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KRISHNAMURTI
O MUNDO
SOMOS NÓS
ÍN D IC E
9 NOTA DE APRESENTAÇÃO
M. B. B.
TRÊS CONFERÊNCIAS N A U N IVERSID AD E
DE B RAND EIS
1
mente não for violenta.» Mas isso levará tempo, talvez dez
anos, talvez a vida inteira, e entretanto é-se violento, está-
-se a semear os germes da violência.
Tem de haver pois uma maneira — por favor, ouçam
isto com muita atenção — tem de haver uma maneira de
acabar de todo com a violência, imediatamente; sem ser
por meio de tempo, sem ser por meio de análise, de outro
modo estaremos condenados, como seres humanos, a ser
violentos para o resto da vida.
Da mesma maneira, poderemos pôr termo ao medo de
maneira completa? Poderá a mente ficar totalmente liberta
do medo? Não no fim da vida, mas agora?
Não sei se já alguma vez fizeram a si próprios esta
pergunta. E se a fizeram talvez tenham dito «não é pos
sível» ou «não sei como fazê-lo». E, assim, vive-se com o
medo, com a violência e cultiva-se a coragem, ou então o
recaleamento, a resistência, a fuga; ou adere-se a uma ideo
logia de não-violência. Mas todas as ideologias são insen
satas, porque quando se vai atrás de uma ideologia, de um
ideal, está-se a fugir do que é, e quando se está a fugir,
não se pode compreender o que é.
Assim, a primeira coisa para compreender o medo é
não fugir, e isso é dificílimo. Não tentar evadir-se por meio
da análise, que leva tempo, por meio do álcool, do ir à
igreja ou de outras espécies de actividades. É o mesmo,
quer a fuga seja por meio de uma droga, da bebida, do
sexo ou de «Deus». Será eritão possível deixarmos de fugir?
É este o primeiro problema na compreensão do que é o
medo, e na sua dissolução, para que se fique inteiramente
livre dele.
Como sabem, liberdade é algo que a maior parte de nós
não quer. Desejamos libertar-nos de determinada coisa, das
necessidades ou das pressões imediatas, mas ser livre é
completamente diferente. Liberdade não é licenciosidade,
não é fazer o que nos apetece — a liberdade exige urna dis
ciplina tremenda, que não é a disciplina do soldado, ou a
disciplina da repressão e do conformismo.
A palavra «disciplina», na sua raiz, significa aprender.
E para aprender acerca de alguma coisa — não importa o
quê — é preciso disciplina, a própria aprendizagem é dis
ciplina; não se trata de nos disciplinarmos primeiro e de
pois aprendermos. O próprio acto de aprender é disciplina,
o que liberta de toda a repressão, de toda a imitação. P or
50 J. K R IS H N A M U R T I
Participantes — Sim.
I — É, sim.
I — Um percebimento total.
K — Vamos então agora examinar isso um pouco mais
profundamente. Não é verdade que o percebimento, a com
preensão, acontece quando a mente não está a tentar chegar
a uma conclusão, nem tem opinião alguma, mas quando
está a ouvir atentamente? E então ela diz: «Compreendo.»
Estamos pois a perguntar qual é o estado dessa mente
que diz «compreendo», e que portanto aetua imediatamente.
É seguramente um estado de completo silêncio, em que não
há opiniões, em que não há juízos de valor. B de facto ouvir,
graças ao silêncio. E só então compreendemos algo em que
o pensamento não está implicado. Não vamos examinar
agora o que é o pensamento e todo o processo de pensar;
isso precisa de muito tempo e não há neste momento ocasião.
A compreensão de que falamos só acontece, segura
mente, quando -a mente — e a mente é o coração, os nervos,
os ouvidos — escuta de maneira completa, quando presta
mos inteira atenção. Não sei se já notaram que quando
damos atenção completa há silêncio total. E nessa atenção
não há fronteira alguma, não há centro, ou seja, não há.
nenhum «eu » a prestar atenção. Essa atenção, esse silêncio,
é um estado de meditação1 . Não podemos examinar agora
o que esta palavra implica, nem como surge esse estado,
mas investigá-lo-emos, se tivermos tempo, nos próximos
dias.
Assim, quando se está a ouvir alguém completamente,
com grande atenção, não são só palavras que se estão a
escutar: há também um sentir aquilo que está a ser trans
mitido, no seu todo, e não só em parte.
I — Encontro certas contradições m uito sérias naquilo
que disse. Para começar, penso que disse que é insensato
dar opiniões, que isso não é inteligente.
K — É verdade.
I — ( Imperceptível na gravação).
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— Sim. Podemos preferir morrer.
I — De modo nenhum.
go J. K R IS H N AM U R TI
Participantes — Sim.
I — Não.
I — É o meu condicionamento.
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O MUNDO SOMOS NÓS
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O MUNDO SOMOS NÓS
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O MUNDO SOMOS NÕS 1" )
/ —H(imperceptível nu gravação)
Participantes —•Sim.
I — É, sim.
I — Pensamento.
7 — Estou a procurar.
I — N a minha memória.
7, — Deus é amor.
L — Deus ê tudo.
I — Sim.
/ — Não.
7 — É, sim.
é a ís 2 £ "^ t ss i tir
Antes de ma
I — O pensador.
LIVROS HORIZONTE
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