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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Química

Departamento de Processos e Operações Industriais

Laboratório de Engenharia Química I

Prática 06:

Determinação Experimental da
Permeabilidade de Leitos

Professor: Marco Antônio Gaya de Figueiredo

Data de realização da prática: 31/05/2017

Data de entrega do relatório: 06/06/2017

Alunos: Grupo 1 da Tarde

GUSTAVO KLINSMANN

JÉSSICA FERREIRA COIMBRA

SABRINA IANES BARRETO

WILLIAM MARINHO

Rio de Janeiro, 06 de Junho de 2017.

1
Sumário

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3
OBJETIVO ....................................................................................................................................... 4
PROCEDIMENTO ............................................................................................................................ 4
RESULTADOS ................................................................................................................................. 5
ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................................... 5
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 10
EXERCÍCIOS CONCEITUAIS ........................................................................................................... 10
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 12

2
INTRODUÇÃO

Leito fixo é uma estrutura muito importante em engenharia e caracteriza-se


por um aglomerado de partículas que não se movimentam umas em relação às outras.
É composto por partículas com baixa distribuição granulométrica e elevada área
superficial (fase estacionária), por onde escoam fluidos (líquidos ou gases), para que o
contato com a fase sólida promova uma reação química, como é o caso dos reatores
catalíticos, ou transferência de massa, como nas torres de absorção e adsorção.

Figura 1 – Representação simples de um leito fixo[1]

Devido à resistência física gerada pelo leito, a fase sólida gera perda de carga
conforme o escoamento. As propriedades granulométricas devem ser consideradas na
utilização de leitos fixos, dentre elas, a massa específica, a porosidade, a esfericidade e
o diâmetro das partículas. O material de empacotamento pode ser composto por
esferas, cilindros ou partículas irregulares de diversos tipos de materiais.

Para o dimensionamento de equipamentos com leitos fixos, o diferencial de


pressão é de grande importância, e depende das propriedades granulométricas dos
sólidos e das condições de escoamento. Ergun propôs um modelo para este cálculo
que foi simplificado e linearizado por Massarani, passando a depender apenas da
permeabilidade do leito e da constante de empacotamento.

A constante de empacotamento define o quão aglomeradas estão as partículas


no leito e a permeabilidade define a facilidade ou dificuldade com que o fluido escoa
através dos poros. Esta última deve ser expressa em função da porosidade, pois
apenas uma parte da área da seção transversal total está disponível para o
escoamento do fluido.

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OBJETIVO

Determinar o perfil experimental da perda de carga em três pontos do leito fixo


para diferentes vazões e determinar a permeabilidade de leitos e o seu
comportamento e comparar com modelos teóricos.

PROCEDIMENTO

Figura 2 – Vista frontal do aparato experimental

As válvulas gaveta Vsist e Val foram abertas totalmente, enquanto as válvulas Vret
e Vex foram fechadas. A equalização da pressão no manômetro foi feita abrindo-se Eq,
que foi fechada em seguida. A bomba e o equipamento foram ligados. Foram
determinadas seis situações experimentais, cada uma com uma vazão diferente. Para
cada situação, foram medidas as diferenças de pressão entre os pontos 1 e 2 do leito,
abrindo-se as válvulas P1 e P2, entre os pontos 2 e 3, abrindo-se as válvulas P2 e P3 e
entre os pontos 2 e 4, abrindo-se as válvulas P2 e P4. As vazões eram controladas,
4
manipulando-se a válvula Vret, mantendoVsisttotalmente aberta, e a leitura da diferença
de pressão era feita no manômetro.

RESULTADOS

Os resultados observados nesta prática forneceram a queda de pressão,


medida a partir da diferença de altura nas colunas do manômetro em U, para
diferentes vazões de água em escoamento.

As vazões de água foram determinadas ao verificar o volume que escoou


durante um determinado intervalo de tempo e a massa foi obtida dividindo a vazão
volumétrica pela massa específica da água. Este resultado pode ser observado na
Tabela 1:

Tabela 1 : Dados obtidos na prática

Abertura da Massa Vazão


Tempo Δh2-4 Δh2-3 Δh2-1
válvula de água volumétrica
(s) (m) (m) (m)
(kg) (m3/s)
Retorno Sistema
Fechado Aberto 1,02 5,56 1,83E-04 0,654 0,293 0,197
A1 Aberto 1,13 7,78 1,45E-04 0,456 0,214 0,131
A2 Aberto 1,00 7,88 1,27E-04 0,314 0,153 0,098
A3 Aberto 1,08 21,78 4,96E-05 0,107 0,046 0,028
A4 Aberto 1,25 13,25 9,43E-05 0,196 0,096 0,065
Aberto Aberto 0,30 20,35 1,47E-05 0,026 0,009 0,007

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Como no manômetro em U há uma coluna de água e mercúrio, para obter a


pressão medida em Pa, faz-se:

Δ𝑃 = (𝜌𝐻𝑔 − 𝜌𝐻2 𝑂 ). 𝑔. Δℎ𝑐𝑜𝑙

Sendo:

ΔP - Diferença de Pressão (Pa)

𝜌𝐻𝑔 - Massa específica do mercúrio (kg/m³)

𝜌𝐻2 𝑂 - Massa específica do mercúrio (kg/m³)


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g - Aceleração gravitacional (m/s²)

Δhcol - Diferença de altura de coluna no tubo em U (m)

Aplicando a equação da energia na base e no topo do recheio,


considerando que não há trabalho de eixo e que a velocidade de escoamento é a
mesma ao longo da coluna, temos que:

𝑣22 𝑃2 𝑣12 𝑃1 𝑤𝑠
( + 𝑔𝐿𝑏2 + ) − ( + 𝑔𝐿𝑏1 + ) = (ℎ𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 + )
2 𝜌2 2 𝜌1 ṁ

(𝑃2 − 𝑃1 ) + (𝑔. 𝜌𝑓 . 𝐿𝑏 ) = (ℎ𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑜 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜 )

∆𝑃
( ) + (𝑔. 𝜌𝑓 ) = (ℎ𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑜 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜 )
𝐿𝑏

A fim de realizar os cálculos posteriores foram necessários os seguintes dados:

 Diâmetro de partícula:Dp = 1,70 mm = 1,7 ∙ 10-3 m


 Diâmetro do leito: Db = 4,5 cm = 4,5 ∙ 10-2 m
 Altura do leito: Lb = 38,5 cm = 38,5 ∙ 10-2 m
 Massa de recheio: mb = 900 g = 0,9 kg

A equação de Ergun (1952) é a equação que engloba a diferença de pressão


para regime laminar e turbulento e, considerando que na nesta prática há populações
homogêneas de partículas, temos que:

Δ𝑃 (1 − 𝜀)2 𝜇. v 1 − 𝜀 𝜌𝑓 . v 2
( + 𝜌𝑓 . 𝑔) = 150. . 2 + 1,75. .
𝐿𝑏 𝜀3 (𝐷𝑝 . 𝜙) 𝜀 3 (𝐷𝑝 . 𝜙)

Sendo:

Lb – altura do leito (m);

Dp – diâmetro da partícula do recheio (m);

ϕ – esfericidade da partícula do recheio;

𝜌𝑓 – massa específica do fluido (kg/m3)

ε – porosidade do leito.

O primeiro termo da equação acima está relacionado a perdas por energia


viscosa e o segundo termo se refere a perdas por energia cinética.
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Ao aplicar as simplificações propostas por Massarani e dividir a equação obtida
pela velocidade:
Δ𝑃
( 𝐿 + 𝜌. 𝑔) 𝜇 𝜌𝑓 . 𝑐
=( )+( ).v
v 𝜅 √𝜅

Onde:
2
(𝐷𝑝 . 𝜙) . 𝜀 3 0,14
𝜅= e 𝑐=
150. (1 − 𝜀)2 𝜀 1,5

A equação obtida anteriormente pode ser comparada a equação de uma reta,


da seguinte forma:

Sendo 𝑦 = 𝛼. 𝑥 + 𝛽
Δ𝑃
( 𝐿 + 𝜌. 𝑔)
𝑦=[ ]
v

𝜌𝑓 .𝑐
𝛼= ( ) ; sendo α o coeficiente angular
√𝜅

𝜇
𝛽 = ( ) ; sendo β o coeficiente linear
𝜅

v – velocidade de escoamento
Δ𝑃
( +𝜌.𝑔)
𝐿
A partir das velocidades, considerando y = , foi possível obter o y para
v
cada Δh:

𝚫𝑷
( +𝝆.𝒈)
𝑳
Tabela 2: Variação do 𝐯
com a velocidade

Abertura da válvula Velocidade


y2-4 y2-3 y2-1
(m/s)

Retorno Sistema
Fechado Aberto 0,115063129 3598039 3232796 2201520,35

A1 Aberto 0,091170239 3198760 3008952 1883661,4

A2 Aberto 0,079852554 2553098 2491181 1639821

A3 Aberto 0,031186509 2435002 2137744 1424323,56

7
A4 Aberto 0,059292093 2208454 2166760 1520504,59

Aberto Aberto 0,009242776 2799893 2264962 1997497,3

Figura 3 - Variação do y2-4 de acordo com a velocidade

Figura 4 - Variação do y2-3 de acordo com a velocidade

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Figura 5 - Variação do y2-1 de acordo com a velocidade

Rearranjando os coeficientes linear e angular:

𝜇 𝛼. √𝜅
𝜅= e 𝑐=
𝛽 𝜌𝑓

A partir dos valores de β obtido pelas equações e considerando que o µ𝐻2 𝑂 é


0,001Pa.s, é possível obter os valores de k para cada seção:
𝜇
𝜅=
𝛽

Com os valores obtidos para k e para α, pode-se obter o parâmetro c e a partir


deste, a permeabilidade do meio para cada trecho, como mostrado na tabela 3:

𝛼. √𝜅
𝑐=
𝜌𝑓
2
0,14 (3)
𝜀=( )
𝑐
Tabela 3 : Permeabilidade do meio para cada seção
α β k c 𝜺
8000000 2000000 5E-10 0,178885438 0,84925
Δh2-4 (m)
10000000 2000000 5E-10 0,223606798 0,731861
Δh2-3 (m)
3000000 2000000 5E-10 0,067082039 0,633107
Δh2-1 (m)

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CONCLUSÃO

Com base nos resultados experimentais comprovamos que quanto maior a


altura do leito maior é a perda de carga, pois nos trechos 2-4 obtivemos maior perda
de carga que nos os outros trechos mais curtos.

De acordo com os ajustes lineares nas figuras 3, 4 e 5, percebe-se que, pelo


baixo coeficiente de determinação (R²), significa que um percentual pequeno da
variável dependente consegue ser explicado pelos regressores presentes no modelo,
reduzindo a confiabilidade do modelo.

A porosidade determinada pelo modelo divergiu consideravelmente em cada


trecho: 0,84925 entre o trecho (2-4), 0,731861 entre o trecho (2-3), e 0,633107 entre o
trecho (2-1). O que não comprova homogeneidade ao longo do leito.

A divergência de resultados também pode ter sido acarretada por problemas


operacionais, na medição de pressão, devido ao entupimento do orifício medidor por
partículas do próprio recheio. Problemas estes que ocorreram várias vezes ao longo da
realização da prática.

EXERCÍCIOS CONCEITUAIS

A prática de avaliação da permeabilidade de leitos tem grande aplicação na área


de reatores de leito fixo ou em torres de absorção / adsorção por conta da
especificação do tempo de contato entre as fases (fluidas com o solido) e no cálculo
das bombas de alimentação de liquido na torre. Balizado nas observações efetuadas
e no que foi estudado responda ao seguinte questionamento;

1. Quais são as principais informações necessárias para o dimensionamento da


pressão de alimentação de líquido numa torre recheada. Preferencialmente
qual o sentido do fluxo de gás numa torre adsorvedora (ascendente ou
descendente (explique porque) e como influenciaria a distribuição do
tamanho de partícula numa torre recheada?

A pressão de alimentação de líquido numa torre recheada pode ser determinada


pela equação de Ergun, determinando-se a perda de carga gerada pelo leito,

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considerando as propriedades do leito, das partículas do recheio e do próprio fluido.
Esta equação é explicitada abaixo:

Δ𝑃 (1 − 𝜀)2 𝜇. v 1 − 𝜀 𝜌𝑠 . v 2
( + 𝜌. 𝑔) = 150. . 2 + 1,75. .
𝐿𝑏 𝜀3 (𝐷 . 𝜙) 𝜀 3 (𝐷𝑝 . 𝜙)
𝑝

Sendo:

ΔP - Diferença de Pressão (Pa);

ρ - Massa específica do fluido (kg/m³);

g - Aceleração gravitacional (m/s²);

Lb – altura do leito (m);

µ - viscosidade do fluido (kg/m.s);

v – velocidade de escoamento do fluido (m/s)

Dp – diâmetro da partícula do recheio (m);

𝜙 – esfericidade da partícula do recheio;

ε – porosidade do leito.

O fluxo de gás numa torre adsorvedora depende do método de adsorção


empregado. O fluxo do gás será descendente se a adsorção for feita por uma variação
de temperatura, como é o caso do método TSA(Temperature Swing Adsorption). O
fluxo será ascendentese a adsorção for feita por uma variação de pressão, como é o
caso do método PSA (Pressure Swing Adsorption)

Em uma torre recheada, quanto menor o diâmetro da partícula, mais empacotado


será o leito e o contato da partícula adsorvente com o fluido será mais efetivo, assim a
perda de carga será maior.

2. De uma forma geral, as torres possuem uma altura limitada no caso dastorres
recheadas, qual seria o motivo para a limitação de altura ?

Como a presença de recheio promove maior perda de carga nas correntes, quanto
maior for a altura da torre, maior será a perda de carga. Além disto, deve ser
considerada a massa específica do material de recheio ao se projetar a torre. Desta
forma, uma torre com recheio com alta massa específica terá de suportar um peso
maior e consequentemente, há influência na altura a ser projetada.

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3. De que forma a permeabilidade e porosidade interferem no processo onde
existe um leito com material granulado?

Ambas as propriedades afetam a eficiência de contato entre as fases e a perda de


carga no leito.

O diâmetro da partícula está diretamente relacionado à porosidade do leito, sendo


que quanto menor o diâmetro da partícula, menos poroso é o leito. Analisando a
equação de Ergun apresentada acima, percebe-se que a perda de carga aumenta com
a diminuição do diâmetro da partícula e da porosidade do meio. Como a
permeabilidade está relacionada diretamente com a porosidade, também há o
aumento da perda de carga se ela diminui.

Outro fator importante é que o aumento da porosidade aumenta a área superficial


da partícula e a velocidade de escoamento, assim é possível que haja um aumento da
conversão da reação em reatores catalíticos e um aumento da taxa de transferência de
massa em torres de absorção e adsorção.

4. O que você entende por velocidade espacial seja do liquido como do gásem
um leito recheado. Deque forma ela interfere no dimensionamento de um
leito.

O tempo espacial (𝜏) é definido como a razão entre o volume de um equipamento


e a vazão de material que escoa por ele (𝜏 = 𝑉/𝑉)̇.

A velocidade espacial é o inverso do tempo espacial, ou seja, é a razão entre a


vazão volumétrica do fluido e o volume do equipamento. Isso significa o número de
volumes de equipamento que são alimentados em condições especificadas e que
podem ser tratados na unidade de tempo.

Por ser o inverso do tempo espacial, quanto maior a velocidade espacial, menor é o
tempo de contato entre as fases, assim a eficiência diminui. Já uma menor velocidade
espacial implica maior tempo de contato entre o sólido e o fluido, mas em alguns casos
pode o ocorrer um desgaste do recheio.

REFERÊNCIAS

[1] - http://armariodaeq.blogspot.com.br/2014/10/escoamento.html

[2] - www.unicamp.br/fea/ortega/aulas/aula20_Fluidizacao_Alunos.ppt, acessado em


05/06/2017.

[3] – Notas de aula de Operações Unitárias I lessionada por André Alberton.


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