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UNISINOS – Centro de Ciências da Comunicação – Curso de Letras

Estudos do Discurso II

Professora: Marlene Teixeira COESÃO REFERENCIAL

I- INTRODUÇÃO

A capacidade de referir da linguagem é a expressão da capacidade humana de


categorizar seres e objetos. O ato de referência consiste em utilizar formas linguísticas
(palavras, sintagmas, frases) para evocar entidades (objetos, pessoas, propriedades,
processos, acontecimentos) que pertencem a universos reais ou fictícios, exteriores e
interiores. Por exemplo, a expressão Meu primo Geraldo identifica no mundo do locutor
um referente (aquilo sobre o que falamos): uma pessoa do sexo masculino, chamada
Geraldo ligada ao locutor por um laço de parentesco denotado pela palavra relacional
primo.
Não vamos entender referência no sentido que lhe é tradicionalmente atribuído,
como representação objetiva da realidade que se faz através da linguagem. Seguimos o
pressuposto de que a referenciação constitui uma atividade discursiva, ou seja, as
entidades designadas, os objetos criados quando falamos e escrevemos “são vistas como
objetos-de-discurso e não como objetos-do-mundo” (KOCH, 2002). Isso por
acreditarmos que nosso cérebro não opera como um sistema fotográfico do mundo nem
como um sistema de espelhamento. Reconstruímos constantemente o que nos vem do
mundo e essa reconstrução se dá essencialmente no discurso. Não se trata de uma
reconstrução subjetiva, sobre a qual se tenha um domínio absoluto, mas de uma
reelaboração que obedece a restrições impostas pelas condições culturais, sociais,
históricas e, finalmente, pelas condições de processamento decorrentes do uso da língua.
Referir é, pois, atividade de designação realizável com a língua sem implicar uma
relação especular língua-mundo (KOCH e MARCUSCHI, 1998).

II- A construção discursiva do referente


Se eu entrar numa papelaria e disser ao vendedor:
- gostaria de comprar um livro
ele saberá que não desejo um cartão postal nem um pacote de folhas, mas não saberá
com precisão o que quero comprar. Mesmo que eu indique um autor, ainda não será
suficiente, pois pode haver vários livros desse autor. Preciso referir um título ou um
volume, se houver vários 1 volumes com o mesmo título, e assim por diante. O processo
de referenciação se constrói discursivamente, de maneira progressiva, até a identificação
de algo. Os referentes modificam-se ao longo do texto. Para manter o controle sobre o
que foi dito a respeito deles, usamos constantemente termos/expressões que retomam
outros termos/expressões do próprio texto, constituindo, assim, cadeias referenciais. É
nesse processo que dois indivíduos, ao interagirem linguisticamente, chegam a saber do
que estão falando e como estão construindo seus referentes (MARCUSCHI, 2002).
Ao que escreve cabe a tarefa de delimitar o referente, ou seja, enquadrá-lo em
uma classe, torná-lo reconhecível. Ao leitor compete a tarefa de identificar o referente,
lançando mão, para alcançar esse objetivo, de toda informação tornada disponível no
enunciado.
A organização referencial é aspecto central da textualização, pois dá
continuidade e estabilidade ao texto, contribuindo decididamente para a coerência
discursiva.

III- Mecanismos referenciais


Há dois tipos de mecanismos referenciais:
 relativos ao texto (anáfora/catáfora)
 relativos à situação de enunciação (dêixis)

Esses mecanismos têm um ponto em comum: servem para apresentar/referir um


objeto de fala. Mas diferem quanto à localização da referência:
 No caso dos anafóricos/catafóricos, a referência localiza-se no próprio
texto, ou seja, eles tomam de um elemento do texto o seu referente.
 No caso dos dêiticos, a referência localiza-se não em outras unidades
internas do texto (anteriores ou posteriores), mas em relação ao sujeito que diz “eu” na
situação de enunciação1. Ou seja: o conteúdo referencial advém da situação de
enunciação.

1
Todo enunciado é produto de um acontecimento único, sua enunciação, que supõe um enunciador, um
destinatário, um momento e um lugar particulares. Esse conjunto de elementos define a situação de
enunciação. (MAINGUENEAU, 1996, p. 5).
Vamos, primeiramente, estudar os fenômenos da anáfora e da catáfora,
responsáveis pela progressão referencial, pois contribuem de maneira essencial para
ligar entre si os enunciados de um texto, dando-lhe coesão e fazendo-o progredir.

IV- Progressão Referencial

Um texto não se constrói como continuidade progressiva linear, somando


elementos novos com outros já postos em etapas anteriores, como se o texto
fosse processado numa soma progressiva de partes. O processamento textual
se dá numa oscilação entre vários movimentos, um para frente (projetivo) e
outro para trás (retrospectivo), representáveis parcialmente pela catáfora e
anáfora. Além disso, há movimentos abruptos, há fusões, alusões, etc. Em
sentido estrito, pode-se dizer que a progressão textual se dá com base no já
dito, no que será dito e no que é sugerido, que se co-determinam
progressivamente. Essa co-determinação progressiva estabelece as condições
da textualização que, em conseqüência, vão se alterando progressivamente.
Assim, muito do que ainda era possível em certo ponto x do texto já não é
mais possível num ponto x + 1. Por exemplo, inferências tidas como
hipóteses possíveis no ponto x não o são no ponto x + 1 e assim por diante. A
progressão textual renova as condições da textualização e a conseqüente
produção de sentido. Portanto, o texto é um universo de relações seqüenciais,
mas não lineares. (KOCH, 2002, p. 85)

A- ANÁFORA

A coesão do texto depende em parte de retomadas. Há expressões que, no texto,


se reportam a outras expressões, enunciados, conteúdos ou contextos, contribuindo para
a continuidade tópica e referencial. A noção de anáfora permite descrever esse aspecto
de organização do texto. Pelo procedimento anafórico, um SN evoca e especifica um
referente e uma série de outros correferem e coespecificam esse referente, instituindo-se
assim a progressão/continuidade referencial.
O fenômeno da anáfora dá-se por intermédio de formas gramaticais que exercem
a “função pronome” ou por intermédio de grupos nominais.
(1) Mariana concluiu o Primeiro Grau. No entanto, ela não poderá iniciará o Segundo
Grau no ano que vem.
 Anáfora e correferencialidade

Tradicionalmente, a anáfora se define como toda retomada de um elemento


anterior em um texto, mantendo-se a identidade referencial. Hoje essa noção vem sendo
ampliada. Reconhece-se que a anáfora não é necessariamente correferencial e que o
referente de uma expressão anafórica não é sempre explicitamente denotado por um
termo anterior. A anáfora 3 vem sendo estudada como um fenômeno de natureza
inferencial e não como um simples processo de clonagem referencial (MARCUSCHI,
2000a, p. 3). Em casos como:

(2) Ele jogou seu cigarro no jardim e acendeu um outro.

a expressão um outro constrói um referente diferente daquele do grupo nominal


anterior. O laço que se estabelece entre um outro e cigarro é somente lexical e não
referencial (não se trata do mesmo cigarro).
Há, pois, anáforas que não retomam literalmente um termo anterior. Vejamos os
exemplos:
(3) Talvez os investidores temam que o Congresso possa, de repente, regulamentar a
TV a cabo. Os deputados parecem gostar de medidas restritivas.
(4) As frutas não eram de boa qualidade. A maçã estava verde, as bananas, podres.
(5) Celebravam o dia da secretária e me convidaram para a celebração.
(6) Ernesto caminhava pelos jardins com dois amigos e uma senhora, a quem dizia
coisas engraçadas, sem outra intenção a não ser manter-se falando. A conversação
girava em torno de trivialidades.
Os exemplos (3) a (6) levam-nos a concluir que, ao contrário do que se pensa:
 o caso da anáfora correferencial não é paradigmático
 o pronome não é a única classe de palavras que pode se constituir como
anáfora
 inexiste uma classe de palavras funcionalmente definida como anafórica
 a anáfora é um fenômeno de semântica textual de natureza inferencial e
não um simples fenômeno de correferencialidade
 a anáfora não apenas retoma referentes, mas pode também ativar novos
referentes
Estudos recentes entendem, então, por anáfora a expressão que, no texto, se
reporta a outras expressões, enunciados, conteúdos ou contextos, não necessariamente
mantendo a identidade referencial, que contribui para a continuidade tópica e
referencial.
 Na visão atual, observa-se:
 a não-vinculação da anáfora com a noção de correferencialidade
 a não-vinculação da anáfora com a noção de retomada
 o entendimento de que a anáfora pode introduzir elemento novo
recuperado através de uma âncora que ativa significados, desencadeando inferências
potenciais ou relações possíveis nem sempre lexicalizadas, mas situadas no texto.
Ligando a(s) anáfora(s) a seus(s) antecedente(s), construímos uma cadeia de
referentes. Esse processo é dinâmico, pois as imagens que vamos construindo
modificam-se, ampliam-se toda vez que é feita uma nova retomada do referente.

1 PRONOMINALIZAÇÃO (Anáforas pronominais)

O caso de anáfora mais simples é a pronominalização. Tradicionalmente, diz-se


que o emprego de um pronome permite evitar a repetição de um grupo nominal2 ou de
um nome. Sabe-se hoje, no entanto, que o papel dos pronomes não se deve a uma
simples questão estilística. Eles contribuem para a estruturação do texto. O pronome ele
é geralmente considerado como marcador de continuidade temática, pois sinaliza a
manutenção do tema que retoma.
Em uma relação anafórica por meio de pronominalização, o termo anaforizante é
dependente do anaforizado por estar desprovido de referência virtual própria (MILNER,
19823).
O quadro abaixo mostra através de que formas a pronominalização se dá:
PRONOMINALIZAÇÃO (pró-formas pronominais, numerais e adverbiais)

• Pronomes pessoais Clarice Lispector nasceu na Ucrânia. Recém-nascida, no


entanto, ela veio para o Brasil.
• Pronomes demonstrativos O uso da metáfora insólita, a entrega ao fluxo da

2
Em sua forma canônica, um grupo nominal é constituído de um determinante e um nome: As
declarações do Ministro foram preocupantes. O grupo nominal ampliado é uma expansão dessa forma
mínima pelo acréscimo de elementos facultativos, tais como: adjetivo qualificativo (um livro chato),
grupo preposicional (um documentário sobre remédios suaves), subordinadas relativas (o espião que
vinha do frio) e reduzidas de infinitivo (O remédio era ficar em casa).
3
Apud Marcuschi (2000, p.195).
consciência, a ruptura com o enredo factual. Essas são
as características da obra de Clarice Lispector.
• Pronomes possessivos A Juliana teria outro bebê. Seu amado está feliz.
• Pronomes relativos Em 1944 Clarice Lispector vai com o marido para
Nápoles onde trabalha num hospital da Força
Expedicionária Brasileira.
• Pronomes indefinidos Clarice Lispector escreveu muitas obras. Cada uma
expressando uma semelhante concepção de mundo.
• Numerais ordinais Provavelmente os romances de maior repercussão de
Clarice Lispector sejam "Perto do Coração Selvagem" e
"A Paixão Segundo GH". O primeiro escrito em 1943; o
segundo, em 1969.
• Numerais cardinais Provavelmente os romances de maior repercussão de
Clarice Lispector sejam "Perto do Coração Selvagem" e
"A Paixão Segundo GH". Os dois receberam muitas
críticas.
• Multiplicativos Ontem recebemos dez páginas com textos de Clarice
Lispector. Hoje, o dobro.
• Fracionários As disciplinas do Curso de Comunicação Social foram
assim distribuídas: um terço pertence ao tronco comum
e dois terços às especializações.
• Advérbios Depois de estadas na Suíça e nos Estados Unidos,
Clarice Lispector fixou-se no Rio de Janeiro. Lá viveu
até a morte.
• Expressões adverbiais Se em "A hora da estrela" Clarice Lispector enfrenta o
tema da solidão, é para alertar quanto à importância do
enfrentamento das desigualdades sociais e do enigma da
vida. Assim, restitui à ficção o papel de imprimir novas
perspectivas e novo sabor aos problemas e indagações
que nos cercam.

1.1 Pronominalização não-correferencial (infiel/parcial)

A retomada referencial por pronominalização, em geral, é correferencial. No


entanto, há casos como (7) e (8) em que não há referente co-textual explícito. São
anáforas não-correferenciais4, essencialmente ligadas à enunciação (MARCUSCHI,
2000b).
(7) Em Porto Alegre, eles têm orgulho do pôr do sol.
(8) A equipe médica continua preocupada com a saúde do Governador. Eles acham
arriscado tirá-lo do hospital.

4
Chamadas de “anáforas esquemáticas” por Marcuschi (2000b).
Seguem-se mais alguns exemplos de pronomes que não retomam referentes
anteriormente introduzidos, mas ativam novos referentes com base em elementos
prévios que aparecem no discurso (âncoras):

(9) Quando Maria disse que ia se casar, perguntaram-lhe o que ele faz.
(10) Estamos pescando há mais de duas horas e nada; eles simplesmente não mordem a
isca.
(11) No nordeste brasileiro, eles têm as mais belas praias do mundo.

1.2 Ambiguidade referencial

Quando a expressão anafórica retoma um termo anterior, a identificação deste,


necessária à interpretação referencial da expressão, efetua-se sem dificuldades, pois
apenas um antecedente figura como “candidato” a referente no contexto precedente. Ou
seja, quando se encontra um só grupo nominal anterior de mesmo número e de mesmo
gênero, a identificação do antecedente de um pronome anafórico está assegurada. O
enunciado (12) exemplifica esse aspecto.

(12) Para a família Kamierski, é mais um dia de trabalho. (...) Seis meses por ano, ela
colhe os frutos de seu trabalho. Só lhes resta torcer para que o tempo coopere.
No entanto, quando vários grupos nominais podem desempenhar o papel de
antecedente de um mesmo pronome, o receptor encontra ambiguidades, que podem ser
ainda mais complicadas quando vários pronomes remetem a grupos nominais diferentes.

Ocorre ambiguidade referencial:

 quando vários grupos nominais presentes no texto podem desempenhar o papel


de antecedente de um mesmo pronome

(13) A fada deu roupas de ouro e prata à menina, depois ela a fez subir em uma
carruagem atrás dela e elas se dirigiram ao reino de Charmant, recém-chegado com seu
fiel amigo, que a encantou.
No exemplo (13), apesar da identidade de gênero (feminino), o sujeito da primeira
frase (a fada) se impõe como antecedente da primeira ocorrência do pronome ela, do
mesmo modo que o complemento menina é o antecedente do pronome a.

 quando os pronomes, no caso da anáfora esquemática, podem ativar vários


referentes:

(14) Ontem fomos ao restaurante. Ele foi muito deselegante e arrogante.

 quando o termo escolhido para constituir a anáfora conceitual não categoriza o


que está dito no segmento anterior:

(15) Há anos atrás, as famílias escolhiam com quem seus filhos deveriam se relacionar.
Em razão desta consideração, não havia relação social autêntica.
As ambiguidades podem ser resolvidas se os grupos nominais candidatos a
referente não estão colocados no mesmo plano. Em cada parágrafo, existe um grupo
nominal “hierarquicamente dominante”, que pode ser o grupo mais próximo ou o sujeito
do enunciado. A dominância de um grupo nominal permite então eleger o antecedente
privilegiado de um pronome. Outro modo de resolver ambiguidades é a ativação, pelo
leitor, de conhecimentos armazenados na memória.
Vale lembrar que há construções nos quais a ambiguidade não pode ser resolvida
pelo leitor devido ao emprego descuidado de pronomes ou determinadas estruturas
frasais. Guedes e Moreno (1989) discutem esses casos em exemplos como:

(16) Jorge disse a seu irmão que ele não ia ganhar um cavalo naquele Natal.

Percebe-se que o pronome pessoal de terceira pessoa – ele – pode referir-se tanto
a Jorge quanto a seu irmão. Os autores sugerem que a desambiguação seja feita através
da repetição do antecedente: “Jorge disse a seu irmão que ele (Jorge) não ia ganhar um
cavalo naquele Natal”. Se o resultado não for satisfatório, a alternativa, segundo eles, é
reescrever a frase toda como em “Jorge disse a seu irmão que estava desapontado por
não ganhar um cavalo naquele Natal”.
2 ANÁFORAS NOMINAIS (LEXICAIS)

Os grupos nominais anafóricos são constituídos por um grupo nominal


[determinante + nome]. A posição de determinante pode ser preenchida por um artigo
definido, indefinido, determinante possessivo ou demonstrativo. Eles podem tomar
várias formas e estabelecer vários tipos de relações com seus antecedentes.
Kock (2002) enfatiza o importante papel argumentativo que as referências
anafóricas nominais desempenham no texto.

2.1 Anáfora Nominal correferencial (fiel/total) é a retomada do referente através do


mesmo nome com uma simples troca de determinante. Essa troca ocorre pela
substituição de um determinante indefinido por um determinante definido (artigo
definido, determinante possessivo ou demonstrativo). O referente do grupo nominal é
identificado graças ao contexto anterior onde ele já foi mencionado.
(17) Com aquela idade, não mais do que oito anos, subia em um muro. O muro,
bastante alto, separava o jardim da casa vizinha.
Vemos no exemplo acima que o grupo nominal anaforizado - determinante
indefinido “um” + nome “muro” - é recuperado pelo grupo nominal anaforizante –
determinante definido “o” + nome “muro”, caso conhecido como definitivização.
A anáfora nominal correferencial pode ocorrer também, como vimos, quando
um grupo nominal anafórico – determinante indefinido + nome – é recuperado por um
determinante demonstrativo + nome:

(18) Havia na praça um menino faminto. Esse menino transformou-se no talismã do


bairro.

2.2 Anáfora não-correferencial (infiel/parcial) é a retomada do referente com


mudanças lexicais: o grupo nominal anaforizante é formado por elementos diferentes de
seu antecedente. No caso da anáfora infiel, ocorre um processo de recategorização do
referente, que pode levar, inclusive, a uma reinterpretação desse referente. Por essa
razão, esse recurso coesivo referencial, ao mesmo tempo em que retoma informação
dada, pode veicular informação nova.
(19) Os Beatles revolucionaram a música jovem. Esses músicos são até hoje
reverenciados.
 Tipos de anáfora nominal infiel

A retomada anafórica nominal infiel pode dar-se por meio de termos que
possuem diferentes relações semânticas: sinonímia, hiponímia/hipernímia,
meronímia/holonímia (anáfora associativa). Um outro meio pelo qual a anáfora
nominal infiel se dá é o encapsulamento de uma extensão do discurso (anáfora
resumitiva).
O reconhecimento das relações anafórias nominais infiéis misturam
estreitamente as competências lexical e enciclopédica, isto é, a associação entre esses
grupos nominais repousa 9 sobre conhecimentos semânticos armazenados no léxico ou
sobre conhecimentos de mundo compartilhados pela comunidade linguística.

2.2.1 Anáfora por Sinonímia

Uma das razões do emprego de uma denominação anafórica por sinonímia é a


pressão exercida pela norma, que proíbe, na escrita, a repetição à curta distância de uma
mesma palavra. A sinonímia é um recurso que o escritor utiliza para servir aos objetivos
de seu argumento. Empregar a sinonímia como recurso de coesão referencial em um
texto implica utilizar um novo termo/expressão o qual é considerado como dado por ser
recuperado como sinônimo de um termo/expressão velha no discurso.

(20) Era um manuscrito de umas cinquenta páginas. Cedo compreendi que essas folhas
traziam ensinamentos valiosos.

A noção de sinonímia tem recebido várias interpretações. Tradicionalmente a


sinonímia era vista simplesmente como uma relação de igualdade de sentidos. Hoje há
estudos (LYONS, 1977; CRUSE, 2000) que mostram que há graus de sinonímia que
vão desde uma sinonímia absoluta (cuja existência é questionada) até uma quase-
sinonímia (ex.: condenar e culpar). Esses novos estudos mostram que há pares de
sinônimos que são mais sinônimos do que outros.
Para Cruse (2000), sinônimos são palavras cujas similaridades semânticas são
mais salientes que suas diferenças. Percebe-se em sua posição que ele desconsidera a
existência de palavras com total identidade semântica, isso porque há aspectos relativos
ao uso que devem ser levados em conta na identificação dos pares de sinônimos. É por
concordar com essa posição que incluímos as retomadas por sinonímia no grupo das
anáforas infiéis.
Chishman (no prelo) cita os exemplos de seco e enxuto que para o contexto (21)
são sinônimos e para o (22) não são:

(21) a. Apesar da chuva, a roupa está seca.


b. Apesar da chuva, a roupa está enxuta.
(22) a. Ela é uma garota seca.
b. Ela é uma garota enxuta.

Nas frases apresentadas em (21) há um caso claro de sinonímia, tanto do ponto


de vista semântico quanto pragmático. O exemplo (22), no entanto, mostra que há
aspectos relativos ao contexto extralinguístico (uso) que devem ser considerados.
Vemos que os itens lexicais “seca” e “enxuto” são sinônimos em seu sentido literal,
mas não no conotativo.
Enfatiza-se, por fim, que o que caracteriza dois termos como sinônimos é a
propriedade da simetria. Dizer que a relação entre dois termos é simétrica implica
considerar que há reciprocidade de propriedades semânticas: A é um/o B; e B é um/o A,
respectivamente.

(23) Machado de Assis é um dos grandes nomes da Literatura Brasileira. O criador de


Capitu é conhecido no mundo todo.

A expressão “o criador de Capitu” recupera seu referente, “Machado de Assis”,


através de anáfora nominal por meio de sinonímia. Para garantirmos que a relação está
correta basta aplicarmos o teste de reciprocidade mencionado acima: Machado de Assis
é o criador de Capitu; e O criador de Capitu é Machado de Assis.

2.2.2 Anáfora por Hiponímia

Tal como a denominação anafórica por sinonímia, a escolha de um termo


superordenado (hiperônimo) é um recurso do léxico que permitem evitar a repetição
vocabular. Segundo Cruse (1986), hiponímia5 é a relação lexical correspondente à
inclusão de uma classe em outra. Para identificarmos essa relação, podemos fazer uso
do seguinte esquema: X é um Y, ou X é um tipo de Y. Por exemplo, podemos dizer que
UNISINOS é uma universidade e que universidade é um tipo de instituição de ensino.
Entre as características importantes para a identificação da hiponímia, que a
diferencia da sinonímia, está o acarretamento unilateral (ou assimetria), ou seja, apenas
o termo subordinado herda características do superordenado. Portanto, ele ocorre
apenas sob o ponto de vista do termo subordinado (hipônimo) para o termo
superordenado (hiperônimo). Por exemplo, cachorro acarreta animal, mas animal não
acarreta cachorro. Isso porque, todo cachorro é um animal (X é um Y), mas nem todo
animal é um cachorro, pois poderá ser um gato, um pássaro, um rato.
Em consequência do acarretamento unilateral, a relação de hiponímia torna-se
uma relação transitiva, ou seja, os termos subordinados herdam obrigatoriamente as
características de todos os seus superordenados. Para testarmos a transitividade basta
aplicarmos o seguinte teste lógico: Se A é hipônimo de B, e B é hipônimo de C, então A
é obrigatoriamente hipônimo de C.
Por exemplo, Bob é um cachorro, e cachorro é um tipo de animal, então Bob é
obrigatoriamente um animal.
Uma função textual comum do emprego da hiponímia é a substituição lexical
acrescida de novas propriedades que permite a (re-)construção do referente sem que
haja correferência.

(24) O salão foi todo decorado com gérberas vermelhas. As flores foram a atração da
festa.

O anaforizante as flores retoma gérberas vermelhas acrescentando a informação


de que a entidade gérbera pertence à classe flor. O que permite que o leitor perceba tal
relação é a capacidade inferencial com base no conhecimento de mundo.

5
A hiponímia também pode receber as seguintes denominações: subordinação/superordenação,
subclasse/(super)classe, relação de classificação e relação é um.
2.2.3 Anáfora por Meronímia (Anáfora Associativa)

É um caso particular de anáfora nominal baseada em uma relação entre o todo


(holônimo) e a parte (merônimo). Para identificarmos esta relação, podemos fazer uso
da seguinte frase lógica: X é parte de Y. Como exemplo temos a frase disciplina é parte
do currículo. Sendo disciplina o merônimo, a parte, o foco. A holonímia é a relação
contrária. Como exemplo, poderíamos utilizar currículo contém disciplina, enfatizando
o merônimo currículo, o todo. Na frase abaixo vemos essa relação semântica utilizada
como recurso de coesão referencial:

(25) O currículo do meu curso mudou. A disciplina de Latim agora é opcional.

Ao contrário da relação de hiponímia/hipernímia, a relação de


meronímia/holonímia nem sempre é uma relação transitiva. Para compreendermos
melhor no que consiste dizer que uma relação é transitiva observe o teste de
transitividade apresentado por Lyons (1977):

(a) Casos nos quais a transitividade aparece:

Se disciplina é parte de currículo e currículo é parte de curso, logo disciplina é


parte essencial de curso.

(b) Casos nos quais a transitividade falha:

Se maçaneta é parte de porta e porta é parte de casa, logo maçaneta é parte


essencial de casa.
Transitividade na relação de meronímia, portanto, é a propriedade que uma
relação tem de quando há três termos relacionados (A, B e C), o elemento C estar
contido em A como parte essencial. Autores como Lyons (1977) e Antonieta Alonge et
al. (1998) sugerem que a razão pela qual a relação ora é transitiva e ora não é deve-se ao
fato dessa relação englobar uma família de relações:
1 Todo X Partes

Ex.: Paul acaba de comprar uma casa, o teto e as paredes estão em bom estado, mas as
janelas e as venezianas devem ser refeitas. O antigo proprietário lhe indicou um bom
marceneiro.

A enumeração detalha as diversas partes constituintes do referente casa. Nosso


conhecimento de mundo permite associar, por inferências sucessivas, teto, paredes,
janelas, venezianas, antigo proprietário a casa e comprar uma casa. A característica
notável desse tipo de anáfora é o fato de haver uma retomada por intermédio dos
determinantes “o / as”, ainda que o termo anaforizado (uma casa) não designe a mesma
coisa que os anaforizantes (o teto, as paredes, as janelas, as venezianas, o antigo
proprietário).
A anáfora associativa pode funcionar porque se pressupõe que o leitor tenha em
sua memória a representação da imagem de “casa” que possui como componentes (teto,
paredes, janelas, venezianas), bem como uma representação do que é “comprar uma
casa”, o que justifica a expressão definida “O antigo proprietário”. Tais representações
misturam estreitamente as competências lexical e enciclopédica, isto é, a associação
entre esses grupos nominais repousa sobre conhecimentos semânticos armazenados no
léxico ou sobre conhecimentos de mundo compartilhados pela comunidade linguística.

2 Grupo X Membros

Ex.: O corpo docente ainda está em reunião. A professora Isabel foi a única a ser
liberada.

3 Objeto X Substância

Ex.: O sorvete não ficou bom. A essência de morango tem gosto estranho.
4 Todo X Porção

Ex.: Quero vender a mesa da minha sala. O único problema é que a madeira está um
pouco marcada

5 Lugar X Localidade

Ex.: Você vai adorar Porto Alegre. Vale a pena visitar Usina do Gasômetro.

Como foi possível observar, o grupo nominal anafórico (anaforizante) não


mantém relação de correferência estrita com o antecedente (anaforizado), mas remete a
um referente que é identificado indiretamente, por intermédio de um grupo nominal
anterior, ao qual está associado por uma relação estereotipada do tipo parte-todo
(meronímia).

2.2.4 Anáfora Resumitiva (conceitual /avaliativa)6

Esse tipo de anáfora não retoma um grupo nominal ou um segmento anterior


particular, mas condensa e resume o conteúdo de uma frase, de um parágrafo ou de todo
um fragmento do texto anterior:

(26) ... o sistema imunológico dos pacientes reconheceu os anticorpos do rato e o


rejeitou. Isto significa que eles não permanecem no sistema por tempo suficiente para se
tornarem completamente eficazes.
A segunda geração de anticorpos agora em desenvolvimento é uma tentativa de
contornar este problema através da “humanização” dos anticorpos do rato, usando uma
técnica desenvolvida por...7
A anáfora resumitiva “empacota” uma extensão do discurso, e, embora não seja
uma repetição ou um “sinônimo” de nenhum elemento precedente, apresenta-se como
equivalente à oração ou orações que substitui. A anáfora resumitiva indica ao leitor
como a extensão de discurso encapsulada por ela deve ser interpretada, fornecendo o

6
Fenômeno chamado de “rotulação” (cf. Francis, 2003). A rotulação, segundo Francis, tanto pode ser
prospectiva (catafórica) como retrospectiva (anafórica). 7 Retirado de Francis (2003, p.195).
7
Retirado de Francis (2003, p.195).
esquema de referência dentro do qual o próximo segmento de texto vai ser
desenvolvido.
Esse tipo de retomada toma freqüentemente a forma de nominalização8. O grupo
nominal anafórico pode conter um nome formado a partir de um verbo ou de um
adjetivo, que não figuram necessariamente no contexto anterior.

(27) Nossa gata foi atropelada por um carro. Esse acidente deixou-lhe traços.

O grupo nominal esse acidente retoma o conteúdo da frase precedente e o


categoriza como um acidente.
As anáforas resumitivas têm uma importante função organizadora: assinalam
que o locutor está se movendo para a fase seguinte de seu argumento, tendo-se utilizado
da fase anterior “encapsulando-a ou empacotando-a em uma única nomeação”
(FRANCIS, 2003, p. 198). Portanto, esse tipo de anáfora tem uma clara função de
mudar o tópico ou de promover alteração dentro de um tópico, colocando uma
informação nova dentro de um esquema dado.

(28) Durante a guerra, Frisch foi convocado pelo exercito suíço e foi engajado nas
forças da fronteira. Esta experiência ajudou a confirmar sua opinião de que a decisão
da suíça de permanecer neutra foi mais uma questão de sorte do que de julgamento e de
que isso refletiu mais uma falta de compromisso do que uma declaração moral.
Contudo, a posição neutra da suíça deu-lhe uma vantagem única, que foi a de enxergar
os acontecimentos de uma guerra que se alastrou fora de suas fronteiras.9

No exemplo (28), o rótulo “Esta experiência” resume apenas a primeira sentença


citada. Na segunda, uma rápida transição é feita para discutir a visão de Frisch sobre a
neutralidade suíça, e a terceira sentença termina essa discussão. Muito pouco desse
discurso é sobre “esta experiência”, e a anáfora resumitiva tem um papel organizador
muito local.
Em outros casos, o recurso à anáfora resumitiva pode ajudar a organizar uma
extensão discursiva maior.

8
O processo de nominalização consiste na passagem de um verbo ou de uma ação mais complexa para
um nome.
9
Retirado de Francis (2003, p. 198).
(29) “Imagino que Henrique II deve ter sentido mais ou menos o que os jovens Bruno e
Cidimar sentiram ao marcar os gols de Grêmio e Inter, no domingo. Na capa da Zero
de segunda lá estavam eles, um de cada lado, estuantes de felicidade. Foi o primeiro
gol de Bruno no Campeonato. O primeiro de Cidimar diante de sua torcida.
Quanta alegria pela façanha estava impressa no rosto dos dois” (David Coimbra, ZH,
10/02/04).

Vemos que em (30) o anafórico façanha condensa não apenas o evento


imediatamente anterior - “O primeiro de Cidimar diante de sua torcida” -, mas uma série
de eventos descritos anteriormente no parágrafo.
Em exemplos como (26), (27), (28) e (29), os nomes núcleos dos grupos
nominais anafóricos são “neutros”. No entanto, retomadas anafóricas resumitivas desse
tipo podem ser usadas como um meio privilegiado de o locutor impor indiretamente
algumas avaliações. Isso é particularmente evidente no caso de anáforas nominais que
provocam uma nova categorização dos referentes. Por exemplo, retomar “uma moradora
de 82 anos” pela expressão anafórica “a octogenária” ao invés de “a ex-prostituta” ou “a
rica aposentada” significa orientar o texto fazendo a protagonista entrar em uma
categoria avaliada positivamente. Pode-se retomar “Desconhecidos atacaram um
comissariado...” por “Os bandidos...”, “Os guerrilheiros...”, “Os camponeses sem
terra...”, etc. (MAINGUENEAU, 2000, p. 52).
Nesse caso, pode-se falar de anáfora nominal avaliativa, pois, através dela, o
locutor adiciona algo novo ao argumento, indicando sua avaliação em relação à
extensão de texto encapsulada pelo recurso anafórico.

3 ANÁFORA VERBAL ou PRÓ-FORMA VERBAL (verbo fazer)


(30) Clarice Lispector inovou nos aspectos formais e temáticos. Hoje outros autores
fazem o mesmo.
As anáforas verbais se efetuam por meio do verbo fazer, verbo que denota um
processo. Associado a um pronome-complemento anafórico e eventualmente a outros
elementos, ele está apto a representar um grupo verbal antecedente. Emprega-se
somente em uma proposição comparativa:

(31) Ele corre mais rapidamente do que eu o faria na sua idade.


O verbo fazer se encontra também, com um pronome-complemento anafórico,
em outras estruturas:

(32) Marta vai caminhar todos os domingos no Parcão. Se ela não o fizesse, não teria
tão boa saúde.
(33) O time não aproveitou as oportunidades. Se o fizesse, teria ganho a partida.
(34) Paulo dorme mais do que o faz Tiago. (“o faz” anaforiza “dorme”)

B- CATÁFORA

Fala-se de catáfora na situação mais rara, e também bem menos conhecida, em


que o interpretante aparece em segunda posição.

(35) Quando eu o encontrei, Pierre pareceu surpreso por me ver.


(36) Isto me espanta: que ele tenha recuado.
(37) Seu cotidiano sempre foi marcado pela luta. Primeiro, pela sobrevivência. Agora,
pelo desenvolvimento no campo e por uma melhor qualidade de vida para as famílias
extrativistas. Trabalhadora rural e quebradeira de coco babaçu, ela persegue o que,
para alguns, é uma utopia: uma vida melhor para o povo brasileiro e, especialmente,
para as mulheres. A saga de Raimunda pode ser encontrada em reportagem publicada
na Revista “Primeira Impressão” de dezembro de 2001.

A catáfora recorre muito aos pronomes invariáveis neutros como isso ou o com
valor “redutivo”, isto é, que resumem unidades de extensão pelo menos igual à frase.
(MAINGUENEAU, 2001, p. 198).
No entanto, casos de encapsulamento de extensões de discurso, como os que
ocorrem anaforicamente, podem funcionar também cataforicamente. Veja-se o exemplo:

(38) Eu sei que aproximadamente 12 por cento da população é canhota. Por que, então,
deve existir uma predominância tão grande de jogadores de golfe destros que, eu me
informei, se estende também aos tacos? Em resposta a essa indagação, um colega meu,
jogador de golfe, apresentou duas razões.
A primeira foi que os iniciantes normalmente começam com tacos que foram
herdados de outras pessoas, que são, em geral, destras. A segunda foi que, por motivos
técnicos, pessoas canhotas tornam-se bons jogadores de golfe com a mão direita.10
A expressão duas razões, em (38), permite ao leitor predizer a informação
precisa que vai parecer no próximo segmento de texto: explicação para “a
preponderância de jogadores de golfe destros”. A fim de alcançar essas expectativas, o
segmento de texto que segue o grupo nominal “duas razões” deve ser plenamente
compatível com a semântica de razão. Trata-se de um procedimento catafórico que tem
claramente um papel organizador que se estende para o todo do próximo parágrafo.11
Como o discurso é, por natureza linear, a catáfora, ao contrário da anáfora,
implica uma interpretação um pouco forçada, porque constrange o co-enunciador a
antecipar o que ainda será produzido no enunciado ou a esperar passivamente a
resolução do vazio assim criado (MAINGUENEAU, 2001, p. 198).
As noções de anáfora e catáfora podem ser agrupadas sob a noção de endófora.
Ou seja: endófora é o termo mais amplo para designar os diversos fenômenos de
retomada (anafóricos e catafóricos).
O fenômeno da anáfora não se confunde com o da dêixis. O elemento anafórico
retoma uma expressão que pode ser recuperada no texto ou na memória (por um
processo inferencial). O dêitico só pode ser recuperado na situação de enunciação.
Abaixo apresentamos um quadro-síntese dos recursos de coesão referencial
discutidos aqui.

10
Retirado de Francis (2003, p. 193).
11
Francis (2003) chama procedimentos catafóricos como esse de “rótulos prospectivos”.
(Sistematização: Marlene Teixeira, Maria Eduarda Giering e Isa Mara da Rosa
Alves)

Fontes de consulta:

CHISHMAN, Rove Luiza de Oliveira. Contribuições da semântica lexical para a


lingüística computacional: odDesenvolvimento de ontologias. (no prelo)

CRUSE, D. Alan. Lexical semantics. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

CRUSE, Alan. Meaning in language: an introduction to semantics and pragmatics. New


York: Oxford University Press, 2000.

FRANCIS, Gill. Rotulação do discurso: um aspecto da coesão lexical de grupos


nominais. In: CAVALCANTE, Mônica Magalhães; Rodrigues, Bernadete Biasi; Ciulla,
Alena (orgs). Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003. p. 191-228.

KOCH, Ingedore. G. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.

KOCH, I. G.; VILELA, Mário. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina,


2001.

LYONS, John. Semântica. Lisboa: Editorial Presença, 1997.

MAINGUENEAU, Dominique. Elementos de lingüística para o texto literário. São


Paulo: Martins Fontes, 1996.

__________. Termos-chave da análise do discurso. Belo Horizonte: Editora UFMG,


2000.

__________. Análise de textos de comunicação. São Paulo: Cortez, 2001.


MARCUSCHI, Luiz Antônio. Anáfora indireta: o barco textual e suas âncoras. Texto
apresentado na IV Jornada do CelSul, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 16 e 17
de nov. 2000a. (mimeo)

___________. Referenciação e cognição: o caso da anáfora sem antecedente. In:


PRETI, Dino (org.). Fala e escrita em questão. São Paulo: Humanitas, 2000b. p. 191-
240.

___________. Aspectos da progressão referencial na fala e na escrita do português


brasileiro. In: GÄRTNER, E. et al. (eds.). Estudos de lingüística textual do português.
Frankfurt am Main: TFM, 2000c.

____________. Dimensão discursiva das atividades de categorização e referenciação.


Texto apresentado na ANPOLL (versão provisória), junho de 2002. (mimeo)
RIEGEL, Martin et al. Grammaire méthodique du français. Paris: PUF, 1997. 19

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