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EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
O presente trabalho busca refletir sobre o conceito de estética em artes visuais dentro do ensino
de artes na educação infantil. Ao tratar o ensino de artes na educação infantil, traz uma
abordagem sobre a educação estética nas aulas de artes.
1 INTRODUÇÃO
Dentro da literatura no campo das artes, mais especificamente no contexto das artes
visuais podemos encontrar vários autores que atentam para a importância de um ensino de artes
voltados para uma educação estética de qualidade. Segundo esses autores o contato do aluno
com a leitura estética visual possibilita um maior grau de desenvolvimento intelectual e social,
como podemos ver a seguir:
Por isso, ousamos afirmar que alunos que vivenciam atividades de leitura estética
visual durante o Ensino Fundamental alcançam uma compreensão estética mais
sofisticada e adequada ao mundo da arte do que a de um adulto com formação
universitária, mesmo em Ciências Humanas, e apresentam um nível de criticidade,
raciocínio e fluência verbal superior ao de alunos sem essa vivência (ROSSI, 2005,
p.67).
Por arte pode ser considerada, segundo Fogliano (2015, p. 141) “toda manifestação
capaz de conduzir a produção de uma experiência estética”. No entanto, é possível notarmos
através dos séculos as transformações de sentidos, usos e forma para o termo. Ao longo da
história da humanidade temos presenciado calorosos debates sobre esse tema, sem nunca
alcançarmos um conceito universal, como afirma o autor a seguir:
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Ao sabor dessas teorias, podemos ver a arte como um jogo semiótico e estético, um ir
e vir, uma necessidade de conhecer o que nos aparece, e a flexibilidade de pensar, que
desperta um encantamento, pela possibilidade de entender o processo de crescimento
do signo. E por meio de seu conceito de hábito, Peirce nos leva a reconhecer um dos
mais difíceis e ao mesmo tempo o mais nobre de todos: o hábito estético. (WANNER,
2010, p. 21).
“[...] o ideal estético é nutrido pelo cultivo de hábitos de sentimentos. Sendo as obras
de arte aquelas coisas que encarnam qualidades de sentimento, os hábitos de
sentimento só podem ser cultivados através da exposição de nossa sensibilidade às
obras de arte” (SANTAELLA, 2000 apud WANNER, 2010, p. 32).
Para Archer (2001, p. 236 apud AMARAL; LOPONTE, 2016, p. 80) “A arte é um
encontro contínuo e reflexivo com o mundo em que a obra de arte, longe de ser o ponto final
desse processo, age como iniciador e ponto central da subsequente investigação do significado”.
Nesse contexto, a estética passa a estar situada no olhar de quem vê, na maneira como cada
indivíduo percebe e frui os objetos artísticos (AMARAL; LOPONTE, 2016, p. 80). Os autores
ainda ressaltam que:
A arte é entendida como um tipo de linguagem não verbal, que teria a capacidade de
auxiliar no desenvolvimento do pensamento crítico, através de informações que
podem ou não estar claras na obra através dos elementos da linguagem visual e que
precisam ser decodificadas para que se atenda ao objetivo da comunicação
(AMARAM; LOPONTE, 2016, p. 82).
Aparece também na produção de dados a ideia de arte como uma manifestação que
tem criatividade em si, como se a criatividade fosse uma característica que o artista
conseguiu passar para a obra ou como se a arte pudesse despertar a criatividade
(AMARAM; LOPONTE, 2016, p. 82).
Bueno e Dias (2016, p. 30) “O que entendemos por arte, geralmente está ligado ao
conteúdo estético e por provocar a sensação de admiração por estar vinculada ao belo”. “[...] O
valor estético é sentido através da intuição e da emoção condicionadas ao sujeito receptivo”.
Segundo Bueno e Dias (2016, p. 27) em Hegel “a arte vê o Belo como algo existente
na realidade, nas obras reais e históricas, para Hegel as obras de arte não variam de acordo com
o tempo e nem são meras imitações da natureza como dizia Platão, pois elas representam o
momento do espírito na História”.
Kant (apud BUENO; DIAS, 2016, p. 26) define a estética como “a capacidade de
fruição relacionada a outras capacidades humanas. Portando o indivíduo não precisaria possuir
nenhuma capacidade excepcional para exercê-la, qualquer um seria capaz de captar e
experimentar o belo”.
De acordo com Barbosa (2002, p. 71 apud SILVA, 2012, p. 25) a “educação estética
tem como lugar privilegiado no ensino de Arte, entendendo por educação estética as várias
formas de leitura, de fruição que podem ser possibitadas às crianças, tanto a partir do seu
cotidiano como de obras de Arte”.
Segundo Wanner (2010, p. 32) “a noção de estética vem da Grécia, quando esse termo
estava associado à relação do homem com a natureza. Somente a partir de meados do século
XVIII, aproximadamente nos anos de 1750, a estética aparece como ciência através de
Alexander Gottlieb Baumgarten”.
Esta mesma premissa é reafirmada por Bueno e Dias (2016) onde segundo os mesmos
a contribuição mais ousada para a estética foi dada por Alexandre Gottlieb Baumgarten (1714-
1762) que é considerado como um pai fundador da estética e que a partir do sentido original o
qual se referia à sensação, passou a defini-la como ciência do sensível.
passa a ser visto como estado da mente e não mais um conceito puro (BUENO; DIAS,
2016, p. 26).
arte. Vemos o surgimento de teatros, museus, operas, antes restrita a um pequeno grupo de
maior status social, como clero, nobreza e alta burguesia, agora com a crescente ascensão classe
média e burguesa que passa a fazer-se notável na economia, torna-se cada vez mais frequente
o clamor por mais espaços urbanos de arte e cultura
E tudo isso é parte de uma nova mentalidade que irmana a prática de expor objetos
para a contemplação, a crença no poder crítico da razão para explicar todos os
fenômenos, inclusive a criação artística, e a crença no progresso histórico dotado de
sentido imanente, abarcando todos os fatos da cultura. Se notarmos bem, o forno que
funde essas crenças numa liga é o da nascente ideologia da estética, garantindo um
espaço diferenciado, distanciado, para a arte (RODRIGUES, 2008, p. 122).
O século XX fica marcado por libertar a arte da era da estética, as habilidades técnicas
dos artistas são deixadas de lado, dando espaço e voz ao artista que está no centro de uma rede
de discurso. A contemplação dá espaço à reflexão.
Foram esses professores que uma década mais tarde atraíram John Cage e Merce
Cunningham para esse lugar até então desconhecido. Cage fi zera estudos com o
também exilado Schönberg no Pomona College, na Califórnia, e se transformou
rapidamente no regente que re-instaura Marcel Duchamp e um tipo de questionamento
artístico que fora responsável, desde os primeiros readymades, por libertar a arte da
era da estética. O que chamamos arte não mais nos demanda contemplação, mas sim
reflexão sobre o sentido da palavra “arte”. Ou seja, o valor “arte” deserta o objeto para
se ancorar no discurso de um indivíduo que se declara artista e que declara algo, uma
ação, uma instrução, um ritual – não importa – como “arte”. Nesse momento,
importam menos as qualidades intrínsecas (linhas, planos, luminosidade, textura, etc.)
desse objeto do que reconstituir um questionamento que nos convida à reflexão.
Paralelamente, o artista não pode mais ser reconhecido por suas habilidades técnicas,
mas sim porque se instala no centro de uma rede de discursos, ele mesmo assumindo
o discurso sobre sua obra/fazer.
A autora Rossi (2005, p. 50) afirma que existe “uma tendência em enfatizar a leitura
formal de obras e imagens, pressupondo que a percepção de linhas, formas, cores, textura, valor,
equilíbrio, é a responsável pela compreensão estética”. No entanto, a abordagem
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Segundo Vigotski (2001a, p. 345) “a arte implica em emoção dialética que reconstrói
o comportamento e por isso ela sempre significa uma atividade sumamente complexa de luta
interna que se conclui na catarse”. O autor a seguir, defende que a exposição frequente à arte,
favorece o desenvolvimento estético, desta forma, a educação estética é o convívio com a arte.
O que evidência a importância do contato com as artes ainda nos primeiros estágios do
desenvolvimento humano.
O desenvolvimento estético continua durante toda a vida. Isto não quer dizer, porém,
que todos os adultos alcançam os estágios ou níveis mais complexos. Pesquisas
mostram que os adultos apresentam ideias de vários níveis, enquanto que todas as
crianças pequenas têm ideias ingênuas e realísticas. Apesar de existir uma forte
correlação entre idade e estágio, o que mais favorece o desenvolvimento estético é a
exposição, a frequência à arte. A pesquisa mostrou que os alunos do grupo
experimental alcançaram um grau de sofisticação em sua compreensão estética não
esperada para sua idade e escolaridade (ROSSI, 2005, p.66).
Para além das técnicas, a arte deve estar inserida no ambiente escolar nos contextos de
observar, ouvir, sentir, onde o indivíduo se torna capaz de construir e reconstruir significados.
Desenvolvendo suas potencialidades o aluno se transforma, se auto realiza e consequentemente,
contribui na transformação da sociedade a qual está inserido.
A criança é um ser social e sua produção artística desde cedo sofre influencia da
cultura, refletindo desta forma, uma leitura do meio em que vive. A escola por sua vez, deve
oportunizar a vivência das crianças com várias culturas e formas de expressão, propiciando um
olhar diferenciado de si e do mundo.
O professor figura importante no ensino de artes na educação infantil deve ser capaz
de apontar novos caminhos e novos olhares, no entanto, é fundamental que este adquira um
olhar sensível á realidade das crianças e as limitações das mesmas. Neste contexto o professor
atua no auxílio dos processos criativos.
O desenvolvimento da criança como um todo, seja ele social, intelectual ou cultural está no
centro da educação infantil, como ser social são produtores de cultura, construir e reconstruir
significados. “É possível ainda buscar a sensibilização estética no que as crianças realizam, em
suas atividades criadoras, seja desenho, pintura, colagem, modelagem, construção com sucata,
seja mesmo na arrumação de seus materiais e na organização do espaço e das brincadeiras”
(ELLWANGER, 2011, p. 28).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação escolar tem como objetivo formar o indivíduo para a vida social em sua
totalidade. Para isso, é necessário que se utilize das objetivações artísticas, científicas e
filosóficas no exercício de compreensão da situação social, transcendendo assim, as
formulações epiteliais do senso-comum (FERREIRA; DUARTE, 2011, p. 123). “A arte tem o
poder de refletir o ser humano naquilo que ele é num determinado momento histórico e também
nas possibilidades de vir a ser contidas nesse momento histórico” (FERREIRA; DUARTE,
2011, p. 118).
O contato com as artes possibilita a formação de um sujeito reflexivo sobre seu papel
social e quanto as possíveis contribuições dentro da sociedade ao qual está inserido. Neste
sentido, uma formação que propicie a vivência estética provoca o estranhamento, a
possibilidade de ressignificação da realidade e do acontecimento. (Schlindwein, 2015, p. 430).
A busca por um estudo geral da história da arte torna-se uma difícil tarefa devido, a
complexidade do tema abordado. Em uma pesquisa na busca por trabalhos que englobe todo
tema é bem mais comum encontrar trabalhos fragmentados, como: história do teatro, história
da música, história das artes visuais, etc.; e a união de todos formaria um todo para o contexto.
E preciso ainda atentar para a formação de professores, estes por sua vez precisam
desenvolver um olhar sensível ás necessidades e realidades sociais de seus alunos. “Mas para
isto é preciso que os professores escutem os alunos, e aprendam como eles entendem a arte.
Assim saberão que atividades são mais adequadas e úteis para promover o desenvolvimento
estético” (ROSSI, 2005, p.67).
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REFERENCIAS
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