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Introdução

O presente trabalho que vai abordar acerca de georecursos e Geopatrimonio em Moçambique,


o estudo e a conservação de elementos da geodiversidade são justificados já que essa
apresenta diversos valores associados. Moçambique está prestes a tornar-se num exportador
de recursos naturais de classe mundial com projecções que indicam que o país vai registar um
rápido e prolongado aumento de receitas provenientes de recursos minerais nas próximas
décadas. Moçambique é dotado de recursos naturais (RN) em crescente exploração (ainda
longe do potencial) rumo a redução da pobreza.

O trabalho tem como objectivo geral: analisar de forma cuidadosa os termos georecursos e
Geopatrimonio enquadrados no tema.

Específicos:

 Definir os conceitos de georecursos e Geopatrimonio;


 Identificar os georecursos, Geopatrimonio à quanto a sua caracterização em
Moçambique;
 Construir uma abordagem sobre a gestão dos georecursos e Geopatrimonio sob ponto
de vista sociológico.

Para a sua realização foi usada a consulta bibliográfica que estão citados ao longo do trabalho
e o mesmo comporta a seguinte sequencia: introdução, desenvolvimento, conclusão e a
referência bibliográfica.
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Georecursos
Georecursos são bens naturais de natureza geológica existentes na crosta terrestre e que são
passíveis de aproveitamento.

São entendidos como o resultado de um conjunto de processos do ciclo geológico, muitos


deles extremamente lentos e não de um presente especial com que a Natureza resolveu
privilegiar algumas zonas do planeta. Compreendem qualquer substância de natureza
geológica (sólida, líquida ou gasosa) ou até mesmo o calor geotérmico.

Os recursos geológicos podem ser economicamente renováveis, quando trazem um ganho


económico ao país, e existem reservas conhecidas e podem ser exploradas; e economicamente
não renováveis quando as reservas são conhecidas mas não podem ser exploradas e não assim
sendo não podem trazer um ganho económico.

Num país os recursos geológicos podem ser, conhecidos e desconhecidos, que existem na
parte acessível da crosta terrestre, a reserva de recurso geológico conhecido pode ser
explorado, quer do ponto de vista legal quer económico.

Moçambique é um país rico em recursos geológicos com cerca de 800.000 km2 de área
emersa (Laboratório Nacional de Geologia e Energia IP, 2014)

O período de paz e estabilidade que Moçambique vive desde há 2 décadas permitiu um


crescimento económico considerável, com grandes investimentos nacionais e estrangeiros em
várias áreas da vida nacional, com destaque muito especial para os recursos naturais, e em
especial os geológicos.

Características dos georecursos de Moçambique

Em Moçambique as diferenças geológicas são muito grandes entre o norte, o centro e o sul.
Assim, o norte é fundamentalmente proterozóico e o sul inteiramente fanerozóico, com a
região centro albergando terrenos arcaicos, proterozóicos e fanerozóicos.

Foram descobertas várias ocorrências minerais, e melhor avaliadas outras já conhecidas. A


mineração artesanal joga um papel importante na economia local, em especial a nível das
aldeias (Grantham et al., 2011), e têm sido mineiros artesanais os responsáveis pela
descoberta de várias ocorrências minerais.
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Em Moçambique existem recursos geológicos de elevado valor económico, nomeadamente,


areias, calcários, mármores, ouro aluvionar, margas, cascalho, argilas, ilmenite, gemas e gás
natural (PEIXOTO et all (2015:3) apud Cumbe, 2007; Hofmann & Martins, 2012; Lehto &
Gonçalves, 2008).

O depósito de carvão da bacia de Moatize (província de Tete), por exemplo, constitui uma
das maiores reservas a nível mundial, tendo atingido uma exploração de 4 Mton em 2013,
com capacidade para virem a ser exploradas 22 Mton anuais (Vale, 2015). Outro exemplo são
as reservas de petróleo, que se estimam em 20 mil Mbarris (Lusa, 2015).

O diatomito tem-se acumulado em muitas depressões fluviais e lagonais, desde a província de


Inhambane até à província de Maputo.

No que concerne as reservas de gás natural estima-se que Moçambique possui mais de 2,8
mil milhões de m3 deste recurso na província de Cabo Delgado. Nesta província existem
margas e ainda mármores na região de Montepuez. Na província de Nampula podem ser
encontradas pedras preciosas como o berilo e a turmalina, bem como ouro aluvionar e
também areias pesadas na região de Moma, onde existem reservas estimadas de 842 Mton.

Na província de Tete, além dos depósitos de carvão, destacam-se as ocorrências comuns de


urânio, que é utilizado como mineral energético, de margas e de pedras preciosas, como o
berilo e a turmalina. Nesta província é, também, explorado anortosito para exportação. Existe
também uma grande quantidade de apatite ao longo do rio Zambezi e de ouro a Norte do
Lago Cahora Bassa.

Importância dos Recursos Geológicos

Os minerais e as rochas desempenham um papel cada vez mais importante na indústria e no


desenvolvimento moçambicano. No entanto, a baixa utilização dos recursos geológicos deste
país está relacionada com o seu conhecimento incompleto mas, também, com a falta de infra-
estruturas que possibilitem a sua exploração e distribuição. No entanto, esta situação tem
vindo a alterar-se devido ao desenvolvimento da exploração de gás natural, carvão e areias
pesadas. Espera-se que a exploração destes recursos geológicos contribua para a melhoria do
investimento e da qualidade de vida da população. Para isso, é necessário ligar o sector
extractivo a outros sectores, como a economia e a educação, através de políticas sociais e
económicas, que fomentem o investimento, de modo a gerar empregos e a beneficiar a
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população que é, maioritariamente, pobre (Afonso & Marques, 1993; Hofmann & Martins,
2012; Lehto & Gonçalves, 2008).

Geopatrimonio

De acordo CARCAVILLA et al (2008:3001) entende-se por Património Geológico “o


conjunto de elementos geológicos que se destacam por seu valor científico, cultural ou
educativo”, os autores distinguem o termo da ideia de geodiversidade, já que “o estudo do
património geológico é independente do estudo da geodiversidade mesmo que ambos
apresentem certa relação”.

Na óptica de RODRIGUES & FONSECA (2008:8), “O conceito de Geopatrimónio, como


equivalente do termo inglês Geoheritage, tem de ser entendido como o conjunto de valores
que representam a Geodiversidade do território. Será, assim, constituído por todo o conjunto
de elementos naturais abióticos existentes à superfície da Terra (emersos ou submersos) que
devem ser preservados devido ao seu valor patrimonial”.

A geodiversidade compreende os elementos abióticos como um todo enquanto o património


geológico são aqueles que adquirem relevância/valor excepcional de acordo a avaliação
humana, sendo assim, os dois conceitos não são sinónimos.

Segundo o MEIRA e MORAIS (2016) “outra terminologia utilizada para designar o


Património Geológico é Geopatrimonio, o qual surge diante da necessidade de ampliar o
sentido restrito do termo “geológico”. Sendo assim, o conceito de Geopatrimonio é de
carácter mais amplo, estando intimamente relacionado com a definição de sítios geológicos
(e suas diversas subdivisões)”.

Nesta definição, o Geopatrimónio inclui o Património Geológico, o Património


Geomorfológico, o Património Hidrológico, o Património Pedagógico e outros já referidos.

Classificação do Geopatrimonio
De acordo com CUMBE (2007) “O património geológico pode ser dividido em património
paleontológico, mineralógico, hidrogeológico, geomorfológico, petrológico, etc. Esta
subdivisão do património geológico é feita de acordo com o conjunto de elementos
geológicos que este património engloba.”
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Neste sentido para que seja classificado como um Geopatrimónio terá de ser identificado,
avaliado, classificado e integrado no conjunto patrimonial de uma região ou território.
Contribui, assim, de forma decisiva para o estabelecimento do Património Natural
(geopatrimónio e património biológico), Cultural e Misto que deverá ser objecto de sua
valorização num modelo global de promoção de áreas que preservam um património natural
particularmente rico, como é o caso de muitas áreas rurais moçambicanas.

O património paleontológico, por exemplo, é o património geológico que é constituído pelo


conjunto de geossítios de interesse paleontológico excepcional, inventariados e caracterizados
numa determinada área. Os termos património paleontológico, património mineralógico, etc.,
deverão restringir-se apenas a especialistas da área. Para o público em geral deverá usar-se
o termo património geológico, por questões de simplificação e também para evitar a
proliferação de terminologias técnicas que em nada ajudam a despertar o interesse do
público por assuntos ligados à geologia em geral e ao património geológico em particular.
(CUMBE 2007)

Legislação Moçambicana aplicável ao património geológico


Na óptica de (CUMBE 2007), “Moçambique ainda não dispõe de legislação exclusivamente
destinada à protecção do património geológico. Apesar desse facto, o património geológico
moçambicano pode ser protegido através de outros dispositivos legais existentes na
legislação nacional”.
Assim, o património geológico de Moçambique pode ser protegido pela Lei de Florestas e
Fauna Bravia (Lei No. 10/99 de 07 de Julho), através do seu Capítulo II, Artigo 11, destinada
aos parques nacionais, a qual, para além de se destinar à protecção total de vegetação e de
animais bravios, também contempla a protecção de locais, paisagens ou formações
geológicas de particular valor científico, cultural ou estético e para recreação pública,
representativos do património nacional.

Outro dispositivo legal, que pode ser aplicado na protecção do património geológico
moçambicano, é o Decreto de Lei No. 27/94 do Conselho de Ministros, que Regula a
Protecção do Património Arqueológico, esta Lei também refere como elementos naturais as
formações geológicas e fisiográficas e áreas que constituam o habitat de espécies ameaçadas
de animais ou plantas de grande valor do ponto de vista da ciência ou da conservação da
natureza. É de referir ainda que, de acordo com a Lei de Protecção Cultural, bens culturais
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móveis compreendem espécimes que, pela sua raridade ou singularidade, são de interesse
científico, como minerais, rochas, fósseis, materiais fitobiológicos, zoológicos e
antropológicos (Capítulo II, Artigo 3, número 5).
Outros instrumentos legais que também podem ser aplicados para a salvaguardar do
Património Geológico moçambicano são:
• A Constituição da República (2004);
• Lei-quadro Ambiental (Lei No. 20/97 de 1 de Outubro);
• A Política Cultural de Moçambique e Estratégia de sua Implementação
(Resolução No. 12/97 de 10 de Junho);

Uso dos Georecursos e Geopatrimonio em Moçambique


De acordo com BATA e MARIANO (2014:2), “em Moçambique, a mineração é praticada
em dois níveis: industrial representada pelos grandes projectos de capital maioritariamente
estrangeiro também designado mega projectos, e a exploração artesanal ou garimpo”.

Entretanto, considerar o garimpo uma actividade pouco impactante sobre o ambiente parece uma
tentativa de mascarar a verdade, pois esta actividade é uma das que mais contribui negativamente
para a degradação ambiental nas áreas onde ela é praticada.
[...] o garimpo traz consigo vários problemas: ambientais, sociais
e económicos. A título de exemplo, refere-se às crianças, que
aliciadas pelo rendimento imediato, abandonam as aulas para se
dedicarem a esta actividade, as mortes por soterramento e os
casos de contaminação com produtos químicos usados no processo
de lavagem dos minérios, sem quaisquer medidas de protecção, a
erosão dos solos, aos problemas de saúde pública, causados pelo
assoreamento dos rios e turvação das águas.

Os mega-projetos de mineração no norte e centro de Moçambique, foram implantados com


muitos erros, absolutamente evitáveis. O Governo mostrou falta de transparência e não levou
a cabo um diálogo com as mineradoras e com as comunidades afectadas. A esta situação alia-
se o facto de as mineradoras não estarem a cumprir com as promessas feitas às comunidades
em volta do projecto.

Alguns economistas já desenham um futuro sombrio para as populações afectadas pela


implementação dos mega-projectos. A preocupação é sobre os reais benefícios das
comunidades locais nos projectos de exploração de recursos minerais.
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O economista João Mosca acredita que os empreendimentos vão conduzir ao


empobrecimento do meio rural e, consequentemente, das populações. “Estes projectos vão
empobrecer o meio rural e degradar todo um conjunto de recursos naturais”, disse Mosca.

Os primeiros efeitos negativos da implementação destes projectos já se começam a sentir.


Tanto em Moatize, Moma e Montepuez nas comunidades afectadas são sempre tratadas como
meros objectos dos reassentamentos e que devem, por isso, obedecer aos padrões que as
empresas ditam, segundo um relatório do Centro de Integridade Pública, ora o que se observa
nas comunidade afectadas houve maior desintegração com as mudanças após reasentamento,
a estrutura social não teve impacto positivo com as empresas de exploração investe na
exploração do geopratrimoneo.
o projecto de exploração em palma de gaz natural, que poderiam transformar Moçambique
num dos maiores produtores mundiais de gás natural, tanto existe poucas irregularidade no
processo de reassentamento ate ultima fase de implementação do projecto, a
responsabilidade social da empresa tem dado contributo no desenvolvimento como
financiamento duma rádio comunitária.

Considerando o ambiente como o conjunto dos sistemas físicos, químicos e biológicos e as


suas relações com os factores económicos, sociais e culturais, com efeitos directo ou
indirecto, mediato ou imediato, sobre os seres vivos e a qualidade de vida, facilmente se
compreende que a exploração dos georecursos, modificando as condições do meio, os
principais impactos ambientais, segundo ERM (2014) são: Impactos devido a emissões
atmosféricas - às emissões de gases de efeito estufam ira alterar significativamente após
mitigação. Assim como solo, terra, e animal, consequentemente o próprio homem.
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Conclusão

A descoberta e a exploração de recursos geológicos em Moçambique, associadas à


importância que eles desempenham para o desenvolvimento económico e social, quer local
quer nacional, fazem deste tema um assunto ao qual o sistema educativo não deve ficar
indiferente.

Parte dos elementos constituintes da geodiversidade, dotados de valores superlativos e que


são representativos da história e evolução do nosso planeta, fazem parte do património
geológico. É importante ainda referir os hidrocarbonetos que ocorrem tanto como nas Bacias
do Rovuma e de Moçambique. De momento, as principais ocorrências são de gás natural,
havendo três grandes zonas principais, uma na Bacia do Rovuma, e duas na Bacia de
Moçambique. Em vários locais do país há ocorrência.

Para a conservação dos valores geológicos e geomorfológicos, ou, de forma mais curta, para
a Geoconservação, têm contribuído todos os programas, convenções ou projectos que
procuram identificar áreas ou sítios de interesse geológico ou geomorfológico. Estas
iniciativas pretendem esclarecer e educar a população relativamente ao valor destes sítios e
desenvolver planos ou estratégias de ordenamento que contribuam não só para a sua
conservação mas também para a sua promoção.
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Referencia Bibliográfica
BATA, Eduardo Jaime e MARIANO, Zilda Fátima. a vulnerabilidade socioambiental no
contexto da exploração das pedras preciosas e semipreciosas em namanhumbir, distrito de
montepuez (moçambique), entre 2004 e 2011. 2014

CARCAVILLA, L; DURÁN, J. J; LOPEZ MARTÍNES, J. Geodiversidade: conceito e


relação com o patrimônio geológico. Geo-temas. As Palmas De Gran Canaria. v. 10. 2008

RODRIGUES, Maria Luísa e FONSECA André. A valorização do geopatrimónio no


desenvolvimento sustentável de áreas rurais. coimbra, Portugal. 2008

PANIZZA, M Piacente S. Avaliação de Ativos Geomorfológicos. Peles Zeitschrift


Geomorfologia.(1993).

Cardoso dulsina. Exploração de georecursos e impactos


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Índice
Georecursos .............................................................................................................................. 4

Georecursos são bens naturais de natureza geológica existentes na crosta terrestre e que
são passíveis de aproveitamento. ............................................................................................ 4

São entendidos como o resultado de um conjunto de processos do ciclo geológico, muitos


deles extremamente lentos e não de um presente especial com que a Natureza resolveu
privilegiar algumas zonas do planeta. Compreendem qualquer substância de natureza
geológica (sólida, líquida ou gasosa) ou até mesmo o calor geotérmico. ............................. 4

Os recursos geológicos podem ser economicamente renováveis, quando trazem um


ganho económico ao país, e existem reservas conhecidas e podem ser exploradas; e
economicamente não renováveis quando as reservas são conhecidas mas não podem ser
exploradas e não assim sendo não podem trazer um ganho económico. ............................ 4

Classificação do Geopatrimonio ............................................................................................. 6

Legislação Moçambicana aplicável ao património geológico .............................................. 7

Uso dos Georecursos e Geopatrimonio em Moçambique ..................................................... 8

Conclusão ................................................................................................................................ 10

Referencia Bibliográfica ........................................................................................................ 11


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Amina Abdul Sulemane


Arsenia Amade
Janete Pedro Maquina
Luciano Aninje
Mariana Florindo
Rénio Pedro Novilihana Mole
Tome Daniel Sorte
Tuair Ossufo Bacar

Georecursos e Geopatrimonio em Moçambique

Curso de Licenciatura em Sociologia com Habilitações em Desenvolvimento Rural


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Amina Abdul Sulemane


Arsenia Amade
Janete Patrício Maquina
Luciano Aninje
Mariana Florindo
Rénio Pedro Novilihana Mole
Tome Daniel Sorte
Tuair Ossufo Bacar

Georecursos e Geopatrimonio em Moçambique

Trabalho de carácter avaliativo da caiadeira de


Gestão de Recursos Naturais, curso de Sociologia
com Habilitações em Desenvolvimento rural, 4º
ano, 1º semestre.

Docente: MA: Maria Florencia Majacunene


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Universidade Pedagógica

Nampula

2018

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