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DIREITOS DAS MULHERES ENCARCERADAS:

CONTINGENTE INVISÍVEL

“O único modo de proteger a liberdade é proteger a liberdade do próxi-


mo. Você só será livre se eu for livre”.
Clarence Darrow
201
Resumo: Descrever e analisar a aplicação da Lei de Execuções Penais
nº 7.210 de 1984 - LEP- no sistema carcerário brasileiro, em seu “ideal norma-
tivo de ressocialização” e sua efetiva possibilidade de operacionalização. Atual-
mente salvo raros casos, esse ideal está longe de ser verdade em nosso sistema
penitenciário sendo alvo de severas críticas das modernas tendências crimi-
nológicas. Se esse ideal hoje é impraticável para o preso homem, mais longe
está para a mulher apenada, que dentro dessa matéria é contingente invisível.
No artigo 1º da LEP vemos a definição do objetivo da norma que é “Efetivar
as disposições de sentença ou decisão criminal”, ou seja “punir” e “humani-
zar”, fazendo com que a apenada possa retornar com capacidade de viver em
sociedade e dessa feita, o conteúdo ressocializante da moderna penalogia, se
aplicado atingirá seu objetivo. A apenada “tem direito” ao tratamento para res-
socialização, e assegurados os demais direitos não atingidos pela sentença ou
pela lei, e o regime penitenciário deve estar preparado para assegurar a sua
reinserção social”. A lei de Execução Penal (LEP) – fundamentada em nossa
Carta Magna, Constituição Cidadã de 1988, é adequada para a execução da
pena e ressocialização da apenada, oferece meios e modos para formar uma
sociedade justa, humana, capaz de proporcionar àquelas que por diversos mo-
tivos delinquiram, a oportunidade de rever seus atos antissociais e voltar ao
convívio da comunidade.
Palavras-chave: Sentenciada, Direitos Humanos, Execução Penal,
Ressocialização.

1. Introdução
A Lei de Execuções Penais, nº. 7.210, de 11 de julho de 1984 é vigente
a 32 anos no ordenamento infraconstitucional, e a 28 anos da nossa Constitui-
çãoCidadã de 5 de outubro de 1988 no país, mas lamentavelmente nos depara-
mos hoje, com antigos problemas relacionados com a efetivação da execução
das penas criminais. Perpetuam-se as ilegalidades da escravidão.
Marilene de Mello

As inquietações de CESARE BONESANA, o Marquês de Beccaria, re-


lativamente ao sistema execução da pena vigente no seu tempo, há mais de
200 anos, conforme levado a conhecimento público em sua admirada obra
intitulada “Dei delitti e delle Pene”, nos inquietam muito mais em dias atuais.
Desde a colonização do nosso país, a sociedade conhece e reclama um
sistema penal que garanta a sobrevivência democrática da própria sociedade
moderna, respeitando pactos e tratados de Direitos Humanos e mais ainda
quando temos uma Constituição Federal que em todo seu bojo faz referência
202
aos Direitos Humanos.
A prática execucional brasileira demonstra o reincidente e impune
desrespeito às garantias constitucionais, bem como a constante afronta aos
dispositivos da Lei de Execução Penal onde qualquer semelhança com os rela-
tos do nosso período escravista não é mera coincidência.
As autoridades incumbidas do dever constitucional de fiscalizar, bus-
car e dizer o direito, continuam não adotando as providências explícitas em
nosso ordenamento jurídico vigente e que, portanto, são de conhecimento
presumido e exigência imperiosa.
O artigo 1º da LEP- Lei de Execuções Penais, expõe que “a execu-
ção penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão
criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do
condenado e do internato”.
A pretensão da lei é “punir” e “humanizar”, e na busca de tal desiderato,
ao condenado e ao internado devem ser assegurados todos os direitos não atin-
gidos pela sentença ou pela lei, conforme determina o art. 3º da LEP.No sistema
prisional do Brasil, o acesso à educação e ao trabalho, duas das principais ferra-
mentas contra a reincidência (hoje ao redor de 60%, segundo a Unicef).
Em São Paulo, Estado que abriga 35% dos presos do País, apenas
5,7% frequentam as aulas. A falta de oferta contrasta com a demanda poten-
cial: 56% dos internos não completaram sequer o ensino fundamental.
Já no Brasil, o índice de engajamento da massa carcerária em ativida-
des educacionais é de apenas 10,2%.
O quadro no acesso ao trabalho é similar, hoje, apenas 20,8% dos de-
tentos brasileiros realizam algum tipo de trabalho interno ou externo.
Além de ser direitos humanos tidos como de segunda geração e cons-
titucionais, o trabalho e a educação estão previstos na Lei de Execução Penal,
Lei 7.210/1984, como formas de ressocialização, sendo o trabalho considerado
Marilene de Mello
como laboretaria e ainda importantes ferramentas de remissão da pena, pois
a cada 3 dias de atividades laborais ou educacionais, um dia é remido da pena.

“... Deveríamos então supor que a prisão e de uma maneira geral, sem
dúvida, os castigos, não se destinam a suprimir as infrações; mas antes
a distingui-las, a distribuí-las, a utilizá-las; que visam, não tanto tornar
dóceis os que estão prontos a transgredir as leis, mas que tendem a
organizar as transgressões das leis em uma tática geral das sujeições. A
penalidade seria então uma maneira de gerir as ilegalidades, de riscar
limites de tolerância, de dar terreno a alguns, de fazer pressão sobre
outros, de excluir uma parte, de tornar útil outra, de neutralizar estes, de 203
tirar proveito daqueles. Em resumo, a penalidade não ‘reprimiria’ pura
e simplesmente as ilegalidades; ela as ‘diferenciaria’, faria sua ‘econo-
mia’ geral. E se podemos falar de uma Justiça não é só porque a própria
lei ou a maneira de aplicá-la servem aos interesses de uma classe, é
porque toda a gestão diferencial das ilegalidades por intermédio da pe-
nalidade faz parte desses mecanismos de dominação. Os castigos legais
devem ser recolocados em uma estratégia global das ilegalidades. O
‘fracasso’ da prisão pode sem dúvida ser compreendido a partir daí”.
(Michel Focault, “Vigiar e Punir”)

2. Número de Mulheres Encarceradas


Pouco se escreve sobre o encarceramento feminino no Brasil. No iní-
cio da colonização, Século XVI, mas precisamente em 1521 em Portugal, as leis
vigentes eram as Ordenações Manuelinas, mas o Brasil ainda não era compos-
to de Capitanias Hereditárias ou de quaisquer formalidades para se resolver
conflitos, portanto a lei se fazia valer na figura dos donatários.
Na mesma época haviam apenas rudimentos do Direito Penal, atri-
buídos aos indígenas prevendo justiça de mãos próprias, vingança privada,
coletiva e talião.
As mulheres dentro do deste sistema, tanto do universo patriarcal dos
donatários, como dos indígenas, eram tidas como objeto de reprodução e ge-
renciamento do lar, não lhes cabia atribuições de crimes ou transgressões a
serem punidas neste “compêndio legislativo”.
Em 1603 com a promulgação das Ordenações Filipinas em Portugal o
livro V que tratava das questões penais ainda não tiveram tratamento especial
para mulher, pois esta raramente esta era registrada em documentação oficial.
Marilene de Mello

Saltando do período colonial, para a democracia delineada na Consti-


tuição de 1988, entre tantos desafios dois obstáculos são os maiores, que são a
redução das desigualdades de gênero, e a superação do problema carcerário e
penitenciário que não é eficaz em seus propósitos delineados, tanto na Cons-
tituição Federal como nas Normais Infraconstitucionais, a exemplo da Lei de
Execuções Penais, Legislações dos Estados e demais e Regulamentações.
A história brasileira parte de um sistema patriarcal, e o atual sistema
carcerário brasileiro perpetua este funcionamento, demonstrando que altera-
204
ram-se as Leis mas não a cultura do nosso povo.
De acordo com o Relatório do Infopem/201496, o Brasil possuí uma
população total carceraria de 579.7811 pessoas, sendo 37.380 mulheres e
542.401 homens, contudo no período de 2000 a 2014, o aumento da popula-
ção feminina foi de 567,4%, enquanto a média de crescimento da população
masculina nesse mesmo período foi de 220,20%, por demais assustador.
O envolvimento com o tráfico de drogas sem vínculo com organiza-
ções criminosas, é de 68%, ocupando serviços de transporte “mulas”, pequeno
comércio, algumas usuárias e poucas exercem cargos de comando.

Figura 1

96 Dados do INFOPEN de junho de 2014. Disponível em www.justica.gov.br/politica-


penal
Marilene de Mello
205

Figura 2

Apesar de ainda representar a minoria do número de detentos no País,


o crescimento da população carcerária feminina tem sido vertiginoso, provan-
do que a mulher vem se envolvendo cada vez mais no universo da criminalida-
de e, por conseguinte, compõe de forma crescente o sistema carcerário já tão
precário e saturado97.

3. A Condição Feminina
Se as mulheres em geral já possuem demandas e necessidades específi-
cas, as que estão em condições de prisões apresentam demandas ainda maiores.
Em sua grande maioria seu histórico vem agravado por violência fa-
miliar, maternidade, maternidade quando não na adolescência, nacionalidade,
perda financeira, baixa escolaridade, uso de drogas, dentre outros fatores.
A história demonstra que seguindo nossa cultura patriarcal, as prisões
são preparadas para homens, com a reprodução de serviços penais direciona-
dos para a população masculina, não verificando as atividades que compõem o
universo das mulheres, quer sejam relacionadas com suas demandas e diferen-
ças físicas, com sua raça e etnia, idade, deficiência, orientação sexual, identida-

97 Dados extraídos do site<http://www.ipclfg.com.br/artigos-do-prof-lfg/mulheres-


-presas-aumento-de-252-em-dez-anos>acessado em 18/09/2016.
Marilene de Mello

de de gênero, nacionalidade, situação de gestação e maternidade, entre tantas


outras diferenças que teriam que ser respeitadas.
Existe deficiência de dados e indicadores sobre o perfil de mulheres
em privação de liberdade nos bancos de dados oficiais dos governos, contri-
buindo para invisibilidade das necessidades deste contingente.
No que tange à destinação dos estabelecimentos, dados levantados pelo
INFOPEN/2014, mostram que há 1.070 unidades masculinas, representando
75% do total de estabelecimentos prisionais, 238 estabelecimentos mistos, ou
206 seja 17%, e apenas 103 estabelecimentos femininos (7%), mostrando assim que
a maior parte das mulheres estão em estruturas mistas, quando não acomodadas
em estabelecimentos masculinos adaptados em parte para acolher mulheres.
Ainda com base nos dados levantados, a população de pessoas presas
no âmbito da segurança pública como delegacias de polícias, é de 27.950. A
soma dessas pessoas àquelas inseridas no sistema penitenciário chega ao nú-
mero total de 607.731.
Dessa forma verifica-se que na prática, que as políticas de execução
penal simplesmente ignoram a questão de gênero.
Em 2007, a quase 10 anos atrás a CPI - Comissão Parlamentar de In-
quérito revelava que apenas 27,45% dos estabelecimentos têm estrutura especí-
fica para gestantes, 19,61% contam com berçários e somente 16,13% mantêm
creches. Crianças recém-nascidas na maioria dos presídios do estão vivendo em
condições subumanas. Em um exemplo constatado em Recife, na Colônia Bom
Pastor, um bebê de somente 6 dias estava dormindo no chão, em cela mofada e
superlotada, apenas sobre panos estendidos diretamente na laje.
Com base no mesmo relatório, existem equipes de assistência à saúde
apenas em 23,53% dos estabelecimentos prisionais no Brasil. Destes, apenas
35,29% contam com médicos à disposição.
No relatório do DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional) so-
bre “Mulheres Encarceradas – Diagnóstico Nacional”, consta que 92,16% das
presas são submetidas a exames preventivos de câncer ginecológico. Dados que
segundo a CPI não são verídicos através das visitas e conversas com as presas.
Nos menos de 260 estabelecimentos, um quarto dos que foram vi-
sitados pela CPI, as presas declararam fazer exames do tipo Papanicolau. Na
maioria dos casos, o dito encaminhamento ao SUS (Sistema Único de Saúde)
nunca vem, especialmente com a desculpa da falta de escoltas para levar as
prisioneiras aos hospitais.
Marilene de Mello
Foram constatados casos de presas com câncer de mama e outros pro-
blemas graves, com detentas simplesmente deixadas à morte, sem atendimento.
Nas estatísticas oficiais, essa realidade é ignorada. Para que realmente
o problema seja enfrentado, as estatísticas devem ser fiéis e espelhar uma con-
dição verdadeira.
Conforme relatório da CPI, o caso mais representativo da condição
feminina no Brasil foi no estado do Pará. A diligência foi investigar a situação
da adolescente de 15 anos, Lidiany, que ficou presa por mais de 30 dias em uma
cela da Cadeia Pública de Abaetetuba com cerca de 20 presos do sexo mascu- 207
lino. Ela foi torturada e estuprada repetidamente, às vistas do executivo que
administrava a unidade.
A menina foi resgatada pelo Conselho Tutelar local, após sofrer as
mais variadas e constantes violências sexuais e psicológicas.
Não é caso isolado conforme restou demonstrado, a CPI acompanhou
outros estados em situações semelhantes, e com tratamento dado pelo nosso
executivo como questão de menos importância. No processo de ouvidoria da
CPI, diversos delegados, promotores, agentes penitenciários e até juízes infor-
maram que “quando não tem onde prender a mulher, a gente coloca com os
homens, mesmo... Fazer o quê?”.
Como aquela jovem foram encontradas mais duas detentas, uma fi-
cou 5 meses na prisão com mais 38 homens, no estado do Pará, engravidando
de um dos presidiários e a outra ficou presa por 6 meses, sendo que já havia
ficado presa anteriormente, e tem 2 filhos sem saber quem é o pai, porque teve
que se relacionar com outras pessoas também, dentro do sistema prisional.
Importa salientar que foi expedida na cidade de Belém do Pará, Brasil,
no dia nove de junho de mil novecentos e noventa e quatro a CONVENÇÃO IN-
TERAMERICANA PARA PREVENIR, PUNIR E ERRADICAR A VIOLÊNCIA
CONTRA A MULHER, conhecida com CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ98”,
que descreve a violência contra a mulher em seu artigo 2º, e na alínea c, destaca que
perpetrada ou “tolerada” pelo Estado e seus agentes, onde quer que ocorra:

Entende-se que a violência contra a mulher abrange a violência física,


sexual e psicológica:
a. ocorrida no âmbito da família ou unidade doméstica ou em qualquer
relação interpessoal, quer o agressor compartilhe, tenha compartilhado

98 http://www.cidh.org/Basicos/Portugues/m.Belem.do.Para.htm
Marilene de Mello

ou não a sua residência, incluindo-se, entre outras formas, o estupro,


maus-tratos e abuso sexual;
b. ocorrida na comunidade e cometida por qualquer pessoa, incluindo,
entre outras formas, o estupro, abuso sexual, tortura, tráfico de mulhe-
res, prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no local de tra-
balho, bem como em instituições educacionais, serviços de saúde ou
qualquer outro local; e
c. perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer
que ocorra.
208
Na Lei de Execução Penal, o parágrafo 1º do artigo 82 menciona que
a mulher e o maior de 60 anos devem ser separadamente recolhidos, em es-
tabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal, porém na prática
isso não ocorre.
Os casos em tela refletem a situação da mulher encarcerada no Brasil:
fruto do maior e mais gritante descaso que em comparação aos homens, são
dobrados estendendo-se essa violação a outras camadas fragilizadas da socie-
dade que sejam, a criança e os adolescentes, idosas, pessoas com deficiência, as
questões de saúde, higiene, enfim a dignidade da pessoa humana

4. Mulher, Maternidade e Prisão


O artigo 5º, inciso L de nossa Constituição, diz que às presidiárias
serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos du-
rante o período de amamentação, e corrobora com o texto constitucional, o
parágrafo 2° do artigo 83 da LEP, quando menciona que os estabelecimentos
penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas
possam amamentar seus filhos.
Assevera o artigo 89 da LEP, quando determina que a penitenciária de
mulheres, deve ser dotada de seção para gestante, parturiente e de creche com
a finalidade de assistir ao menor desamparado, cuja responsável esteja presa.
São extremamente raras as unidades prisionais que dispõem de creche
e berçário para os recém-nascidos, nos termos do artigo 89 da LEP.
Conforme dados constantes da CPI em 12,90% dos estabelecimentos,
as crianças permanecem sendo amamentadas até os 4 meses; em 58,09%, até
os 6 meses; em 6,45%, até os 2 anos.
Diante da situação elencada, fica o conflito de por um lado, mantendo o
filho consigo como um direito que lhe assiste, fica a dúvida se esse ambiente não
Marilene de Mello
irá contribuir negativamente ao desenvolvimento da criança, e por outro lado,
a presença do filho pode abrandar o cumprimento da pena, porém essa relação
será interrompida com a separação e isso dá um efeito de dupla penalização.
Internacionalmente existem as regras mínimas adotadas pelo I Congres-
so das Nações Unidas sobre Prevenção do Crime e Tratamento de Delinquentes,
realizado em Genebra em 1995 e aprovado pelo Congresso Econômico e Social
da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio de sua Resolução no 663 CI
(XXIV), de 31/-7/1957 aditada pela Resolução n nº. 2.076 (LXII), de 13/05/1977.
Com base nesses princípios em 25/05/1984, por meio da resolução 209
1984/1947, o Conselho Econômico Social aprovou 13 procedimentos para
aplicação efetiva das regras mínimas. Dentre essas, nos estabelecimentos pri-
sionais para mulheres devem existir instalações especiais para o tratamento
de presas grávidas, das que tenham acabado de dar à luz e das convalescentes.
Se possível o parto deverá ocorrer em um Hospital Civil e só em 2012
com a edição do decreto n. 57.783/2012 proibiu-se o parto com algemas. Se
o nascimento ocorrer em um estabelecimento prisional, tal fato não deverá
constar no registro de nascimento da criança.
A mulher presa frequentemente perde o contato com a família, prin-
cipalmente com seus filhos, e tem rompimento de relação conjugal. Existem
até familiares e companheiros que contam para os filhos que a mãe está morta.
A Lei 11.942/2009 e a Resolução n nº.03 de 15/07/2009, do Conselho
Nacional de Política Criminal, em termos orçamentários não seria grande o
impacto dos gastos com gestantes e parturientes no sistema penitenciário.

5. Da Falta de Higiene Básica


A situação das mulheres encarceradas é muito pior que a dos homens,
sem dúvida. Em entrevista à Sra. Heidi Ann Cerneka, coordenadora nacional
da Pastoral Carcerária, na Questão Feminina, declarou que “as mulheres são
6% da população prisional do País, mais ou menos. Historicamente, a mulher
nunca ou poucas vezes faz rebelião e não faz túnel. Então, a mulher nunca
chamava a atenção pública”.
As Regras Penitenciárias Europeias para Tratamento do preso, no capítu-
lo destinado às mulheres, em sua regra 34.1, determina que além das disposições
desse conjunto de regras sobre os presos, devem ser respeitadas as necessidades das
mulheres, sejam de nível psicológico, profissional e social, no momento de tomar
decisões que afetem um ou outro aspecto da vida no estabelecimento prisional.
Marilene de Mello

Já a Sra. Luciana Zaffalon Cardoso, da Pastoral Carcerária de São Pau-


lo, declarou no relatório da CPI que “as mulheres encarceradas passam por um
grave problema, que é o acesso a produtos de higiene. Elas não têm acesso nem
a papel higiênico, tampouco a absorvente íntimo. E muitas são as mulheres
que passam o mês juntando miolo de pão para usar como absorvente, muitas
vezes, e outras mazelas dessa mesma tristeza”.
Em 21 de janeiro de 2014, portanto sete anos depois da CPI, o Jornal
BBC Brasil, publicou uma notícia cujo título era “Escuridão, aperto e doenças:
210
uma visita a uma prisão maranhense, a notícia revela que uma mulher está
presa há dois anos e quatro meses aguardando julgamento e a poucos metros
dali, tem uma doente com hanseníase, que é outro agravante das nossas pri-
sões, dezoito detentas numa cela onde deveria haver apenas nove.

6. O Abandono das Mulheres


A mulher encarcerada enfrenta a solidão. Enquanto 86% dos presos ho-
mens recebem visitas da família, apenas 37,94% das presas recebem visitas sociais.
Somente 25% das presas têm acesso a algum tipo de educação e somen-
te 40 % têm acesso a atividades laborais, embora a maioria seja apenas em ativi-
dades de limpeza ou de trabalhos manuais de pouca expressão econômica. Não
existe a preocupação com a profissionalização das mulheres, com raras exceções.
Existe ainda a separação dos filhos que ainda que queiram visitar a mãe,
não tem quem os leve. Existem casos em que a família fala que a mãe está morta
a fim de evitar que os filhos se sintam abandonados, e justificar a imposição da
pena moral que a família e sociedade impõe para a mulher através do abandono.

7. Futuro
Dentro do relatório e também confirmado em entrevista pessoal, a
Sra. Heidi Ann Cerneka, restou atestado que a mulher, por ser em número bem
menor, geralmente fica em unidades totalmente inadequadas, e nos demais
estados brasileiros elas estão em conventos antigos, colégios e em unidades que
eram designadas para adolescentes, depois de declaradas não adequadas para
eles, então destinados para mulheres.
Isso somente reforça a cultura machista com que as mulheres são tra-
tadas, porém mais cruel porque estas estão no sistema prisional, reproduzido
e copiado do sistema que alberga os homens, até porque a origem das penas
a que a maior parte das mulheres eram submetidas tinha um recorte moral
Marilene de Mello
muito forte, no início do século. E até hoje são mantidas a percepção moral
dominante na sociedade machista e patriarcal de que, em certa maneira, as
condições a que estão submetidas essas mulheres fazem parte de uma punição
moral que a sociedade as impõe.
Se nada for feito em termos de Políticas Públicas para modificar essa
situação, mais CPIs virão despeito da que ocorreu em 1975, e que provocou a
publicação da LEP conforme exposição de motivos:

7. Foi essa a posição que sustentamos no Relatório da Comissão Parla-


mentar de inquérito instituída em 1975 na Câmara dos Deputados para 211
apurar a situação penitenciária do País. Acentuávamos, ali, que a dou-
trina evoluíra no sentido da constitucionalidade de um diploma federal
regulador da execução, alijando, assim, argumentos impugnadores da
iniciativa da União para legislar sobre as regras jurídicas fundamentais
do regime penitenciário. Com efeito, se a etapa de cumprimento das
penas ou medidas de segurança não se dissocia do Direito Penal, sendo,
ao contrário, o esteio central de seu sistema, não há como sustentar a
idéia de um Código Penal unitário e leis de regulamentos regionais de
execução penal. Uma lei específica e abrangente atenderá a todos os
problemas relacionados com a execução penal, equacionando matérias
pertinentes aos organismos administrativos, à intervenção jurisdicional
e, sobretudo, ao tratamento penal em suas diversas fases e estágios,
demarcando, assim, os limites penais de segurança. Retirará, em suma,
a execução penal do hiato de legalidade em que se encontra (Diário do
Congresso Nacional, Suplemento ao n. 61, de 04.06.1976, p. 9).

8. Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência Contra


Mulheres - Direitos das Mulheres em Situação Cárcere
Em 2007 o DEPEN editou a Portaria nº 136, de 28.09.2007, dando
prioridade ao financiamento de projetos de construção, ampliação ou reforma
de estabelecimentos penais femininos.
No entanto, em levantamento realizado pela CPI, observou-se que,
dos pleitos apresentados pelas diversas Unidades da Federação solicitando
aporte de recursos em 2008, apenas poucos projetos foram direcionados para
o segmento feminino.
Em agosto de 2007, foi lançado o Pacto Nacional pelo Enfrentamento
à Violência contra as Mulheres, durante a abertura da II Conferência Nacional
de Políticas para as Mulheres.
Marilene de Mello

Em suma o pacto pretendeu resgatar os direitos humanos das mu-


lheres encarceradas, a partir de ações nas áreas da Justiça, saúde, educação e
geração de renda, tais como:
1. Capacitação das mulheres em situação de prisão para a geração de
renda;
2. Construção/Reforma de estabelecimentos penais femininos;
3. Garantia do exercício da sexualidade e dos direitos reprodutivos das
mulheres em situação de prisão;
212
4. Implantação de serviços de saúde integral à mulher encarcerada;
5. Implantação de sistema educacional prisional, garantindo acesso à
educação em todos os níveis durante a permanência no presídio;
6. Acesso à justiça e à assistência jurídica gratuita para as mulheres em
situação de prisão;
7. Garantia de proteção à maternidade e atendimento adequado aos
filhos dentro e fora do cárcere;
8. Garantia de cultura e lazer dentro do sistema prisional.
A omissão de gênero nas normas e na execução penal, reflete a situa-
ção de desvalorização da mulher dentro do contexto penitenciário, e não há
uma discussão efetiva da criminalidade feminina na maioria das teorias do
Direito Penal e das ações governamentais da Política Penitenciária.
O cenário de desigualdade social perpetua-se na discriminação e sele-
tividade do Sistema de Justiça Penal, que acaba punindo grupos mais vulnerá-
veis social e economicamente, inserindo a mulher nesse contexto antes da fase
processual e após a sentença transitada em julgado.
Os estabelecimentos penais que abrigam as mulheres encarceradas,
em relação ao perfil das mulheres presas, diversas pesquisas demonstram o
quanto elas integram as estatísticas de vulnerabilidade e exclusão social: a
maioria tem idade entre 20 a 35 anos, é chefe de família, possui em média mais
de 2 filhos menores, apresenta escolaridade baixa e conduta delituosa que se
caracteriza pela menor gravidade.
Falar em ressocialização, que é o objeto maior da Lei de Execuções Pe-
nais, significa falar em Direitos-Humanos-no-Brasil é jeito falar antes de tudo
em segurança pública. A sociedade brasileira e suas normas – o Direito Penal, o
Processual Penal e a Lei de Execuções Penais – desenvolveram-se de acordo com
a evolução da pena, não admitindo pena de morte, penas cruéis, prevendo as
Marilene de Mello
penas individualizadas, visando à conscientização e valorização do ser humano,
como ciência jurídica, combatendo a violação da pessoa humana. Isto tem sido
demonstrado desde a criação de lei contra tortura em 7 de abril de 1997.
O julgado abaixo descreve o que na prática representa a razão de ser, a
justificativa da aplicação da LEP :

HC 99.652, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-11-2009, Primeira


Turma, DJE de 4-12-2009.

“A LEP é de ser interpretada com os olhos postos em seu art. 1º. Artigo 213
que institui a lógica da prevalência de mecanismos de reinclusão social
(e não de exclusão do sujeito apenado) no exame dos direitos e deveres
dos sentenciados. Isso para favorecer, sempre que possível, a redução
de distância entre a população intramuros penitenciários e a comunida-
de extramuros. Essa particular forma de parlamentar a interpretação da
lei (no caso, a LEP) é a que mais se aproxima da CF, que faz da cidada-
nia e da dignidade da pessoa humana dois de seus fundamentos (incisos
II e III do art. 1º). A reintegração social dos apenados é, justamente,
pontual densificação de ambos os fundamentos constitucionais”99.

A pretensão da lei é “punir” e “humanizar” e na busca de tal desidera-


to, ao condenado e ao internado devem ser assegurados todos os direitos não
atingidos pela sentença ou pela lei, conforme determina o artigo 3º da LEP.
Portanto, não há fundamento jurídico válido que justifique qualquer
omissão jurisdicional diante de flagrante descumprimento da lei, especialmen-
te em relação às matérias em que se deve agir “ex oficio”. Havendo, a exemplo
do jovem Pedro, temos que agir, lembrando-os dos seus deveres profissionais,
que dirá humanitários.
Questões relacionadas com a inadequação física do estabelecimento
prisional, que não atende à finalidade da lei, e o descumprimento de direitos
e garantias vinculadas à pessoa presa não estão fora da esfera de interesses que
cabe ao advogado observar em defesa de seu cliente. Contra tal estado de coisas,
existem providências legais que podem e devem ser manejadas tecnicamente.

99 Dados extraídos do site < http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/constituicao.asp >


acesso em12/03/2011
Marilene de Mello

9. Participação da Sociedade Civil no Cumprimento das


Penas
Existe dentro da LEP um mecanismo que permite a participação da
comunidade no procedimento de execução, previstos nos artigos 80 e 81, da
LEP, em que através de um Conselho, de pessoas jurídicas ou naturais com
poderes para fiscalizar e assistir as Penas Privativas da Liberdade e também as
Penas de Multas ou as Restritivas de direitos.
A existência de Conselhos de Comunidade efetiva a participação da
214
sociedade no processo de cumprimento da pena e desempenha a função de
possibilitar a reintegração social do condenado.
Como determina a Lei de Execução Penal em seu art. 4º, “o Estado deve-
rá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da
medida de segurança”, porém, por outro lado, é preciso que a sociedade se cons-
cientize de que deve se envolver na busca de soluções para seus conflitos sociais.
Diante da importância da participação popular no processo de execu-
ção de pena, os Conselhos de Comunidade estão relacionados entre as metas
do Plano Diretor do Sistema Penitenciário dos Estados.
Porém a Sociedade Civil não sabe da existência desse valioso instru-
mento. Não são divulgados a existência desses Conselhos cuja constituição é
de competência do Juiz da execução.
O artigo 7º da Convenção Interamericana para prevenir, punir e erra-
dicar a violência contra a mulher, “convenção de Belém do Pará”, traz em seu
bojo fortes instrumentos que ao serem levados a conhecimento da sociedade
civil, a possibilitam interagir com o Estado brasileiro, fazendo cumprir seus
mandamentos, e operacionalizando o seu objeto.

Art. 7º (Adotada em Belém do Pará, Brasil, em 9 de junho de 1994


Os Estados Partes condenam todas as formas de violência contra a mu-
lher e convêm em adotar, por todos os meios apropriados e sem demora,
políticas destinadas a prevenir, punir e erradicar tal violência e a em-
penhar-se em:
a. abster-se de qualquer ato ou prática de violência contra a mulher e ve-
lar por que as autoridades, seus funcionários e pessoal, bem como agen-
tes e instituições públicos ajam de conformidade com essa obrigação;
b. agir com o devido zelo para prevenir, investigar e punir a violência
contra a mulher;
Marilene de Mello
c. incorporar na sua legislação interna normas penais, civis, adminis-
trativas e de outra natureza, que sejam necessárias para prevenir, punir
e erradicar a violência contra a mulher, bem como adotar as medidas
administrativas adequadas que forem aplicáveis;
d. adotar medidas jurídicas que exijam do agressor que se abstenha de
perseguir, intimidar e ameaçar a mulher ou de fazer uso de qualquer
método que danifique ou ponha em perigo sua vida ou integridade ou
danifique sua propriedade;
e. tomar todas as medidas adequadas, inclusive legislativas, para modi-
ficar ou abolir leis e regulamentos vigentes ou modificar práticas jurídi- 215
cas ou consuetudinárias que respaldem a persistência e a tolerância da
violência contra a mulher;
f. estabelecer procedimentos jurídicos justos e eficazes para a mulher
sujeitada a violência, inclusive, entre outros, medidas de proteção, juízo
oportuno e efetivo acesso a tais processos;
g. estabelecer mecanismos judiciais e administrativos necessários para as-
segurar que a mulher sujeitada a violência tenha efetivo acesso a restitui-
ção, reparação do dano e outros meios de compensação justos e eficazes;
h. adotar as medidas legislativas ou de outra natureza necessárias à vi-
gência desta Convenção.

10. Conclusão
Dentre tantas regras relacionadas, postas na Constituição Federal, ba-
seadas na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Lei de Execuções Pe-
nal, regras internacionais mínimas de presos, pactos de enfrentamento à vio-
lência contra as mulheres e tantas outras relacionadas com o tema aqui tratado
que se fossem cumpridas resolveriam o problema da execução penal feminina.
Regras não faltam, porém vemos desde os primórdios tempos do País,
que regras nunca foram cumpridas, começando pelo nosso próprio Judiciário,
conivente em não só desconhecer a Lei que impedia o tráfico de escravos afri-
canos, como ainda, determinar leis penais específicas para aqueles que insur-
giam contra os seus senhores sendo então tratados como semoventes.
A sociedade brasileira urge pelo posicionamento dos órgãos e profis-
sionais frente ao tema e verdadeiro compromisso com a efetiva aplicação da
Lei de Execução Penal, em relação a todos os presos, mas em especial às mulhe-
res encarceradas, pois estas representam famílias encarceradas.
Marilene de Mello

O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO


BRASIL,

“Ao instituir o Código de Ética e Disciplina, norteou-se por princí-


pios que formam a consciência profissional do advogado e represen-
tam imperativos de sua conduta, tais como: os de lutar sem receio pelo
primado da Justiça; pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo
respeito à Lei, fazendo com que esta seja interpretada com retidão, em
perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e as exigências do
bem comum; ser fiel à verdade para poder servir à Justiça como um
216 de seus elementos essenciais; proceder com lealdade e boa-fé em suas
relações profissionais e em todos os atos do seu ofício; empenhar-se na
defesa das causas confiadas ao seu patrocínio, dando ao constituinte o
amparo do Direito e proporcionando-lhe a realização prática de seus
legítimos interesses; comportar-se, nesse mister, com independência e
altivez, defendendo com o mesmo denodo humildes e poderosos; exer-
cer a advocacia com o indispensável senso profissional, mas também
com desprendimento, jamais permitindo que o anseio de ganho material
sobreleve à finalidade social do seu trabalho; aprimorar-se no culto dos
princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo a tornar-se
merecedor da confiança do cliente e da sociedade como um todo, pelos
atributos intelectuais e pela probidade pessoal; agir, em suma, com a
dignidade das pessoas de bem e a correção dos profissionais que hon-
ram e engrandecem a sua classe”.

Os valores que orientam o comportamento humano, sobrepõem-se às


leis movendo suas ações em relação ao grupo social em que este se encontra.
No dicionário, valor é normalmente atributo de algo onde estão intrínsecos
comportamentos éticos.
Existem valores imutáveis, onde comportamentos como a corrupção,
a intolerância, o desrespeito às pessoas e às instituições são intolerantes à nossa
vida em sociedade, tornam impraticáveis a convivência com pessoas que não
respeitam os valores éticos e morais.
Colocar na frente dos deveres fundamentais contidos na Declaração
Universal dos Direitos Humanos que a nossa Constituição recebeu plenamen-
te em seu texto legal.

“A vida não é um capital para ser acumulado, mas é um dom de Deus


para ser dividido O Estado brasileiro não chega a uma parte da popula-
ção brasileira Pedro Yamaguchi”.
Marilene de Mello
Conforme leciona o Professor Fábio Konder Comparato, a mensagem
evangélica em Mateus 25 coloca à frente dos direitos fundamentais, os deveres
fundamentais. Esses deveres fundamentais formam a condição indispensável à
salvação eterna e correspondem aos direitos humanos de caráter social. “São, no
entanto, os mais desconsiderados pela sociedade brasileira, marcada por 4 sé-
culos de escravidão ilegal”. Ele cita dois abusos inomináveis que acontecem nos
cárceres paulistas – a tortura, denunciada em relatório da Pastoral Carcerária de
2010 e a realização ainda hoje de partos com gestantes algemadas.
Nossos deveres fundamentais têm caráter humano social que não in- 217
cumbe apenas aos governantes, e sim a nós mesmos.

“O Estado brasileiro não chega a toda a população brasileira, o atual


Sistema de Justiça não se adapta a todas as regiões porque em algumas
regiões têm juiz, mas falta promotor e advogado e defendeu o modelo
da Justiça restaurativa. “Devemos nos inspirar para garantir a todos o
acesso à Justiça e a uma Justiça melhor e o entendimento de que a Jus-
tiça e a atuação do advogado não se resumem apenas à proposição de
uma ação, porque o advogado se insere no processo de transformação
social e esse é, sim, garantidor do direito da cidadania”, deputado fede-
ral Paulo Teixeira, na inauguração da sala da Comissão de Direitos Hu-
manos da OAB como o nome do seu filho Pedro Yamaguchi Teixeira.”

Temos o dever fundamental de defender os direitos dos mais necessi-


tados Os valores que movem nossa vida em sociedade deve ser a própria vida, a
boa-fé e amor ao próximo. Esses valores devem mover nossas ações, intenções,
comportamento social e trabalho. Dessa forma, marcaremos a história.
Vemos pessoas que como Luiz Gama no Brasil, que através do seu
saber jurídico, adquirido de forma marginal, conseguiu defender escravos for-
mando a tese de legítima defesa para libertar escravos que se insurgiam contra
os seus senhores, Nelson e Winie Mandela, na África que trocaram a sua liber-
dade pela liberdade do povo africano; Martin Luther King nos Estados Uni-
dos, que trocou a sua vida pela liberdade dos negros americanos. Pessoas que
transformaram o mundo e deixam um legado pela sua luta pelos VALORES, de
vida, de Justiça, de igualdade e de fraternidade.
Literalmente deram a vida por estes valores e o interessante é que com
exceção da Winie que era Assistente Social, eram todos advogados.

“Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lutamos para


que o melhor fosse feito. Nós não somos o que gostaríamos de ser. Nós
Marilene de Mello

não somos o que ainda iremos ser. Mas, graças a Deus. Não somos mais
quem nós éramos”. Martin Luther King

11. Referências Bibliográficas


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