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Resposta a Kennyo Ismail, autor do livro Desmistificando a Maçonaria

Por Leandro Quadros.

INTRODUÇÃO

Uma das coisas mais gratificantes para quem trabalha com a propagação da mensagem
bíblica é receber a confirmação de que seu trabalho foi bastante útil e relevante para a vida do
telespectador, ouvinte e internauta.

Após o programa veiculado na noite de 8/4/2014, o judeu e maçom Diego Cohen afirmou
em nossa página no Facebook que, além de ver “luz na Igreja Adventista do Sétimo Dia”, o que
“foi dito [no programa, sobre a maçonaria] é verdade e dou fé!”.

Entretanto, o mesmo não foi dito por Kennyo Ismail, maçom, autor do livro
Desmistificando a Maçonaria e moderador do blog www.noesquadro.com.br . Para ele, “as
acusações conspiratórias [contra a Maçonaria] foram apenas reforçadas [pelo “Na Mira da
Verdade], tomando por base dois autores não maçons [...]”1(p. 8).

A presente tréplica tem o objetivo de esclarecer algumas das afirmações de Ismail, bem
como demonstrar que o referido autor, infelizmente, não compreendeu o propósito principal do
programa, nem mesmo uso que foi feito das fontes citadas.

Antes, quero agradecer a Kennyo Ismail pela forma educada como questionou meu
programa. Todavia, não posso fazer o mesmo em relação a alguns comentários aprovados em seu
blog. Lamentavelmente, alguns que aparentemente são maçons, se deixaram levar pela paixão ao
ponto de usarem pensamentos e frases que não condizem com a polidez que percebi em alguns
Maçons com quem tive contato.

Frases como: “o papel que se lê hoje servirá para limpar o traseiro amanhã”; “não perca
tempo com estes ‘crentes’” e “a falta de cultura e de respeito é latente em tais seres”, apenas

1
Kennyo Ismail, “Mirando na Verdade: Resposta ao programa ‘Na Mira da Verdade’ – TV Novo Tempo”. Disponível
em: http://www.noesquadro.com.br/2014/04/resposta-ao-programa-na-mira-da-verdade.html Acessado em
17/4/2014

1
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demonstram o preconceito existente em relação a muitos cristãos que não deveriam ser
comparados com pessoas fanáticas, que gratuitamente falam mal da maçonaria.
Além de não contribuir para o bom debate, esse tipo de palavreado não condiz com os
ensinamentos morais transmitidos pela maçonaria em sua simbologia. Por exemplo, Albert G.
Mackey informa que o maçom em sua fase iniciante é representado por uma pedra bruta e
áspera, “símbolo do estado natural do homem – ignorante, não desenvolvido [...]”2, e que precisa
ser lapidado até chegar a se transformar numa superfície lisa.
O tipo de palavras usadas por algumas pessoas no blog “No Esquadro” demonstra que
elas ainda se encontram na fase da pedra bruta, o que indica ser necessário elas também
adotarem em suas vidas o conceito moral transmitido pelo simbolismo do prumo, um símbolo da
retidão de conduta que, com certeza, os ajudaria na construção do próximo com suas palavras e
atos. Seguindo esse princípio, tais pessoas andariam em linha reta e não se desviariam do
caminho da virtude, nem para a direita nem para a esquerda, de modo que tratariam o próximo
com respeito.

METODOLOGIA E USO DE FONTES

Se Ismail tivesse assistido atentamente ao programa, não teria afirmado que me baseei
nas obras de J. Scott Horrel (Maçonaria e Fé Cristã) e William Schnoebelen (Maçonaria por
trás da fachada de luz).

Na verdade, adotei o livro de Horrel como metodologia, não simplesmente como fonte
primária. Achei bem didática a abordagem dele em sugerir perguntas essenciais com respostas
na Bíblia, que nos ajudam a compararmos os ensinamentos bíblicos com as crenças maçônicas
(veja-se minhas afirmações no vídeo disponível no blog do programa a partir dos 6min16s e
6min58s).

Sobre a obra de Schnoebelen, a partir dos 20min11s afirmo que, mesmo extraindo
algumas informações importantes do referido livro, afirmei que “neste livro percebi algumas
coisinhas que acho um pouco exageradas”, de modo que Ismail não possui provas para afirmar
que esse material serviu de “base” para minha pesquisa.

2
Albert G. Mackey, O Simbolismo da Maçonaria: Descubra e Entenda Seus Símbolos, Lendas e Mitos (São Paulo:
Universo dos Livros: 2008), p. 185 (da versão digital comercializada na App Store)

2
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Sugeri no programa diversas fontes primárias, inclusive a editora Pensamento, para que o
telespectador e ouvinte interessado aprofunde-se no tema “Maçonaria”, reconhecendo que há
muito mais fontes para pesquisa daqueles que realmente quiserem se aprofundar no assunto.

QUESTÕES APARENTEMENTE REFUTADAS

O autor da obra Desmistificando a Maçonaria afirmou que a citação de Mackey,


(autoridade maçônica) que mencionei no programa, em que ele reconhece ser a maçonaria uma
religião, “não faz parte da Enciclopédia de Mackey” (p. 2). Entretanto, Kennyo Ismail está
bastante equivocado:

“Freemasonry is a religious institution, and hence its regulations


inculcate the use of prayer ‘as a proper tribute of gratitude,’ to borrow the
language of Preston, ‘to the beneficent Author of Life’.”3

Veja-se a tradução como se segue (os grifos foram acrescidos):

“A Maçonaria é uma instituição religiosa e, por tanto, seus regulamentos


inculcam o uso da oração ‘como uma homenagem adequada de gratidão’,
e usando a linguagem de Preston, ‘para o Autor beneficente da Vida’”.

Já na página 1559 do arquivo em Pdf da obra de Mackey, vemos que outra citação
mencionada por Horrel em seu livro Maçonaria e fé Cristã realmente existe, ao contrário do que
imaginou Ismail em sua resposta ao programa “Na Mira da Verdade”. Veja:

The tendency of all true Freemasonry is toward religion. If it make any


progress, its progress is to that holy end. Look at its ancient landmarks, its
sublime ceremonies, its profound symbols and alle gories - all inculcating
religious doctrine, commanding religious observance, and teaching religious
truth, and who can deny that it is eminently a religious Institution? But,
besides, Freemasonry is, in all its forms, thoroughly tinctured with a true
devotional spirit. We open and close our Lodges with prayer; we invoke the
blessing of the Most High upon all our labors; we demand of our neophytes a

3
Albert Gallatin Mackey, Encyclopedia of Freemasonry And its kindred Sciences, p. 1468. Disponível em:
http://www.themasonictrowel.com/ebooks/freemasonry/eb0091.pdf Acessado em: 17/4/2014.
Veja-se o verbete “Prayer”.

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profession of trusting belief in the existence and the superintending eare of God;
and we teach them to bow with humility and reverence at His awful name, while
His Holy Law is widely opened upon our altars. Freemasonry is thus identified
with religion; and although a man may be eminently religious without being a
Freemason, it is impossible that a Freemason can be "true and trusty" to his Order
unless he is a respecter of religion and an observer of religious principle.

A tradução vem a seguir (os grifos foram acrescentados):

A tendência de toda verdadeira Maçonaria é em relação à religião. Se ela faz


qualquer progresso, o seu progresso é para esse fim santo. Olhe para seus
monumentos antigos, suas cerimonias sublimes, seus símbolos profundos e
alegorias - tudo inculcando doutrina religiosa, ordenando observância religiosa
e ensinando a verdade religiosa. Quem pode negar que ela é eminentemente
uma instituição religiosa? Mas, além disso, a Maçonaria é, em todas as suas
formas, completamente tingida com um verdadeiro espírito devocional. Nós
iniciamos e concluímos todas nossas cerimonias com oração; invocamos a
benção do Altíssimo sobre todos nossos trabalhos; exigimos de nossos neófitos
uma profissão de fé confiante na existência e no superintendente cuidado de
Deus; e os ensinamos a se curvar com humildade e reverencia perante Seu
terrível nome, enquanto Sua Santa Lei é amplamente aberta sobre nossos altares.
A Maçonaria é, portanto, identificada com a religião; e apesar de que um
homem pode ser eminentemente religioso sem ser maçom, é impossível que um
maçom possa ser “verdadeiro e fiel” a sua Ordem a menos que ele seja um
respeitador da religião e um observador do principio religioso.

Simplesmente a citação que apresentei no programa era de outra edição da obra, a de


1898, publicada pela Louis H. Everts. Independente da página ou da edição da obra, vê-se que a
afirmação de Kennyo Ismail, de que “esse texto não faz parte da Enciclopédia de Mackey” (p. 2),
não possui fundamento.

Outra citação relevante dessa autoridade maçônica encontra-se na mesma Enciclopédia


(p. 1559), onde Mackey é taxativo:

But the religion of Freemasonry is not sectarian. It admits men of every creed
within its hospitable bosom, rejecting none and approving none for his peculiar

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faith. It is not Judaism, though there is nothing in it to offend a Jew; it is not


Christianity, but there is nothing in it repugnant to the faith of a Christian. Its
religion is that general one of nature and primitive revelation—handed down to
us from some ancient and Patriarchal Priesthood—in which all men may agree
and in which no men can differ. It inculcates the practise of virtue, but it supplies
no scheme of redemption for sin. It points its disciples to the path of
righteousness, but it does not claim to be "the way, the truth, and the life." In so
far, therefore, it cannot become a substitute for Christianity, but its tendency
is thitherward; and, as the handmaid of religion, it may, and often does, act as
the porch that introduces its votaries into the temple of divine truth. Freemasonry,
then, is indeed a religious institution; and on this ground mainly, if not alone,
should the religious Freemason defend it.

Agora, a tradução:

Mas a religião da Maçonaria não é sectária. Ela admite homens de todas as


crenças no seu seio hospitaleiro , rejeitando nenhum e aprovando nenhum por sua
fé peculiar. Não é judaísmo , embora não há nada nela para ofender um judeu ;
não é o cristianismo4, mas não há nada nela repugnante para a fé de um cristão.
Sua religião é aquela geral da natureza e da revelação primitiva - transmitida
a nós através de algum antigo Sacerdócio Patriarcal - em que todos os homens
podem concordar e em que nenhum homem pode ser diferente. Ela inculca a
prática da virtude, mas não fornece esquema algum de redenção para o pecado.
Ela aponta aos seus discípulos o caminho da justiça, mas não tem a pretensão de
ser "o caminho, a verdade e a vida." Sendo assim, portanto, a Maçonaria não
pode tornar-se um substituto para o cristianismo, mas sua tendência é para
lá; e, como a serva da religião, ela pode, e muitas vezes age, como a entrada que
introduz seus adeptos no templo da verdade divina. A Maçonaria, então, é de
fato uma instituição religiosa [...]

4
Mesmo Mackey acreditando não haver algo de “repugnante” para o cristão na maçonaria, ele foi sincero em
reconhecer que a maçonaria não é cristianismo, de modo que todo cristão maçom deveria reavaliar seus
conceitos quanto à relação entre a Maçonaria e a fé cristã, segundo o princípio de Mateus 6:24: “Ninguém pode
servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao
outro” (Ver também 2 Coríntios 6:14-17).

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Após comprovar que esse (entre outros que poderia citar) autor maçom cria sim ser a
Maçonaria uma religião, espero que Kennyo Ismail reconheça que negar isso é ignorar o que os
próprios autores maçons (reconhecidos) afirmam.

Depois de ler esses trechos da Encyclopedia of Freemasonry And its kindred Sciences, de
Albert Gallatin Mackey, o leitor poderá se perguntar se Kennyo Ismail não tinha a seu dispor as
referidas citações, ou se a negação de que a maçonaria seja uma religião é fruto da própria
tendenciosidade, com o intuito de esconder os propósitos ecumênicos da maçonaria, como sugere
William Schnoebelen em sua obra Maçonaria por trás da fachada de luz5. Entretanto, não é o
objetivo da presente tréplica analisar essa questão.

Os Illuminatis e a maçonaria

Nesse tópico, Kennyo Ismail afirmou que citei sua obra, juntamente com a de William
Schnoebelen, para apoiar a ligação entre Maçonaria e os Illuminatis. Afirmou esse irmão
maçom:

“O professor que comenta a questão ainda fala que percebeu que essa
ligação dos Illuminatis com a Maçonaria apontada por Schnoebelen é
realmente verdade quando comparou com outras obras maçônicas como a
minha obra [...]” (p. 3).

Porém, mais uma vez se percebe que o referido escritor, talvez por desatenção, não
percebeu que partir do minuto 22min50s afirmei algo totalmente diferente. Na verdade, a
comparação da obra de Schnoebelen com a de Ismail me ajudou a ver que há coisas escritas por
William Schnoebelen que são exageradas. Em hipótese alguma afirmei que ambos os autores
(um ex-maçom e outro maçom) pensam o mesmo a respeito dos Illuminatis.

Respeitosamente sugiro que o irmão (o chamo assim com sinceridade de coração)


Kennyo reveja meu programa e reconheça humildemente que não usei seu livro de forma
indevida. Tanto que ao falar sobre os Illuminatis, citei apenas as páginas 152 e 153 do livro
Maçonaria por trás da fachada de luz e não fiz menção alguma à página do livro de Ismail,
sendo que esse assunto não foi abordado por ele (pelo menos não o percebi).

5
William Schnoebelen, Maçonaria por trás da fachada de luz (Brasília: Propósito Eterno, 2006), p. 27.

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A Maçonaria e a Bíblia

Ismail afirmou que minha abordagem – em que apontei contradições significativas entre a
Maçonaria e a Bíblia – “é incabível” (p. 4), considerando que as igrejas vêm buscando um
caminho ecumênico. O problema é que Ismail, bem como os cristãos que buscam o ecumenismo,
não consideram as diferenças entre o bom e o mau ecumenismo.

O bom ecumenismo é aquele em que pessoas de diferentes religiões se aproximam com o


intuito de dialogar, respeitar diferenças e, acima de tudo, unir-se para amenizar o sofrimento da
humanidade. Nisso, cristãos, maçons, espíritas, ateus, agnósticos, precisam se unir para aliviar a
dor que o pecado causou à raça humana.

Todavia, o mau ecumenismo defendido por Ismail é antibíblico. Se ele supõe que o
diálogo inter-religioso existe para negar verdades essenciais das Escrituras em nome da
“união”, está bastante enganado. Jesus disse que deveríamos ser unidos assim como Ele é unido
com o Pai (Jo 17:22, 23). Porém, essa união deve ser firmada na Verdade:

“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade [...] Eu lhes tenho


transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos;
eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o
mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.”
(Jo 17:17; 22-23).

O ecumenismo defendido por Tony Palmer e sugerido por Kennyo Ismail, segundo o qual
doutrinas estão em “segundo plano”, não encontra respaldo bíblico e, portanto, precisa ser
rejeitado por quem realmente segue o cristianismo.
Que base bíblica a Maçonaria tem para colocar a fé individual acima daquilo que a Bíblia
manda? (ver Pv 30:5, 6). Se as Escrituras ensinam doutrinas essenciais negadas pela maçonaria
(veja o quadro comparativo entre a Bíblia e maçonaria clicando aqui); se a Bíblia diz que
devemos orar em nome de Jesus (Jo 14:13; 15:16; 1Tm 2:5), como faremos diferente apenas para
agradarmos “A” ou “B”? Como deixar de orar invocando o nome sagrado de Jesus “em respeito
à fé de cada [pessoa] presente” (p. 5), se apenas através de Cristo os presentes na loja maçônica
(e em qualquer outro lugar do mundo) podem ser salvos da morte eterna? (Jo 3:36; At 4:12; Rm

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6:23). Não estaria a Maçonaria caindo exatamente no erro apontado por Jesus Cristo em Mateus
10:32 e 33?

“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o


confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar
diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos
céus.”

Além disso, a afirmação de Ismail de que “a presença de um ou mais livros sagrados é


exatamente em respeito às crenças de cada membro [...]” vai contra um princípio filosófico
importantíssimo que diz ser impossível “duas coisas contraditórias serem verdadeiras ao mesmo
tempo”. Se a maçonaria busca a Verdade, como pode relativizar livros sagrados tão
contraditórios entre si e, ao mesmo tempo, levar seus membros à Verdade absoluta? A meu ver,
isso é no mínimo contraditório. Afinal, verdade não é o que eu penso que é: é aquilo que Deus
diz ser:

 Deus (o Deus Triúno da Bíblia) é a Verdade: “Nas tuas mãos, entrego o meu espírito; tu
me remiste, SENHOR, Deus da verdade.” (Sl 31:5)

 Jesus Cristo é a Verdade: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a


vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6)

 O Espírito Santo é a Verdade: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos
guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.” (Jo 16:13)

 A Lei de Deus é a Verdade: “A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o


testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices.” (Sl 19:7)

 A Bíblia é a Verdade: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” (Jo 17:17)

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Definitivamente, Deus não relativiza a Verdade, adaptando-a ao gosto de criaturas


pecadoras como nós, cuja lógica não pode ser ao menos comparada à lógica divina (cf. Is 55:8,
9). No campo espiritual, usamos sim nossa lógica (Rm 12:1, 2), porém submetendo-a à lógica de
Deus. Ou, colocamos os nossos achismos humanos em contraposição à Bíblia. Não há meio
termo.

O Deus da Maçonaria
O que vimos anteriormente nos mostra que o Deus apresentado pela Maçonaria nada tem
a ver com o Deus Triúno da Bíblia, por mais sinceros e nobres que sejam nossos irmãos maçons.
Porém, darei sequência a esse tópico para detalhar um pouquinho mais o assunto.

Ismail argumentou que não existe o “Deus da Maçonaria” e sim um único Deus,
independente de qual nome seja utilizado para Ele. Porém, se ele atentar para o que afirmei no
programa, não neguei que os maçons buscam conhecer o Grande Arquiteto do Universo.
Demonstrei biblicamente que o nome de Deus (seja qual deles for utilizado), por ser Ele um ser
Supremo, não deve ser confundido ou relacionado com nomes de divindades pagãs. Li textos
bíblicos que afirmam ser Deus zeloso para com Seu nome [Sua Pessoa] e que, mesmo podendo
ser chamado de G.A.D.U, utilizar nomenclaturas que não expressam características de Sua
santidade e personalidade é uma falta de respeito para com Ele:

“Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR


não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20:7).

“Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei
a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura” (Is 42:8).

Agradeço a Ismail pelo esclarecimento quanto ao uso de Jabulon e Abaddon pela


Maçonaria. Porém, uma pergunta ainda persiste: à luz desses textos bíblicos, por que utilizar
como “espécie de senhas”, em dois graus de ritos maçônicos, dois nomes pagãos? Não estariam
esses nomes indicando que há algo do paganismo infiltrado na Maçonaria?

Neutralidade em tais nomes não pode existir. Do contrário, não seriam usados. Pode não
haver um conteúdo ou ensinamento específico relacionado a eles, mas, uma filosofia ou algo a
ser comunicado, sim.

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Se na Bíblia há vários nomes para Deus (como destacou o referido autor maçom), por que
não utilizar como senhas termos que realmente expressem características do caráter Santo de
Deus, do mesmo modo que os nomes bíblicos?

Na p. 4 de sua resposta Kennyo Ismail citou Apocalipse 20:1-3 e afirmou, com base
nesse texto, que o “anjo do abismo” em Apocalipse 9:11 (Abadom ou Apoliom) é uma referência
a um “enviado de Deus, que prendeu o Diabo e o amarrou [...]”.

Tenho curiosidade de saber que tipo de critério exegético Ismail utilizou para chegar a tal
conclusão. Uma leitura simples de Apocalipse 9 e Apocalipse 20 revela que os dois personagens
são antagônicos, mesmo que a identidade do anjo de Apocalipse 20:1 não seja identificada.
Como destaca o erudito Ranko Stefanovic, “em Apocalipse 20:1, o anjo foi visto com a chave
para fechar e selar o abismo, enquanto que em Apocalipse 9:1, à estrela caída foi dada a chave
[apenas] para abrir o abismo”6. Ou seja: enquanto que o ser de Apocalipse 20 tinha autoridade
para fechar e abrir o abismo, o de Apocalipse 9 tinha poder apenas para abri-lo. Perceba que
mesmo havendo similitudes, as diferenças são significativas.

Comentando Apocalipse 9:1, Adela Yarbro Collins, professor na Yale Divinity School e
especialista também no livro do Apocalipse, observa que “a estrela que caiu do céu para a terra
evoca a história da queda de Satanás, um dos anjos mais gloriosos” em sua rebelião contra Deus
(Ap 12:7-10; cf. Is 14:12; Lc 10:18)”7. Ao comentar Apocalipse 8:1, Barclay destaca que para o
povo judeu, as estrelas simbolizam “seres divinos, que pela desobediência poderiam se tornar
demoníacos e do mal”8.

Para identificar o personagem de Apocalipse 9:11 [um “enviado de Deus” ou o Diabo],


também é importante analisar o emprego do termo “abismo” na Bíblia. Vejamos alguns
exemplos: em Gênesis 1:2, se refere à condição caótica de nosso planeta antes da criação. No
livro de Jeremias, 4:23-30 “abismo” é usado para se referir à desolada e inabitada Palestina
durante o Exílio. Em Isaías 24:21-22, o abismo pode ser uma caverna subterrânea profunda para
castigar as hostes do mal, tanto anjos caídos quanto reis ímpios. Por sua vez, o Novo Testamento
6
Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ: Commentary on the Book of Revelation (Berrien Springs, MI:
Andrews University Press, 2009), p. 574.
7
A. Yarbro Collins, The Apocalypse. New Testament Message, vol. 22 (Wilmington, DE: Michael Glazier, 1979), p.
60.
8
William Barclay, The Revelation of John (Philadelphia: Westminster Press, 1960), vol. 2, p. 47.

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emprega “abismo” em referência a uma caótica e escura prisão onde moram os anjos caídos9, os
demônios, que estão sob o controle divino, reservados para o juízo final (Lc 8:31; 2Pe 2:4; Jd 6;
Ap 20:1, 3). Já em Apocalipse 11:7 e 17:8, “abismo” é o lugar de onde surge a besta, poder
antagônico a Deus.

Portanto, não há justificativa bíblica e exegética para a Maçonaria utilizar o nome


“Abadon” – uma clara referência a Satanás – como uma espécie de “senha” em seus graus e ritos
distintos. Por mais que possa não haver algum ensinamento maçom relacionado a tal nome, ele
não é neutro e carrega um significado.

Mesmo que Ismail tenha sido bem intencionado, a forma como tratou o texto bíblico, sem
qualquer critério exegético, revela o papel secundário que a Bíblia ocupa na Maçonaria, o que
nos dá maior evidência de que Maçonaria e Cristianismo não combinam.

Jesus na Maçonaria

Nesse tópico, Ismail foi bastante evasivo em apontar que não citei fonte alguma que
prove ser Jesus, na compreensão dos maçons, não mais que um mestre da moralidade. Uma
consulta ao verbete “Jesus Cristo” na Enciclopédia de Mackey não revela algo que aponte para a
suprema e absoluta divindade do Salvador da humanidade10. Portanto, o ônus da prova recai
sobre Ismail, a fim de que apresente alguma fonte Maçônica que reconheça a divindade de Jesus
Cristo, tão defendida na Bíblia e parte essencial do verdadeiro cristianismo bíblico (Jo 1:1-3; Cl
2:9; Ap 1:17, etc).

Se houver alguma obra oficial da Maçonaria que ensine ser Jesus Cristo divino, como
apontam as Escrituras, poderemos cogitar a possibilidade de a referida instituição ser um lugar
para cristãos, comprometidos com o evangelho, frequentarem. Do contrário, a advertência de 1
João 5:12, 20 necessita ser levada a sério por Kennyo e outros sinceros maçons que desejarem
aceitar a Cristo como Salvador e Senhor: “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não
tem o Filho de Deus não tem a vida. [...] “Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos

9
Símbolo das trevas morais nas quais eles se encontram, por abandonarem seu estado de pureza original. Cf. 2Pe
2:4.
10
Mackey, Encyclopedia of Freemasonry And its kindred Sciences…, p.p. 1009, 1010. Disponível em:
http://www.themasonictrowel.com/ebooks/freemasonry/eb0091.pdf Acessado em: 14/5/2014

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tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu


Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.”

Destaco que, para João, aceitar a Cristo como filho de Deus é aceitar a divindade dEle.
Isso é inegociável em matéria de doutrina e salvação do crente.

A salvação na Maçonaria

O comentário do referido escritor maçom a respeito desse tópico demonstra que a


Maçonaria não prioriza a doutrina da Salvação como o faz a Bíblia, e que o pecado é
perigosamente relativizado.

Na pág. 6 de sua resposta a mim dirigida, ele afirmou: “Se Maçonaria tratasse de
Salvação, aí sim seria uma religião [...] Cada maçom professa sua religião e deve pautar sua vida
e sua postura perante o que é ou não pecado e as formas de salvação conforme sua religião”.

Em primeiro lugar: como visto nas páginas 2-4 do presente artigo, para Albert Gallatin
Mackey, uma das maiores autoridades maçônicas, a Maçonaria é sim uma religião. Isso
demonstra que, por não tratar da salvação da alma como o faz a Bíblia cristã (veja-se Jo 3:16;
3:36; Rm 6:23), Maçonaria e Cristianismo não podem andar de mãos dadas sem que doutrinas
fundamentais do cristianismo sejam rebaixadas.

Em segundo lugar: a Bíblia possui definições muito claras para “pecado”, e não permite
qualquer tipo de relativização para o mesmo. Alguns exemplos:

 “Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé;
e tudo o que não provém de fé é pecado.” (Rm 14:23).

 “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” (Tg
4:17)

 “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a
transgressão da lei.” (1Jo 3:4).
Se cada pessoa pudesse definir o que é pecado segundo sua religião, isso ocasionaria um
caos de ordem moral sem limites, e a eterna Lei de Deus (cf. Sl 119:152; Êx 20; Dt 5) seria

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adaptada por criaturas falhas e pecadoras como nós. Imagine-se viver numa sociedade onde a leis
de trânsito pudessem ser relativizadas. Imagine então o que seria do Universo se cada um
pudesse definir por si quem ou o quê é Deus, o que é o amor e o que é ou deixa de ser pecado!

Sendo que o pecado é tão grave a ponto de separar as pessoas de Deus (Is 59:2), não
deveria a Maçonaria levar esse assunto mais a sério como o faz a Bíblia, para ajudar aos
participantes da Loja a entenderem não apenas seu papel moral na sociedade, mas sua postura
diante do plano de Salvação estabelecido por Deus através da fé no sacrifício substitutivo de
Jesus Cristo (Jo 3:16; Rm 5:1; 1Pe 1:18-20)?

A ética maçônica

Em resposta à minha afirmação de que na Maçonaria pessoas da alta elite são muito bem
selecionadas para participarem da Loja, Kennyo Ismail destacou que “não há distinção social na
Maçonaria, sendo ela formada por homens de diferentes classes sociais [...]” (p. 6).

Sinceramente, quero acreditar nisso e estou disposto a mudar minha opinião se algum
Maçom me disser que faz parte da Loja sendo uma pessoa sem curso superior ou não possuidora
de alguma influência significativa na sociedade.

Devido a conversas que tive com maçons, percebi que as classes mais simples, mesmo
ajudadas, não tomam parte no alto escalão da Loja. Entretanto, reconheço que isso não significa
muita coisa, e que posso ter me equivocado em minha afirmação feita no programa “Na Mira da
Verdade”. Aguardarei a manifestação de algum participante da Maçonaria que me auxilie a
corrigir essa impressão que tive.

Os juramentos

Se o leitor atentar para o quadro comparativo que disponibilizei no blog (clicando aqui),
bem como à reprise do programa que apresentei na noite de 8/4/2014, não fui contra o juramento
solene, mas contra o teor das palavras usadas nos juramentos Maçons. A citação que
disponibilizei no documento em Pdf mencionado revela que as palavras empregas em tais
juramentos (pelo menos os que são conhecidos) não condizem com o palavreado cristão que
deve ser “árvore de vida” para os que ouvem (Pv 15:4) e “temperado com sal”, para dar sabor
àqueles que nos escutam (Cl 4:6). Transcreverei o juramento, porém, agora, na íntegra:

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“Eu [...] juro e prometo, de minha livre vontade, pela minha honra e pela
minha fé, em presença do Supremo Arquiteto do Universo, que é Deus, e
perante esta assembleia de maçons, solene e sinceramente, nunca revelar
qualquer dos mistérios da maçonaria que me vão ser confiados [...] Se
violar este juramento seja-me arrancada a língua, o pescoço cortado e
meu corpo enterrado nas águas do mar, onde o fluxo e refluxo me
mergulhem em perpétuo esquecimento, sendo declarado sacrílego para
com Deus e desonrado para com os homens. Assim seja”11.

Essa foi a essência de meu questionamento e não o jurar em si. Sou Adventista do Sétimo
Dia e minha crença a respeito de Mateus 5:34-37 é a mesma do Comentário Bíblico Adventista
que afirma: “Jesus não Se refere ao juramento solene judicial, mas aos juramentos comuns entre
os judeus [...] O decálogo não proíbe juramentos, mas perjúrio (Êx 20:7, 16)”12. Creio do mesmo
modo que Ellen G. White ao ela aconselhar: “se existe alguém que possa coerentemente testificar
sob juramento, esse é o cristão”13.

Kennyo Ismail demonstra certo conhecimento a respeito da Maçonaria. Porém, em sua


tentativa de defendê-la, acaba sendo evasivo e levando a discussão para “outro lado”, na maioria
das vezes. Se o leitor comparar a presente resposta com o que ele escreveu, perceberá isso sem
maiores dificuldades.

Símbolos maçônicos

Mais uma vez Ismail foi evasivo ao argumentar: “o símbolo da Nike é cristão? A
bandeira do Brasil é cristã? [...]”. Minha discussão não foi o uso de símbolos distintivos e
informativos por uma instituição, mas a aparência do mal que um símbolo não deve carregar,
segundo o princípio de 1 Tessalonicenses 5:22. O símbolo carrega um conteúdo e ideologia e foi
isso o que destaquei no programa. Kennyo Ismail ainda precisa explicar o porquê de a Maçonaria
ter a Baphomet, o bode de Mendes, deus do Egito, “quase como uma mascote” (p. 8), se o
mesmo não faz parte da simbologia da Loja.
11
Ritual e Instruções do Aprendiz-Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito [São Paulo: Grande Oriente de São Paulo,
1984]. Cf. Aslan, Ritual do Aprendiz Maçom, p. 94-98.
12
Vanderlei Dorneles, ed. (versão em português). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 5 (Tatuí, SP:
Casa Publicadora Brasileira, 2013), p.p. 350, 351.
13
Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008) , p. 67.

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Entretanto, reconheço que a fonte que utilizei para abordar os símbolos maçons, mesmo
publicada por uma editora séria como a Mundo Cristão, não foi adequada. Na ótima obra (não é
excelente pelo erro que mencionarei a seguir, entre outros que há no livro) Maçonaria e Fé
Cristã de J. Scott Horrell, nas páginas 122 e 123, o símbolo da estrela invertina (usada no
Satanismo) e de Baphomet, deus egípcio, são relacionados à maçonaria injustamente. Por isso,
peço desculpas aos irmãos maçons por essa minha falha.

Aqui convém um breve comentário sobre o texto de 1 Tessalonicenses 5:22 que, segundo
Ismail, foi “distorcido” por mim. Diz o texto: “abstende-vos de toda forma de mal”. O contexto
do capítulo revela que, entre as exortações finais de Paulo à igreja de Tessalônica, o apóstolo
pede que os cristãos evitem qualquer coisa que possa dar aparência do mal, e que os atrapalhe,
obviamente, de dar um bom testemunho do evangelho de Jesus Cristo perante a sociedade.
Todavia, Kennyo Ismail argumenta que no programa distorci o texto, sem ao menos citar-nos
uma fonte com alguma interpretação alternativa válida, exegeticamente falando.

Uns poucos comentários especializados serão suficientes para demonstrar que o cristão
deve sim, com base em 1 Tessalonicenses 5:22, evitar qualquer coisa – inclusive símbolos – que
possam ao menos aparentar algo mau.

O An Exegetical Summary comenta que o texto pode ser entendido como ensinando o
leitor a “evitar qualquer coisa que se parece mal aos outros, embora, por si só, possa não ser
mal”14. O The New American Commentary explica que “os vários ‘tipos’ de mal, qualquer que
seja a sua forma particular, são o que o apóstolo advertiu a igreja a evitar”15. Ao comentar o
referido texto, o Holman New Testament Commentary enfatiza que não devemos nem mesmo
“flertar com o mal”16.

Não tive o propósito de fazer uma exegese (interpretação) do texto, mas apresentar
comentários especializados que se harmonizam com minha explicação dada no programa.

14
Richard C. Blight, An Exegetical Summary of 1 & 2 Thessalonians, 2nd ed. (Dallas, TX: SIL International, 2008), p.
169.
15
D. Michael Martin, 1, 2 Thessalonians, vol. 33, The New American Commentary (Nashville: Broadman & Holman
Publishers, 1995), p. 186.
16
Knute Larson, I & II Thessalonians, I & II Timothy, Titus, Philemon, vol. 9, Holman New Testament Commentary
(Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers, 2000), p. 76.

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Mesmo assim, sugiro que Ismail apresente fontes que corroborem a interpretação que vier a dar
para o texto de 1 Tessalonicenses 5:22.

Em resposta à pergunta de Ismail: “por que não criticam a Academia Naval dos Estados
Unidos, que utiliza o bode como mascote?” a resposta é: porque o assunto tratado no programa é
a Maçonaria e não a Academia Naval norte-americana que, ao contrário da Loja, é secular. Não
discuti o uso de tal símbolo pagão por instituições seculares, e sim por uma Instituição que
abriga cristãos que professam comprometimento com todas as doutrinas essenciais do
cristianismo.

CONCLUSÃO

A presente tréplica teve o objetivo de esclarecer algumas das afirmações de Kennyo


Ismail, moderador do blog “No Esquadro” e autor da obra Desmistificando a Maçonaria (São
Paulo: Universo dos Livros, 2012), a respeito do programa temático que apresentei na noite de
8/4/2014.

Demonstrou-se que o referido autor, infelizmente, não compreendeu o propósito principal


do programa, desconsiderando (ou desconhecendo), entre outras coisas, a citação de Albert G.
Mackey, da edição de 1898 de sua Enciclopédia, onde afirma que a Maçonaria é sim uma
religião. Além disso, verifica-se que Ismail é bastante evasivo, desviando a discussão daquilo
que é essencial e do que realmente foi abordado no programa “Na Mira da Verdade”.

Fiquei contente em receber a réplica de Ismail, porém, senti-me um pouco chateado por
ele não se ater aquilo que houve de positivo em nossa abordagem. Procurei desmistificar a
Maçonaria e o caráter de muitos irmãos maçons sinceros que fazem a diferença na sociedade.
Não tomei parte em “teorias da conspiração” e até fui duramente criticado pelos fanáticos por
não ter dito “mais” sobre a Maçonaria.

Mesmo não sendo irmãos na fé, tratei a todos os maçons como irmãos por sermos criados
pelo mesmo Deus. Tive o objetivo de não acusar ninguém ou mesmo questionar a índole dos
participantes da Ordem, que servem de exemplo para muitos religiosos quanto ao envolvimento
em nobres ações sociais.

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Além disso, o propósito principal do programa foi demonstrar de forma resumida que
Bíblia e Maçonaria não se harmonizam, e que a mesma ocupa um lugar secundário na Loja,
mesmo que esta respeite o Livro Sagrado do Cristianismo e do Judaísmo.

Por que Ismail não usou pelo menos uma linha para falar desse aspecto da abordagem
feita no “Na Mira da Verdade”? Por que não refutou todos os textos bíblicos que mencionei no
quadro comparativo, onde demonstrei que Bíblia e Maçonaria são antagônicos em suas
respectivas crenças? O que levou Kennyo Ismail a não refutar, entre outras citações de autores
maçons, aquela de Albert Pike em Morals and Dogma, p. 819, em que ele afirma ser o iniciado
maçom “[...] deliberadamente enganado por interpretações falsas”, com a intensão não de que ele
as entenda, “mas, sim, pense que as compreende”?17 Não estaria Ismail se atendo apenas ao
aspecto negativo das coisas e ignorando aquilo que é difícil para ele explicar satisfatoriamente?

Tendo como base essa citação de Pike, creio que se pode concluir que Kennyo Ismail
também está “deliberadamente enganado por interpretações falsas”, e que precisa considerar
mais seriamente a Bíblia como regra de fé e prática (Jo 17:17). Será importante para seu
crescimento espiritual, bem como de todo irmão maçom, aceitar o plano de salvação conforme
revelado nas Escrituras, sem relativizar algo tão grave como o pecado, que separa a humanidade
de Deus (Is 59:2) e condena-a a morte eterna (Rm 6:23).

Despeço-me da presente tréplica desejando, de todo coração, que o pedido do rei Davi
dirigido ao Criador seja o mesmo de Ismail e de todos os maçons que são de alguma maneira
influenciados (ou não) por aquilo que Kennyo escreve e ensina: “Desvenda os meus olhos, para
que eu contemple as maravilhas da tua lei.” (Sl 119:18).
E que essas sinceras pessoas jamais se esqueçam de que há somente um caminho para o
verdadeiro progresso espiritual que conduzirá à vida eterna; e que esse Deus-homem voltará
Segunda vez para buscar aqueles que O aguardam para a salvação (Hb 9:28):

17
Albert Pike, Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry, p. 819. Disponível em:
http://books.google.com.br/books?id=BT4uAAAAYAAJ&pg=PA814&hl=pt-
BR&source=gbs_toc_r&cad=3#v=onepage&q&f=false Acessado em 15/5/2014. A tradução parcial do primeiro
parágrafo seria mais ou menos como se segue: “Parte dos símbolos são mostrados ali para o Iniciado, mas ele é
intencionalmente enganado por falsas interpretações. Não se pretende que ele deva entendê-los; mas pretende-se
que ele imagine que os entende. Sua verdadeira explicação é reservada para os Adeptos, os Príncipes da
Maçonaria”.

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“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém


vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6).

“E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para
retribuir a cada um segundo as suas obras” (Ap 22:12).

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