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GEAGU

Grupo de Estudo para a Advocacia-Geral da União

QUESTÕES OBJETIVAS
Rodada Demonstração

Prezado (a) aluno (a),


Grupo de Estudo para a Advocacia-Geral da União
Rodada – 2017

Prezado(a) Aluno(a),

Você está recebendo a ata da rodada objetiva do GEAGU (Grupo de Estudo para a Advocacia-
Geral da União), cujo objetivo é aprimorar sua preparação para o próximo concurso da AGU:
Procurador Federal!

Trata-se de uma nova fase do GEAGU, onde buscamos aprimorar este produto tão utilizado
para a prepação dos alunos que tem o sonho de serem aprovados em concursos públicos.

A EBEJI é pioneira no sistema de estudo através de atas e, visando sempre a aperfeiçoar e


inovar apresenta o Novo GEAGU, reunindo a mais ampla estratégia de estudo específico,
sempre com foco primordial na preparação integral dos alunos.

Trata-se de material de estudo cuidadosamente preparado por experientes mediadores,


trazendo a explicação detalhada da questão, possibilitando que a cada semana os nossos
alunos tenham acesso a uma grande quantidade de informação direcionada e focada para o
concurso de Procurador Federal.

Indubitavelmente, o GEAGU tem como objetivo contribuir para a construção do conhecimento


e auxiliar os alunos a atingirem o sonho da aprovação.

Sejam muito bem vindos!

EQUIPE EBEJI
“QUANTO MAIS EU TREINO, MAIS SORTE EU TENHO.”
Arnold Palmer

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GRUPO I

DIREITO ADMINISTRATIVO

Questão 01
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

Não obstante a estabilidade que possui o servidor público titular cargo público de
provimento efetivo, este agente estatal pode ser demitido do serviço público federal
caso a despesa da União com pessoal ativo ultrapasse o limite máximo de 60% da
receita corrente líquida.

GABARITO: E

JUSTIFICATIVA:

A assertiva está INCORRETA, uma vez que não representa com exatidão o limite máximo de gasto que a
União pode ter com pessoal, previsto na Lei Complementar nº 101/2000. Além disso, confunde os conceitos
jurídicos de demissão e exoneração.

Antes de passar efetivamente para a resposta, é importante trazer informações jurídicas relevantes sobre o
tema da perda de cargo público por servidores públicos.

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A estabilidade no serviço público é uma prerrogativa constitucional atribuída aos servidores públicos, que
detenham cargo de provimento efetivo (pressupõe-se, portanto, a aprovação em concurso público), de
permanência no serviço público, após o preenchimento dos requisitos constitucionais e legais necessários.

A Constituição prevê o seguinte para estabilidade:

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público.

Além do requisito temporal, há a previsão de avaliações periódicas do servidor público visando observar os
seguintes fatores, previstos no artigo 20 da Lei 8.112/90:

I - assiduidade;

II - disciplina;

III - capacidade de iniciativa;

IV - produtividade;

V- responsabilidade.

Uma vez adquirida a estabilidade os servidores estáveis só podem perder o cargo, nas hipóteses de lei e da
forma que a Constituição Federal estabeleceu.

OBSERVAÇÃO:

Os artigos 20 e 21 da Lei 8.112/90 tratam, respectivamente, do estágio probatório e da estabilidade,


fixando o prazo de 2 anos ou 24 meses para que o servidor se torne estável no serviço público.
Acontece que a partir da EC nº 19/98 o prazo de exercício para aquisição da estabilidade foi ampliado
para 03 anos, além de instituir a necessidade de aprovação em avaliação especial de desempenho.
Desta forma, no que toca ao prazo, a Lei 8.112/90 está incompatível com o texto da Constituição,
prevalecendo esta ante a não recepção da legislação ordinária.

Importante diferenciar a ESTABILIDADE da EFETIVIDADE, sendo esta um atributo do cargo público,


definido por lei, no momento de sua criação, sendo requisito indispensável para aquisição de estabilidade.
Desse modo, nem todo servidor público, ainda que estatutário, está apto a adquirir a estabilidade.

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Não obstante a garantia constitucional da estabilidade, a própria Constituição da República traz em


seu texto situações nas quais o servidor público estável poderá perder o cargo. Segue o artigo 41 do texto
constitucional:

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público.

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;

II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;

III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei


complementar, assegurada ampla defesa

Além da previsão no artigo 41, a Constituição traz outra situação na qual o servidor público estável
poderá perder o cargo. Essa situação consta do §4º do artigo 169 e está ligada ao orçamento estatal.
Vejamos como a Constituição tratou este ponto:

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

(...)

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado
na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
adotarão as seguintes providências:

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança;

II - exoneração dos servidores não estáveis.

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o
servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos

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Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução


de pessoal.

Assim, em situação na qual a União não consiga atingir os limites legais previstos na legislação
federal aplicável – no caso, a Lei de Responsabilidade Fiscal – os servidores públicos estáveis poderão
perder o cargo público que titularizam.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000) traz os seguintes limites para o gasto com pessoal,
in verbis:

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com
pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os
percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:

I - União: 50% (cinqüenta por cento);

II - Estados: 60% (sessenta por cento);

III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

Desta forma, caso a União ultrapasse o limite de 50% da sua receita líquida para custear despesa
com pessoal, deverão ser adotadas medidas com o objetivo de reduzir esse comprometimento orçamentário.

Como já visto acima, o §3º do artigo 169 traz o rol de providências que devem ser adotas para a
redução do gasto com pessoal, quais sejam:

- redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança

- exoneração dos servidores não estáveis

Se, mesmo com a adoção das providências supra descritas, a despesa da União com pessoal não
retornar ao limite definido na LRF, a Constituição permite uma medida drástica, qual seja, a exoneração de
servidor público estável (art. 169, §4º da CF), desde que atendidos os demais requisitos previstos no próprio
texto constitucional.

O segundo erro da questão está exatamente trocar os conceitos de EXONERAÇÃO e DEMISSÃO.

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ATENÇÃO: LEI 9.801/1999 – NORMAS GERAIS PARA A PERDA DO CARGO PÚBLICO POR EXCESSO
DE DESPESA

A Lei 9.801/1999, ao regulamentar o art. 169, §4º da CRFB traz os critérios que serão adotados para a perda
de cargo público por excesso de despesa.

Primeiramente, a legislação exige a adoção de critérios impessoais para a identificação dos servidores
estáveis que serão desligados dos cargos públicos que ocupam. A própria já determina qual será o critério
geral para a identificação impessoal. Vejamos:

Art. 1o Esta Lei regula a exoneração de servidor público estável com fundamento no § 4o e seguintes do art.
169 da Constituição Federal.

Art. 2º A exoneração a que alude o art. 1o será precedida de ato normativo motivado dos Chefes de cada um
dos Poderes da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

(...)

§ 2º O critério geral para identificação impessoal a que se refere o inciso III do § 1º será escolhido
entre:

I - menor tempo de serviço público;

II - maior remuneração;

III - menor idade.

§ 3º O critério geral eleito poderá ser combinado com o critério complementar do menor número de
dependentes para fins de formação de uma listagem de classificação.

Importante, ainda, diferenciar demissão de exoneração.

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A demissão é o ato administrativo que determina a quebra do vínculo entre o Poder Público e o agente, tendo
caráter de penalidade, quando do cometimento de falta funcional pelo servidor. A Lei 8.112/90 tem um rol
exaustivo de situações que autorizam a Administração Pública impor a pena de demissão ao servidor público
(art. 132).

Por sua vez, a exoneração se revela como ato administrativo, que determina, do mesmo modo a quebra do
vínculo entre o Poder Público e o agente, mas sem o caráter punitivo, podendo se dar por iniciativa do Poder
Público ou do agente, que também é apto a pedir a sua exoneração.

No caso em tela, com base nos conceitos doutrinários trazidos acima, bem como pelo previsto na Lei
9.801/99 (arts. 1º e 2º) o servidor deverá ser EXONERADO e não demitido, estando a questão errada
também neste ponto.

Item do edital: 54

Questão 02
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

De acordo com a jurisprudência atual do Superior Tribunal de Justiça, configura ato de


improbidade administrativa por parte de Delegado de Polícia submeter custodiado a prática de
tortura para obtenção de informações referentes à prática de crime.

GABARITO: C
JUSTIFICATIVA:

A Improbidade Administrativa é um dos maiores males que assolam a máquina administrava do Estado
Brasileiro e um dos aspectos negativos da má administração que exigem a implementação de um controle
social mais rigoroso e eficaz.

O vocábulo improbidade, etimologicamente, deriva do latim improbitas, que significa má qualidade, malícia,
sendo empregado para designar a conduta administrativa corrupta, desonesta. Em termos gerais, qualifica

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toda e qualquer conduta omissiva ou comissiva, que promova o desvirtuamento da Administração Pública de
seus fundamentos básicos de moralidade, afrontando os princípios da ordem jurídica do Estado de direito, e
principalmente, que seja atentatória ao patrimônio público e ao bem-estar da sociedade.

O conceito de improbidade é bem mais amplo do que a definição em si de ato lesivo ou ilegal. É o oposto de
probidade, que significa qualidade de probo, integridade de caráter, honradez. Assim, a improbidade é o
mesmo que desonestidade, mau caráter, ausência de probidade.

Como analisado no capítulo anterior, constitui-se uma tarefa árdua estabelecer a diferença entre moralidade e
probidade administrativas. Porém, cumpre asseverar que ambas estão interligadas com a idéia de
honestidade dos propósitos da Administração Pública não bastando à existência de uma legalidade formal,
pois o agente público deve observar os ditames éticos da boa-fé que norteiam a conduta e o disciplinamento
interno da Administração Pública.

Ressalte-se que, apenas com o advento da Constituição de 1988 é que a moralidade administrativa foi
inserida como princípio constitucional da Administração Pública no artigo 37, caput, ou, como um reflexo da
preocupação com a ética e a impunidade reinantes no setor público. A referida norma só se refere à
improbidade administrativa apenas quando faz menção às hipóteses de desrespeito ao princípio da
moralidade, como ocorre no artigo 37, § 4º, e, ainda, o artigo 15, V, da Carta Magna, repete o mesmo gesto,
ao mencionar a improbidade entre os crimes de responsabilidade do Presidente da República que tem como
sanção, a perda ou a suspensão dos direitos políticos.

No direito positivo atual a improbidade administrativa é tratada pela Lei 8.429/92 que assim dispõe:

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou


não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa
incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio
ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de


improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção,
benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de

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cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a


sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

Os atos de improbidade administrativa estão expressamente previstos, em rol exemplificativo, nos artigos 9,
10, 10-A e 11 da Lei 8.429/92, sendo o conhecimento dos mesmos relevantes para as provas que cobrem o
tema em direito administrativo.

Referente aos atos de tortura, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que, tal prática configura improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da Administração. No caso, foi analisada a prática de tortura
contra um custodiado em delegacia de polícia, por agentes estatais, quando do exercício de suas atribuições.
Vejamos como a 1ª Seção do STJ decidiu o caso:

Primeira Seção

DIREITO ADMINISTRATIVO. CARACTERIZAÇÃO DE TORTURA COMO ATO DE IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA.

A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública. O legislador estabeleceu
premissa que deve orientar o agente público em toda a sua atividade, a saber: “Art. 4° Os agentes públicos
de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos”. Em
reforço, o art. 11, I, da mesma lei, reitera que configura improbidade a violação a quaisquer princípios da
administração, bem como a deslealdade às instituições, notadamente a prática de ato visando a fim
proibido em lei ou regulamento. Tais disposições evidenciam que o legislador teve preocupação redobrada
em estabelecer que a grave desobediência – por parte de agentes públicos – ao sistema normativo em
vigor pode significar ato de improbidade. Com base nessas premissas, a Segunda Turma já teve
oportunidade de decidir que “A Lei 8.429/1992 objetiva coibir, punir e afastar da atividade pública todos os
agentes que demonstraram pouco apreço pelo princípio da juridicidade, denotando uma degeneração de
caráter incompatível com a natureza da atividade desenvolvida” (REsp 1.297.021-PR, DJe 20/11/2013). É
certo que o STJ, em alguns momentos, mitiga a rigidez da interpretação literal dos dispositivos acima, porque
“não se pode confundir improbidade com simples ilegalidade. A improbidade é ilegalidade tipificada e
qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente. Por isso mesmo, a jurisprudência do STJ
considera indispensável, para a caracterização de improbidade, que a conduta do agente seja dolosa,
para a tipificação das condutas descritas nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/92, ou pelo menos eivada de
culpa grave, nas do artigo 10” (AIA 30-AM, Corte Especial, DJe 28/9/2011). A referida mitigação, entretanto,

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ocorre apenas naqueles casos sem gravidade, sem densidade jurídica relevante e sem demonstração do
elemento subjetivo. De qualquer maneira, a detida análise da Lei n. 8.429/1992 demonstra que o legislador,
ao dispor sobre o assunto, não determinou expressamente quais seriam as vítimas mediatas ou imediatas da
atividade desonesta para fins de configuração do ato como ímprobo. Impôs, sim, que o agente público
respeite o sistema jurídico em vigor e o bem comum, que é o fim último da Administração Pública. Essa
ausência de menção explícita certamente decorre da compreensão de que o ato ímprobo é, muitas vezes, um
fenômeno pluriofensivo, ou seja, ele pode atingir bens jurídicos diversos. Ocorre que o ato que apenas atingir
bem privado e individual jamais terá a qualificação de ímprobo, nos termos do ordenamento em vigor. O
mesmo não ocorre, entretanto, com o ato que atingir bem/interesse privado e público ao mesmo tempo. Aqui,
sim, haverá potencial ocorrência de ato de improbidade. Por isso, o primordial é verificar se, dentre todos os
bens atingidos pela postura do agente, existe algum que seja vinculado ao interesse e ao bem público. Se
assim for, como consequência imediata, a Administração Pública será vulnerada de forma concomitante. No
caso em análise, trata-se de discussão sobre séria arbitrariedade praticada por policial, que, em tese, pode
ter significado gravíssimo atentado contra direitos humanos. Com efeito, o respeito aos direitos fundamentais,
para além de mera acepção individual, é fundamento da nossa República, conforme o art. 1º, III, da CF, e é
objeto de preocupação permanente da Administração Pública, de maneira geral. De tão importante, a
prevalência dos direitos humanos, na forma em que disposta no inciso II do art. 4º da CF, é vetor de regência
da República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais. Não por outra razão, inúmeros são os
tratados e convenções assinados pelo nosso Estado a respeito do tema. Dentre vários, lembra-se a
Convenção Americana de Direito Humanos (promulgada pelo Decreto n. 678/1992), que já no seu art. 1º,
dispõe explicitamente que os Estados signatários são obrigados a respeitar as liberdades públicas. E, de
forma mais eloquente, os arts. 5º e 7º da referida convenção reforçam as suas disposições introdutórias ao
prever, respectivamente, o “Direito à integridade pessoal” e o “Direito à liberdade pessoal”. A essas previsões,
é oportuno ressaltar que o art. 144 da CF é taxativo sobre as atribuições gerais das forças de segurança
na missão de proteger os direitos e garantias acima citados. Além do mais, é injustificável pretender
que os atos mais gravosos à dignidade da pessoa humana e aos direitos humanos, entre os quais a
tortura, praticados por servidores públicos, mormente policiais armados, sejam punidos apenas no
âmbito disciplinar, civil e penal, afastando-se a aplicação da Lei da Improbidade Administrativa. Essas
práticas ofendem diretamente a Administração Pública, porque o Estado brasileiro tem a obrigação de
garantir a integridade física, psíquica e moral de todos, sob pena de inúmeros reflexos jurídicos,
inclusive na ordem internacional. Pondere-se que o agente público incumbido da missão de garantir o
respeito à ordem pública, como é o caso do policial, ao descumprir com suas obrigações legais e
constitucionais de forma frontal, mais que atentar apenas contra um indivíduo, atinge toda a
coletividade e a própria corporação a que pertence de forma imediata. Ademais, pertinente reforçar que

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o legislador, ao prever que constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios
da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de lealdade às instituições,
findou por tornar de interesse público, e da própria Administração em si, a proteção da imagem e das
atribuições dos entes/entidades públicas. Disso resulta que qualquer atividade atentatória a esse bem por
parte de agentes públicos tem a potencialidade de ser considerada como improbidade administrativa. Afora
isso, a tortura perpetrada por policiais contra presos mantidos sob a sua custódia tem outro reflexo jurídico
imediato. Ao agir de tal forma, o agente público cria, de maneira praticamente automática, obrigação ao
Estado, que é o dever de indenizar, nos termos do art. 37, § 6º, da CF. Na hipótese em análise, o ato ímprobo
caracteriza-se quando se constata que a vítima foi torturada em instalação pública, ou melhor, em delegacia
de polícia. Por fim, violência policial arbitrária não é ato apenas contra o particular-vítima, mas sim contra a
própria Administração Pública, ferindo suas bases de legitimidade e respeitabilidade. Tanto é assim que
essas condutas são tipificadas, entre outros estatutos, no art. 322 do CP, que integra o Capítulo I (“Dos
Crimes Praticados por Funcionário Público contra a Administração Pública”), que por sua vez está inserido no
Título XI (“Dos Crimes contra a Administração Pública”), e também nos arts. 3º e 4º da Lei n. 4.898/1965, que
trata do abuso de autoridade. Em síntese, atentado à vida e à liberdade individual de particulares, praticado
por agentes públicos armados – incluindo tortura, prisão ilegal e “justiciamento” –, afora repercussões nas
esferas penal, civil e disciplinar, pode configurar improbidade administrativa, porque, além de atingir a
pessoa-vítima, alcança, simultaneamente, interesses caros à Administração em geral, às instituições de
segurança pública em especial, e ao próprio Estado Democrático de Direito. Precedente citado: REsp
1.081.743-MG, Segunda Turma, julgado em 24/3/2015.

REsp 1.177.910-SE, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015, DJe 17/2/2016 (Informativo
n. 577)

Item do edital: 58

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Questão 03
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

Questão 04
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

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Questão 05
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

Questão 06
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

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GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

DIREITO CONSTITUCIONAL

Questão 07
(Formulada porGabriel Lima, Advogado da União)

Não existe nenhuma consequência prevista na Constituição Federal de 1988 caso uma
Autoridade Pública Federal, ao tomar conhecimento de alguma irregularidade, não dê
ciência ao Tribunal de Contas da União.

GABARITO:E

JUSTIFICATIVA:

O Tribunal de Contas da União exerce a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e administração indireta quanto à legalidade, à
legitimidade e à economicidade e a aplicação das subvenções e da renúncia de receitas. É importante frisar
que a atividade de fiscalização pertence ao Poder Legislativo, sendo o TCU seu auxiliar no exercício dessa
atribuição, conforme indica o artigo 71 da Constituição Federal de 1988.

Suas atribuições estão dispostas expressamente no artigo 71 da Constituição Federal de 1988, o qual
é obrigatória a leitura e a correta compreensão para acertar as questões sobre a temática.

Vamos revisar alguns tópicos importantes desse tema:

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Quem está obrigado a prestação de contas ao TCU?

Toda pessoa física ou jurídica, seja de direito público ou de direito privado, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome
desta, assuma obrigação de natureza pecuniária. Ou seja, tem uma abrangência bastante ampla, sendo que
qualquer pessoa que administre, gerencie ou receba recursos públicos tem o dever de prestar contas ao
TCU.

Composição do TCU:

O Tribunal é integrado por nove ministros, que devem atender aos seguintes requisitos para serem
nomeados:

- Mais de 35 anos e menos de 65 anos.

- Idoneidade moral e reputação ilibada.

- Notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública.

- Mais de 10 anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os


conhecimentos mencionados no item anterior.

Quanto a sua escolha a CF disciplina que:

- Um terço dos ministros será escolhido pelo Presidente da República, com aprovação do Senado
Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal,
dentre os três nomes escolhidos pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento.

- Os outros dois terços serão escolhidos pelo Congresso Nacional e nomeados pelo Presidente.

As decisões do TCU fazem coisa julgada?

Segundo entendimento majoritário, as decisões do TCU não produzem coisa julgada. Essa
característica de produzir coisa julgada é uma característica inerente da jurisdição, atributo exclusivo do
Poder Judiciário. O TCU não exerce jurisdição, portanto suas decisões não tem o condão de se tornarem
imutáveis. Dessa forma, as decisões do TCU podem ser rediscutidas no âmbito do Poder Judiciário, tendo
este o atributo da jurisdição.

O que acontece quando os responsáveis pelo controle interno não comunicam as irregularidades ao TCU?

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Eles se tornam responsáveis solidários conforme preconiza o art. 74, § 1º da CF/88. Importante salientar que
na responsabilidade solidária qualquer dos responsáveis podem ser chamados para adimplir a dívida sem
nenhuma espécie de preferência, ao passo que na responsabilidade subsidiária o devedor só responde caso
esgotem todos os meios de execução contra o devedor principal.

Já foi cobrado assim na prova da PGF em 2013:

(CESPE- PGF/2013) Uma autoridade pública federal responsável pelo sistema de controle interno que, após
tomar conhecimento de uma irregularidade ou ilegalidade praticada no âmbito do órgão em que atue, dela
não der ciência ao TCU estará sujeita a ser solidariamente responsabilizada pelo ato irregular ou ilegal.

Portanto é um tema recorrente em provas e que vale a pena uma boa revisão, especialmente a literalidade
da CF/88 sobre a temática.

Tópico do Edital PGF/2013: Direito Constitucional: 59 Papel do Tribunal de Contas da União (TCU)

Questão 08
(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

Assertiva: São bens da união os potenciais de energia hidráulica.

GABARITO: C

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JUSTIFICATIVA:
Tema recorrente em concursos públicos é sobre os bens públicos, especialmente sobre os bens da união.
Não são questões com alto nível de dificuldade, mas exigem o conhecimento da literalidade do artigo 20 da
Constituição Federal de 1988 e atenção do candidato, pois muitas vezes o examinador vai tentar confundir os
candidatos.

A resposta é a literalidade do art. 20, inciso VIII da CF/88. Chamo a atenção como o examinador pode
tentar lhe confundir na hora de sua prova: não é a energia hidrelétrica e nem os rios nos quais se situam as
usinas que são bens da União, mas sim o “potencial de energia hidráulica”, que pode ser explorado ou não.
Vamos ver o dispositivo constitucional mencionado:

“Art. 20. São bens da União:

(...)

VIII - os potenciais de energia hidráulica;”

Atente-se que quando explorado pela União esse potencial para fins de geração de energia elétrica, é
assegurado nos termos da lei uma participação financeira aos Estados, Distrito Federal e aos Municípios
decorrente da exploração desses recursos, conforme art. 20, § 1º da CF/88:

“§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos
da administração direta da União, da participação no resultado exploração de petróleo ou gás natural, de
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por
essa exploração.”

Importante mencionar outro dispositivo de nossa Constituição no mesmo sentido:

“Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica
constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à
União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.”

Então está claro que os potenciais de energia hidráulica pertencem à União e que a sua propriedade é
distinta da do solo. Importante essa compreensão voltada aos certames vindouros.

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Para concluir os potenciais de energia hidráulica são enquadrados como bens dominicais, conforme
jurisprudência pacificada do Supremo Tribunal Federal:

O sistema de direito constitucional positivo vigente no Brasil – fiel à tradição republicana iniciada com a
Constituição de 1934 instituiu verdadeira separação jurídica entre a propriedade do solo e a propriedade
mineral (que incide sobre as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais existentes no imóvel) e
atribuiu, à União Federal, a titularidade da propriedade mineral, para o específico efeito de exploração
econômica e/ou de aproveitamento industrial. A propriedade mineral submete-se ao regime de dominialidade
pública. Os bens que a compõem qualificam-se como bens públicos dominiais, achando-se
constitucionalmente integrados ao patrimônio da União Federal.

[RE 140.254 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 5-12-1995, 1ª T, DJ de 6-6-1997.]

Tópico no Edital PGF/2013: Direito Constitucional: 28 Estado federal

Questão 09
(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

O Poder Constituinte originário se esgota com o término da elaboração do texto


constitucional.

GABARITO: E
JUSTIFICATIVA:
:

Tema de extrema relevância no Direito Constitucional é Poder Constituinte. Podemos dividi-los em 2


espécies: o Poder Constituinte Originário e o Poder Constituinte Derivado. O Poder Constituinte Originário é

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aquele capaz de inaugurar uma nova ordem constitucional. Ele é inicial, autônomo e incondicionado. Inicial,
por não existir nenhum outro antes ou acima dele; autônomo, por caber apenas ao seu titular a escolha do
conteúdo a ser consagrado na Constituição; e incondicionado, por não estar submetido a nenhuma regra de
forma ou conteúdo. Na perspectiva jusnaturalista, defendida pelo Abade Sieyés ele ainda tem as seguintes
características: permanente por não se exaurir com a conclusão de sua obra; e inalienável, devido à
impossibilidade de transferência, pela nação desta titularidade.

Para a corrente jusnaturalista, o Poder Constituinte Originário estaria subordinado aos princípios do
direito natural. Para Manoel Gonçalves Filho, a liberdade para estabelecer as instituições pelas quais a
sociedade há de ser governada decorre do direito natural e que, sendo assim, “o poder que organiza o
Estado, estabelecendo a Constituição, é um poder de direito.

Já para a concepção positivista, por inexistente outro direito além daquele posto pelo Estado, o Poder
Constituinte é anterior e se encontra acima de toda e qualquer norma jurídica, devendo ser considerado um
poder político (extrajurídico ou de fato) resultante da força social responsável por sua criação.

Então o Poder Constituinte Originário não se esgota com o término da elaboração do texto
constitucional, ele permanece intacto, porém adormecido até a ruptura daquela ordem constitucional.

Já o Poder Constituinte Derivado é um poder limitado e condicionado pela Ordem Constitucional


vigente. É o poder de alterar a constituição vigente (Poder Reformador) e se limita pelas normas e princípios
estabelecidos na ordem constitucional vigente. Também há o chamado Poder Constituinte Decorrente que é o
poder que os Estados possuem de elaborarem suas próprias constituições. No nosso ordenamento jurídico,
as limitações ao Poder Constituinte Reformador se encontram no art. 60, § 4º da CF/88. Apenas um lembrete
importante: no ordenamento jurídico brasileiro inexiste a limitação temporal do Poder de Reforma, ao
contrário de alguns países cujas constituições determinam que ela só poderá ser emendada após o
transcurso de um determinado período de tempo.

Tópico do Edital PGF/2013: Direito Constitucional: 7 Poder constituint

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Questão 10
(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

Questão 11
(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

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DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO


Questão 12
(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

Não ofende a Constituição da República e as regras que regem o processo orçamentário


nacional a edição de medida provisória, com objetivo de abertura de crédito
extraordinário, para a compra de 150 novos computadores para determinado órgão
público recém-criado.

GABARITO: E
JUSTIFICATIVA:
A questão aborda o conhecimento referente aos chamados créditos adicionais. A programação
orçamentária do Estado tem início no ano anterior ao que a despesa pública ocorrerá e se tem a expectativa
da realização da receita pública.

Conforme consigna Agustinho Pauldo (in Orçamento Público, AFO e LRF), as Unidades Administrativas
enviam suas informações (sua proposta orçamentária) de forma organizada às Unidades Orçamentárias no
mês de abril-maio; as Unidades Orçamentárias enviam aos Órgãos Setoriais entre maio-julho; a consolidação
das setoriais para envio à Secretaria de Orçamento Federal (SOF) ocorre no início de agosto, e a SOF tem de
concluir os trabalhos a tempo de enviar o projeto de lei ao Poder Legislativo até 31 de agosto. Aprovado
pelo Congresso Nacional, sua vigência contempla o período compreendido de 1º de janeiro a 31 de dezembro
do ano seguinte.

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Atenção: os prazos máximos para envio das leis orçamentárias para o Poder Legislativo e a devolução para
a sanção do Chefe do Poder Executivo estão previstos no artigo 35, §2º do ADCT (visto que até o presente
momento inexiste a Lei Complementar prevista no artigo 165, §9º, I e II da CF):

§ 2º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão
obedecidas as seguintes normas:

I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro
do mandato presidencial subseqüente, será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o
encerramento da sessão legislativa;

II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e


meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o
encerramento do primeiro período da sessão legislativa;

III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes
do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento
da sessão legislativa.

Tendo em vista o longo prazo necessário para a elaboração do orçamento, prevendo as despesas e
estimando as receitas, é complexa a atividade do gestor público de realizar, com precisão a definição de onde
será necessário gastar mais ou menos recursos orçamentários.

Desta forma, a Lei 4.320/1964 permite que sejam abertas novas dotações orçamentárias para ajustar o
orçamento com o objetivo de atingir os fins previstos na legislação. O artigo 40 da Lei 4.320/1964 prevê tais
créditos:

Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou


insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.

Da leitura dos dispositivos supra transcrito os CRÉDITOS ADICIONAIS representam autorizações de despesa
que não estavam computadas no orçamento ou que estavam computadas de forma insuficiente.

Esses créditos adicionais se dividem em 03, na forma do artigo 41, também da Lei 4.320/1964:

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Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:

I - suplementares, os destinados a refôrço de dotação orçamentária;

II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação


orçamentária específica;

III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso


de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.

Ou seja, de acordo com a sua finalidade os créditos adicionais podem ser:

- SUPLEMENTARES: Esses créditos possuem relação direta com o orçamento, já que suplementam
dotações existentes na lei orçamentária anual. Portanto, a abertura de créditos suplementares significa
existência de um programa de trabalho ou um projeto (despesa) estabelecido na LOA, porém, quando de sua
execução verificou-se que tal crédito não foi suficiente.

- ESPECIAIS: Visam a atender despesas novas, não previstas na lei orçamentária anual, mas que surgiram
durante a execução do orçamento. Essa situação pode ocorrer em função de erros de planejamento (não
inclusão da despesa na LOA) ou de novas despesas surgidas durante a execução orçamentária

- EXTRAORDINÁRIOS: destinam-se a atender somente despesas imprevisíveis e urgentes, como as


decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública (art. 167, § 3º da CF e art. 41, inciso III, da Lei
nº 4.320/64).

Para a resposta da assertiva é necessário conhecer o CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO, especificamente a sua


destinação e a possibilidade de sua abertura através de medida provisória.

Como já visto, esta modalidade de crédito adicional tem como destinação fazer frente a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública. A
Constituição Federal é muito clara neste ponto ao dizer o seguinte:

Art. 167.

(...)

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§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a


despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção
interna ou calamidade pública, observado o disposto no art. 62.

O Supremo Tribunal Federal tem jurisprudência antiga, porém ainda aplicável, referente a análise dos
requisitos da imprevisibilidade e urgência para a abertura de crédito extraordinário, onde fica bem consolidada
a necessidade da presença desses requisitos para a abertura desta modalidade de crédito. Vejamos:

Limites constitucionais à atividade legislativa excepcional do Poder Executivo na


edição de medidas provisórias para abertura de crédito extraordinário. Interpretação
do art. 167, § 3º c/c o art. 62, § 1º, inciso I, alínea d, da Constituição. Além dos
requisitos de relevância e urgência (art. 62), a Constituição exige que a abertura
do crédito extraordinário seja feita apenas para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes. Ao contrário do que ocorre em relação aos requisitos
de relevância e urgência (art. 62), que se submetem a uma ampla margem de
discricionariedade por parte do Presidente da República, os requisitos de
imprevisibilidade e urgência (art. 167, § 3º) recebem densificação normativa da
Constituição. Os conteúdos semânticos das expressões "guerra", "comoção interna"
e "calamidade pública" constituem vetores para a interpretação/aplicação do art. 167,
§ 3º c/c o art. 62, § 1º, I, alínea d, da Constituição. "Guerra", "comoção interna" e
"calamidade pública" são conceitos que representam realidades ou situações fáticas
de extrema gravidade e de consequências imprevisíveis para a ordem pública e a paz
social, e que dessa forma requerem, com a devida urgência, a adoção de medidas
singulares e extraordinárias. A leitura atenta e a análise interpretativa do texto e da
exposição de motivos da MP 405/2007 demonstram que os créditos abertos são
destinados a prover despesas correntes, que não estão qualificadas pela
imprevisibilidade ou pela urgência. A edição da MP 405/2007 configurou um patente
desvirtuamento dos parâmetros constitucionais que permitem a edição de medidas
provisórias para a abertura de créditos extraordinários. [ADI 4.048 MC, rel.
min. Gilmar Mendes, j. 14-5-2008, P, DJE de 22-8-2008.] = ADI 4.049 MC, rel.
min. Ayres Britto, j. 5-11-2008, P, DJE de 8-5-2009

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Ademais, ss créditos extraordinários, como o próprio nome indica, pela urgência que os motiva não
necessitam de autorização legislativa prévia para a sua abertura.

Em nível federal os créditos extraordinários são abertos por medida provisória e submetidos imediatamente
ao Poder Legislativo (art. 167, § 3º, c/c art. 62 da CF).

Esse procedimento é inverso aos realizados para a abertura dos créditos suplementares e especiais. Isto é,
no caso de despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou
calamidade pública, o Presidente da República realiza a abertura de créditos extraordinários por meio de
Medida Provisória e a encaminha ao Legislativo. Enquanto ainda não apreciada pelo Congresso Nacional, o
governo poderá iniciar a realização dos gastos necessários.

Assim, os créditos extraordinários são a única modalidade de crédito adicional que pode ser aberto por
medida provisória.

A questão apresenta-se errada, pois a compra de computadores para um determinado órgão público não
representa o atendimento de despesa imprevisível e urgente, não se equivalendo a despesas
decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública. Assim, não é possível a abertura de crédito
extraordinário, tampouco o uso de Medida Provisória para tratar de tal matéria.

Item do edital: 06

Questão 13
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

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GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

Questão 14
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

Questão 15
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

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GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

DIREITO TRIBUTÁRIO
Questão 16
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

De acordo com o entendimento do STF, é inconstitucional a modificação do valor te taxa


decorrente do poder de polícia por meio de regulamento, independentemente de
autorizativo legal.

GABARITO: E
JUSTIFICATIVA:

Taxa é espécie tributária que pode ser exigida em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ou postos à
disposição do contribuinte. Não se confunde com preço público/tarifa, que estão sujeitas não ao regime
tributário, mas contratual, logo, é regida pelo direito privado e é facultativa (só paga se usar o serviço),
diversamente da taxa que é compulsória (paga, bastando o serviço estar à disposição) (Ricardo Alexandre).

A taxa é tributo contraprestacional, quer dizer, depende da efetiva fiscalização ou disponibilização do serviço
público para que seja cobrada. Entretanto, o STF tem se contentado com a existência de órgãos de
fiscalização na Administração para justificar sua cobrança, no que haveria uma presunção de que a
fiscalização ou o serviço foi disponibilizado:

“EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TAXA DE


LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO DE ESTABELECIMENTO. CONSTITUCIONALIDADE. BASE DE
CÁLCULO. PROPORCIONALIDADE COM O CUSTO DA ATIVIDADE ESTATAL DE FISCALIZAÇÃO.
PRECEDENTES. 1. Nos termos da jurisprudência da Corte, a taxa de renovação de licença de

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funcionamento é constitucional, desde que haja o efetivo exercício do poder de polícia, o qual é
demonstrado pela mera existência de órgão administrativo que possua estrutura e competência para a
realização da atividade de fiscalização. 2. A base de cálculo da taxa de fiscalização e funcionamento
fundada na área de fiscalização é constitucional, na medida em que traduz o custo da atividade estatal de
fiscalização. Quando a Constituição se refere às taxas, o faz no sentido de que o tributo não incida sobre a
prestação, mas em razão da prestação de serviço pelo Estado. A área ocupada pelo estabelecimento
comercial revela-se apta a refletir o custo aproximado da atividade estatal de fiscalização. 3. Agravo
regimental a que se nega provimento.”
(RE 856185 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 04/08/2015,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-190 DIVULG 23-09-2015 PUBLIC 24-09-2015)

Com relação à taxa de serviço, somente podem ser alvo a disponibilização de serviços divisíveis e
específicos. Serão específicos aqueles que podem ser destacados em unidades autônomas; Divisíveis, por
sua vez, corresponde à possibilidade de identificação do que cada usuário consumiu, contrapondo-se aos
serviços de caráter geral/universal, a exemplo da iluminação pública, cuja tributação não pode ser objeto
de taxa, mas de contribuição, segundo o STF – vide Súmula Vinculante 41 (por isso, inclusive, houve
modificação do texto constitucional).

Interessante também o conhecimento da SV 29: “É constitucional a adoção no cálculo do valor de taxa de um


ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra” (grifo nosso).

Direcionando nossa análise ao cerne da questão, o STF entendeu, em sede de repercussão geral (RE’s
838284/SC e 704292/PR – informativo 844) que o modelo da tipicidade fechada (ou cerrada, ou legalidade
estrita, que, em apertada síntese, impede a definição pela via do regulamento de conceitos imprescindíveis
para a cobrança do tributo) estaria esgotado, em razão da complexidade da vida moderna e dos princípios
da praticidade no direito tributário e da eficiência da Administração Pública, que autorizam ao
legislador tributário a adoção de cláusulas gerais. Assim, as taxas cobradas em razão do exercício do
poder de polícia podem ter algum grau de indeterminação, deixando-se para a via do regulamento
uma maior carga de cognição da realidade, sem ofensa ao art. 150, I, da CRFB/88.

CUIDADO!! NÃO está autorizada a delegação (transferência) de todos os critérios de fixação da taxa à
Administração, em absoluto. O regulamento não pode estar dissociado dos limites da lei (sujeitos
ativo, passivo, aspectos quantitativos – limites mínimo e máximo, ou seja, regra matriz de incidência),
sob pena de ofensa aos princípios da segurança jurídica e legalidade.

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Portanto, de acordo com a Suprema Corte, o valor da taxa decorrente do poder de polícia pode ser
definido por regulamento, que deve considerar o custo da atividade estatal, desde que respeitado o
teto do valor da taxa instituído por lei. Esta margem em que pode ser definido por regulamento está
inserido no que se denomina de “complementariedade”.

Ponto 2 do edital.

Questão 17
(Formulada por Bruno Rosa, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

Questão 18
(Formulada por Bruno Rosa, Advogado da União)

GABARITO:

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JUSTIFICATIVA:

Questão 19
(Formulada por Bruno Rosa, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

LEGISLAÇÃO SOBRE ENSINO

Questão 20
(Formulada por Daniela Carvalho, Procuradora Federal)

De acordo com o STF, a intervenção estatal no mercado deveria ser minimalista e que a
obrigação principal, em se tratando de educação, é do Estado. Asseverava ser
constitucional a interpretação dos artigos da lei que obrigam a aceitação de pessoas
portadoras de deficiência, no que encerram planejamento quanto à iniciativa privada,
sendo inconstitucional a interpretação que leve a ter-se como obrigatórias as múltiplas
providências determinadas pela lei.

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GABARITO: E

JUSTIFICATIVA:

A questão está incorreta, e representa trecho do voto vencido, do Ministro Marco Aurélio, na ADI 5357,
noticiada no Informativo 829 do STF.

Vamos entender melhor o que se passou nesse julgado para um melhor enfrentamento da questão?

a- Nomenclatura – Primeiramente, vamos questionar a nomenclatura utilizada na questão: alunos


portadores de deficiência, é um termo correto juridicamente?

Inicialmente, a palavra pessoa compreende, para os termos do Estatuto do Deficiente, exatamente o que
preconiza a Convenção Americana de Direitos humanos, em seu artigo 27 “para efeitos dos dispositivos
previstos nesta Convenção, pessoa é todo ser humano.”

Encerrando a questão da nomenclatura, sim, a utilizada na questão está correta. Pedimos aos alunos a
atenção de evitar utilizar a palavra “excepcional” ou “portador de necessidades especiais” em redação de
provas, pois, apesar de não estarem incorretas sob o ponto de vista da Língua Portuguesa, são
expressões criticadas pela Doutrina (Comentários ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, Editora
Saraiva, 2016). A expressão consagrada para se referir aos indivíduos de que cuida a Lei 13.146/2015 –
pessoa com deficiência – é a que deve ser preferencialmente utilizada.

b- A ADI –

O PARTIDO DA REEDIFICAÇÃO DA ORDEM NACIONAL – PRONA ingressou com a ADI 5357 com o
objetivo de declarar inconstitucionais o § 1º do art. 28 e do “caput” do art. 30, ambos da Lei 13.146/2015.
Os dispositivos impugnados tratam da obrigatoriedade das escolas privadas de oferecer atendimento
educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência. Invocou o autor a Livre iniciativa dos
estabelecimentos privados.

O espírito da Lei é a inclusão, e está em conformidade com a Convenção de Nova York e com as normas
da Constituição Federal. Resultado aplaudível dos Ministros da Suprema Corte, que julgaram a ADI
improcedente.

Vejamos a transcrição das partes dos julgados noticiadas em Informativo, que são bem elucidativas:

INFORMATIVO Nº 829

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TÍTULO
Direito à educação: ensino privado e acesso a pessoas com deficiência - 1
PROCESSO

ADI - 5357

ARTIGO

O Plenário, após converter em julgamento de mérito o exame de referendo de medida cautelar em ação
direta de inconstitucionalidade — ajuizada em face do § 1º do art. 28 e do “caput” do art. 30, ambos da Lei
13.146/2015 —, deliberou, por maioria, julgar o pleito improcedente. Os dispositivos impugnados tratam
da obrigatoriedade das escolas privadas de oferecer atendimento educacional adequado e inclusivo às
pessoas com deficiência. Reputou que a responsabilidade pela alteridade é um elemento
estruturante da Constituição. Nesse sentido, a atuação do Estado na inclusão das pessoas com
deficiência pressupõe a ideia de que essa ação tem via dupla, ou seja, traz benefícios a toda a
população. Em outras palavras, todos os cidadãos têm o direito ao acesso a uma democracia
plural, de pessoas, credos, ideologias e outros elementos. Especificamente, a Constituição prevê
em diversos dispositivos a proteção da pessoa com deficiência (artigos 7º, XXXI; 23, II; 24, XIV; 37,
VIII; 40, § 4º, I; 201, § 1º; 203, IV e V; 208, III; 227, § 1º, II, e § 2º; e 244). Ao se compreender
pluralidade e igualdade como duas faces da mesma moeda, entende-se que a igualdade não se
esgota com a previsão normativa de acesso igualitário a bens jurídicos, mas engloba também a
previsão normativa de medidas que possibilitem, de fato, esse acesso e sua efetivação concreta. A
respeito, fora promulgado o Decreto 6.949/2009 (Convenção Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência), que reconhece, em seu art. 24, o direito à educação como isento de
discriminação e determina que os Estados partes da Convenção assegurem sistema educacional
inclusivo em todos os níveis, de maneira que as pessoas com deficiência não poderão ser
excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência. Ou seja, à luz dessa
Convenção e, por consequência, da própria Constituição (art. 5º, § 3º), o ensino inclusivo em todos
os níveis é imperativo que se põe mediante regra explícita. Além disso, se é certo que se prevê
como dever do Estado facilitar às pessoas com deficiência sua plena e igual participação no
sistema de ensino e na vida em comunidade, bem como, de outro lado, a necessária
disponibilização do ensino primário gratuito e compulsório, é igualmente certo inexistir qualquer
limitação da educação das pessoas com deficiência somente a estabelecimentos públicos ou
privados que prestem o serviço público educacional. A Lei 13.146/2015 estabelece a obrigatoriedade
de as escolas privadas promoverem a inserção das pessoas com deficiência no ensino regular e prover
as medidas de adaptação necessárias sem que o ônus financeiro seja repassado às mensalidades,
anuidades e matrículas. ADI 5357 MC-Referendo/DF, rel. Min. Edson Fachin, 9.6.2016. (ADI-5357)

TÍTULO
Direito à educação: ensino privado e acesso a pessoas com deficiência - 2

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PROCESSO

ADI - 5357

ARTIGO

O Tribunal entendeu inferir-se que, por meio da lei impugnada, o Brasil atendera ao compromisso
constitucional e internacional de proteção e ampliação progressiva dos direitos das pessoas com
deficiência. Não obstante o serviço público de educação ser livre à iniciativa privada, isso não significa
que os agentes econômicos que o prestam possam fazê-lo ilimitadamente ou sem responsabilidade. É
necessária a sua autorização e avaliação de qualidade pelo Estado, bem como o cumprimento das
normas gerais de educação nacional. De igual modo, os estabelecimentos privados não podem eximir-se
dos deveres de estatura constitucional impostos ao sistema educacional do País. À escola não é dado
escolher, segregar, separar, mas é dever ensinar, incluir, conviver. A vivência cotidiana, o convívio com o
diferente, são valores educacionais em si mesmos, e têm riqueza própria, pois desenvolvem o
acolhimento, a tolerância e a ética. Portanto, o ensino inclusivo milita em favor da dialógica
implementação dos objetivos esquadrinhados pela Constituição. É somente com a efetivação desses
valores que pode haver a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, voltada para o bem de
todos. Assim, o ensino inclusivo é política pública estável. Se as instituições privadas de ensino exercem
atividade econômica, devem se adaptar para acolher as pessoas com deficiência, prestando serviços
educacionais que não enfoquem a deficiência apenas sob a perspectiva médica, mas também ambiental.
Ou seja, os espaços devem ser isentos de barreiras, as verdadeiras deficiências da sociedade. Esses
deveres devem se aplicar a todos os agentes econômicos, e entendimento diverso implica privilégio
odioso, porque oficializa a discriminação. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que julgava o pedido
parcialmente procedente. Considerava que a intervenção estatal no mercado deveria ser minimalista e
que a obrigação principal, em se tratando de educação, é do Estado. Asseverava ser constitucional a
interpretação dos artigos atacados no que encerram planejamento quanto à iniciativa privada, sendo
inconstitucional a interpretação que leve a ter-se como obrigatórias as múltiplas providências
determinadas pela lei. ADI 5357 MC-Referendo/DF, rel. Min. Edson Fachin, 9.6.2016. (ADI-5357).

ACÓRDÃO:

POR VOTAÇÃO UNÂNIME, O TRIBUNAL CONHECEU DA AÇÃO E, POR MAIORIA DE VOTOS,


JULGOU-A IMPROCEDENTE, DECLARANDO A CONSTITUCIONALIDADE DA EC Nº 02, DE 25.8.92,
VENCIDOS, IN TOTUM, OS MINS. MARCO AURÉLIO E CARLOS VELLOSO, QUE A JULGARAM
PROCEDENTE, DECLARANDO A INCONSTITUCIONALIDADE DA EMENDA E, VENCIDO, EM PARTE,
O MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE, QUE A JULGOU PROCEDENTE, DECLARANDO A
INCONSTITUCIONALIDADE, APENAS, DO CAPUT DO ART. ÚNICO E DE SEU § 1º. VOTOU O
PRESIDENTE. PLENÁRIO, 14.4.93.

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Ponto do edital: A questão aborda o ponto 1 de Legislação sobre Ensino do EDITAL Nº 4 – PGF, de 27
de agosto de 2013 (1 A educação na Constituição da República Federativa do Brasil.)

Questão 21
(Formulada por Daniela Carvalho, Procuradora Federal)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Questão 22
(Formulada por Bruno Rosa , Advogado da União)

A concessão de pensão por morte, auxílio-reclusão e salário-família independe de


qualidade de segurado.

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GABARITO: E
JUSTIFICATIVA:

A assertiva exigia o conhecimento do conceito de qualidade de segurado e, de outro lado, a identificação de


que se trata de instituto diferente da carência.

Pois bem, qualidade de segurado é o atributo que permite afirmar que determinado indivíduo está inserido no
Regime Geral de Previdência Social. Consoante o art. 10 da Lei n° 8.213/91, os beneficiários do RGPS
podem ser segurados (facultativos ou obrigatórios) e dependentes.

A categoria dos segurados obrigatórios, uma das mais exploradas em concursos públicos, é subdividida entre
as seguintes espécies: a) empregado; b) empregado doméstico; c) contribuinte individual; d) trabalhador
avulso; e) segurado especial (vide art. 12, muito importante sua leitura).

Terá, pois, essa qualidade o segurado enquanto permanecer enquadrado em uma das espécies
supracitadas, a exemplo do contribuinte individual, mediante o recolhimento mensal de contribuições.

A qualidade de segurado não se confunde com carência. Enquanto aquela é um atributo do beneficiário
segurado da Previdência (enquanto filiado e enquadrado em uma das classes previdenciárias – segurado ou
dependente), período de carência “é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o
beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas
competências.”.

A concessão de pensão por morte, salário família, auxílio reclusão e auxílio-acidente independe, na
verdade, do cumprimento de qualquer carência. A lógica da legislação é que são sinistros (infortúnios) que
refogem a uma previsibilidade pelos beneficiários, pelo que a concessão não poderia estar atrelada ao
preenchimento de uma certa quantidade de contribuições. Vide o art. 26, I, da Lei de Benefícios:

“Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:

I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente;

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II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de
doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for
acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e
da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação,
mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento
particularizado;

III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no inciso VII
do art. 11 desta Lei;

IV - serviço social;

V - reabilitação profissional.

VI – salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica.”

Por outro lado, é certo que a pensão por morte pode ser concedida à míngua da qualidade de segurado,
quando implementados os requisitos, em momento anterior ao óbito, à concessão de aposentadoria. Por
oportuno, o STJ pacificou essa orientação em recurso repetitivo (RESP n° 1110565/SE) e, após, no verbete
n° 416: “É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa
qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito.”

A aposentadoria, de igual modo, também pode ser concedida quando ausente a qualidade de segurado, em
respeito ao direito adquirido, ou seja, ao preenchimento dos requisitos necessários à concessão da espécie
pretendida:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR URBANO. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 142 DA LEI
N.º 8.213/91. CARÊNCIA. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. IRRELEVÂNCIA. PRECEDENTES.

1. Esta Corte Superior tem entendimento sedimentado no sentido da desnecessidade de implementação


simultânea dos requisitos legais para concessão da aposentadoria por idade, não havendo falar em óbice à
concessão, por perda da qualidade de segurado, se vertidas contribuições previdenciárias na forma
do art. 142 da Lei n.º 8.213/91.

2. Agravo regimental a que se nega provimento.

GEAGU 37
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Rodada – 2017

(AgRg no REsp 803.568/RS, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO
DO TJ/RS), SEXTA TURMA, julgado em 02/06/2011, DJe 20/06/2011) (grifo nosso).

Entretanto, a regra é a exigência da condição de segurado para a concessão de prestações previdenciárias,


conforme se extrai, com relação às espécies abordadas no enunciado, nos arts. 65, 74, 80, que fazem
menção ao termo “segurado”.

Assunto similar foi objeto de concursos de ingresso para o cargo de Advogado da União concursos de 2012 e
2010, questões 192 e 97, respectivamente), aplicados pelo CESPE:

“192 - A concessão de pensão por morte, auxílio-reclusão e salário-família independe de carência.”

“97 - Independe de carência a concessão de pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família, auxílio-
acidente, serviço social, reabilitação profissional e salário-maternidade para as seguradas empregada,
trabalhadora avulsa e contribuinte individual.”

Ponto 5 do edital.

Questão 23
(Formulada por Bruno Rosa , Advogado da União)

Em sendo constatado o recebimento, pelo segurado, de pensão por morte


previdenciária, impõe-se a improcedência do pedido de condenação do Estado ao
pagamento de pensão civil, pela incidência de danos materiais, ante a não cumulação
entre as espécies de prestação.

GABARITO:E
JUSTIFICATIVA:
A questão exige do candidato o conhecimento da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que, em
diversas oportunidades, negou seguimento a recursos da fazenda para consignar a possibilidade de

GEAGU 38
Grupo de Estudo para a Advocacia-Geral da União
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cumulação de pensão por morte e pensão civil ex delicto, haja vista que os fatos geradores das prestações
são distintos (um decorrente do direito previdenciário e outro do direito privado ou comum).

Portanto, as prestações são autônomas e a percepção de um não afasta o dever de o Estado indenizar
(responsabilidade extracontratual), nas hipóteses em que ocasionar, por ação (responsabilidade objetiva,
decorrente do art. 37, §6º, da CRFB – teoria do risco administrativo, via de regra) ou omissão
(responsabilidade, via de regra, subjetiva, embasada na culpa anônima – faute du service). Não vamos
explorar outros detalhes da responsabilidade civil do Estado por fugir ao escopo da questão, o que será
abordado em Direito Administrativo.

Observem como a questão é enfrentada pelo STJ:

“(...)

2. A jurisprudência desta Corte é consolidada no sentido de que o benefício previdenciário é diverso e


independente da indenização por danos materiais ou morais, porquanto, ambos têm origens distintas,
podendo haver a cumulação de pensões. Precedentes: REsp 823.137/MG, Relator Ministro Castro Filho,
Terceira Turma, DJ 30.6.2006; REsp 750.667/RJ, Relator Ministro Fernando Gonçalves; Quarta Turma, DJ
30.10.2005; REsp 575.839/ES, Relator Ministro Aldir Passarinho Junior, Quarta Turma, DJ 14/3/2005; REsp
133.527/RJ, Relator Ministro Barros Monteiro, Quarta Turma, DJ 24/2/2003; REsp 922.951/RS, Rel. Ministro
Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 10/2/2010.

3. Configurada a possibilidade de cumulação da pensão previdenciária e dos danos materiais e morais, o


valor da pensão deve ser fixado em 2/3 (dois terços) dos valores recebidos pela vítima, deduzindo que o
restante seria gasto com seu sustento próprio. Precedentes: REsp 922.951/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira
Turma, DJe 10/2/2010; AgRg no AgRg no REsp 1.292.983/AL, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma,
DJe 7/3/2012; AgRg no REsp 703.017/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, DJe 16/4/2013.

3. Agravo regimental não provido.

(AgRg no REsp 1296871/RO, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
27/06/2017, DJe 02/08/2017)

OBSERVAÇÃO:

Não confundam com a vedação do art. 124 da Lei n° 8.213/91, que assevera a impossibilidade de percepção
de mais de uma pensão:

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“Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios
da Previdência Social:

I - aposentadoria e auxílio-doença;

II - duas ou mais aposentadorias;

II - mais de uma aposentadoria;

III - aposentadoria e abono de permanência em serviço;

IV - salário-maternidade e auxílio-doença;

V - mais de um auxílio-acidente;

VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção pela mais
vantajosa.

Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício de


prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente.”

Por óbvio, a Lei 8.213/91 versa sobre óbices de cumulação entre prestações previdenciárias. No caso
abordado no enunciado, AS PENSÕES POSSUEM FATOS GERADORES DISTINTOS, não havendo falar em
óbice legal à cumulação.

Interessante colacionar que o STJ já firmou a impossibilidade de cumulação de pensão por morte de ex-
combatente com a pensão especial prevista no art. 53 do ADCT, por vislumbrar, na espécie, a incidência do
mesmo fato gerador:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CUMULAÇÃO DE PENSÃO POR


MORTE DE EX-COMBATENTE COM A PENSÃO ESPECIAL PREVISTA NO ART. 53 DO ADCT.
IMPOSSIBILIDADE DECORRENTE DA IDENTIDADE DE FATO GERADOR. AGRAVO REGIMENTAL DO
PARTICULAR DESPROVIDO.

1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça admite a cumulatividade da pensão especial de


ex-combatente com outro benefício de natureza previdenciária somente quando não tenham o mesmo
fato gerador.

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2. Assentado pela Corte de Origem que a autora já percebe pensão por morte do ex-combatente, deferida
nos moldes da Lei 1.756/52 por essa específica qualidade do instituidor, tal benefício não é acumulável com
a pensão especial de ex-combatente, prevista na Lei 8.059/90, posto guardarem os benefícios o mesmo fato
gerador.

3. Agravo Regimental do particular desprovido.

(AgRg nos EDcl no AREsp 150.410/RN, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 18/10/2016, DJe 26/10/2016)

Por derradeiro, chamamos a atenção dos alunos para duas novidades legislativas que envolveram a pensão
por morte previdenciária: 1ª seu termo inicial pode ser fixado na data do óbito quando até 90 dias deste
evento (esse prazo foi conferido pela Lei n° 13.183/15, que modificou o art. 74, I, que estipulava prazo menor,
de 30 dias), na data do requerimento, nas hipóteses em que requerido após o período indicado ou, ainda, da
decisão judicial que declarar a morte presumida;

2ª A mesma lei reformadora de 2015 instituiu, como regra, a temporariedade da pensão por morte. Por
exemplo, quando deferida a cônjuge ou companheiro, a vigência variará de acordo da idade do beneficiário
no momento do óbito e da existência de 2 anos de relacionamento e 18 contribuições vertidas antes do óbito.
Entretanto, o que devemos ficar atentos em concurso, mormente em primeira fase, é que NÃO FOI EXTINTA
A PENSÃO POR MORTE VITALÍCIA, que persiste quando o cônjuge/companheiro sobrevivente possuir 44
anos ou mais de idade, além dos outros requisitos já mencionados (art. 77, V, “c”, 6 da Lei n° 8.213/91).

Ponto 5 do edital.

Questão 24
(Formulada por Bruno Rosa , Advogado da União)

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GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

Questão 25
(Formulada por Bruno Rosa , Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

GRUPO II

GEAGU 42
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DIREITO AGRÁRIO

Questão 26
(Formulada por Daniela Carvalho, Procuradora Federal)

No que concerne à proteção da pequena propriedade rural, incumbe ao executado


comprovar que a área é qualificada como pequena, nos termos legais; e ao exequente
demonstrar que não há exploração familiar da terra

GABARITO: C

JUSTIFICATIVA:

A Banca Examinadora costuma cobrar as últimas atualizações jurisprudenciais em Direito Agrário. Por isso, é
importante que o aluno esteja sempre em dia com a leitura dos Informativos.

O cerne por detrás desta questão está em definir a quem pertence o ônus da prova em relação aos requisitos
da pequena propriedade rural, para fins de impenhorabilidade.
a- Dispositivos Legais: Constituição da República, art. 5°, XXVI, a Lei n. 8.009/90 e o ordenamento
processual pátrio e o CPC/2015, art. 833, VIII trataram da questão da pequena propriedade.

b- Conceito constitucional de pequena propriedade rural – assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento.

O ônus de provar que a propriedade é pequena é do devedor. Contudo, o STJ entende que o dever de

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prova de que a família não exerce agroeconomia familiar é do credor. O resumo noticiado no Informativo
596 é extremamente didático em relação a essa discussão, vejamos:

Destaque
No que concerne à proteção da pequena propriedade rural, incumbe ao executado comprovar que a área é
qualificada como pequena, nos termos legais; e ao exequente demonstrar que não há exploração familiar da
terra.
Informações do Inteiro Teor
A principal questão está em definir a quem pertence o ônus da prova em relação aos requisitos da pequena
propriedade rural, para fins de impenhorabilidade. Com relação à impenhorabilidade da pequena
propriedade rural, a proteção ganhou status Constitucional, tendo-se estabelecido, no capítulo voltado aos
direitos fundamentais, que a referida propriedade, "assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a
lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento" (art. 5°, XXVI). A Lei n. 8.009/90 e o ordenamento
processual pátrio (CPC/1973, art. 649, VIII; e CPC/2015, art. 833, VIII), também trataram da questão. Nessa
ordem de ideias, exige a norma constitucional e a infralegal dois requisitos para negar constrição à
pequena propriedade rural: i) que a área seja qualificada como pequena, nos termos legais; e ii) que
a propriedade seja trabalhada pela família. O STJ pacificou o entendimento, com relação ao ônus da
prova e ao bem de família, que "cabe ao devedor o ônus da prova do preenchimento dos requisitos
necessários, para enquadramento do imóvel penhorado na proteção concedida pela Lei n. 8.009/90 ao bem
de família, quando sua configuração não se acha, de pronto, plenamente caracterizada nos autos". Em
recente julgado da Quarta Turma, definiu-se que, para fins de proteção do bem de família previsto na Lei n.
8.009/90, basta o início de prova de que o imóvel é voltado para a família, sendo, depois disso, encargo do
credor eventual descaracterização. De fato, para fins de hermenêutica, sempre se deve ter em mente que a
impenhorabilidade do bem de família é irrenunciável, sendo princípio de ordem pública, com escopo de
proteção da entidade familiar, à luz do direito fundamental à moradia. A regra é a impenhorabilidade,
devendo suas exceções serem interpretadas restritivamente, haja vista que a norma é voltada para a
proteção da família e não do patrimônio do devedor. Partindo dessa premissa, assim como ocorre na
proteção do imóvel urbano, deve ser ônus do executado - agricultor - apenas a comprovação de que o seu
imóvel se enquadra nas dimensões da pequena propriedade rural. No entanto, no tocante à exigência da
prova de que a referida propriedade é trabalhada pela família, a melhor exegese parece ser a de conferir
uma presunção de que esta, enquadrando-se como diminuta, nos termos da lei, será explorada pelo ente
familiar, sendo decorrência natural do que normalmente se espera que aconteça no mundo real, inclusive,
das regras de experiência (NCPC, art. 375). Isto porque o próprio microssistema de direito agrário (Estatuto
da Terra; Lei n. 8.629/1993, entre outros diplomas) entrelaça os conceitos de pequena propriedade, módulo
rural e propriedade familiar, havendo uma espécie de presunção de que o pequeno imóvel rural se destinará
à exploração direta pelo agricultor e sua família, haja vista que será voltado para garantir sua subsistência.
Ademais, não é razoável se exigir um minus do proprietário urbano (que tem proteção legal) - na qual basta
o início de prova de que o imóvel é voltado para a residência -, em relação ao proprietário rural,
hipossuficiente e vulnerável (com proteção constitucional), que, além da prova da pequena propriedade

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rural, teria um plus a demonstrar, ainda, que esta é trabalhada pela família.

Ponto do edital: A questão aborda o tópico do ponto 2 de Direito Agrário do EDITAL Nº 4 – PGF, de 27 de
agosto de 2013 (2 Reforma Agrária (Lei nº 8.629/1993))

Questão 27
(Formulada por Daniela Carvalho, Procuradora Federal)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

DIREITO AMBIENTAL

Questão 28
(Formulada por Bruno Rosa , Advogado da União)

Órgão ambiental, no exercício de sua competência e por verificar a possibilidade de


danos irreversíveis ao meio ambiente, indeferiu o pleito de licença ambiental requerida
por determinado empreendimento. Como a decisão administrativa não foi embasada em
certeza científica, pode-se afirmar que está em dissonância com as normas em vigor no
Direito Brasileiro, sobre proteção ao meio ambiente.

GEAGU 45
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GABARITO: E

JUSTIFICATIVA:

O estudo de princípios é de suma importância para a adequada compreensão dos institutos do Direito
Ambiental, bem como para solucionar enunciados como o supracitado, que exige do candidato conhecimento
das diferenças entre os princípios da prevenção e precaução.

Antes de avançarmos, compete pontuar que norma é gênero que comporta duas espécies, as regras e os
princípios, sendo ambos dotados, portanto, de normatividade e qualificados como fontes primárias do
Direito, sem hierarquia entre ambos. Segundo doutrina autorizada, há distinção quanto ao modo de
aplicação entre as espécies. As regras incidem segundo a lógica do “tudo ou nada” (ou há a subsunção e a
regra incide, ou não, sendo mandados, comandos definitivos), ao passo que os princípios seguem a
dimensão de peso (ponderação), sendo considerados “mandados de otimização” (realizam-se na maior
intensidade possível) (ÁVILA, HUMBERTO).

In casu, a questão afirmou que a conduta administrativa do órgão, em indeferir o pedido de licenciamento
ambiental, estaria equivocado pela ausência de certeza científica. O item não reflete ao melhor entendimento
em matéria de proteção ao meio ambiente.

Segundo o princípio da prevenção, implícito no art. 225 da CRFB/88, a apreciação dos atos potencialmente
degradantes ao meio ambiente é realizado a partir de uma “base científica para prever os danos ambientais
decorrentes de determinada atividade lesiva” e, neste caso, exige-se do empreendedor o cumprimento de
condicionantes para o licenciamento, visando mitigar ou afastar os efeitos danosos ao meio ambiente.

Em apertada síntese, pelo princípio da prevenção, é possível antever, pelo conhecimento científico até
então desenvolvido, o potencial poluidor de uma determinada atividade.

Não obstante a ausência de uma certeza científica, a conduta do órgão pode ser corroborada pelo princípio
da precaução, também implícito no art. 225 da Lei Fundamental, que não exige certeza do potencial
ofensivo ao meio ambiente, mas se contenta com um JUÍZO DE PROBABILIDADE de sua ocorrência.
Ora, com base neste postulado, pode o Poder Público obstar o desenvolvimento de certo empreendimento
até que sobrevenham maiores esclarecimentos científicos sobre o potencial do impacto ao meio
ambiente derivado da atividade, sendo legal o indeferimento de licenças com este fundamento.

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JURISPRUDÊNCIA CORRELATA:

“1. O fundamento autônomo e suficiente à manutenção do decisum objurgado, segundo o qual o caso
não comporta juízo de certeza, devendo ser aplicado o princípio da precaução, não foi alvo de
impugnação nas razões de Recurso Especial, permanecendo, portanto, incólume. Dessa forma, aplicável,
na espécie, por analogia, a Súmula 283 do STF.

2. Tendo em vista a ausência de certeza científica quanto aos efeitos que a instalação de estação
rádio-base pode causar à saúde humana, prevalece a defesa do meio ambiente em atendimento ao
princípio da precaução. Precedentes: REsp. 1.285.463/SP, Rel. Min.HUMBERTO MARTINS, DJe
6.3.2012; AgRg na SLS 1.323/CE, Rel. Min. ARI PARGE NDLER, DJe 2.8.2011.

(AgRg no REsp 1139791/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 18/10/2016, DJe 26/10/2016)

O aludido princípio, que justifica a inversão do ônus da prova em favor do ente público (do meio
ambiente), para que o potencial poluidor comprove suas alegações quanto à inexistência de potencial lesivo
de sua atividade, está positivado no princípio 15 da Declaração do Rio (ECO/1992):

“Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos
Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a
ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas
economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.”

Segundo Frederico Amado, “enquanto a prevenção trabalha com o risco certo, a precaução vai além e se
preocupa com o risco incerto”. (In Direito Ambiental Esquematizado).

Sobre a inversão do ônus da prova, esta consequência processual encontra fundamento na jurisprudência do
STJ:

“1. Na hipótese dos autos, o Juízo originário consignou que a inversão do ônus da prova
decorreu da aplicação do princípio da precaução, como noticiado pelo próprio recorrente à fl. 579/STJ.

Nesse sentido, a decisão está em consonância com a orientação desta Corte Superior de que o
princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus probatório. (AgRg no AREsp 183.202/SP, Rel.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 10/11/2015, DJe 13/11/2015).

(AgInt no AREsp 779.250/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
06/12/2016, DJe 19/12/2016)”

GEAGU 47
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Ponto 1 do edital.

Questão 29
(Formulada por Bruno Rosa , Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

Questão 30
(Formulada por Bruno Rosa , Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

GEAGU 48
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DIREITO CIVIL

Questão 31
(Formulada por Daniela Carvalho, Procuradora Federal)

Legitimação é a capacidade especial para determinado ato ou negócio jurídico.

GABARITO: C

JUSTIFICATIVA:

A questão está correta. Observa-se que, a despeito de estar sempre atualizado com as novidades legais e
jurisprudenciais, é necessário que o estudante tenha claros em sua memória conceitos jurídicos fechados,
basilares, espacialmente em uma matéria tão tradicional como o Direito Civil. Isto porque, não é incomum que
tais conceitos caiam em provas objetivas.

No último concurso AGU – CESPE/CEBRASPE 2015 – notamos várias questões envolvendo conceitos
básicos em Direito Civil, vejamos algumas:

92 Entre os direitos ressalvados pela lei ao nascituro estão os


direitos da personalidade, os quais estão entre aqueles que têm
por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa.

95 Dada a existência de íntima ligação entre o abuso de direito e


a boa-fé objetiva, a lei estabelece a decretação da nulidade
como sanção ao autor do ato abusivo.

99 No mandato outorgado por mandante capaz, são válidos os


atos praticados por mandatário com dezesseis anos de idade,

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ainda que não emancipado, desde que não sejam excedidos os


limites do mandato.

Dada a subdimensionada, equivocadamente, importância do tema, usando como base o livro o livro do
professor Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, 6ª Edição, 2015, extraímos os seguintes conceitos jurídicos
(p. 74):

a- Legitimação – capacidade especial para determinado ato ou negócio jurídico. Como primeiro exemplo,
cite-se a necessidade de outorga conjugal para vender imóvel sob pena de anulabilidade do contrato
(arts. 1647, I e 1649 do CC). Outro exemplo envolve a venda de ascendente a descendente, havendo
necessidade de autorização dos demais descendentes e do cônjuge alienante, mais uma vez sob
pena de anulabilidade (art. 496 do CC).
b- Legitimidade – é a capacidade processual, uma das condições da ação (art. 3º do CPC 1973, repetido
parcialmente pelo art. 17 do CPC/2015). Constata-se que o próprio legislador utiliza os termos como
sinônimos. Exemplificando, o art. 12, parágrafo único, do CC 2002, trata dos legitimados
processualmente para as medidas de tutela dos interesses do morto, fazendo uso do termo
legitimação. O certo seria mencionar a legitimidade.
c- Personalidade – é a soma de caracteres da pessoa, ou seja, aquilo que ela é para si e para a
sociedade. Afirma-se doutrinariamente que a capacidade é a medida da personalidade, ou seja, a
personalidade é um quid (substância, essência) e a capacidade um quantum.

Ponto do edital: A questão aborda o tópico do ponto 5 de Direito Civil do EDITAL Nº 4 – PGF, de 27 de agosto
de 2013 (5 Dos fatos jurídicos. Do negócio jurídico. Defeitos do negócio jurídico. Dos atos jurídicos lícitos.
Dos atos ilícitos. Da prescrição e da decadência. Da prova.)”

Questão 32
(Formulada por Daniela Carvalho, Procuradora Federal)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

GEAGU 50
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Questão 33
(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

DIREITO COMERCIAL

Questão 34
(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

Será nacional a sociedade empresária em que todos os sócios forem brasileiros e domiciliados
no Brasil.

GABARITO:E
JUSTIFICATIVA:

GEAGU 51
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O tema sociedades é sem dúvidas o tema mais importante de Direito Empresarial, tendo grandes chances de
ser questionado no próximo concurso da PGF. Esta assertiva envolve a literalidade do art. 1.126 do Código
Civil:

Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a
sede de sua administração.

Parágrafo único. Quando a lei exigir que todos ou alguns sócios sejam brasileiros, as ações da sociedade
anônima revestirão, no silêncio da lei, a forma nominativa. Qualquer que seja o tipo da sociedade, na sua
sede ficará arquivada cópia autêntica do documento comprobatório da nacionalidade dos sócios.

Importante frisar que a nacionalidade da pessoa jurídica não se confunde com a dos seus sócios. É
importante ter em mente que o elemento caracterizador para a sociedade ser considerada nacional é ter sido
organizada de acordo com as leis brasileiras e que tenha no Brasil a sede da sua administração. O dispositivo
legal não faz qualquer exigência a respeito da nacionalidade de seus sócios, sendo este elemento irrelevante
para caracterizar a nacionalidade de uma sociedade empresária.

Vamos falar então das sociedades estrangeiras. O fato é que estas sociedades, independente de seu
objeto, apenas poderão funcionar no Brasil com a autorização do Poder Executivo, conforme disposto no
artigo 1.134 do CC/2002. Importante que quando autorizado o funcionamento da sociedade estrangeira, é
necessária a inscrição no registro próprio do lugar em que deva estabelecer, conforme determinação
constante do art. 1.136 do Código Civil.

Uma das obrigações das sociedades estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil está prevista no
art. 1.138 do Código Civil:

Art. 1.138. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar é obrigada a ter, permanentemente, representante
no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial pela sociedade.

Parágrafo único. O representante somente pode agir perante terceiros depois de arquivado e averbado o
instrumento de sua nomeação.

Por fim, é importante mencionar que qualquer modificação no contrato ou no estatuto dependerá da
aprovação do Poder Executivo, para produzir efeitos no território nacional, em conformidade com o art. 1.139
do CC/2002:

GEAGU 52
Grupo de Estudo para a Advocacia-Geral da União
Rodada – 2017

Art. 1.139. Qualquer modificação no contrato ou no estatuto dependerá da aprovação do Poder Executivo,
para produzir efeitos no território nacional.

Esses são os principais pontos sobre sociedade estrangeira que podem cair na sua prova.

Tópico do Edital PGF/2013: Direito Comercial: 11 Sociedades Empresárias.

Questão 35
(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

Questão 36
(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

DIREITO DO TRABALHO

GEAGU 53
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Questão 37
(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

Para ser considerado empregador, a empresa não necessariamente precisa assumir os


riscos da atividade econômica.

GABARITO: E

JUSTIFICATIVA:
Em direito do trabalho geralmente o examinador irá exigir o conhecimento dos princípios do direito do
trabalho, bem como os elementos da relação de emprego. Vejamos o disposto no artigo 2º da Consolidação
das Leis do Trabalho:

Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade
econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais


liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos,
que admitirem trabalhadores como empregados.

O presente dispositivo traz o conceito de empregador. Importante frisar que o empregador é quem
sempre assume os riscos da atividade econômica, como forma de proteger seus empregados. Importante
trazer o conceito de empregado presente no art. 3º da CLT:

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a
empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

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Desses dispositivos, se extraem os elementos essenciais da relação de emprego que você deve ter
em mente para a sua prova:

a) Subordinação: para caracterizar a relação de emprego, o empregado sempre se subordina às


ordens do empregador, que é a figura que dirige a relação de emprego e detém o poder diretivo.

b) Sinalagmático: o contrato de trabalho ele não é gratuito. O empregado labora, mas em troca de
seus serviços é remunerado mediante salário, a contraprestação pelos serviços prestados.

c) Alteridade: os riscos da atividade pertencem única e exclusivamente ao empregador.

d) Pessoalidade em relação ao empregado: o empregado não pode se fazer substituir por outrem na
relação de emprego. Esta relação é pessoal em relação ao empregado, pois é ele quem possui a
confiança e certas qualidades consideradas pelo empregador no momento da sua contratação.
Atente-se para o fato de que a relação não é pessoal em relação ao empregador. Assim, mesmo
com a mudança do empregador, o contrato de trabalho continuará intacto.

e) Prestação de serviços de natureza não eventual: o serviço tem que ser prestado com regularidade
a fim de caracterizar a relação de emprego.

Tópico do Edital PGF/2013: Direito do Trabalho: 3 Sujeitos do contrato de trabalho.

O enunciado trocou os conceitos dos institutos do ato jurídico perfeito e do direito adquirido consignados nos
parágrafos 1º e 2º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro (Lindb) - decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro
de 1942:

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957)

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se
efetuou. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)

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§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer,
como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)

§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. (Incluído pela
Lei nº 3.238, de 1957)

Ponto do edital: A questão aborda o tópico do ponto 1 de Direito Civil do EDITAL Nº 4 – PGF, de 27 de agosto
de 2013 (“1 Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. Aplicação da lei no tempo e no espaço;
interpretação da lei; integração da lei; analogia. Princípios gerais do direito e equidade.”).

Questão 38
(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Questão 39

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(Formulada por Gabriel Lima, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

Questão 40
(Formulada por Bruno Rosa , Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO


Questão 41
(Formulada por Bruno Rosa , Advogado da União)

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O princípio do non-refoulement, aplicado à situação jurídica dos refugiados, proíbe o


Estado recusar o pedido de refúgio, submetendo o solicitante ao retorno a Estado onde
corre risco de vida ou de perseguição.

GABARITO:C
JUSTIFICATIVA:

A definição jurídica de refugiado está prevista na Convenção de 1951 (Lei Fundamental dos refugiados).
Consoante Paulo Portela, “Trata-se de pessoa que sofre ou teme sofrer em seu Estado de origem,
perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou questões políticas e que, por esses
motivos, deixa esse Estado e procura proteção em outro”. (Direito Internacional Público e Privado, 2016). No
Brasil, a matéria está tratada na Lei 9.474/97.

O que devo saber sobre o instituto do refúgio?

1º – O principal órgão em seara internacional é o ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas, criado
pela ONU em 1951.

2º – No Brasil, o principal órgão é o CONARE – Comitê Nacional para os Refugiados -, vinculado ao


Ministério da Justiça, responsável por analisar o pedido e declarar a condição em processo administrativo
que deve ser célere e gratuito.

2.1 – Cabe recurso administrativo ao Ministro da Justiça da decisão do CONARE de perda ou cassação da
condição de refugiado.

2.2 – A solicitação de refúgio suspende, até decisão definitiva, qualquer processo de expulsão pendente.

Portanto, compete ao CONARE, em primeiro grau, e ao Ministro da Justiça, em sede administrativa


recursal, conceder a qualidade de refugiado. CUIDADO, o Poder Judiciário, em que pese não poder
invadir o mérito do ato administrativo, pode fazer controle de legalidade (por exemplo, devido
processo administrativo) acerca do ato derivado do CONARE. Mas o mérito sobre a concessão ou não do
refúgio pertence ao Poder Executivo:

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“2. O refúgio é reconhecido nas hipóteses em que a pessoa é obrigada a abandonar seu país por algum dos
motivos elencados na Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1957 e cessa no momento em que
aquelas circunstâncias deixam de existir. Exegese dos arts. 1º, III, e 38, V, da Lei 9.474/97.

3. A concessão de refúgio, independentemente de ser considerado ato político ou ato administrativo,


não é infenso a controle jurisdicional, sob o prisma da legalidade.

4. Em regra, o Poder Judiciário deve limitar-se a analisar os vícios de legalidade do procedimento da


concessão do refúgio, sem reapreciar os critérios de conveniência e oportunidade. Precedentes do
STJ. (...)”

(REsp 1174235/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/11/2010, DJe
28/02/2012)

3º – Pode o país recusar de plano o pedido ao refúgio? De regra não, em respeito ao princípio do non
refoulement, que significa “proibição de rechaço do estrangeiro”. Fica o Estado proibido de obstar a
entrada do estrangeiro que formule pedido de refúgio, não cabendo deportação ou expulsão para locais em
que fique em situação de perigo, segundo a doutrina internacionalista e previsão legal. Tal postulado visa
proteger a dignidade da pessoa, pelo que está correta a assertiva, que expõe um conceito mais amplo do
aludido postulado.

4º – Não devemos confundir refúgio com asilo, que pode ser territorial ou diplomático, espécies do
gênero “asilo político”. A única motivação do asilo é “perseguição por crime político”, não se
confundindo com o refúgio. O Estatuto do Estrangeiro não disciplina o asilo, embora cuide da condição de
asilado. A matéria é tratada na Convenção sobre Asilo Territorial, assinado em Caracas-1954, também
havendo disposição sobre o asilo na Declaração Universal dos Direitos Humanos e, em sede regional, na
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de 1969. Em âmbito interno, a CRFB/88 dispõe sobre o
deferimento de asilo político, instituto inserido dentre os princípios que regem o Brasil em suas relações
internacionais (art. 4, X):

“Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

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IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.”

Bem, já que abordamos o tema, vamos definir as espécies de asilo:

4.1 – Asilo territorial – concedido ao estrangeiro, à míngua dos requisitos de ingresso, para evitar
perseguição ou punição baseada em crime de natureza política ou ideológica.

4.2 – Asilo diplomático ou extraterritorial – é modalidade provisória e precária de asilo político, com
fundamento no direito costumeiro e, por isso, apresenta-se de forma regular na América Latina (isso cai
muito em prova). É a concessão de asilo no fora do território do Estado concedente, a exemplo de
embaixadas e navios de guerra situados em país alienígena. Consoante a ponderação de Francisco Rezek,
referido instituto configura “uma exceção à plenitude da competência que o Estado exerce em seu território”,
pois, notem, um determinado Estado pode conceder asilo diplomático, por exemplo, em sua embaixada,
situada em outro Estado.

Vejam como o assunto já foi cobrado em prova, a exemplo do concurso para ingresso no cargo de juiz federal
do TRF da 1ª Região (questão 93, prova aplicada em 2015 pela banca CESPE):

“Raul, nacional do Estado X, solicitou asilo diplomático na embaixada do Estado Y, localizada no território
do Estado Z, alegando que tem sofrido perseguição política por ação conjunta dos Estados X e Z. O asilo
diplomático foi concedido pelo Estado Y, que reconhece como norma de direito internacional costumeiro o
asilo diplomático, ao passo que o Estado Z alega que nunca reconheceu tal norma como válida e
obrigatória para si.

Nessa situação hipotética,

a) o Estado Y não pode entregar Raul às autoridades do Estado Z, após a concessão do asilo, mas pode
entregá-lo às autoridade de seu próprio Estado.

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b) o Estado Z está obrigado a conceder a Raul um salvo-conduto para que ele deixe o seu território.

c) a embaixada do Estado Y, localizada no território do Estado Z, é inviolável, mesmo estando Raul em seu
interior.

d) Raul tem direito a ter reconhecido pelo Estado Z o asilo diplomático concedido pelo Estado Y.”

A banca considerou como correta a letra “C”. Sobre o refúgio, a matéria foi objeto do concurso para DPU
(2007, item 170, considerado errado pelo CESPE):

“No Brasil, o reconhecimento da condição de refugiado dá-se por decisão da representação do Alto
Comissariado das Nações Unidas para refugiados ou por decisão judicial.”

Pontos 11 e 12.

Questão 42
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

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DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Questão 43
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

Josué, após anos de estudo e dedicação logrou êxito no concurso para Técnico
Administrativo do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. No exercício de suas
funções o servidor, em conluio com outros dois colegas, subtraiu da repartição
pública 5 notebooks. O ato criminoso foi detectado e Josué denunciado pelo crime
de peculato. Durante o curso do processo Josué foi aprovado para o cargo de
Analista de Comércio Exterior, tomando posse antes da prolação da sentença. Não
há no caso qualquer atenuante ou causa de diminuição de pena. Quando da prolação
da sentença é possível que o magistrado aplique como efeito extrapenal a perda do
novo cargo público, visto que conforme entendimento do STJ esta penalidade
abrange o cargo público titularizando no momento da condenação.

GABARITO:E
JUSTIFICATIVA:

A assertiva está incorreta. A solução da mesma demanda conhecimento acerca dos efeitos da condenação,
também chamados de efeitos secundários ou acessórios extrapenais da sentença.

Ao ser proferida uma decisão condenatória, existem os efeitos principais e secundárias; penais e extrapenais.

No campo penal, o efeito principal da sentença é a aplicação da pena e o efeito secundário é mais amplo,
qual seja, a geração de maus antecedentes, reincidência, entre outros.

No campo extrapenal os efeitos são sempre secundários e subdividem-se em genéricos e específicos. Os


genéricos são automáticos e valem para todos os delitos, mesmo que o juiz silencie sobre os mesmos na
sentença, ao passo que os específicos somente legitimam-se para determinados crimes, e demandam
aplicação expressa pelo magistrado ao sentenciar.

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Os genéricos encontram-se no art. 91 do Código Penal:

Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-


fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação,
uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;

b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo
agente com a prática do fato criminoso.

Já os específicos estão no art. 92 do CP:

Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)

I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº
9.268, de 1º.4.1996)

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um


ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro)
anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes


dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou
curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de
crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo
ser motivadamente declarados na sentença.

Para o caso da questão, destaca-se o efeito extrapenal específico previsto no inciso I, do art. 92, qual seja, a
perda de cargo, função pública ou mandato eletivo.

O crime praticado – peculato – enquadra-se entre os delitos que justificam a aplicação do efeito extrapenal da
perda do cargo público: tem como sujeito passivo a Administração Pública, violando assim dever de lealde
para com o Estado, além de ter a pena mínima (2 anos).

O ponto fulcral para a resolução da questão é saber se o efeito da perda de cargo, função pública ou
mandato eletivo se refere apenas ao cargo titularizando pelo condenado, quando da prática do crime,
ou se abrange novo cargo público que o agente seja titular.

O Superior Tribunal de Justiça decidiu em março de 2017 que a pena de perdimento deve ser restrita ao
cargo ocupado ou função pública exercida no momento do delito, à exceção da hipótese em que o
magistrado, motivadamente, entender que o novo cargo ou função guarda correlação com as
atribuições anteriores.

Vamos ver o que o Tribunal da Cidadania efetivamente disse:

- REGRA GERAL: o efeito da perda de cargo, função pública ou mandato eletivo deve ser restrita ao cargo
ocupado ou função pública exercida no momento do delito

- EXCEÇÃO: possível a perda de novo cargo ou nova função pública, desde que o magistrado, de forma
fundamentada, indique que este novo cargo ou função guarde correlação com as atribuições anteriores.

Vamos ver a fundamentação da decisão do STJ:

Cinge-se a controvérsia a saber se a perda de perdimento prevista no art. 92, I, do CP


se restringe à atividade pública exercida no momento do delito. O STJ entende que o
reconhecimento de que o réu praticou ato incompatível com o cargo por ele ocupado é
fundamento suficiente para a decretação do efeito extrapenal de perda do cargo público

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(AgRg no REsp 1.613.927-RS, DJe 30/9/2016). Em regra, a pena de perdimento deve


ser restrita ao cargo público ocupado ou função pública exercida no momento do
delito. Trilhando esse entendimento, doutrina defende que “A perda deve restringir-se
somente àquele cargo, função ou atividade no exercício do qual praticou o abuso,
porque a interdição pressupõe que a ação criminosa tenha sido realizada com abuso de
poder ou violação de dever que lhe é inerente”. Assim, a perda do cargo público, por
violação de dever inerente a ele, necessita ser por crime cometido no exercício
desse cargo, valendo-se o envolvido da função para a prática do delito. Porém,
salienta-se que se o magistrado de origem considerar, motivadamente, que o
novo cargo guarda correlação com as atribuições do anterior, ou seja, naquele em
que foram praticados os crimes, mostra-se devida a perda da nova função, uma
vez que tal ato visa anular a possibilidade de reiteração de ilícitos da mesma
natureza, o que não ocorreu no caso. (Informativo n. 599)

Item do edital: 06 e 10

Questão 44
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

No processo penal brasileiro, a “alheiabilidade” é uma das características essenciais do


juiz.

GABARITO:C
JUSTIFICATIVA:

A questão cobra conhecimento doutrinário dos candidatos, especificamente referente aos princípios
informativos do processo penal.

O vetor principal do ordenamento jurídico como um todo, e do processo penal em específico, é a Constituição
Federal, sendo o processo um instrumento de garantia aos imputados contra as arbitrariedades estatais, sem

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perder de vista a necessidade de efetividade da prestação jurisdicional. Aliás, o processo é uma das
previsões constitucionais de garantia do atendimento ao texto da Constituição do Brasil.

O processo penal, para que possa ser efetivamente este instrumento de garantia contra abusos e
arbitrariedades, deve ser, seja no campo doutrinário, seja na prática, informado por princípios que buscam a
sua fonte de validade diretamente na Constituição.

Os princípios que irrigam o processo penal são fundamentais, muitos deles encontrando respaldo expresso
na própria Constituição da República. Os princípios não estão no sistema em um rol taxativo. Em verdade,
diante da atividade do jurista para a construção da norma jurídica, serão possíveis aplicações que evidenciem
tanto princípios constitucionais expressos como princípios· constitucionais decorrentes do sistema
constitucional.

A chamada “alheiabiliade” é um princípio aplicado ao julgador, também conhecido como imparcialidade,


sendo uma característica essencial do magistrado.

O professor Nestor Távora, no Curso de Processo Penal, 2017, traz excelente explicação sobre o tema,
sendo a leitura altamente recomendada:
“A imparcialidade - denominada por alguns de "alheiabilidade" - é entendida como
característica essencial do perfil do juiz consistente em não poder ter vínculos subjetivos
com o processo de modo a lhe tirar o afastamento necessário para conduzi-lo com isenção.
Trata -se de decorrência imediata da CF I 1988, que veda o juízo ou tribunal de exceção
(art. 5º, XXXVII) e garante que o processo e a sentença sejam conduzidos pela autoridade
competente (art. 5°, LIII), representando exigência indeclinável no Estado Democrático de
Direito.

Observa-se que tanto o impedimento como a suspeição devem ser reconhecidos ex officio
pelo juiz, afastando-se voluntariamente de oficiar no processo e encaminhando-o ao seu
substituto legal. A CF/1988 confere ao magistrado as garantias da vitaliciedade,
inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios (art. 95) para que ele possa atuar com
isenção - o que inclui declarar-se suspeito ou impedido. De todo modo, caso não reconheça
a situação de imparcialidade, o juiz interessado deve ser recusado, e os permissivos legais
para tanto se encontram no art. 254 (hipóteses de suspeição) e no art. 252 (hipóteses de
impedimento), do CPP.

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Cabe notar que a imparcialidade deve ser indicativa de honestidade. É que o magistrado
leva consigo os valores de sua formação, que acabam por justificar entendimentos distintos
em relação a uma pluralidade de situações fáticas, o que não significa, a princípio, que seja
parcial.

Deveras, o ideal do juiz imparcial é de ser concebido aproximativamente. Vale dizer, a


isenção preconizada pelo ordenamento jurídico implica na postura de um magistrado que
cumpra a Constituição, de maneira honesta, prolatando decisões suficientemente
motivadas. Isso não induz que o juiz se abstraia de seus valores para que exerça seu
mister”.

O Supremo Tribunal Federal, no HC 94641, assegurou a aplicação do princípio em estudo, reconhecendo a


nulidade de processo criminal que tratava da prática de crime contra os costumes, tendo em vista que a
apuração dos fatos ocorreu pelo mesmo juiz em sede de ação cível de investigação de paternidade. Segue
relevante trecho do voto do Ministro César Peluso:

Concluiu que, na espécie, pelo conteúdo da decisão do juiz, restara evidenciado que ele teria sido
influenciado pelos elementos coligidos na investigação preliminar. Dessa forma, considerou que teria ocorrido
hipótese de ruptura da denominada imparcialidade objetiva do magistrado, cuja falta, incapacita-o, de todo,
para conhecer e decidir causa que lhe tenha sido submetida.

Esclareceu que a imparcialidade denomina-se objetiva, uma vez que não provém de
ausência de vínculos juridicamente importantes entre o juiz e qualquer dos interessados
jurídicos na causa; sejam partes ou não (imparcialidade dita subjetiva), mas porque
corresponde à condição de originalidade da cognição que irá o juiz desenvolver na causa,
no sentido de que não haja ainda, de modo consciente ou inconsciente, formado nenhuma
convicção ou juízo prévio, no mesmo ou em outro processo, sobre os fatos por apurar ou
sobre a sorte jurídica da lide por decidir. Assim, sua perda significa falta da isenção inerente
ao exercício legítimo da função jurisdicional.

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Item do edital: 01

Questão 45
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Questão 46
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

GABARITO:

GEAGU 68
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JUSTIFICATIVA:

Questão 47
(Formulada por João Paulo Lawall, Advogado da União)

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

Questão 48
(Formulada por Daniela Carvalho, Procuradora Federal)

Segundo o NCPC, é vedado o incidente de desconsideração da personalidade jurídica


em processos de competência dos juizados especiais.

GABARITO:E

JUSTIFICATIVA:

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Inicialmente é importante alertar que a maioria das indagações em Processo Civil serão retiradas da própria
Lei 13.105/15(NCPC), sendo imprescindível que o aluno saiba cada detalhe da redação do novo Código,
mormente pelo pouco tempo de sua entrada em vigor, ainda não existem muitas decisões pacificadas nos
Tribunais Superior sobre sua aplicação prática.

Passando essa consideração inicial, vamos a questão.

A desconsideração da personalidade jurídica ocorre quando há o afastamento temporário da proteção


patrimonial da pessoa jurídica para alcançar o patrimônio individual do sócio, em virtude de abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, nos termos do
artigo 50 do CC/02.

Sobreleva-se imperioso rememorar que existem outras previsões legislativas do instituto da desconsideração
da personalidade jurídica, quais sejam: artigo 28 do CDC; § 2º do artigo 2º da CLT; artigo 135 do CTN; artigo
4º da Lei 9.605/98; § 3º da Lei 9.847/99; artigo 34 da Lei 12.529/11.

O instituto, pelo NCPC (artigo 133 e seguintes), possui a natureza de intervenção de terceiros o que, em tese,
haveria impedimento para sua aplicação nos juizados especiais, em virtude dos artigos 10 da Lei 9.099/95, 1º
da Lei 10.259/01 e 27 da Lei 12.153/09.

Todavia, o artigo 1.062 do NCPC consubstanciou expressamente a possibilidade do incidente de


desconsideração da personalidade jurídica ao processo de competência dos juizados especiais e, como
utilizou a expressão “juizados especiais” no plural, entende-se que sua aplicação afeta as três normas do
microssistema dos juizados especiais, razão pela qual a questão encontra-se equivocada.

Disposições legais:

- NCPC: Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao processo de


competência dos juizados especiais.

- Lei 9.099/95: Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de
assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio.

- Lei 10.259/01: Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Justiça Federal, aos quais
se aplica, no que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

- Lei 12.153/09: Art. 27. Aplica-se subsidiariamente o disposto nas Leis nos 5.869, de 11 de janeiro de 1973 –
Código de Processo Civil, 9.099, de 26 de setembro de 1995, e 10.259, de 12 de julho de 2001.

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Ponto do edital: A questão aborda o tópico do ponto 7 de Direito Processual Civil do EDITAL Nº 4 – PGF, de
27 de agosto de 2013 (“7 Sujeitos do processo: das partes e dos procuradores. O litisconsórcio; capacidade
de ser parte e estar em juízo. Legitimação ordinária e extraordinária. A substituição processual. Intervenção
de terceiros; oposição; nomeação à autoria; denunciação da lide; chamamento ao processo; da assistência.)

Questão 49
(Formulada por Daniela Carvalho, Procuradora Federal)

Não é possível o ajuizamento de ação de improbidade administrativa exclusivamente em


face de particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da
demanda.

GABARITO:C

JUSTIFICATIVA:
A questão está correta. Consoante a Lei 8.429/92 existem dois tipos de sujeitos ativos do ato de improbidade:
o agente público e o terceiro (particular).

A Lei em testilha deixou assente que o particular pode responder por atos de improbidade, mas exige que
esse induza ou concorra com a prática do ato ímprobo ou se beneficie de forma direta ou indireta da
vantagem.

A celeuma é saber se há possibilidade de o particular responder a ação de improbidade administrativa sem a


concomitância presença do agente público no polo passivo, ou seja, se pode o terceiro responder sozinho por
esses atos.

O Superior Tribunal de Justiça enfrentando a temática consignou pela impossibilidade de o particular figurar

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no polo passivo isoladamente, uma vez que, perceba, os verbos induzir, concorrer ou beneficiar pressupõem
dois agentes, no mínimo, sendo um deles o agente público. Assim, uma pessoa induz ou concorre com outra
no ato de improbidade ou se beneficia da conduta ímproba de outrem, é indissociável.

Disposições legais da Lei 8.429/92 afetas ao tema:

- Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo
anterior.

- Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma
direta ou indireta

Informativo nº 535 do STJ: DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AJUIZADA APENAS EM FACE DE PARTICULAR.
Não é possível o ajuizamento de ação de improbidade administrativa exclusivamente em face de
particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda. De início,
ressalta-se que os particulares estão sujeitos aos ditames da Lei 8.429/1992 (LIA), não sendo, portanto, o
conceito de sujeito ativo do ato de improbidade restrito aos agentes públicos. Entretanto, analisando-se o art.
3º da LIA, observa-se que o particular será incurso nas sanções decorrentes do ato ímprobo nas seguintes
circunstâncias: a) induzir, ou seja, incutir no agente público o estado mental tendente à prática do ilícito; b)
concorrer juntamente com o agente público para a prática do ato; e c) quando se beneficiar, direta ou
indiretamente do ato ilícito praticado pelo agente público. Diante disso, é inviável o manejo da ação civil de
improbidade exclusivamente contra o particular. Precedentes citados: REsp 896.044-PA, Segunda Turma,
DJe 19/4/2011; REsp 1.181.300-PA, Segunda Turma, DJe 24/9/2010. REsp 1.171.017-PA, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 25/2/2014.

Ponto do edital: A questão aborda os tópicos do ponto 20 de Direito Processual Civil do EDITAL Nº 4 – PGF,
de 27 de agosto de 2013 (“20 Ação civil pública, ação popular e ação de improbidade administrativa.”)

Questão 50
(Formulada por Daniela Carvalho, Procuradora Federal)

GEAGU 72
Grupo de Estudo para a Advocacia-Geral da União
Rodada – 2017

GABARITO:
JUSTIFICATIVA:

GEAGU 73

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