Solução Técnica para um Escorregamento de Taludes – Estudo de

Caso
Kabeb Ferraz Louro
Intituto Federal de Mato Grosso, Cuiabá, Brasil, kaleb.louro@hotmail.com

Luiz Carlos de Figueiredo

Intituto Federal de Mato Grosso, Cuiabá, Brasil, figueiredo@cba.ifmt.edu.br

Ilço Ribeiro Junior

Intituto Federal de Mato Grosso, Cuiabá, Brasil, ilco.ribeiro@cba.ifmt.edu.br

RESUMO: Este trabalho tem por objetivo analisar a estabilidade de um talude de corte, onde o modelo
de escorregamento é do tipo creep, e, através de métodos numéricos simplificados, investigar as possíveis
causas da instabilidade e correlacionar com as patologias encontradas na via adjacente ao talude. Os
resultados obtidos através das análises determinísticas demonstram que o talude em sua forma original é
classificado como risco iminente de ruptura, e após implantação da solução técnica, pode ser considerado
estável e teoricamente sem risco de ruptura, e que não compromete a segurança dos usuários e garante a
vida útil do empreendimento.

PALAVRAS-CHAVE: Taludes, Estabilidade, Análise, Patologia.

1 INTRODUÇÃO diminuição da resistência do material que

Os taludes são empregados em diversas obras de
engenharia, abrangendo desde pequenas obras
até as mais complexas.
O principal problema que envolve essas
estruturas geotécnicas refere-se à análise de sua
estabilidade, relacionada a movimentações de
massas de solo.
As consequências causadas pela ruptura de
talude são muitas vezes inestimáveis, prejuízos
não apenas nas construções e equipamentos, mas
as perdas de vidas humanas estão tornando parte
do cotidiano da engenharia.
A análise de estabilidade deve ser feita em
qualquer obra onde há a presença de taludes,
como por exemplo em barragens de contenção
de rejeitos, barragens de usinas hidrelétricas,
cortes de estradas ou rodovias e na mineração
(ZANARDO, 2014).
Os mecanismos que levam este talude a
instabilidade e ruptura são aqueles que levam a
um aumento dos esforços atuantes ou a uma
compõe o talude ou do maciço como um todo. O
material que compõe um talude tem a tendência
natural de escorregar sob a influência da força da
gravidade, entre outras que são suportadas pela
resistência ao cisalhamento do próprio material.
A análise de estabilidade de taludes consiste
em averiguar sua estabilidade em diferentes tipos
de obras geotécnicas, sob diferentes condições
de solicitação, de modo a permitir a execução de
projetos econômicos e seguros.
O objetivo desse estudo foi analisar a
estabilidade dos taludes de corte conformados
para construção dos subsolos em uma obra
comercial e sua correlação com as patologias
encontradas no pavimento da rua denominada
“Gravataí”, que delimita a construção. Para isso
foi levado em consideração o aspecto técnico,
como: cálculo de estabilidade, ensaios
laboratoriais e “in situ”, e análise probabilística.
Também visa expor a solução de engenharia
adotada para recompor e estabilizar o talude de
corte onde houve o escorregamento.

GEOCENTRO 2017, Goiânia/GO, Brasil.


2 MÉTODO
O método de trabalho parte do axioma que, para
a adoção de uma solução adequada e exequível,
que solucione definitivamente os problemas
patológicos, o processo deve passar
obrigatoriamente pelo entendimento do
problema para que possa ser solucionado
definitivamente as causas oriundas dessas
patologias.
Portanto, para o desencadeamento do
trabalho, segue:
1. Levantamento de dados da obra e do
substrato (estudo geológico – geotécnico);
2. Analisar a estabilidade do maciço na
geometria que se encontra;
3. Investigar as possíveis causas que levaram
o maciço a instabilidade. Nesta vertente há três
possíveis hipóteses:
a) Sobrecarga em excesso na crista do talude
na fase final da obra, devido à grande
concentração de guindastes para içamento de
letreiros publicitários e painéis de acabamento
para fachada;
b) Saturação do terreno por ruptura de
tubulação de água ou esgoto, fazendo com que o
maciço perdesse sua estabilidade;
c) Compactação inadequada na camada
inclinada de regularização da geometria do
talude na fase construtiva, fazendo uma camada
deslizar sobre a outra.
4. Implantar possíveis soluções e medidas a
serem tomadas para solução do problema;
3 ESTUDO GEOLÓGICO - Figura 1. Perfil de SPT mais próximo da região com
GEOTÉCNICO
O local onde está implantado o
empreendimento comercial fica na região de
abrangência da Formação Miguel Sutil,
pertencente ao Grupo Cuiabá. Neste local há
uma grande presença de dobramentos e o
metamorfismo o que gerou filitos e sericitos
entremeados por meta-arenitos esparsos. As
foliações estão alinhadas na direção E-W.
Mergulho médio, generalizado tem um ângulo
de 40º com a horizontal, existindo uma camada
de depósito sedimentar acima do solo residual,
(MIGLIORINI, 1999).
GEOCENTRO 2017, Goiânia/GO, Brasil.
De modo geral, estes materiais estão
intemperizados nas profundidades menores, de
tal modo que, junto à superfície os minerais
primários são abundantes. Estes minerais
primários são, em muitos casos, expansivos e
dispersivos como é o caso da montmorilonita
sódica. O intemperismo atua de modo distinto,
formando bolsões de materiais com maior ou
menor grau de alteração. Em alguns casos a
coesão do solo o aproxima do comportamento
das rochas. Por outro lado, em alguns locais
ocorrem bolsões de feldspatos, oriundos do
intemperismo dos filitos e sericitos. Estes
feldspatos agem como lubrificantes entre duas
folhações das rochas. Deste modo, estes
materiais tornam-se instáveis quando cortados e
expostos ao ambiente atmosférico.
Ensaios já realizados com material similar, na
mesma região de estudo, demonstraram alta
variabilidade de coesão e ângulo de atrito, dado
que ambos aumentam com a diminuição do grau
de alteração, conforme Futai, et al (1998) e Pires
& Ribeiro Jr (2016). O relatório de sondagem
apresentados na Figura 1, têm a mesma
característica de índice de penetração a
percussão estudado por Futai et al. (1998).
patologia.
4 ÁREA DE ESTUDO:
CARACTERÍSTICAS DA OBRA E DO SOLO
O empreendimento tem cerca de 102 mil m² de
área construída, distribuídos em cinco pisos,
incluindo estacionamento, e está localizado nas
proximidades do Aeroporto Internacional
Marechal Rondon, na cidade de Várzea Grande
– MT.
O empreendimento fora inaugurado no final
de 2015, e 60 dias depois, começaram a se
desencadear alguns processos patológicos no
pavimento da Rua Gravataí.
Esta patologia foi caracterizada por fissuras,
trincas e rachaduras no sentido longitudinal do
pavimento, na camada de revestimento asfáltico
e de suporte (base e sub-base). Rachaduras e
recalques também foram localizados
longitudinalmente ao passeio e no pavimento da
rua Gravataí, como visto na Figura 2.
Recalque e rachaduras
no passeio
Patologias no sentido
longitudinal do pavimento
Figura 2. Patologias no passeio e no pavimento.
Após visita “in loco” e análise detalhada dos
processos e procedimentos construtivos, bem
como a concepção de projeto das estruturas de
contenção e fundações, e imagens da fase
construtiva na região onde ocorreu as patologias,
encontrou-se a ocorrência de uma ruptura local
do talude em sua fase de conformação, como
pode ser visto na Figura 3, constatando-se que o
processo patológico designava ser de natureza
geotécnica, onde, claramente havia acontecido
uma instabilidade no maciço de terra, e isso
levou às trincas e rachaduras longitudinais no
pavimento.
Ruptura Local
durante escavação
Figura 3. Patologias no passeio e no pavimento.
Provavelmente isto tenha ocorrido por
alguma falha local do terreno que, somados ao
GEOCENTRO 2017, Goiânia/GO, Brasil.
mergulho da xistosidade em seu plano
desfavorável a segurança. Quando um destes
fatores ocorre, uma pequena região (até 4m³ de
solo) da camada de solo residual e estruturada
pela xistosidade e planos de clivagem,
simplesmente desaba.
Para acerto do posicionamento e geometria do
talude, este recebeu um aterro inclinado 1:1 e
uma altura média de 3m como apresentado na
Figura 4.
Passeio
Rua
At
er
ro
Solo Natural
Figura 4. Configuração do talude na região de maior
concentração de patologias.
Afim de verificar as camadas de compactação
e determinar o grau de compactação do solo,
realizou-se a determinação do Peso específico
“in situ” com emprego do frasco de areia e a
compactação do solo, podendo determinar assim
o grau de compactação.
Para a coleta de amostra, adotou-se duas
profundidades básica: AM01 - 1,10m e AM02 -
1,85m. Observa-se na Tabela 1, os resultados
obtidos no ensaio em campo.
Tabela 1. Resultados dos ensaios de Peso específico "in
situ" pelo frasco de areia.
AM 1 – 1,10m AM 2 – 1,85m
nat 21,52 kN/m³ 21,74 kN/m³
d 18,43 kN/m³ 18,66 kN/m³
W 16,74 % 16,49 %
As amostras coletadas foram encaminhadas
ao laboratório e submetidas aos procedimentos
para determinação das curvas de compactação do
solo, segundo ABNT NBR 7182/1988. Como
não haviam informações relativas a energia
aplicada na compactação do aterro na fase de
obra, adotou-se como parâmetro de
compactação, a aplicação da energia de Próctor
normal, com reuso de amostra.
 Os parâmetros obtidos na compactação para 5 INSERÇÃO DOS PARÂMETROS E
AM01 - profundidade de 1,10m, foram: Peso CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA
específico seco máximo, dmáx = 20,35 kN/m³, ANÁLISE DA ESTABILIDADE DOS
umidade ótima, wót= 11,05%, e, para a TALUDES
profundidade de 1,85m, obteve-se dmáx = 20,15
kN/m³, e teor de umidade wót=10,75%. Os A inserção dos parâmetros necessários para as
resultados obtidos entre as duas amostras foram análises de simulação numérica deve representar
muito próximos, indicando uma congruência nas ao máximo, a situação em campo. Portanto, a
características de compactação. geometria definida para o talude foi uma altura
de 3,0m, e inclinação 1V:1H, ou seja, 45º. Foi
22,8
22,6
considerada uma camada de solo compactado
22,4
AM 2 sobre a camada de solo indeformado, com sua
22,2
AM 1
devida xistosidade e planos de clivagem no
22 mesmo sentido do corte, ou seja, condição mais
21,8
desfavorável ao deslizamento, encontrado em
21,6
todo o lado analisado da obra.
21,4
21,2
A Tabela 3 sumariza os parâmetros usados
21 nas análises numéricas. Para a obtenção destes
20,8 valores os resultados dos ensaios de compressão
6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20% 22%
Teor de Umidade (W% )
foram tratados estatisticamente. Para as amostras
Figura 5. Curvas de compactação das amostras de aterro. indeformadas, os parâmetros adotados estão
convergentes com aqueles medidos em campo e
Grau de compactação de um solo é a relação laboratório por Futai et al. (1998) ou tirados de
entre o peso específico seco do solo compactado correlações empíricas com o SPT. Já, para a
no campo, e o peso específico seco máximo, camada compactada, as amostras foram
obtido no ensaio padrão de compactação. consideradas um peso específico menor. O solo
As exigências de especificação para o Grau de natural foi considerado impermeável, pois seu
compactação variam conforme o tipo de obra e coeficiente de permeabilidade é extremamente
exigência de órgão contratante. baixo, devido ao baixo índice de vazios do solo.
Na Tabela 2 pode-se verificar que o Grau de Os cálculos para as análises da estabilidade
Compactação (GC) na profundidade de 1,10m é foram efetuados pelo software GeoStru Slope –
de 90,56% e do solo a 1,85m de profundidade, Estabilidade de Taludes, utilizando métodos de
89,93%. Estes resultados estão abaixo do equilíbrio limites pelo método de Fellenius
mínimo de 95% exigidos em projeto, e mostram (1936).
uma porosidade significativa do solo. Mesmo O coeficiente de segurança inserido é o
que na região não houvesse nenhuma estrutura recomendado pela NBR 11682:2009,
descarregando diretamente ao solo, havia a Estabilidade de encostas; sendo 1,5 para taludes
necessidade de uma melhor compactação, pois de terra. Foram também inseridos coeficientes de
cargas acidentais ou não previstas podem minoração para assim aumentar a confiabilidade
desencadear recalques. na obtenção dos resultados, sendo de 1,25 para a
tangente do ângulo de resistência ao cortante e
Tabela 2. Comparação dos resultados da compactação: coesão eficaz, e de 1,4 para coesão não drenada.
campo vs laboratório.
AM01 AM02 Tabela 3. Parâmetros empregados nas análises de
21,52 21,74 estabilidade dos taludes.
nat
kN/m³ kN/m³ Solo Camada Solo
CAMPO 18,43 18,66 Parâmetro
d Compactada Indeformado
kN/m³ kN/m³ nat (kN/m3) 20,5 22,0
W 16,74% 16,49 % sat (kN/m3) 22,5 22,6
20,35 20,75 28 30
dmáx (o)
LAB. kN/m³ kN/m³
Coesão (kPa) 40 50
Wót 11,05 % 10,75 %
Permeabilidade Permeável Impermeável
GC (%) 90,56% 89,93%

GEOCENTRO 2017, Goiânia/GO, Brasil.

Foram também consideradas duas cargas
concentradas, de intensidade 170 kN (17t),
distantes 1,20m e 2,80m respectivamente da
crista, representando um caminhão ou guindaste
com as patas de apoio, situado na Rua Gravataí.
A camada de aterro tem uma espessura inclinada
de 1,5m ao longo de todo plano inclinado.
Subjacente a camada de aterro, encontra-se o
solo saprolítico de filito no seu estado
indeformado. Para a análise, foi considerado NA
(nível de água do lençol freático) inexistente, ou
abaixo da cota considerada. Sua configuração
final, para análise determinística, é mostrada na
Figura 6.
Figura 6. Configuração final para análise
determinística - Talude da Rua Gravataí - H=3,0m,
i=1V:1H. Fonte: GeoStru-Slope, 2015.
6 RESULTADOS DAS ANÁLISES DE
ESTABILIDADE DO TALUDE
EXECUTADO
Para as análises dos casos dos taludes
definitivos, relativos à condição de segurança
no trabalho, na fase construtiva e na utilização
durante a vida útil do Várzea Grande
Shopping, foi adotado os critérios de
segurança previsto na NBR 11682/2009.
Para efeito de simulação, todas as
considerações já foram descritas no item 5
deste capítulo.
As análises de estabilidade global e local
também foram procedidas por simulações
determinísticas globais e locais utilizando o
método de Fellenius (1936).
O método de Fellenius (1936) considera a
superfície de ruptura como forma circular, e o
fator de segurança do talude é calculado
unicamente através do equilíbrio de
momentos, não levando em consideração as
GEOCENTRO 2017, Goiânia/GO, Brasil.
forças tangenciais e normais às paredes das
fatias. O fator de segurança crítico
corresponde ao de menor valor encontrado
para FS está expresso na Figura 7, onde se
obteve FS um valor igual a 1,35.
Figura 7. Análise do Talude na configuração de
execução. Cunha de Ruptura com menor coeficiente
de segurança, pelo método de Fellenius.
Fonte: GeoStru-Slope, 2015.
Os resultados das análises de estabilidade do
Talude, na Rua Gravataí, apresentam um fator de
segurança menor que 1,5, ou seja, menores que
o mínimo recomendado pela NBR 11682/2009,
podendo ser classificados como Taludes
Instáveis e com risco iminente de ruptura.
Os coeficientes de segurança apresentados,
são condicionados ao fato de que o solo não se
sature e se acumule pressão neutra no interior do
maciço. Se este fato ocorrer, há uma diminuição
ainda maior na segurança.
Vistos os problemas de estabilidade
apresentados, lança-se uma proposta técnica para
a solução definitiva do problema, a fim de que o
talude se tornasse estável e seguro, dentro dos
parâmetros das normas pertinentes para o caso.
7 PROPOSTA DE SOLUÇÃO TÉCNICA
A proposta para tornar o talude estável e seguro,
dentro do que recomenda a ABNT NBR
11682/2009, parte do princípio de construir uma
estrutura de reforço do maciço, onde este sistema
de reforço irá ajudar na contenção de terra e
absorção de carga móvel e acidental que possa
atuar na crista do talude.
Seguindo os mesmos parâmetros do solo e
carregamentos descrito na análise determinística
realizada anteriormente, e, inserindo uma linha
de estacas com =40cm. L=6m, com
distanciamento entre eixos de 1,20m e uma viga
de 50 x 50cm no topo, interligando as cabeças
das estacas, cuja configuração da seção
transversal pode ser visto na Figura 8.
Figura 8. Configuração do talude com o sistema de
reforço. Fonte: GeoStru-Slope, 2015.
Para efeito de simulação com o sistema de
reforço, os cálculos para as análises da
estabilidade foram efetuados pelo software SPW
– Cortinas atirantadas e acoplados ao
Estabilidade de Taludes. Também foram
adotados os métodos de equilíbrio limites de
Fellenius (1936).
O coeficiente de segurança mínimo obtidos
por Fellenius = 2,79, como mosta a superficie na
Figura 9. O fator de Segurança (FS) para o talude
com sistema de reforço é superior ao mínimo
recomendado pela ABNT NBR 11682/2009, de
FS = 1,5, atestando a segurança da solução.
Figura 9. Análise do Talude na configuração com sistema
de reforço. Fonte: GeoStru-Slope, 2015.
GEOCENTRO 2017, Goiânia/GO, Brasil.
8 CONCLUSÕES
A atenção central deste estudo foi de identificar
as causas do surgimento das patologias no
pavimento e no passeio da Rua “Gravataí”,
adotando medidas técnicas corretivas, onde o
problema possa ser solucionado de forma
definitiva.
Após as análises dos projetos do
empreendimento, da forma e desencadeamento
das patologias, estudos de interferência de rede
de água ou esgoto, do estado do solo que compõe
o maciço de terra e as simulações determinísticas
de segurança do talude, pode-se concluir que as
patologias advieram principalmente do solo mal
compactado. As sobrecargas na crista do talude,
apenas catalizaram para o desencadeamento todo
o processo patológico.
Fatores que contribuíram de forma relevante
para o desencadeamento do processo patológico,
foram:
a) Devido a rupturas locais do talude na fase
de escavação e conformação do talude, a
geometria final do talude foi concebida com solo
compactado, criando uma interface de maior
permeabilidade e uma linha de fluxo na junção
entre o solo compactado e o indeformado,
ocasionando o escorregamento lento entre as
duas camadas.
b) O aterro compactado que está
conformando a geometria do talude não foi
devidamente compactado, apresentando grau de
compactação GC em torno de 90%, sendo menor
que o mínimo recomendado de 95%. Lembra-se
ainda sobre a dificuldade prática em se
compactar trechos com alto grau de inclinação
de terra, sendo aí uma região de maior atenção.
c) As análises determinísticas da segurança
do talude por Fellenius – CS = 1,35, sendo
portanto, menor que o mínimo recomendado
pela ABNT NBR 11682/2009, de CS=1,5. O fato
de ter coeficientes de segurança menores do que
1,5, mas maiores que 1,0, não significa que o
talude vai romper de imediato, mas tem maior
probabilidade, onde qualquer interferência
externa, poderá desencadear o processo de
ruptura, sem com que este esteja com o mínimo
do grau exigido pela norma vigente.
d) No passeio (calçada), localizado na crista
do talude, não havia qualquer tipo de armação,
não sendo este pavimento, nem o talude
propriamente dito, preparado para receber as
altas cargas concentradas pelas patas dos
guindastes, como acontecido.
Para tornar o Talude estável e seguro, dentro
do que recomenda a ABNT NBR 11682/2009,
recomendou-se a execução de uma estrutura de
reforço do maciço, onde este sistema irá ajudar
na contenção de terra e absorção de carga móvel
e acidental que possa atuar na crista do talude.
Indicou-se para este tipo de reforço a
execução de estacas no interior do maciço de
terra, interligadas por uma viga de topo, bem
como a reconstrução da base do passeio,
compactando devidamente sua base e armando
sua estrutura para absorção de cargas acidentais,
como as patas dos guindastes.
Após a realização das recomendações
previstas neste estudo, os taludes analisados
podem ser considerados estáveis e seguros, não
comprometendo de qualquer forma a segurança
dos frequentadores do empreendimento e a
segurança definitiva do uso ao longo da vida útil
do empreendimento.

REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. (2009). NBR

11682 – Estabilidade de encostas. Rio de Janeiro.
_____(1988). NBR7182 – Ensaio de compactação. Rio
de Janeiro.
Migliorini, R. B. (1999). Geologia da Depressão
Cuiabana. Tese de doutorado ao Instituto de
Geociências da USP. 1999.
Fellenius, W. (1936). Calculation of the stability of earth
dams. Paper D-48, Proc. 2nd Congress on Large Dams,
paper D-48, pp. 445-463, Washington D.C.
Zanardo, B. F.. (2014). Análise de estabilidade de taludes
de escavação em mina de bauxita. Poços de Caldas:
2014. 36 fls. Universidade Federal de Alfenas–
Campus de Poços de Caldas, MG.
Futai, M.M.; Conciani, W.; Soares, M.M. (1998)
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Baixada Cuiabana. In: Cobramseg, 12. Brasília.
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Pires, R. R. e Ribeiro Junior, I. (2016). Estudo da
Resistência ao Cisalhamento dos Solos Residuais
Saprolíticos de Filito da Baixada Cuiabana. . In:
Cobramseg, 18. Belo Horizonte. Anais..., ABMS.

GEOCENTRO 2017, Goiânia/GO, Brasil.