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CONTEMPORANEIDADE.
1. Abordagens da mobilidade
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- Axiológica: relativa a todo tipo de deslocamento no espaço axiológico,
mudança de crença religiosa, política, etc, de sistema de valores, de ideologia.
Quando os eleitores de um partido aderem a outro, quando há movimento de
votos de um partido de esquerda para um de direita, eles operam um
deslocamento no espaço axiológico, mesmo sem estarem plenamente
conscientes deste fenômeno
Jacques Levy, por sua vez, define “a mobilidade como a relação social
ligada à mudança de lugar, isto é, como o conjunto de modalidades pelas quais
os membros de uma sociedade tratam a possibilidade de eles próprios ou
outros ocuparem sucessivamente vários lugares” (LEVY, 2002, p. 7). Para este
autor a mobilidade é uma relação social ultrapassando a compreensão que
toma a mobilidade como simples deslocamento de um ponto a outro. Ele dá
ênfase à mobilidade como “relação social de grande riqueza” (LEVY, 2002, p.
7). Ademais, considera a mobilidade como um sistema de movimentos
potenciais, que denomina de virtualidades, classificando-as da seguinte
maneira: mobilidade como possibilidade, como competência e como capital
social.
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A mobilidade como competência, implica na “posse de meios
materiais, especialmente financeiros”, para assegurar os deslocamentos, mas
não se restringe necessariamente a eles. Há, por conseguinte, a “ tentação de
reduzir a competência de mobilidade ao nível de renda” (LEVY, 2002, p. 11),
estabelecendo-se a relação entre pobreza e menor capacidade de
deslocamento. Uma relação mão merecedora de credibilidade. LEVY, (2002)
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Jacques Lévy ressalta que, na contemporaneidade, o limite entre as
mobilidades cotidianas e as mobilidades raras é cada vez mais tênue. São
muitas as situações que reforçam esta assertiva. Para um empresário,
engenheiro ou consultor que se desloca cotidianamente no espaço nacional ou
mesmo internacional compondo roteiros de viagem que se repetem devido à
natureza das atividades que desenvolvem, mesmo que não apresentem o ritmo
de repetição sistemática dos mesmos lugares, em períodos determinados de
tempo, a amplitude de seus deslocamentos é relativamente grande, a
freqüência é também grande, mas não se pode classificar como rotineiros seus
deslocamentos nos mesmos termos.
2. Mobilidade e metropolização.
Para Sposito, uma metrópole, por exemplo, não pode ser explicada
apenas em função da região que ela articula, mas também na sua relação com
outras metrópoles (SPOSITO, 1999, p. 93). Caberia, então, explorar em nível
analítico, a relação território-rede para a compreensão da problemática
metropolitana na sua complexidade. Haesbaert, ao proceder à distinção entre
as noções de território e região, toma território como em uma acepção mais
ampla que “envolve as múltiplas formas de apropriação do espaço, nas
diversas escalas espaço-temporais”. Para este autor, “se antes a territorialidade
era vista muito mais como fixação e (relativa) estabilidade, hoje o território
também se constrói numa espécie de ‘mobilidade controlada’, como território-
rede das grandes corporações transnacionais ” (HAESBAERT, 2002, p. 135).
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Rochefort, por sua vez, destaca os efeitos dos processos de
mundialização em curso nos territórios urbanos, em particular, nas metrópoles,
evidenciando suas contradições. As mutações econômicas das quais nos
lembra Rochefort, têm produzido nos diversos países, novas formas de
segregação, ampliação das desigualdades sociais, entre as nações e dentro
dos espaços nacionais, precarização do trabalho, concentração de
investimentos públicos e privados em áreas especificas do espaço
metropolitano, configurando, especialmente nos países considerados em
desenvolvimento, uma organização territorial seletiva.
Bibliografia.
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________. Des Villes de toutes les mobilités et de toutes ls vitesses: um défi
pour les architectes, les urbanistes et lees responsables politiques, Roterdan,
Bienal de Arquitetura, Conferencia proferida dia 09, de maio de 2003, in
http://www.villeenmouvement.com/seminairechaire0702architecture/telecharge
ment/conf_Ascher_rotterdam_fr.pdf,pesquisa realizada em 18 de junho de
2005.
KNAFOU, Rémy. Vers une géographie du rapport à l´Autre. Les enjeux d´un
festival scientifique, in KNAFOU Rémy (org.), La planète “nomade”, Paris:
Edições Belin, 1998, p. 713.
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Knafou, por sua vez, chama a atenção para a mobilidade relativa de
uns e a imobilidade relativa de ouros, conforme aprofundaremos
oportunamente.
Território,