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John Locke

I. Contextualização

1 Contexto sócio-político da obra: final do século XVII na Europa

1.1 Inglaterra, 1688: Revolução Gloriosa: Rei é entronizado pelo


Parlamento e jura respeitar a Carta Magna
1.2 Movimentos políticos
1.2.1 Igualitários: “Levellers” (igualdade civil, participação política, garantia
da propriedade para artífices e pequenos proprietários) e “Diggers” (reformas
econômicas e sociais)
1.2.2 Republicanos aristocráticos
1.2.3 Absolutistas: defensores do direito divino dos reis
1.3 Absolutismo: duas oposições
1.3.1 Oposição protestante (burguesia): com base na idéia de que o pacto
resulta da vontade do povo: esta é a fonte da autoridade
1.3.2 Oposição aristocrática: a perda de poder se soma à crise de valores:
decadência social e econômica

2 Pensamento de Locke

2.1 Ênfase na racionalidade e negação das idéias inatas: tudo provém


da experiência sensível
2.1.1 O conhecimento resulta da ação da reflexão sobre a experiência
2.2 Diversas obras: Ensaios sobre as Leis da Natureza (1660), Carta sobre
a Tolerância (1689), Dois Tratados sobre Governo Civil (1690), Ensaio sobre
o Entendimento Humano (1690)
2.3 Dois Tratados sobre Governo Civil
2.3.1 Primeiro Tratado: refuta as idéias de Robert Filmer (O Patriarca)
sobre o direito divino dos reis: esta idéia implicaria igualar os tiranos aos
príncipes legítimos
2.3.2 Segundo Tratado: discute a natureza e os limites da autoridade
política
3 Concepção de Homem: Racionalidade + Liberdade + Auto-interesse

3.1 Racionalidade é a característica mais notável


3.1.1 Razão reflexiva: faculdade mental de operar sobre as percepções
oferecidas pelos sentidos
3.1.2 Razão certa: princípios morais de conduta que incorporam a
vontade de Deus e são parte da natureza do homem: a razão certa é
descoberta através da faculdade da razão
3.1.3 Logo, os homens não são por natureza amorais: a moral não é
socialmente constituída
3.2 Liberdade é a característica da natureza do homem e consiste na livre
autoridade e livre disposição sobre sua vida e seus bens
3.3 Auto-interesse: qualidade humana que torna os homens laboriosos,
sociáveis e capazes de sobreviver
3.3.1 Também pode torná-los parciais e avessos à verdadeira razão
3.3.2 Mas é, sempre, uma das causas da sociabilidade natural
4 Estado de Natureza: é aquele no qual os homens coexistem segundo as regras da razão, sem uma
autoridade na terra que julgue as suas disputas

4.1 É a Razão que governa o Estado de Natureza


4.1.1 Determina que, sendo os homens iguais e independentes, não
devem se prejudicar mutuamente em sua vida, sua liberdade e seus bens
4.1.2 Lei fundamental da Natureza: todo homem tem o Direito e a
obrigação racional de presever a sua prpria vida da destruição dos que contra
ele fazem guerra – desde que seja ele a parte inocente
4.2 Direito Natural: é conferido pela lei natural (razão) e define a essência
da natureza humana
4.2.1 Direito Natural é o Direito à vida, à liberdade e aos bens: é o que
faz do homem um indivíduo
4.2.2 Todo homem é obrigado a obedecer à lei natural
4.2.3 Nenhum homem pode renunciar ao direito natural
5. Estado de Guerra: diferente do Estado de Natureza

5.1 Estado de Guerra é o uso da força ou o propósito declarado de


uar a força sobre a pessoa de outrem, sem haver um superior na terra a quem
apelar por socorro
5.2 Estado de Guerra
5.2.1 Pode ocorrer no Estado de Natureza
5.2.2 Pode ocorrer na sociedade política
5.2.3 Pode ocorrer entre sociedades políticas
6 Então, para que pactuar? Para obter uma liberdade efetiva maior do que a que possuem no Estado
de Natureza

6.1 Estado de Natureza = “estado de liberdade perfeita”


6.1.1 não é estado de permissividade
6.1.2 liberdade natural: poder fazer o que se deve: cumprir a lei natural
6.1.3 não é apenas fazer o que se deseja
6.2 verdadeira liberdade: só existe onde os homens tenham capacidade,
oportunidade e vontade de viver conforme os princípios racionais da lei
natural
6.2.1 mas nem todos o fazem: a ignorância e o egoísmo de alguns impede
que os demais alcancem a verdadeira liberdade de que seriam capazes
6.3 daí decorrem os inconvenientes do Estado de Natureza
6.3.1 não há uma lei estabelecida, conhecida e consentida
6.3.2 não há um juiz conhecido, imparcial e dotado de autoridade
6.3.3 não há um poder que sustente as sentenças deste juiz e garanta a sua
execução
7 Acordo ou pacto: é o ato que instala a comunidade: os homens se unem para garantirem-se
mutuamente uma vida confortável, pacífica e segura

7.1 para isso renunciam apenas à sua faculdade (mas não ao seu
Direito) de defender seus Direitos e de punir privadamente as violações e
injúrias
7.1.1 a função da lei positiva é garantir os Direitos naturais e não os
eliminar
 o poder dos reis deriva de um pacto e não de uma ordem
sobrenatural
 Para Locke o “estado de natureza” não é caracterizado necessariamente
por um “estado de guerra” hobbesiano. E embora Locke concorde
quanto a possibilidade de existência de um “estado de guerra”, para
Locke o estado de guerra se dá quando se usa a força contra a pessoa
de outrem e não existe um superior comum a quem apelar. A ausência
de uma autoridade superior, um juiz comum com autoridade, coloca
todos os homens em um estado de natureza; a força sem o direito sobre
a pessoa de outro, onde não há superior comum para chamar em
socorro provoca um estado de guerra
 Para John Locke toda vez que o soberano invadisse ou violasse os
direitos naturais, rompendo com o contrato social, caberia a resistência
dos indivíduos que teriam a liberdade de entrar em estado de guerra
contra o poder instituído a fim de derrubá-lo derrocá-lo e instaurar um
governo justo em seu lugar. É o que podemos chamar de “direito de
resistência” ou “direito de rebelião”.

7.2 acordo gera consentimento: base da comunidade e da obrigação política


(obediência)
7.2.1 gera obrigação racional e moral de obedecer
7.2.2 obrigação política é intransferível: o consentimento deve ser
renovado a cada geração
7.2.3 quem não participa diretamente do acordo, mas desfruta dos seus
benefícios, está igualmente obrigado: consentimento tácito
7.3 Limites da obrigação: injustiça = estado de guerra entre súditos e
governantes
7.3.1 governo arbitrário, sem leis estabelecidas e com concentração de
poderes
7.3.2 qualquer forma de governo que produza menos liberdade do que
existia no estado de natureza
7.3.3 qualquer governo que viole a prioridade dos súditos
7.3.4 PRERROGATIVA: não é ato arbitrário ou abusivo: é poder do
governante de agir conforme seus próprios critérios para o bem público, sem
o apoio da lei e até mesmo contra ela
7.3.5 Prerrogativa: emana do povo, pelo consentimento tácito
7.4 Liberdade: é a liberdade dentro da lei,q eu admite discordância, desde
que sejam respeitadas as regras do jogo político
7.5 Direito de resistência: quando são suspensos os limites da obrigações:
governo viola a confiança dos súditos
7.5.1 Não apenas a resistência é Direito, como também é dever dos
súditos lutar contra a violação dos seus direitos naturais
7.5.2 implica dissolução do governo, mas não da comunidade política
7.5.3 dissolução da comunidade política: guerra civil ou invasão externa
8 Lei: é sempre a expressão da vontade da maioria dos membros da comunidade: não é vontade geral,
nem consenso: é soma das vontades individuais

8.1 Lei expressa ob em público: somatório do que seja o bem de cada


membro individual da comunidade
8.2 Maioria: solução para sociedade conflituosa
8.3 Maioria estabelece a forma de governo depois de formar a comunidade
política
8.3.1 Maioria estabelece o governo, mas não participa de sua condução:
burguesia se ocupa da esfera privada = mercado

9 Forma de governo não é preocupação de Locke: o seu inimigo é o absolutismo

9.1 engenharia política: proteção contra o absolutismo: “checks and


balances”
9.1.1 doutrina do consentimento continuado
9.1.2 doutrina da legitimidade: a relação do governante com os súditos
baseia-se na confiança
9.1.3 direito de resistência
9.1.4 regra da maioria
9.1.5 supremacia do Legislativo
9.2 Locke não propõe separação e independência dos poderes MAS SIM:
não-concentração dos poderes e supremacia do Legislativo
9.2.1 Legislativo: poder soberano para elaborar leis: mas não é soberano
frente às leis da natureza
9.2.2 Legislativo: é poder institucional permanente, mas não é assembléia
permanente
9.3 Executivo: é a principal fonte de expressão e de governo nas
comunidades políticas: deve subordinar-se ao Legislativo
10 Igualdade e Propriedade

10.1 igualdade natural: todos têm as mesmas faculdades e igual direito


à vida e aos frutos da terra
10.2 igualdade forma perante a lei: “indivíduo possessivo”: todos são
proprietários, habilitados a celebrar contratos no mercado
10.3 Propriedade: todo homem é proprietário da sua pessoa e dos bens que
obtiver com o seu trabalho desde o Estado de Natureza
10.3.1 o que gera a propriedade é o trabalho e não a lei
10.3.2 é o trabalho que remove os frutos da terra do estado comum e os
exclui de direito
 Foi o aparecimento do dinheiro que alterou a situação entre
propriedade e trabalho. Com o dinheiro surgiu o comércio e também
uma nova forma de aquisição da propriedade, que, além do trabalho,
poderia ser adquirida pela compra. O uso da moeda levou, finalmente,
à concentração da riqueza e à distribuição desigual dos bens entre os
homens. Esse foi, para Locke, grosso modo, o processo que
determinou a passagem da propriedade limitada, baseada no trabalho, à
propriedade ilimitada, fundada na acumulação possibilitada pelo
advento do dinheiro.

Leia mais: https://www.sabedoriapolitica.com.br/filosofia-


politica/filosofia-moderna/os-contratualistas/locke/

II. Segundo Tratado sobre Governo

Em sua obra “Segundo Tratado sobre Governo”, John Locke discorre


sobre a passagem do estado de natureza para a vida em sociedade e mostra,
no decorrer de sua análise, suas vantagens e desvantagens, mostrando,
claramente, a preponderância das primeiras em relação às segundas.
Afirma-se que o ser humano nasce com capacidade de raciocinar, direito
à liberdade e auto-interesse. Assim está ele no estado de natureza, em que
nenhum homem possui mais do que o outro – não existe subordinação. No
entanto, constatando-se a ausência de um juiz imparcial e com plenos
poderes, cada um envoca-o em si quando de sua necessidade. Todos têm,
assim, o direito de castigar o seu ofensor e até matá-lo – mesmo que por
precaução. É o que diz a grande lei da natureza:
“Quem derramar o sangue do homem, pelo homem verá seu sangue
derramado.”
Locke distingue, ainda, o estado de guerra do estado de natureza,
constatando que o primeiro só se estabelece através do uso da força ou da
intenção de usá-la, sem que o subjugado tenha para quem apelar. Esse
conceito engloba tanto o emprego da força como o de injustiça e pode
ocorrer tanto no estado de natureza como na sociedade política – governo
tirânico, escravidão.
A fim de suprirem-se os defeitos e imperfeições com que se encontram
os homens ao viver isoladamente – ausência de lei estabelecida, conhecida e
consentida, juiz e poder executivo -e também para evitar-se o estado de
guerra, foi estabelecida a vida em sociedade, que tem como objeto principal a
expansão da liberdade já observada no estado de natureza.
Com a vida em sociedade, apresentam-se as primeiras desigualdades
entre os homens, as quais se referem à propriedade. Pressupõe-se que a cada
um deve ser dado o que merece, mas, por ser o trabalho a origem de qualquer
riqueza, certamente alguns mereceriam mais que outros. Em respeito a esse
direito, ao entrar em uma sociedade política, mantém suas posses, mas, se
resolver deixá-la, consqüentemente perderá tudo o que construiu dentro dessa
sociedade.
Depois de discorrer sobre a vida em sociedade e as características do
pacto, são diferenciadas as diversas formas que uma sociedade pode adquirir.
São elas:
 democracia: poder da comunidade concentrado nas mãos da
maioria. São executados para fazer leis destinadas à comunidade
funcionários por ela nomeados;
 oligarquia: poder de fazer leis nas mãos de alguns homens
escolhidos, seus herdeiros ou seus sucessores;
 monarquia: um único homem detém o poder de fazer as leis. Pode
ser hereditária ou eletiva.

Estabelecida a forma de governo, é mister a organização do poder


legislativo, que objetiva, prioritariamente, a preservação da sociedade. Tem
como obrigação governar por meio de leis estabelecidas e promulgadas, pelo
bem do povo; não lançar impostos sobre propriedade nem transferir o poder
de elaboração das leis sem indicação prévia do povo. Por ser considerado o
poder supremo, só deve ser convocado quando o for julgado necessário.
Além do poder legislativo, constata-se, ainda, a presença do executivo e,
também, do federativo, que nada mais é do que a própria natureza dos
homens, podendo ser melhor entendido nas relações com outras sociedades,
de modo a funcionar como uma espécie de ministério das relações exteriores.
Diferenciados os três poderes fundamentais de uma comunidade
política, cabe, ainda, distinguirem-se o pátrio poder, o poder político e o
poder despótico.
O pátrio poder, ou poder do país, é o que os pais possuem sobre seus
filhos até que estes atinjam um estado de maturidade e tenham plena razão.
Poder político pode ser definido como o que cada homem
originalmente possuía no estado de natureza e que o cedeu ao governante.
Poder despótico é aquele possuído por um homem, facultando-lhe o
direito sobre a vida de outro sempre que lhe aprouver e o exercício de poder
além dos seus direitos em benefício próprio. Por ser injusto e ilegal, não é
amoral opor-se a ele.
É importante destacar, nesse contexto, que todas as formas de governo
estão sujeitas ao despotismo.
Contrapondo-se ao despotismo na sua própria essência, cabe-se apontar
o poder que tem o soberano de infringir as leis, só que em prol do bem
público – a prerrogativa.
Estabelecido o governo, este só poderá ser dissolvido em virtude de
invasões externas ou de alterações do poder legislativo ou, ainda, quando o rei
perde o seu poder. Isso acontece sempre que o próprio rei tenta derrubar seu
governo, ou o torna dependente de outro, sujeitando-o. Nesses dois casos,
constitui-se uma situação difícil de ser resolvida, uma vez que não há um juiz
capaz de interferir em nome da vontade geral que não o povo. Em o rei ou
outros que estejam na administração não concordando com os termos
estabelecidos pelo povo, este não terá ninguém a quem recorrer se não aos
céus.

Ideias inatas

nega que os homens tenham ideias inatas, e que tudo o que conhecemos vêm da
experiência. Rejeita, assim, o inatismo de Platão e de Descartes. O espírito, para Locke, é
passivo, sendo definido por ele como uma folha em branco, ou tábua rasa, e está
destinado a receber às ideias simples pela fonte da sensação e da reflexão.

define a sensação como uma percepção pela qual a alma adquire a ideia do objeto
exterior. As ideias de sensação dividem-se em qualidades primeiras, ou seja, qualidades
do corpo que dele não podem ser separadas, como a solidez, o número, o movimento ou
descanso; a as qualidades segundas, que são aquelas definidas como as que têm o poder
de produzir sensações em nós por meio das qualidades primeiras, como as cores, os sons
e os gostos.

foi um grande defensor da educação, e nesse livro I é possível ver como ele rejeitava toda
a noção de inferioridade de outros povos, uma vez que ele crê que um indígena da
América poderia muito bem se tornar um teólogo ou matemático, se a ele fosse dada a
condição de ter uma educação idêntica à de um inglês. Nenhuma criança nasce com um
pensamento pronto sobre o que tem gosto amargo ou doce, ou sobre questões
matemáticas e morais. Exemplo dado por Locke: nenhuma criança nasce amando ou
respeitando os pais.Tudo isso é adquirido na nossa infância através da educação, e não
por alguma ideia inata.

O filósofo inglês acredita na bondade de Deus que tudo criou para que o homem
desenvolvesse sua inteligência por meios adequados. Não foram as ideias inatas que
fizeram o homem descobrir coisas que facilitaram sua vida na Terra. Isso seria injusto, já
que muitos povos não se desenvolveram como o homem ocidental. Na antiguidade,
grandes invenções eram atribuídas à intervenção dos deuses, como a descoberta do fogo
por uma ação de Prometeu. Na filosofia de Locke, o homem cria e inventa por ação da sua
própria inteligência e esse patrimônio é passado através das gerações pela educação. Isso
varia muito entre as diversas nações, e mesmo a capacidade de estudar, de se esforçar e
trabalhar difere muito entre habitantes do mesmo país; no entanto, não podemos acusar a
Deus de ter lançado o homem no mundo sem que as condições não o ajudassem. É pela
educação e o trabalho que as noções de bem e de mal, de certo e errado, são infundidos
no espírito humano
Locke era inimigo da doutrina católica que defendia que o poder da autoridade civil vem de
Deus. O poder deve ser separado entre o legislativo, o executivo e o judiciário, sendo que
o legislativo tem a primazia. O poder vem do povo, que pode fazer uma revolução se o
poder estabelecido violar às regras do contrato. A separação da igreja do Estado é
fundamental, e a tolerância deve ser a regra

todo ser humano tem direito à vida. O direito à vida é o mais elementar de todos os direitos
humanos. Ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa. É por essa razão que
quando um homem assassina outra pessoa ele responde por crime de morte. Trata-se de
um homicídio. O responsável pelo crime deve ser preso.
Em segundo lugar, todo homem tem direito à liberdade. Liberdade para fazer as coisas
sem sofrer nenhuma interferência. Liberdade de pensamento, liberdade de opinião e de
expressão, liberdade de locomoção, liberdade de reunião ou associação para discutir e
resolver problemas coletivos. Obviamente, o exercício de minha liberdade não pode ferir
ou desrespeitar os direitos das outras pessoas e nem ser utilizada para efetuar atividades
ilícitas, criminosas.
3) Em terceiro lugar, todo homem tem direito à propriedade privada. Se você, por esforço e
mérito pessoal conseguiu adquirir um bem de valor, seja uma casa, um cavalo, uma joia
ou qualquer outro bem material, isso é um direito seu. Um direito que deve ser preservado
e nenhum homem, nenhum governo, nenhum rei tem o direito de tirar ou destruir um
patrimônio que foi construído pelo seu trabalho, talento, esforço e mérito individual.
Segundo Locke, os governos existem para preservar esses direitos. Isso quer dizer que o
dever de todo governo é preservar a sua vida, a sua liberdade e a sua propriedade
privada. Quando o governo desrespeita a lei estabelecida pela comunidade e coloca em
risco a vida, a liberdade e a propriedade privada dos homens, este governo deixa de
cumprir o seu objetivo, tornando-se ilegítimo e tirânico. Nesse caso o povo tem o direito
legítimo de rebelião, tanto para defender-se da opressão de um governo tirânico como
para libertar-se do domínio de uma nação estrangeira. Portanto, John Locke coloca-se
claramente em luta contra os governos despóticos, ou seja, contra os governos dos reis
absolutistas.

A questão da escravidão
Locke é considerado pelos seus críticos como sendo "o último grande filósofo que procura
justificar a escravidão absoluta e perpétua".[26]
Locke sustentava a escravidão pelo contrato de servidão em proveito do vencedor na
guerra, no chamado "estado de guerra", no qual alguém que poderia ser morto, assume o
ônus de servir em troca de viver. No, Segundo Tratado sobre Governo Civil, Locke diz:

"Ele [o homem] não pode separar-se dela [da liberdade], exceto por aquilo que o faça
“ perder, ao mesmo tempo, sua preservação e sua vida, pois um homem, não tendo poder
sobre sua própria vida, não pode, por um tratado ou por seu próprio consentimento,
escravizar-se a quem quer que seja, nem sujeitar-se ao domínio arbitrário e absoluto
exercido por outra pessoa, ou mesmo dar cabo de sua vida quando tiver vontade.
Ninguém pode outorgar mais poder do que a própria pessoa possui; e aquele que não
pode dar fim à própria vida, não pode outorgar tal poder a qualquer outra pessoa. Em
verdade, se o homem da fim à própria vida, por algum ato que clame por morte, aquele
por quem ele perde a vida (no caso da pessoa tê-lo em seu poder) pode demorar a tirá-la
e usá-la em serviço próprio, não o prejudicando por isso; pois, no momento em que
considerar que a provação de ser escravo excede o valor de sua vida, ao resistir à
vontade de seu amo, irá sentir-se atraído a ocasionar a si mesmo a morte que deseja."

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