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CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

COMPLEXO RELIGIOSO CATÓLICO

Autor: BALTAZAR BORGES DOS REIS JÚNIOR


Orientadoras: Profª. (Esp): ANA ISABELA SOARES MARTINS
Profª. (Ma): ANA PAULA CAMPOS GURGEL

Brasília - DF
2015
BALTAZAR BORGES DOS REIS JÚNIOR

COMPLEXO RELIGIOSO CATÓLICO

Trabalho final de curso de graduação em


Arquitetura e Urbanismo da UNIPLAN - Centro
Universitário Planalto do Distrito Federal, como
requisito parcial para obtenção dos créditos na
disciplina Trabalho Final de Graduação.

Orientadoras:
Profª. (Esp): ANA ISABELA SOARESMARTINS
Profª. (Ma): ANA PAULA CAMPOS GURGEL

Brasília - DF
2015
BALTAZAR BORGES DOS REIS JÚNIOR

COMPLEXO RELIGIOSO CATÓLICO

Monografia submetida à Banca Examinadora do Centro Universitário Planalto do


Distrito Federal / Arquitetura e Urbanismo, abaixo identificada:

____________________________
Professor (a) – orientador (a)

____________________________
Professor (a) – orientador (a)

____________________________
Professor (a) – convidado (a)

____________________________
Arquiteto (a) convidado (a)

Brasília– DF
2015
RESUMO

O complexo religioso católico é uma estrutura composta pelo templo, centro de


evangelização e casa paroquial como item opcional. O edifício igreja, sendo o
espaço sagrado do complexo religioso apresenta diversas peculiaridades a serem
observadas em seu projeto, sendo a mais importante delas a adequação litúrgica. O
edifício centro de evangelização é o local destinado a acomodar atividades extra
templo, agregando as propostas de trabalho de todas as pastorais atuantes em uma
paróquia. Ao contrário dos outros dois edifícios que destinam-se ao uso público, a
casa paroquial é um edifício de uso privativo dos religiosos responsáveis pelo
complexo. Desse modo o complexo religioso a ser projetado precisa estar embasado
em sólidos conhecimentos a respeito das práticas religiosas católicas que serão
desenvolvidas em suas diferentes modalidades nas três edificações ora propostas. A
proposta será para a região do Jóquei, no Guará-DF.

Palavras chaves: Igreja; Espaço Sagrado; Centro de Evangelização; Casa


Paroquial.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – População / opção religiosa – DF – 2010 29
Gráfico 02 – Características religiosas da população do Guará – DF – 2014 29

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Número de fiéis em três paróquias da RA do Guará – DF 30
Tabela 2 – Quadro Comparativo dos Programas de Necessidades 77
Tabela 3 - Tabela de áreas mínimas do setor de culto 80
Tabela 4 - Tabela de áreas mínimas do setor de convivência 81
Tabela 5 - Tabela de áreas mínimas do setor de evangelização 82
Tabela 6 - Tabela de áreas mínimas do setor casa paroquial 83

LISTA DE MAPAS
Mapa 01 – Mapa de Uso de Solo 35
Mapa 02 – Mapa de Equipamentos Urbanos 43
Mapa 03 – Mapa Viário 37
Mapa 04 – Mapa de Gabarito 39
Mapa 05 – Mapa Bioclimático 41
Mapa 06 – Mapa Topográfico 45

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES


BRT – Bus Rapid Transit
CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
CODEPLAN – Companhia de Planejamento do Distrito Federal
EPTG – Estrada Parque Taguantinga
EPVL – Estrada Parque Vale
EUA – Estados Unidos da América
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas
NOVACAP – Companhia Urbanizadora da Nova Capital
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
PDAD – Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios
PVC - Policloreto de Polivinila
QE – Quadra Externa
RA-X – Região Administrativa Dez
SBC – Sociedade Brasileira de Canonistas
SHIS – Secretaria de Habitação e Interesse Social
SMPW – Setor de Mansões Park Way
SQB – Super Quadra Brasília
SRIA – Setor Residencial Indústria e Abastecimento
TERRACAP – Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal
LISTA DE FIGURAS
Imagem 1 – Exemplo de centro de evangelização verticalizado com capacidade para mil pessoas 25
Imagem 2 – Vista da frente do terreno 32
Imagem 3 – Vista da frente do terreno 32
Imagem 4 – Mapa fotográfico do tereno 32
Imagem 5 – Vista de dentro do terreno 33
Imagem 6 – Vista lateral esquerda do terreno 33
Imagem 7 – Vista lateral esquerda do terreno 33
Imagem 8 – Vista canto esquerdo do terreno 33
Imagem 9 – Vista lateral esquerda do terreno 33
Imagem 10 – Vista lateral esquerda do terreno 33
Imagem 11 – Vista externa da Paróquia São Paulo Apóstolo 47
Imagem 12 – Plano de massa Paróquia São Paulo Apóstolo 48
magem 13 – Planta Esquemática da Sonorização da Igreja Paróquia São Paulo Apóstolo 50
magem 14 – Interior da Igreja Paróquia São Paulo Apóstolo 51
Imagem 15 – Interior do Plenário da Paróquia São Paulo Apóstolo 52
Imagem 16 – Sala de Música da Paróquia São Paulo Apóstolo 52
Imagem 17 – Sala de Catequese da Paróquia São Paulo Apóstolo 53
Imagem 18 – Salão Paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo localizada no Guará I 54
Imagem 19 – Acesso a Cozinha do Salão Paroquial da Paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo 54
Imagem 20 – Vista Lateral Esquerda da Paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo 55
Imagem 21 – Interior da capela do santíssimo da Paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo 56
Imagem 22 – Corredor e escada do centro de evangelização 56
Imagem 23 – Acesso Lateral da Igreja e do Salão Paroquial 57
Imagem 24 – Presbitério da Paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo 57
Imagem 25 – Corredor de acesso igreja a casa paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo 58
Imagem 26 – Acessos do centro de evangelização a casa paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo 59
Imagem 27 – Vista Externa Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe 60
Imagem 28 – Plano de massa da Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe 61
Imagem 29 – Planta Esquemática da Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe 62
Imagem 30 – Nave da Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe 63
Imagem 31 – Coro da Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe 64
Imagem 32 – Presbitério Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe 64
Imagem 33 – Nave Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe 65
Imagem 34 – Presbitério Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe 65
Imagem 35 – Vitrais trabalhados da Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe 66
Imagem 36 – Elevador do Presbitério da Basílica Mary, Queen of the Universe 66
Imagem 37 – Atrium e Batistério Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe 67
Imagem 38 – Vista da entrada principal da Catedral de Brasília – DF 68
Imagem 39 – Croqui da Nave da Catedral de Brasília – DF 69
Imagem 40 – Croqui da Nave 69
Imagem 41 – Croqui da Capela da Catedral de Brasília – DF 70
Imagem 42 – Vista do acesso principal da Catedral de Brasília – DF 70
Imagem 43 – Nave da Catedral de Brasília – DF 71
Imagem 44 – Nave da Catedral de Brasília – DF 72
Imagem 45 – Batistério da Catedral de Brasília – DF 73
Imagem 46 – Vista do acesso principal e batistério (à esquerda) da Catedral de Brasília – DF 73
Imagem 47 – Acesso de veículos da Catedral de Brasília – DF 74
Imagem 48 – Acesso para batistério da Catedral de Brasília – DF 74
Imagem 50 – Presbitério da Catedral de Brasília – DF 75
Imagem 51 –Organograma 84
Imagem 52 – Fluxograma 85
Imagem 53 – Setorização 89
Imagem 54 – Chapelle de Notre-Dame em Ronchamp na França 90
Imagem 55 – Primeiro Croqui Setor Culto 90
Imagem 56 – Vista Setor de Evangelização 91
Imagem 57 – Vista Setor Casa Paroquial 91
Imagem 58 – Vista Setor de Culto 92
Imagem 59 – Vista do Setor de Culto 92
Imagem 60 – Vista Estacionamento 94
Imagem 61 – Vista Estacionamento e Acesso Principal do Templo 94
Imagem 62 – Vista Lateral Direita Templo e Centro de Evangelização 95
1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho destina-se a conclusão da graduação no curso de


Arquitetura e Urbanismo, da faculdade UNIPLAN, apresentando o tema “Complexo
Religioso Católico”, no qual será realizada a elaboração de um anteprojeto de
arquitetura de um complexo religioso, sobre a implementação do estilo arquitetônico
contemporâneo nas construções dos templos católicos, sem deixar de lado as raízes
que identificam a prática do catolicismo e que são preservadas por meio do
regramento litúrgico.
Para tanto, o referencial teórico destinar-se-á ao conhecimento dos conceitos
básicos a respeito do tema, tais como a definição do espaço sagrado. Também será
apresentado os conceitos de santuário, catedral, basílica, igreja e capela, formando,
desse modo, o entendimento da função de cada um desses espaços. Serão
abordados o centro de evangelização e a casa paroquial, que são os prédios
adjacentes ao espaço sagrado e que se destinam as demais atividades da
comunidade cristã católica que vão além do culto, trazendo também estudos de
casos de outros complexos católicos, que servirão de subsídio para a proposta
sugerida.
Serão apresentados os dados preliminares do projeto, apresentando uma
cuidadosa análise sobre a área de ocupação da instalação do novo complexo
católico, onde serão analisados aspectos como: quantidade de habitantes e
percentual de católicos da área proposta, características econômicas e culturais da
comunidade escolhida, características do terreno, dentre outros. Por fim, será
estabelecido a proposta, o programa de necessidades, organograma e fluxograma a
serem implementados segundo os parâmetros sugeridos pelo autor.

8  
 
1.1 JUSTIFICATIVA

O tema Complexo Religioso Católico foi escolhido, de modo precípuo, em


virtude da constatação, segundo Woods Jr (2008), de que a arte religiosa, que
contribuiu tão poderosamente para configurar a vida artística do ocidente, apoia-se
em princípios teológicos cristãos. (WOODS. 2008, p. 112). Ademais, quando se olha
para o legado arquitetônico e artístico deixado pela Igreja Católica durante todos
esses anos de história, percebemos que tal afirmação não só é verdadeira, como
nos ajuda a compreender que ela contribuiu de modo significativo para a evolução
da arte e da arquitetura até os dias atuais. Há autores, como Johnson (2003), que
atestam que as “catedrais medievais da Europa são a maior realização da
humanidade em todo o panorama da arte” (JOHNSON, 2003, p.153).

Cabe ressaltar que o Brasil é um país de cultura católica desde os tempos da


colonização. Apesar do crescimento de muitos outros credos religiosos, ainda hoje a
religião católica assume um caráter predominante na opção religiosa dos brasileiro.
O número de habitantes da religião católica também é predominante no Distrito
Federal com 56,6% do total de habitantes, havendo um aumento de 22,72% de
católicos entre o ano de 2000 a 2010 conforme censo realizado em 2010 pelo IBGE
– Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010). Com esses dados, pode-se
concluir, por amostragem, que a construção de um complexo católico se faz uma
escolha adequada frente às necessidades de um novo bairro, no caso a região do
Jóquei no Guará-DF, pois a prestação de assistência religiosa é algo tão relevante
que foi elevado a categoria de direitos fundamentais pela Constituição Federal de
1988, sendo um dos serviços essenciais prestados pelas entidades religiosas com a
colaboração do Estado. No estudo em questão, foi verificado que os templos
católicos apresentados na região do Guará estão com sua capacidade máxima, não
suportando portanto, uma demanda gerada pela criação de um novo bairro. Desse
modo, a instalação de um complexo religioso numa comunidade emergente como o
novo bairro Jóquei – DF, visto que proporcionará um lugar preparado para atender a
população daquela região, além de evitar que os possíveis usuários desse complexo
tenham que se deslocar para outras paróquias.

9  
 
1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Elaborar uma proposta arquitetônica para um complexo religioso na região do


Jóquei no Guará-DF onde haja adequação da arquitetura contemporânea e a
tradição litúrgica, propondo soluções que melhor se adeque a realidade do local.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Identificar os aspectos litúrgicos necessários para identificação do templo católico;

- Estabelecer as utilidades e serviços a serem prestados pelo centro de


evangelização;

- Identificar a finalidade da casa paroquial;

- Analisar / diagnosticar características da região onde será implementado o projeto;

- Analisar os estudos de caso realizados;

- Propor soluções favoráveis para os usuários do templo, centro de evangelização e


casa paroquial observando as técnicas de conforto ambiental;

- Analisar dados socioeconômicos da RA-X – Guará-DF para melhor entender a


demanda da região;

10  
 
1.3 METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido com base na pesquisa investigativa
buscando o conhecimento necessário para o correto planejamento de um complexo
religioso, tendo em vista a funcionalidade da obra segundo a finalidade de cada um
dos edifícios do complexo, obedecendo aos princípios arquitetônicos e aos ditames
litúrgicos, no caso dos espaços sagrados. A pesquisa foi sistematizada de forma
gradativa, gerando as condições necessárias para o entendimento do tema e
obedecendo a seguinte ordem:

Revisão bibliográfica e documental, focando os seguintes temas: O


entendimento do espaço sagrado; conceito de igreja católica; conceito e
funcionamento do centro de evangelização; as pastorais e suas atividades; os
espaços do centro de evangelização e por fim, a casa paroquial.

Diagnóstico da área onde será edificado o complexo religioso, com o


levantamento de dados estatísticos sobre a população, demonstrando uma
estimativa da quantidade de habitantes que serão beneficiados pelo projeto, bem
como o perfil cultural, econômico e religiosa desses usuários. Nessa etapa também
serão apresentados os mapas de localização do terreno, topografia, usos de solo,
dentre outros. Além disso, foram realizadas pesquisas de campo para
levantamentos mais detalhados.

Na etapa dos estudos de casos, serão feitas análises em caráter de


observação não participativa, onde serão analisadas três edificações religiosas
católicas, tomando como parâmetros a utilização e obediência dos aspectos
litúrgicos; a funcionalidade dos edifícios levantando os pontos positivos e negativos,
observando fatores como: programa de necessidades, estilo arquitetônico, conforto
ambiental, material utilizado e acessos.

Conclusão com a avaliação dos resultados obtidos e a proposta para o projeto


de um complexo religioso segundo os padrões litúrgicos e as necessidades
intrínsecas da comunidade católica, levando em conta as inúmeras atividades que
serão executadas nesse complexo.

11  
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O ESPAÇO SAGRADO E A IGREJA CATÓLICA

2.1.1 O Espaço Sagrado

O espaço é um assunto que assume especial relevância na proposta do tema


a ser abordado neste trabalho uma vez que a arquitetura se foca no espaço. O
espaço humano, que é aquele que o homem cria para si, transita e habita, faz parte
da evolução humana desde as primeiras cavernas até as mais complexas estruturas
encontradas na arquitetura atual, de modo que não existe o homem sem o espaço
humano. Tal espaço, assim como a construção dele em si, surge carregado de um
significado que dá sentido a sua existência e orienta sua utilização.
A compreensão do sentido do espaço, bem como sua essência, foi objeto de
contemplação de vários filósofos com reflexos diretos na arquitetura. Na tentativa de
interpretar o universo e captar a percepção do homem, os grandes pensadores
concluíram que há uma estreita relação entre o homem e o espaço. Corroborando
essa ideia, Hoffe (2005) diz que "o espaço é uma intuição necessária a qualquer
reflexão sobre o mundo, sendo um pressuposto imprescindível à percepção de
qualquer fenômeno." (KANT, 1954, p. 05). Na mesma esteira, o filósofo alemão
Martin Heidegger (1997), afirma que a essência do homem está no seu habitar
(HEIDEGGER, 1997 p.08), dando a clareza de que é impossível imaginar o ser
humano ou uma determinada cultura sem associá-lo a um espaço específico.
Neste contexto e, tendo por ponto de partida a essência do que é espaço,
inicia-se a reflexão sobre o espaço sagrado, revelando-o como uma unidade dotada
de significado próprio e que tem apresentado uma expressiva mudança ao longo dos
tempos. Segundo Mourão (2013),

O espaço sagrado representa uma dimensão essencial não só do


fenômeno religioso, mas também do fenômeno humano como tal, de
forma que ao acompanharmos a trajetória do homem sempre
encontramos nas mais diversas manifestações este espaço ao qual
se dá uma importância superior e significativa. (MOURÃO, 2013, p.
15)
12  
 
Segundo Mourão (2013), um conceito objetivo de espaço sagrado, entende-
se como:
[...] aquele diretamente direcionado a uma religião, sendo assim, um
lugar que pode ser construído para o divino, mediante o ponto de
vista e reflexão sobre o cosmo desta religião com o intuito de abrigá-
lo, ou, um local em que um culto acontece, durante a permanência
deste acontecimento, isto é, enquanto o sagrado está presente
naquele local, ou ainda, um lugar específico onde algo sagrado se
manifestou, ou se manifesta (MOURÃO, 2013, p. 12).

Tal conceito parece simplificar a noção de espaço sagrado que é, por si só,
carregada de simbologia e discussões doutrinárias, porém, parece o mais adequado
a levar o homem moderno a um entendimento técnico sobre o assunto,
desvinculando-o da ingerência religiosa. É fato que para o homem moderno a
assimilação desse conceito assume contornos diferentes que para o homo
religiosus. Isso se dá não em virtude de uma irracionalidade do conceito do sagrado,
mas porque, para o homem moderno, mergulhado na razão de bases técnicas, é
difícil compreender as bases metafísicas onde nasce o conhecimento do homo
religiosus (MOURÃO, 2013, p.13).
Com essa noção do espaço sagrado pode-se entender o processo de
construção desses lugares, lembrando que o que o torna sacro não é sua
localização, mas o que se constrói naquele local. Na busca pelo sagrado, o homem
despendeu grandes esforços ao longo da sua história, buscando fazer desses
espaços algo grandioso e suntuoso, digno de acolher a divindade. Como resultado
desses esforços, temos um importante legado arquitetônico, a nível de estética e
traços culturais e econômicos, refletindo a realidade de cada sociedade e o modo
como se relacionaram com o sagrado. Nesse ponto, tem-se condições de começar a
compreender o sentido da arquitetura religiosa e ir delimitando seus contornos, pois
ela é um dos exemplos mais significativos de como a estrutura pode influenciar a
experiência do indivíduo, por meio das relações desenvolvidas com o espaço e o
seu mundo interior.
A arquitetura religiosa é aquela que irá se voltar, de modo mais específico,
sobre as edificações de funções sagradas. Segundo Shramm (2005, p.19), a
arquitetura religiosa consiste na interpretação, através das formas construídas pelos
arquitetos, dos significados metafísicos, atemporais, eternos e espirituais, atribuídos

13  
 
pelo homem a sua existência. Ela está inserida dentro das diferentes classificações
do produto arquitetônico e destina-se a mergulhar mais profundamente nos diversos
estilos e conceitos utilizados ao longo da evolução das edificações sagradas. Tais
edificações, como visto acima, surgiram para possibilitar ao homem um lugar onde
pudesse se comunicar e relacionar com o divino, por meio de orações, oferendas e
rituais, fazendo com que ele estivesse próximo do mistério sagrado. Num primeiro
momento, esses lugares se concentravam na natureza, identificados numa árvore,
numa montanha, surgindo aos poucos as edificações em torno desses elementos,
que ao longo do tempo foram ganhando mais complexidade e uma simbologia sacra
que evidenciava a presença do divino. Conforme nos ensina Illarze (2013), “os
espaços sagrados tem então a característica de serem lugares de encontro entre o
homem e o divino nas suas mais diferentes formas”. Para o estudioso em
arquitetura, torna-se impossível estudar arte sacra sem citar a arquitetura religiosa,
que tem sua forte expressão na igrejas, sendo que alguma delas são, até hoje,
monumentos históricos amplamente visitados e admirados.

2.1.2 Igreja Católica, Catedral, Basílica, Santuário e Paróquia

2.1.2.1 Igreja Católica

A definição do que é Igreja Católica trará a clareza necessária ao projeto, pois


faz-se necessário conhecer suas origens e a sua função nos tempos atuais. Assim,
nos ensinamentos de Sharamm (2005), “A Igreja católica é entendida como o local
consagrado à reunião da comunidade a fim de celebrar com seu sacerdote a
comunhão com o sagrado”. Nessa perspectiva, a autora vai introduzindo o tema
demonstrando a legitimidade dos templos católicos para expressar as ideias das
sociedades onde nasceram e se desenvolveram. Prossegue falando das igrejas
primitivas, passando pelas bizantinas, românicas, góticas, renascentistas, barrocas,
chegando até o movimento de modernização, que trouxe profundas modificações na
arquitetura sacra contemporânea.1 Entender esse contexto histórico é mergulhar nas
raízes e essência da proposta da construção da igreja católica, compreendendo que
cada estilo traz uma ideia independente.

                                                                                                                       
1
 O  assunto  não  será  aprofundado  devido  ao  fato  de  não  ser  este  o  foco  do  trabalho  em  questão.  
14  
 
Visto o conceito analítico, Sharamm (2005) irá apresentar um conceito mais
prático e inserido na organização administrativa da igreja católica, dizendo que a
igreja é um templo católico, normalmente, com qualidade de Paróquia, onde o
Vigário e/ou Pároco, exercendo sua autoridade religiosa, confirma e repassa as
instruções episcopais aos religiosos ou fiéis que estão sob sua jurisdição
eclesiástica. Esse conceito é importante, pois nos remete a distinção dos diversos
tipos de edificações católicas.

2.1.2.2 Catedral

Dentro do universo das edificações católicas, uma estrutura, além das


basílicas, que está presente desde os primórdios da arquitetura sacra católica é a
catedral. “O nome catedral vem de cátedra, a cadeira do bispo como símbolo de seu
magistério.” (SCHUBERT, 1988, p.1). Segundo o autor, é na catedral que se
realizam as cerimônias executadas pelo bispo, as funções pontifícias: ordenação
dos sacerdotes, sagração dos Santos Óleos, da Crisma, dentre outros. É o local
para solenidades especiais, reunindo um grande número de fiéis e suas autoridades
respectivas. Tal conceito identifica as catedrais como núcleos de celebrações de
maior relevância dentro da liturgia católica, indo além das celebrações ordinárias
vividas nas comunidades eclesiais. É a principal igreja de uma diocese, tendo
sempre um bispo associado a ela.

Visto sua destinação e importância, cabe ressaltar sua relevância para a


arquitetura, pois foram valiosos instrumentos para a prática da arquitetura e das
artes em geral, com construções que até os dias de hoje são amplamente
admiradas, como o caso da Catedral de Notre Dame em Paris e a Catedral Sagrada
Família de Barcelona.

2.1.2.3 Basílica

Continuando a identificação dos templos católicos temos a Basílica, sendo


uma estrutura que acompanha as edificações católicas desde as igrejas primitivas.
Segundo Rodrigues (2014), a basílica tem origem em uma edificação civil romana
que servia para serviços como tribunais e comércio. Mais tarde, após o culto cristão
ser liberado, os cristãos usaram esses locais para se reunir. As primeiras igrejas
erguidas pelos cristãos herdaram o nome de basílica e seguiram esse conceito

15  
 
arquitetônico. Segundo Zevi (2009) ”a igreja não é um edifício misterioso que guarda
o simulacro de um deus; em certo sentido, tampouco é a casa de Deus, mas o lugar
de reunião, de comunhão e de oração dos Fiéis”. (ZEVI, 2009, p. 71). E mais
especificadamente sobre a basílica, ele continua dizendo que “É lógico que os
cristãos se inspiraram na basílica mais do que do templo romano, pois ela havia
construído o tema social do mundo arquitetônico anterior.”(ZEVI, 2009, p. 71) . As
belíssimas basílicas edificadas nos primórdios do cristianismo ainda hoje podem ser
admiradas por sua imponência e arte construtiva.

2.1.2.4 Santuário

Também com status de templo de alta relevância temos o santuário. Nos


dizeres de Morais (2014),

O santuário é um lugar sagrado, que possui forte característica de


piedade e que se torna para a vida da comunidade uma fonte de
peregrinação e de santificação. Pode possuir uma relíquia de algum
santo ou pode ser consagrado a uma devoção particular. (MORAIS
2014, p. )
Este conceito nos mostra uma condição mais sublime do santuário em face
das outras categorias dos templos católicos, visto que há neles um sentimento
devocional mais evidenciado.

2.1.2.5 Paróquia

Por fim, temos a paróquia, que pode ser entendida como a igreja setorial
contida em cada bairro e que será o objeto do projeto proposto. Segundo o site da
SBC - Sociedade Brasileira de Canonistas, “paróquia é uma extensão geográfica,
sob os cuidados de um pároco, com o auxílio dos vigários, diáconos, religiosos e
leigos”. Deste conceito, afere-se que a paróquia não é necessariamente um espaço
físico, mas uma espécie de jurisdição eclesiástica, onde o pároco vai exercer sua
autoridade de pastor e dirigir os trabalhos de uma determinada comunidade. No
direito canônico, a paróquia está determinada como uma pessoa jurídica. Do ponto
de vista prático, a Paróquia é a igreja que irá congregar a comunidade e seus
trabalhos. Compreendendo tais conceitos e acreditando que os projetos de edifícios
religiosos católicos devem satisfazer às normas litúrgicas, cabe uma breve análise
do tema liturgia e suas implicações na arquitetura sacra.

16  
 
2.2 A LITURGIA

2.2.1 O que é Liturgia

O conceito de liturgia tem um sentido complexo e apresenta uma gama de


usos diferentes, conforme a área a ser trabalhada. Sua origem etimológica, segundo
Pastro (1999), vem do grego e quer dizer “Leit –laos=povo; ergon – ergazomai= agir,
operar, ação para o povo, serviço público. No uso religioso-cultural, segundo o
autor, significa serviço de culto devido a Deus. Nos seus ensinamentos, o autor diz
ainda que “a liturgia realiza e manifesta a Igreja. Ela exprime o culto da igreja,
continuação do culto de Cristo”. (PASTRO, 1999, p. 34) Já num significado mais
próximo ao jurídico, a liturgia pode ser entendida como a soma das normas com as
quais a autoridade eclesial regula a celebração do culto. Segundo Pastro (1999),
dentro da mística católica, é a ação de um povo, reunido na fé, em comunhão com
toda a Igreja, para celebrar o Mistério Pascal – Morte e Ressurreição de Cristo,
presente na assembleia, oferecendo-se ao Pai como culto perfeito.

2.2.2 Elementos que Compõem o Espaço Litúrgico

Com base nas normas implementadas pelo Concílio Vaticano II e demais


documentos litúrgicos, Pastro (1999) lista as partes que devem compor o edifício
igreja para que atenda os preceitos litúrgicos de modo a preservar a tradição e a
identidade da doutrina católica. O primeiro elemento apresentado pelo autor é o
“Santuário”. Segundo (PASTRO, 1999, p. 35):

[...] é o lugar mais importante de todo o espaço celebrativo [...] deve


ser amplo para a ação litúrgica, que é rica em movimentos e gestos,
além de servir para ocasiões de maior fluxo como nas cerimônias de
Páscoa, ordenação sacerdotal, exéquias, matrimônios...

Trata-se de um espaço circunscrito ao centro não físico da igreja, que será


composto pelo altar, sédia, ambão e cruz processional, sendo as três primeiras as
peças fundamentais e sacramentais do santuário2. Deve ser um espaço visível a
todos, com pelo menos um degrau a mais em relação ao espaço da igreja. O autor
segue explicando os elementos do santuário evidenciando seu significado litúrgico.

                                                                                                                       
2
 Nesse  contexto,  santuário  é  o  mesmo  que  presbitério.  Sédia  é  a  cadeira  de  quem  preside  a  celebração.  E  o  
Ambão   é   o   lugar   de   onde   se   proclama   e   anuncia   a   Palavra   de   Deus;   provém   da   palavra   grega   onfalos,   que  
significa   umbigo,   pois,   segundo   a   tradição,   é   daí   que   provém   a   Palavra   de   Deus   que   nutre   os   fieis.   (PASTRO,  
Cláudio,  1999)  
17  
 
Segundo Pastro, “o altar é Cristo, centro de todo o edifício... o centro e coração do
corpo místico... é o lugar onde se celebra o mistério pascal”. A sédia ou cátedra é o
lugar da Ethymasis, isto é, “Cadeira daquele que vem e preside a celebração, o
Cristo”. É o lugar do presidente da celebração, ou seja, o padre ou bispo. O ambão é
o lugar do anúncio e a cruz processional é aquela que deve ficar junto do altar, na
frente ou atrás. Significa o “sinal de vitória, como um estandarte, vai à frente da
procissão e indica-nos que é o Cristo morto e ressuscitado quem dirige toda a ação
naquele lugar e naquela comunidade durante a semana.” (PASTRO, 1999, p. 68 e
69). Como uma extensão do santuário deve estar a sacristia, um espaço destinado a
servir como uma espécie de despensa contendo tudo o que é necessário para as
celebrações. Pastro ensina que,

o ideal é ter duas sacristias (a grande sacristia e a sacristia de


apoio). A grande sacristia, localizada próxima ao santuário ou em
outro local, e a sacristia de apoio, menor, onde se encontra somente
o necessário para a missa diária. (PASTRO, 1999, p. 69)

A nave é outro espaço que deve estar bem determinado no edifício igreja.
Trata-se do espaço reservado a assembleia que representa o corpo místico do
Senhor. Segundo Pastro,

[...] sua importância está garantida pela funcionalidade, o bom fluxo


durante as celebrações, uma boa comodidade, lugar de respeito e
silêncio, totalmente voltado para ou envolvendo o santuário.
(PASTRO, 1999, p. 69).

O atrium é um espaço de transição interno, compondo-se de um espaço vazio


onde as pessoas podem se reunir antes ou depois da celebração. No sentido
litúrgico, “é o espaço para a festa do encontro, para o silêncio profundo da
preparação, do sinal-da-cruz, da água benta, ou seja, do lavar-se para entrar no
espaço do outro onde se é convidado.” (PASTRO, 1999, p. 72). Segundo Pastro
1999, campanário ou torre é o sinal mais alto de identificação de um edifício-igreja
cristão. De origem oriental foi amplamente difundido nas construções cristãs a partir
do século VI. (PASTRO, 1999, p. 73)

Outro lugar de relevante significado dentro da liturgia é o batistério. Pastro


(1999) ensina que “é o lugar do novo nascimento, porta de entrada para se fazer
parte do Corpo Místico.” Trata-se de uma pia que deve conter água para a
realização do sacramento do batismo. Pode estar localizada na entrada da igreja,
18  
 
sendo a própria pia de água benta, como também pode estar numa capela ao lado
da assembleia ou próxima ao altar, mas nunca no santuário3.

Capela do Santíssimo é a capela destinada a guardar as reservas


eucarísticas, ou seja, as partículas consagradas que serão utilizadas nas missas,
sendo também utilizada como um lugar de adoração e oração pessoal. Caso não
seja possível a previsão desse espaço, será necessário fazer uso do tabernáculo
junto ao santuário, no lado oposto ao ambão.

Capela da reconciliação é o lugar do confessionário, onde os fieis vão ao


encontro do sacerdote para receber o sacramento da reconciliação, por meio da
confissão dos pecados e a absolvição. Pastro diz que “seria bom prever um local
discreto, claro, alegre, onde seja bem notada por um sinal externo.”(PASTRO, 1999,
p.76)

Capela da Mãe de Deus ou um espaço, próximo ao santuário, destinado a


veneração da imagem da Mãe de Deus, pois, dentro da doutrina católica, essa
imagem faz memória do mistério da encarnação que culminou na redenção, sendo
Maria importante instrumento dentro da trajetória de Cristo e da Igreja. Também é
importante prever um lugar para o coro que deve estar completamente voltado ao
serviço da liturgia. Deve ser um lugar discreto, sem nunca invadir o santuário,
devendo estar tecnicamente preparado para a produção da música sacra que serão
tocadas em todas as celebrações.

Por fim, na estrutura da edificação da igreja deve contar com uma secretaria
que servirá para o gerenciamento das atividades da igreja. Deve estar um local
prático e visível, de fácil acesso, mantendo uma separação física com a nave por ser
um local de atendimento ao público em geral.

2.3 O CENTRO DE EVANGELIZAÇÃO

2.3.1 O Que é o Centro de Evangelização

A segunda parte do complexo religioso é o centro de evangelização.


Enquanto o edifício igreja comporta as atividades de cunho sagrado da comunidade,
o centro de evangelização será um local destinado as outras atividades extra culto.
                                                                                                                       
3
 Nesse  contexto,  santuário  é  o  mesmo  que  presbitério.  
19  
 
Conforme textos da Comunidade Católica Shalom, que possui centros de
evangelização em quase todo Brasil, o centro de evangelização é uma estrutura
física onde a comunidade desenvolve grande parte de suas atividades apostólicas. É
um espaço reservado para atender toda comunidade, realizando a formação dos
leigos, a catequese, as ações comunitárias, dando suporte para as mais diversas
ações pastorais.

Como visto, é um local de grande relevância para as comunidades, pois nele


será fomentada a dinâmica da vida pastoral que impulsiona um dos primeiros
objetivos da igreja católica, que é o anúncio do evangelho de Cristo ao mundo.
Desse modo, a atividade de uma comunidade católica não se destina a um fim em si
mesmo, mas pretende ultrapassar os muros e inserir-se na alma da sociedade,
levando não só o auxílio espiritual, mas também o material, por meio de suas ações
sociais. Contudo, segundo Estima (2007), apesar de sua importância, o centro de
evangelização é um espaço que tem merecido pouca atenção por parte dos
arquitetos e das igrejas católicas, que poderiam otimizar esses espaços oferendo a
comunidade um ambiente agradável e eficiente para o fim a que se destina. Em
acertada crítica sobre a falta de metodologia utilizada nas edificações de cunho
religioso e edifícios adjacentes, diz que:

A autoria dos edifícios deixou de ser da responsabilidade do


arquiteto, verificando-se que, numa elevada percentagem dos casos,
o seu autor, ou é o engenheiro civil, ou o desenhador técnico, ou o
próprio construtor civil. Qualquer técnico passou a estar habilitado a
“desenhar” tais edifícios, mesmo sem formação acadêmica, ou
conhecimentos específicos de liturgia. Os poucos arquitetos que têm
atuado neste domínio são arquitetos sem especialização, que não
fazem distinção entre um espaço de celebração e um espaço de
diversão, (ESTIMA, 2007,p. 153-167).

Diante desse panorama geral e ciente da necessidade de elaboração de um


projeto mais técnico e planejado para os centros de evangelização, o arquiteto Faust
(2014) enfrenta o tema e relembra a necessidade e os benefícios da presença do
arquiteto no planejamento de qualquer tipo de edificação, tendo por objetivo
melhorar a qualidade de vida da sociedade em que se aplica.

No século XIX, durante a revolução industrial na Europa, o projeto


arquitetônico foi fator decisivo para uma transformação nas vidas dos
operários, estes viviam em espaços insalubres com poucas áreas de
lazer e espaços de convívio. Tal planejamento não muda a realidade

20  
 
socioeconômica de cada bairro/indivíduo, mas nos dá condições em
elevar a qualidade de vida destes, (FAUST, 2014, p. 32)

Fica demonstrado a necessidade de uma releitura das instalações do centro


de evangelização. Para tanto, faz-se necessário conhecer a dinâmica das atividades
que são realizadas ao mesmo tempo nesse local, pois cada grupo, chamado de
pastorais, como se verá adiante, trabalha de modo distinto e apresentam
necessidades peculiares as suas atividades. Imagine um lugar onde um grupo que
saiu da catequese e se encontra com outro que ensaiava para tocar nas missas para
planejar uma ação pastoral de rua. No mesmo local encontram-se grupos que estão
utilizando a biblioteca para estudar sobre a doutrina e preparar formação, assim
como em outro ambiente do centro temos pessoas em atividades de entretenimento
assistindo filmes sobre a vida dos seus santos favoritos. Enfim, percebe-se a
complexidade das atividades desenvolvidas nos centros de evangelização, o que
leva a uma estrutura também complexa, que deve ser bem planejada, de modo a
otimizar os espaços que precisam coexistir com harmonia e complementariedade.
Analisando tal demanda, Faust faz uma comparação interessante dizendo que

Ao contrário de um shopping que cria a estrutura para gerar


demanda, as nossas comunidades já possuem tal demanda que
clamam direta e indiretamente pela infraestrutura. Muitas vezes por
falta de alguém que plante esta semente opta-se pelo típico salão de
festas, esquecendo-se da gama de usos disponíveis, (FAUST, 2014,
p.34).

Após uma breve análise sobre o tema e fechando sua visão sobre o centro de
evangelização, Faust sugere tratar esse espaço como um complexo de cultura
cristã, tornando-se local adequado não só para o estudo, aprendizagem e
concretização dos preceitos da doutrina católica, mas também que seja um espaço
de encontro da comunidade, de modo que possam simplesmente se encontrar e
conversar, como via-se na prática antiga de ir a praça da igreja estendendo o
convívio dos fiéis além culto.

Ante o exposto, segue-se uma análise sobre as pastorais, pois o


entendimento dessas organizações é algo fundamental no que tange ao projeto do
centro de evangelização, pois só com o correto entendimento de suas atividades
será possível planejar um espaço adequado e preciso segundo suas necessidades.
Cumpre lembrar que os conceitos que se seguem são eminentemente utilizados

21  
 
pela igreja católica, por isso, a linguagem e as definições apresentarão cunho
religioso próprio da metodologia utilizada na igreja católica.

2.3.2 As Pastorais

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, órgão representante da


igreja católica no Brasil traz um primeiro conceito de pastoral, esclarecendo sua
origem e objetivo.

[...] a pastoral é a ação da Igreja Católica no mundo ou o conjunto de


atividades pelas quais a Igreja realiza sua missão, à luz da
evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham
vida, rumo ao Reino definitivo. A palavra pastoral deriva de pastor
recorrente na bíblia, (CNBB, 2005).

Desse conceito, podemos identificar a razão de ser das pastorais que foram
criadas para cumprir a finalidade da igreja católica que é evangelizar, ou seja,
difundir os ensinamentos deixados por Jesus nos evangelhos e nos livros
sagrados. Para dar cumprimento a esta finalidade, a igreja precisa ter uma
estratégia organizada, um projeto de evangelização que é distribuído a vários grupos
em diferentes setores. Esses grupos são denominados “pastorais” e as pessoas que
trabalham nessas pastorais são chamadas agentes pastorais. Os agentes pastorais
são pessoas que se dispõem de modo voluntário a auxiliar a igreja na sua missão.

Sendo a atividade pastoral a ação organizada da Igreja para atender


determinada situação ou realidade específica, percebe-se que são inúmeras as
pastorais que podem existir, segundo a área de atuação a ser trabalhada. Desse
modo, seguem algumas das principais pastorais organizadas dentro das
comunidades católicas, sendo certo que muitas outras existem e podem existir
conforme as necessidades tornam-se notórias.

A Pastoral da Saúde, é uma das maiores pastorais atuantes hoje no Brasil e


no mundo. Faz parte da proposta das Pastorais Sociais da CNBB e constituindo-se
de uma organização cívico-religiosa, sem fins lucrativos. Dentro de seus principais
compromissos está a defesa, preservação, cuidado, promoção e celebração a vida,
por meio da saúde plena de toda sociedade, independente de quaisquer fatores de
exclusão social, inclusive da religião. Suas ações atuam numa frente solidária,
comunitária e político-institucional. Segundo a Pastoral da Saúde, seu nascimento
deriva de uma resposta da igreja aos crescentes conflitos sociais, de modo que,
22  
 
Em 1962, a partir de uma nova ótica de igreja, após o Concilio
Vaticano II e com a Conferencia Episcopal de Medellin (1968), a
igreja Católica, por seus representantes máximos na América Latina,
rompe com a tradição que caracterizou seu comportamento durante
séculos e manifesta uma posição clara, firme e decidida, diante dos
graves problemas que se apresentavam no contexto em geral.
Acontece todo um arejamento de ideias e posturas, iniciando-se um
processo de inserção maior e crescente, a favor dos pobres e
oprimidos. Saindo da omissão e da passividade, a igreja passa a
caminhar junto com os menos favorecidos, lutando com eles na
conquista de seu direitos sociais.

Diante destes acontecimentos e mudanças, constituía-se a Pastoral da Saúde


como proposta concreta na lutas pelos direitos á saúde, auxiliando em projetos
importantes da Organização das Nações Unidas - ONU e Organização Mundial da
Saúde - OMS como a difusão da medicina comunitária. No início, seus trabalhos
eram voltados para o levantamento de problemas, mas com o passar do tempo e
com uma melhor logística de trabalho, foram implementadas políticas de ação social,
atuando na prevenção e promoção da saúde, buscando melhorar a qualidade de
vida das populações menos favorecidas.

A Pastoral da Criança é um organismo internacionalmente reconhecido por


sua atuação no combate à mortalidade infantil e melhoria da qualidade de vida das
crianças e suas famílias. Fundada em 1983 pela médica sanitarista e pediatra Dra.
Zilda Arns Neumann e pelo Bispo Dom Geraldo Majella Agnelo, a Pastoral da
Criança, inserida em todo o Brasil e em mais desenvolve países fundamenta sua
atuação na organização da comunidade e na capacitação de líderes voluntários que
ali vivem e se comprometem com a tarefa de orientar e acompanhar as famílias
vizinhas para que elas sejam capazes de sua própria transformação pessoal e social
(CNBB, 2005).

2.3.3 Os Espaços do Centro de Evangelização

Inicia-se, nesse ponto do trabalho, uma análise dos espaços que devem ser
contemplados no centro de evangelização, tendo em vista as atividades que aí serão
desenvolvidas, buscando uma maior eficiência e comodidade de todos os seus
usuários. Segundo Faust (2014), o espaço mais comum nos Centros de
evangelização é a sala de aula. Nestas salas serão desenvolvidas a maioria das
atividades da pastoral da catequese, visto que a metodologia utilizada para ministrar
a catequese se traduz em aulas expositivas, que necessitam de uma estrutura
23  
 
padrão de sala de aula. A quantidade de salas precisa ser pensada segundo a
quantidade de catequizandos que a comunidade costuma receber a cada ano.
Desse modo, é imprescindível conhecer a média anual de catequizandos para que
seja previsto no projeto uma quantidade de salas que comporte tal demanda.

O auditório/teatro é uma espaço de ampla utilidade que pode ser utilizado não
só pelos usuários da paróquia, mas também pelos membros da comunidade em
geral, que podem se beneficiar do local para realizar conferências e eventos de
cunho educativo, cultural e social. É grande a procura por auditórios bem
estruturados por parte das comunidades católicas, que na maioria das vezes
precisam buscar esses espaços nos poucos centros de evangelização que os
contém. Faust ainda propõe outros detalhes que podem levar o auditório a funcionar
como teatro, assim ele sugere que:

[...] se anexarmos: camarins, foyer, coxia, expandiremos o uso do


auditório para também de um teatro, aonde encenações de
passagens bíblicas, apresentações musicais, entre outros,
encontrarão espaço apropriado. (FAUST, 2014)

O salão de eventos também foi sugerido por FAUST (2014) como uma
estrutura que precisa ser bem pensada no projeto, de modo a proporcionar harmonia
e integração com os demais ambientes. A vida de uma comunidade é bastante
dinâmica e cheia de momentos de interação dos seus membros, que encontram nas
quermeses4, festividades e demais encontros, uma forma de criar vínculos e
experimentar o sentido de comunidade. O salão de eventos deve estar apto a sediar
esses momentos, devendo conter espaços como: hall, palco; cozinha industrial;
banheiros, depósitos, etc. Cabe lembrar que neste ambiente, o isolamento e
tratamento acústico deve ser bem calculado e que as normas de vigilância sanitária
precisam ser rigorosamente observadas.

Conforme o tamanho do terreno a ser trabalhado, seria muito interessante a


instalação de uma praça de encontro, pois todos os espaços citados anteriormente
                                                                                                                       
4
Quermesse é uma palavra com origem no termo em flamengo kerkmisse, que significa
uma festa beneficente, com um bazar, onde é feito um leilão das prendas oferecidas. Este tipo
de evento costuma ser organizado ao ar livre, e a sua origem está relacionada com a Igreja
Católica. Atualmente, o termo quermesse é usado para descrever qualquer feira onde existe
algum tipo de diversão, como barracas de sorteios, jogos com prêmios, etc. Outro tema muito
comum nas quermesses é a gastronomia, sendo que é possível provar as comidas típicas da
região onde a festa é organizada. (http://www.significados.com.br/quermesse/)
 
24  
 
funcionam melhor se planejados integrados a uma área verde e aberta. Defendendo
esta ideia Faust (2014) diz que “esta permeabilidade espacial é vista nos claustros
dos mosteiros”. Quiosque e cafés também seriam bem vindos na estrutura da praça
dando mais opções de pontos de encontro e convivência.

Complementando a estrutura do centro de evangelização, Faust faz menção


aos estacionamentos e banheiros. Para ele, tais pontos precisam ser corretamente
planejados e colocados em lugares estratégicos de modo a facilitar a utilização e
locomoção dos seus usuários. Os estacionamentos precisam atender o que está
disposto em legislação específica, devendo obedecer aos padrões de tamanho,
método de contagem e reservas legais. Já os banheiros, na maioria, os ambientes
devem ser pequenos, bastando em muitos deles apenas uma estrutura de lavado
para atender a demanda do local.

Por fim, Faust (2014) chama a atenção para a disposição dos espaços acima
tratados, sugerindo três tipologias para a construção do centro de evangelização,
segundo o terreno oferecido pelas igrejas. O edifício do centro de evangelização
pode ser construído isolado no terreno, possuindo um ou vários edifícios para
abrigar os usos acima descritos; podem estar anexos a igreja, onde numa mesma
construção é criada toda a estrutura, dando, desse modo, melhor aproveitamento ao
espaço do terreno; ou na forma de prédio, sendo a verticalização uma excelente
alternativa para a falta de espaço livre. A escolha da forma correta caberá ao
arquiteto que deverá analisar com cuidado fatores como custo beneficio da obra,
estética do complexo como um todo, acessibilidade e aproveitamento do terreno.

25  
 
Imagem 01 – Exemplo de centro de evangelização verticalizado com capacidade para mil pessoas
Fonte: www.cancaonova.com.br
 

Os espaços acima sugeridos apresentam apenas uma orientação básica para


o projeto dos centros de evangelização, que poderão dispor muitos outros espaços e
utilidades, segundo as necessidades de cada comunidade. Por isso, cabe ao
arquiteto, junto com a comunidade, detalhar um programa de necessidades capaz
de atender toda a demanda gerada pelas atividades da paróquia, agregando as mais
diversas frentes de trabalho e consolidando a dinâmica da vivência pastoral.

2.4 A CASA PAROQUIAL

A casa paroquial é um dos edifícios que pode fazer ou não parte do complexo
religioso, isso porque não é considerada uma parte necessária do complexo, visto
que, dentre todas as edificações do complexo, é a única de uso privado, portanto,
não há necessidade da sua presença física dentro do terreno da igreja. (FAUST,
2014). O nome já traz em si a definição e destinação do edifício que é utilizado como
residência dos padres responsáveis pelas atividades da paróquia. Sua estrutura é
basicamente a de uma residência tradicional, com sala, cozinha, banheiro, escritório,
acrescida de espaços voltados para as atividades próprias dos sacerdotes, como
uma capela para as orações e celebrações de missas íntimas.

26  
 
Outro aspecto relevante no projeto da casa paroquial é a escolha da sua
localização. É certo que o sacerdote exerce uma função pública, estando a maior
parte do tempo a disposição dos fiéis e da paróquia, porém, por maior que seja essa
doação, são necessários os momentos de intimidade e recolhimento que acontecem
no âmbito das residências, possibilitando aos sacerdotes o descanso e as atividades
próprias da vida privada. Tal recolhimento só será possível se a casa paroquial
estiver estrategicamente posicionada, sendo certo que a escolha do local precisa
revestir a edificação de discrição, fazendo romper a ideia de que é uma extensão da
igreja. São muitas as queixas de sacerdotes que residem em casas paroquiais
próximas ao salão de festa da igreja, ou até mesmo anexas ao templo, pois, nesses
casos, acabam sofrendo com o barulho e a movimentação próprias desses
ambientes que não se coadunam com a tranquilidade de uma residência.

Assim, o ideal seria que a casa paroquial estivesse instalada em local diverso
do terreno da igreja e centro de evangelização, de modo a proporcionar uma maior
qualidade de vida para os sacerdotes e demais usuários dessa edificação. Contudo,
na maioria das vezes essa não é uma solução possível, visto que implicaria a
aquisição de outro terreno, gerando mais gastos para as comunidades que
geralmente vivem com recursos financeiros escassos. Havendo a necessidade de
construir a casa paroquial no mesmo terreno onde estão as instalações do complexo
religioso, deverá o arquiteto encontrar o local mais adequado, trabalhando todas as
possibilidades na tentativa de eliminar ruídos excessivos, grande circulação de
pessoas e outros fatores que não contribuem para a funcionalidade dessa
edificação. (FAUST, 2014)

27  
 
3 DIAGNÓSTICO

O seguinte diagnóstico apresenta os levantamentos referentes ao número de


habitantes e caracterização do perfil religioso da população do Distrito Federal e da
RA – X Guará – DF, este por ser a região administrativa que está localizado o
terreno em estudo. Foram levantados também os principais locais de culto de
diferentes religiões do Guará, Colônia Agrícola Águas Claras e SMPW – Setor de
Mansões Park Way. A área de estudo de maior abrangência será o Jóquei, visto que
já é uma região que será licitada brevemente pela Agência de Desenvolvimento do
Distrito Federal – Terracap, conforme informado no mês de setembro do ano de
2014 por Aline Ribeiro Rosa, arquiteta responsável da Administração Regional do
Guará e pela Marcella Mesquita Furtado, arquiteta da própria Terracap, no mesmo
mês.

No dia 24 de outubro de 2014, o autor compareceu na Terracap para que


fosse disponibilizado o mapa de uso e utilização de solo da área do Jóquei, com o
intuito de anexá-lo nesse trabalho como fonte de pesquisa e estudo. A arquiteta
Marcella mostrou no seu próprio computador o mapa de uso, sendo que este seria
disponibilizado via arquivo digital “dwg” do Auto Cad. Entretanto o responsável pelo
setor de arquitetura, Giulliano Magalhães Penatti, não autorizou a retirada do
mesmo, alegando que não poderia liberar um arquivo, sendo certo que ainda falta a
aprovação do estudo de solo dessa região. Por essa razão, este diagnóstico será
apresentado seguindo informações relativas ao Guará I e Guará II, não podendo,
portanto, ser aprofundado o estudo na área do Jóquei, que também faz parte da RA
– X (Guará).

3.1 HISTÓRICO DA REGIÃO ADMINSTRATIVA RA-X - GUARÁ

Conforme o site da Administração do Guará5, em conjunto com informações


da Administração Regional do Guará, a construção do Guará foi iniciada em 1967
para absorver o contingente populacional oriundo de invasões e núcleos
habitacionais provisórios. Um mutirão promovido pelos funcionários da Companhia
Urbanizadora da Nova Capital – NOVACAP construiu as primeiras oitocentas
residências da região, planejadas para serem inauguradas em 21 de abril de 1969.

                                                                                                                       
5
 Site:  www.guara.df.gov.br.  Acessado  em  2014  
28  
 
Em setembro de 1969, a NOVACAP e a Secretaria de Habitação e Interesse Social -
SHIS, hoje extinta, prosseguiram com a urbanização do segundo trecho, o Guará II,
inaugurado em 2 de março de 1972, para abrigar funcionários do Governo Federal.
O Decreto n.º 2.356, de 31 de agosto de 1973, criou a Administração Regional do
SRIA, composta pelo Guará I, Guará II e o Setor Residencial Indústria e
Abastecimento - SRIA. Com o advento do Decreto n.º 11.921, em 25 de outubro de
1989, o Guará, até então denominado SRIA e ocupando uma área de 8,6 km²,
passou a ter uma área de 45,66 km², sendo então criada a décima Região
Administrativa (RA) do Distrito Federal (RA X).

3.2 QUANTITATIVO POPULACIONAL DO GUARÁ

No dia 23 de julho de 2014, a CODEPLAN – Companhia de Planejamento do


Distrito Federal divulgou a última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios
(PDAD) do Guará, que tem uma população urbana estimada em 125,8 mil
habitantes. Além disso, segundo Iraci Peixoto, coordenadora da pesquisa, em
entrevista à Agência Brasília, a Taxa Média Anual de Crescimento da População é
de 5,28%, o dobro verificada para o DF, que é de cerca de 2,3%". A região é de
classe média alta. A renda domiciliar média mensal é de R$ 7.267, e a renda per
capita é de R$ 2.407.

3.3 OPÇÃO RELIGIOSA DA POPULAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL E GUARÁ

Conforme Censo de 2010, levantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE, o número de habitantes da religião católica é predominante no
Distrito Federal com 56,6% do total de habitantes, havendo um aumento de 22,72%
de católicos entre o ano de 2000 a 2010. (Gráfico 01). Já no Guará, conforme pode-
se observar no gráfico 02, a porcentagem de religiosos católicos ainda é maior
proporcionalmente que no Distrito Federal, com 62,82%.

29  
 
13%
Hab  Católicos  -­‐  1.455.134  
3,5%

Hab  Evangélicos  -­‐  690.982  

Hab  Espíritas  -­‐  89.836  

26,9%
Hab  Outras  Religiões  -­‐  334.208  

56,6%

Gráfico 01 – População / opção religiosa – DF - 2010

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE – Censo 2010

70  
79040  Hab  
60  

50  

40  

30  
29052  Hab  
 
20  
7800  Hab  
10   7926  Hab    
  1737  Hab   253  Hab  
0      
Sem  religião   Católica   Evangélica   Espírita   Outras   Não  sabe  /  Não  
%   quer  informar  
 
Gráfico 02 – Características religiosas da população do Guará – DF – 2014

Fonte: CODEPLAN – DF, 2014

3.4 UTILIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS PARÓQUIAS DO GUARÁ

Para o levantamento dos seguintes dados foram analisados informativos de


horários de missas e atividades das paróquias em suas respectivas secretarias,
assim como entrevistas com o Pároco Sérgio Murilo, da Paróquia São Paulo

30  
 
Apóstolo, professor de música Rodrigo Soalheiro da Silva, das Paróquias São Paulo
Apóstolo e Paróquia Divino Espírito Santo, e coordenador de equipe litúrgica,
Amarildo Osmar da Silva, da Paróquia Maria Imaculada.6 Segundo entrevistados das
paróquias Maria Imaculada e Divino Espírito Santo, o número de missas por finais
de semana passaram de 7 para 8, devido a quantidade de fiéis que aumentou
principalmente nas missas no período noturno dos domingos.

Na paróquia São Paulo Apóstolo, as missas dos finais de semana também


estão superlotando o templo, tendo fiéis que participam das celebrações do lado de
fora, segundo informações obtidas na entrevista com o pároco Sérgio Murilo. Este já
estuda a possibilidade de acrescentar mais uma missa no período da tarde para
solução do problema. Na tabela a seguir verifica-se a quantidade de fiéis por missa
em cada paróquia analisada, assim como o total de pessoas que frequentam esses
templos por final de semana.

QTDE MISSAS / QTDE PESSOAS


PARÓQUIAS LOCAL TOTAL
FIM DE SEMANA / MISSA

São Paulo
Guará I 7 720 5040
Apóstolo

Maria
Guara II 8 600 4800
Imaculada

Divino Espírito
Guara II 8 550 4400
Santo
Tabela 1. Número de fiéis em três paróquias da RA do Guará - DF

Fonte: Secretarias das paróquias

A paróquia Nossa Senhora das Vitórias, localizada na Colônia Agrícola


Vicente Pires e a paróquia Imaculado Coração de Maria, localizada no SMPW –
Setor de Mansões Park Way, não foram analisadas detalhadamente, porém,
segundo informações do Pe Sérgio Murilo, que conhece a maioria das igrejas do
                                                                                                                       
6
  SILVA, Rodrigo Soalheiro da, SILVA, Amarildo Osmar da, e MURILO, Sérgio,. Entrevista I. [set. 2014].
Entrevistador: Baltazar Júnior
Distrito Federal, 2014. 3 arquivos .mp3 (5 min, 3 min e 2 min.). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no
Anexo A desta monografia.
31  
 
Distrito Federal, estas também já estão com sua capacidade máxima, e caso o
bairro Jóquei seja habitado nos dias de hoje, essas igrejas não suportariam a
demanda.

3.5 PRINCIPAIS TEMPLOS RELIGIOSOS DA REGIÃO

Foi verificado que os principais templos religiosos da área de estudo são:


católicos, evangélicos ou protestantes e espíritas, sendo que os católicos somam-se
quatro, sendo distribuídos da seguinte forma: um no Setor Habitacional Lucio Costa
do Guará I, um na Colônia Agrícola Vicente Pires, um na SMPW (Setor de Mansões
Park Way e um no Guará I, este, sendo um dos estudos de caso analisados.

Poderá ser observado mais adiante, que nas mediações do terreno que será
estudado, só existe um templo católico, este que por sua vez, atende a demanda da
região do Lucio Costa. Dessa forma, a proposta do novo templo poderá atender
também os fiéis de parte da comunidade do Vicente Pires e SMPW.

3.6 TERRENO DE ESTUDO

O terreno de estudo para o projeto proposto se encontra na área do Jóquei,


Região Administrativa X – Guará, com uma área de 16.150m², conforme mapas a
seguir. Este tem a frente voltada para a DF-087 (EPVL – Estrada Parque Vale) e
uma das laterais para DF-085 (EPTG – Estrada Parque Taguantinga). Sua
localização é privillegiada para uma edificação imponente pois pode ser visto nos
dois sentidos tanto da EPTG como da EPVL, vias de grande fluxo diário.

3.7 RELATÓRIO FOTOGRÁFICO

No dia 05 de novembro de 2014 as 18h, o terreno foi fotografado. Nas


imagens pode-se observar algumas características provenientes dos estudos em
questão como: vias de acesso, equipamentos urbanos, mobiliários urbanos como
parada de ônibus e BRT (Bus Rapid Transit), passarela, iluminação pública, etc,
além de vegetação, edificações nas proximidades e topografia do terreno.

As imagens 2 e 3 referem-se ao lote visto de frente. A via em questão é o início da


EPVL saindo da EPTG conforme mapa fotográfico (Imagem 4).

32  
 
       fdaf Imagem 2 – Vista da frente do terreno
.
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

       fdaf Imagem 3– Vista da frente do terreno

Fonte: Baltazar Júnior, 2014

33  
 
 
Imagem 4 – Mapa fotográfico do terreno

34  
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

v  
Imagem 5 – Vista de dentro do terreno Imagem 6 – Vista lateral esquerda do terreno

Fonte: Baltazar Júnior, 2014 Fonte: Baltazar Júnior, 2014

A imagem 5 demonstra a parte interna do terreno, esta fotografia foi tirada onde será
proposto o estacionamento do projeto e mostra a EPVL no canto esquerdo da imagem. Ja a
imagem 6, 7 e 10 foram tiradas de cima da passarela de pedestre mostrando a lateral
esquerda do terreno próximo da via EPTG, visto por cima.

Imagem 7 – Vista lateral esquerda do terreno Imagem 8 – Vista canto esquerdo do terreno

Fonte: Baltazar Júnior, 2014 Fonte: Baltazar Júnior, 2014

Imagem 9 – Vista lateral esquerda do terreno Imagem 10 – Vista lateral esquerda do terreno

Fonte: Baltazar Júnior, 2014 Fonte: Baltazar Júnior, 2014

35  
 
A imagem 9 foi tirada do outro lado da via EPTG em cima da passarela de
pedestres. Nessa imagem é possível visualizar o terreno em estudo a distância. O
mesmo se encontra nos fundos da imagem. É possível verificar a parada de ônibus
na marginal da via EPTG e parada de BRT na via EPTG.

3.8 MAPA DE USO DO SOLO

Para a elaboração do mapa de uso do solo foi analisado presencialmente na


maioria dos locais, exceto em algumas áreas como os condomínios de Vicente Pires
e Colônia Agrícola Águas Claras e SMPW, devido não ser possível a entrada nos
condomínios. Nos arredores do terreno o que predomina são as áreas verdes, com
poucas edificações. O raio de abrangência foi definido conforme Plano Diretor de
Goiânia – PDL que prevê este raio de dois quilômetros para edificações de culto.

Conforme pode-se observar no mapa a seguir e no estudo fotográfico,


próximo ao terreno praticamente não se tem edificações, o que acaba sendo um
ponto favorável para o tipo de proposta desse trabalho.

36  
 
Mapa de uso do solo a3

37  
 
3.9 MAPA VIÁRIO

No mapa viário e fluxo a seguir, foram analisados as vias no entorno do


terreno estudado, podendo concluir que para o acesso a este a melhor opção é uma
entrada pela via arterial DF-087 (EPVL), devido a alguns fatores como fluxo viário
ser menor que a EPTG e locação dos edifícios no terreno não favorecer acessos por
essa via.

O estudo do acesso foi baseado nas informações do Decreto n.º 26.048, de


20 de julho de 2005 que diz: O planejamento ou reformulação do Sistema Viário
Urbano – SVU deve ser realizado de acordo com as condições topográficas, visando
oferecer condições adequadas de circulação e segurança, a redução dos custos de
implantação das redes de serviços públicos e deve atender às seguintes diretrizes:
a) as vias devem ser localizadas preferencialmente nos talvegues naturais não
sendo permitido a ocupação desses com lotes ou edificações; b) o alinhamento das
vias deve estar oblíquo ou ortogonalmente disposto em relação às curvas de níveis;
c) os traçados retilíneos devem ser preferencialmente adotados; d) devem ser
definidos o tipo e a localização da captação de águas pluviais e drenagem para os
cul-de-sac; e) a cota de soleira deve estar 50cm (cinqüenta centímetros) acima do
nível do terreno natural da via; f) quando a deflexão do encontro de duas vias for
menor que 90º(noventa graus), deve ser previsto espaço para as redes pluviais e
drenagem com ângulo maior, que permita o caminhamento dessas;

38  
 
Mapa viario a3

Fluxo viario a3

39  
 
3.10 MAPA DE GABARITO

Próximo ao terreno se tem poucas edificações, sendo o Conjunto Habitacional


Lucio Costa e a SQB – Super Quadra Brasília os mais próximos, com edificações de
4 e 6 andares respectivamente. Na região do Jóquei, onde está o terreno não há
predeterminação segundo informações passadas pela Aline Ribeiro Rosa, arquiteta
responsável da Administração Regional do Guará que diz que ainda falta a
aprovação do estudo de solo dessa região.

40  
 
Mapa de gabarito a3

41  
 
3.11 MAPA BIOCLIMATISMO

Foram analisados questões sobre posicionamento do sol observando a carta


solar nos quatro lados do terreno, ventos predominantes provindos do leste e fontes
de ruídos principalmente das vias EPTG e EPVL. Observa-se que as faces principais
voltar-se-ão ao oeste e sul por estarem de frente as principais vias do entorno,
EPTG e EPVL, favorecendo a fachada principal da edificação.

Em análise das cartas solares referindo-se ao terreno em estudo foi concluído


que em relação a fachada lateral da edificação, voltada a oeste, deverá conter
elementos que resolvam a insolação. A fachada principal, como citado acima,
poderá conter elementos como vidraças por exemplo, sem necessidade de adotar
medidas para questões de insolação.

Segundo Lopes (2001), os ventos na região são predominantes do leste e sua


velocidade pode variar entre mínima de 2,0 e máxima de 2,4 m/s nos meses de
fevereiro e agosto. Também foi verificado que a maior parte dos ruídos são
provenientes da via EPTG e um pouco menos da via EPVL, porém devido o tipo de
proposta, ou seja, local para culto e atividades que exigem maior silêncio, soluções
acústicas serão tomadas a nível da própria utilização dos edifícios e não
exclusivamente para os ruídos provenientes dessas vias.

42  
 
MAPA BIOCLIMATISMO a3

43  
 
3.12 EQUIPAMENTOS URBANOS

É possível observar o tipo dos principais equipamentos urbanos do entorno.


Os equipamentos estão, na sua maioria, situados no Guará I, por ser a área mais
populosa do entorno do terreno estudado. Próximo ao terreno em estudo e Colônia
Agrícola Águas Claras, foi observado apenas um edifício público que funciona como
gerador de energia e sinal de antena, o mesmo não interfere e nem mesmo será
interferido com o projeto proposto por estar em uma área isolada e relativamente
distante do terreno, ou seja, do outro lado da via EPTG.

44  
 
EQUIPAMENTOS URBANOS a3

45  
 
3.13 MAPA TOPOGRÁFICO

A partir do mapa de topografia é possível identificar que o declive do terreno,


que não é acentuado, é favorável para a futura edificação, visto que não haverá
necessidade de aterramento e poderá ser utilizado o declive natural para o
escoamento de águas pluviais, que vai em direção as vias EPVL e um pouco na
EPTG.

46  
 
MAPA TOPOGRÁFICO a3

47  
 
4 ESTUDOS DE CASOS

Para os estudos de casos apresentados foram analisados três complexos


religiosos: Basílica Mary, Queen Of The Universe, localizada em Orlando – EUA,
Catedral de Brasília e Paróquia São Paulo Apóstolo, esta que por sua vez, localiza-
se na Regional Administrativa do Guará. Não foi possível encontrar as plantas
executivas dos estudos de casos ora apresentados, e muitos dos ambientes eram
áreas privativas, impedindo portanto de fazer projetos detalhados. Dessa forma,
serão apresentadas imagens fotográficas e plantas esquemáticas.

Para uma melhor compreensão e organização dos estudos de casos, os


seguintes elementos foram avaliados: Programa de necessidades, estilo
arquitetônico, conforto ambiental (térmico e acústico) observando questões como
reverberações7 por exemplo, material utilizado, acessos, aspectos litúrgicos e
aspectos positivos e negativos.

4.1 PARÓQUIA SÃO PAULO APÓSTOLO

Localidade: QE 07 - Guará I – DF - Brasil

Arquiteta: Rosa Inês Barbosa

Data da construção: 1972 a 1996

Estilo: pós-moderno

                                                                                                                       
7
  Reverberação é o crescimento de um ruído/ som proveniente de sua reflexão contínua pelas
superfícies de ambientes fechados, tais como salas de aula, restaurantes, escritórios, igrejas,
auditórios, (www.trataacustica.com.br/). Acesso em 05/05/15)

 
48  
 
Imagem 11 – Vista externa da Paróquia São Paulo Apóstolo

Fonte: Baltazar Júnior, 2014

Conforme informações contidas no site da paróquia São Paulo Apóstolo, o


primeiro edifício que seria a primeira igreja foi construído em 1972, em 1987 finalizou
a obra do atual templo e em 1996 a construção da capela do santíssimo. O terreno
da paróquia tem 4800m², com um total de 3045m² de área construída, constituindo-
se de três edifícios, quais sejam: igreja, casa paroquial e centro de evangelização. A
igreja possui o pé direito de 6m de altura, a casa paroquial com 3 andares e o centro
de evangelização, 2 andares. Sua localização no centro do Guará I facilita a
locomoção dos fiéis até mesmo a pé conforme demonstrado na imagem 12. Seu
estacionamento interno suporta até cinquenta automóveis, porém logo em frente ao
complexo religioso há um amplo estacionamento do centro comercial do Guará I, o
qual nos finais de semana é ocupado praticamente em sua totalidade por
automóveis de fiéis da paróquia.

O edifício da antiga igreja é onde hoje se encontra o centro de evangelização,


o qual foi dividido e adaptado para tal finalidade. Nele se encontram o plenário ou
salão de palestras e as salas para atividades como catequese, aulas de música e
salas de reuniões das pastorais.

A imagem 12 demonstra o plano de massa da Paróquia São Paulo Apóstolo.

49  
 
 
0              10              20  m  

Imagem 12 – Plano de massa Paróquia São Paulo Apóstolo


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

50  
4.1.1 Programa de Necessidades

O seguinte programa de necessidade foi observado in loco, sendo certo que


em alguns ambientes como a casa paroquial e alguns ambientes do centro de
evangelização não foi possível a entrada por serem áreas privativas.

- Nave - Livraria

- Santuário / presbitério - Depósito

- Sacristia - Salão paroquial

- Sala de reconciliação - Cozinha

- Sala de ensaio - Casa paroquial

- Coro - Plenário

- Secretaria - Centro de atividades / centro de


evangelização
- Banheiros
- Administração
- Atrium

É possível a visualização de alguns dos ambientes acima por meio de


fotografias presentes no presente trabalho. As fotos foram tiradas conforme a
relevância dos locais para a monografia.

4.1.2 Conforto Ambiental

Foram analisados no presente estudo os principais ambientes do complexo


religioso no que diz respeito a temperatura, acústica e iluminação. Apesar de não ter
havido um estudo mais complexo e técnico, foi constatado por meio de depoimentos
de usuários do templo e conhecimentos sobre o assunto por parte do autor, que a
maioria desses ambientes possuem problemas nos quesitos citados.

A cobertura do templo é com telhas de fibrocimento e o forro é de PVC,


gerando portanto, um calor intenso no interior, que perdura até por volta das 20h.

51  
 
Apesar do tamanho das janelas serem de 1m de largura por 4m de altura, estas não
são suficientes para a devida ventilação natural. Um dos outros fatores que
contribuem para o calor se dá pela lateral direita do templo, que está voltada para o
leste, estar próxima a um muro com uma distância muito próxima às janelas. Foram
instalados ventiladores de parede nas laterais da nave para resolver o problema
paliativamente. O problema da acústica também foi percebido na nave. Conforme
imagens 13 e 14 é possível perceber que apesar do pé direito ser relativamente
baixo para um templo, ainda ocorrem reverberações devido o tipo de forro utilizado e
a disposição das caixas de som que estão localizadas apenas na parede onde se
encontra o presbitério, conforme demonstrado nas imagens a seguir, levando a
causa principal da falta de inteligibilidade do som para os ouvintes que estão mais
atrás da nave e o desconforto do som alto para os usuários que sentam à frente. A
distância das caixas de som até os últimos bancos ultrapassam os 30m. Estas
deveriam ser distribuídas estrategicamente nos corredores laterais do templo com
estudos de sonorização.

Imagem 13 – Planta Esquemática da Sonorização da Igreja Paróquia São Paulo Apóstolo


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

52  
 
Imagem 14 – Interior da Igreja Paróquia São Paulo Apóstolo
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

Quanto a iluminação no templo, esta é satisfatória tanto durante o dia quanto


a noite. O plenário, localizado no edifício do centro de evangelização, não foi
avaliado positivamente nos quesitos de conforto térmico e acústico. O tipo de
material utilizado como paredes lisas, forro de PVC e piso de granitina polida fazem
com que a reverberação seja elevada no local. A vidraça e a pouca espessura da
parede sem nenhum tratamento térmico voltada ao norte favorecem a elevação de
temperatura no ambiente.

Cobertura com telhas de fibrocimento e forro de PVC, paredes de alvenaria


comum com pintura acrílica e piso de granitina polida. Foram instalados quatro ar-
condicionados com potência inferior a indicada para o tamanho do ambiente, e
janelas com vidros voltadas para o norte, sem nenhum tipo de vegetação para
quebra da incidência solar. A iluminação durante o dia e a noite é satisfatória no
plenário, exceto por não haver nada para diminuir a luminosidade em caso de
apresentações com multi-mídia no plenário.

53  
 
Imagem 15 – Interior do Plenário da Paróquia São Paulo Apóstolo
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

Quanto as salas do centro catequético, somente as voltadas para o sul e com


árvores de grande porte próximas as janelas possuem a temperatura mais
agradável, sendo que nenhuma sala de todo o centro possui ar-condicionado ou
ventiladores. Também foi constatado que nenhuma dessas salas teve tratamento
acústico, nem mesmo a sala utilizada para aula de música.

Imagem 16 – Sala de Música da Paróquia São Paulo Apóstolo


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

54  
 
Imagem 17 – Sala de Catequese da Paróquia São Paulo Apóstolo
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

O salão paroquial localizado no subsolo da igreja não se encontra em


condições para sua utilização pelas razões descritas a seguir. Devido aos materiais
utilizados como teto de laje maciça, piso de granitina polida, paredes de alvenaria
com pintura acrílica, e o ambiente ser bastante amplo, o índice de reverberação é
muito grande.

Além disso, tanto a iluminação natural como a iluminação artificial não são
suficientes para manter o ambiente com claridade adequada tanto no período diurno
como noturno.

Há também o mal cheiro ocasionado pelo esgoto da cozinha que espalha-se


por todo o ambiente. Paredes com mofos devido infiltrações se faz presente em
vários pontos do salão aumentando ainda mais o mal cheiro e humidade excessiva.
As imagens 18 e 19 demonstram alguns dos problemas citados sobre o salão
paroquial.

55  
 
Imagem 18 – Salão Paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo localizada no Guará I

Fonte: Baltazar Júnior, 2014

Imagem 19 – Acesso a Cozinha do Salão Paroquial da Paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

56  
 
4.1.3 Materiais Utilizados
Os edifícios são predominantemente construídos com alvenaria comum,
pintura acrílica no interior e pintura fosca nas paredes do lado externo. Nas paredes
externas da igreja existe o uso parcial de pedras de Pirinópolis, conforme imagem
20. O piso do interior todo em granito e o forro de PVC. Janelas com vidros da cor
azul e escadas do presbitério todo em mármore. Os pisos do centro de
evangelização são de ganitina polida e cerâmica comum, o da igreja, granito e salão
paroquial, de granitina polida.

Imagem 20 – Vista Lateral Esquerda da Paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

4.1.4 Acessos
Existe apenas um acesso para automóveis no complexo religioso. Para o
interior da igreja três acessos. Para a casa paroquial um acesso e para o centro de
evangelização também um acesso. Os três edifícios são interligados. Não há
presença de elevadores no complexo e rampas de acesso às salas do centro de
evangelização e casa paroquial. Existem rampas de acesso para a igreja mas não
há rampas para os banheiros.

57  
 
O acesso aos pavimentos superiores do centro de evangelização e casa
paroquial somente é possível por meio de escadas, sem espaço para elevadores e
rampas de acesso, ocasionando grande dificuldade de locomoção principalmente
para os religiosos idosos. Não há acessibilidade para portadores de necessidades
especiais da capela do santíssimo para a igreja e os degraus são mais altos do que
a norma, gerando desconforto e possíveis acidentes aos usuários. Segundo relatos
do pároco Sérgio Murilo, idosos já se machucaram nessa escada.

Imagem 21 – Interior da capela do santíssimo da Paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

Imagem 22 – Corredor e escada do centro de evangelização


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

58  
 
Imagem 23 – Acesso Lateral da Igreja e do Salão Paroquial
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

4.1.5 Aspectos Litúrgicos

Em relação aos aspectos litúrgicos, a igreja obedece de modo predominante


as orientações litúrgicas estabelecidas pela tradição da igreja citadas no Código de
Direito Canônico, como o tamanho do presbitério, por exemplo, tendo como ponto
fraco a disposição da pia batismal que se encontra no presbitério e deveria estar na
entrada da igreja ou um espaço mais reservado e a falta da cruz processional no
presbitério.

Imagem 24 – Presbitério da Paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

59  
 
4.1.6 Aspectos Positivos e Negativos

Como desfecho da análise do estudo de caso da Paróquia São Paulo


Apóstolo, foram observados os aspectos positivos e negativos de acordo com os
elementos analisados, para uma melhor compreensão do complexo religioso. Como
aspectos positivos, foi observado que os edifícios possuem a maioria dos espaços
necessários para uma paróquia em uma comunidade, o espaço da nave é amplo
para a quantidade de usuários da comunidade, os acessos de um edifício ao outro
são cobertos, os aspectos litúrgicos são satisfatórios no que diz respeito a
disposição da sacristia em relação ao presbitério, o tamanho do presbitério é maior
que 50m² e a disposição do coro é adequada.

Imagem 25 – Corredor de acesso igreja a casa paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

60  
 
Imagem 26 – Acessos do centro de evangelização a casa paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo

Fonte: Baltazar Júnior, 2014

Em relação aos aspectos negativos, observou-se que o templo não possui


uma forma arquitetônica definida e algumas construções como a capela do
santíssimo e banheiros do templo foram executadas posteriormente a obra da nave
sem nenhum tipo de planejamento, o que leva o observador logo a imaginar que foi
construído “um puxadinho” conforme imagem 26. A grande maioria dos materiais
utilizados são de baixa qualidade e já estão desgastados, como o piso de granitina,
revestimentos cerâmicos, pinturas, dentre outros. Faltam quesitos para o conforto
ambiental na maioria dos ambientes como acústica e sistema de som sem
planejamento nos principais ambientes utilizados pela comunidade. Não há soluções
definitivas para o conforto térmico, e calor excessivo na nave do templo, no plenário
e maioria das salas do centro catequético. O plenário não é apropriado para
palestras ou apresentações, visto que não houve um planejamento no projeto, como
declive, acesso aos banheiros e revestimentos acústicos apropriados. O salão
paroquial é insatisfatório no quesito conforto ambiental e cozinha mal posicionada no
espaço, gerando dificuldades de acessos entre os usuários do salão e funcionários
da cozinha. Não há acessibilidade para portadores de necessidades especiais na
maioria dos acessos aos edifícios do complexo.

61  
 
4.2 BASÍLICA OF THE NATIONAL SHINE OF MARY, QUEEN OF THE UNIVERSE

Localidade: Vineland Avenue, Orlando – EUA

Arquiteto: Reynolds, Smith & Hills Architects

Data de construção: 1950 a 1955

Estilo: Predominantemente Neo Românico

Imagem 27 – Vista Externa Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

O arquiteto utilizou os 17 hectares para distribuir um jardim com fontes e


vegetação diversificada, além do centro de evangelização e a igreja com espaço
para 1680 pessoas. Sua fachada com mais de 15 metros de altura, com telhas
coloniais. Vários pilares sendo interligados por arcos lembram a arquitetura
românica e na parte mais alta do teto, forro de madeira e vigas triangulares com um
círculo ao meio. Foram utilizados os mais avançados recursos de sonorização e
iluminação, sendo esse o ponto mais chamativo da obra. O arquiteto preocupou-se
com a valoriação do altar, conforme sugere o autor Cláudio Pastro em sua obra O
Espaço Sagrado, sendo este de tamanho maior que 50m² e contendo inclusive
elevador de acessibilidade para religiosos com necessidades especiais, algo
62  
 
inovador na arquitetura de templos religiosos. O centro de evangelização é um
edifício à parte da igreja, sendo uma edificação relativamente simples e sem
observações relevantes. Infelizmente não foi possível fotografar os ambientes do
centro de evangelização.

LEGENDA
1 – Igreja
2 – Jardim Para Meditação
3 – Centro de Evangelização
4 – Capela ao Ar Livre

Imagem 28 – Plano de massa da Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe
Fonte: Arquivo da secretaria paroquial, 2014

63  
 
LEGENDA
1 – Capela do Santíssimo
2 – Sala de Reconciliação
3 – Presbitério
4 – Coro
5 – Nave
6 – Acessos
7 – Atrium
8 – Batistério
9 – Sacristia
10 – Banheiros
11 – Escritório
12 – Capela de Nossa Senhora
13 – Secretaria

Imagem 29 – Planta Esquemática da Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe
Fonte: Baltazar Júnior, 2014
 

64  
 
4.2.1 Conforto Ambiental

Foram analisados o templo e parte do centro de evangelização. O tópico pode


ser analisado sob três aspectos:

I - Iluminação – Como a maioria dos templos católicos, os vitrais permitem a


iluminação de toda a nave no período diurno. Foram utilizadas spots e lâmpadas AR
111 e AR 70 direcionáveis, além de outros diversos tipos de iluminação permitindo o
conforto para o visitante e tornando a decoração do local contemporânea. Além da
funcionalidade da iluminação, foi trabalhada a questão decorativa, valorizando as
cores dos mármores do presbitério e as madeiras do teto. Em vários ambientes,
utilizou-se iluminação direta sobre obras e arandelas nas paredes do templo.

Imagem 30 – Nave da Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe

Fonte: Baltazar Júnior, 2014

II - Sonorização - assim como a iluminação, as questões acústicas foram


trabalhadas de forma satisfatória, desde o forro de madeira no teto e o próprio piso
de cerâmica porosa, até o sistema de som com posicionamento das caixas de som
em pontos estratégicos e tipo de som utilizado. Em qualquer local do templo o
ouvinte percebe a nitidez do som. Os banheiros e o atrium também possuem
sistema de som. O posicionamento do coral também é algo que se chama a
atenção, ou seja, posicionado corretamente no espaço conforme sugerido pelo autor
Pastro (2007).

65  
 
Imagem 31 – Coro da Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

III - Climatização - Por ser uma cidade que tem épocas extremamente frias e outras
extremamente quentes e ser uma edificação relativamente nova, o projeto
contemplou de utilização de sistema de refrigeração com ar condicionado central
distribuído por dutos em todo o templo e ambientes como banheiros, capela e sala
de reconciliação.

Imagem 32 – Presbitério Basílica of the National Shine of


Mary, Queen of the Universe
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

66  
 
4.2.2 Materiais Utilizados

Em todo o templo, a alvenaria foi utilizada nos fechamentos, e toda a pintura


das paredes com tinta acrílica comum. A cobertura é feita com telhas coloniais de
cerâmica e forro do teto de madeira envernizada. Percebe-se que não foram
utilizados materiais requintados como mármores e granitos no interior, exceto no
presbitério. O piso por exemplo é de cerâmica comum. As janelas são de vidros
trabalhados, indicando a arte sacra como um dos aspectos principais do templo.

Imagem 33 – Nave Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

Imagem 34 – Presbitério Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

67  
 
Imagem 35 – Vitrais trabalhados da Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

4.2.3 Acessos

De automóvel o acesso se dá por uma entrada. Dois estacionamentos fazem


parte do complexo, sendo um para funcionários e clero e outro para os fiéis. Todo o
complexo religioso possui acessos para portadores de necessidades especiais,
inclusive um elevador no presbitério, algo incomum em templos religiosos.

Imagem 36 – Elevador do Presbitério da Basílica Mary, Queen of the Universe


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

68  
 
4.2.4 Aspectos Positivos e Negativos

Como aspectos positivos pode-se afirmar que os espaços e a arquitetura


seguiram as adequações litúrgicas preconizadas pelo autor Cláudio Pastro, como
por exemplo tamanho do presbitério, batistério na entrada da igreja, atrium separado
da nave por divisória, dentre outras. As questões de conforto ambiental seguiram
conceitos modernos e com excelente funcionalidade, além de demonstrar uma
decoração atrativa aos usuários. O principal aspecto negativo observado foi em
relação ao acesso do estacionamento dos visitantes que se encontra a mais de 100
metros de distância, levando ao desconforto do usuário tanto em períodos quentes
como chuvosos, devido não haver cobertura e pouca vegetação. Além disso,
também não se tem acesso subterrâneo ou coberto do centro de evangelização para
o templo.

Imagem 37 – Atrium e Batistério Basílica of the National Shine of Mary, Queen of the Universe
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

69  
 
4.3 CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASÍLIA

Localidade: Brasília

Arquiteto: Oscar Niemeyer

Data da construção: 1958 a 1970

Estilo: Moderno

Imagem 38 – Vista da entrada principal da Catedral de Brasília - DF


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

A estrutura da catedral é formada por 16 pilares de concreto em forma de


bumerangue que emergem de uma planta circular de setenta metros de diâmetros e
sobem até encontrarem-se no teto da edificação. Na estrutura interior da nave há a
figura de três anjos suspensos por cabos de aço e o teto é revestido por vitrais nas
cores de azul, verde, marrom e branco. Numa de suas entrevistas à revista Revista
Habitat, em 1958, Niemeyer descreve o projeto da catedral com a objetividade
característica de sua personalidade, da seguinte forma:

[...] 21 montantes contidos em uma circunferência de 70 metros de


diâmetro, marcam o desenvolvimento da fachada, numa composição
e ritmo como de ascensão para o infinito”. Entre esses montantes,
placas de vidro refratário de cor escura, de modo a manter o interior
em ambiente de recolhimento, no qual as formas do púlpito e do côro
se destacam como elementos de escala e composição plástica,
(NIEMEYER, 1958).

70  
 
Acesso   Acesso  
Capela   Presbitério   Capela  

Sacristia  

Acesso  
Livraria   Nave   Secretaria   WC  

Batistério  
Acesso  
Principal  

Imagem 39 – Croqui da Nave da Catedral de Brasília - DF


Fonte: NIEMEYER. Editora Mandadori, Milão, 1975

Imagem 40 – Croqui de Niemeyer da Nave


Fonte: NIEMEYER. Editora Mandadori, Milão, 1975
71  
 
Imagem 41 – Croqui da Capela da Catedral de Brasília - DF
Fonte: Fundação Oscar Niemeyer 1972

Imagem 42 – Vista do acesso principal da Catedral de Brasília - DF


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

72  
 
4.3.1 Materiais

Concreto armado, máe vitrais foram os materiais preponderantes do edifício.

4.3.2 Conforto Ambiental

Analisado sob três aspectos:

I – Iluminação - Considerando a iluminação de modo isolado, a utilização de vitrais,


que no projeto original eram transparentes, possibilitam um excesso de iluminação
que em alguns horários do dia deixam o ambiente desconfortável. No período
noturno as luminárias voltadas de baixo para cima permitem sobressair a obra
arquitetônica do templo.

Imagem 43 – Nave da Catedral de Brasília - DF


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

73  
 
Imagem 44 – Nave da Catedral de Brasília - DF
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

II – Sonorização - Há excesso de reverberação na nave em virtude do seu formato


circular e materiais utilizados como concreto, mármore e vidros. Também há um
curioso efeito acústico que ocorre no interior da nave onde encostando-se na lateral
curva das paredes da catedral é possível que uma pessoa posicionada metros à
frente escute tudo com bastante clareza, mesmo que a outra pessoa esteja
sussurrando. Sempre que ligado qualquer equipamento de som, o problema da
reverberação surge, e não se é permitido fazer o tratamento acústico pois o templo é
tombado como patrimônio histórico da humanidade.

III - Climatização - Apesar da beleza dos vitrais, a escolha de vidros para fazer toda
a cobertura da nave fez com que o edifício virasse uma verdadeira estufa,
dependendo exclusivamente de sistema de refrigeração para gerar uma temperatura
ambiente agradável. Em outros locais como o batistério e capela do santíssimo não
existe sistema de refrigeração, tornando-se um problema em dias mais quentes, em
que muitas pessoas estão reunidas nesses ambientes.

74  
 
Imagem 45 – Batistério da Catedral de Brasília - DF
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

4.3.3 Acessos

O acesso principal à nave da igreja se dá por uma rampa que segue pelo
subsolo, visto que a Catedral se encontra dois níveis abaixo do terreno no eixo
monumental. Depois de percorrer o túnel escuro, há o contraste com o interior claro
e colorido, proporcionado pelos vitrais da artista franco-brasileira Marianne Perettié.
O acesso de serviço se faz pela rampa para veículos. Mais três acessos que são
destinados a pedestre são: acesso para o batistério, acesso para a secretaria e
acesso pelo edifício da Cúria Metropolitana de Brasília.

Imagem 46 – Vista do acesso principal e batistério (à esquerda) da Catedral de Brasília - DF


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

75  
 
Imagem 47 – Acesso de veículos da Catedral de Brasília - DF
Fonte: Baltazar Júnior, 2014

Imagem 48 – Acesso para batistério da Catedral de Brasília - DF


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

Imagem 49 – Corredor da parte administrativa da Catedral de Brasília - DF


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

76  
 
4.3.4 Aspectos Litúrgicos

O projeto da Catedral buscou obedecer a adequação litúrgica preconizada por


Pastro (2007), apesar da inovação das formas. Nele se percebe de modo simples
que o edifício é um local de culto católico, com o altar evidenciado e com alguns
elementos da simbologia cristã. O batistério e a capela do santíssimo também foram
observados no projeto, sendo dispostos nos locais apropriados liturgicamente.

Imagem 50 –Presbitério da Catedral de Brasília - DF


Fonte: Baltazar Júnior, 2014

4.3.5 Aspectos Positivos e Negativos

Como aspectos positivos pode-se concluir que os espaços e a arquitetura


seguiram as adequações litúrgicas, e a arquitetura moderna e inovadora leva o
observador a perceber que não é necessário uma arquitetura clássica, como as
antigas igrejas, para se identificar um templo católico. Os acessos subterrâneos para
o batistério e o acesso de veículos também são aspectos positivos por sua
funcionalidade. Quanto aos aspectos negativos observados, o mais crítico analisado
é em relação ao conforto ambiental instisfatório da nave, batistério e capela do
santíssimo.

77  
 
4.4 CONCLUSÃO DOS ESTUDOS DE CASO

Após concluir a análise dos três estudos de casos foi possível identificar todos
os aspectos relevantes para um real conhecimento dos principais atributos da
arquitetura e um aperfeiçoamento no projeto proposto. Por meio dos programas de
necessidades, conforto ambiental, material utilizado, acessos e aspectos litúrgicos
de cada edificação, pôde-se chegar a conclusão dos aspectos positivos e negativos
de cada uma, o que foi de extrema importância para o trabalho.

O seguinte quadro comparativo dos programas de necessidades pôde ajudar


de forma significativa na elaboração do projeto. Por razões de inacessibilidade de
determinados ambientes dos centros de evangelização e casa paroquial, o quadro
fará menção dos ambientes do principal setor que é o de culto, ou seja, os templos
ora visitados. No quadro é possível verificar os ambientes primordiais para o edifício
e que não constam em alguns dos estudos de casos, permitindo portanto a
elaboração de um programa de necessidades completo para o projeto proposto.

78  
 
4.4.1 Quadro Comparativo dos Programas de Necessidades

QUADRO COMPARATIVO DOS PROGRAMAS DE NECESSIDADES


AMBIENTES SÃO PAULO AP. MARY QUEEN CATEDRAL DE BSB
NAVE S S S
ATRIUM N S N
ESCRITÓRIO S S S
SALA DE REUNIÃO S S S
SECRETARIA S S S
FRAUDÁRIO N S N
WC PNE N S N
ENFERMARIA N S N
SACRISTIA S S S
WC SACRISTIA N S S
MINI COPA SACRISTIA N N S
CAPELA SANTÍSSIMO S S S
CAPELA N. SENHORA N S N
SALA DE ESPERA N S N
SALA DO DÍZIMO S S N
CORO S S N
DEPÓSITO DE EQUIP S S N
BATISTÉRIO N S S
SALA DE RECONCILIAÇÃO S S N
PRESBITÉRIO S S
ALMOXARIFADO N S N
SALÃO PAROQUIAL S N N
ESTACIONAMENTO S S S

Tabela 02 – Quadro Comparativo dos Programas de Necessidades


Fonte: Baltazar Júnior, 2015

79  
 
5 PROPOSTA

Será proposto um projeto arquitetônico de um complexo religioso que


compreenderá um templo da religião católica, um centro de evangelização e uma
casa paroquial, destinados a atender a demanda dos habitantes do futuro bairro que
será instalado na região do Jóquei, podendo servir de suporte para as demais
localidades da região Administrativa do Guará, Setor de Mansões Park Way, Colônia
Agrícola Águas Claras e Vicente Pires, pois como foi analisado neste trabalho,
estas regiões já trabalham com uma superlotação em suas instalações.
A escolha do terreno se deu após informações repassadas por arquitetos da
Administração do Guará e Terracap, indicando a realização de estudos para que a
região do Jóquei se torne, em breve, um setor habitacional. Além do mais, o local
onde se situa o terreno é um local estratégico para a comunidade que passa pelas
DF-087 (EPVL – Estrada Parque Vale) e DF-085 (EPTG – Estrada Parque
Taguantinga).
A proposta do projeto do complexo religioso será voltado para o estilo
contemporâneo, porém buscando seguir os valores da arquitetetura sacra dentro
dos moldes da liturgia católica. Também serão prioridades do projeto a utilização de
materiais modernos para soluções acústicas e bioclimáticas.

5.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES

Levando em consideração os estudos de casos analisados e os conceitos


apresentados pelos autores referenciados nesse trabalho, em especial Eduardo
Faust, segue proposta do programa de necessidades do projeto proposto. O mesmo
encontra-se dividido nos seguintes setores: Setor de Culto, Setor de Convivência,
Setor de Evangelização e Setor Casa Paroquial, os quais se destinam às seguintes
finalidades:

- Setor de Culto – propõe o templo como um todo, ou seja, a nave com o


presbitério, sacristia, sala de reconciliação, sala de reuniões, capela do Santíssimo
e capela de Nossa Senhora, sala do dízimo, coro, átrium, secretaria da igreja

80  
 
dentre os demais ambientes responsáveis para melhor atendimento aos usuários.
Este setor é o mais utilizado pelo usuário e o que se sobressai aos demais;

- Setor de Convivência – se encontra no mesmo edifício do templo, porém no


subsolo. Este se destina a eventos esporádicos como festas para casamento,
festividades da igreja e demais eventos sociais das pastorais. O espaço poderá
servir também como fonte de renda para a igreja por meio de locação do espaço
para eventos da comunidade. O espaço encontra-se semi enterrado para que
possa ser preservado a ventilação natural do ambiente. Nele há uma cozinha,
despensa e banheiros;

- Setor de Evangelização – serão executadas atividades extra templo


desenvolvidas pela comunidade pastoral como aulas de catequese, reuniões das
pastorais, conferencias, retiros, formações, apresentações, dentre outras
atividades. Nesse setor estão as salas de catequese, salas multi uso, auditório,
sala de música, sala de artes e todos os ambientes administrativos. O edifício se
encontra na parte posterior ao templo, sendo menos imponente para que o templo
seja o edifício principal do complexo;

- Setor Casa Paroquial – este setor é responsável pela moradia dos padres e
párocos da igreja, podendo também receber outros padres de outras cidades
quando em missão ou em trânsito na comunidade. As suítes dos moradores
encontram-se no pavimento superior, enquanto as suítes para hóspedes no térreo
para uma maior privacidade e facilidade de acesso pelos visitantes. No edifício
também encontram-se a sala de estar, de tv, escritório, cozinha, capela e demais
ambientes necessários para uma residência. O setor encontra-se junto ao centro
de evangelização e templo para maior facilidade de acesso para os usuários.

5.2 QUADRO DE ÁREAS MÍNIMAS

Seguem quadros com áreas mínimas conforme setores informados acima.

81  
 
5.2.1 Setor de Culto

SETOR DE CULTO
Nº DE ÁREAS. MIN
AMBIENTE QUANTIDADE EQUIPAMENTOS
USUARIOS (m²)
Mesas, telefone, armários,
ESCRITÓRIO 1 2 13 cadeiras, fax, impressora,
computadores, armários
1  SALA  DE  REUNIÕES 1 10 20 Mesa, cadeiras, lousa, tv.
Balcão, cadeiras,
SECRETARIA 1 2 20 computador, impressora,
armários, mesas.
Lavatório, vaso sanitário,
WC  PARA  ESCRITÓRIO 1 1 3
espelho.
MINI  COPA 1 1 3 Lavatório, frigobar.

FRAUDÁRIO 1 3 6 Pia, bancadas.


Lavatórios, vasos sanitários,
WC  MAS 1 4 10
espelhos.
Lavatórios, vasos sanitários,
WC  FEM 1 4 10
espelhos.
WC  PNE
Lavatório, vaso sanitário,
1 1 6
espelho.
Maca, mesa, cadeira,
ENFERMARIA 1 3 14
armário.
Lavatório, vaso sanitário,
SACRISTIA  COM  WC  E  MINI  
COPA
1 6 38 espelho, armário, pia,
cadeiras
Altar, imagens, quadros,
CAPELA  DO  SANTÍSSIMO 1 20 60
sacrário, cadeiras
Altar, imagens, quadros,
CAPELA  DE  NOSSA  SENHORA 1 20 60
cadeiras
SALA  DE  ESPERA 1 4 16 Cadeiras, mesa

SALA  DO  DÍZIMO 1 2 8 Balcão, cadeiras, armário.

CORO 1 30 48 Cadeiras, rack de som

DEPÓSITO  DE  EQUIP.  MUSICAIS 1 - 10 Armários

BATISTÉRIO 1 - ver atrium Pia batismal

SALA  DE  RECONCILIAÇÃO 4 2 4 Cadeiras, biombo


Altar, ambão, sacrário,
PRESBITÉRIO 1 - 100 mesa de apoio, cadeiras,
cruz processional
NAVE 1 1000 2000 Bancos, cadeiras, imagens
Adornos, pia para agua
ATRIUM 1 - 200
benta
ALMOXARIFADO 1 - 6 Armários

ESTACIONAMENTO 1 120 vagas 4000 Placas de sinalização

SALA  DE  ENSAIO   1 6 14 Cadeiras, racks de som


Tabela 3 - Quadro de áreas mínimas do setor de culto

Fonte: Programas de necessidades, adaptado pelo autor.

82  
 
5.2.2 Setor de Convivência

SETOR DE CONVIVÊNCIA

Nº DE ÁREAS. MIN
AMBIENTE QUANTIDADE EQUIPAMENTOS
USUARIOS (m²)

SALAO MULTI USO 1 120 600 Mesas e cadeiras.

Fogão industrial, coifa,


COZINHA 1 4 20
pias, armários.

DESPENSA 1 - 12 Armários.

DEPÓSITO PARA MESAS 1 - 28 Mesas e cadeiras

Lavatórios, vasos
WC MASCULINO 1 8 22
sanitários, espelhos.
Lavatórios, vasos
WC FEMININO 1 8 22
sanitários, espelhos.
Lavatório, vaso sanitário,
WC PNE MAS 1 1 4
espelho
Lavatório, vaso sanitário,
WC PNE FEM 1 1 4
espelho

DML 1 - 4 Armário

Tabela 4 - Quadro de áreas mínimas do setor de convivência

Fonte: Programas de necessidades, adaptado pelo autor

83  
 
5.2.3 Setor de Evangelização

SETOR DE EVENGELIZAÇÃO

Nº DE ÁREAS. MIN
AMBIENTE QUANTIDADE EQUIPAMENTOS
USUARIOS (m²)
ECONOMATO   1 3   8 Mesa,  cadeiras,  armário.  

Mesa,  cadeiras,  armário,  


SALAS  PARA  CATEQUESE   10 10   16
lousa.  
Mesas,  cadeiras,  balcão,  
CYBER  CAFÉ   1 6   60
freezers,  estantes  
Fogão industrial, coifa,
COZINHA   1 4   16
pias, armários.  
Altar, imagens, quadros,
CAPELA   1 20   60
sacrário, cadeiras  
Balcão, cadeiras,
SECRETARIA   1 2   15 computador, impressora,
armários, mesas.  
DEPÓSITO   1 -­‐   9 Armário.  

AUDITÓRIO   1 150   300 Cadeiras.  

Mesa,  cadeiras,  armário,  


SALAS  MULTI  USO   10 10   20
lousa.  

ADMINISTRAÇÃO   1 3   18 Mesa,  cadeiras,  armário.  

ÁREA  DE  DESCANSO   2 20   100 Bancos.  

Mesa,  cadeiras,  armário,  


SALA  DE  ARTES   1 12   24
lousa.  
Mesa,  cadeiras,  armário,  
SALA  DE  MÚSICA   2 10   20
lousa.  

ESTÚDIO   1 6   18 Cadeiras,  racks  de  som.  

FRAUDÁRIO   1 3   8 Pia, bancadas.  


Lavatórios, vasos
WC  MAS   1 8   15
sanitários, espelhos.  
Lavatórios, vasos
WC  FEM   1 8   15
sanitários, espelhos.  
WC  PNE  MAS   1  
Lavatório, vaso sanitário,
1 4
espelho.  
Mesas,  cadeiras,  balcão,  
WC  PNE  FEM   1 1   4
freezers  
Mesas,  cadeiras,  balcão,  
QUIOSQUE   1 4   22
freezers  
Mesas,  cadeiras,  balcão,  
CAFÉ   1 2   18
freezers  

DML   1 1   4 Armario  

Tabela 5 - Quadro de áreas mínimas do setor de evangelização

Fonte: Programas de necessidades, adaptado pelo autor

84  
 
5.2.4 Setor Casa Paroquial

SETOR CASA PAROQUIAL


Nº DE ÁREAS. MIN
AMBIENTE QUANTIDADE EQUIPAMENTOS
USUARIOS (m²)
Lavatório, vaso sanitário,
espelho, chuveiro, cama,
SUÍTES   9 2   12
criado mudo, tv,
escrivaninha  
Altar, imagens, quadros,
CAPELA   1 5   20
sacrário, cadeiras  
Lavatório, vaso sanitário,
LAVABO   1 1   4
espelho.  
ESCRITÓRIO   1 3   6 Mesa,  cadeiras,  armário.  

SALA  DE  ESTAR   1 20   44 Sofás,  poltronas,  adornos  

Sofá,  poltronas,  mesa  de  


SALA  DE  TV   1 20   44
centro  

SALA  DE  JANTAR   1 20   50 Mesa,  cadeiras.  

DESPENSA   1 -­‐   8 Armários.  

Fogão, coifa, pias,


COZINHA   1 2   20
armários.  
Maquinas  de  lavar  roupa,  
LAVANDERIA   1 2   6
armário,  bancada.  

GARAGEM     1 4  carros   60 -­‐  

Lavatório, vaso sanitário,


SUITES  HÓSPEDES   2  
espelho, chuveiro, cama,
2 12
criado mudo, tv,
escrivaninha.  
     

     

Tabela 6 - Tabela de áreas mínimas do setor casa paroquial

Fonte: Programas de necessidades, adaptado pelo autor

85  
 
5.2 Organograma e fluxograma

O organograma de setores e o fluxograma dos ambientes foram


baseados no programa de necessidades, podendo ser visualizados seguindo o
mesmo padrão de cores. As linhas azuis e vermelhas representam os fluxos dos
usuários e funcionários respectivamente.

Imagem 51 –Organograma
Fonte: O autor, 2015

86  
 
 
 

87  
Imagem 52 –Fluxograma
Fonte: O autor, 2015
5.3 Setorizaçao

A fachada principal do setor de culto está voltada para oeste, de frente


para a EPVL – Estrada Parque Vale, de forma que favorece a visão do templo
tanto para quem transita nessa via como na EPTG – Estrada Parque
Taguatinga. A fachada lateral direita está voltada a norte. Foi necessáirio adotar
medidas para a insolação, como por exemplo o estilo da cobertura que
prossegue até o nível mais baixo formando uma marquise com quatro metros de
largura projetando sombra nas aberturas laterais do templo, e o tipo de material
utilizado na mesma, ou seja concreto armado. A fachada posterior do templo
está voltada a leste, para que o sol nascente reflita nas vidraças acima do
presbitério e firme o propósito dos fiés estarem voltados a leste como
simbologia religiosa. E a fachada lateral esquerda voltada a sul, ou seja,
perpendicular a EPTG – Estrada Parque Taguatinga, e foi trabalhada com
elementos destacados como por exemplo o campanário, vidraças laterais do
templo, um pergolado curvo na casa paroquial e um espelho dágua, que
também remete a simbologia do batismo no cristianismo.
O setor de convivência está disposto no subsolo do templo, tendo sua
lateral esquerda, onde estão as aberturas, voltada a sul. O setor de
evangelização está localizado atrás do templo com as mesmas características
de fachadas do templo, ou seja, entrada principal do edifício voltada a oeste e
sua cobertura que acompanha o mesmo formato do setor de culto.
O setor casa paroquial também foi disposto atrás do setor de culto,
porém se econtra perpendicular a fachada sul do centro de evangelização e sua
entrada principal voltada a leste, proporcionando maior privacidade aos
moradores.
O estacionamento principal está disposto a norte das edificações e o
estacionamento de serviços a leste. Foi optado para que a fachada principal do
templo ficasse livre de vagas de automóveis para preservar a arquitetura
proposta.

88  
 
2  

1   3   LEGENDA  

1  –  Setor  de  Culto  

2  –  Setor  de  Evangelização  

3  –  Setor  Casa  Paroquial  

Imagem 53 – Setorização
Fonte: Baltazar Júnior, 2015

5.4 Definição do Partido

O partido do projeto proposto partiu de ideias provenientes do estudo


de caso 2, Basílica of The National Shine Of Mary, pela sua cobertura com duas
águas, conforto ambiental e disposição de alguns ambientes como o Atrium.
Também foi levado em consideração a arquitetura contemporânea de Brasília,
como exemplo a Catedral de Brasília de Niemeyer, que buscou inovar sem
deixar de levar em conta as tradições cristãs e arquitetura sacra.
O formato da cobertura retrata o formato de vestimentas de algumas
ordens religiosas de freiras, que possuem o chapéu pontiagudo relembrando as
mãos, que postas juntas para oração formam um triângulo, como na obra de Le
Corbusier Chapelle de Notre-Dame em Ronchamp na França.

89  
 
Imagem 54 – Chapelle de Notre-Dame em Ronchamp na França
Fonte: Baltazar Júnior, 2015

Outro aspecto a ser analisado é em relação ao campanário, que por


intermédio de sonho veio a imagem de um elemento desencaixado de um outro
maior, o que gerou, no primeiro esboço, a seguinte forma:

Imagem 55 – Primeiro Croqui Setor Culto


Fonte: Baltazar Júnior, 2015

Em relação ao partido do centro e evangelização foi pensado em algo que


nao deixasse de sobressair o templo, que consiste no edifício de maior relevância, e
que ao mesmo tempo sua volumetria remetesse à do templo. Quanto a casa
paroquial, seguindo a mesma linha de raciocínio, porém dando ênfase a sua fachada
lateral direita voltada à EPTG, que possui os pilares do pergolado acompanhando a
mesma forma do campanário, conforme pode-se observar nas imagens 56 e 57.

90  
 
I

Imagem 56 – Vista Setor de Evangelização


Fonte: Baltazar Júnior, 2015

Imagem 57 – Vista Setor Casa Paroquial


Fonte: Baltazar Júnior, 2015

91  
 
5.5 Evolução do Partido

Após a criação do croqui do Setor de Culto, pôde-se reforçar a busca por uma
arquitetura sacra, que foram as doze imagens no pilar da cruz representando os
doze apóstolos. A cruz que transpassa a cobertura significa o sacrifício de Cristo que
rompeu o céu, unindo a Terra ao Céu permitindo a todos que creem participe da sua
graça. O formato simples do campanário no esboço à mão foi redesenhado
buscando também um sentido, que quer dizer: a forma em movimento como se este
tivesse sido puxado ao desencontro do templo, representa os fiéis que se afastaram
da igreja, porém pode-se voltar a qualquer momento, conforme ilustra a seguinte
imagem. Nesse sentido, observa-se que a base do campanário deixou de ser reta
como antes, passando-se a dar a impressão de ser empurrada junto ao templo como
que se uma força empurrasem os fiéis para a casa de Deus. Além dessa sensação
de movimento, seu formato curvo vai de encontro com o tipo da cobertura do templo.

Imagem 58 – Vista Setor de Culto Imagem 59 – Vista do Setor de Culto


Fonte: Baltazar Júnior, 2015 Fonte: Baltazar Júnior, 2015

Dessa forma, foi possível definir o partido tanto do templo como dos demais
edifícios, levando em consideração as normas relativas ao terreno de estudo e
buscando a interação dos três setores de forma harmônica não deixando de lado os
elementos que constituem a arquitetura sacra e simbologias cristãs.

92  
 
6 PROJETO

6.1 Memorial descritivo

A entrada no complexo religioso se faz pela via Estrada Parque Vale – EPVL,
tanto para automóveis como pedestres. Ao adentrar no terreno o visitante avistará o
templo a sua direita, o centro de evangelização a sua frente e o estacionamento a
esquerda. As vagas próximas ao templo serão reservadas aos portadores de
necessidades especiais e idosos, seguindo as devidas regras previstas no artigo 12,
inciso I da Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997 e Lei Federal nº 10.098, de 19 de
dezembro de 2000, que dispõe sobre normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência e com
dificuldade de locomoção, que, em seu art. 7°, estabelece a obrigatoriedade de
reservar 2 % (dois por cento) das vagas em estacionamento regulamentado de uso
público para serem utilizadas exclusivamente por veículos que transportem pessoas
portadoras de deficiência ou com dificuldade de locomoção, assim como o Art. 41 da
Lei nº 10.741 de 01 de Outubro de 2003 que diz que é assegurada a reserva, para
os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos
estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a
garantir a melhor comodidade ao idoso. Conforme descrito na página 6, anexo III do
Código de Obras e Edificações do Distrito Federal - COE DF, o número total de
vagas para serviços de organização religiosa deve ser de uma vaga para cada
cinquenta metros quadrados de área construída, portanto como o complexo
disponibiliza de 139 vagas e toda a edificação tem menos de seis mil metros
quadrados, há vagas sobressalentes para idosos, portadores de necessidades
especiais e demais usuários.

93  
 
Imagem 60 – Vista Estacionamento
Fonte: Baltazar Júnior, 2015

Imagem 61 – Vista Estacionamento e Acesso Principal do Templo


Fonte: Baltazar Júnior, 2015

O acesso de automóveis a casa paroquial se faz de forma privativa aos


usuários desse setor por tráz do centro de evangelização conforme planta de
implantação em anexo. O acesso de pedestres ao templo se faz tanto pelas laterais
como pela frente do edifício. Saídas de emergência foram dispostas próximo ao
presbitério por estar relativamente no meio do complexo religioso.

94  
 
Imagem 62 – Vista Lateral Direita Templo e Centro de Evangelização
Fonte: Baltazar Júnior, 2015

Ao entrar pela porta principal do templo o usuário observará o pé direito alto


do Atrium e uma grande porta de madeira a sua frente que divide esse ambiente
com a nave da igreja. A sua esquerda está a área administrativa assim como as
salas de reconciliação e banheiros. A direita o acesso ao mezanino (coro) e ao salão
paroquial no subsolo. Os acessos podem ser tanto por escadas como elevadores.
Pelo lado de fora do templo e também pela frente pode-se acessar a capela do
Santíssimo, este acesso é uma facilidade para o usuário que frequenta as missas
durante os dias úteis da semana e também para que o usuário que deseja utilizar a
capela não atrapalhe as celebrações no templo.

No interior da nave o usuário pode visualizar o pé direito com mais de 15m de


altura e uma grande vidraça trabalhada com arte sacra acima do presbitério que está
voltada para o leste. O presbitério também chama a atenção pela sua largura de
37m e com o altar centralizado. O aceso ao bresbitério se faz por escadas e rampas
de acessibilidade, logo atrás do bresbitério, a sua direita está a sacristia e sala dos
ministros da eucaristia. Próximo a esses ambientes há uma lavanderia para lavar por
exemplo as toalhas utilizadas nas celebrações e também outro acesso para o salão
de eventos e acessos ao centro de evangelização e casa paroquial. Do outro lado do

95  
 
presbitério, na parte de trás, estão os ambientes para os usuários tanto do templo
como do centro de evangelização, ou seja o fraudário e os banheiros, tendo também
o acesso ao centro de evangelização onde logo no início da área de circulação há
um Cyber café e recepção.

O acesso ao Centro de Evangelização também se faz pela lateral externa


tendo um portão de acesso, sendo que quando não houver aulas ou eventos este
portão ficará fechado. Porém, o acesso ao auditório é independente para eventos
extra templo e extra pastoral. No hall do térreo do Centro de Evangelização o
usuário acessa os outros dois pavimentos, sendo que o primeiro pavimento é
destinado as salas de catequese, multiuso e sala de artes, enquanto o segundo
pavimento é a área administrativa como secretaria, administração, sala de
segurança e economato. Este último é destinado ao administrador do edifício e a
sala de segurança, onde ficará por exemplo a monitoração por câmeras de vídeo de
todo o complexo.

A casa paroquial é um setor privativo aos moradores do complexo, que terão


acesso ao Centro de Evangelização e ao Templo pela área de ciruculação privada a
estes usuários. Este setor está divido em dois andares, sendo o térreo as área de
convívio como capela, salas, cozinha, etc. Neste pavimento também se encontra as
duas suítes para hóspedes. No pavimento superior econtram-se as suítes dos
moradores. A quantidade de suítes se faz necessário devido a algumas ordens
religiosas terem um número elevado de sacerdotes e consagrados, sendo certo que
são frequentes os eventos religiosos que necessitam do apoio das casas paróquiais
para abrigar os membros vindos de outras comunidades e demais visitantes.

Concluindo este memorial cabe ressaltar que os ambientes ora citados foram
dimensionados conforme estudos de casos do presente trabalho, assim como
pesquisas de outros complexos, buscando sempre elementos essenciais a
realização de um projeto funcional e ao mesmo tempo com simbologias cristãs,
como no caso do templo.

96  
 
6.2 Materiais e Soluções de Conforto Ambiental

Os principais ambientes foram trabalhados de forma que pudessem atender


aos usuários de forma satisfatória tanto nos quesitos estéticos como conforto
térmico e acústico. A fachada norte do templo e do Centro de Evangelização possui
a cobertura curva feita de concreto armado e pintura branca para favorecer o
controle da insolação, além disso uma marquise de 4m de largura proteje as
vidraças do templo voltadas nessa posição. A fachada principal do templo também
possui uma marquise com 8m de largura, protegendo portanto a vidraça do sol da
tarde. (ver Mapa Bioclimático anexo).
Todo o complexo possui basicamente o mármore e granito como principal
piso por ser um material resistente e ao mesmo tempo bonito. Apesar de ser um
material liso e ser um grande refletor de ruído outras soluções foram adotadas no
templo como forma de compensar esse fator. No presbitério portanto, o mármore
travertino poroso será utilizado no piso e escadarias, enquanto a parede atrás do
presbitério será toda revestida com madeira rústica porosa ou de demolição
permitindo, dessa forma, a diminuição da reverberação e ao mesmo tempo fará jus a
aquitetura sacra que, conforme sugere Pastro (2007), demonstra ser interessante a
utilização de material rústico no presbitério. A parede que faz divisa com o átrium,
ou seja, a contrária ao presbitério, será revestida com material acústico (lã de rocha)
para suprir a reverberação provinda das caixas de som. Todo o forro do templo será
de gesso acartonado perfurado e com lã de vidro entre a laje e forro. O mesmo
procedimento será feito no forro do Salão Paroquial, no auditório e nas salas de aula
do Centro de Evangelização. É sugerido a utilização de cadeiras acolchoadas para
esses ambientes para ajudar no controle da absorção de ruídos. A iluminação
natural do templo será possível durante todo o dia sem a necessidade de iluminação
artificial devido as vidraças nas quatro laterais do edifício.

97  
 
CONCLUSÃO

O complexo religioso estudado neste trabalho deverá se revestir dos mesmos


princípios acima expostos, devendo o seu projeto caminhar nos limites das
inovações contemporâneas e da obediência a funcionalidade requerida pela obra.
Dentro do complexo, o edifício Igreja é o que apresenta maior dificuldade na
utilização dessas diretrizes, pois, o processo de modernização iniciado no século XX
trouxe a baila a questão da necessidade de limites para o arquiteto quando na
elaboração dos projetos de igrejas.
Sobre a evolução dos estilos arquitetônicos das igrejas, percebe-se que a
necessidade de romper com os estilos clássicos anteriores foi um dos pontos de
partida no processo de modernização das igrejas, onde os arquitetos tentaram
encontrar um estilo próprio e inovador, com base em novas tecnologias e nas
transformações ocorridas no seio da própria sociedade. Nesse contexto surgem as
primeiras igrejas modernas, rompendo tradições e trazendo contradições, não só
dentro do universo da arquitetura, mas no âmbito da própria igreja católica. Grandes
arquitetos da era moderna aceitaram o desafio da proposta de modernização das
igrejas, a exemplo de Le Corbusier, Niemeyer e Tadao Ando, deixando obras
significativas e que serviram de inspiração para os demais arquitetos que aos
poucos foram mudando o panorama da arquitetura sacra utilizada nos templos
católicos. Introduzido um novo conceito, resta à arquitetura contemporânea
encontrar uma boa relação entre sua proposta e a linguagem litúrgica própria da
igreja católica. Esse deve ser um diálogo que não deve ser abandonado na criação
do projeto do templo católico, sob pena de negligenciar a funcionalidade das igrejas,
que apresentam traços específicos e cheio de significados.
A exemplo do edifício igreja, a funcionalidade também deve orientar o
projeto do centro de evangelização e da casa paroquial. Embora não sejam um
espaço sagrado como a igreja, também assumem um papel relevante no complexo
religioso, pois servirão para acomodar grande parte do volume das atividades da
comunidade católica reunida na paróquia. Por isso, torna-se fundamental ao
arquiteto conhecer a fundo a estrutura da comunidade e das pastorais que ali
exercem suas atividades, tendo então o subsídio necessário para traçar um
programa de necessidades que revele as prioridades daquela comunidade.

98  
 
O grande desafio da arquitetura sacra contemporânea se baseia na
introdução de formas em conformidade com a necessidade de preservação da
identidade de cada expressão religiosa. É fato que ao longo do tempo ela se tornou
referência temporal dos valores de cada sociedade, traduzindo o modo como o
homem se relacionava com Deus e, em alguns aspectos, com o mundo, porém,
sempre teve como objetivo a interpretação do sagrado segundo cada expressão
religiosa. No caso, a preservação da expressão católica passa pela obediência ao
aspecto litúrgico e pelas necessidades determinadas pela própria comunidade
católica. Pensando desse modo, o projeto do complexo religioso fará jus a um dos
princípios básicos da boa arquitetura, que tem por objetivo criar obras adequadas a
seu propósito.

99  
 
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101  
 
APÊNDICE A – ENTREVISTAS COM MEMBROS DAS PARÓQUIAS ANALISADAS

As entrevistas foram realizadas nos dias 19, 20 e 21 de setembro de 2014 e


tiveram como principais assuntos a quantidade de usuários das paróquias por
missas e finais de semana, o conforto ambiental nos principais ambientes dos
complexos religiosos e no caso da paróquia São Paulo Apóstolo, assuntos
relacionados às instalações para aulas de música e questões técnicas de
sonorização.

ENTREVISTA I

Entrevistado: Rodrigo Soalheiro da Silva

CPF: 606.544.141-49

Rodrigo Soalheiro é professor de música na paróquia Divino Espírito Santo há


7 anos e em diversas paróquias do Distrito Federal. Formado pela Escola de Música
de Brasília no ano de 2009 e cantor, além de reger o coral do TCDF (Tribunal de
Contas do Distrito Federal).

Entrevistador - Há quanto tempo você ministra aula de canto e musica na


igreja?

Rodrigo – Desde antes de me formar na EMB (Escola de Música de Brasília)


eu já dava aula para crianças e jovens que gostariam de cantar não só na igreja,
mas MPB e diversos tipos de músicas seculares.

Entrevistador – Como são as instalações para aulas de canto e a acústica do


templo?

Rodrigo – As salas que ministro aula são salas de catequese comuns. Não foi
trabalhado nada levando em consideração a acústica, mobiliários, etc. Dependendo
do aluno, se sua voz for mais forte, pessoas que estão em outras atividades no
centro catequético batem na porta para pedir para diminuir a altura da voz, o que é
péssimo para o aprendizado adequado. Em relação a acústica da igreja temos
muitos problemas, os equipamentos de som não são bons pois não se obtém uma
regulagem adequada e no caso de coral pior ainda, pois na construção da igreja não
se pensaram em nada a respeito. Creio que toda igreja deveria ter essa
preocupação desde o projeto. As pessoas que sentam atrás na São Paulo Apóstolo,
por exemplo, reclamam de não entender o que o padre ou comentarista fala, os que
sentam a frente reclamam que o som está alto. Em relação a paróquia Divino
Espírito Santo o problema não é tanto, porém também acontece o mesmo.

Entrevistador – Você já trabalhou também na Catedral de Brasília. Qual a sua


opinião da catedral nos aspectos de acústica e conforto térmico?

102  
 
Rodrigo – A catedral é o pior projeto que já conheci em relação a acústica.
Nunca se conseguiram resolver o problema. Tenho um amigo que é engenheiro de
som, ele disse em certa ocasião que para resolver o problema da acústica da
Catedral de Brasília deveria alterar o projeto arquitetônico. Disse algo sobre colocar
placas de madeira no teto, mudar os revestimentos das paredes laterais e até mexer
no piso, o que é impossível de acontecer por ser um edifício tombado. Já se
gastaram muito dinheiro com equipamentos de som lá, porém nunca resolveu a
questão. Quanto a temperatura, qualquer um que chegar lá dentro começa a abanar
o rosto com o calor. O pároco disse certa vez que os gastos para manter o ar
condicionado ligado girava em torno de trinta mil reais, um absurdo de valor para
uma igreja em que não se tem tanto dízimo.

Entrevistador – Quantas pessoas em média participam das missas nos finais


de semana na Paróquia São Paulo Apóstolo e Paróquia Divino Espírito Santo?

Rodrigo – Pela quantidade de bancos, e percebendo que todas as missas dos


finais de semana ficam muitas pessoas em pé, imagino que umas oitocentas
pessoas por missa na São Paulo Apóstolo e na Divino Espírito Santo uma média de
quinhentas pessoas. Recentemente acrescentou mais uma missa aos domingos na
Divino Espírito Santo para diminuir um pouco a quantidade de pessoas que
frequentam as missas principalmente nas missas noturnas dos domingos.

ENTREVISTA II

Entrevistado: Sérgio Murilo

CPF: 862.054.121-87

Há quatro anos o Padre Sérgio é pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo, foi
vigário durante cinco anos, somando-se nove anos na paróquia. Também é
formador no Seminário Menor dos Josefinos.

Entrevistador – Quantas pessoas frequentam as missas da paróquia São


Paulo Apóstolo nos finais de semana e quando foi o último levantamento?

Pe Sérgio – Nós sempre temos que fazer esse tipo de levantamento pois
dependemos disso para mandar fabricar as hóstias, folhetos, jornal comunitário e
verificarmos o porcentual de fiéis que tem aumentado a cada ano. Contamos as
pessoas em cada missa em torno de duas vezes ao ano. Geralmente a missa que
fica muito cheia é a das 18:30h dos domingos passando de até mil pessoas. Elas
ficam em pé do lado de fora da igreja. Nas demais missas a quantidade varia entre
seiscentas a oitocentas pessoas. Dessa forma fazemos uma média e chegamos da
última vez a setecentos e vinte pessoas por missa. Porém, esse valor já tem
aumentado e estamos pensando na possibilidade de acrescentar mais uma missa

103  
 
no domingo como a paróquia Maria Imaculada e paróquia Divino Espírito já fizeram.
Só não decidimos ainda se será as 11h da manhã ou meio dia.

Entrevistador – O que você acha das questões relacionadas a arquitetura,


climatização e sonorização da igreja e principais ambientes do complexo?

Pe Sérgio – Nós párocos sempre queremos o melhor para as igrejas, o


problema são os custos que são altíssimos. Eu queria muito melhorar todas essas
questões, mas sozinho não consigo. Gostaria muito de mexer na fachada da igreja,
trocar o forro de PVC por gesso, comprar novos equipamentos de som e o maior
sonho seria colocar sistema de climatização, com ar condicionado que suporte bem
os dias quentes. Já chamamos empresas especializadas, mas a troca do som por
exemplo ficou mais de sessenta mil reais. E para se colocar um som do tipo que
pesquisamos seria necessário fazer algumas mudanças na nave da igreja como por
exemplo o próprio forro e trabalhar com materiais acústicos. Mas você perguntou o
que acho. Acho que devemos mudar tudo.

ENTREVISTA II

Entrevistado: Amarildo Osmar da Silva

CPF: 317.285.101-04

Amarildo é coordenador da equipe de liturgia da paróquia Maria Imaculada há


três anos, pregador na RCC (Renovação Carismática Católica) e coordenador do
grupo de oração do Senado, onde trabalha atualmente.

Entrevistador – Quantas pessoas frequentam as missas da paróquia Maria


Imaculada nos finais de semana e quando foi o último levantamento?

Amarildo – Em todas missas separamos em média quatrocentas e cinquenta


hóstias para serem consagradas. Levando em consideração que muitos não
comungam, temos uma média de seiscentas pessoas por missa. É claro que isso é
uma média, pois algumas missas têm mais pessoas e outras menos. Não sei
quando foi o último levantamento, mas eu sei que sempre acontece essa contagem.

Entrevistador – Como é feito o levantamento? Quem faz?

Amarildo – Geralmente o padre pede para um ministro da eucaristia contar


aproximadamente a quantidade de pessoas que estão em pé, pois as sentadas são
fáceis de contar, multiplica-se a quantidade de pessoas que cabem em um banco
pela quantidade de bancos da igreja.

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