ministério da Jus liga, CADE, Ministério da Educagio, Mi- nistério da Cultura, Casa Civil {nstituto Nacional de Teenologia da Tnformacéo), Congresso Nacional, Conselho de Comm nicagio Soctal, Secrtaria de Comunicag. O resultado dessa disper tum evidents descoordenagao entre ato- res, com superposicao de competencies, o de normas 6 * Alyun doo desta se frum odes ements i 2008, conflitos localizados, auséncia de respon- sabilidades especifices em relagdo ao fu- turo, dificultando uma politica uniforme ‘e-coetente para o setor das comunicagies no Brasil”, 0 entrevistado Gustavo Gindre,ativista da democratizagdo das co- rmunicagées. tambim crticou a formata- ‘Go logal dessa drea no Brasil. Con: que “o governo FHC resolveu esdraxulamente comunicacao social de telecomunicacdes, a fim de privatizar 0 Sistema Tolobris antes das oleigdes de 1096, som procisar tocar no vespeiro da radiodifusdo. Assim, ficamos com wna let geral de telecomunicagoes, de um lado, & rnada do outro lado”. Ou seja, modera- dos e esquerdistas, entre outros, tém crit ‘cas ao marco regulatério das comunicagies no Brasil E importante destacar a instalagio, em 2002, do Con- selho de Comonicagao Social Os grupos socks que {6c} tt aemrtacdo | ‘ongresso Nacional. Previs- qesionano domno tona Constituiggo de 1988 6 es mess criado pela Lei n® 8.389, de '30:de dozombro de 1991, fi Finalmente instalado no ano ‘passado, apés intimeras ten- {ativas fracassadas de cons- titulo, As entidades da so- ciedade civil independentes do poder ‘econ6mico jogaram um papel fundamen tal para a inslalagio do CCS. como foi o caso do FNDC. OCCS constitu uma expe- riéncia de democracia participativa, uma _vez.que, em sua composi. esto presen- tes representantes da sociedad civil rela- ionados aos problemas das comunica- es, particularmente interessados na laboragio de politcas publicas nessa rea A idsia de constituiggo doCCS ea deman- da pela sua efetiva implantagio foi objeto ‘de uma longa jornada de agoes das enti «des ¢ movimentos interessados na demo- cratizagio das comunicagdes no Brasil, desde © Congresso Constituinte de 1987- £88, etem a ver com aimportantissima ques- tao do controle social dos meios de co- municagéo. No plano internacional, as oruns importantes no atual cenério de slobalizagio, como a Unido Internacional de Telecomunieagdes (UIT) ea Organiza- io Mundial de Comércio (OMC} Os iltimos anos tém assistido a uma nova rodada de regulamentacao do se- tor de comunicagies no Brasil. Surgiram importantes novas lois e normas. Entre las, podemos mencionar a Lei do Cabo (1995), que permite a participagao do capital estrangeiro em até 49°% do capi- tal das eoncessionérias; a Emenda Cons- tucional n® 8 (1996), que quebra o mo- nop6lio estatal das telecomunicagbes: Lei Minima (1996), que permitiu a en- J estrangeiro nas areas de telefonia celular e telecomunicagbes via satélite, em até 49%; a Lei Goral de Tele- ‘comunicagdes (1097), quo autoriza 0 po- dor exocutivo a estabelecer quaisquer li- mites a participagao estrangeira no capital de prestadoras de servigos de te- Tecomunicagdes; em 2002, 0 Congreso Nacional aprovou a emenda constituci- do controle acionério das empresas de ccomunicagao (radiodifasio ejornalisiao) ao capital vstrangeiro. Inimeros outros temas de interesse piiblico continuam em debate no Exe- cutivo e no Legislativo, como a questo da TV digital, o uso de software livre. uma nova regulamentagao da radiodi- fusio comunitaria, a introdugae de um Cédigo de Etica da programacao telovi- siva, o problema da concentragao da propriedade nos metos de comunicagao socfal no Brasil, as dificuldades fina ceiras enfrentadas pela TV a cabo, a + Dados btidos om enzwita com José Paulo de Cavlcanth Filho, ealizada em no de 2003. "A entrevista com Gustav Gindee do INDECS ~ Instat Nocinal de Democratizaedo da Comunicapto Social, fot alia em ju de 2008. a — vee jon volorizagio das culturas regionais pola radiodifusdo, mais que isso, a propria necessidade de se rearganizar e racio- nalizar todo o sistema institucional das comunicagdes. Dianto da importdnein dos meios de comunicagio de massa e do papel no ‘niio Controversy, para nio dizer ‘antidemocrstico-populac”, que eles tém desempenhado no atual cenario de slobalizagao, entidades dn sociedad ci- vil de vérios pafses, rounidas no [1 Férum Social Mundial [ocorrido em Po:to Al sre, em janeiro de 2003), decidicam criar tum Observatério Global da Midia, Essa iniciotiva materinliza a idéia de criagao de. tum Quinto Poor ea comunidad das eo ‘municagdes ¢ quem a esta bancanclo poli- ticamente. £ tal niciativa tem a ver com a praducao de contra-hegemonie pelos gru- pos socinis que questionam o dominio, oxoreito polos mass media. A. so procisa tor instrumentos para en rilicar ¢ pressionar os meios de comuni- cacao. Inuimeros profissionais das comu- nicagoes ostio interessados em buscar for- mas altemativas de atuagio quo sejam independemtes da grande imprensa corporativa, eessas novas expeciéncias ja esta existindo no Brasil e em varios ou tras cantos do mundo, Em 2002, houve uma tontativa de gol- pe contra o Presidente da Venezuela, ‘Hugo Chaves, legitimamente eleito pelo sufrdgio universal. Tal fato foi chamado eum golpe midistico, dado o papel con- tral, om sua articulacao, jogndo peln iiidia monopélica daquele pais. espoci- almente controlada pelo empresézio das comunicardes Gustavo Cisneros. O LL Férum Social Mundial promoveu um jul- amonto simbélico dos meios de come: nicago venezuelanos 6 os condenou pola sua postura golpista e manipuladora, Um \ \ \ \ \ \ | | | | eenaes L 63 yalista importante que tem se desta- is de constituigtio ado nessas inicio ‘do um Quinto Poder, entre as quats 0 jul- gamento simbdlico do.caso venezuelano © formacio de um Observatorio Global da Midia sto dois exemplos, 6, como |é referido, 0 espankol Ignacio Ramone, di- roior-prosidente do jornal francés Le ‘Monde Diptomatique, una roforéncia tornacional muito importante da mica indopondente, veicalo euja propriedade acionaria 6, ex boa medicla, compartiTha- da entre a Tedlagi © 0s Ivitores, que in- lusivo formarama uma associaglo dos amigos da publicagio. Ou soja, uma latia ainda pequena, mes reprosentativa ecxi- tica, da comunidade das comunicacoes (essa nova forea sociopoltica), interna ional © nacional, ost conerotamonte engajada na idéia demoerstica de Quinto Poder, um poder fiscalizador do Quasto Poder ¢ aele alternativo. Nao se trata de suporestimar essa iniciativa. Subestima- Ia também seria um erro politica, Tato sede constatar qu ela esté om curso, ain- da que modo incipiente, e coloca em movimentos varias sujeitos eriticos do Papel stual da midia, dispostas a stuar no sentido do so contrapor & hogemonia das grandes corporagées que deminam os meios de comunicaga0. Ademais.a atual conjuntura brasileira favorece 0 movi mento par um Quinto Poder, dovida a oxistoncia de um govorno origindrio da esquerda, realidade que fomenta a aclo- sa0 do iniciativas domocraticas o a dis- posigao de unificacao das forcas disper sas que militam conte 05 ramos seguidos, polo Quarto Poder, Como diaia a palovra-do-ordem con- tral do IIL Férum Social Mundial, “um outzo mundo ¢ possivel”. Da mosia for rma, uma nova comunicacae ¢ possivel e necesséria Referéncias liograficas ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideolégicas do Estado: notas sobre os aparelhos ideolégicos do 1 Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1987, ARBEX, José. Showrnalisme: a noticia como espetéculo, Sto Paulo; Casa Amarela, 2001 BENEVIDES, Macia Victoria, "Nos, 0 povo:reformas polfticas para raicelizar a deraocracia”. In: BENEVIDES, Maria Victoria; VANNUCHI, Paulo e KERCHE, Fabio ongs.), Reforma politica & idadania. Séo Paulo: Fundagdo Persou Abramo, 2003, CAMARGO, Luiz Octavio de Lima. Educagio para o lazer. 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Entrevistas Antonio Martins ~ editor do portal Ciranda Brasil Gustavo Gindre— do INDECS (Instituto Nacioual de Democratizagiio do Comuinieagéo octal) José Paula Cavalcanti Filho ~ Presidente do Consellio de Comunicaydo Social 64

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