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RELATÓRIO N° 01
É sabido da experiencia que para os fluidos reais, existe uma diferença entre a
facilidade de escoamento; alguns fluidos têm mais dificuldade ao escoamento
que outros, a água escoa com relativa facilidade, já o mel de abelha, é bastante
resistente a se mover. Logo podemos tentar associar, assim como a massa
mede a resistência ao movimento, alguma propriedade do fluido que meça a
resistência ao escoamento. Para tal façamos o seguinte experimento (analisado
para o caso unidimensional:
Imagine um fluido que está em repouso entre duas placas, na qual uma placa é
fixa, e outra se move com uma velocidade 𝑣0 , logo existe a atuação de uma força
sobre a placa. É natural supor que a camada de fluido próxima a placa ganhará
a velocidade da placa. Entretanto, as camadas inferiores também sentirão a
atuação dessa força (seria o “atrito” interno entre as camadas em contato) de
forma que as camadas inferiores terão velocidade 𝑣 que depende da posição 𝑦.
Entretanto para análise do escoamento nesse caso não é importante a
velocidade de uma camada, mas como a velocidade varia entre as camadas, o
𝑑𝑣
chamado gradiente de velocidade 𝑑𝑦 (no caso unidimensional), pois este de fato
se relaciona com o escoamento. Além disso do atrito interno sabemos que é
formado uma força tangencial ao plano em que o fluido escoa, que cria uma
𝐹
tensão no fluido da forma 𝐴, bastante parecida com a pressão, só que nesse
caso no lugar de comprimir ela tenta “rasgar”(deformar/cisalhar) o fluido,
chamada tensão de cisalhamento 𝜏, e é essa tensão que causa seu escoamento.
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Logo, daí podemos pensar numa relação entre o gradiente e a tensão de
cisalhamento. Se supusermos que ela é de proporcionalidade e chamarmos a
constante de 𝜇, teremos:
𝒗𝟎
𝑦
𝒗 = 𝒗𝟎
d
𝑑𝑣
𝑑𝑦
𝒅𝒗
𝝉= 𝝁 (𝟏)
𝒅𝒚
Essa é a chamada lei da viscosidade de Newton, pois foi ele o primeiro a ter essa
ideia documentada. O coeficiente 𝜇 é chamado de coeficiente de viscosidade do
material ou viscosidade dinâmica, cuja unidade no SI é o Pascal∗segundo ou
𝑃𝑎. 𝑠, mas também utiliza o 𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒 (sistema c.g.s), onde 1 𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒 = 0,1 𝑃𝑎. 𝑠. Vale
salientar a semelhança desta equação com a lei de hooke, que propõe também
uma relação de proporcionalidade entre a força aplicada e a distensão causada
na mola, ambas as leis pressupõem um comportamento mais simplista para uma
primeira análise (relação linear ou de proporcionalidade). Fluidos que seguem a
lei de viscosidade de Newton são chamados de Newtonianos, e as mesmas
condições de pressão e temperatura, sua viscosidade é constante. Muitos dos
fluidos que vivem ao nosso redor são newtonianos: a água, a maioria dos óleos
lubrificantes e até mesmo o de cozinha, detergentes etc. Entretanto existem
outros fluidos que não se comportam de acordo com a lei de Newton, como
veremos a seguir.
Como dito acima existem vários tipos de fluidos que não seguem a lei da
viscosidade de Newton, ela é um parâmetro inicial, que trouxe a ideia da
viscosidade, mas os fluidos possuem outras relações com ela, onde alguns
exemplos a serem citados: os plásticos de Bingham, os pseudoplásticos e os
fluidos dilatantes
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Os chamados plásticos de Bingham são fluidos que tem um comportamento
semelhante ao de sólidos (ou seja, ao se submeter uma tensão cisalhante, ele
se deforma, mas não escoa, a princípio), dentro de uma tensão mínima
admissível. Caso seja submetido a uma tensão maior que esta, seu
comportamento torna-se como um fluido newtoniano. Assim chamando de 𝜏0
essa tensão mínima, temos como equação geral:
𝒅𝒗
𝝉 = 𝝉𝟎 + 𝝁 (𝟐)
𝒅𝒚
Perceba que os plásticos de Bingham também possuem comportamento linear,
já que diferem dos fluidos newtonianos a menos de uma constante. Os fluidos
de completação de poços de petróleo são bons exemplos de plásticos de
Bingham
𝑑𝑣
Figura 2: Comparação dos gráficos 𝜏 𝑥 entre fluidos newtonianos e não
𝑑𝑦
newtonianos. Como o fluido ideal não possui viscosidade, seu gráfico é
𝑑𝑣
uma reta paralela ao eixo 𝑑𝑦 ( imagem meramente ilustrativa)
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Além disso vale salientar a existência de outros fluidos como os viscoelásticos
que possuem um comportamento misto entre os sólidos e os fluidos (muitas
membranas das nossas células e tecidos do nosso são organismo tem esse
comportamento). Dentre tantos outros que existem dentro desse mundo da
mecanica dos fluidos...
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introdutória sobre o assunto, mas é obtida pela integração das tensões normais
e tangenciais da partícula. Essa expressão é conhecida como Lei de Stokes e
tem como resultado:
𝑭𝒅 = 𝟔𝝅𝝁𝒓𝒗𝒕 (𝟓)
Onde:
𝜇 é a viscosidade dinâmica;
𝑟 é o raio da partícula;
𝑣𝑡 é uma velocidade onde há o equilíbrio das forças na partícula chamada
velocidade terminal. Essa velocidade é obtida experimentalmente. Além disso
como no mundo real, as partículas não estão em um meio infinito, implica que
há uma diferença entre o valor obtido experimentalmente e o valor aplicável a lei
de Stokes. Isso decorre a um efeito chamado efeito de borda onde durante a
colisão com o fluido cria-se ondas que levam uma força que acaba atingindo a
própria a partícula alterando sua velocidade. No caso de uma proveta ou um
cilindro qualquer, esse valor pode ser corrigido de acordo com a equação
descrita abaixo:
𝒓
𝒗𝒕 = 𝒗𝒎 (𝟏 + 𝟐, 𝟒. ( )) (𝟔)
𝑹
Onde
𝐿
𝑣𝑚 é a velocidade média (no caso de uma distância L num tempo t, 𝑣𝑚 = )
𝑡
1
Figura 3: Gráfico do Coeficiente de arrasto de 𝐹𝑑 = 2 𝐶𝐴 𝜌𝐿 𝐴𝑣 2
(uma forma de ler o termo quadrático de 𝐹𝑑 ) versus Re. A linha
tracejada são os valores deduzidos pela Lei de Stokes. Note que
se Re>1, os erros começam a ser muito grandes (a expressão
acima passa a ser a dominante). Se igualarmos as duas
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equações, temos 𝐶𝐴 = 𝑅𝑒.
Fonte: [1]
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Vale salientar que so valores obtidos pela lei de Stokes, uma equação puramente
analítica, são bastante condizentes com os dados experimentais obtidos por
meio de estudos da fluidodinâmica, onde o termo quadrático da força de arrasto
não é o termo dominante (vide figura acima)
A lei de Stokes possui inúmeras aplicações, principalmente para separação de
misturas, tanto dos sólidos (analise gravimétrica, peneira vibratória) como
líquidos e gases (vasos separadores da indústria do petróleo). Além disso, com
essa lei é possivel calcular a viscosidade de um fluido, desde que o regime de
escoamento seja laminar, com Re < 1, que é a situação do experimento desse
relatório.
Para a modelagem do problema imagine uma partícula esférica, com densidade
baixa caindo num fluido, dentro de uma proveta. Se fizermos o diagrama de
corpo livre, ou seja, a análise das forças que atuam na partícula, teremos: a força
de arrasto, a força de empuxo que é dada pela relação de Arquimedes, e
obviamente a força peso. Daí segue-se as seguintes formulas:
𝟒
𝑭𝒑 = 𝒎𝒈 = 𝝆𝑽𝒆 𝒈 → 𝑭𝒑 = 𝝆𝒆 𝟑 𝝅𝒓𝟑 𝒈 (𝟕) onde 𝑟 é o raio da esfera
𝑭𝒅 = 𝟔𝝅𝝁𝒓𝒗𝒕
𝟒
𝑭𝒆 = 𝒎𝑳 𝒈 = 𝝆𝑳 𝑽𝒆 𝒈 → 𝑭𝒑 = 𝝆𝑳 𝟑 𝝅𝒓𝟑 𝒈 (𝟖)
onde 𝐹𝑒 é a fora de empuxo que pode ser entendia como a força de reação do
fluido pela partícula deslocar uma porção 𝑉𝑒 de fluido para fora de onde está se
desloca.
𝐹𝑑 𝐹𝑒
𝑚
𝑚𝑔⃗
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Segue que, no equilíbrio: 𝑭𝒆 + 𝑭𝒅 = 𝑭𝒑
𝟒 𝟒
𝝆𝑳 𝝅𝒓𝟑 𝒈 + 𝟔𝝅𝝁𝒓𝒗𝒕 = 𝝆𝒆 𝝅𝒓𝟑 𝒈
𝟑 𝟑
𝟒 𝟒
𝟔𝝅𝝁𝒓𝒗𝒕 = 𝝆𝒆 𝝅𝒓𝟑 𝒈 − 𝝆𝑳 𝝅𝒓𝟑 𝒈
𝟑 𝟑
𝟒
𝟔𝝅𝝁𝒓𝒗𝒕 = 𝟑 𝝅𝒓𝟑 𝒈(𝝆𝒆 − 𝝆𝑳 ) , isolando 𝜇:
𝟒 𝟑
𝝅𝒓 𝒈(𝝆𝒆 − 𝝆𝑳 )
𝝁=𝟑
𝟔𝝅𝒓𝒗𝒕
𝟒 𝟏 (𝝅𝒓𝟑 𝒈(𝝆𝒆 − 𝝆𝑳 ))
𝝁= .
𝟑 𝟔 𝝅𝒓𝒗𝒕
Simplificando, chega-se a tão conhecida fórmula de Stokes para a viscosidade:
𝟐 𝟐 𝟏
𝝁= (𝒓 𝒈(𝝆𝒆 − 𝝆𝑳 )) (𝟗)
𝟗 𝒗𝒕
Lembrando que esta velocidade terminal deve estar corrigida para os cálculos
estarem corretos. Agora que a teoria está revisada podemos voltar ao
experimento em si.
1 Balança Analítica;
1 Termômetro:
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2 Provetas:
Fita adesiva
Além disse ainda tivemos como os produtos a serem calculados sua viscosidade:
Óleo comestível:
Detergente.
3 Metodologia Utilizada
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Tabela 1 : Massa pesada durante o experimento.
Depois partiu para as medições das dimensões da proveta. Para tal utilizou-se
da régua milimetrada e foi obtido os seguintes valores:
Tabela 2: Medidas das dimensões das provetas (raio e distância entre as faixas).
Após isso foi se feita uma medição de massa de um volume especifico de cada
fluido para o posterior calculo da densidade, de forma que os dados obtidos são:
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Tabela 4: Dados de massa e volume dos fluidos estudados para posterior cálculo de densidade.
4 Resultados e cálculos
𝒎𝒆
Sabendo que 𝝆𝒆 = , onde o índice e se relaciona com a esfera
𝒗𝒆
(exceto no empuxo) temos, usando a massa das bolinhas usadas com o
óleo:
𝑚𝑒1 0,0606
𝑉𝑒1 = → 𝑉𝑒1 = = 0,0236 𝑐𝑚3
𝜌𝑒1 2,57
4 3 3𝑉𝑒
Mas sabemos que 𝑉𝑒 = 𝜋𝑟 3 , dai 𝑟 = √
3 4𝜋
𝟑 3. (0,0236)
𝒓𝟏 = √ → 𝒓𝟏 = 0,178 𝑐𝑚
4. (3,14)
.
𝑚𝑒2 0,0612
𝑉𝑒2 = → 𝑉𝑒2 = = 0,0238 𝑐𝑚3
𝜌𝑒2 2,57
𝟑 3. (0,0238)
𝒓𝟐 = √ → 𝒓𝟐 = 0,178 𝑐𝑚
4. (3,14)
2. Calculo da velocidade média e velocidade terminal
𝐿
Da fórmula dada na introdução: 𝑣𝑚 = 𝑡 , onde L é a distância entre
as faixas e t o tempo médio, daí para o óleo:
11
31
𝑣𝑚1 = = 13,3 𝑐𝑚/𝑠
2,33
E da mesma forma para o detergente:
19,9
𝑣𝑚2 = = 0,90 𝑐𝑚/𝑠
22,14
Agora para a correção da velocidade terminal
𝑟
𝑣𝑡1 = 𝑣𝑚1 (1 + 2,4. ( ))
𝑅
0,178
𝑣𝑡1 = 13,3 (1 + 2,4. ( )) = 14,72 𝑐𝑚/𝑠
4,0
Para o detergente:
0,178
𝑣𝑡1 = 0,90 (1 + 2,4. ( )) = 1,38 𝑐𝑚/𝑠
0,8
Para o óleo:
𝑚𝐿1 13,6447
𝜌𝐿1 = = = 0,91 𝑔/𝑐𝑚3
𝑉𝐿1 15
E para o detergente:
12,7867
𝜌𝐿2 = = 0,98 𝑔/𝑐𝑚3
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Para o óleo:
2 1
𝜇1 = (𝑟1 2 𝑔(𝜌𝑒 − 𝜌𝐿1 ))
9 𝑣𝑡1
12
2 1
𝜇1 = (0,031 ∗ 981(2,57 − 0,91))
9 14,72
𝜇1 = 0,76 𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒
Onde 𝑔 = 981𝑐𝑚/𝑠 2
Para o detergente:
2 1
𝜇2 = (0,031 ∗ 981(2,57 − 0,98))
9 1,38
𝜇1 = 7,78 𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒
𝐹𝑑 = 6𝜋𝜇𝑟𝑣𝑡
𝐹𝑑 = 6 ∗ (3,14)(0,76)(0,178)(14,72)
𝐹𝑑 = 37,51 𝑑𝑦𝑛 𝑜𝑢 𝐹𝑑 = 0,0003751 𝑁
Para o detergente:
𝐹𝑑 = 6 ∗ (3,14)(7,78)(0,178)(1,38)
𝐹𝑑 = 36,00 𝑑𝑦𝑛 𝑜𝑢 𝐹𝑑 = 0,00036 𝑁
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Tabela 5: Comparação dos valores obtidos e os dados da literatura. Os dados da literatura
foram obtidos por média aritmética dos valores máximos e mínimos obtidos nas fontes.
Fonte: [2] para o óleo e [3] para o detergente
Outro fato espantoso foi o caso de o fluido com a menor viscosidade ter tido a
maior força de arrasto, nesse experimento, totalmente contra intuitivo.
Tabela 6: Forças de arrasto obtidas com as viscosidades calculadas.
Fluido Fd (dyn)
Óleo 37,15
Detergente 36,00
6 Conclusões
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7 Referências
Usadas como fontes diretas e internas no texto
2. Shahidi, Fereidoon: Bailey's Industrial Oil and Fat Products. Ed. Wiley-
Interscience 6° ed pg 1226. 2005. (Fonte do óleo)
6. https://www.youtube.com/watch?v=_PW3GY7eZl8. Acesso em
30/04/2018
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