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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
IC 396 – FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL P03

ESTUDO DA CINÉTICA DE UMA REAÇÃO


Victor Alves Ferreira de Aguiar1
Antônio Luciano Baia Neto2

1
Discente do curso de Engenharia Química da UFRRJ
2
Docente do Departamento de Química da UFRRJ

1. INTRODUÇÃO

Para a determinação da ordem de uma reação ou sua lei de velocidade, podemos


utilizar a mudança de coloração dessa reação como parâmetro a ser estudado [1].
Para isso podemos utilizar um equipamento denominado fotocolorímetro. Com esse
equipamento podemos verificar a mudança da coloração ao longo de uma reação. A mudança
de coloração é um dos indicativos de que uma determinada reação está se processando [1].
Neste relatório apresentaremos a reação violeta cristal, que possui coloração roxa,
com o hidróxido de sódio, que é incolor. Como o produto desta reação é incolor, podemos
analisar a velocidade da reação pela mudança de cor da solução [2].
Lambert (1870) observou a relação entre a transmissão de luz e a espessura da camada
do meio absorvente. Quando um feixe de luz monocromático atravessava um meio
transparente homogêneo, cada camada deste meio absorvia igual a fração de luz que
atravessava, independente da intensidade da luz que incidia. A partir desta conclusão foi
enunciada a seguinte lei: “A intensidade da luz emitida decresce exponencialmente à medida
que a espessura do meio absorvente aumenta aritmeticamente.”
Beer em 1852 observou a relação existente entre a transmitância e a concentração do
meio onde passa o feixe de luz. Uma certa solução absorve a luz proporcionalmente à
concentração molecular do soluto que nela encontra, isto é, " A intensidade de um feixe de
luz monocromático decresce exponencialmente à medida que a concentração da substância
absorvente aumenta aritmeticamente ".
Para estudos físico-químicos, as relações mais comumente escritas para esta lei são:
𝐼
𝐸𝑞. (1): 𝑇 = = 𝑒 −𝛼𝑠𝐶
𝐼𝑜
Onde:
T – transmitância da luz através de uma substância;
Io e I – intensidade da radiação incidente e transmitida, respectivamente;
α – coeficiente de absorção;
s – diâmetro do tubo;
C – concentração.

Figura 1 - Variáveis no cálculo da lei de Lambert-Beer para amostras líquidas dentro de cubetas
especiais.

A transmitância pode ser expressa em termos da absorbância na forma de:

𝐸𝑞. (2): 𝐴 = − ln 𝑇 = − ln 𝑒 −𝛼𝑠𝐶 = 𝛼𝑠𝐶

A equação (2) é linear, do tipo y = ax + b com coeficiente linear nulo (b=0).


Através dos dados de absorbância coletados no fotocolorímetro, podemos plotar um
gráfico de absorbância versus concentração. O coeficiente angular da reta gerada nos
fornecerá a constante αs, que será importante para a segunda parte da prática.
Vamos agora fazer um estudo cinético da reação. Podemos descrevê-la como do tipo
A + B → C, onde a concentração de B é muito maior que a de A. Isso acontece em reações
na fase líquida, quando um dos componentes participa como reagente e diluente ao mesmo
tempo. Assim, simplifica-se a reação de 2ͣ ordem em pseudo 1ͣ ordem.
[𝐴]
𝐸𝑞. (3): 𝑑 = −𝑘[𝐴][𝐵]
𝑑𝑡
[B]>>>[A] → [B] = constante
Então:
𝑑[𝐴]
𝐸𝑞. (4): = −𝑘 ′ [𝐴]
𝑑𝑡
Onde k’= k[B] é a constante de velocidade da reação.
Integrando a equação (4), obtemos a equação (5) onde ln [A] é linear com o tempo
(t).
[𝐴]
𝑑[𝐴]
∫ = −𝑘′𝑡
[𝐴]𝑜 [𝐴]

𝐸𝑞. (5): ln[𝐴] = −𝑘′𝑡 + C

Através de um plote de ln [A] versus t, obtemos a constante de velocidade da reação


pelo coeficiente angular da reta.

2. OBJETIVO

Determinar a ordem da reação e a constante de velocidade da hidrólise do violeta


cristal, usando excesso de hidróxido de sódio e empregando fotocolorimetria.

3. MATERIAIS

 Solução de NaOH 0,05 M;


 Solução de violeta cristal 5x10-5 M;
 Soluções de violeta cristal para calibração do fotocolorímetro de 10-5 M; 0,5x10-
5
M; 0,25x10-5 M; 0,125x10-5 M e 0,063x10-5 M.
 Tubos de ensaio de vidro;
 Cinco balões volumétricos de 25 ml;
 Fotocolorímetro;
 Água destilada;
 Cronômetro;
 Pipetas volumétricas de 2ml, 5ml e 10 ml;
 1 erlenmeyer de 500 ml.

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

A calibração do fotocolorímetro foi realizada ajustando-se o feixe para o


comprimento de onda de 520 nm. Em seguida, ajustou-se a escala de absorbância para 0,000
utilizando uma solução branco (água destilada). Depois foram realizadas medições das
absorbâncias de cada solução padrão de violeta cristal (iniciando-se pela mais diluída) com
as respectivas concentrações 10-5 M; 0,5x10-5 M; 0,25x10-5 M; 0,125x10-5 M e 0,063x10-5
M. Com os dados coletados foram construídos o gráfico 1 e a tabela 1.
Misturou-se 5 ml de NaOH 0,05M com 5 ml de violeta cristal 5x10-5 M em um tubo
de saio, para que ficasse em repouso. Este tubo foi usado como branco na investigação
cinética.
Para o estudo cinético da reação, foi medida a variação de absorbância contra o tempo da
reação de NaOH 0,05M com violeta cristal 5 x 10-5 M.
Misturou-se 5 ml de NaOH 0,05 M com 5 ml de violeta cristal 5 x 10-5M em um tubo do
fotocolorímetro, e iniciou-se a contagem do tempo usando um cronômetro. Mediu-se a
absorbância em intervalos de 2 minutos até os 16 minutos. O fotocolorímetro foi zerado a
cada medida, usando como branco o tubo com os produtos da reação do tubo em repouso. Os
valores de absorbância contra o tempo foram anotados, expressos em minutos.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após anotar os dados da absorbância em relação ao tempo na calibração do aparelho,


criamos a tabela 1 para melhor representar os dados. Com os dados dessa tabela, montamos
um gráfico que indica a concentração em função da absorbância, que chamamos de gráfico
1.
Tabela 1 - Relação entre absorbância e concentração.

Absorbância Concentração (10-5 M)


0,011 0,0625
0,025 0,1250
0,071 0,2500
0,173 0,5000
0,409 1,0000

0.451
0.401 y = 0.4302x - 0.0289
0.351
R² = 0.9957
ABSORBÂNCIA

0.301
0.251
0.201
0.151
0.101
0.051
0.001
0 0.5 1
CONCENTRAÇÃO (10-5 M)

Gráfico 1 - Absorbância versus concentração.

Tabela 2 - Relação entre tempo, absorbância, concentração, ln (concentração) do violeta cristal após
diluição com NaOH 0,05 M.

Absorbância t (min) C (A/αs) ln C


0.519 2.000 1.206E-05 -11.325
0.272 4.000 6.323E-06 -11.971
0.134 6.000 3.115E-06 -12.679
0.116 8.000 2.696E-06 -12.824
0.076 10.000 1.767E-06 -13.246
0.051 12.000 1.185E-06 -13.645
0.034 14.000 7.903E-07 -14.051
0.023 16.000 5.346E-07 -14.442
Com o auxílio da equação da reta do gráfico 1, montamos a tabela 2 (acima). O
valor do coeficiente angular da reta do gráfico 1 é αs = 43020.

Gráfico 2 - ln C versus tempo

Com os dados da tabela 2 montou-se um gráfico do logaritmo neperiano do violeta


cristal em função do tempo. Para encontrar o ln(concentração) foi necessário calcular a
concentração do cristal após diluição com hidróxido de sódio 0,1 M. Os dados encontram-se
no gráfico 2.
Foi necessário calcular o logaritmo neperiano, pois ao plotarmos o gráfico ln
(concentração) versus tempo obtivemos uma reta que indicou uma reação de primeira ordem,
pois obedece a equação de primeira ordem: ln C = - k’t.
Logo, k’= 0,2115 ~ 0,21 min-1.

6. CONCLUSÃO

A prática é de fácil realização e tempo de execução curto. Conseguimos estudar a


cineticamente a reação proposta, e demonstrar que a ordem de reação é 1. Os valores de
coeficientes angulares calculados foram satisfatórios e se ajustam bem ao modelo.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Atkins, P. e de Paula, J., Físico-Química, 7ª Ed., vol. 1, Livros Técnicos e
Científicos editora (2003).

[2] Rangel, R. Nunes, Práticas de Físico-Química 3ª Ed., Editora EDGARD


BLUCHER (1995), p.128-132.

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