You are on page 1of 16

Alfabetização

e Letramento
Material Teórico
A alfabetização e jovens e adultos

Responsável pelo Conteúdo:


Profa Ms. Denise Jarcovis Pianheri

Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
A alfabetização e jovens e adultos

• A alfabetização e jovens e adultos

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Nesta Unidade, o nosso tema será: “A Alfabetização de Jovens e
Adultos”, em que apresentaremos alguns pontos que acreditamos ser
importantes como: qual o perfil dos alunos da Educação de Jovens
e Adultos, qual a importância da volta desses adultos aos estudos e
principalmente quem foi Paulo Freire e a importância de seus estudos
na alfabetização dos Jovens e Adultos.

ORIENTAÇÕES
Nesta Unidade, iremos enfatizar a importância da escrita no processo de
aprendizagem. O tema é: “A Alfabetização de Jovens e Adultos”. Para que nossos
objetivos possam ser alcançados, pedimos a colaboração de vocês nas leituras,
reflexões e participação das atividades propostas na disciplina.
Para começar, leiam a parte intitulada como Contextualização, em que é
importante para começarmos a refletir sobre o assunto proposto nessa unidade.
Em seguida, leiam o Conteúdo Teórico, que é a base que vocês terão para toda
a disciplina.
Outra parte importante no Blackboard é a Apresentação Narrada. Ela traz de
forma resumida os conceitos da disciplina e comentários feitos pelo professor.
Então, depois de vocês terem passado por esses tópicos, realizem a Atividade de
Sistematização. São questões de múltipla escolha e a correção é automática, pelo
Sistema. Só para lembrar, vocês têm duas tentativas para realizar essa atividade,
portanto, estudem o conteúdo antes de acessar esse link.
Vocês devem realizar também uma Atividade de Aprofundamento, nela vocês
podem deixar suas reflexões a respeito do assunto que estamos tratando, que é
sobre a alfabetização dos jovens e adultos.
Vocês também têm acesso aos Materiais Complementares, que irão ajudar a
compreender, por meio de outros olhares, o conteúdo que estamos estudando. E
não podemos esquecer que vocês têm acesso, ainda, às Referências utilizadas no
preparo do material da disciplina.
Lembro que é muito importante para vocês realizarem todas as atividades
propostas dentro dos prazos estabelecidos, pois além de reforçar a aprendizagem,
há pontos atribuídos a cada uma para compor a média final. Evitem acumular o
estudo dos conteúdos para não ter problemas no final do semestre.
UNIDADE A alfabetização e jovens e adultos

Contextualização
Para começarmos a Unidade, que tal refletirmos um pouco?

Vamos ler citação a seguir:


Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, postuladas,
receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar
coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de
pura experiência feita, que leve em conta as suas necessidades e o torne
instrumento de luta, possibilitando-lhe transformar em sujeito de sua
própria história (FREIRE, 2001, p.16).

Após a leitura da citação, reflita um pouco a respeito do que é realmente ser


alfabetizado?

Qual o papel da Escola?

6
A alfabetização e jovens e adultos
Nesta Unidade, abordaremos “A Alfabetização de Jovens e Adultos”. Pontos
que iremos discutir: qual o perfil dos alunos da Educação de Jovens e Adultos
(EJA); qual a importância desses jovens e adultos que retornam aos estudos, quem
foi Paulo Freire e como é o seu método.

Para iniciarmos, vejamos um breve histórico de como surge a Educação de


Jovens e Adultos; não iremos detalhar, será apenas um panorama geral para
conseguirmos entender como a EJA que conhecemos hoje surgiu no decorrer
dos tempos.

Não iremos nos aprofundar. Assim, no ano de 1967, surge o MOBRAL


(Movimento Brasileiro de Alfabetização). O objetivo do MOBRAL era mais funcional,
os adultos adquiriam tecnicamente os processos de leitura, escrita e cálculo.

Já nos anos 1970, a Educação de Jovens e Adultos foi instaurada como Ensino
Supletivo e assim passou a fazer parte da Legislação brasileira.

Mas é em 1988 que a Educação de Jovens e Adultos passa a ter o direito


garantido à educação básica e a ser gratuita.

Mais tarde, temos, com a LDB 9394/96, a mudança da nomenclatura, que


passa de Ensino Supletivo para EJA e com o Parecer CEB/CNE 11/2000 que se
baseou na Resolução do CNE de Diretrizes Curriculares.

Assim, começam a surgir os fóruns de debates em relação à EJA. Estudiosos,


professores e profissionais da área querem e percebem a necessidade de discussões
para ajuda e passam a se aprofundar nas questões do educar dos jovens e adultos
do nosso país.
Explor

Para você ter melhor visão do panorama da EJA com outros detalhes, observe a linha do
tempo que pode ser visualizada no link: http://goo.gl/SMcpyK

Essas discussões são importantes até hoje, porque ainda há dúvidas em relação
à Educação de Jovens e Adultos.

Um dos pontos que precisa ser levado um consideração quanto às particularidades de


cada educando, suas necessidades e suas dificuldades é considerar e trazer para a sala de
aula os conhecimentos prévios desses alunos, que são ricos em história e cultura.

As pessoas envolvidas na EJA não podem ser preconceituosas ou tratar a


Educação de Jovens e Adultos como um ensino indiferente; é preciso enxergar
a EJA como uma oportunidade para aqueles que, por algum motivo, não tiveram
condições de ter acesso à Educação.

7
7
UNIDADE A alfabetização e jovens e adultos

Pensando nesses jovens e adultos, como definimos o perfil do aluno da EJA?

A grande parte dos alunos da EJA são homens e mulheres trabalhadoras, pobres,
desempregados, moradores de periferias, normalmente pessoas com condições
sociais e culturais precárias em relação a outras pessoas da Sociedade.

São pessoas que nunca frequentaram um ambiente escolar ou tiveram apenas


um único contato e por vários motivos não voltaram à Escola. Também são pessoas
com autoestima muito baixa por serem, de certa maneira, excluídas na Sociedade
em que vivem, por não fazerem uso da leitura e da escrita em suas vidas.

Mas muitas delas decidem mudar, como Solange Gomes da Fonseca comenta
em seu artigo:
Ao escolherem o caminho da escola, esses alunos optam por uma vida
propicia para promover o seu desenvolvimento pessoal e levantar sua
autoestima, mesmo dentro da vida cotidiana na sua vivência social, familiar
e profissional. Suas visões de mundo estão mais relacionadas ao “ver” e ao
“fazer”, uma visão de mundo apoiada numa adesão espontânea e imediata
às coisas. Essa atitude de “maravilhamento” com o conhecimento é
extremamente positiva e precisa ser cultivada e valorizada pelo professor,
porque representa a “porta” de entrada para exercitar o raciocínio lógico,
a reflexão, a análise, a abstração e, assim construir outro tipo de saber: o
conhecimento científico.
Fonte: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2124388

Portanto, essas pessoas, assim como as crianças quando ingressam na Escola,


precisam do apoio dos familiares, dos amigos e, especialmente, do professor,
porque é ele que levará o jovem ou o adulto a descobrir o fascinante mundo letrado.

É o educador que passa as informações para o aluno e o leva a transformá-las


em conhecimento, mas também é o professor que conversa, auxilia, orienta, faz
as intervenções necessárias, colabora e é parceiro no processo de aprendizagem
desses alunos que estão à procura do conhecimento que tanto faltou em suas vidas.

Agora! Um dos grandes educadores na Educação de Jovens e Adultos foi Paulo


Freire, que se destacou por sua prática didática, inovando com seu método de
alfabetização para adultos.

Algo interessante é que seu pensamento pedagógico era de cunho político. Isto
é, seus pensamentos em relação à Educação foram inovadores para a época, por
isso continuaram por tanto tempo e até hoje, em nossos dias, aprendemos com
suas experiências, sua maneira de alfabetizar e com suas ideias, que encontramos
em um vasto repertório literário que ele deixou.

Vamos conhecer um pouco mais sobre Paulo Freire, com a breve biografia a
seguir.

8
Paulo Freire nasceu em 1921, em Recife, numa família de classe média. Com o
agravamento da crise econômica mundial, iniciada em 1929, e a morte de seu
pai, quando tinha 13 anos, Freire passou a enfrentar dificuldades econômicas.
Formou-se em Direito, mas não seguiu carreira, encaminhando a vida profissional
para o Magistério. Suas ideias pedagógicas se formaram da observação da cultura
dos alunos – em particular o uso da linguagem – e do papel elitista da Escola.
Em 1963, em Angicos (RN), chefiou um programa que alfabetizou 300 pessoas
em um mês. No ano seguinte, o golpe militar o surpreendeu em Brasília, onde
coordenava o Plano Nacional de Alfabetização, do presidente João Goulart. Freire
passou 70 dias na prisão antes de se exilar. Em 1968, no Chile, escreveu seu livro
mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Também deu aulas nos Estados Unidos e
na Suíça e organizou planos de alfabetização em países africanos. Com a anistia, em
1979, voltou ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Filiou-se ao Partido dos
Trabalhadores e, entre 1989 e 1991, foi secretário municipal de Educação de São
Paulo. Freire foi casado duas vezes e teve cinco filhos. Foi nomeado doutor honoris
causa de 28 universidades em vários países e teve obras traduzidas em mais de 20
idiomas. Morreu em 1997, de enfarte.

Fonte: http://goo.gl/tnX2oC

Com o pouco que pudemos conhecer de Paulo Freire, sabemos que sua proposta
de ensino consiste na alfabetização de adultos. O educador foi um inovador na época
em que viveu e algo importante em seu ponto de vista é que ele não acreditava no
método tradicional que se aplicava nas escolas: o uso das cartilhas para a didática
no ensino da leitura e da escrita.

O método que Paulo Freire propunha é exatamente utilizar palavras que fazem
parte do vocabulário dos alunos, as chamadas Palavras Geradoras. Elas precisam
ter um significado, um sentido na vida dos educandos, ou seja, o aluno faz uso delas
no meio em que vive.

Outro ponto importante que Freire abordava em seu método era a valorização
da cultura do aluno. É o que ele chamou de Temas Geradores, em que o educador
e o educando trocam experiências, aprendem juntos com o conhecimento um do
outro. Isso faz com que as aulas sejam mais dinâmicas, envolventes e despertam o
interesse dos alunos.

Quando se trabalham os temas geradores, as aulas passam a ter significado, pois


o educando aprende aquilo em que ele tem interesse, que faz parte da sua realidade.

Vejamos!

Como é o Método Paulo Freire?

O método tem três etapas ou momentos e cinco fases de aplicação.

9
9
UNIDADE A alfabetização e jovens e adultos

As etapas do método são:

1ª Etapa: Investigação Temática: nessa etapa, o professor, com os alunos,


busca o seu universo vocabular e também a comunidade onde vivem;

2ª Etapa: Tematização: nesse momento, procuram-se os temas geradores e as


palavras geradoras e se faz uma seleção;

3ª Etapa: Problematização: nessa etapa, é papel do professor desafiar o aluno


a superar sua visão, que primeiramente é ingênua, e fazer com que ele passe a ter
uma visão crítica, ou seja, tenha uma postura consciente.

Depois que é feita a investigação de conhecimento do que o aluno traz em sua


“bagagem”, é importante lembrar que a seleção das palavras geradoras deve seguir
alguns critérios:
a) Elas devem necessariamente estar inseridas no contexto social dos
educandos.
b) Elas devem ter um teor pragmático, ou melhor, as palavras devem abrigar
uma pluralidade de engajamento numa dada realidade social, cultural,
política etc...
c) Elas devem ser selecionadas de maneira que sua sequência englobe todos
os fonemas da língua, para que com seu estudo sejam trabalhadas todas as
dificuldades fonéticas.

A seleção das palavras precisa ser em conjunto, mas cabe ao professor fazer
uma seleção gradual, em que os fonemas possam ser trabalhados, e fazer o aluno
perceber a relação das letras e sílabas com o som que é transmitido; fazer com que
o educando registre as palavras que vai aprendendo e desafiá-lo a construir novas
palavras e levar o aluno a compará-las com as que ele já conhece, observando as
semelhanças e as diferenças entre elas.

Vejamos agora as fases de aplicação do método.

A aplicação é proposta em cinco fases:


1ª Fase: levantamento do universo vocabular dos grupos com quem
se trabalhará. Essa fase se constitui num importante momento de pesquisa e
conhecimento do grupo, aproximando educador e educando numa seleção mais
informal e, portanto mais carregada de sentimentos e emoções. É igualmente
importante para o contato mais aproximado com a linguagem, com os falares
típicos do povo.
2ª Fase: escolha das palavras selecionadas do universo vocabular
pesquisado. Como já afirmamos anteriormente, esta escolha deverá ser feita sob
os critérios: a) da riqueza fonética; b) das dificuldades; c) do teor pragmático da
palavra, ou seja, na pluralidade de engajamento da palavra numa dada realidade
social, cultural, política etc...

10
3ª Fase: criação de situações existenciais típicas do grupo com quem se vai
trabalhar. São situações desafiadoras, codificadas e carregadas de elementos que
serão descodificados pelo grupo com a mediação do educador. São situações locais
que discutidas abrem perspectivas para análise de problemas regionais e nacionais.
4ª Fase: elaboração de fichas-roteiro que auxiliem os coordenadores de
debate no seu trabalho. São fichas que deverão servir como subsídios, mas sem
uma prescrição rígida a seguir.
5ª Fase: elaboração de fichas com a decomposição das famílias fonéticas
correspondentes aos vocábulos geradores. Esse material poderá ser confeccionado
na forma de slides, stripp-filmes (fotogramas) ou cartazes.
A proposta de metodologia abordada por Paulo Freire para os Jovens e Adultos
foi inovadora; além de não seguir um método mecânico, ele utilizou outros tipos
de linguagens, mais especificamente, as linguagens multimídia, com gravuras e
materiais audiovisuais, que colaboram no desenvolvimento da aprendizagem.
Paulo Freire não concordava em chamar seus ensinamentos de método. Dizia
o seguinte:
Eu preferia dizer que não tenho método. O que eu tinha, quando muito
jovem, há 30 anos ou 40 anos, não importa o tempo, era a curiosidade de
um lado e o compromisso político do outro, em face dos renegados, dos
negados, dos proibidos de ler a palavra, relendo o mundo. O que eu tentei
fazer e continuo hoje, foi ter uma compreensão que eu chamaria de crítica
ou de dialética da prática educativa, dentro do qual, necessariamente, há
certa metodologia, certo método, que eu prefiro dizer que é método de
conhecer e não um método de ensinar.

Apesar de Paulo Freire não gostar de utilizar a expressão “Método Paulo Freire”,
ela passou a ser utilizada e a ser uma referência na prática educativa e a expressão
acabou se fixando nos discursos de professores e estudiosos da área e, na realidade,
passou a ser chamada de método por seguir etapas e fases, que dão a ideia de um
caminho a ser seguido.
O “Método Paulo Freire” contém três etapas ou momentos que são essenciais
para se construir o conhecimento sobre a realidade dos educandos e cinco fases em
que o professor consegue trabalhar com essa realidade em sala de aula.
Como o próprio Paulo Freire afirma, sua metodologia não é um método de
ensino, mas sim um método de conhecimento.
Portanto, Paulo Freire fez com que todos os profissionais da área da Educação
pudessem pensar na Alfabetização de Jovens e Adultos de forma diferenciada,
pensar em uma alfabetização libertadora, preocupada em conscientizar os educandos
sobre sua realidade para que eles se tornem autores de sua própria história.
E não podemos deixar de lembrar que o “Método Paulo Freire” continua até os
nossos dias e está sempre evoluindo entre os que trabalham com as ideias do educador.
É importante enfatizar, também, que é preciso recriar constantemente a prática
educativa, ou seja, recriar o método, pois cada grupo de alunos irá trazer novas
ideias, experiências, vivências e, consequentemente, novos conhecimentos.

11
11
UNIDADE A alfabetização e jovens e adultos

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Sites
Instituto Paulo Freire
https://www.paulofreire.org/

12
Referências
BIOGRAFIA. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-
pedagogica/mentor-educacao-consciencia-423220.shtml?page=3>. Acesso em:
28 mar.2013.

FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1990.

FONSECA, Solange Gomes. O perfil do aluno da Educação de Jovens e Adultos


(EJA). Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2124388>.
Acesso em: 28 mar.2013.

FREIRE, Paulo. A educação na cidade. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2001, p. 16.

MÉTODO Paulo Freire. Disponível em: <http://educampoparaense.org/site/


media/biblioteca/pdf/18O_METODO_PAULO_FREIRE.pdf>. Acesso em: 28
mar. 2013.

13
13

You might also like