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ema enesengioenecmmcn TET teresse de toda sociedade 0 legislador admitiu que houvesse rentincia® quanto aos efeitos da prescrigdo, mas nio em relagdo & decadéncia. 2.41. Introdugao ‘A passagem do tempo tanto pode ter efeito positive sobre as relagdes juridicas © atuar como fato gerador de direitos, como ocorre com a preserigio aquisitiva (usucapidio), como pode ser fator extintivo da pretensio diante da inagao, dentro de determinado prazo, do titular de um direito subjetivo violado (prescrigio extintiva). © transcurso do tempo também influi de forma determinante nas relagbes jjuridicas decorrentes de alguns direitos potestativos (Faculdade juridica de agir que independ da colaboragao da outra parte), condicionando a validade de seu exercicio a um prazo determinado ¢ fatal (no interrompe ou suspende), que, se escoado, acarrela a decadéncia, isto 6, 0 perecimento ou exducidade do proprio direito. Assim, a preserigio © a decadéncia incidem sobre tipos de direitos diferentes € uma relagio juridica nunca estaré sujeita aos dois institutes ao mesmo tempo. Nio existem situagdes hibridas. Entretanto, por que é tio dificil Varios fatos contribuer. © primeiro fator foi a confusio trazida pelo Cédigo Civil de 1916, que no distinguia tecnicamente os institutos, tratando, por exemplo, no art. 178, virios prazos decadenciais como sendo de prescrigtio. Outro motivo é a afinidade destes dois i a0 seu objeto, no se prestam a criago ou modifi relacionam-se’a fatos juridicos extintivos (salvo no que tange a prescrigio aquisi- tiva). Tanto a prescrigo (extintiva) quanto a decadéncia possuem 0 mesmo fator ‘operante, 2 passagem do tempo, ¢ ambos tém 0 mesmo fator determinant, isto &, a Inércia do titular de um dircito ou 0 seu desinteresse por certo Iapso temporal; © que se revela no brocardo “o direito no socorre a quem dorme”, que pode ser entendido como o dircito deve ser exercido tempestivamente, dentro de seus prazos. Portanto, embora a prescrigio ea decadéneia atinjam relagdes juridicus diferentes e tenham formas de funcionamento distintas, possuem a mesma fundamentagio. Abaixo analisaremos cada um dos institutos para melhor diferenci-los renciar a prescrigdio da decadéncia? 3. PRESCRIGAO 3.1. Concelto Por muito tempo se concebeu que a prescrigio estava relacionada ao direito de ago e, em virtude disto, quando acolhida extinguia este direito, na coneepga0 CConvém ressaltar que hé quem defenda 2 impossblidade da rendncs da prescio pelo devedor, fnte-e diposto art 487, I da CPC, que permite ap jue 0 seu conhecimento de of. Eero no AMO -W dent cme de muitos, Neste sentido, alguns renomados autores*? defendem que a prescrigo & a extingtio do diteito de agao, O nao exereicio tempestivo da ago, isto é, 0 nko ajuizamento oportuno da ago que assegura direito violado impede, de acordo com esta posicao, seu exercicio, 0 direito de ago. Cimara Leal‘ a conccituava como “exting20 de uma ago ajuizivel, em virtude da inércia de seu titular durante certo lapso de tempo, na auséncia de causas preclusivas de seu curso.” Posigio timida’ defendia que a prescrico extingue © proprio direi © novo Cédigo Civil sepultou a controvérsia. Conceituou a preserigio como sendo a extinglo da pretensio de um direito material violado pelo decurso dos prazos previstos em lei, desde que ndo haja causas impeditivas, interruptivas ou suspensivas de seu decurso — arts. 189, 205 e 206 do CC ee arts. 26 ¢ 27 do CDC. Assim, a prescrigdo retira a exigibitidade de um direito. O direito em si so- brevive e pode ser exercido extrajudicialmente, mas no mais cobrado, exigido. A obrigagio passa a ser natural e seu cumprimento espontineo no autoriza a repeti¢ao de indébito, isto é, a devoluedo, Explica-s Hi duas grandes categorias de direitos: os direitos abjetivos © os direitos subjetivos. © objetivo é 0 direito abstratamente previsto na norma, que impde varios requisites para ser exercido. O diteito subjetivo nasce do encontro da norma com © fato, isto é, aguele que preencheu todos os requisitos previstos abstratamente na lei poderd exercer e exigir o direito previsto. Em outras palavras, o direito ‘objetivo & 0 estabelecido pela norma juridica, ou seja, a norma impe certos requisites para que 0 individuo possa vir a gozar de determinado dieito, Quando 4 pessoa possui todos os requisitos necessarios para usuffuir © direito, diz-se que cle possui 0 direito subjetivo Ao direito do sujeito ativo corresponde 0 dever do sujeito passivo, © que significa que aquele pode exigir algo (entregar, fazer ou se abster de alguma coisa) deste (Fstado, um vizinho, a coletividade como um todo ete.). Portanto, 0 sujeito ativo sempre fica na dependéncia do sujeito passivo honrar com sua obrigagdo, 0 que faz com que os direitos subjetivos sejam violiveis, podendo resultar em per- das e danos. Isto é, a violagao do direito subjetivo, que causa dano, fiz nascer, para esse titular, © poder de exigir (pretenstio) do devedor uma obrigagao. Assim, a pretensio, influéncia do direito germanico (anspruci), & 0 poder que o sujeito ativo tem de, com sucesso, exigir juridicamente de um tereeiro (sujeito passivo) uuma ago ou omissio. * LEAL, Antonio Luis a Camara. Oa pesengto eda decode, Rio de Janeiro Forense, 1993, p12: RODRIGUES Siva. Dreto iv. Sao Paulo: Sarva, 2003, ¥. 1 358, DINIZ, Maria Helena. Curso de Dro Ci. Sa0 Pauls Sativa, 191, v3, 9,202, LEAL, Antnio Luis do Cdmara. Da prescrgdo e da decadéncia. Rio de nel: Forense, 1993, p. 12. PEREIRA, Caio Maio da Siva. Curso de Dreito Cll. Sto Poulos Seriva, 2000, ivida pode existir, mas s6 pode ser cobrada pelo credor quando vencida, caso contrario gera a obrigagio de indenizar. Apés ser violado o direito subjetivo (no pagamento da divida em seu vencimento) surge a pretensio, que deve ser exereida dentro de determinado prazo sob pena de prescrever (tornar-se inexigivel pelas vias judiciais), conforme definido no art. 189 do CC. Portanto, podemos concuir que a preserigo s6 comega a fluir a partir do direito lesionado ¢ do consequente aparecimento da pretensfio. O transcurso de tempo aliado 4 inéreia no justifiedvel (que depende de valoracio legal — causas impoditivas ou suspensivas) do titular do crédito, acarretam na prescrigio, que nao atinge a validade dia obrigagio, mas a eficécia da pretensio. Assim, a relacio juridica prescrita continua cexistindo ¢ 0 tinico elemento atingido & a pretensio, a divida no pode mais ser oposta, quer através de agio ou execugio. A obrigagio preserita existe, mas no pode mais set cobrada. Tanto que a prescrigiio nio aparece como um dos modos de extingio das obrigagéies a0 lado da dag, pagamento, novagzo, confusio, compensacio etc. Apesar de a prescrigio decorrer de um ato-fato juridico, pois deriva de con- duta humana (ainda que omissiva, isto é, nfo invocar o direito por longo periodo), 68 aspectos da vontadle do agente sio imelevantes para os efeitos prescricionais, que decorrem de lei. Quer dizer, que nao ha interesse nos motives que levaram 6 eredor a inércia. 4, DECADENCIA 4.1. Conceito Etimologicamente, decadéncia deriva do latim caducus-a-un e significa aquilo que cai, que esté destinado a perecer, morrer. O sufixo “encia”, variagdo do voca- bulo latim entia, indica agdo ow estado: ago de cair ou estado daquilo que decaiu Decadéncia ¢ a petda de direitos potestativos ¢ invioliveis pelo decurso de prazo previsto em lei ou no contrato para 0 seu exercicio. No ramo trabathista, a decadéncia tem menor incidéneia. © novo Cédigo Civil nto define expressamente a decadéncia, mas traga sua diferenciagtio em relagao & preserigdo, 0 que no ocortia no Cédigo Civil de 1916. Enquanto a prescricdo torna inexigivel uma pretensio, a decadéncia extingue 0 préprio direito. Na prescrigdo o direito persiste, mas a pretensio é liquidada. Existem direitos subjetivos e passiveis de violaglo (vinculados @ prescrigio) como, por exemplo, os direitos da personalidade (vida, honra, integridade fisica, liberdade), 08 direitos de crédito, os direitos reais, o direito intelectual do tipo autoral etc, Ha, entretanto, outros direitos, em menor niimero, que so verdadeiras faculdades €, por isso, invioliveis (ligadas & decadéneia). A decadéncia ¢ menos frequente que a prescrigao ¢ mais simples em seu con- ccito. Relaciona-se com direitos potestativos ou formatives, e envolve liberdade individual, Deriva do tatim potesias que significa poder, e € a faculdade que um sujeito (titular do direito) tem de criar, modificar ou extinguir uma relagdo juridica, Hare rrasano =H Bum cas de outrem unilateralmente, isto é, sem que este possa se ms {estar ou colaborar para tanto, colocando-o em um estado de sujei¢ao. Relaciona-se 0 implemento de um direito e néo a exigéncia do cumprimento de uma obrigagao. Porém, nem todos os direitos potestativos estio sujeitos @ um prazo legal para serem exercidos (decadéncia). O dircito de divéreio ou de rescisdo de um contrato de tra- balho so exemplos de direitos potestativos no sujeitos a prazo decadencial. Nem todos os direitos potestativos sofrem 0s efeitos negativos da passagem do tempo, © prazo decadencial ¢ sempre fatal, logo, a ele niio se eplicam as causes suspensivas ou interruptivas da contagem do prazo prescricional (art. 207 do CC), salvo raras excegdes. Desafia a deeadéneia 0 prazo para ajuizar: 4) inquérito judicial contra empregado estivel, se suspenso — 30 dias — Siimula n° 62 do TST e/e Simula n° 403 do STF; b)-mandado de seguranga ~ 120 dias; ©) embargos & execugio — 5 dias; 4) gto resciséria ~ 2 anos. 4.2. Diferengas entre a Prescrigao e a Decadéncia © Sem condepondent no CPC/2015. 5. NORMAS GERAIS DE PRESCRIGAO. 4) 05 particulares no podem declarar imprescritivel qualquer direito, ‘mesmo que em beneficio do empregado, nao se aplicando neste caso © principio da condigdo mais benéfica ~ art. 192 do CC; b) 08 prazos s6 podem ser fixados por lei ¢ niio podem scr majorados fem qualquer hipdtese pelos particulares, mesmo que em beneficio do ‘rabalhador; ©) &s partes nio podem criar hipéteses de interrupgio, suspensio ou causas de impedimento do fluxo da prescrigo, nem o juiz fazer interpretagio extensiva ou andloga ~ art, 192 do CC; ¢) antes de consumada, a prescticdo niio pode ser renunciada ~ art. 191 do Cédigo Civil; ©) & prescrigdo iniciada contra uma pessoa continua a eorrer contra o seu sucessor, salvo quando absolutamente incapaz ~ art. 196 do CC cle art. 198, I, do CC; ‘com 0 principal prescrevem os acessérios; a preserigio em curso no gera direito adquirido; tanto as pessoas naturais como as juridicas sujitam-se a prescrigdo; fa prescrigdo interrompida recomeca a correr da data do ato que a terrompeu ou do iiltimo ato praticado no processo para interrompé- -la — art. 202, parigrafo tinico, do CC; i) a interrupgio do prazo presericional s6 poder ocorrer uma vez ~ art. 202, caput, do CC; Ik) suspensa a prescrigdo em favor de um dos credores solidirios, s6 aproveita aos outros se a obrigagéo for indivisivel ~ art. 201 do CC. ‘8.03 13 da SOF fot cancelada, e | RETO\00 TRABALHO Vireo Cassy 6, PRESCRIGAO TRABALHISTA A preserigiio aquisitiva (usucapido) excepcionalmente teri aplicagdo no Direito do Trabalho. Pode ocorrer sobre ferramentas de trabalho, casa, carro ou outros méveis. Dificilmente 0 trabalhador conseguir a propriedade do imével ou do objeto mével alegando usucapido, jé que era detentor do objeto que Ihe foi forecido pelo proprio patro em virtude do trabalho. Logo, 36 em situagdes cexcepeionais 0 usucapiai poderd ocorrer de Tato, Mauricio Godinho,® em posigo isolada, admite a prescrigio aquisitiva no caso de usucapito. Justifica que como cesta € uma das formas de aquisigio de propriedade, pode acarretar a mudanga da propriedade da empresa, gerando a sucesso trabalhista. Discordamos. A sucessio € possivel em qualquer caso de transferéncia da empresa, mesmo que nio tenha novo proprietirio, mas mero possuidor da empresa A prescrigdo extintiva tem perfeita aplicagaio no campo trabathista e ela se ivide em quatro espécies: 18) preserigdo extintiva (propriamente dita): 2 anos; b) preserigao total: $ anos; ©) prescrigdo parcial: 5 anos; 4), preserigdo intercorrente: 2 anos ~ Simula n° 150 do STF e p. 2° do artigo 11 da CLT. 7. ESPECIES DE PRESCRIGAO 7.4. Extintiva A prescrigdo extintiva diz respeito 4 pretensio, a exigibilidade do dircito. Comega a fluir apés a extingdo do pacto, independentemente de ter ou no ocor- rido alguma lesto, Seu prazo ¢ de dois unos — art, 7%, XXIX, da CRFB cle art 11 da CLT. Extinto 0 ajuste trabelhista 0 empregado ter 0 prazo de dois anos para ajuizar a agao trabalhista que vise & reparagdo de qualquer lesto ocorrida na vigéncia do contrato. Transcorrida 0 prazo, sem que a parte tenha exercido seu ireito, a pretensio esta prescrita. ‘Assemelha-se com a decadéncia, pois seu prazo comega a fluir da extingio 4o contrato (ji computado o aviso prévio, tabalhado ou indenizado, ao fim do pr2zo, ai ineluido o periodo do aviso proporcional ao tempo de servigo ~ OJ n° 83 4a SDI do TST) tendo havido ou ndo lesio no ato resiltério. Em virtude disso, alguns raros julgados advogam pela nfo interrupyio e suspensiio desse prazo sob © argumento de que 0 prazo & decadencial Aposar dessa semelhanga, as demais earacteristicas sto semelhantes as dos prazos presericionais, por isso, trata-se de prazo prescricional DELGADO, Mauricio Godin. Cura de eto do Taba. So Paulo: Ty, 2002, p. 246 Allis, a Lei Maior confirma esta tese, na forma do art. 7*, XXIX, da CRFB: Agilo, quanto uos créditos resultantes das relagdes de trabalho, com prazo pres- cricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos © rurais, até o limite de dois anos apés a extingdo do eontrato (grifos noss0s). Portanto, a prescrigio bienal distingue-se das demais porque seu prazo nito comera a fiuir da lesio € sim da desconstituigiio do contrato, peculiaridade da decadéncia. Desta forma, se algum direito for criado por lei ou norma coletiva, apis a cexting¥e do contrato de trabalho, comega a fluir o prazo para reclamar o imple- ‘mento ou cumprimento de tal direito na data de sua criagio © no com a lesio, fem face dessa semelhanga que a prescrigio extintiva tem com a decadéncia. Por esse motivo a prescrigio da aco de cumprimento comega a fluir do trnsito em Julgado da sentenca normativa; a diferenca da indenizagao adicional de 40%, de- corrente dos expurgos inflaciondrios ineidentes sobre o FGTS prescreve em dois anos contados a partir da Lei Complementar n° 10/2001 — OF n® 344 da SDI do TST; 0 pedido de readmisstio em virude de anistia a partir da concessio da anistia — art. 8° do ADCT ¢ Lei n° 8.878/94 ete 7.2. Total ‘A prescricdo total aplica-se as lesdes contratuais que se iniciaram hi muito € que se estancaram ha mais de cinco anos do ajuizamento da ago. Seu prazo ¢ de cinco anos, contados da lest. Também esti relacionada com 0 ato tinico pratica- do ha mais de cinco anos, Entende-se como ato tinico aquele que nao se protrai no tempo, como, por exemplo, 0 dano moral, o ndo pagamento da indenizacao prevista na Siimula n® 291 do TST, devido em face da supressio do labor extra etc. Ato tinico a lesdo nica, isto é que nao repercute més a més, nao tendo efeito de trato sucessivo, A jurisprudéncia, ¢ mais tarde a lei, equipararam, todavia, os efeitos do ato finico aos efeitos daquele que nio infringe dispositivo de lei, mas que se protrai no tempo ~ Siimula n* 294 do TST. Da mesma forma o § 2° do art, 11 da CLT, acrescido pela Lei 13.467/17. § 2° Tratando-se de pretensio que envolva pedido de prestagdes sucessivas decor- rente de alteragfo ou descumprimento do pactuado, a prescriglo ¢ total, exceto quando o direito & parcela esteja também assezurado por preceito de lei Explica-se: A Siimula n* 294 do TST € 0 §. 2° do art. 11 da CLT equipararam a pretensao de reparagio de supressio de parcela de trato sucessivo e de ordem privada ao pedido de reparagio de lestio ocorrida por ato iinico, Pergunta-se: Herrero 20 TRABALHO =e Benn Case Esti prescrita a pretensio de restabelecimento de parcela concedida mensalmente 0 empregado por forga do contrato, logo, no previsto em lei, mas suprimida hi ‘mais de cinco anos? Ex.: Desde a admissio 0 eaixa percebia gratficagio de quebra de caixa, parcels cconcedida voluntariamente pelo empregador, ja que no esté obrigado a tanto por lei. Depois de trés anos recebendo mensalmenie a parcela, oempregador injustiica~ damente suprimiu 6 beneficio, apesar de o empregado continuartrabalhando como ccaixa, Ajuizada a ago cinco anos apés a supressto, a pretensilo estd prescrita? Duas correntes se propdem a responder a questo: A primeira corrente entende que nao, pois o direito esté previsto em lei (nalterabilidade contratual ~ art, 468 da CLT) e a parvela era de trato sucessivo, desafiando a prescrigo parcial € ndo a total, O trabalhador ter direito aos ditimos cinco anos contados do ajuizamento da agio, Esta era a nossa opinito. © principio da inredutibilidade salarial esté garantido constitucionalmente — art. 7°, VI, da CRFB. Logo, todo ato praticado pelo empregador que importe em redugdo salarial viola direito gerantido em lei, atraindo a prescri¢do parcial. Por outro lado, se o ato perpetrado pelo patrdo importar em alteracao prejudicial 20 empregado, por supressio de parcela prevista ou ndo em lei, sera considerado nulo de pleno direito ~ art. 468 da CLT, salvo se praticado por norma coletiva, nos termos do art, 611-A da CLT, Como a declaragiio dos atos absolutamente nulos ndo presereve, seus efeitos pecuniirios estardo preseritos em cinco anos, araindo a prescriglo parcial. ‘No excmplo citado, a supresso de parccla “gratificago de caixa” importou em redugao salarial, diante de sua natureza salarial e em alteragio prejudicial ao empregado (mesmo que a parcela ndo tivesse natureza salaial). Logo, o ato infringiu dois dispo- sitivos legais que amparam direitos de ordem piblica —a irredutibilidade salarial ~ art 7P, VI, da CREB e art. 468 da CLT, Portanto, a supressio infringe direito garantido em lei ~ excegio prevista na Simmula n° 294 do TST e no § 2° do art. 11 da CLT. A segunda corrente defende a aplicagdo da preserigio total, pois a parcela “ratificagdo de caixa” no esti garantida por lei, enquadrando-se na Simula n° 294 do C. TST e hoje no § 2° do art. 11 da CLT, Essa vertente utiliza a interpre tagdo literal da palavra “parcela” contida na simula e na lei. A sua solugo seria a de que a pretensio esta preserita, por ultrapassados cinco anos da supressio (da alteragao contratual). Conelusdo: a diferenca entre primeira ¢ a segunda correntes esté na inter pretagio da expressao “parcela” contida tanto na Simula 294 do TST como no § 2° do art. 11 da CLT. Para os que fazem interpretacdo extensiva, a expresso “parcela” significa direito, Para 08 que adotam a interpretacao literal, pareela sig nifica pagamento especifico de um sobressalirio ou beneficio. 7.3. Parcial A prescrigdo pareial é de cinco anos ¢ toma inexigiveis as parcelas anteriores ‘cinco anos da data do ajuizamento da aeio ~ Sémula n° 308 do TST. ew ancmesotonmccion ET A prescrigdio quanto a0 pedido do recolhimento do FGTS ou diferengas pelo nio recollimento & de dois anos apés a extingio do contrato e era de 30" anos durante © contrato ~ Simula n° 362 do TST. O STF alterou esse posicionamento para fixar também em $ anos a prescrigio do FGTS, observada a modula Remetemos o leitor ao Capitulo “FGTS”. © quinquénio ¢ contado da data do ajuizamento da agdo que esti sendo jul- gada para tris. Retroage-se cinco anos da data em que a ag2o esti sendo julgada, repetindo-se 0 mesmo é 8. CASOS ESPECIAIS 8.1, Menor Contra o menor de 18 anos nio corre a preserigao (ert. 440 da CLT). Por se tratar de regra de protegio & idade ¢ no a capacidade, ja que a CLT destinou aos relativamente incapazes a imprescritibilidade quando o Codigo Civil o faz apenas para o absolutamente incapaz. Ressalte-se que a lei se refere “ao menor de 18. ‘anos” € nfo a0 ineapaz. A emancipagio, casamento, emprego piblico efetivo, colagio de grau em curso de ensino superior pelo estabelecimento civil ou comercial nao alteram a prescrigo a ser aplicada ao menor, Ademais, por ji ser empregado é capaz. A preserigdo prevista no art. 440 da CLT aplica-se apenas 20 trabalhador menor nao ao herdeiro do empregado falecido. Desta forma, os herdeiros sé poderio exi (0s eréditos no alcangados pela prescrigo quando do falecimento do empregado, © an. 440 da CLT diz respeito & protege do trabalho do empregado © no a0 menor herdeiro. A morte do empregado suspende a preseriglo em curso, que recomega a contar da maioridade dos herdeiros. Semtenga que se reforma em reexame necessirio, para declarar prescritas as parcelas anteriores a 05/1(/86. TRT 4 Reg. 5'T:, RO 00734.231/93.8, Rel. Ricardo Luiz Tavares Gehiling,julgado em 21/10/99, BOMFIM, Benedita Calheiros; SANTOS, Silvério dos. Diviondirio de Decisoes Trubulhisas. 32. ed. Rio de Janeiro: Edigdes Trabalhistas, 2002, p. 485. PRESCRIGAO. ART. 440 DA CLT. MENOR HERDEIRO. Inaplcablidade. As Aisposigties do ait_440 da CLT, que impedem a eontagem do prazo prescricion contra © menor, referemese adios adjuridos por ele acondieao de tabalhdor, ‘io aleangando o menor herdeiro, que se submete ds regras do dieito comum. TRT, 3" Reg. 1", RO 16.460/02, Rel. Rosemary de Oliveira Pires, LUIMG 14/02/2003. Na vigéneia do contrato a preseriglo parcial passa a produzir sous efeitos quando © menor completar 23 anos, ja que a sua prescriglo comega a fluir com 18 anos (inclusive). "0 STF julgande Recurso Extraorindrio com Agravo (ARE 70912), decid, em noversbro de 2014, com ropereussio geal que o prazo preseilenal para cobranga do FGTS ¢ de 5 anos IRE D0 TRABALHO. Nate Bamtn Casa © TST também tem se posicionado desta forma, coma demonstra a recente decisao prolatada pela 6' T. (RR. 3676.2003,66,09,00.6). 8.2. Demais Casos Doméstico - 5 anos limitados a 2 apés a extingdo do contrato - Remetemos © leitor a0 Capitulo “Empregados Domésticos”; Rural ~ 5 anos limitados a 2 apés a extinetio do contrato — Remetemos 0 leitor ao Capitulo “Trabalhador Rural”; FGTS ~ 5 anos limitados a 2 apés a extingdo do contrato ~ Capitulo “FGTS”; Dano Moral e Material ~ $ anos limitados a 2 apés a extingao do contrato — Capitulo “Satério” Acidente do ‘Trabalho — 5 anos limitados a 2 apés a extinglo do contrato — Capitulo “Saliio”. 9. DAS CAUSAS QUE OBSTAM O FLUXO DO PRAZO PRESCRICIONAL De acordo com 0 Cédigo Civil: Art. 197. Nao corre a prescrigio: 1 — entre 5 cOnjuges, na constineia da sociedade conjugal; I~ entre ascendentes e descendentes, durante © poder familiar; IL — entre twelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ‘ou curatela, Art. 198, Também nio corre a prescrieio: 1 contra os incapazes de que trata o art. 3% Hl ~ contra os ausentes do Pais em servigo piblico da Unio, dos Estados ou dos Municipios; I~ contra os que se acharem servindo nas Forgas Armadas, em tempo de guerra Art. 199, Nao corte igualmente a preserigio: 1 pendendo condigto suspensiva; I~ nilo estando vencide 0 prazo: Il — pendendo ago de evicgio. () Art. 200. Quando a agio se originar de fatto que deva ser apurado no juizo eri- minal, ndo correré & prescrigao antes da respectiva sentenga definitiva, Art. 201. Suspensa 2 prescripio em favor de um dos eredores solidirios, $6 proveitam 0s outros se a obrigagio for indivisivel. Art. 202. A inierrupedo da prescrigZo, que somente poderi ocorrer uma vez, dar-se- 1 — por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citagdo, se 0 in teressado a promover no prazo ¢ na forma da lei processual; © expan -presorigho © OE0ADENCIA _ a IL por protesto, nas condigdes do inciso antecedente; UL ~ por protesto cambial glo do titulo de erédito em juizo de inventirio ov em con- \V — por qualquer ato judicial que constinua em mora 0 devedor, ‘V1 ~ por qualquer ato inequivoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhe: cimento do direito pelo devedor. Parigrafo dnico. A preserigdo interrompida recomeya a corer da data do ato que f interrompeu, ou do ultimo ato do processo para a interromper, ‘Art. 203, A prescriglo pode ser interrompida por qualquer ineressado, |Art. 204, A incerrupgto da preserig0 por um eredor ado aproveita aos outros: semelhantemente, a interrupgl0 operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, no prejudica aos demais coobrigados. § 1° A interrupso por um dos eredores solidirios aproveita aos outros; assim como a interrupgto efetuada contra o devedor solidirio envelve os demais ¢ seus herdeiros. § 2A interrupedo operada contra um dos herdeiros do devedor solidirio mao Drejudica os outros herdeiros ou devedores, senfo quando se trate de obrigagies @ diteitos indivisiveis. § 3° A iterruppio produzida contra © principal devedor prejudica 0 fiador Apesar da relevante fungio social da prescrigao. como medida de politica Juridica e paz social, para algumas situagdes o legislador considerou justa a inér- Cialomissto do titular em exercer seu direito, criando obsticulos que paralisam 0 curso da preserigio. (© fuxo do prazo prescricional € suscetivel de suspensiio/impedimento ou interrupgio. As hip6teses previstas em lei sio taxativas niio podendo ser criadas outras pela vontade da parte. Havendo suspensio (ou impedimento), cessada a causa que a determinou, © prazo continua a flu, sem desprezo do prazo ja transcorrido (efeito sanfona). Isto é, influem e interferem em seu cOmputo cireunstincias que podem excluir de sua contagem certos periodos de tempo que estiveram suspensos, adiando 0 termo final da prescriga0. ‘As causas de impediment e suspensio tém a mesma natureza de ser, mas diferem quanto ao scu momento. Nesta, 0 prazo prescricional jé se encontrava fluindo quando ocorre o fito obstativo, superveniente ao inicio da preserieto, ‘que paralisa (suspende) 0 prosseguimento do prazo, jé que 0 direito no é exigivel durante aquele perfodo. Exemplo & 0 aparecimento de incapacidade absoluta do titular do diteito apés iniciado © prazo prescricional — arts. 3° © 198, 1, do CC. J haquela o fato impeditivo se verifica antes mesmo do direito lesionado nascer (& anterior ao inicio da prescrigio), impedindo que o prazo se inicie, postergando sua deflagragio. E exemplo, no Direito do Trabalho, a menoridade ~ art. 440 da CLT, em que 0 prazo prescricional s6 comega a fluir apés os 18 anos. A pres- i¢io também estard suspensa pela interposigio do acordo extrajudicial e volta a correr da data do irinsito em julgado da decisio que negar a homologaydo — art. 855-E da CLI Na interrupsilo, ao contririo, cessada a causa que a determinou, 0 prazo prescricional recomega a correr desde 0 inicio (marco zero), no adicionando 0 prazo ja transcorrido, 9.1. Interrupgao O art. 202 do CC de 2002 dispde em seu caput que a interrupgo da preserigao 86 pode ocorrer uma vez. Essa previslo se aplica subsidiariamente a0 Direito do Trabalho, jé que CLT & omissa a respeito ¢ tal determinagio & compativel com (8 prineipios adotados por esse ramo do dircito, Desta forma, havendo sucessivos atos interruptivos, apenas o primeiro des- les iri imterromper a preserig2o, 05 demais nao produzirio qualquer efeito de se reiniciar a fluéncia do lapso prescticional, ou seja, no ajuizada a agio apés 0 primeiro ato interruptivo, seja ele qual for, © prazo presericional fluiri continua © inexoravelmente. A lei se referiu a uma tiniea interrupgdo antes da ago que se esté julgando, pois no curso da agli a prescrigo fica suspensa, Ex: Extinto 0 contrato de trabalho em 10/02/2016 (aviso prévio cumprido), ajuizada a primeira reclamagao trabalhista em 10/02/2017 (estamos usando dates ficeis para simplificar o eniendimento) ¢ arquivada em 10/03/2017, novo prazo dde dois anos foi renovado para ajuizamento da mesma aglo, cujo proceso foi extinio sem julgamento de mésito (arquivado). Ajuizada a segunda reclamagio em 10/03/2018 ¢ arquivada em 10/10/2018, fconclui-se que o autor tem até 10/10/2019 para sjuizar a agi, sob pena de preserita a protensi Explica-se: segundo ajuizamento no renovou © bignio, logo, 0 prazo de um ano exato fluiu até 0 ajuizamento da segunda agdo, restando mais um ano. Como durante © curso da (Segunda) agdo ndo correu a preserigio (suspensao do prazo), 0 autor ainda tinha um ano para nova ago, cujo prazo comecou a fluir a partir do altimo arquivamento, ‘As causas interruptivas da preserigdo so fatos provocados © determinados diretamente pelas partes. A interrupeao susta a contagem prescricional ja iniciada, eliminando inclusive © prazo prescricional em curso, ou seje, © prazo recomesa do zero, © que favorece mais largamente 0 titular do direito, do que as chamadas causas suspensivas ou impeditivas. Estas ilhimas sio fatores que a lei considera indicativos de restrigdes softidas pelo titular do direito no que tange a defesa de scus préprios interesses. Quando se trata de causas impeditivas inviabilizam, Juridicamente, o inicio da contagem da preserigo. E, em se tratando de causas suspensivas, sustam a contagem prescricional jé iniciada, Uma grande diferenga de tais causas para as interruptivas € que as primeiras ‘consubstanciam fatos ocorridos independentemente da vontade das partes beneficiadas (ap. 38 = PRESCRIGAO E DECADENGA por estas, jd as causas interruptivas decorrem de um agir da parte, interessada em dola se beneficiar. Considerando que o titular do direito esté interessado na sua preservagao, a legislagao confere largo efeito & conduta interruptiva, restituindo 0 credor, por inteiro, 0 prazo prescricional em curso, ou seja, a contagem do prazo recomega, por inteiro, desde 2 data do ato de interrupgdo. A inca exc apontada pelos doutrinadores, de um ato do titular em defesa de seu direito, que no se enquadra como interrupga0 & a propositura de reclamagio administrativa, ‘ratada pelo Decreto n? 20.910 de 1932. Por se tratar de norma benéfica e de ordem piblica, as hipéteses de suspensio, interrupgdo ¢ de impedimento estio previstas em lei e sio taxativas, nio podendo as partes criar ou ampliar as hipéteses legis. Em virtude disso, « interrupga0 do contrato de trabalho no importa em inter- rupgio do prazo prescricional, pois a hipétese nio foi abragada pelo Cédizo Civil ou pela CLT. Da mesma forma pensa Isis de Almeida'* acrescentando que nesse caso 0 contrato continua a produzir todos os scus efeitos, dai por que “no se ve nenhuma razilo para ser admitida a suspensdo da prescrigao”. Em sentido contririo lice Monteiro de Barros."* 9.2, Demora na Citagao De acordo com o art. 219, §§ 3° ¢ 4%, do antigo CPC de 1973 0 réu deveria ter sido citado em até 90 dias, sob pena de nao se ter por interrompida a preseri¢ao. 0 Novo CPC, no art. 240, § 2°, determina 0 prazo de 10 dias. prazo fixado pela lei processual ¢ perfeitamente compativel com 0 Proceso do Trabalho'* ¢ refere-se apenas aos casos em que a citagdo no ocorresse por culpa exclusiva do autor. Assim, quando o reclamante fornece diversas vezes endereso incorrcto do réu e, por isso, ultrapassava 0 prazo de 90 dias ou ultra- passa hoje o prazo de 10 dias entre a disiribuig2o € a citagdo (notificagio), a prescriglo nio esti interrompida desde a distribuicdo da ago, mas sim a partir da efetiva Se, entretanto, a demora na citaga0 se der por culpa do Judiciirio, o autor no poderi ser prejudicado ~ Siimula n® 106 do STJ, c/e 0 art. 240, § 3°, do CPC. ‘Todavia, 0 TST entendia e entende de forma eontriia, isto é, pela incompa- tibilidade do revogado art. 219, §§ 2%, 3° ¢ 4%, do antigo CPC/73 © do atual art. 240, § 2°, do CPC — posigfo adotada pela OJ n° 392 da SDI-I do TST. ALMEIDA fs ee. Manual da prescgdo tabalisa 3. ed $30 Paul: LT 1998, p 160. "BARROS, Ale Menteito de. Curso de Dito do Tabath, Sae Paulo: Lr, 2005, p. 956. Em sentide contiria Abee Montel que defencia a incompaibiidade dos 99 2% 3: edo at. 219 do CPCITS 90 procerso do trabalho. Aigumentava que no sistema trabahista no ha despacho ‘ordenando a citagSo or iso a Intemupeao se opera com a dstribukzo do feo, lide, p, 982.

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