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CONSIDERAÇÕES SOBRE O PARAGUAI: HISTÓRIA, POLÍTICA, RELEVO,

DEMOGRAFIA E ECONOMIA
Vanessa Silva de Sá1
Nelson Cesáreo2
Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar algumas considerações sobre o Paraguai, sua
história, política, relevo, demografia e economia. A pesquisa teve como metodologia a
revisão bibliográfica, com dados coletados em livros.

Introdução

O Paraguai (em espanhol Paraguay; em guarani Paraguái), oficialmente República


do Paraguai (República del Paraguay; Tetã Paraguái), é um país do centro da América do
Sul, limitado a norte e oeste pela Bolívia, a nordeste e leste pelo Brasil e a sul e oeste pela
Argentina. Sua capital é a cidade de Assunção. O Paraguai é um dos dois países da
América do Sul que não possuem uma saída para o mar, o segundo sendo a Bolívia. O
nome do país é derivado da palavra guarani paraguái, que significa "de um grande rio". O
"grande rio" é o rio Paraguai, que divide o país em duas regiões, Region Oriental e Region
Occidental (ou Chaco).
O étimo mais aceito, dentre os inúmeros propostos, é o guarani paraguá = "coroa
de palmas" + i ou y = "rio, água", daí paraguay literalmente significa "rio das coroas de
palmas, das palmeiras", em referência aos grandes bosques de palmeiras que há nas
margens do rio. O nome do rio passou a designar toda a região e depois o país, que é
internacionalmente conhecido como Paraguay.
História
Os primeiros colonos espanhóis chegaram ao Paraguai no início do século XVI. A
cidade de Assunção, fundada em 15 de agosto de 1537, logo se tornou o centro de uma
província nas colônias espanholas na América do Sul, conhecida como "Província Gigante
de Indias".
Em 15 de maio de 1811, o Paraguai declarou a sua independência da Espanha,
sem luta nem guerra. O Dr. José Gaspar García Rodríguez de Francia, mais conhecido
como o "Dr. Francia", ou "O Supremo", governou o país até sua morte, ocorrida em 1840.
1
Acadêmica do curso de Geografia, da Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande – MS, 2008.
2
Professor da disciplina de Regionalização do Espaço Mundial, do Curso de Geografia, da Universidade
Católica Dom Bosco, 2008.
Há um mito muito divulgado sobre o Paraguai dessa época, que diz que o Paraguai era uma
potência regional e um país auto-suficiente, com um exército poderoso, procurando buscar
uma saída para o mar. Tal narrativa, segundo alguns historiadores, não passa de mito. O
Paraguai de Francia e Solano López, nada mais era que um país que buscava se fortalecer
militarmente com medo de possíveis tentativas de anexação da Argentina, bem como a
busca de saída para o mar. Outro fato importante é que o Paraguai tinha uma receita de
exportações baseada na madeira e na erva-mate, ao contrário do que se diz por muitos. O
Paraguai naquela época não era industrializado tampouco era uma potência regional.
A Guerra do Paraguai, entre 1865 a 1870, e contra a Tríplice Aliança, composta
pela Argentina, Brasil e Uruguai, apoiados economicamente pelo Reino Unido. Diversos
motivos levaram os países envolvidos ao conflito bélico, que acabou custando muito ao
Paraguai, como a perda do seu exército poderoso frente aos demais países da América do
Sul, como também o mais grave, que foi a morte de dois terços da população do sexo
masculino e a perda de territórios, em grande parte, para o Brasil e a Argentina. A
economia paraguaia ficaria estagnada pelos 50 anos seguintes. Tropas bolivianas invadiram
o Paraguai em 1932, desencadeando a Guerra do Chaco (1932-1935), e culminando com
vitória paraguaia e a anexação do Chaco ao país.
O Paraguai apresenta três regiões geográficas diferenciadas: o Gran Chaco, o
campo e a floresta. O Chaco é uma extensa planície a oeste do país. Compartilhado com
Bolívia e Argentina, caracteriza-se pelo declínio gradual da altitude de noroeste para
sudeste. É coberta de pântanos e as inundações são freqüentes na época de chuvas. O
campo ocupa a região central. É formado por morros e vales de serras férteis. As
formações vegetais típicas são a savana, as matas de galeria e a vegetação de pântano. A
área de floresta localiza-se em uma planície acidentada. É recortada por morros de baixa
altitude — atingem cerca de 700 mm anuais nas cordilheiras de Amambay e Mbaracayú,
ambas na fronteira com o Brasil.
A rede hidrográfica tem grande importância para o país. É formada pelos rios
Paraná e Paraguai, que delimitam a fronteira natural com o Brasil; pelo Pilcomayo, que
nasce na Bolívia e é afluente do Paraguai; e pelos lagos Ypoá, Ypacaraí e Verá. O clima
varia entre o tropical e o subtropical, com temperaturas elevadas e chuvas abundantes
durante boa parte do ano.
O rio Paraguai divide o país homônimo em duas regiões geográficas: a Região
Oriental, na margem esquerda e a Região Ocidental ou Chaco, na margem direita. O relevo
da Região Oriental é uma continuação do Planalto Brasileiro, que aí alcança uma altitude
média de cerca de 500 metros. Ao sul, a leste e a oeste do planalto, destaca a presença de
cadeias de morros ondulados. O terreno torna-se mais baixo e mais plano à medida que se
aproxima, a oeste do rio Paraguai, ao sul e a leste do rio Paraná. A região baixa e pantanosa
que se estende ao longo do rio Paraguai apresenta uma relativa densidade populacional. No
sul do Paraguai, nas proximidades do rio Paraná, as altitudes médias baixam de 60 até 90
metros. Pântanos e florestas verdejantes cobrem essa área.
A vasta e plana região do Chaco estende da margem direita do rio Paraguai. Essa
área, de terras e planícies, coberta por uma vegetação diversificada, corresponde a dois
terços do país. Faz parte da região denominada Gran Chaco, formada ainda pelo sudoeste
do Brasil, o leste da Bolívia e o norte da Argentina. Na região do Chaco, o terreno eleva-se
gradualmente a partir do rio Paraguai, alcançando aproximadamente 300 metros na
fronteira ocidental do país. Cerca de 40% dos paraguaios vivem no Chaco. Aí existem
sérias dificuldades que deixam os automóveis, os caminhões e os ônibus atolarem nas
estradas de terra em dias de chuva e o solo não é tão rico como o solo do Paraguai oriental.
O rio Paraguai, que corre no sentido norte-sul, divide o país em duas partes
bastante distintas. A oeste estende-se o Chaco, uma monótona planície que se eleva
imperceptivelmente das margens do rio até o altiplano boliviano. A enorme planície, que
ocupa também partes do território da Argentina e da Bolívia, compreende quase dois terços
do território paraguaio. A leste do rio Paraguai, o terreno eleva-se suavemente e forma uma
região de colinas que, nos pontos mais altos das montanhas de Amambay e Mbaracayú,
atingem 700m acima do nível do mar. No sudeste, o terreno volta a descer em direção ao
vale do rio Paraná, que em alguns pontos corre pelo planalto de mesmo nome, o que
facilitou a construção de represas e usinas hidrelétricas.
O clima do Paraguai é, em geral, subtropical, menos em alguns trechos da região
do Chaco, com temperatura parecida à do Planalto Central Brasileiro, onde é quente e
úmido. O país é cortado pelo trópico de Capricórnio ao centro, próximo a Concepción. A
posição central e plana do Paraguai, praticamente em barreiras naturais, favorece os
rápidos efeitos dos ventos quentes originários do Equador, e dos ventos frios que vêm da
Argentina, causando variações térmicas acentuadas.
No verão, as temperaturas variam entre 26ºC e 33ºC, e no inverno entre 15ºC e
26ºC. A temperatura média é de 23ºC, enquanto que a máxima absoluta de 41ºC e a
mínima é de 1ºC. A diferença entre a temperatura média do verão e a do inverno é de 6ºC.
Uma das características do clima paraguaio é a alta temperatura sentida no verão,
especialmente na região dos campos e do Chaco, e o frio intenso que ocorre no período do
inverno.
São muito freqüentes e quase sempre abundantes as chuvas no território
paraguaio. O tamanho do país tem influência na quantidade de chuvas, acentuando a
estação seca especialmente na fronteira com Bolívia e Argentina. Pode-se considerar bem
elevado o índice de chuvas no Planalto do Paraná, com 2.000 mm anuais. Na capital,
Assunção cai para 1.300 mm e no Chaco para 800 mm. Os meses de concentração das
chuvas são dezembro, janeiro e fevereiro, caindo durante os meses de inverno.
Três grandes rios convergem para o sul do país: o Pilcomayo, o Paraná e o
Paraguai. Este último nasce no Brasil, atravessa extensas planícies de aluvião e divide o
país em duas partes, oriental e ocidental. Em frente a Assunção, recebe o Pilcomayo, que,
procedente da Bolívia, corre de noroeste a sudeste através do Grande Chaco. Embora
caudaloso, o Pilcomayo é de regime muito irregular e, na estação seca, o fluxo de suas
águas chega a interromper-se em algumas zonas pantanosas. Também o rio Paraguai
registra oscilações de caudal, mas é navegável em todo seu trecho paraguaio. Seus
afluentes da margem ocidental, provindos do Chaco, só correm na estação chuvosa.
Embora mais curtos, os da margem oriental, como o Apa, o Aquidabán, o Ypané, o Jejuí e
o Tebicuary são de regime mais regular.
O território do Paraguai tem três regiões com vegetação característica em função
da diferença na precipitação pluviométrica. Há florestas, o Chaco e campos. As florestas
situam-se na Região Oriental, principalmente nos vales próximos aos grandes rios, onde há
madeiras de lei como o urunday, o cedro, o curupay e o lapacho, entre outras. Os campos
situam-se na parte central do país, onde há grandes fazendas de criação de gado, que se
beneficiam da grande variedade de pastagens naturais, entre as quais muitas gramíneas.
Nessa região de campos há também florestas diversas acompanhando as margens dos rios.
Já a região do Chaco é formada por gramíneas e florestas próximas ao rio
Paraguai. O quebracho é uma árvore característica da região, de onde se extrai o tanino, de
grande valor comercial e vendido especialmente para os mercados estadunidense e
britânico. Na regiões mais secas do Chaco há arbustos e cactos gigantes. Em função do
clima, tipo de solo e vegetação, o Chaco é considerado uma região inóspita e ocupa cerca
de 60% do território do país.
Os campos, que ocupam cerca de 20% da superfície do Paraguai, foram ocupados
em primeiro lugar. No entanto, nas últimas décadas as florestas também passaram a ser
ocupadas pelos fazendeiros, que implantaram ali extensas plantações de soja, que é
exportada, em sua maior parte, através do porto brasileiro de Paranaguá. Milhares de
colonos brasileiros se estabeleceram no Paraguai, especialmente nas fronteiras, como
donos de fazendas ou trabalhadores rurais.
A economia paraguaia baseia-se em produtos agropecuários e florestais, que
representam 75% das exportações. Entre os recursos agrícolas destacam-se a cana-de-
açúcar, o algodão, a soja e o tabaco. O país também produz cereais, milho, erva-mate e
mandioca, base tradicional da alimentação dos habitantes. A pecuária é muito
desenvolvida. Em ordem de importância, conta com a criação de bovinos, suínos e ovinos.
As principais espécies de madeiras florestais de exportação são o quebracho, o mogno, a
nogueira e o cedro.
O Paraguai possui indústrias de erva-mate, cervejeira, alimentícia, de tabaco, de
rum e álcool, de preparação de carnes e couros e ligada à exportação de tanino óleo de
soja, de parket e lâminas de madeiras. Seus complexos hidrelétricos, como a Usina
Hidrelétrica de Itaipu (co-financiada com o Brasil), fornecem um índice de cobertura
energética de 175,2% — bem acima do consumo interno, porém tem também a Usina del
Acaray em Hernandarias e a Usina de Yacyreta que está sendo construída em parceria com
a Argentina. Os cursos fluviais dos rios Paraná e Paraguai funcionam como vias de
comunicação. Dos países vizinhos importa principalmente maquinaria, materiais de
construção e produtos têxteis e químicos.
A maioria da população paraguaia é integrada por índios guaranis e espanhóis. No
final do século XX, o número de habitantes aumentou a uma taxa de 2,6% ao ano. Com o
ritmo acelerado de crescimento, a população deve duplicar em um período de 21 anos. A
densidade populacional é considerada baixa (14,1 hab./km²). Existem grandes contrastes de
ocupação entre as distintas partes do país: o Chaco é a região mais despovoada. As
planícies próximas ao rio Paraná têm densidade moderada.
A porcentagem da população urbana é de 56,7%. Os habitantes concentram-se nas
principais cidades do país, como Assunção, Ciudad del Este, San Lorenzo e Fernando de
La Mora. A taxa de natalidade é elevada — cada mulher tem em média 3,8 filhos. A taxa
de mortalidade infantil é moderada e gira em torno de 26 por mil. A expectativa de vida é
de 68,5 anos para homens e de 73 anos para mulheres. O guarani é a língua falada por parte
significativa da população e, junto com o castelhano, são os idiomas oficiais. O dialeto
falado no país é o espanhol rioplatense. Há também dezenas de milhares de falantes
puramente indígenas de dialetos guaranis no Paraguai.
A constituição atual, promulgada em 1992, admite a livre prática de qualquer tipo
de religião ou crença. O censo demográfico realizado em 2002 revelou a seguinte estrutura
religiosa do país: Igreja Católica Romana — 89,6% Protestantismo — 6,2% Outras
afiliações cristãs — 1,1% Outras religiões — 1,9% Não-religiosos — 1,1%
Duas universidades encarregam-se da educação superior: a Nacional de Assunção,
fundada em 1890, e a Católica, em 1960. A maioria dos católicos professa o catolicismo,
mas outros cultos são tolerados. As principais instituições culturais do país estão na capital:
a Academia Nacional de Belas-Artes, o Conservatório Nacional de Música, a Orquestra
Sinfônica de Assunção, a Biblioteca Nacional e o Museu de História Nacional e
Etnografia. São famosas as qualidades melódicas da música popular paraguaia, que em vez
da influência africana manteve traços da cultura guarani, particularmente as guarânias,
acompanhas por violão e de ritmo dolente.

Considerações Finais
Desde 1989, quando o regime militar de mais de 35 anos de Alfredo Stroessner
teve fim, o Paraguai tem sido governado por presidentes eleitos democraticamente. Os
maiores desafios do Paraguai desde então têm sido a crescente instabilidade política e a
corrupção em alta.
O Paraguai é uma república presidencialista, onde o presidente é, ao mesmo
tempo, chefe de Estado e de governo. A constituição promulgada em 20 de agosto de 1992
estabelece que o país é uma república baseada na democracia e na divisão dos poderes. O
chefe de estado e de governo é o atual presidente Fernando Lugo, tendo como vice-
presidente, Francisco Oviedo.
Administrativamente, o país divide-se em 17 departamentos e uma capital. Cada
departamento é administrado por um governador. A unidade de governo local é o
município, governado pela junta municipal e pelo prefeito.

Referências
ENCICLOPÉDIA BARSA. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações,
1994. v. 12, p. 74-76.
ENCICLOPÉDIA DELTA UNIVERSAL. Rio de Janeiro: Delta, 1986. v. 11, p. 6062-6063.
NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA: Macropédia. São Paulo: Encyclopædia Britannica do
Brasil Publicações, 1998. v. 11, p. 113-118.

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