ciência O que sabemos hoje do mundo? • Geografia atual O que sabemos da Biodiversidade? Conhecimento do processo evolutivo orgânico
Ao lado: Evolução dos mamíferos
O que os antigos sabiam sobre geografia mundial? • Conhecimento sendo adquirido/construído lentamente • Conhecimento localmente restrito (acesso à informação era difícil) • Conhecimento grandemente restrito à Europa e adjacências O que os antigos conheciam sobre biodiversidade? • Faunas e floras européia e asiática – Basicamente temperada O que os antigos pensavam sobre mudanças no mundo e nas espécies? • Conceito de Estase (imutabilidae) – Terras (distribuição) – Clima – Espécies O início das mudanças • Navegadores e comerciantes – Busca por novas terras (produtos e mercados) geraram descoberta de novas terras e o conhecimento de novas espécies – Coleta de espécimes (por naturalistas) de espécies exóticas à Europa • Curiosidades • Investigação de novas possibilidades de uso dessas espécies • Informação científica As dúvidas... • Há um número muito elevado de espécies para terem cabido na arca • Os climas diversos a que espécies são submetidas, determinam diferentes ecologias. • Algumas terras isoladas por mares/oceanos apresentam animais 100% terrestres • Em ambientes distantes da Europa há espécies totalmente diferentes desta. ... e o medo da heresia! • A maior fonte de conhecimento da época era a Bíblia. – Sugerir explicações discrepantes desta era heresia • O principais detentores do conhecimento eram os religiosos – Monges copistas da idade média As necessidades imediatas diante de novas informações • Como classificar o número vertiginoso de espécies coletadas e novas para a ciência? – Problemas de nomenclatura das espécies • Gato • Cat Felis catus • Katze • Кот – Número muito elevado de espécies • Como esse grande número de espécies, atualmente ocupando ambientes climática e ecologicamente tão distintos, puderam conviver na arca e alcançaram sua distribuição definitiva? O primeiro problema • Se surgiram no Éden (segundo o Gênesis) e foram dispostas no Monte Ararat, na Mesopotâmia (no evento da Arca de Noé), como podem ter adquirido sua distribuição atual? • A arca não pode ser desmentida, logo, para alcançar terras distantes e ilhas, tiveram que se dispersar O problema das terras descontínuas • Santo Agostinho (sécs. IV e V): haverá organismos ao sul da "zona tórrida"*? – Limitação pelo desconhecimento geográfico – Há dispersão ativa e dispersão passiva (através de anjos) Meteorologica, de Aristóteles: a Terra é dividida em 5 zonas climáticas – 2 glaciais (“Frígidas”), 2 temperadas e a zona central “Tórrida” • Pseudoaugustinus (séc. VII): padre irlandês que estudou a flora e fauna irlandesa – Irlanda já foi ligada à Europa • Abala a imutabilidade geográfica • Releitura de Platão (séc. XIV): "ressurgimento" da idéia de Atlântida – Após a descoberta da América • Joseph D'Acosta (séc. XVII): estudo dos índios da América do Norte – Possibilidades: • por mar (vontade própria); • por mar (acidentalmente); • por terra: América ligada ao velho Mundo – Conclusões: • Impossível cobrir um continente inteiro (descarta Atlântida) • Postulou a existência do Estreito de Bering como conexão terrestre – Abala a imutabilidade geográfica • Animais da América se parecem com os da Europa, mas são espécies distintas • Sir Walter Raleigh (1614): militar e naturalista inglês na América – Animais do novo mundo não são os mesmos da arca. Estes teriam migrado, se modificado, e estabelecido novas espécies • Abala a Imutabilidade das Espécies O segundo problema • Se todas as espécies se dispersaram de um mesmo local (Éden ou Monte Ararat), por que há espécies no Novo Mundo (Américas) ou outros locais que não são encontradas nas proximidades desses locais de referência? • Como dimensionar o número real de espécies que existem, e explicar porque áreas distantes da Europa apresentam espécies diferentes da fauna e flora européias? • Athanasius Kircher (1675): Dissertação sobre a Arca de Noé, sua arquitetura e os animais embarcados. Carolus Linnaeus (17071778) • Sua busca por solucionar a questão da diversidade estava relacionada a sua compreensão de que Deus fala ao homem através de sua criação: a Natureza. • Considerava o mundo imutável (geografia, clima, espécies) • Assumiu a incumbência de explicar os padrões de diversidade: – Distribuição altitudinal das plantas no Ararat (Tournefort, 17001702) – Interdependência dos seres vivos e destes com o ambiente ("FísicoTeologia" ou "Economia da Natureza"): a perfeição na descrição das 1as cadeias alimentares – Alteração da linha de costa da Suécia • TEORIA BIOGEOGRÁFICA DE LINNEU O Problema da Formação das Espécies • Idéia prevalente: Fixismo – as espécies não se modificam, mas permanecem da mesma forma que Deus as fez
1ª contribuição significativa para
mudança: • Conde de Buffon (17071788) – Observou que áreas distintas do globo, mesmo com mesmas condições climáticas e ambientais têm espécies diferentes (1° Princípio da Biogeografia) LEI DE BUFFON • Confirmações: – Sir Joseph Banks / Capt. James Cook (Endeavor, 17681771): plantas (obs: descoberta de espécies cosmopolitas) – Humboldt (1816): plantas da África e América do Sul – Latreille: Insetos – Cuvier: Répteis • “Os trópicos contem um número grande de espécies pouco comuns, estranhas” • Para alcançar pontos muito distantes, as espécies teriam que antes passar por terras inóspitas após o dilúvio. • Origem das espécies (CENTRO DE ORIGEM) não seria o monte Ararat, mas um lugar mais ao norte, em um ponto em que Velho e Novo mundo se tocam, e num momento em que o clima era mais igual em todas as terras. • Com um resfriamento posterior, as espécies migraram para o sul buscando terras mais quentes, se modificando nesse processo Modificação após DISPERSÃO • “É mais razoável pensar que em outros tempos os dois continentes eram contíguos ou contínuos e que as espécies que se tinham acantonado nessas paragens do novo mundo, porque tinham encontrado nelas a terra e o céu mais convenientes a sua natureza, acabaram presas e separadas das outras pela irrupção dos mares quando estes dividiram a África da América.” (Buffon, 1766, p. 144). – Abala a imutabilidade geográfica, climática e das espécies • A hipótese de Buffon provavelmente se inspirou no folheto do barão von Hüpsch-Lonzen (1764) (“Dissertação física sobre a anterior união e separação do Velho e Novo Mundo e o povoamento das Índias Ocidentais”) Composição do Conceito de VICARIÂNCIA Importantes Contribuições à Biogeografia
• Sir Johan Reinhold Forster (17291798)
– Caracterização das grandes regiões biogeográfica com tratamento de dados florísticos – Relacionou floras regionais plantas com condições ambientais – Relacionou mudança de fauna com mudança de flora – Apresentou bases para a compreensão da menor diversidade de ilhas em comparação com continentes, a relação de diversidade com área e com concentração de recursos base de observação para Biog. de Ilhas – Atentou para o gradiente latitudinal de diversidade, relacionando o padrão com quantidade de calor na superfície da terra. • Karl Willdenow (17651812): Botânico – Descrição das Províncias Florísticas da Europa e tentou explicar sua origem • Ao invés de 1, vários centros de origem • Centros de origem são montanhas (~ Linneu) • Alexander von Humboldt (17691859) – Gradiente altitudinal (Chimborazo, Equador) repetindo o gradiente latitudinal – Podese fazer inferências sobre o ambiente a partir da formação vegetal e vice versa – Aritmética Botânica : classificação da vegetação pela proporção de espécies e tipos vegetais • Augustin De Candolle (17781841) – Causas da distribuição das plantas: condições mínimas e largura do nicho • Competição é importante determinante de diversidade – Distinguiu províncias bióticas e hábitats locais • Criou bases para a Biogeografia Ecológica – Apontou a importância das barreiras e modos de dispersão • Cuvier (1812) Lei de correlação das formas – Estruturas morfológicas em fósseis, quando comparadas com organismos semelhantes atuais, permitem a reconstrução de suas função e eventualmente do ambiente em que o organismo fóssil viveu • Adolphe Brongniart (18011876): Pai da Paleobotânica – Utilizou o princípio de Correlação das Formas (Cuvier) e Aritmética Botânica (Humboldt) para inferir o clima do Carbonífero • Charles Lyell (17971875): Pai da Geologia – Documentou a mudança de nível oceânico e conseqüente mudança da superfície da terra, além do desgaste e formação de montanhas (registros marinhos a grandes altitudes) – Considerava as espécies imutáveis, mas considerava que além de vários eventos de extinção (inferidos por registros fósseis) teriam havido vários eventos de criação uniformitarismo de ventos; mudanças graduais – Em função dessa construção, inferiu que a idade da terra era superior ao proposto na época (poucos milhares de anos) • A somatória dos trabalhos de Humboldt e De Candolle (enquanto “fitobiogeógrafos”) e Cuvier permitiu a reconstrução de climas pretéritos e a percepção de mudanças significativas no tempo geológico, relacionadas a mudanças geográficas de massas de terra (temperada tropical e vice versa) Biogeografia no século XIX • Muitos padrões estabelecidos – Regiões biogeográficas – Padrões latitudinais, de área, ecológicos – Lei de Buffon amplamente generalizada • Explicações?? – A mudança das espécies Lamarck, Darwin – A mudança geográfica Precursores de Wegener Principais nomes • Charles Darwin • Joseph Dalton Hooker • Philip Lutley Sclater • Alfred Russel Wallace Quem era Darwin e no que acreditava • Neto de Erasmus Darwin (médico) – Zoonomia, ou, As leis da vida orgânica (1794-1796) • Discutiu como a vida evoluiu a partir de um único ancestral, formando uma linha única • Debateu como uma espécie poderia dar origem a outra (Lamarckista) • Desenvolveu a noção de que competição e seleção sexual podem provocar mudanças nas espécies • Desde cedo, mostrou-se um ávido colecionador! • “Fuga” para tomar a decisão de escolha profissional na faculdade (pastorado x medicina) H.M.S. Beagle! • 32 anos de desenvolvimento e aperfeiçoamento da teoria – Busca de FATOS que a embasassem – Argumentação cautelosa – Publicação de uma monografia de Wallace com exatamente o mesmo teor de sua teoria em 1858. • Amigos de Darwin o incitam a publicar rapidamente! A monografia que moveu Darwin • “Sobre a Tendência das Variedades de se Separarem Indefinidamente do Tipo Original” – 1858 – Submetido a Darwin para dar sugestões – Enfatizava uma divergência evolutiva entre as espécies e suas similares • A falta de tarimba política de Wallace não o fazia muito respeitado nas sociedades científicas – A monografia foi apresentada à Sociedade Linneana de Londres, satisfazendo Wallace pelo reconhecimento Russell Wallace • Pobre. • Teve vários empreendimentos, mas não sucesso • Sobreviveu comercializando exemplares da fauna que ele mesmo coletava – De forma semelhante a Darwin, observou sua coleção e viu variabilidade e distribuições heterogêneas de espécies! • Passou muitos anos na Amazônia, mas em seu regresso sofreu um naufrágio e toda a sua coleção e anotações foram perdidas • Supôs que obteria sucesso na região das ilhas da Indonésia • Como dependia do dinheiro de venda de espécimes para seu sustento e de sua família (que permaneceu na Inglaterra), coletava a mesma espécie em grandes quantidades – Obteve percepção da variabilidade intra-específica
• Como coletava em diversas ilhas, identificou faunas
próprias de cada ilha – Obteve a percepção de diferenças de distribuição das espécies e – Obteve a percepção de diferença de composição das ilhas • Mais tarde cunhou o termo Darwinismo e se tornou ferrenho defensor • No começo do século se tornou espiritualista e passou a renegar a seleção natural no que se refere ao desenvolvimento do gênio humano • Afirmou que algo no "invisível universo do Espírito" tinha intercedido pelo menos três vezes na história: – A criação da vida a partir da matéria inorgânica. – A introdução da consciência nos animais superiores. – A geração das faculdades acima-mencionadas no espírito humano O cerne da teoria de Darwin • Conceitos essenciais: – seleção natural – variabilidade intra-específica – luta pela sobrevivência – sobrevivência diferencial – reprodução diferencial • O que Darwin não conseguiu explicar: – porque existiam variações entre os indivíduos de uma determinada espécie e como eram transmitidas as características aos descendentes 1. Variabilidade em espécies domesticadas Brassica oleracea 2. Variabilidade em grupos selvagens é menor que em domésticos – organismos que apresentam hábitats (ambientes de vida) e/ou distribuição amplos, têm maior variabilidade 3. A luta pela existência – adaptações individuais e diferenciais são efeito da seleção e geram maior ou menor sucesso
– A diferença nesses caracteres pode impor maior ou
menor chance de sucesso em termos de sobrevivência e chance de passar genes adiante para a geração seguinte. • Competição limita os tamanhos populacionais • Polinizador também é recurso disputado: cita muitas espécies com um único polinizador 4. Seleção Sexual: sucesso na reprodução como determinante de sobrevivência na evolução – Seleção individual • Força, beleza, habilidade, comportamento • Displays visuais, sonoros – Diferença de resultado em machos e fêmeas – Seleção de padrão de escolha na fêmea • Comportamentos e morfologia – Desenvolvimento de dimorfismo sexual Resumo: No ambiente natural, o sucesso é transcrito pela sobrevivência do mais apto e herança da característica bem sucedida pelos filhos.
No entanto, a cada geração a adaptabilidade é
“testada”, em função do ambiente poder variar e a regra que valia ontem não valer hoje. • Proposições de Extensionistas (séc. XIX) – Hooker! • Hooker se tornou um dos poucos a dar apoio antes do lançamento do Origem das espécies – Discordou da tendência de explicação puramente dispersionista de Darwin, propondo (com base nas idéias extensionistas) possibilidades próximas ao conhecido por vicariância • Sclater – primeira contribuição zoológica às teorias biogeográficas – Botânicos: Linnaus, De Candolle, Forster, Hooker • Menor diversidade vegetal em comparação com animal • Identificação mais fácil (taxonomia mais desenvolvida e tradicional) – Primeira proposta zoogeográfica (permanece aceita até os dias atuais)