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DESENVOLVIMENTOS E PESQUISAS NA TERCEIRA GERAÇÃO DE CÉLULAS

FOTOVOLTAICAS

Louise Cristine de Oliveira Sobrinho

Projeto de Graduação apresentado ao curso de


Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção de grau de
Engenheiro Eletricista.

Orientador: Jorge Luiz do Nascimento, Dr.Eng.

Rio de Janeiro
Julho de 2016
DESENVOLVIMENTOS E PESQUISAS NA TERCEIRA GERAÇÃO DE CÉLULAS
FOTOVOLTAICAS

Louise Cristine de Oliveira Sobrinho

PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE


ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO
ELETRICISTA.

Aprovado por:

_____________________________________
Prof. Jorge Luiz do Nascimento, Dr.Eng.
(Orientador)

_____________________________________
Prof. José Carlos de Oliveira, D.Sc.

_____________________________________
Prof. Júlio César de Carvalho Ferreira, M.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


Julho de 2016

ii
Sobrinho, Louise Cristine de Oliveira
Desenvolvimentos e Pesquisas na Terceira Geração de
Células Fotovoltaicas – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola
Politécnica, 2016.
VIII, 67 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Jorge Luiz do Nascimento.
Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/ Curso
de Engenharia Elétrica, 2016.
Referências Bibliográficas: p. 58-63.
1. Células solares 2. Novos materiais 3. Terceira geração
I. Nascimento, Jorge Luiz do. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Elétrica. III. Título.

iii
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

DESENVOLVIMENTOS E PESQUISAS NA TERCEIRA GERAÇÃO DE CÉLULAS


FOTOVOLTAICAS

Louise Cristine de Oliveira Sobrinho

Julho/2016

Orientador: Jorge Luiz do Nascimento, Dr.Eng.

Curso: Engenharia Elétrica

A vida moderna nos seus vários segmentos, tais como, atividades


desenvolvimentistas voltadas aos setores administrativos, técnicos, tecnológicos e
sociais, necessita para a sua normalidade contínua e progressiva, a dependência direta
da energia elétrica, segura e confiável, qualitativa e quantitativamente.
Este trabalho tem como objetivo a divulgação das tecnologias existentes para
células solares fotovoltaicas, tanto para as que já possuem ampla comercialização,
primeira e segunda geração, como para as que ainda estão em caráter de pesquisa e
desenvolvimento, terceira geração.

Palavras chave: células fotovoltaicas, terceira geração, novos materiais

iv
Dedico este trabalho aos meus avós e à minha mãe que sempre me apoiaram e
incentivaram a seguir em frente nos momentos mais difíceis.

v
AGRADECIMENTOS

SEMPRE EM PRIMEIRO LUGAR, AGRADEÇO À MINHA MÃE CLÁUDIA, POR

TODO O APOIO E CARINHO.

AOS MEUS AVÓS, MENDES E ANILDA, PELA AJUDA E CONSELHOS .

À MINHA TIA FLÁVIA, SEMPRE PROTETORA , E À MINHA PRIMA MARIANA


QUE É A ALEGRIA DA FAMÍLIA.

vi
SUMÁRIO

SUMÁRIO DE FIGURAS .............................................................................................. ix

SUMÁRIO DE TABELAS ............................................................................................. xi

LISTA DE ABREVIAÇÕES.........................................................................................xii
1 Introdução ................................................................................................................. 1

1.1 Descrição do Problema ...................................................................................... 1

1.2 Situação da energia fotovoltaica no Brasil......................................................... 2

1.3 Objetivos ............................................................................................................ 5

1.4 Estrutura do documento ..................................................................................... 5

2 Parte Teórica ............................................................................................................. 6

2.1 Materiais isolantes, condutores e semicondutores ............................................. 6

2.2 Distribuição espectral da radiação solar ............................................................ 6

2.3 Estrutura de bandas ............................................................................................ 8

2.4 O limite de Shockley-Queisser .......................................................................... 9

2.5 Características elétricas das células solares ..................................................... 10

3 Células solares de primeira e segunda geração ...................................................... 13

3.1 Células solares ................................................................................................. 13

3.1.1 Princípio de funcionamento ..................................................................... 14

3.2 Células solares de primeira geração ............................................................... 155

3.3 Células solares de segunda geração ............................................................... 177

3.3.1 Silício amorfo ......................................................................................... 188

3.3.2 Disseleneto de cobre e índio (CIS) ........................................................... 21

3.3.3 Telureto de cádmio (CdTe) ....................................................................... 24

4 Nova geração de células fotovoltaicas ................................................................... 28

4.1 Células orgânicas ............................................................................................. 29

4.1.1 Estrutura ................................................................................................... 30

vii
4.1.2 Desenvolvimento e pesquisa ..................................................................... 32

4.2 Células sensibilizadas a corantes ..................................................................... 37

4.2.1 Estrutura ................................................................................................... 38

4.2.2 Desenvolvimento e pesquisa ..................................................................... 40

4.3 Células solares de pontos quânticos................................................................. 48

4.3.1 Estrutura e princípio de funcionamento ................................................... 49

4.3.2 Desenvolvimento e pesquisa ..................................................................... 50

5 Principais resultados obtidos....................................................................................53


5.1 Das características de funcionamento .............................................................. 53

5.2 Representatividade na geração ......................................................................... 55

5.3 Aplicações ........................................................................................................ 56

5.4 Perspectiva de custo ......................................................................................... 56

5.5 Perspectiva de obsoletismo .............................................................................. 58

6 Conclusão ............................................................................................................... 59

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 61

viii
SUMÁRIO DE FIGURAS

Figura 1 - Irradiação anual média no Brasil ..................................................................... 2


Figura 2 - Irradiação anual média na Europa ................................................................... 3
Figura 3 - Índice de geração de empregos para diversas tecnologias ............................... 3
Figura 4 - Mapa do emprego e da aceleração ................................................................... 4
Figura 5 - O espectro solar ............................................................................................... 7
Figura 6 - Comprimentos de onda .................................................................................... 7
Figura 7 - Estrutura eletrônica de um material semicondutor .......................................... 8
Figura 8 - Eficiências das tecnologias fotovoltaicas e o limite teórico SQ ...................... 9
Figura 9 - Característica da curva I-V de uma célula fotovoltaica. .................................11
Figura 10 - Declínio do preço das células solares fotovoltaicas nas últimas 4 décadas. 14
Figura 11 - Esquemático de funcionamento das células fotovoltaicas ........................... 14
Figura 12 - Célula de silício monocristalino e policristalino.......................................... 16
Figura 13 - Estrutura das células solares de primeira geração ....................................... 17
Figura 14 - Célula solar de a-Si ...................................................................................... 19
Figura 15 - Área de instalação de painéis de a-Si........................................................... 19
Figura 16 - Área de instalação de painéis de .................................................................. 19
Figura 17 - Aplicação da tecnologia CIS no telhado de uma igreja ............................... 21
Figura 18 - Estrutura mais simples das células de CIS .................................................. 22
Figura 19 - Estrutura mais elaborada das células de CIS ............................................... 23
Figura 20 - Emissões de metais pesados devido ao uso de eletricidade ......................... 24
Figura 21 - Emissões atmosféricas de Cd para sistemas fotovoltaicos .......................... 25
Figura 22 - Topaz Solar Farm, com capacidade instalada de 550 MW.......................... 25
Figura 23 - Estrutura típica das células de telureto de cádmio ....................................... 26
Figura 24 - Eficiências das gerações .............................................................................. 29
Figura 25 - Célula orgânica fotovoltaica ........................................................................ 29
Figura 26 - Estrutura típica de uma célula fotovoltaica orgânica impressa.................... 31
Figura 27 - Célula solar sensibilizada a corante ............................................................. 38
Figura 28- Estrutura de uma célula solar sensibilizada a corante ................................... 39
Figura 29 - Princípio de funcionamento das DSSC ........................................................ 40

ix
Figura 30 - Esquemático de uma QDSSC ...................................................................... 49
Figura 31 – Processo de transferência de elétrons nas QDSSCs ................................... 50
Figura 32 - Avanço no nível de eficiência das células solares sensibilizadas a corante 54
Figura 33 - Geração de energia por tecnologia............................................................... 55
Figura 34 - Redução do preço dos sistemas fotovoltaicos.............................................. 57
Figura 35 - Relação entre a espessura da lâmina da célula solar e a quantidade de silício
utilizada .......................................................................................................................... 58

x
SUMÁRIO DE TABELAS

Tabela 1 - Eficiências alcanças pelas empresas no ramo fotovoltaico ........................... 21


Tabela 2 - Eficiências alcançadas com diferentes substratos ......................................... 23
Tabela 3 - Parâmetros de desempenho de células orgânicas fotovoltaicas de grafeno
dopadas com AuCl3 como material do eletrodo ............................................................. 34
Tabela 4 - Derivados de fulereno e os melhores alcances na eficiência ......................... 35
Tabela 5 - Parâmetros fotovoltaicos de dispositivos utilizando grafeno como aceptor . 36
Tabela 6 - Parâmetros fotovoltaicos de dispositivos utilizando óxido de grafeno ......... 36
Tabela 7 - Complexo de rutênio mais comuns e suas respectivas eficiências ................ 42
Tabela 8 - Novos corantes sintetizados e suas respectivas eficiências ........................... 43
Tabela 9 - Corantes baseados em porfirina e suas eficiências ........................................ 44
Tabela 10 - Melhores índices de eficiência obtidos através de alterações na molécula de
porfirina .......................................................................................................................... 45
Tabela 11 - Corantes naturais e parâmetro elétricos correspondentes............................ 45
Tabela 12 - Ideias propostas para melhora no desempenho do CE e resultados obtidos
........................................................................................................................................ 47
Tabela 13 - Estudos de novos eletrólitos e os respectivos resultados obtidos ............... 47
Tabela 14 - QDSSCs com diferentes tamanhos de PQs ................................................. 51
Tabela 15 – Desenvolvimento das tecnologias fotovoltaicas típicas e orgânicas .......... 58

xi
LISTA DE ABREVIAÇÕES

a-Si:H – Silício amorfo hidrogenado

TCO – filme transparente condutor

CIS – Disseleneto de cobre e índio

CIGS – Disseleneto de cobre índio e gálio

CdS – Sulfeto de cádmio

ITO – Óxido de índio e estanho

CNT – Nanotubo de carbono

OPV – Células orgânicas fotovoltaicas

TiO2 – Dióxido de titânio

DSSC – Células solares sensibilizadas a corante

GNP – Nanopartículas de grafeno

MWCNT – Multi-wall carbono nanotubes

CE – Contra-eletrodo

Pt – Platina

PQ – Ponto quântico

xii
QDSSC – Células solares a pontos quânticos

CdSe – Seleneto de cádmio

xiii
1 Introdução

1.1 Descrição do Problema

Das energias renováveis disponíveis, o Sol apresenta-se como a fonte de energia


mais abundante. Segundo o Plano Energético da EPE, Empresa de Pesquisa Energética,
essa fonte de energia seria o suficiente para atender 10.000 vezes o consumo de energia
do mundo. Suas aplicações são muito promissoras, podendo ser empregadas tanto em
sistemas térmicos como fotovoltaicos.
Os sistemas fotovoltaicos possuem elevados níveis de rendimento por hectare e
uma boa eficiência termodinâmica, motivos pelos quais a energia solar fotovoltaica
ocupa um lugar promissor como alternativa para os métodos de obtenção de energia
elétrica atuais. Os sistemas fotovoltaicos também possuem a vantagem de serem
modulares, silenciosos e de baixo custo operacional e de manutenção [1].
Apesar de todos os seus aspectos positivos, sistemas fotovoltaicos ainda possuem
um custo elevado em comparação aos combustíveis fósseis, o que não os tornam
atraente. Além do que o título de fonte de energia limpa não leva em consideração o seu
processo de fabricação, cujo processo ainda gera uma grande quantidade de poluentes
tóxicos, como o cádmio e o arsênio [2].
À vista disso, inúmeros estudos com o objetivo de reduzir custo na produção de
células solares têm sido realizados, concentrando-se principalmente na eficiência das
células solares individuais e na redução do custo de fabricação, ao mesmo tempo
visando à utilização de materiais mais abundantes e de menor toxicidade. Com essas
propostas, nasce uma nova geração de células solares que engloba tecnologias
orgânicas, de pontos quânticos, células do tipo multijunção, células de portadores
quentes, células solares sensibilizadas por corantes e tecnologias do tipo upconversion.

1
1.2 Situação da energia fotovoltaica no Brasil

No Brasil, a matriz energética é predominantemente hidráulica, que é considerada


uma fonte de energia limpa e renovável. Entretanto, grandes impactos ambientais são
observados na sua construção, uma vez que necessitam de grandes áreas para o
alagamento.
Como solução para esses problemas, investimentos na área de energias renováveis
têm sido impulsionados. A utilização da energia solar é, depois da eólica, a área a
receber mais investimentos, visto que o potencial brasileiro para o aproveitamento desse
tipo de energia é bem extenso. Como caráter demonstrativo desse potencial, na Figura 1
e na Figura 2 são apresentados os mapas de irradiação solar em média anual do Brasil e
da Europa, nota-se que o potencial do Brasil é maior, apesar da maior representatividade
dessa fonte de energia na Europa.

Figura 1 - Irradiação anual média no Brasil – Fonte: SolarGIS

2
Figura 2 - Irradiação anual média na Europa – Fonte: European Comunities, 2006

A utilização da energia solar traz benefícios de caráter social, pois viabiliza o


desenvolvimento de áreas remotas, gera empregos, além de regular oferta durante o
período de baixas na hidráulica e diminuindo a dependência do mercado de petróleo [3].
Na Figura 3 pode ser visto o índice de geração de empregos por MW para cada tipo de
tecnologia.

Figura 3 - Índice de geração de empregos para diversas tecnologias [4] – Fonte: Abinee

3
É importante ressaltar que regiões com maiores potencial de geração solar são
coincidentemente regiões com elevada carência de empregos, conforme mostrado na
Figura 4. Através da capacitação dessa mão de obra, além de todas as vantagens
proporcionadas pela energia fotovoltaica, a criação de empregos diretos e indiretos
provocaria uma aceleração da renda nas regiões [4].

Figura 4 - Mapa do emprego e da aceleração [4] – Fonte: Abinee

Em agosto de 2011, a ANEEL tornou pública a chamada Nº.013/2011, onde


projetos de pesquisa e desenvolvimento voltados para a geração fotovoltaica, foram
incluídos na lista de temas estratégicos. Os objetivos principais eram facilitar a inserção
da geração fotovoltaica; viabilizar economicamente a produção, instalação e o
monitoramento; além de estimular a redução de custos, entre outros [5].
Apesar desse notável interesse pelo desenvolvimento da energia fotovoltaica no
país, a Abinee, Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, considera que o
ritmo da demanda nacional permanecerá lento por vários motivos, dentre eles: o elevado
custo de geração, receio das distribuidoras de perder o mercado, falta de políticas
específicas de financiamentos e de comercialização e pouco conhecimento por parte dos
consumidores sobre os benefícios da geração fotovoltaica.

4
1.3 Objetivos

Este estudo tem como objetivo uma revisão bibliográfica do estado da arte das
primeiras gerações de células solares fotovoltaicas, além de reunir as pesquisas mais
recentes voltadas para a terceira geração na área de materiais, catalogando os resultados
obtidos quanto aos parâmetros elétricos desses dispositivos e relatando detalhadamente
como se deram esses avanços.

1.4 Estrutura do documento

No Capítulo 1 faz-se uma breve introdução sobre o tema abordado, incluindo uma
abordagem sobre o cenário do Brasil nas pesquisas fotovoltaicas.
No Capítulo 2 são apresentados os aspectos teóricos, com o objetivo de esclarecer
aspectos básicos dos termos que serão retratados no presente trabalho.
No Capítulo 3 é feita uma revisão bibliográfica das principais tecnologias de
células fotovoltaicas já em ampla aplicação no mercado.
No Capítulo 4 é apresentada a terceira geração das células fotovoltaicas, através
das três principais células representativas, mostrando suas características gerais e as
principais pesquisas direcionadas a elas, que se deram principalmente na área de
materiais.
No Capítulo 5 é feita uma análise dos resultados das novas tecnologias, abordando
as principais características de funcionamento vistas ao longo do trabalho, além de
tópicos sobre perspectiva de custo, perspectiva de obsoletismo e aplicações.
No Capítulo 6 é feita a conclusão e as recomendações de trabalhos futuros.

5
2 Parte Teórica

2.1 Materiais isolantes, condutores e semicondutores

Ao ser aplicada uma diferença de potencial elétrico entre dois corpos metálicos,
e quando há entre eles um meio de comunicação através de um terceiro corpo, também
metálico, ocorre um deslocamento de cargas elétricas entre esses dois corpos através do
terceiro. Determina-se como material condutor aquele corpo que permitiu a circulação
da corrente. Todos os metais são condutores.
Os materiais isolantes, por sua vez, atuam de forma contrária impedindo a
passagem de corrente elétrica. Como exemplo de isolantes, podem ser citados: o
quartzo, mica, resina, óleos, ar, entre outros.
A terceira classe de materiais é determinada semicondutores, e possuem como
característica a variação de sua condutibilidade elétrica de acordo com a influência de
causas diversas, como a temperatura e a luminosidade. Podem ser citados o germânio,
silício, carbono, selênio e o telúrio como exemplos de semicondutores.

2.2 Distribuição espectral da radiação solar

A radiação solar é recebida na superfície da Terra em sua grande parte (43%) na


região visível da radiação eletromagnética, possuindo parcelas ultravioleta e
infravermelha, como pode ser visto na Figura 5.

6
Figura 5 - O espectro solar [6] – Fonte: ArtProtect

Para que um elétron de um material semicondutor possa sair da sua camada de


valência, é necessária uma determinada absorção de energia, levando-o a atingir um
nível mais alto de energia de condução. Essa quantidade de energia é chamada de
energia de banda de zona proibida (band gap).
Dessa forma, fótons com menos energia que o band gap passarão direto pela
célula solar, como por exemplo, as ondas de rádio que não possuem energia suficiente e
logo não desempenharam papel na conversão fóton-elétron.
Na Figura 6 os tons de mostarda indicam fótons que podem ser absorvidos e,
portanto geram eletricidade em células solares. Os comprimentos de onda em vermelho
não possuem energia suficiente para geração de energia e as amarelas possuem muita
energia.

Figura 6 - Comprimentos de onda [7]

7
2.3 Estrutura de bandas

Assim como todo material sólido, materiais semicondutores possuem uma banda
de estrutura eletrônica determinada pelas propriedades cristalinas do material. Na Figura
7 pode ser vista essa estrutura para um material semicondutor.

Figura 7 - Estrutura eletrônica de um material semicondutor

A energia de banda de zona proibida, ou do inglês band gap, encontra-se entre


duas bandas permitidas chamadas de banda de valência e banda de condução. A banda
de valência, situada imediatamente antes do band gap, está geralmente ocupada por
inteiro, o que impede a locomoção dos elétrons que não podem fluir como corrente
elétrica. A banda de condução, por sua vez, na maioria das situações está vazia.
Entretanto, se um elétron da banda de valência adquirir energia suficiente para
alcançar a banda de condução, esse pode fluir livremente. Além disso, esse elétron deixa
para trás o que é definido como buraco, que por sua vez também pode fluir como
corrente da mesma forma que uma partícula carregada.
A geração de carga descreve o processo no qual os elétrons ganham energia e
movimentam-se da banda de valência à banda de condução, produzindo duas cargas
móveis (elétrons e buracos). O processo de recombinação é aquele em que a banda de
condução perde energia, reocupando o estado de energia do buraco na banda de
valência.

8
2.4 O limite de Shockley-Queisser

A máxima eficiência de conversão luz-eletricidade de uma célula solar


monojunção para determinado espectro de iluminação é conhecido como o limite de
eficiência de Shockley-Queisser [8]. Esse limite foi primeiramente calculado em 1961 e
indicou uma eficiência de 30%, tendo o mais moderno, por sua vez, registrado uma
máxima eficiência de 33% para qualquer tipo de célula solar monojunção. As
eficiências atingidas de acordo com a tecnologia utilizada podem ser vistas na Figura 8
que as relacionam com o Limite SQ.

Figura 8 - Eficiências das tecnologias fotovoltaicas e o limite teórico SQ [7] – Fonte: DOE, Lewis group
at Caltech

Existem várias suposições associadas ao limite teórico SQ e que restringem a


aplicabilidade de todos os tipos de células solares. Essas suposições são:
 Um material semicondutor, sem levar em consideração materiais dopados,
por célula solar.
 Uma junção p-n por célula solar.
 A radiação solar não é concentrada.
 Toda energia que é convertida em calor por fótons possuem energia maior
que a energia de banda de zona proibida.

9
Os 67% da energia perdida são em sua grande parte perdidas em forma de calor,
porém há perdas devido ao não aproveitamento de todo o espectro solar e também pela
recombinação de pares elétron-buracos.
Existem estratégias com o objetivo de aumentar o limite SQ, que são:
 Usar mais de um material semicondutor por célula.
 Usar mais de uma junção por célula, chamadas de células tandem.
 Aumentar a concentração das células solares através de lentes.
 Associar a célula fotovoltaica com uma tecnologia de aquecimento para
captar as duas formas de energia. Utilizar pontos quânticos para absorver
os excessos das energias dos fótons em eletricidade.

2.5 Características elétricas das células solares

2.5.1 Curva I-V

Define-se como corrente elétrica de uma célula fotovoltaica a soma das correntes
de uma junção pn no escuro com a corrente gerada pelos fótons absorvidos da radiação
solar. A equação relacionando a corrente com a tensão é definida pela seguinte equação:

( )

Onde:
IL – corrente fotogerada (A);
I0 – corrente de saturação reversa do diodo (A);
n – fator de idealidade do diodo;
q – carga do elétron;
k – constante de Boltzmann;
T – temperatura absoluta

A curva típica de uma célula fotovoltaica pode ser vista na Figura 9.

10
Figura 9 - Característica da curva I-V de uma célula fotovoltaica [13] – (Imagem cedida pelo autor).

2.5.2 Tensão de circuito aberto (VOC)

É definida como a tensão entre os terminais de uma célula fotovoltaica quando


não há corrente elétrica circulando e é a máxima tensão que pode ser produzida pela
célula.

2.5.3 Corrente de curto circuito (ISC)

É a máxima corrente obtida na célula fotovoltaica e é medida quando a tensão


elétrica em seus terminais é igual à zero. Seu valor depende de fatores como área da
célula fotovoltaica, irradiância solar, distribuição espectral, propriedades ópticas e da
probabilidade de coleta dos pares elétron-buraco formados.

2.5.4 Fator de forma (FF)

É a razão entre a máxima potência da célula e o produto da corrente de curto


circuito com a tensão de circuito aberto. É definida de acordo com a equação abaixo:

11
2.5.5 Eficiência (ᶯ)

É o parâmetro que define o quanto de energia solar foi convertido em energia


elétrica. Dessa forma, representa a relação entre a potência elétrica produzida pela
célula fotovoltaica e a potência da energia solar incidente:

Onde:

A – área da célula
G – irradiância solar incidente

12
3 Células solares de primeira e segunda

geração

3.1 Células solares

A célula fotovoltaica é o dispositivo responsável pela conversão da energia do sol


em energia elétrica, definido como efeito fotoelétrico.
Esse princípio de funcionamento foi observado pela primeira vez em 1839 pelo
físico francês Becquerel, que observou que a partir da iluminação de uma solução ácida,
surgia uma diferença de potencial entre os eletrodos imersos nessa solução. A partir
dessa descoberta, vários estudos no ramo foram consolidados, levando ao aparecimento
das primeiras células solares em 1883, cuja composição principal era selênio. Nos anos
1950, através do avanço nos setores de semicondutores, células fotovoltaicas fabricadas
a partir do silício cristalino conseguiram atingir uma eficiência de 6%.
Desde então diversas tecnologias de fabricação foram desenvolvidas e atualmente
o mercado mundial é dominado pelas células fotovoltaicas fabricadas a partir de lâminas
de silício cristalino, cuja marca de eficiência atingiu 25% no final da década de 90.
Aliada ao avanço da tecnologia, um aumento constante da capacidade produtiva
mundial das células fotovoltaicas pôde ser atingido devido aos incentivos fiscais e ao
aumento na demanda, resultando na queda de preço desses dispositivos. Na Figura 10,
pode ser visto o declínio do preço das células fotovoltaicas nas últimas 4 décadas.

13
Figura 10 - Declínio do preço das células solares fotovoltaicas nas últimas 4 décadas [10] – Fonte:
Portal Solar

3.1.1 Princípio de funcionamento

As células solares podem ser entendidas como dispositivos com uma junção p-n,
que ao receberem emissão de luz produzem uma corrente elétrica. Um esquema simples
pode ser visto na Figura 11.

Figura 11 - Esquemático de funcionamento das células fotovoltaicas

14
Uma propriedade fundamental para as células fotovoltaicas é a possibilidade de
fótons na faixa do visível e com energia suficiente, excitar os elétrons à banda de
condução. Esse efeito, observado em semicondutores, necessita também de uma
estrutura apropriada, nas quais possa ser gerada corrente útil.
As células solares são um diodo feito de um material semicondutor que tem a
característica de conseguir absorver luz e convertê-la em pares elétron-buraco que são
separados pelo campo elétrico presente na junção. Se o comprimento de difusão dos
elétrons no material tipo-p, ou seja, dos portadores minoritários, for suficiente para fazê-
los chegar aos contatos elétricos presentes nas superfícies da célula antes de haver
recombinação, será gerada uma corrente de saída [11].

3.2 Células solares de primeira geração

A primeira geração tem como principal material o silício, podendo ser divida em
duas cadeias produtivas: silício monocristalino (m-Si) e silício policristalino (p-Si). São
os tipos de tecnologias mais utilizados, representando cerca de 85% do mercado devido
as maiores eficiências que podem ser atingidas (atingem uma performance típica de 15-
20%), além disso, os seus benefícios residem no seu bom desempenho e estabilidade.
Entretanto, esses tipos de células são rígidos e necessitam de uma grande quantidade de
energia durante a sua fabricação.
No silício monocristalino, a estrutura molecular é uniforme uma vez que a
estrutura é toda composta do mesmo material. Esse tipo de uniformidade é ideal para o
transporte eficiente dos elétrons pelo material. Porém, para que a célula seja eficiente, é
necessário que o silício passe por um processo de dopagem a fim de criar camadas dos
tipos p e n [9].
O silício de grau eletrônico dopado com boro atinge níveis de pureza de 99,999%
após passar por um processo de purificação, que apesar de ser caro, é crucial para o
desempenho da célula, visto que as impurezas do silício possuem papel relevante na
eficiência da célula solar.

15
O silício policristalino, por sua vez, utiliza processos de fabricação mais simples
e baratos do que as técnicas de fabricação do silício monocristalino. Entretanto, a
qualidade do material é mais baixa uma vez que o nível de impureza é maior. A
diferença visual entre os dois tipos de tecnologia pode ser vista na Figura 12.

Figura 12 - Célula de silício monocristalino e policristalino [61]- www.solar-energia.net

A estrutura dessas células pode ser vista na Figura 13, na qual podem ser
identificados os seguintes elementos [12]:
 A camada de silício, que pode ser do tipo monocristalino ou policristalino,
com junções do tipo p-n na superfície.
 Contato frontal e traseiro, sendo que o primeiro deve possuir um formato
que aperfeiçoe a incidência de luz solar na célula.
 Camada antirreflexo, que reveste a superfície frontal aumentando a
absorção de luz que atinge a junção p-n. Dióxido de titânio (TiO2) e nitreto
de silício são os mais utilizados com esse intuito.

16
Figura 13 - Estrutura das células solares de primeira geração [12] – Imagem cedida pelo autor

As eficiências de conversão desses tipos de célula estão entre 12-15% para o m-


Si, e 11-14% para o p-Si. Sendo os recordes de eficiência em laboratório para o
primeiro de 24,7% enquanto o segundo de 20,3%.

3.3 Células solares de segunda geração

As células solares de segunda geração, também definidas como filmes finos,


podem ser divididas em três cadeias produtivas: silício amorfo (a-Si), disseleneto de
cobre e índio (CIS), índio e gálio (CIGS) e telureto de cádmio (CdTe) [13].
Essa geração está sendo rapidamente difundida e representa aproximadamente
12% das instalações solares no mundo [14].
Uma vez que possuem como característica uma ótima absorção da radiação
solar, suas estruturas podem possuir espessura fina, em torno de 1 µm, logo a
quantidade de semicondutor utilizado é menor, tornando assim esse tipo de célula mais
barata que a de silício. Além do que sua produção é realizada a baixas temperaturas,
contribuindo assim em um menor consumo de energia elétrica. Outro fator importante é

17
que sendo o substrato flexível, a aplicabilidade desse tipo de célula em projetos
arquitetônicos passa a ser visado.
O processo de produção, entretanto, contribui para a poluição do meio ambiente.
Esse fato aliado à baixa disponibilidade da matéria prima, ao baixo rendimento e à curta
vida útil, fazem com que esse tipo de célula não seja atrativa comercialmente [14].

3.3.1 Silício amorfo

3.3.1.1 Visão geral

Apesar de o silício amorfo (a-Si:H) ser o primeiro material a ser aplicado na


tecnologia de filmes finos, sua posição de liderança no mercado foi substituída pelo
CdTe e disseleneto de cobre, índio e gálio (CIGS) [15]. Entretanto, o a-Si:H continua
sendo uma ótima opção para células fotovoltaicas de filmes finos, uma vez que é objeto
de estudo de diversas pesquisas, onde métodos mais simples e baratos de depósitos têm
sido desenvolvidos. Além do mais, silício é um material não tóxico e que possui uma
grande disponibilidade, permitindo que aplicações em grande escala sejam possíveis.
O processo de produção do silício amorfo ocorre a baixas temperaturas,
tornando possível a utilização de substratos de baixo custo, garantindo dessa forma a
obtenção de painéis solares semitransparentes, leves e flexíveis. Com isso, verifica-se
uma ampla utilização dessa tecnologia em projetos arquitetônicos que levam em
consideração essa característica estética.
Células fotovoltaicas de filmes finos de silício amorfo, Figura 14, têm sido
utilizadas desde a década de 1980 em relógios digitais, calculadores e outros
equipamentos. Atualmente estão sendo adotadas em múltiplas camadas resultando em
eficiências de até 10%.

18
Figura 14 - Célula solar de a-Si [10] – Fonte: Portal Solar

Ainda que seu processo de produção seja mais barato em comparação com o
silício cristalino, necessitam de maiores áreas como observado na Figura 15, além de
custos mais elevados em mão de obra e material na instalação. Por outro lado,
apresentam menor coeficiente de temperatura e menores perdas de eficiência em
condições de baixa irradiância.

Figura 15 Figura
- Área de
16 instalação de painéisde
- Área de instalação depainéis
a-Si [62]
de- Fonte: www.energia360.org

3.3.1.2 Estrutura

Materiais amorfos são conhecidos por não apresentarem estrutura cristalina,


entretanto sua característica de semicondutor é preservada. Possuem defeitos estruturais
e de colagem, logo essas falhas são corrigidas adicionando-se pequenas quantidades de
hidrogênio, formando assim o silício amorfo hidrogenado.

19
Nesse tipo de célula, ao invés de uma estrutura p-n, como ocorre no silício
cristalino, é utilizada uma tripla junção. A camada do meio pode ser do tipo i ou sem
dopagem, e fica entre as camadas p e n, que são criadas através da dopagem do boro e
do fósforo, respectivamente. Essa geometria estabelece um campo elétrico entre as
regiões p e n que se estende ao longo da camada do meio, de caráter resistivo,
auxiliando assim na mobilidade das cargas elétricas.
Na Figura 16 estão sendo representadas as camadas de um célula fotovoltaica de
a-Si:H de tripla junção. A placa de vidro, que possui a função de substrato, recebe um
filme transparente condutor (TCO). As próximas camadas são compostas,
respectivamente, de a-Si:H e a-SiGe:H sem dopagem e com diferentes dopagens,
formando assim a junção tripla pin. Por último, mais uma camada de TCO e o contato
metálico traseiro.

Figura 16 - Estrutura de uma célula fotovoltaica de a-Si:H/a-SiGe:H com tripla junção

Para um maior aproveitamento do espectro da radiação solar, novas técnicas têm


sido produzidas, uma delas é realizada através do empilhamento das estruturas p-i-n
uma sobre as outras. Dessa forma, cada camada é otimizada para uma banda de cor
específica, através da mistura com outros materiais. Uma segunda vantagem é o
aumento da vida útil dessas células, uma vez que ficam menos susceptíveis à
degradação pela luz.

20
3.3.2 Disseleneto de cobre e índio (CIS)

3.3.2.1 Visão Geral

As células fotovoltaicas do tipo CIS exibiram as maiores eficiências de todos os


tipos de células a filme fino nos últimos 20 anos [16]. Em 2013, cientistas da Empla
(Swiss Federal Laboratories for Material Science and Technology) alcançaram níveis de
eficiência até 20,4% [17].
Empresas como a Shell Solar Industries, a Global Solar Energy e Würth Solar
são empresas do ramo que vêm apostando nesse tipo de tecnologia. Na Tabela 1 é
possível encontrar as eficiências dos módulos produzidos por cada uma dessas empresas
citadas.
Tabela 1 - Eficiências alcanças pelas empresas no ramo fotovoltaico

Empresa Potência (W) Eficiência (%)


Global Solar 88,9 10,2
Würth Solar 84,6 13
Shell 44,15 12,8

Módulos fotovoltaicos de CIS possuem boa aparência estética e são flexíveis,


podendo ser encontrados em janelas, revestimentos e formas de telhado, conforme visto
na Figura 17. Além disso, possui uma alta vida útil e uma tecnologia que vem sendo
cada vez mais aprimorada.

Figura 17 - Aplicação da tecnologia CIS no telhado de uma igreja - Fonte: Würth Solar

21
Por outro lado, a pouca abundância e a toxicidade dos elementos que compõem
essas células são fatores que devem ser aprimorados. Desenvolvimentos nos métodos de
produção, que ainda são complexos e de alto custo também necessitam ser considerados
para que a tecnologia de CIS seja competitiva no mercado.

3.3.2.2 Estrutura

O disseleneto de cobre e índio é composto pelos elementos cobre, índio e


selênio. Esses elementos químicos são estáveis e garantem propriedades semicondutoras
com boas características de absorção da radiação solar.
A estrutura mais simples desse tipo de célula é formada por uma camada bem
fina de sulfeto de cádmio junto com um material condutor, que está sendo representada
na Figura 18.

Figura 18 - Estrutura mais simples das células de CIS

Uma segunda estrutura mais elaborada e, portanto com maiores alcances de


eficiência pode ser vista na Figura 19. A descrição de cada camada é feita a seguir:

 Molibidênio (Mo): é o elemento que reveste a placa de vidro e possui objetivo


de proteger a célula e de atuar como contato elétrico traseiro. Em um processo
chamado Sputtering, que ocorre à vácuo sob temperatura de 500ºC, os elementos
cobre, índio e selênio são vaporizados sobre essa superfície de Selênio.

22
 Sulfeto de Cádmio (CdS): possui intuito de antirreflexo.

 Óxido de zinco: camada transparente que melhora a transparência e atua como


contato elétrico superior da célula fotovoltaica.

Figura 19 - Estrutura mais elaborada das células de CIS [16] – Fonte: National Renewable Energy
Laboratory

A incorporação do gálio aumenta a banda óptica, aumentando assim a tensão de


circuito aberto e diminuindo o número de células por módulo. Uma segunda vantagem é
a maior abundância do gálio em relação ao índio, ocasionando um menor custo dessas
células.
As eficiências das CIGS, de acordo com o substrato utilizado, podem ser vistas na
Tabela 2.

Tabela 2 - Eficiências alcançadas com diferentes substratos

Substrato Vidro Aço Alumínio Polímero


Eficiência 20,8% 17,7% 16,2% 20,4%
Instituto ZSW EMPA EMPA EMPA

23
3.3.3 Telureto de cádmio (CdTe)

3.3.3.1 Visão Geral

De todas as tecnologias de filme fino, que não utilizam silício em sua


composição, as células de telureto de cádmio são as líderes do mercado com uma
produção anual de 5% [18].
Durante o seu ciclo de vida, apesar de exibirem menores níveis de eficiência que
os módulos de silício cristalino, a energia necessária e o tempo de retorno de energia são
consideravelmente menores. Portanto, essa menor demanda de energia resulta em
menores emissões de poluentes, incluindo o cádmio. Na Figura 20 podem ser vistas as
emissões de metais pesados de acordo com a tecnologia utilizada. Enquanto na Figura
21, níveis de emissões de cádmio durante o ciclo de vida para sistemas fotovoltaicos são
apresentados.

Figura 20 - Emissões de metais pesados devido ao uso de eletricidade [19] – Imagem cedida pelo autor

24
Figura 21 - Emissões atmosféricas de Cd para sistemas fotovoltaicos [19] – Imagem cedida pelo autor

Duas grandes preocupações em relação a essa tecnologia podem ser evidenciadas:


os impactos negativos da contaminação do cádmio e a escassez do telúrio. Logo,
métodos de reciclagem durante a produção e ao final da vida útil dos módulos são
essenciais, uma vez que evitam a emissão do cádmio e conservam o telúrio. O processo
de reciclagem do módulo, realizado pela empresa First Solar, estima que possa ser
recuperado 90% do vidro utilizado e 95% do material semicondutor.
Como resultado do progresso das tecnologias envolvidas nas células de telureto de
cádmio, tanto nos processos de reciclagem como na obtenção de maiores níveis de
eficiência, a utilização desse tipo de módulo fotovoltaico cresce constantemente.
Grandes centros de produção fotovoltaica, como o Topaz Solar, construído em
novembro de 2014 na Califórnia, utilizam módulo de CdTe, conforme visto na Figura
22.

Figura 22 - Topaz Solar Farm, com capacidade instalada de 550 MW – Imagem extraída do Google
Maps

Além das vantagens ecológicas e econômicas, essas células também possuem uma
qualidade estética mais atrativa que os módulos de silício cristalino.

25
Em 2014, a empresa First Solar, anunciou um recorde de eficiência das células
21,1%. Um segundo recorde dos módulos de 17% também foi alcançado pela mesma
empresa, que pretende chegar em 2017 com níveis de eficiência de 18,9% [20].

3.3.3.2 Estrutura

O telureto de cádmio é um composto cristalino formado por cádmio e telúrio.


As células solares mais comuns de CdTe consistem em uma heterojunção (junção
p-n de condutores diferentes). O CdTe é o semicondutor tipo p, enquanto o CdS é o
material tipo n mais comum, que junto com o vidro e o óxido transparente condutivo
atua como uma janela para a radiação incidente. Essa estrutura típica pode ser vista na
Figura 23.

Figura 23 - Estrutura típica das células de telureto de cádmio

As camadas podem ser descritas da seguinte maneira:

 Substrato: tem como principal função dar resistência mecânica à célula.


 Contato frontal: é formado por um óxido transparente condutivo,
altamente transparente e eficiente. Essa camada juntamente com o sulfeto
de cádmio é denominada janela de absorção.

26
 Sulfeto de cádmio: é o material semicondutor que compõe a camada n. É
quimicamente estável e possui um alto índice de absorção ótica.

 Telureto de cádmio: é o material semicondutor que compõe a camada p. O


CdTe apresenta alto coeficiente de absorção, logo espessuras de apenas
poucos micrometros são necessários para a absorção de toda luz incidente.

 Contato traseiro: contato ôhmico de baixa resistência com a função de


transportar a corrente gerada.

27
4 Nova geração de células fotovoltaicas

As células solares de terceira geração têm como objetivo alcançar altos níveis de
eficiência, utilizando as vantagens da primeira e segunda geração. Pode-se incluir nessa
definição tecnologias orgânicas, pontos quânticos, células tandem/multijunção, células
de portadores quentes, células solares sensibilizadas por corantes e tecnologias de
upconversion [1].
Além das elevadas eficiências, células de terceira geração propõem a utilização
de materiais não tóxicos e abundantes, podendo ser utilizadas em grandes escalas de
produção. O processamento de baixo custo sobre grandes áreas, possível
semitransparência, flexibilidade e baixo peso também contribuem para o avanço dessas
novas tecnologias.
Essas células são baseadas em um único band-gap eletrônico, e possuem
potencial de ultrapassar o limite de Shockley-Queisser de 31-41% de eficiência [21].
Para esse feito, utiliza-se de métodos como: células multijunção, células de banda
intermediária, células de portadores quentes e conversão do espectro. Apesar de alguns
métodos estarem disponíveis comercialmente, outros se apresentam em fase
experimental.
No Brasil, a produção das células fotovoltaicas orgânicas será feita pelo CSEM
Brasil, com o objetivo de obter eficiências de fotoconversão de 10% e visando o
aumento da escala de fabricação.
As eficiências das gerações podem ser vistas na Figura 24. Através dela é
possível notar que a terceira geração possui potencial de chegar a eficiências maiores
que as duas gerações anteriores a menores custos.

28
Figura 24 - Eficiências das gerações [22] – Fonte: IEEE

4.1 Células orgânicas

Células orgânicas fotovoltaicas são baseadas na multijunção entre dois materiais


orgânicos, que podem ser do tipo molecular ou polimérico. O interesse comercial na
produção dessas células é alto, porém as eficiências alcançadas ainda são baixas para
que possam ser competitivas.
Análises econômicas para células orgânicas fotovoltaicas indicam que a
associação entre essas e edifícios é uma possível porta de entrada para a sua
industrialização. Dessa forma, um requisito a ser atendido é a semi transparência das
células. Na Figura 25 pode ser vista uma célula desse tipo.

Figura 25 - Célula orgânica fotovoltaica [23] – Fonte: CSEM Brasil

29
Pesquisas voltadas para o ramo da orgânica aplicada em sistemas fotovoltaicos
começaram em 1950, onde através de trabalhos que utilizaram camadas finas de
moléculas orgânicas foi possível observar a presença do efeito fotovoltaico com
eficiências muito baixas da ordem de 0,1%.
Um segundo avanço no setor se deu na década de 80, onde o trabalho de Tang et
al [24], atingiu recordes de eficiência para a época utilizando estruturas de multijunções.
Além dos avanços nas estruturas das células, estudos voltados para os materiais
utilizados foram essenciais para o progresso nos níveis de eficiência, por exemplo, a
aplicação de substâncias como o fulereno a partir da década de 90.
As questões de eficiência, tempo de vida útil e preço de construção são de extrema
importância para que possam competir no mercado. Esses desenvolvimentos estão
atrelados à síntese de novos materiais em sua grande parte, de forma que possuam
menores band gaps possibilitando a melhor absorção do espectro de luz solar, uma
melhor estabilidade frente a condições adversas e melhor solubilidade [25].

4.1.1 Estrutura

A estrutura típica de células orgânicas é uma camada fina composta de


moléculas orgânicas ou polímeros, podendo estar misturadas ou em múltiplas camadas,
confinadas nos materiais condutores entre dois eletrodos, conforme visto na Figura 26.
Pelo menos um desses eletrodos deve ser transparente, enquanto o segundo é
geralmente formado de uma estrutura reflexiva metálica.

30
Figura 26 - Estrutura típica de uma célula fotovoltaica orgânica impressa

O elemento mais importante de uma célula orgânica fotovoltaica é a camada


óptica, cujo objetivo é a entrega da corrente fotogerada e da tensão. Para células de um
band gap, o material ativo deve absorver uma grande fração do espectro solar,
transportar as cargas fotogeradas eficientemente e possibilitar o transporte dessas cargas
antes que ocorra recombinação. Essas exigências da estrutura eletrônica do material
ativo demandam uma absorção óptica adequada além da necessidade de condições
apropriadas de geração de carga e transporte [26].
A nanoestrutura da mistura de polímeros tem grandes implicações na formação
da corrente fotogerada. Além disso, nos eletrodos é crucial existir injeção correta e
condições de extração dos portadores de cargas.
Diversas técnicas envolvendo a variação da geometria e a utilização de
diferentes materiais foram feitas para melhorar o desempenho dos materiais do cátodo.
Da mesma forma, camadas finas de polímero isolante ou de band gap alto podem ser
utilizadas para melhorar as propriedades do catodo.
As estruturas mais recorrentes das células solares poliméricas adotam uma
camada de heterojunção bulk (BHJ) com uma mistura do polímero doador e do aceptor
de fulereno, que se encontram entre um óxido de metal transparente, o ITO, e um
eletrodo de metal, que podem possuir tanto uma estrutura convencional (ITO como
anodo) ou uma estrutura invertida com polaridade do inversor reversa.

31
4.1.2 Desenvolvimento e pesquisa

As células orgânicas fotovoltaicas compostas de polímeros são alvos de grande


interesse devido aos baixos custos de produção e fabricação sobre substratos flexíveis.
Entretanto, avanços em termos de eficiência e na redução dos preços continuam sendo
questões a serem aprimoradas.
Existem duas estratégias para o aumento da eficiência: a primeira é referente ao
design e síntese de novos materiais, e a segunda é o aprimoramento do processo de
fabricação onde a compreensão da estrutura, da física do equipamento e de todo o
processo envolvido é de extrema importância [27].
Ainda que a questão da estrutura seja importante na eficiência, o desafio mais
determinante em relação ao rendimento é o material utilizado, tanto da camada ativa
quanto do eletrodo. Além disso, os materiais e o processo de fabricação devem possuir
menor custo para que a aplicação prática seja possível. Nos materiais o aumento do
desempenho ocorre em duas frentes [28]:
 Síntese de novos polímeros com bandas de absorção que tornam possível
a captura de maiores faixas do espectro solar.
 Novos materiais no aceptor com energias otimizadas que diminuem as
perdas na tensão.
Dentro dos ramos de estudos de materiais, os mais intensos estão ligados à área
dos polímeros (PSC), cujos recordes de eficiência alcançaram 7~9%.
É importante ressaltar que além da importância das propriedades dos materiais no
doador e no aceptor, o contato elétrico entre a camada BHJ e os eletrodos é fundamental
na determinação dos parâmetros dos dispositivos, como a densidade de corrente de
curto circuito (Jsc), tensão de circuito aberto (Voc), e o fator de forma (FF) para atingir
um elevado PCE [29]. Os contatos ôhmicos e a alta mobilidade dos semicondutores
orgânicos são essenciais para minimizar as resistências série e maximizar o FF. Para a
obtenção de um alto Jsc, os materiais do doador e do aceptor na camada BHJ devem
possuir uma boa separação de cargas, alta mobilidade de cargas e transporte balanceado
de cargas. Outro aspecto importante que deve ser considerado nos dispositivos PSC é a
estabilidade em longo prazo, o que depende da utilização de materiais estáveis, da
morfologia BHJ, dos eletrodos e da encapsulação apropriada [29].

32
Atualmente, o material mais utilizado no cátodo ou no anodo é o óxido de índio e
estanho (ITO), porém fatores como: recurso escasso; métodos de preparação de alto
custo; baixa transparência na região infravermelha e fragilidade; tornam necessária a
sua substituição.
Os fulerenos, descobertos em 1985, são alvos de diversas pesquisas na aplicação
nos aceptores das células solares orgânicas, cujo alcance nas eficiências é relativamente
bom. Como resultado de extensos estudos, uma grande quantidade desse material foi
sintetizada, e suas estruturas e propriedades relatadas. Além disso, problemas
envolvendo o alto custo e a disponibilidade limitada foram reduzidos com o aumento da
produção industrial do C60 [25].
Os nanotubos de carbono surgem também como um material a ser empregado
nas células orgânicas fotovoltaicas. Estudos indicam que esses são responsáveis pela
melhora nas transferências de elétrons, nas dissociações do éxciton (uma quase partícula
dos sólidos formada por um elétron e um buraco ligados através da interação
coulombiana), na condutividade do buraco e na formação de pontes condutores. Além
disso, os nanotubos de carbono possuem uma excelente propriedade mecânica. Apesar
de seu aspecto espectroscópico ser promissor, ao serem utilizados no aceptor, baixas
eficiências são alcançadas. O melhor resultado reportado por Ren et al [41] foi de
0.72%, quando semicondutores puros de nanotubo carbono foram incorporados à
camada ativa. Por outro lado, as suas aplicações nos eletrodos e como componentes da
camada de transporte do buraco podem ser desenvolvidas [30].
O grafeno por sua vez, surge como uma das novas alternativas de materiais em
substituição ao ITO, para a terceira geração de células fotovoltaicas, suas propriedades
mecânicas, térmicas, ópticas e eletrônicas têm obtido resultados de excelência. As
aplicações do grafeno incluem três componentes de grande importância nas células
orgânicas que são: o material transparente do eletrodo, a camada ativa e a camada de
interface.

4.1.2.1 Eletrodo

Para dispositivos eletrônicos-ópticos, a ideal transparência dos eletrodos é acima


de 80% com uma resistência de até 100Ω/sq [27]. Além do ITO, nanotubos de carbono
(CNT) também foram desenvolvidos para atuarem como eletrodos atingindo níveis de

33
eficiência comparáveis ao ITO, porém a alta rugosidade da superfície dos CNT e a
grande quantidade de energia consumida durante sua preparação limitam a sua
aplicação nesse sentido. Como alternativa, a utilização do grafeno que é um material
bidimensional com ótimas propriedades de transporte de elétrons, vem se mostrando
uma alternativa como material do eletrodo.
Mesmo que folhas grafêmicas sejam transparentes em camadas finas, essas
possuem uma ótima propriedade de absorção de luz, formando filmes escuros que
conseguem absorver fótons desde o ultravioleta até o infravermelho. Logo, a utilização
do grafeno como material dos coletores de luz é possível, podendo atingir eficiências
em torno de 12% segundo Yong et al [41].
Apesar desse bom nível de transparência, a utilização do grafeno como material
do eletrodo implica em resistências maiores, o que limita o desempenho desse tipo de
células orgânicas. Uma solução para a melhora da condutividade seria a adição de um
material condutor ao grafeno. Tung et al [43]. relataram um nanocomposto híbrido
composto de grafeno e nanotubos de carbono, que apresentaram melhoras na
condutividade e na estabilidade mecânica, porém perdas na transparência foram
verificadas. As performances desses eletrodos de acordo com o tipo de material
utilizado podem ser encontradas na Tabela 3.

Tabela 3 - Parâmetros de desempenho de células orgânicas fotovoltaicas de grafeno dopadas com


AuCl3 como material do eletrodo – Extraído de [27]

Dispositivo Voc (V) Jsc (mA/cm2) FF PCE (%)


ITO 0.45 6.48 0.46 1.33
Grafeno puro 0.48 3.46 0.45 0.75
Grafeno dopado 0.46 6.44 0.52 1.51

Apesar do grande potencial exibido pelas células OPV, alguns fatores devem ser
desenvolvidos a fim de que possam ser empregados em larga escala. Esses fatores são:
 A relação entre a condutividade e a transparência, uma vez que a alta
resistência é um dos principais fatores limitantes para o emprego desses
dispositivos.
 O custo de preparação.
 A possibilidade de produção em larga escala.

34
4.1.2.2 Aceptor

Ao contrário dos semicondutores inorgânicos onde os elétrons livres são gerados


facilmente com a incidência da luz solar, nas células orgânicas, uma barreira buraco
elétron é gerada. Nessas células a separação do par elétron-buraco pode ser realizada
através da criação de uma heterojunção com o material aceptor, que possui afinidade
elétrica mais alta que os polímeros doadores, porém com potencial de ionização menor.
Nas células orgânicas os aceptores mais comuns são derivados de fulerenos,
onde diversos estudos nessa área ocorreram devido à possibilidade de combinação entre
suas ótimas propriedades com os outros materiais de interesse. Apesar desses esforços
para obtenção de uma melhora no desempenho dos fulerenos e seus derivados, poucos
resultados foram obtidos. Na Tabela 4 estão sendo relatados os melhores resultados em
eficiência para os derivados do fulereno.

Tabela 4 - Derivados de fulereno e os melhores alcances na eficiência – Extraído de [29]

Tipo Voc (V) Jsc(mA/cm2) FF PCE (%)


Indine Fullerene 0.84 12.07 0.72 7.30
1,4-di(organo)
0.75 10.5 0.65 5.20
fullerene
Fulleropyrrolidines 0.66 7.85 0.66 3.44
Fulerenos de
0.64 7.4 0.66 3.1
cadeia aberta

Uma vez que o grafeno possui uma alta mobilidade de elétrons e seu nível de
energia pode ser controlado facilmente pelo seu tamanho, camadas e funcionalidade. É
esperado que o grafeno venha a se tornar uma boa opção como material do aceptor
nesses tipos de células. Na Tabela 5, encontram-se os resultados dos parâmetros obtidos
para os aceptores utilizando determinadas quantidades de grafeno.

35
Tabela 5 - Parâmetros fotovoltaicos de dispositivos utilizando grafeno como aceptor – Extraído de [27]

Quantidade de Grafeno (%) Voc (V) Jsc (mA/cm2) FF PCE(%)


0 0.38 0.014 0.18 0.0095
1 0.38 0.54 0.26 0.052
5 0.56 2.5 0.23 0.32

4.1.2.3 Interface

A interface entre a camada ativa e o anodo e o catodo tem um papel importante


na determinação do desempenho do dispositivo eletrônico orgânico. As principais
funções dos materiais da interface são:
a) Ajuste a barreira energética entre a camada ativa e os eletrodos.
b) Determinação da polaridade do dispositivo.
c) Modificação da propriedade da superfície de forma a alterar a morfologia da
camada.
d) Inibição das reações físicas e químicas entre a camada ativa e os eletrodos.
e) Agir como um espaçador óptico.
Os materiais mais utilizados, como o acidic PEDOT:PSS, são prejudiciais ao
ITO e podem introduzir água dentro do dispositivo, acarretando em sua degradação e
consequentemente na diminuição de sua vida útil. Lee et al [44] reportaram que filmes
finos de óxidos de grafeno depositados de soluções neutras poderiam agir de forma
eficiente como camada de transporte do buraco. Na Tabela 6 os parâmetros
fotovoltaicos de acordo com os tipos de dispositivos utilizando óxido de grafenos
podem ser encontrados.
Tabela 6 - Parâmetros fotovoltaicos de dispositivos utilizando óxido de grafeno

Dispositivo Voc (V) Jsc (mA/cm2) FF PCE (%)


ITO 0.45 9.84 0.415 1.8±0.2
PEDOT:PSS 0.58 11.15 0.569 3.6±0.2
GO (2nm) 0.57 11.40 0.543 3.5±0.3
GO (4nm) 0.57 10.22 0.339 2.0±0.2

36
4.2 Células sensibilizadas a corantes

As células solares sensibilizadas a corantes (DSSC), também conhecidas como


células solares de Grätzel, pertencem ao grupo das células solares de filmes finos e
possuem destaque pelo seu baixo custo e por utilizarem materiais abundantes e não
tóxicos em sua composição.
A descoberta do potencial de geração de energia elétrica através da iluminação
do corante orgânico foi mencionada pela primeira vez no final da década de 60 [31]. Em
1985, uma eficiente sensibilização do dióxido de titânio (TiO2) por um corante de
rutênio foi publicada, levando ao desenvolvimento de um novo conceito de geração de
energia solar [32]. A versão atual foi proposta por Michael Gratzel e O’Regan, em
1991, e desde então novas pesquisas em termos de materiais para o alcance de níveis de
eficiência cada vez maiores têm sido realizadas. Nas últimas duas décadas as eficiências
das DSSC aumentaram significativamente de um valor inicial de 7%, em 1991, até o
recorde atual de 12% [33]. Apesar dos avanços, as eficiências das DSSC são baixas se
comparadas às células de silício amorfo [34] e a questão da estabilidade também
aparece como um fator a ser aprimorado [35].
Para que sejam comercialmente viáveis de forma a substituir o mercado liderado
pelas células de silício, as DSSC devem possuir três características essenciais: custo,
desempenho e tempo de vida [35].
O baixo custo dessas células pode ser comparado aos das células convencionais
de silício cristalino, uma vez que os processos de fabricação pelos quais passam são
mais simples e, consequentemente mais baratos. Ademais, os materiais que compõem as
DSSC são em sua grande parte de baixo custo, exceto a platina e o rutênio. Um segundo
atrativo dessas células é quanto à questão estética, uma vez que suas características de
semi-transparência e semi-flexibilidade são ideais para aplicabilidade em edifícios
diversos. As DSSC podem operar em condições de sombreamento e sobre temperaturas
sem perder desempenho, o que não ocorre em células de silício [32].
Existem vários materiais semicondutores de gap de banda larga, como: SnO2,
ZnO, Nb2O5, WO3, SeTiO3. Porém o TiO2 é o semicondutor mais utilizado para DSSC
devido às suas características térmicas de longo prazo e foto estabilidade. Além disso,
esse material é barato, possui grande disponibilidade e não é tóxico [32].

37
Na Figura 27 pode ser vista uma célula solar sensibilizada a corante.

Figura 27 - Célula solar sensibilizada a corante [63] – Fonte: www.solarquotes.com.au

4.2.1 Estrutura

As DSSC modernas contêm no geral cinco componentes [31]:


1. Um suporte mecânico revestido de óxidos condutores transparentes.
2. Um semicondutor fino, geralmente TiO2.
3. O corante na superfície do semicondutor.
4. Uma solução eletrolítica contendo um mediador redox.
5. Um contra-eletrodo capaz de regenerar o mediador redox.

O esquemático dessas células solares pode ser visto na Figura 28.

38
Figura 28- Estrutura de uma célula solar sensibilizada a corante [31] – Imagem cedida pelo autor

A utilização do dióxido de titânio como semicondutor do fotoeletrodo é devido às


múltiplas vantagens que esse material oferece, como o baixo custo, a alta
disponibilidade e por ser não tóxico. Já os complexos de rutênio, são utilizados como
sensibilizadores desde o início dos estudos e continuam ocupando essa função até os
dias atuais. Por último, o principal composto redox utilizado é o / .
As células solares sensibilizadas a corante operam da seguinte maneira:
1. Ocorre a absorção de um fóton pelo sensibilizador S, o que leva a
formação do sensibilizador excitado S*.
( ) ( )

2. O sensibilizador excitado S* injeta um elétron na banda de condução do


semicondutor, levando o sensibilizador a um estado oxidado S+.

( )

3. O elétron injetado flui através do semicondutor para chegar nas ‘costas’ do


contato e depois através da carga externa do contra-eletrodo a fim de
reduzir o mediador redox.

( ) ( )

4. Dessa forma, o sensibilizador é regenerado.

( ) ( )

A operação desses dispositivos pode ser vista na Figura 29.

39
Figura 29 - Princípio de funcionamento das DSSC [30] – Imagem cedida pelo autor

Esse dispositivo então constitui um sistema de conversão de energia fotovoltaica


estável e regenerativo. Porém, algumas perdas indesejáveis ocorrem na célula afetando
a sua eficiência e se devem principalmente à recombinação dos elétrons injetados com
os sensibilizadores oxidados.
A eficiência total das DSSC depende da otimização e compatibilidade de cada
um desses constituintes. Um fator importante é a área de superfície elevada e a
espessura do filme do semicondutor [32].
É possível notar que as propriedades fotofísicas e eletroquímicas do
sensibilizador são as responsáveis na definição do desempenho desses dispositivos.
Primeiramente pelo potencial de oxidação, que consolida a máxima tensão de circuito
aberto, e também pelas propriedades de absorção que determinam a corrente de curto
circuito. E por último, a dinâmica de transferência de elétrons influencia nas perdas
[31].

4.2.2 Desenvolvimento e pesquisa

Todos os componentes das DSSC desempenham um papel importante quanto ao


desempenho e à eficiência alcançada. Dessa forma, pesquisadores trabalham com o

40
intuito de melhorar cada componente desses dispositivos de forma a atingir níveis de
eficiências comparáveis às células de silício [36].
Os foto anodos das DSSC são geralmente compostos de nano cristais de TiO2,
que podem utilizar apenas 6% de toda irradiação solar, o que prejudica a eficiência das
DSSC. Para melhorar esses índices de desempenho, técnicas de dopagem do TiO 2 são
feitas com íons não metálicos, metais alcalinos, íons de metais de transição e
lantanídeos.
O contra eletrodo é um importante componente da DSSC e é composto
geralmente de um substrato condutor e uma camada de platina. Contudo, o alto custo
pela utilização da platina impede sua viabilidade comercial. Outro aspecto significativo
dessa configuração é a baixa resistência mecânica e a alta resistência interna devido às
fracas interações entre o catalisador e o substrato condutor, o que resulta em uma baixa
eficiência na conversão de energia. Dessa forma, materiais de baixo custo como o
carbono monolítico e carvão estão sendo utilizados no lugar da platina no contra-
eletrodo, o que diminui os inconvenientes da platina além de reduzir o custo
significativamente [36].
Outro componente que determina a durabilidade e eficiência das DSSC é a
solução eletrolítica, o que dificulta a produção em larga escala e torna a inserção das
DSSC no mercado mais complicada. Para contornar esses problemas, muitas pesquisas
relacionadas à substituição dessa solução eletrolítica por condutores inorgânicos e
orgânicos, líquidos iônicos, polímeros e gel eletrolítico [36].
Os foto-sensibilizadores desempenham papel chave na obtenção de níveis de
eficiência cada vez maiores das DSSC. Dessa forma, o design e a síntese de novos
corantes é o que impulsiona as pesquisas nessa área [32], sendo a maioria delas focadas
nas características de absorção, injeção de elétrons, regeneração do corante e
recombinação [37]. Complexos metálicos como o rutênio, ósmio, e o rênio, têm atraído
interesse devido aos elevados níveis alcançados e a maior estabilidade química em
longo prazo. Entretanto, por serem metais nobres as suas disponibilidades são limitadas
o que impede que sua aplicação em grandes escalas.
Os corantes orgânicos surgem como uma das possibilidades de substituição aos
sensibilizadores metálicos, e apresentam vantagens econômicas e de não toxicidade,
porém a baixa vida útil dos éxcitons e a baixa absorção da luz visível são questões a
serem aprimoradas para a sua aplicabilidade comercial. As eficiências das DSSC
utilizando corantes orgânicos já alcançaram níveis de 9% [37].

41
Pesquisas na área dos sensibilizadores naturais como o betacianina, antocianina
e a clorofila também estão sendo realizadas. Esses materiais possuem processo de
fabricação simples, além de serem materiais de baixo custo, não-tóxicos e
biodegradáveis.

4.2.2.1 Corantes metálicos

Como já mencionado, a chave no desenvolvimento de eficiências nas células


fotovoltaicas reside nos corantes utilizados nas DSSC. Atualmente os candidatos mais
fortes são os corantes compostos de metais de transição, com destaque no rutênio.
Estudos utilizando ósmio, rênio e platina também são realizados a fim de se criarem
novos tipos de corantes para as DSSC.
Os corantes a complexos de rutênio mais utilizados são o N3, N719, N749 e o
Z907, cujas eficiências podem ser encontradas na Tabela 7.

Tabela 7 - Complexo de rutênio mais comuns e suas respectivas eficiências – Extraído de [36]

Tipo de estrutura Eficiência (%)


Z907 7.60
N3 10.00
Z910 10.20
N749 10.40
N719 11.18

Várias tentativas já foram feitas com o intuito de redesenhar os corantes de


rutênio para melhorar os níveis de foto estabilidade e os coeficientes de absorção molar,
obtendo assim maiores eficiências para essas células.
Uma dessas tentativas foi relatada por Gratzel et al [45] que atingiu melhores
coeficientes de absorção molar através da junção de uma conjugação π na estrutura
molecular desses complexos, dando origem ao sensibilizador de rutênio RD-Cou. Para
essa estrutura, a eficiência obtida foi de 4,24% o que não é desejável, porém a análise
térmica desse corante mostrou estabilidade em temperaturas de até 220ºC, o que torna
possível a sua aplicação em telhados.

42
Um segundo estudo com esse objetivo foi realizado por Hinorobu Ozawa et al.
[46] que sintetizaram novos corantes a partir de modificações na estrutura do TUS-20
(cuja eficiência é de 7,5%). Esses novos corantes são: TUS-28, o TUS-21, TUS-37,
TUS-35 e o TUS-36.
Na Tabela 8 podem ser encontradas as eficiências desses novos corantes
sintetizados pelos estudos citados.

Tabela 8 - Novos corantes sintetizados e suas respectivas eficiências – Extraído de [36]

Nome do corante Eficiência (%)


RD-COU 4.24
TUS-36 5.70
TUS – 35 6.40
TUS – 28 8.20
TUS – 21 10.20
TUS - 37 10.20

Outra opção para melhorar as eficiências das DSSC está relacionada à melhora
da resposta espectral dos corantes de rutênio na região da luz visível até a região
infravermelha, e pesquisas nesse sentido também estão sendo desenvolvidas. Com esse
intuito, corantes com absorções do espectro complementares aos do rutênio são
adicionados. Essas misturas resultaram em uma melhor eficiência de conversão fóton-
elétron o que indica que o método de sensibilização simultânea pode melhorar o
desempenho das DSSC.
Pesquisas direcionadas por Lee et al.[47] utilizaram corantes orgânicos para
melhorar a resposta espectral do N719. Eles reportaram que ao adicionar esse corante
orgânico a absorção da parte azul do espectro solar era melhorada, aumentando assim a
eficiência na incidência fóton-corrente de 52% a 67% na região de 350-500nm. A célula
solar apresentou uma Voc de 0.78V, fator de forma de 66% correspondendo a uma
eficiência de 7.84%.
Apesar das relativas altas eficiências alcançadas pelas DSSC a corantes
metálicos, a busca de novas alternativas para sua substituição é necessária devido às
desvantagens trazidas pelo uso de metais nobres, tais como recursos limitados e custos
elevados.

43
4.2.2.2 Corantes livres de metal

O desenvolvimento de corantes livres de metal se desenvolveu principalmente


no ramo dos corantes orgânicos, que possuem estrutura principal de porfirina e
ftalocianina. Os principais avanços se deram nas estruturas de porfirina que têm
mostrado ótimas características óticas e eletrônicas que podem ser melhoradas cada vez
mais através da alteração do número de porfirinas e na alteração de seu núcleo.
Na Tabela 9 encontram-se corantes orgânicos, cuja estrutura principal é a
porfirina, e suas respectivas eficiências de conversão.

Tabela 9 - Corantes baseados em porfirina e suas eficiências – Extraído de [36]

Estrutura do corante Eficiência (%)


Zn 1A 4.8
Zn3 5.6
YD0 6.0
YD1 6.5
YD2 6.8
GD2 7.1

Uma das pesquisas nesse sentido, liderada por Gratzel, modificou o corante
YD2, alcançando uma eficiência de conversão de 10.9%, que foi a máxima conversão
obtida para DSSC baseadas em porfirina até 2011 [36].
Outro resultado expressivo obtido através da modificação estrutural de corantes
baseados em porfirina, foi obtido por Gratzel et al [48] com a aquisição do corante
SM315. A DSSC fabricada com SM315 e solução eletrolítica de cobalto atingiu níveis
de eficiência de 13%, com tensão de circuito aberto Voc de 0.91V, densidade de corrente
de curto circuito de 18.1mA/cm2, e fator de forma de 87%.
Na Tabela 10 podem ser encontrados avanços dessas pesquisas e os melhores
valores de eficiência obtidos.

44
Tabela 10 - Melhores índices de eficiência obtidos através de alterações na molécula de porfirina

Nome do corante Eficiência (%)


SM315 13.0
YD2-o-C8 12.3
WW-5 10.5
WW-6 10.5
N4 3.66
N3O 0.22
N3S 0.01

Outro ramo de pesquisa que visa à substituição dos corantes metálicos está
relacionado aos corantes naturais, ou seja, que podem ser encontrados na natureza.
Esses corantes oferecem diversas vantagens: podem ser extraídos através de processos
simples, são não-tóxicos, e são biodegradáveis. Os mais utilizados são a antocianina,
betacianina, caroteno, tanino e a clorofila [36].
Entretanto, as eficiências obtidas ainda são baixas, conforme visto na Tabela 11.

Tabela 11 - Corantes naturais e parâmetro elétricos correspondentes – Extraído de [36]

Corante Jsc(mA/cm2) Voc (V) FF (%) Eficiênia(%)


Rhoeospathacea 10.9 0.50 27 1.49
Clorofila 3.52 0.43 39 0.59
Rosa 0.97 0.59 65.9 0.38
Café 0.85 0.55 68.7 0.33

4.2.2.3 Foto anodo

O foto anodo possui uma função fundamental no desempenho das DSSC uma
vez que auxilia na transferência de elétrons. Atualmente, nano-partículas de TiO2
apresentam os melhores resultados nas eficiências das conversões fóton-elétron, porém
algumas limitações devido a presença de contornos de grão, e a baixa eficiência perto da
região infravermelha, conduzem à substituição desse material ou no seu
aperfeiçoamento.

45
Logo, estudos relacionados às melhoras nas nanoestruturas do foto anodo, nos
métodos de preparação e materiais semicondutores foram realizados a fim de melhorar a
eficiências das DSSC.
Nos experimentos relacionados às nanoestruturas do foto anodos, as melhores
eficiências de 5.09-6.62% foram obtidas através da incorporação de folhas grafênicas de
vários tamanhos. Uma vez que a melhora na absorção aumenta quanto mais espessa for
a DSSC, apesar de que a maior espessura pode criar um obstáculo para o elétron
ocasionando uma queda na eficiência, folhas grafêmicas de espessuras maiores que
184nm até 1.2µm resultaram em menores eficiências.
Outros resultados importantes foram obtidos na fabricação da DSSC com filme
grafênico-titânia que resultaram em eficiências de 3-5%.

4.2.2.4 Contra-eletrodo

O contra-eletrodo mais comum é revestido de platina. Devido ao valor elevado


desse material, o custo das DSSC aumenta e dessa forma um aperfeiçoamento é
necessário, levando a busca por novos materiais.
Ahmad et al [49] desenvolveram contra-eletrodos de nano partículas de grafeno
(GNP) e multi-wall carbon nanotubes (MWCNT), resultando em melhores eficiências e
no aumento da vida útil dos contra-eletrodos [38].
Um método de fabricação de CE altamente transparentes de platina
desenvolvidos a partir da pulverização de nano partículas de Pt em substratos quentes,
relatado por Iefanova et al [50], relatou uma redução de 86% no consumo da platina e
consequentemente o custo de fabricação foi reduzido [38]
Dong et al [51]. propuseram uma melhora na eficiência das DSSC, através de
um CE de nanoestrutura de platina que é montado com nano partículas de prata em um
substrato de vidro e camada fina de Pt depositada.
Na Tabela 12 podem ser vistas as tentativas propostas para os CE e os
respectivos parâmetros elétricos obtidos.

46
Tabela 12 - Ideias propostas para melhora no desempenho do CE e resultados obtidos – Extraído de
[37]

Ideia proposta Jsc (mA/cm2) Voc (V) FF Eficiência


Fabricação de
10.84 0.815 0.7 6.36
CE transparente
CE nano
16.50 0.750 0.646 7.96
estruturado

4.2.2.5 Soluções eletrolíticas

Os tipos de eletrólitos utilizados nas DSSCs são líquidos e possuem algumas


desvantagens como a baixa estabilidade em longo prazo devido à evaporação,
vazamento, inflamabilidade dos líquidos, decomposição dos corantes, entre outros [38].
Uma solução para esse problema é a utilização de eletrólitos a base de géis
poliméricos, umas vez que podem possuir uma boa condutividade iônica e flexibilidade
necessária para bons contatos entre os componentes das células solares. Existem
diversos estudos sobre esses eletrólitos quase sólidos, porém os índices de eficiência
obtidos ainda são baixos comparados com eletrólitos líquidos [38].
Arof et al [52] sugeriu um sistema salino de iodeto misturado com diferentes
cátions que pode ser utilizado para aumentar a eficiência das DSSCs feitas de gel de
fluoreto de polivinilideno.
Na Tabela 13 estudos envolvendo eletrólitos alternativos podem ser encontrados
com os seus respectivos parâmetros obtidos.

Tabela 13 - Estudos de novos eletrólitos e os respectivos resultados obtidos – Extraído de [38]

Estudo do eletrólito Jsc(mA/cm2) Voc (V) FF Eficiência (%)

Sistema salino 4.88 0.717 0.683 2.38

TiO2 (P25) – PEG 9.7 0.667 0.61 4.1

TiO2 (ST01) – PEG 10.9 0.698 0.59 4.6


SiO2 – PEG 11.1 0.650 0.60 4.4

Al2O3 – PEG 12.4 0.667 0.59 5.1

47
4.3 Células solares de pontos quânticos

Desde o desenvolvimento das células sensibilizadas a corante, em 1991 pelos


pesquisadores Grätzel e O’Regan, muitos estudos ocorreram a fim de aprimorar os
níveis de eficiência das DSSCs. Com esse objetivo, a utilização de semicondutores
inorgânicos, como materiais a pontos quânticos (PQ), em substituição aos corantes foi
um dos focos dessas novas pesquisas devido às suas excelentes propriedades ópticas.
Em 1990, a primeira célula solar sensibilizada a pontos quânticos foi construída
por Weller, que ao utilizar uma célula eletroquímica de pontos quânticos de CdS
demonstrou que uma corrente era gerada a partir da exposição à luz solar.
As células solares a ponto quânticos (QDSSCs) são reconhecidas pelas suas
características de múltipla geração de excítons; estabilidade; e possibilidade de controle
da energia de banda proibida, através do ajuste do tamanho dos pontos quânticos,
tornando possível a absorção do espectro solar do visível ao infravermelho [39].
Vários materiais de PQ estão sendo investigados para uso nas QDSSCs, como o
CdS, CdSe, PbS, ZnSe, CdHgTe, CdTe, InP e Ag2S. Entre esses materiais os mais
utilizados são CdSe e CdS devido à facilidade dos seus processos de fabricação e
caracterização.
Na teoria, as eficiências das QDSSCs são maiores do que das DSSCs, porém na
prática a eficiência na conversão das primeiras são menores devidas às perdas de
elétrons resultando na recombinação de carga nas interfaces eletrólito-eletrodo ou
eletrólito-contra-eletrodo.
Diversos estudos focam na utilização de diferentes sensibilizadores que auxiliem
na melhora da absorção de luz e da taxa de transferência de elétrons e que também
diminuam essas recombinações de cargas nas interfaces [39]. Logo com esse objetivo,
pesquisas desenvolveram diversas abordagens, como a utilização de PQ de múltiplas
camadas no TiO2, utilização de pontos quânticos de diferentes tamanhos e utilização de
diferentes métodos de deposição.

48
4.3.1 Estrutura e princípio de funcionamento

Uma vez que as QDSSCs são uma adaptação das DSSCs, suas estruturas são
similares consistindo em um foto anodo, um contra-eletrodo e um eletrólito. A única
diferença entre essas duas células solares é que o material sensibilizador é substituído
por nanopartículas de PQ nas QDSSCs. Na Figura 30 pode-se observar essa estrutura.

Figura 30 - Esquemático de uma QDSSC [40] – Imagem cedida pelo autor

O funcionamento das QDSSCs se dá da seguinte maneira: Ao incidir luz solar,


essa será absorvida pelo semicondutor, passando pelo substrato de vidro até atingir os
pontos quânticos que se encontram nas superfícies desses semicondutores. Nos PQ são
gerados pares elétron buracos, sendo que elétrons da banda de condução são injetados
no anodo e geram uma corrente elétrica no circuito.
O processo de transferência dos elétrons nessas células está sendo representado na
Figura 31, no qual são identificadas quatro etapas [40]:
1- Injeção de elétrons: essa etapa se processa no ponto quântico que é excitado
para as nanopartículas do óxido de metal.
2- Transferência de elétrons: ocorre na interface entre o band gap e o
semicondutor/QD e o eletrólito, e é seguida pela geração do par elétron-
buraco.
3- Transferência de buracos para o par redox: tem como principal função a
regeneração do semicondutor.

49
4- Regeneração do par redox no contra-eletrodo: nessa etapa é importante que
ocorra uma rápida descarga de elétrons no contra-eletrodo.

Figura 31 – Processo de transferência de elétrons nas QDSSCs [40] – Imagem cedida pelo autor

4.3.2 Desenvolvimento e pesquisa

4.3.2.1 Tamanho do band gap

A maior vantagem de se utilizar PQ como sensibilizadores nas QDSSCs é a


possibilidade de controlar o band gap, o que é uma característica das propriedades
ópticas dos pontos quânticos. Através da variação do tamanho dos PQs, a energia
absorvida do espectro solar pode ser controlada. Além do mais, a separação de cargas
pode ser otimizada através desse ajuste do tamanho dos PQs.
Esse efeito foi previamente estudado por Gorer et al [53] que observou uma
melhora na absorção do espectro azul conforme o tamanho dos cristais era reduzido. Na
Tabela 14 estão sendo demonstrados os novos estudos de pontos quânticos com
diferentes tamanhos para diferentes tamanhos de onda.

50
Tabela 14 - QDSSCs com diferentes tamanhos de PQs – Extraído de [39]

Diâmetro Comprimento
PQ JSC VOC PCE (%)
(nm) de onda
CdS 4.4 3.519 0.41 350-470 0.66
CdS 4.9 4.519 0.44 350-500 0.85
CdS 5.9 6.694 0.48 350-525 1.29
CdS 6.2 5.494 0.51 350-550 1.05
CuInS2 8.27 4.22 0.355 400-800 0.46
CdSe/N719 2.2 2.37 0.75 400-700 0.71
CdSe/N719 2.5 6.42 0.78 400-650 3.31
CdSe/N719 3.3 6.95 0.81 400-600 3.65
CdSe(I) 2.5 2.25 0.59 400-550 0.53
CdSe(II) 3.5 3.23 0.64 400-600 0.86
CdSe(I)/CdSeII 2.5/3.5 3.41 0.66 400-650 1.26

A utilização de PQs de diferentes tamanhos levou a melhores desempenhos que


a utilização de apenas um tamanho, o que foi demonstrado por Lei et al [54], que ao
utilizar PQs de CdSe de diferentes tamanhos alcançou níveis de eficiência de 1,26%,
maiores que para células com PQs de mesmo tamanho que atingiu eficiência de 1%.
Conclui-se que ao combinar diferentes tamanhos de PQs aumenta a eficiência
mais do que se apenas fossem combinados PQS de mesmo tamanho, uma vez que uma
melhora na absorção do espectro de luz ocorre com uma maior faixa de band gaps
obtidos com esse método.

4.3.2.2 Desenvolvimentos em geral

Com o objetivo de aumentar os índices de conversão de energia das QDSSCs,


estudos no ramo dos sensibilizadores utilizados nessas células vêm sendo
desenvolvidos.
Novas técnicas de síntese de PQs, como o core-shell, prometeram melhores
resultados para as células. Nesse ramo, destaca-se a pesquisa liderada por Yu et al [55],

51
na qual CdSe/CdS utilizando estruturas core/shell que exibiram melhores valores de
corrente de curto circuito, tensão de circuito aberto e também da eficiência.
Uma abordagem proposta por Jung et al [56] envolve uma camada passiva entre
o TiO2 e o eletrólito. Essa camada passiva reduz a taxa de recombinação do TiO2 ao
eletrólito, resultando em melhores eficiências.
Células de múltiplas camadas de PQs fabricadas utilizando métodos de
deposição química também podem melhorar o desempenho das QDSSCs. Hu et al [57]
através dessa técnica obteve uma eficiência de 1.47% para CdS/CuInS2, enquanto que
para um único PQ, as eficiências alcançadas foram de 0.34% e 0.38% para o CdS e
CuInS2, respectivamente.
Estudos nos materiais que compõem tanto o contra-eletrodo como o eletrólito
também devem ser considerados na busca por melhores eficiências. CuS e CoS são dois
contra-eletrodos utilizados nas células QDSSCs de múltiplas camadas cuja composição
é ZnS/CdSe/CdS. A utilização desses dois tipos de contra-eletrodo alcançou eficiências
de 2.7% e 1.9% respectivamente, e que se comparados contra-eletrodos de platina cuja
eficiência alcançada é de 1.6% demonstram uma melhor significativa.
A utilização de nanotubos de carbono está sendo incorporada às QDSSCs, e
resultaram em rápidas transferências de elétrons quando utilizadas em conjunto com o
CdSe. Lee e colaboladores reportaram, em 2008, que as integrações existentes entre os
NTCs e o semicondutor de TiO2 atuavam no sentido de direcionar as cargas até o
eletrodo. Seguindo esse estudo, uma pesquisa liderada por Chen obteve um dispositivo
de eficiência 1,46% em 2010.

52
5 Principais resultados observados

5.1 Das características de funcionamento

Através das pesquisas nas três células representativas da terceira geração, foi
possível notar a utilização de materiais relativamente novos como os grafenos e os
nanotubos de carbono com o objetivo de substituir os materiais mais comuns nessas
células solares. O uso desses novos materiais trouxe como avanços: melhores níveis de
eficiência, redução do custo, melhora da resistência mecânica das células solares, além
de características estéticas como transparência e baixo peso.
As células solares orgânicas ainda possuem uma baixa eficiência, em torno de
5%, o que não as tornam viáveis para aplicações em edificações no momento. Por outro
lado, elas se apresentam como uma boa alternativa em aplicações de sistemas menores,
como na recarga de aparelhos eletrônicos, como notebooks e celulares. O potencial de
baixo custo dessas células é o maior motivador para as mais diversas pesquisas
realizadas, que possuem como objetivo as tornarem viáveis comercialmente na próxima
década.
Nas células sensibilizadas a corante, as características interessantes são aquelas
relacionadas aos sensibilizadores, tanto do tipo metálico como do tipo orgânico, onde
novos métodos de síntese e design levaram à obtenção de novas moléculas com
melhores características de absorção, resultando assim em uma elevação das eficiências,
conforme visto na Figura 32.

53
Figura 32 - Avanço no nível de eficiência das células solares sensibilizadas a corante

Aliadas ao aspecto de baixo custo e ao avanço das eficiências, as células solares


sensibilizadas a corante também possuem uma característica de operar em condições de
sombreamento e sobretemperatura, o que as configuram como um potencial substituto
das células solares de silício.
As células solares de pontos quânticos apresentam como principal vantagem a
possibilidade de controle da característica de absorção, e consequentemente dos níveis
de eficiência. Pesquisas nessa área utilizam pontos quânticos de diferentes
semicondutores, tamanhos e combinações buscando assim otimizar o controle do band
gap.
Entretanto, mesmo com o grande potencial observado, na prática ainda não
apresenta bons resultados de eficiência, sendo a mais alta encontrada de 4,92%. Logo
para que ocorra uma melhora no desempenho, possibilitando a viabilidade comercial,
ainda é necessário atender os seguintes requisitos:
(i) Design de novos pontos quânticos de diferentes materiais
semicondutores, que permitam uma melhor absorção do espectro solar;
(ii) Redução da taxa de recombinação na interface entre o anodo e o
eletrólito;
(iii) Melhorar a estabilidade do dispositivo;
(iv) Reduzir os custos de fabricação.

54
5.2 Representatividade na geração

Em termos de geração, as células solares com tecnologia consolidada, primeira e


segunda geração, aparecem em grande peso possuindo capacidade instalada mundial de
139 GW. Tendo em vista que as células tradicionais de silício da primeira geração são
atualmente as mais eficientes no mercado, essas são também as que possuem maior
destaque em termos de geração, seguidas pelas células solares de filmes finos, como é
possível notar pela Figura 33.

Figura 33 - Geração de energia por tecnologia – Fonte: PSE AG

Nota-se que a terceira geração ainda não possui uma parcela representativa na
produção de energia, isso se deve ao fato de que ainda não são disponibilizadas
comercialmente.

55
5.3 Aplicações

As células solares da nova geração possuem um potencial de aplicação muito


superior aos das tecnologias usuais, devido às suas características estéticas e de baixo
peso, o que possibilita que suas instalações sejam realizadas em praticamente qualquer
ambiente no qual ocorra incidência de radiação solar, como na represa de um rio, nas
fachadas de edifícios, carros e painéis publicitários, ou até mesmo como um carregador
de celulares e computadores.
Estudos utilizando painéis fotovoltaicos em conjunto com outras formas de
geração de energia estão sendo realizados. Como o caso da represa da Votorantim que
em conjunto com a CSEM Brasil visa à aplicação de células solares orgânicas que serão
conectadas à usina. Isso só é possível, pois esses painéis de nova tecnologia possuem
um peso muito menor que as células de silício.
Outro exemplo de aplicação dessa nova geração, é que por serem portáteis,
podem levar facilmente energia a regiões que passaram por algum tipo de desastre, ou
ainda para locais remotos sem acesso à energia elétrica.
Suas características de transparência também as tornam essenciais em aplicações
de edifícios inteligentes, podendo ser instaladas em janelas e telhados, possibilitando
assim a entrada de luz no ambiente e a geração de energia elétrica ao mesmo tempo.

5.4 Perspectiva de custo

A redução de custo dos painéis fotovoltaicos apresenta-se como um dos


principais objetivos a serem alcançados com as novas tecnologias, principalmente com a
utilização de materiais de mais baixo custo e de maior disponibilidade, aliados com
processos de fabricação aperfeiçoados e com células solares cada vez mais eficientes.
Estima-se que as células solares de terceira geração possam alcançar custos entre
US$0,20/W e US$0,50/W, o que configura uma redução de custo razoável se

56
comparável aos painéis de silício cujo custo está entre US$1,00/W e US$3,50/W.
Quando esse custo é analisado em termos de área, as diferenças de preço se tornam
ainda mais impactantes. Nas novas tecnologias, o custo por metro quadrado está em
torno de 50 dólares a 200 dólares, enquanto na primeira geração esses custos podem
chegar até 500 dólares por metro quadrado [1].
Por outro lado, a questão de custo para as tecnologias já consolidadas também
está em processo de queda, como pode ser visto na Figura 34.

Figura 34 - Redução do preço dos sistemas fotovoltaicos [60] – Fonte: BSW-Solar

Atualmente, aproximadamente 60% do custo dos sistemas fotovoltaicos estão


relacionados com o preço das células solares, enquanto o preço dos inversores constitui
10% do valor. Estima-se que em uma década os painéis corresponderão por apenas 35-
40% do total [60].
Essa queda de preço pode ser verificada por processos cada vez mais
aperfeiçoados, que permitem a utilização de menores quantidades de material
semicondutor, como pode ser visto na Figura 35.

57
450 18

Quantidade de silício utilizado


400 16
350 14

Espessura da lâmina
300 12
250 10
200 8
150 6
100 4
50 2
0 0
1990 2004 2006 2008 2010 2012 2013 2014
Ano

Figura 35 - Relação entre a espessura da lâmina da célula solar e a quantidade de silício utilizada

5.5 Perspectiva de obsoletismo

Apesar das novas tecnologias estarem sendo desenvolvidas continuamente, as


células solares de tecnologias usuais continuarão tendo espaço no mercado. Isso se deve
ao fato de que essas também possuirão queda de custo e melhoras na eficiência,
conforme é indicado na Tabela 15, onde células solares de silício possuem uma
perspectiva de melhora na eficiência de quase 100% nas próximas 4 décadas.

Tabela 15 – Desenvolvimento das tecnologias fotovoltaicas típicas e orgânicas – Extraído de [58]

Tecnologia 2010 2020 2030 2040 2050

Tempo de vida médio para sistemas fotovoltaicos


25 30 35 35 40
típicos (anos)

Tempo de vida médio para sistemas orgânicos


5 10 15 15 20
(anos)

Eficiência para sistemas fotovoltaicos típicos (%) 20 23 25 25 40

Eficiência para sistemas orgânicos (%) 5 8 10 10 25

Pode-se dizer então que a representatividade das células de primeira e segunda


geração irá diminuir, mas estão longe de se tornarem obsoletas.

58
6 Conclusão

O presente trabalho teve como primeira abordagem uma revisão bibliográfica dos
aspectos de estado da arte das células solares com tecnologia consolidada, expondo as
suas aplicações e representatividade no cenário do mercado fotovoltaico.
A segunda abordagem foi uma divulgação das novas pesquisas em
desenvolvimento para a terceira geração de células fotovoltaicas, focando
principalmente nos estudos acerca de novos materiais e aprimoramento dos existentes.
Notou-se que as pesquisas em busca de melhores níveis de eficiência e estabilidade
concentraram-se na procura de novos materiais que, além de possuir características
ópticas e de estabilidade promissoras, pudessem também ter custos cada vez menores,
maior disponibilidade e baixa toxidade. Destacam-se nesse sentido materiais
nanométricos, como os pontos quânticos e os nanotubos de carbono que aliados a outros
materiais conseguiram melhorar as perdas elétricas nas células fotovoltaicas atingindo
maiores níveis de eficiência.
As primeiras células representativas da terceira geração abordadas, as células
orgânicas, podem vir a substituir as células de silício em um futuro próximo, pois
possuem um potencial de fabricação muito mais simples que as células de primeira
geração, tornando-as consequentemente mais baratas. As pesquisas com grande
potencial envolvem a utilização do grafeno em diversos componentes dessas células. Se
utilizados com nanotubos de carbono, foram reportados melhores resultados na
condutividade acompanhados de uma perda na transparência das células orgânicas.
As células solares sensibilizadas a corante aparecem como pioneiras em eficiência e
estabilidade da terceira geração, possuindo atualmente a melhor capacidade de substituir
as células de silício. As pesquisas mais recentes que visaram principalmente à melhora
de desempenho e redução de custo obtiveram resultados favoráveis, levando às
melhores taxas de eficiência dessa geração.
A terceira célula representativa da terceira geração, de pontos quânticos, apresenta
um potencial de eficiência mais elevado que as de corante, porém atualmente os níveis
de eficiência alcançados ainda estão baixos. Por outro lado, estudos intensos já

59
verificam a possibilidade de redução de perdas dessas aliadas com uma redução no
custo.
A complexidade do trabalho residiu no grande número de materiais novos que estão
em processo de desenvolvimento e na seleção dos resultados alcançados em termos
práticos para a Engenharia Elétrica. Tendo em vista essas dificuldades, foi necessário o
desenvolvimento da capacidade de pesquisa do aluno através da análise de inúmeras
fontes e na escolha dos resultados mais relevantes, o que configura o aperfeiçoamento
dessa competência tão importante para a vida acadêmica e profissional.
O intuito do presente trabalho, que teve como objetivo fornecer uma revisão
bibliográfica das células solares, juntamente com o fornecimento de informações sobre
o que há de mais novo em termos de pesquisas na área de materiais da terceira geração,
foi cumprido.
Através do presente trabalho concluiu-se que extensas pesquisas na área de
fotovoltaica estão sendo realizadas em sua grande parte com resultados positivos.
Entretanto apesar de alguns deles ainda não serem satisfatórios em termos de eficiência,
o intuito é de que em um futuro não tão distante seja possível a utilização da energia
solar de forma mais eficiente e acessível. Possibilitando assim, a sua expansão em
termos econômicos e sociais e de forma a não agredir o meio ambiente.
A continuidade desse trabalho é constante devido ao grande número de
pesquisas no setor de fotovoltaicas. Novos materiais e novas composições podem ser
obtidos em pequenos intervalos de tempo. Dessa forma, é importante uma atualização
periódica sobre a divulgação de resultados desses novos estudos. Além disso,
tecnologias voltadas para o aperfeiçoamento das células, como células concentradas,
rastreamento solar, hot carriers, entre outros, são um acréscimo ao que foi exposto no
trabalho.
Como complemento às células solares, uma pesquisa direcionada às novas
tecnologias para o sistema fotovoltaico como um todo (bancos de baterias, inversores)
também pode ser feita.

60
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