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A nova visão contábil após a Lei 11.

638/2007
Com a introdução da lei 11.638/2007, a contabilidade no Brasil sofre uma ampla modificação,
fazendo com que o contador torne-se não somente um responsável pela apuração e pagamento de
impostos
postado 30/05/2012 11:37:06 - 229.515 acessos
A - A nova visão contábil:
Em vista as mudanças na Legislação Societária e o Ambiente Internacional de Negócios e por ações,
juntamente com o poder regulatório e interpretativo que a Comissão de valores mobiliários – CVM, possui,
encontra-se a necessidade do Brasil se adaptar a regulação contábil internacional e isso implica em impactos
no balanço patrimonial.
Entre os objetivos desta lei, além de alterar artigos da lei nr. 6.404/1976 para atualizá-la ao novo mundo de
negócios global, deve ser ressaltado o de providenciar maior transparência às atividades empresariais
brasileiras.
Alguns dos principais avanços em termos de práticas contábeis é a adequação do Balanço Patrimonial:
Estrutura do Balanço Patrimonial segundo a Lei 6.404/76 X Lei ll. 638/07:
ANTES DEPOIS

ATIVO CIRCULANTE ATIVO CIRCULANTE


REALIZÁVEL A LONGO PRAZO ATIVO NÃO CIRCULANTE
ATIVO PERMANENTE ·REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
·INVESTIMENTO ·INVESTIMENTO
·IMOBILIZADO ·IMOBILIZADO
·DIFERIDO ·INTANGÍVEL
·DIFERIDO

PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE


PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PASSIVO NÃO CIRCULANTE
RESERVA DE EXERCÍCIOS FUTUROS ·EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
PATRIMÔNIO LÍQUIDO ·RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS
·CAPITAL SOCIAL PATRIMÔNIO LÍQUIDO
·RESERVA DE CAPITAL ·CAPITAL SOCIAL
·RESERVA DE REAVALIAÇÃO ·RESERVA DE CAPITAL
·RESERVAS DE LUCROS ·AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL
·LUCROS OU PREJUIZOS ACUMULADOS ·RESERVAS DE LUCROS
·AÇÕES EM TESOURARIA
·PREJUIZOS ACUMULADOS

Pode-se verificar no quadro a cima, que com a vigência da Lei 11.638/07, já ocorreram mudanças na
estrutura do Balanço Patrimonial,como:
1 – Criação do subgrupo “Intangível” no Permanente, desdobrado do subgrupo Imobilizado;
2 – Extinção da possibilidade de reavaliação dos bens do Ativo Imobilizado e, consequentemente,
eliminação das Reservas de Reavaliação;
3 – O uso do subgrupo Diferido fica restrito ao registro das despesas pré-operacionais e aos gastos de
reestruturação;
4 – Eliminação da conta “Lucros ou Prejuízos Acumulados” mantendo somente a conta “Prejuízos
Acumulados”;
5 – Criação, no Patrimônio Líquido, do subgrupo “Ajuste de avaliação patrimonial”, englobando:
5.1 – Como “Reservas de Capital”, passam a ser considerados apenas os ganhos relacionados com o capital
social da empresa;
5.2 – Reserva de lucro a realizar, inclusão, no calculo da parcela realizada do lucro liquido do exercício, do
resultado não realizado da contabilização de ativo e passivo pelo valor de mercado.
B - Alterações na área societária:
Dentre as principais alterações, destacam-se, resumidamente:
1 - Demonstrações Financeiras:
Além das demonstrações financeiras já anteriormente previstas (balanço patrimonial, demonstração dos
lucros ou prejuízos acumulados e demonstração do resultado do exercício), inova a lei ao exigir:
demonstração dos fluxos de caixa e, se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. Foi
substituída a demonstração das origens e aplicações de recursos;
2 – Demonstração do resultado do exercício:
A nova lei dispõe que a demonstração do resultado do exercício discriminara, entre outras informações, as
participações de debêntures, de empregados e administradores, mesmo na forma de instrumentos
financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se
caracterizam como despesa.
Foi revogado o parágrafo 2º do art. 187 da Lei nr. 6.404 que dispunha que o aumento do valor de elementos
do ativo em virtude de novas avaliações, registrados como reserva de reavaliação, poderia ser computado
como lucro para efeito de distribuição de dividendos ou participações depois de realizado.
De acordo com o artigo 6º da Lei 11.638, os saldos existentes nas reservas de reavaliação deverão ser
mantidos ate a sua efetiva realização ou estornados ate o final do exercício social em que entrar em vigor.
3 – Demonstrações dos fluxos de caixa e do valor adicionado:
- Demonstração dos fluxos de caixa: as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e
equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 fluxos: (a) das operações, (b) dos
financiamentos e (c) dos investimentos;
- Demonstração do valor adicionado: o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os
elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, como empregados, financiadores, acionistas,
governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída.
4 – Balanço Patrimonial:
O ativo permanente será dividido em: investimentos, imobilizado, intangível e diferido;
O patrimônio liquido deve ser dividido em: ajustes de avaliação patrimonial reservas de lucros, ações em
tesouraria e prejuízos acumulados (antes previa também: reservas de reavaliação e lucros e prejuízos
acumulados.
5 – Reservas e retenção de lucros:
A Lei 11.638 cria a reserva de incentivos fiscais, prevendo que a assembléia geral poderá, por proposta dos
órgãos de administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro liquido decorrente
de doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de
calculo do dividendo obrigatório.
C - Relação do principio da essência sobre a forma com as alterações da legislação contábil:
Com o advento da Lei 11.638/2007, torna-se necessária agora a interpretação dessa nova e vasta legislação
que, alem de convergir para a harmonização com as normas internacionais de contabilidade, a transparência
das demonstrações contábeis e a busca da essência sobrepondo a forma, brindou-nos com a aprovação de
14 deliberações emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). O fato é que 2009 será um
ano de adaptação a nova lei em decorrência das diversas interpretações que surgirão em face do
entendimento de cada uma dessas deliberações.
Ao mesmo tempo, torna obrigatória a elaboração das demonstrações contábeis, pelas novas regras, para
empresas qualificadas no rol das denominadas sociedade de grande porte que possuem um volume de
negócios significativo, e/ou ativos representativos (ativo superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual
acima de R$ 300 milhões), o que proporcionará uma percepção mais transparente por parte do mercado.
Todas essas modificações, e isso não há como negar, foi de grande relevância e representaram um passo
importante para que uma integração das companhias brasileiras com a convergência contábil internacional.
Porém, ainda não iguala o Brasil ao padrão contábil internacional. Primeiro teremos que aguardar os demais
26 pronunciamentos contábeis previstos pelo CPC e pela Comissão de valores mobiliários (CVM). Nem
tudo são flores, visto que ao mesmo tempo em que ganhamos na transparência, perdemos no quesito
comparabilidade.
Dentre as diversas novidades que a Lei 11.638/2007 trouxe, destacamos as principais no quadro
comparativo:
Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976 Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007

Publicação das Demonstrações das Origens e Publicação das Demonstrações dos Fluxos de
Aplicações de Recursos – Doar. Caixas – DFC.

Não havia a exigência da publicação da Obrigatoriedade da publicação da Demonstração


Demonstração do Valor Adicionado – DVA para as do Valor Adicionado – DVA para as
companhias abertas. companhias abertas.

Os aumentos ou diminuições de valores nos


Os aumentos de valores nos saldos de ativos saldos de ativos e passivos decorrentes de
serão registrados com Reserva de Reavaliação, no avaliações e preço de mercado serão registrados
Patrimônio Líquido. na conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial, no
Patrimônio Líquido.

Ativo permanente passa a ser dividido em:


O ativo permanente é dividido em: investimentos,
investimentos, imobilizado, intangível e
ativo imobilizado e ativo diferido.
diferido.

Nas operações de incorporação, fusão ou cisão, os


Os saldos serão vertidos a valor de mercados nos
saldos vertidos poderão ser registrados pelos
casos de: fusões, cisões ou incorporações.
valores contábeis.
O Patrimônio Líquido: capital social reserva de
O Patrimônio Líquido: capital social reserva de
capital, ajustes de avaliação patrimonial,
capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros
reservas de lucros, ações em tesouraria
ou prejuízos acumulados.
e prejuízos acumulados.

As companhias abertas e as sociedades de grande


As companhias abertas são obrigadas a publicar as
porte de capital fechado são obrigadas a
suas demonstrações contábeis devidamente
apresentar demonstrações contábeis segundo
auditadas. As companhias fechadas são obrigadas a
os mesmos padrões da Lei das S.As. e auditadas
publicar suas demonstrações contábeis.
por auditores independentes.

A escrituração contábil será efetuada de acordo com


os princípios de contabilidade geralmente aceitos,
Deverá ocorrer segregação entre escrituração
podendo registrar nos livros comercias ou em livros
mercantil e tributária.
auxiliares os ajustes decorrentes da
legislação tributária.

A CVM expedirá normas contábeis em


A CVM expedirá normas contábeis de acordo com
consonância com as Normas Internacionais
os princípios de contabilidade geralmente aceitos.
de Contabilidade (IFRS)

As sociedades controladas, sociedades que fazem


parte do mesmo grupo que estejam sob
As sociedades controladas devem ser avaliadas pelo
influência e controle comum, devem ser
método da equivalência patrimonial.
avaliadas pelo método de equivalência
patrimonial.

D- Impacto das alterações da legislação contábil na gestão de custos das empresas brasileiras.
Dentre as alterações da legislação contábil, advindas por força da Lei 11.638/2007, destacamos como um
dos impactos destas alterações, a inserção do impairment e a extinção da reavaliação de ativos, havendo a
possibilidade da reavaliação apurada se tornar um fator conjuntural e indicar a necessidade do teste
de impairment, o que torna premente entender os efeitos da reavaliação de ativos no Brasil e sua relação
com este novo instituto.
A lei 11.638/2007 traz a extinção da reavaliação de ativos e a inserção do impairment. O que mostra a
importância do impairmentcomo propósito de deixar os ativos registrados ao limite dos valores
correspondentes ao seu retorno econômico.
Ao contrario do impairment, a reavaliação , quando mal utilizada estava auferindo ao ativo registrado um
valor superior á sua real capacidade de retorno econômico e geração de caixa, mascarando as demonstrações
contábeis e os indicadores de analise e, portanto, induzia à perda de credibilidade pelos investidores
estrangeiros.
E- CONCLUSÃO:
Estão ocorrendo grandes mudanças no cenário internacional (nas empresas), e exige-se que elas passem a
adotar um novo procedimento contábil harmônico com o mundo, para que a linguagem dos negócios possa
ser entendida da mesma forma em todos os lugares. O Brasil precisa estar inserido neste contexto e com a
lei das Sociedades por ações, juntamente com a CVM, a contabilidadeno Brasil dá passos concretos,
atualizando as regras contábeis brasileiras e adequando suas demonstrações e principalmente o Balanço
Patrimonial ao cenário contábil internacional.
Conclui-se que os impactos ocorridos no Balanço Patrimonial em razão das atualizações nas normas
contábeis brasileira são muito importantes, por razão da adequação do Brasil ao cenário contábil
internacional.
Referências:
- Controller Consultoria Contábil: Lei 11.638/2007 nova alteração da lei
(controllerconsultoria.blogspot.com)

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