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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Moreira, Tânia Lisete Oliveira


Vivência da sexualidade e apoio psicossocial do
doente oncológico
http://hdl.handle.net/10348/3246

Metadados
Data de Publicação 2014-07-24
Resumo Objetivo: O objectivo principal deste estudo é comparar indivíduos
com cancro e sem cancro ao nível das dimensões da satisfação da
relação sexual. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, quasi-
experimental, transversal, descritivo, e comparativo. Os dados foram
analisados através do programa informático Statistical Package for
the Social Science (SPSS), versão 21. A amostra foi constituída por
95 pessoas com cancro e 89 sem cancro, perfazendo um total de 184
participantes. Foi utilizad...
Objective: The aim of this study is to compare individuals with and
without breast cancer at the level of satisfaction dimensions of sexual
intercourse. Methodology: This is a quantitative, quasi-experimental,
transversal, descriptive and comparative. The data were analyzed using
the computer program Statistical Package for Social Science (SPSS),
version 21. The sample consisted of 95 people with cancer and 89 cancer-
free, making a total of 184 participants. Was used as one instrument
Questionn...
Palavras Chave Cancro, Sexualidade, Funcionamento sexual, Doença oncológica
Tipo masterThesis
Revisão de Pares Não
Coleções OLD - Dissertações de Mestrado

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http://repositorio.utad.pt
I

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Vivência da sexualidade e apoio psicossocial do doente


oncológico

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM
PSICOLOGIA CLÍNICA

Tânia Lisete Oliveira Moreira

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Orientador: Professor Catedrático José Jacinto Branco Vasconcelos-Raposo

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Vila Real, Julho de 2013


II

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

VIVÊNCIA DA SEXUALIDADE E APOIO PSICOSSOCIAL DO DOENTE


ONCOLÓGICO

Dissertação apresentada pela aluna Tânia Lisete Oliveira Moreira, na Universidade de


Trás-os-Montes e Alto Douro, para obtenção do grau de Mestre em Psicologia Clínica
sob orientação do Professor Catedrático José Jacinto Branco Vasconcelos-Raposo.

Vila Real, Julho de 2013


III

Agradecimentos

Ao meu orientador, José Vasconcelos-Raposo, por todo o apoio, rigor e exigência, que
teve ao longo de todo este projecto, assim como no percurso académico. Agradeço a
disponibilidade, a partilha e os conhecimentos fornecidos assim como a boa-disposição
e o à-vontade que permitiu a realização deste trabalho com grande motivação. Por tudo,
expresso o meu profundo agradecimento.

À minha orientadora de estágio, Dr. Márcia Mendes, que sempre se mostrou disponível
para me ajudar e permitiu a realização de um estágio enriquecedor, que muito contribuiu
para a minha formação académica e profissional. Agradeço, em particular, a ajuda
prestada neste projecto, assim como o apoio em todos os momentos deste ano.

Ao Instituto Português de Oncologia do Porto, por toda a simpatia e disponibilidade


com que me receberam.

A todos os participantes deste estudo, pois são a parte fundamental, sem a qual a
realização deste não seria possível.

Aos meus pais, por todo o esforço e apoio que me forneceram ao longo de toda a minha
vida. Agradeço tudo o que fizeram e as oportunidades que me forneceram.

Ao Tiago, agradeço o carinho, a disponibilidade e paciência que sempre teve comigo.


Obrigada por sempre acreditar em mim, e no incentivo que sempre me deu e permitiu
realizar este percurso.

A toda a minha família e amigos que de um modo ou de outro, sempre me apoiaram e


ajudaram a realizar este projecto.
IV

Resumo

Objetivo: O objectivo principal deste estudo é comparar indivíduos com cancro e sem
cancro ao nível das dimensões da satisfação da relação sexual.
Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, quasi-experimental, transversal,
descritivo, e comparativo. Os dados foram analisados através do programa informático
Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 21. A amostra foi constituída por
95 pessoas com cancro e 89 sem cancro, perfazendo um total de 184 participantes. Foi
utilizado como instrumento um Questionário sócio-demográfico, a Escala Reduzida de
Ajustamento Mental ao Cancro (Mini-MAC), a Escala de Satisfação com o Suporte
Social (ESSS) e o Questionário de Satisfação com o Relacionamento Sexual (QSRS).
Resultados: Verificam-se diferenças estatisticamente significativas entre o grupo
experimental e o grupo de controlo, sendo que indivíduos com historial de doença
oncológica apresentam valores mais baixos (17.93 ± 9.67) ao nível do funcionamento
sexual, comparativamente com os indivíduos sem historial de doença oncológica (30.19
± 4.2).
Conclusão: Verifica-se a influência negativa que o cancro tem ao nível da satisfação
com a sexualidade nomeadamente ao nível do funcionamento sexual.

Palavras-chave: cancro, sexualidade, funcionamento sexual, doença oncológica


V

Abstract

Objective: The aim of this study is to compare individuals with and without breast
cancer at the level of satisfaction dimensions of sexual intercourse.
Methodology: This is a quantitative, quasi-experimental, transversal, descriptive and
comparative. The data were analyzed using the computer program Statistical Package
for Social Science (SPSS), version 21. The sample consisted of 95 people with cancer
and 89 cancer-free, making a total of 184 participants. Was used as one instrument
Questionnaire Socio-demographic Scale Reduced Mental Adjustment to Cancer (Mini-
MAC), the Scale of Satisfaction with Social Support (ESSS) and Satisfaction
Questionnaire with the Sexual Relationship (QSRS).
Results: Are there significant differences between the experimental group and the
control group, whereas individuals with a history of malignant disease have lower
values (17.93 ± 9.67) to the level of sexual functioning compared with individuals with
no history of malignant disease (30.19 ± 4.2).
Conclusion: There is a negative impact that cancer has on the level of satisfaction with
sexuality particularly in terms of sexual functioning.

Keywords: cancer, sexuality, sexual functioning, malignant disease


VI
VII

Introdução

Com uma taxa superior a 20%, a doença oncológica é uma das maiores causas
de morte do nosso país (Araújo et al., 2009; Instituto Nacional de Estatística, 2012). A
par de outros países em todo o mundo, o cancro é responsável por um elevado número
de mortes, no entanto, são cada vez mais o número de sobreviventes que esta doença
tem (Siegel et al., 2012).
O processo de adoecer é longo e acarreta diversas alterações em muitas
dimensões do indivíduo. Tanto a componente física como psicológica, assim como a
dimensão social sofrem alterações que comprometem o funcionamento pleno do
individuo (Elsner, Trentin, & Horn, 2009; Marcon, Radovanovic, Waidman, Oliveira, &
Sales, 2005).
Uma das dimensões mais afectadas é a sexualidade e todas as consequências que
advém de uma insatisfação nesse domínio (Gianini, 2004; Serrano, 2005; Valério,
2007). Os tratamentos e as mudanças na imagem corporal são os aspectos que mais
influenciam a vivência plena de uma sexualidade plena e satisfatória (Gianini, 2004;
Melisk, Goldman, & Rugo, 2010).
A par destas alterações que o paciente vivencia, tanto o conjugue como a família
e amigos são, muitas vezes, parte integrante de todo este processo e também partilham
dos medos e incertezas que a doença traz (Souza & Santo, 2007).
O apoio psicossocial fornecido por estes é essencial, e tem vindo a demonstrar
efeitos benéficos nos pacientes (Novotny et al., 2010).
Este apoio fornece aos pacientes um suporte para que enfrentem a doença de um
modo mais positivo e pro-activo, vendo assim aumentados os níveis de ajustamento
mental à doença, o que proporciona maiores níveis de qualidade de vida (Mehnert at al.,
2012).
Este projeto revela a sua importância, devido ao número elevado de indivíduos
que padece desta doença (Barbaric, Brooks, Moore, & Cheifetz, 2010). Uma vez que a
dimensão da vivência sexual ser bastante afetada, torna-se pertinente o estudo da mesma
nestes pacientes. O facto de ser uma dimensão de cariz bastante íntimo e os pacientes
encontrarem-se numa fase mais delicada da sua vida, apela à exigência de um cuidado
por parte dos profissionais que trabalham com esta população.
VIII
IX

Índice

Agradecimentos………………………………………………………………………...III
Resumo…………………………………………………………………………………IV
Abstract…………………………………………………………………………...……..V
Introdução………………………………………………………………………..……VII
Índice…………………………………………………………………………………...IX

Parte 1 – Enquadramento Teórico……………………………………………………….1


Revisão da Literatura……………………………………………………………………3
1. Cancro e doenças crónicas – Epidemiologia…………………………………….3
2. Doença oncológica – aspeto psicológico……………………….………………..7
3. Fatores de risco da doença oncológica…………………………………………..8
4. Cancro e tratamentos – efeitos secundários……………………………………..9
5. Sexualidade e doença oncológica………………………………………………12
5.1. Efeitos da doença oncológica na vivência da sexualidade……...……....12
5.2. Doença oncológica e alterações físicas no âmbito da sexualidade...…...12
5.3. Doença oncológica e relações afectivas……....………………………...15
6. Apoio psicossocial na doença oncológica……………………………………...18
6.1. Família e doença oncológica……………………………………...…….19
6.2. Papel do conjugue na doença oncológica…………..…………………..19
7. Ajustamento mental à doença…………………………………………………..21

Parte 2 – Estudo empírico………………………………………………………………25


1. Metodologia…………………………………………………………………….27
1.1. Tipo de investigação…………………………..…………….………….27
1.2. Amostra………………………..……………………………….…….…27
1.3. Instrumentos utilizados…………………….….………………………..28
1.4. Procedimentos estatísticos……………….….………………….………30
1.5. Procedimentos éticos……………………..……………………….……30
1.6. Operacionalização e recolher dos dados………………………………..31
2. Resultados………………………………………………………………………33
2.1. Sexo e idade ao nível da sexualidade………………...…………………33
2.2. Estado civil e satisfação com a sexualidade e suporte social……….…..34
X

2.3. Grupo de controlo e grupo experimental e sexualidade…...……………36


2.4. Comparação por diferentes tipos de cancro ao nível da sexualidade…...37
2.5. Comparação por tempo de diagnóstico…...……………………...….….38
2.6. Comparação por tipo de tratamento…………………………......….…..38
2.7. Mudanças na imagem corporal e sexualidade……………………....…..40
2.8. Grupo de controlo e grupo experimental e suporte social………..….…42
2.9. Correlação suporte social e sexualidade…..…………………………....43
2.10. Correlação ajustamento mental à doença e sexualidade………………..44
2.11. Correlação ajustamento mental à doença e suporte social………….…..45
3. Discussão……………………………………………………………………….47
3.1. Idade e sexo ao nível da sexualidade…………..……………………….47
3.2. Estado civil e satisfação com o suporte social e sexualidade..………....48
3.3. Grupo de controlo e grupo experimental e sexualidade…..…………...50
3.4. Diferentes tipos de cancro e sexualidade..……………………………...51
3.5. Tempo de diagnóstico e nível de sexualidade……..…………………....53
3.6. Tipos de tratamento e nível de sexualidade………..……………..…….55
3.7. Alterações na imagem corporal e sexualidade……………..………..….58
3.8. Grupo de controlo e grupo experimental e suporte social…….………..59
3.9. Satisfação com o suporte social e sexualidade………...……………….60
3.10. Ajustamento mental à doença e sexualidade……………………………61
3.11. Ajustamento mental à doença e suporte social…………………………63
4. Conclusão………………………………………………………….…………...67
5. Referências Bibliográficas……………………………………………………...69
6. Anexos………………………………………………………………………….85
6.1. Pedido de autorização de recolha da amostra……………………..……85
6.2. Consentimento informado dos participantes…………………...……….87
6.3. Questionário…………………………………………………………….89
1

Parte 1

Enquadramento Teórico
2
3

Revisão da literatura

1. Cancro e doenças crónicas - Epidemiologia

A doença oncológica atinge milhões de pessoas em todo o mundo, e actualmente


este número já vai em cerca de 25 milhões, sendo estimado ser responsável por cerca de
13 % das mortes em todo o mundo no ano de 2008 (Barbaric et al., 2010). Este facto vai
de encontro às diretrizes da OMS, que estima que no ano de 2030 esta enfermidade seja
responsável por 13.1 milhões de mortes (World Health Organization, 2013).
O cancro do pulmão é o que demonstra possuir uma maior prevalência de mortes
com cerca de 1.37 milhões, seguida do cancro do estômago, fígado e colorectal, com
736000, 695000 e 608000 mortes respetivamente. O cancro de mama apresenta uma
prevalência de 458000 mortes, sendo que o cancro cervical, é apontado como sendo
responsável por 275000 mortes (World Health Organization, 2013).
Em Portugal esta doença ocupa o segundo lugar nas maiores causas de morte
(Araújo et al., 2009), sendo que em 2001, o cancro teve uma taxa de mortalidade de
21,3% (Barros & Lunet, 2006).
Em 2009, 23,2% das mortes em Portugal foram causadas por tumores malignos,
o que denota uma estabilidade, mas com um ligeiro aumento no número de mortes
desde 1990 (Instituto Nacional de Estatística, 2012).

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (2012), em Portugal, no


ano de 2009, houve 24397 mortes devido a tumores malignos, sendo que os que
registaram o maior número de mortes foram o pulmão, laringe, traqueia e brônquios,
com 3833 mortes, seguido do cólon com 2590. O cancro do estômago foi responsável
por 2381 mortes, o da próstata obteve um número de mortes de 1716, seguido do cancro
da mama com 1635 e do cancro do pâncreas com 1200 mortes. O cancro do reto e ânus
registou 1058 mortes.

São de assinalar algumas diferenças estatisticamente significativas em relação à


faixa etária, uma vez que se denota a existência de um aumento na prevalência de
cancro com a idade.
4

Estima-se que a prevalência do cancro em geral, no sexo feminino, e na a faixa


etária dos 60 aos 79 possua uma incidência de cerca de 47%, e no sexo masculino a
prevalência é de cerca de 55% para a mesma faixa etária (Siegel et al, 2012).
Estes valores vão de encontro ao estudo de Jemal et al., (2009), que afirmam que o
cancro em geral, é a principal causa de morte em mulheres entre os 40 e os 79 anos, sendo que
nos homens esta faixa etária é compreendida entre os 60 e 79 anos.

Segundo Ram et al., (2011), o cancro oral também apresenta uma maior
incidência nesta faixa etária, e o cancro nos olhos também manifesta uma maior
prevalência em pessoas a partir dos 60 anos, com cerca de 46,3%, sendo que a maioria
destes pacientes é do sexo masculino (Emmanuel et al., 2012).
O cancro de mama, no sexo feminino é mais prevalente no período da pós
menopausa, sendo que no Reino Unido a idade mais prevalente nas mulheres
caucasianas é 67 anos. No entanto, em mulheres africanas existe uma variação na idade,
sendo que a idade média é de 48 anos (Abdulrahman & Rahman, 2012).

Apesar desta doença, muitas vezes conduzir à morte, cada vez mais a taxa de
sobreviventes aumenta, muito em parte, devido aos avanços tecnológicos e da medicina,
que permite que a esperança média de vida aumente (Siegel et al, 2012). A taxa de
mortalidade tem sofrido um decréscimo, nomeadamente entre 1990 e 2005, onde as
taxas de mortalidade diminuíram cerca de 19,2% nos indivíduos de sexo masculino e
cerca de 11,4% no sexo feminino. Este factor deve-se muito em parte à menor taxa
apresentada pelos principais cancros que afectam cada um dos sexos, sendo eles o
cancro do pulmão, mama, próstata e colorectal (Jemal et al., 2009).

Estima-se que nos Estados Unidos da América incida uma elevada prevalência
de cancro. É estimado que cerca de 13.7 milhões de pessoas sejam sobreviventes desta
efemeridade no início de 2012 e que esse valor aumente para cerca de 18 milhões em
2022 (Siegel et al, 2012).

Em relação ao sexo, evidencia-se a existência de diferenças em relação aos tipos


de cancro de sobreviventes do mesmo.
Existem diferenças nas taxas de sobrevivência em relação ao sexo. O cancro da
próstata, com cerca de 43%, o colorectal, com cerca de 9% e o melanoma de pele com
5

7%, são os tipos de cancro com maior taxa de sobreviventes do sexo masculino. (Siegel
et al, 2012).
Por sua vez, no sexo feminino é o cancro da mama (Abdulrahman et al., 2012),
com uma taxa de 41% e o do colón e o uterino, com 8% cada, que apresentam as
maiores taxas de sobreviventes (Siegel et al, 2012).

Em Portugal, os dados mostram-se coadunantes, sendo que em 2002, os cancros


no sexo feminino com maior ocorrência foram o cancro da mama, o do cólon e recto e
também o do útero e estômago. O cancro de mama foi o que teve um maior índice de
mortalidade, seguido do cólon e recto e estômago (Barros et al., 2006).
No sexo masculino, houve uma maior incidência do cancro da próstata, seguido
do cancro do cólon e recto, do pulmão, estômago e bexiga. O maior número de mortes
foi registado no cancro do pulmão, seguido do cancro da próstata, colon e recto e
estômago que apresentaram taxas de mortalidade similares (Barros et al., 2006).

Estima-se que esta tendência se mantenha nos próximos 10 anos, sendo que em
2022 é esperado que em indivíduos com o cancro da próstata aumente a sua taxa de
sobrevivência, passando para 45%, correspondendo a 3.922.600 sobreviventes, num
total de 8.796.830. Em relação ao sexo feminino as taxas mantêm-se em relação ao
presente ano, sendo que se estima a existência de 9.184.559 sobreviventes de cancro em
geral (Siegel et al., 2012).

Assim sendo, desenvolver estratégias capazes de ajudar aqueles que vivenciam e


sobrevivem a uma doença deste foro é imperativo, pois toda esta experiência
angustiante acarreta mudanças no indivíduo, e por isso é necessário promover melhoras
na qualidade de vida destes (Matos & Pereira, 2005; Elsner et al, 2009).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de saúde é


entendido como um pleno estado, não só de bem-estar físico, como também mental e
social. Assim sendo, quando alguém recebe um diagnóstico que demonstra padecer de
uma enfermidade é necessário que os profissionais tenham em conta todas estas
dimensões (Elsner et al., 2009).
6

Neste sentido as doenças crónicas possuem um elevado relevo nas questões da


saúde, uma vez que são doenças prolongadas no tempo, por vezes com um prognóstico
de incurável, e como tal acarretam diversas implicações na vida dos que padecem destas
(Vieira & Lima, 2002).
As doenças crónicas ocupam um lugar de destaque como causas de morte, cerca
de 58,5%, sendo que 45,9% é a taxa representativa de perda de qualidade de vida
saudável (Monteiro et al., 2005). O mesmo é afirmado pela OMS, que indica que cerca
de 63% das mortes a nível mundial são devidas a doenças crónicas, representando cerca
de 36 milhões de mortes no ano de 2008 (World Health Organization, s.d.a).
Este facto coaduna-se com a prevalência deste tipo de doença aumentar cada vez
mais na faixa etária mais jovem, prevendo-se que em 2020, cerca de 80% das doenças,
sejam originadas por estas doenças crónicas, nomeadamente nos países considerados em
desenvolvimento (Marcon et al., 2005).

Por vezes, estas doenças crónicas surgem em comorbidade. As complicações


que podem decorrer ao longo dos tratamentos de uma patologia podem dever-se ao
facto de coexistirem outras. Exemplo disso é a diabetes tipo 2 e diferentes tipos de
cancro, onde se verifica uma maior taxa de mortalidade em todas as faixas etárias até
aos 90 anos (Chiou, Hwang, Hsu, & Lin, 2012). A diabetes, doenças cardíacas, doenças
respiratórias crónicas, o cancro, entre outras, são exemplo deste tipo de enfermidade que
afeta milhares de pessoas em todo o mundo e, condiciona a qualidade das suas vidas em
diversas dimensões. A qualidade de vida, não se cinge à ausência de doença. Reporta-se
também a capacidade de viver de forma satisfatória, e possuir condições para atingir e
incrementar as suas potencialidades (Minayo, Hartz, & Buss, 2000).

Estas doenças, devido à sua perpetuação no tempo, acarretam diversas fases.


Estas, segundo Rolland (1995), denominam-se fase da crise, que diz respeito à fase de
diagnóstico e parte inicial de tratamento, a fase crónica, que se coaduna com a
manutenção da doença, à sua progressão ou remissão, e em alguns casos, surge a fase
terminal, que vai desde a tomada de consciência da possibilidade de morte, até esta
acontecer.
Neste sentido, diversas alterações surgem, tanto para o paciente, a nível de
tratamentos, cuidados a ter, limitações que vão surgindo, como para a família, ou grupo
7

de suporte que o paciente tem e que o vai acompanhando ao longo da doença (Marcon
et al., 2005; Vieira et al., 2002).

Os pacientes, independentemente da faixa etária em que se encontram deparam-


se com alterações significativas nas suas vidas. Muitas vezes os períodos de
hospitalização, assim como as condicionantes decorrentes da sua condição física e
psicológica, denotam de uma grande necessidade de suporte e capacidade de resiliência.
Não só nos adultos, como nas crianças, estas vulnerabilidades podem provocar
desequilíbrios em diversas dimensões da esfera física, como também psicológica do
indivíduo.
As dimensões familiares e sociais ressentem-se no sentido em que todas as
modificações resultantes da condição médica, são refletidas nos cuidadores informais
que convivem de perto no quotidiano dos mesmos (Castro & Piccinini, 2002). Os
cuidadores também necessitam de uma readaptação constante à realidade atual, o que
vai provocando um desgaste emocional elevado (Marcon et al., 2005; Vieira et al.,
2002). A família destaca-se, assim, como sendo o apoio imediato que se encontra ao
alcance destes pacientes e como tal, acumula funções como as de cuidador, para além
das funções de suporte desempenhadas anteriormente à doença (Marcon et al., 2005).

2. Doença oncológica- aspeto psicológico

Uma das doenças crónicas mais prevalentes em todo o mundo é o cancro.


Esta define-se como sendo um crescimento de células de um modo não
controlado, em diversas partes e órgãos do corpo, originando as metásteses (World
Health Organization, 2013).
É por excelência uma doença temerária e que por diversas vezes, em todas as
fases da mesma, acarreta perdas e danos para os indivíduos, sendo estas tanto a nível
físico como também na esfera psicológica (Elsner et al, 2009).

Destaca-se que a literatura demonstra que para além da condição física em que o
paciente se encontra, a componente psicológica tem um grande relevo no doente
oncológico. Sintomatologia depressiva e ansiosa, são as mais prevalentes nestes
pacientes (Pereira & Lopes, 2005) comprometendo assim a qualidade de vida e o bem
estar psicológico dos mesmos (Rajandram et al., 2011).
8

A sintomatologia depressiva revela-se em sentimentos de inutilidade, apatia,


baixa auto-estima, acompanhado de tristeza, onde há uma diminuição de sentimentos
positivos e menor interação em actividades sociais. O facto de sentirem-se inúteis e que
são uma preocupação que exige cuidados adicionais por parte da sua família incrementa
sentimentos de culpabilidade e, por vezes, uma desesperança em relação ao futuro. A
ansiedade sentida por estes pacientes relaciona-se com todas as incertezas que esta
doença acarreta, pela angústia e pelo receio de não sobreviver (Pereira et al., 2005).

Neste sentido têm sido realizadas investigações que demonstram que o otimismo
e a esperança ajudam em todo o processo da doença. O otimismo refere-se à crença e
expectativa em acontecimentos e resultados positivos. Por sua vez, a esperança alude a
um estado motivacional positivo, tanto para alcançar o objetivo como no processo do
mesmo (Rajandram et al., 2011).

3. Fatores de risco da doença oncológica

A doença oncológica tem uma natureza multifactorial, sendo que os fatores de


ordem genética possuem um papel determinante na mesma, no entanto, o meio também
desempenha um importante contributo para o desenvolvimento das mesmas. Denota-se
que os maus estilos de vida e comportamentos alimentares inadequados são aspetos que
contribuem em grande parte para o desenvolvimento desta doença. Um elevado índice
de massa corporal, o baixo consumo de alimentos como verduras, frutas e legumes, o
tabagismo e consumo de álcool a par de uma vida sedentária, são fatores que
contribuem para cerca de 30% das mortes por cancro (World Health Organization,
2013).

Infeções crónicas também contribuem para o desenvolver desta doença,


principalmente em países com baixos recursos económicos (World Health Organization,
2013), uma vez que estes não têm os mesmos acessos a cuidados de saúde.

Os fatores de risco são comuns na maioria das neoplasias, sendo que o consumo
de álcool e tabaco são preponderantes nos cancros do pulmão, esófago, boca e faringe,
mama e colo do útero (Guerra, Gallo, & Mendonça, 2005).O tabaco também é
9

considerado um factor de risco para o cancro gástrico (Dhalla, Silva, Lucas, Travis, &
Chapel, 2011) e também para o cancro cervical (Fonseca-Moutinho, 2011).
Os hábitos alimentares deficitários ou excessivos também contribuem para o
desenvolvimento do cancro do pulmão, estômago, cólon e recto assim como do cancro
de mama (Guerra, et al., 2005). O excessivo consumo alimentar e consequente
obesidade tem um risco mais elevado, cerca de 69%, de desenvolvimento da doença
oncológica. Por sua vez, a subnutrição eleva o risco de cancro em cerca de 29%
(Chaves, Boléo-Tomé, Monteiro-Grillo, Camilo, & Ravasco, 2010).
Tanto a obesidade como o défice nutricional, são condicionantes nos pacientes
oncológicos, na medida em que o seu estado nutricional acarreta implicações negativas,
como o tempo de recuperação, no tratamento e prognóstico, qualidade de vida e até na
taxa de sobrevivência (Chaves et al., 2010).
Estes são aspetos passíveis de serem alterados, uma vez que os indivíduos
podem alterar este conjunto de comportamentos e ter comportamentos de prevenção, de
modo a evitar o aparecimento de doenças (Cestari, 2005), nomeadamente ao nível da
vacinação, do cuidado na exposição solar, assim como na realização de exames médicos
regulares e de rastreio para que possam ser detetados o mais precocemente possível
(World Health Organization, 2013).

A prática regular de exercício também se mostra uma medida preventiva eficaz


assim como ajuda na recuperação destes doentes na fase de pós tratamento, uma vez que
permite melhorar o nível funcional mais rapidamente (Barbaric, et al., 2010; Elsner, et
al., 2009; Pinho & Coutinho, 2007)

4. Cancro e tratamentos - efeitos secundários

No tratamento da doença oncológica são utilizadas terapêuticas que acarretam


efeitos colaterais bastantes significativos e que comprometem a qualidade de vida dos
indivíduos, nas mais diversas vertentes. Os tratamentos mais utilizados são a cirurgia, a
quimioterapia, bem como a radioterapia (World Health Organization, 2013).

Um dos efeitos negativos mais prevalentes nestes pacientes é a fadiga.


(Battaglini, et al., 2006; Diettrich, Miranda, Honer, Furtado, & Corrêa Filho, 2006;
Ishikawa, Derchain, & Thuler, 2005; McAuley, White, Rogers, Motl, & Courneya,
10

2010; Siegel et al., 2012). Elevadas taxas deste efeito negativo são mencionadas,
variando até valores superiors a 90%, sendo que os estudos mostram-se unanimes ao
referir que a fadiga aumenta nos periodos de tratamento de radioterapia e quimioterapia
(Diettrich et al., 2006; Ishikawa et al.,2005). Salienta-se que em tratamentos de
quimioterapia a fadiga é o efeito adverso mais presente, com cerca de 95% (Diettrich et
al., 2006).

A fadiga, nesta situação caracteriza-se por ser uma fadiga crónica, que se
prolonga mesmo após o término dos tratamentos, estando presente em cerca de 17% a
26% dos sobreviventes oncológicos. O exercício físico, nomeadamente o exercício
moderado, mostra-se eficaz na redução dos níveis de fadiga (Siegel et al., 2012;
Diettrich et al, 2006).

Salienta-se que outro efeito colateral é a redução da densidade óssea,


nomeadamente em indivíduos que realizaram quimioterapia e terapia de privação de
androgéneo, o que consequentemente promove um aumento no número de fracturas por
parte destes (Siegel et al, 2012).

Doenças cardiovasculares também se encontram presentes no vasto leque de


efeitos adversos no tratamento do cancro, sendo que os tratamentos de radioterapia e
quimioterapia são os que mais contribuem para este facto (Siegel et al, 2012).

A disfunção pulmonar, em pacientes com cancro do pulmão também é outro


efeito secundário, que pode perdurar e progredir durante anos, de forma assintomática.
(Siegel et al, 2012).

A infertilidade, encontra-se presente tanto em pacientes do sexo masculino como


feminino (Siegel et al, 2012). Pode dever-se a cirurgias, quimioterapia ou radioterapia,
que possuem efeitos nefastos nos ovários, e que podem conduzir a amenorreias
temporárias, menopausa precoce, falência dos ovários, assim como a uma maior
probabilidade de abortos espontâneos e problemas pré, pós e perinatais (Siegel et al,
2012). Também pode levar, no sexo masculino a problemas a nível da qualidade e
produção de esperma e a disfunções hormonais, muito em parte devido a cirurgia ou
radioterapia (Siegel et al.,2012).
11

Indivíduos jovens, entre os 25 e 45 anos, do sexo masculino, apresentam


menores níveis de qualidade do funcionamento sexual, sendo que os níveis de
testosterona se relacionam com o défice no funcionamento sexual apresentado pelos
mesmos (Greenfield et al., 2010).

A sexualidade é uma das áreas fortemente afetada pelos tratamentos à doença


oncológica. No sexo masculino, cerca de 80% dos sobreviventes, principalmente
indivíduos com cancro de próstata que realizam prostectomia, radioterapia ou terapias
hormonais, apresentam disfunção sexual, sendo que a queixa mais prevalente é a de
disfunção eréctil (Siegel et al, 2012).
Por sua vez, no sexo feminino, o cancro de mama e o ginecológico são os que
acarretam mais queixas a este nível (Siegel et al, 2012).
A imagem corporal negativa e a fadiga são também apontadas como causas para
a disfunção sexual, sendo que ambos referem uma diminuição no apetite sexual (Siegel
et al, 2012).

Denota-se que a dor, nomeadamente a dor crónica, é prevalente nestes pacientes.


Cerca de 59% dos pacientes que se encontram em tratamento e 33% que já
terminaram os mesmos apresentam queixas de dor, sendo que a maior percentagem,
cerca de 64%, está entre os pacientes que se encontram numa fase avançada da doença.
Este efeito adverso pode dever-se a cirurgia, quimioterapia e tratamentos de
radiação que danificam as células nervosas e por conseguinte provocam dor crónica.
(Siegel et al, 2012).

Pode-se assim verificar que tanto os tratamentos, como os efeitos secundários


que advêm destes, acarretam efeitos bastante negativos nos indivíduos, tanto na esfera
emocional, quanto psicológica e cognitiva (Alegrance, Souza, & Mazzei, 2010), assim
como a nível físico e funcional (Mina, et al., 2010) onde a vertente sexual também
possui o seu relevo.
Todas estas alterações conduzem a uma diminuição da qualidade de vida destes
pacientes (Greenfield et al., 2010), sendo este um período vivido com angústia por parte
dos pacientes e com o receio de uma recidiva, que é relatada por cerca de 60% dos
pacientes ao longo do primeiro ano após o término dos tratamentos. (Siegel, et al.,
12

2012). Deste modo a dimensão da sexualidade é afectada na medida em que os


pacientes não conseguem desfrutar de uma relação de caracter mais íntimo.

5. Sexualidade e doença oncológica

A sexualidade é uma dimensão do ser humano essencial e que, tal como afirma a
OMS, não se resume a ausência de doença ou disfunção (World Health Organization,
s.d.b). A sexualidade é parte integrante da saúde humana, assim como os estados de
bem-estar e de qualidade de vida. Assim sendo, quando esta fica comprometida, todo o
indivíduo recente essa dificuldade.

Importa referir que a sexualidade não se cinge ao acto sexual físico. A


sexualidade engloba todos os factores que permitem vivenciar esta dimensão na sua
plenitude (Santos, 2011).

5.1. Efeitos da doença oncológica na vivência da sexualidade

A qualidade de vida dos enfermos adopta diversas dimensões, onde a


sexualidade não pode ser negligenciada. Esta dimensão tem vindo a ser estudada com
mais profundidade, no entanto ainda não é muito considerada no que diz respeito ao
aconselhamento profissional a estes pacientes, embora haja repercussões na dimensão
sexual do paciente, tanto pela própria patologia como pelos efeitos dos tratamentos
recebidos por estes (Serrano, 2005; Valério, 2007).

5.2. Doença oncológica e alterações físicas no âmbito da sexualidade

A diminuição do apetite sexual ao longo de tratamento é comum em ambos os


sexos. Devido aos tratamentos recebidos, como quimioterapia, radioterapia, cirurgias ou
terapias hormonais. alterações físicas são sentidas pelo indivíduo que propiciam esta
diminuição da líbido e, onde é comum as pessoas sentirem fadiga, fraqueza e náuseas
(Gianini, 2004).
No sexo feminino a dor na relação sexual, a diminuição da líbido e a secura
vaginal (Melisk et al., 2010) são efeitos bastante comuns, assim como problemas de
13

erecção nos homens que recebem tratamento na zona pélvica como na próstata, na
bexiga, entre outros (Gianini, 2004).
O facto de haver alterações a nível hormonal e por vezes verificarem-se
alterações físicas contribui para que o desejo sexual diminua e que por essa razão a
frequência de atividade sexual também decresça (Valdivieso, Kujawa, Jones, & Baker,
2012).
As pacientes com cancro em áreas ginecológicas e os indivíduos com cancro de
próstata sofrem danos em regiões anatómicas que propiciam uma maior possibilidade de
disfunção sexual e infertilidade. Este facto deve ser tido em conta pelos profissionais de
saúde, uma vez que é possível minimizar as consequências da infertilidade através da
conservação de óvulos, a preservação do tecido dos ovários e a menor incidência de
quimioterapia nessa região quando possível, assim como, no caso masculino, realizar
colheitas de sémem, para que no futuro estes pacientes possam assegurar a sua
reprodução (Valdivieso et al., 2012).

A evidência empírica mostra que toda esta situação interfere diretamente ao


nível da sexualidade dos sujeitos, tanto a nível físico quanto emocional. Não conseguir
manter a relação sexual, ter disfunção eréctil, assim como dor na relação sexual,
diminuição da líbido, são alguns exemplos das consequências que o cancro tem nos
indivíduos.
Mesmo quando os efeitos não são visíveis em termos físicos, as mazelas
emocionais impedem o funcionamento pleno desta dimensão, que pode acompanhar o
doente desde a fase de diagnóstico (Flynn, et al., 2011).
Mesmo nesta fase inicial de diagnóstico como antes de iniciar os tratamentos,
pacientes revelam que sentem alterações na sua imagem corporal e nas suas relações
sexuais, o que provoca alterações negativas nos seus relacionamentos (Sacerdoti,
Lagana, & Koopman, 2010)
O grave humor deprimido, sintomas da menopausa e problemas com a imagem
corporal mostram-se importantes preditores de problemas sexuais (Peréz et al., 2010).
A perda de cabelo, o aumento de peso, e cicatrizes são exemplo de
consequências comuns que têm efeitos negativos a nível emocional e que interferem
significativamente na dimensão sexual e na intimidade dos mesmos (Flynn et al., 2011).
14

A remoção de determinada parte do corpo ou desfigurações, na maior parte das


vezes através da cirurgia, acarreta um desequilíbrio da sua autoimagem o que pode
conduzir a uma alteração na sua esfera sexual (Barbosa, 2008). Mulheres com cancro de
mama que receberam tratamento com cirurgia em que não realizaram mastectomia,
mostram maior interesse sexual, e uma maior actividade sexual em comparação com
mulheres mastectomizadas que mostram menores sentimentos de atração sexual (Peréz,
et al., 2010).
Os tratamentos para a doença oncológica comportam diversas alterações naquilo
que é o quotidiano dos pacientes e onde se ressalta que as mudanças físicas, conduzem a
que muitas vezes os pacientes sintam a sua imagem corporal afetada e onde a disfunção
sexual se encontra por diversas vezes presente. Por consequente pode, por vezes, reduzir
a autoestima e ter um elevado impacto nas relações. (Flynn et al., 2011; Greenfield et
al., 2010; Ramirez et al., 2009; Sacerdoti et al., 2010).

A diminuição do desejo sexual, dificuldades de excitação, ou seja, na ereção e na


lubrificação, não conseguir atingir o orgasmo ou ejacular, ou fazê-lo precocemente,
assim como sentir ansiedade em relação ao ato sexual, dor ou não conseguir ter uma
relação satisfatória são problemáticas prevalentes nesta população (Hill et al., 2011). Os
indivíduos com idades compreendidas entre os 50 e os 64 anos são os que referem mais
problemas a nível da sexualidade (Harden, Northouse, Cimprich, Pohl, & Kershaw,
2008), no entanto são os que recebem uma menor atenção por parte dos profissionais de
saúde, nessa temática (Lindau, Surawska, Paice, & Baron, 2011).
Mulheres com cancro de mama, também salientam que após a realização dos
tratamentos a dimensão da sexualidade ressentiu-se, sendo que o facto de haver
alterações da fisionomia, muitas vezes a mastectomia, ressalta sentimentos de perda da
feminilidade, de cariz sexual como também na área da maternidade (Elsner et al, 2005;
Gianini, 2004; Ramirez et al., 2009). A desvalorização da aparência resulta numa maior
insatisfação sexual, sendo que as características da relação anterior aos tratamentos
também desempenham um papel fundamental (Ramos & Patrão, 2005).

Toda esta sucessividade de alterações propicia um sofrimento emocional para


estes pacientes e deve ser tomado em consideração pelos profissionais de saúde que
trabalham diretamente com estes pacientes (Fortune-Greeley, et al., 2009). Por vezes, os
pacientes não têm acesso à informação mais adequada, como tal os profissionais de
15

saúde necessitam de ter conhecimento e abordar a questão da sexualidade, as


implicações que os tratamentos acarretam e apoiar os pacientes nesta dimensão da sua
vida (Hill et al., 2011). Por vezes, estes profissionais não abordam a questão da
sexualidade por falta de conhecimento da importância que possui, e como tal esta
necessidade deixa de ser tida em consideração, pois muitas vezes nem é abordada
(Lindau et al., 2011).

Embora numa fase inicial, a questão da sexualidade não seja prioritária, uma vez
que tudo se concentra no evitar danos superiores e a própria morte, posteriormente esta
dimensão afeta a qualidade de vida dos pacientes, pois a disfunção sexual encontra-se
associada a sentimentos de angústia em ambos os sexos, assim como sintomas
depressivos e ansiedade (Flynn et al., 2011; Zebrack, Foley, Wittmann, & Leonard,
2010). Esta dimensão não é amplamente abordada pelos profissionais de saúde, mas os
pacientes sentem a necessidade de a implementar nos apoios recebidos. Estes
percepcionam a sexualidade como sendo um tema difícil e muito íntimo, mas
demonstram interesse em abordar o tema (Lindau et al., 2011; Sacerdoti et al., 2010).
Em pacientes com cancro de mama denota-se que ao longo dos primeiros anos
estes vão tendo mais problemas ao nível da atração, interesse e prazer sexual, e
consequentemente, uma diminuição da satisfação com a sua vida sexual (Peréz et al.,
2010).
Sentimentos de perda de identidade sexual e de atratividade sexual são alguns
dos elementos que propiciam a perda da própria motivação para a relação sexual (Flynn
et al., 2011; Hill et al., 2011).

5.3. Doença oncológica e relações afetivas

Para além das dificuldades físicas sentidas pelos pacientes oncológicos na


relação sexual, todos os aspetos anteriormente referidos propiciam a que as próprias
relações afetivas se ressintam. Comportamentos afetivos, como o beijar, abraçar, andar
de mão dada entre outras manifestações de carinho por parte destes é fulcral para o
bem-estar e equilíbrio da dimensão da sexualidade dos mesmos (Flynn et al., 2011).
A experimentação de afeto positivo torna-se fundamental para os pacientes
oncológicos que apresentam disfunção sexual, uma vez que na presença destas
16

disfunções na relação sexual os pacientes focam-se cognitivamente nos aspetos


negativos o que reforça a disfunção (Oliveira, s.d.).

Mesmo mulheres que não padecem desta enfermidade, também comtemplam


que o afeto positivo acompanha uma sexualidade mais satisfatória, nomeadamente
durante a atividade sexual (Vilarinho, 2010).
Fatores como a idade, estádio da doença e características da própria relação são
importantes preditores em relação ao sucesso ou fracasso das mesmas. As relações
afetivas são, sem dúvida, alteradas numa situação de doença, sendo que por vezes as
relações tornam-se mais fortalecidas, mas nem sempre tal facto acontece (Lindau et al.,
2011).

A doença oncológica acarreta efeitos negativos na intimidade, não só a nível


físico como também emocional.
Sentimentos de culpa, medo e stress são comuns entre os cuidadores destes pacientes,
sendo que na sua maioria, os cuidadores são os conjugues ou alguém significativos das
suas relações sociais. (Lindau et al., 2011).

A expansão da noção de sexualidade para além do coito é fulcral na medida em


que permite aumentar a perceção de funcionalidade sexual (Sacerdoti et al., 2010).
Para tal facto contribuem as relações com características positivas, de
solidariedade e de apoio mutuo (Lindau et al., 2011).

A comunicação desempenha então um papel fulcral para o sucesso dos


relacionamentos, sendo que por vezes não existe comunicação devido ao medo de
colocar mais pressão sobre o paciente ou cuidador. A não comunicação é tida como um
efeito protetor por estes, no entanto esta não se revela favorável (Lindau et al., 2011).
A comunicação revela-se fortalecedora da relação, pois mostra a confiança
patente no relacionamento e como tal na outra pessoa, que é parte integrante da mesma.

Salienta-se que as questões da sexualidade são importante para os pacientes de


todas as idades, mas os efeitos que a doença oncológica acarreta, mostram-se mais
nefastos para casais mais jovens dos que para os relacionamentos mais duradouros
17

(Lindau et al., 2011). Esta constatação pode dever-se ao facto de existir um maior
companheirismo nos relacionamentos mais longos.
Para além da qualidade das relações ser um importante preditor do
funcionamento sexual, a duração das mesmas também se constitui com um fator
importante para que o mesmo seja satisfatório (Vilarinho, 2010).

Diversas vezes, mulheres com cancro ginecológico, sentem o impacto negativo,


que a doença tem nas suas relações íntimas, sendo que o processo para que o equilíbrio
e harmonia dessas mesmas relações é moroso e acompanhado de sentimentos de
isolamento e dificuldades relacionais. (Sacerdoti et al., 2010).
Dificuldades sexuais são experienciadas por muitos pacientes, sendo que o apoio
prestado pelos seus parceiros, nomeadamente em situações onde existem alterações
físicas significativas devido à enfermidade, demonstra ter um papel preponderante para
a possibilidade de existir uma vida sexual satisfatória após os tratamentos e ao longo da
vida (Ramirez et al., 2009).
Mesmo em situações onde as relações são vividas em união de facto, e onde a
sexualidade possui um papel relevante para a relação conjugal, o companheirismo e a
amizade são essenciais (Ramirez et al., 2009). Salienta-se que as mulheres que possuem
maior satisfação sexual, para além de experienciarem mais afeto positivo durante a
relação sexual, apresentam maiores níveis de humor positivo, o que contribui para uma
maior satisfação em geral (Vilarinho, 2010).
A satisfação da relação conjugal é um importante preditor para uma maior
satisfação sexual, sendo que tanto a relação afectiva como a dimensão da sexualidade
são temáticas essenciais de serem abordadas pelos profissionais (Ramos et al., 2005).

A comunicação entre os profissionais de saúde e os pacientes é crucial para um


aumento do bem-estar nestes. Esta ajuda na melhoria dos estados emocionais do
paciente uma vez que este pode colocar todas as suas dúvidas e esclarecer a sua
situação. Permite que estes últimos sejam entendidos na sua totalidade. Não como
células isoladas de doença, mas como um conjunto com vivências, experiências
inseridos num contexto de vida, onde o paciente tem prioridades que devem ser
respeitadas e tratadas como tal pelos profissionais (Lipkin, 2008). As relações são um
ponto fulcral para a sexualidade que é uma dimensão por vezes um pouco
negligenciada. Esclarecer o paciente e familiares sobre as consequências dos
18

tratamentos para as suas vidas, nomeadamente relações sexuais, salientando a satisfação


e desempenho nas mesmas, é fulcral e uma necessidade para a qual grande parte dos
pacientes não encontra respostas. (Ramirez et al., 2009).

6. Apoio psicossocial na doença oncológica

O apoio psicossocial, mostra-se como sendo essencial para estes indivíduos uma
vez que o decurso de toda esta vivência conduz os indivíduos a maiores níveis de
ansiedade, menor capacidade de autonomia, e a suas capacidades físicas, muitas vezes,
tornam-se mais reduzidas (Townsend, Accurso-Massana, Lechman, Duder, & Chasen,
2010).

No entanto, a experiência de vivenciar uma doença do foro oncológico afeta não


só o próprio paciente como aqueles que lhe são mais próximos. Nesse sentido a família,
amigos e pessoa próximas são um importante alicerce nesta vivência (Cotrim, 2007;
Harden et al., 2008; Santos, Ribeiro, & Lopes, 2003; Souza et al., 2007).
Fornecer o apoio social necessário aos que enfrentam a doença é essencial, e na
maioria das vezes compete à família prestar esse auxílio. Este apoio foca as
necessidades dos pacientes, não só a nível de cuidados mas também comporta
dimensões como afeto, segurança e suporte a nível financeiro (Pereira et al., 2005).
O decorrer da doença é experienciado pelo próprio e pela sua rede de apoio por
um conjunto de sentimentos de angústia, tristeza e ansiedade. No decorrer de todo este
processo de doença e respectivo tratamento, o paciente encontra-se com as suas
capacidades deterioradas e como tal torna-se mais dependente desta mesma rede de
suporte (Paredes, Canavarro, & Simões, 2008).

O apoio social tem sido referenciado como um bom indicador para um melhor
ajustamento à doença, e a maiores taxas de sobrevida (Novotny, et al., 2010). Os
pacientes, nomeadamente os mais idosos, com idades iguais ou superiores a 65 possuem
maior apoio social, que os mais jovens (menos de 50 anos), tendo estes últimos, uma
rede de suporte social mais diminuta. Por sua vez, os mais idosos apresentam menores
níveis de depressão, de angústia, têm uma melhor perspetiva de resolução de problemas
para além de conseguirem manter um sono adequado (Novotny et al., 2010), o que
demonstra o efeito que este tipo de apoio possui.
19

6.1. Família e doença oncológica

A experiência do adoecer não se cinge assim apenas ao paciente em si mas a


todos o que o acompanham (Souza et al., 2007). Vários são os sentimentos despoletados
não só entre os pacientes mas também nos familiares. O medo que toda esta doença
proporciona por ser temerária e poder conduzir à morte, a dor e sofrimento por se tratar
de um ente que é próximo, a incerteza relativamente ao que pode acontecer e o
sentimento de impotência, são sensações que acompanham os familiares ao longo de
toda esta fase (Souza et al., 2007). A sensação de desamparo, vulnerabilidade e por
vezes frustração também são referidas por estes cuidadores informais (Cotrim, 2007).
Esta situação despoleta alterações ao nível do bem-estar da família, na dimensão
social e até física dos mesmos, sendo que a depressão e ansiedade são sentidas pelos
familiares o que, por sua vez, origina um elevado sofrimento emocional (Northouse,
Katapodi, Song, Zhang, & Mood, 2010). A culpa também pode estar presente,
nomeadamente em situações de doença hereditária, uma vez que os familiares sentem
responsabilidade perante a anomalia (Dandapani & Stoffel, 2011).

Os familiares são assim um grupo que, embora na maioria das vezes, não tenha
preparação para as tarefas que são necessárias para o cuidado dos pacientes,
desempenham o papel de cuidador, por vezes, durante longos períodos (Northouse, et
al., 2010). Fornecem o apoio social e a par dos pacientes podem experienciar alterações
nos papéis que desempenham no seio familiar e um acréscimo de responsabilidade, o
que se revela mais uma mudança à qual necessitam de se ajustar (Northouse, et al.,
2010; Cotrim, 2007; Santos, Pais-Ribeiro, & Lopes, 2003a).
Por vezes, esta necessidade de se tornar um cuidador informal obriga a que a
situação profissional se altere o que pode provocar problemas económicos, e
consequentemente, ocorram desequilíbrios ao nível emocional e maiores níveis de stress
familiar (Cotrim, 2007).

6.2. Papel do conjugue na doença oncológica

Salienta-se que um dos principais cuidadores destes pacientes, tal como referido
anteriormente, são os seus conjugues (Altschuler, et al., 2009). Estes convivem
20

diariamente com os pacientes e com os efeitos que os tratamentos acarretam, como a


fadiga, náuseas, alterações nos padrões da sexualidade como a qualidade e satisfação,
que são sentidas como grandes dificuldades para os conjugues (Cotrim, 2007).
Dadas estas dificuldades intervenções realizadas por técnicos especializados
onde são abordadas questões do casal relativas à comunicação, stress psicológico e
funcionamento da relação diminuem o impacto do stress psicológico e aumentam o
ajustamento mental à doença (Regan et al., 2012).

O suporte da família, do conjugue e dos pares é sentido como uma necessidade


que se mantem ao longo de todo o processo de doença, mas que por vezes não é
realizado pelo estigma social que a própria doença acarreta (Novotny et al., 2010).
Mulheres mastectomizadas salientam que o apoio destes é fundamental para que
haja um ajustamento psicossocial à doença, não só no momento inicial e durante os
tratamentos mas ao longo dos anos. No entanto, a presença de um parceiro íntimo,
mesmo que não seja na condição de conjugue, revela-se um fator de grande relevância
para o ajustamento psicossocial (Altschuler et al., 2009).
A literatura demonstra que o estado civil tem uma influência direta no
prognóstico dos pacientes com cancro (Baine et al., 2011; Kravdal & Syse, 2011). O
risco de morte diminui cerca de 15% após 2 meses do diagnóstico e cerca de 13% para 3
anos correntes após o diagnóstico, para os indivíduos que são casados nesse momento
(Baine et al., 2011).
Denota-se que pessoas com estado civil casado, apresentam menor taxa de
mortalidade, uma vez que ao viver com um conjugue este pode observar alterações no
parceiro. Deste modo é possível recorrer a cuidados médicos precocemente, o que
permite uma intervenção oportuna, uma vez que, como demonstram os estudos, neste
tipo de doença existe uma grande causalidade entre o fator tempo e sobrevida (Baine et
al., 2011; Kravdal et al., 2011).

O facto de se ter uma vida conjugal permite, por vezes, possuir hábitos de vida
mais saudáveis, como a alimentação, o sono e descanso, o que se encontra fortemente
associado a um melhor estado de saúde que, por sua vez, é um indicador de bom
prognóstico (Kravdal et al, 2011).
O parceiro pode também ter um papel fulcral em termos das necessidades sociais
dos pacientes. Para além do apoio prestado em termos de cuidados de saúde, o conjugue
21

permite que tarefas sejam divididas, como as tarefas domésticas, burocráticas, ajuda em
termos financeiros, o que conduz a um aumento de sentimento de segurança e menores
níveis de stress. Estes possuem um efeito positivo direto no estado de saúde do mesmo,
uma vez que permite ao organismo uma melhor defesa do sistema imunitário (Baine et
al., 2011).

Estudos revelam que, o estado civil, nomeadamente o de casado, encontra-se


relacionado com a sobrevida dos pacientes em geral com cancro do estomago, pulmão e
pâncreas. As mulheres com cancro de mama, dos ovários e cervical também
comtemplam este grupo assim como os indivíduos de sexo masculino com cancro da
próstata, bexiga e mieloma (Baine et al., 2011)

O facto de ter um parceiro/a permite que o paciente usufrua de uma maior apoio
social diminuindo a sintomatologia depressiva, angústia bem como ansiedade, que são
factores relacionados com a morbidade destes pacientes (Baine et al., 2011).

Contudo, um dos pontos fulcrais numa relação conjugal é a comunicação. Esta


revela-se essencial para que seja possível prestar o apoio necessário ao parceiro íntimo,
pois a ausência de uma comunicação eficiente dificulta as relações e tem um efeito
prejudicial tanto a nível familiar como conjugal o que, por sua vez, deteriora os efeitos
positivos referidos (Northouse et al., 2010).

7. Ajustamento mental à doença

O suporte emocional tem-se revelado bastante eficaz na medida em que permite


que os pacientes percebam o apoio que os seus familiares e amigos disponibilizam. Este
apoio conduz a uma maior abertura de sentimentos e permite um maior ajustamento às
alterações vividas no decorrer do processo de adoecer (Pereira et al., 2005). Denota-se
que é nas fases iniciais, nomeadamente no decurso do diagnóstico e de tratamento que
os pacientes apresentam menor ajustamento (Paredes, Canavarro, & Simões, 2011).

A detecção precoce das necessidades dos pacientes com neoplasia ajuda a que o
seu ajustamento à doença seja mais positivo e assim permite uma diminuição de
sintomatologia de transtornos psiquiátricos. Assim sendo, existe um maior reforço e
22

adesão ao tratamento assim como uma melhoria na qualidade e satisfação de vida,


acompanhada por melhores e mais eficazes níveis de comunicação (Mehnert et al.,
2012).

O facto de se vivenciar uma doença oncológica aumenta os níveis de stress do


paciente e de todos os que lhe são próximos. Deste modo, adquirir estratégias de coping
torna-se fundamental para um ajustamento mental adequado à doença (Santos, Ribeiro,
& Lopes, 2006).
A literatura refere a diferença existente entre coping e ajustamento mental, sendo
de ressaltar que o ajustamento mental à doença é tido como a resposta avaliativa que o
paciente com neoplasia fornece face à situação, utilizando as suas estratégias tanto a
nível cognitivo como a nível comportamental, ou seja as suas estratégias de coping
(Afonso & Ramos, 2011; Pais-Ribeiro, Ramos, & Samico, 2003). As respostas de
coping mais positivas e adaptativas fazem parte das estratégias de paciente que
acreditam ter algum controlo sobre a doença. O espirito de luta, tem por base uma visão
mais optimista, e como tal inclui-se neste tipo de respostas mais confrontativas. Por sua
vez, o desânimo-fraqueza e a preocupação ansiosa são o tipo de resposta contrária.
Abarcam-se no leque de respostas desadaptativas e passivas, onde o paciente age como
não tendo qualquer controlo sobre a situação (Afonso et al., 2011), como é o caso da
utilização de estrataégias como no fatalismo, onde os pacientes assumem não ter o
controlo da doença (Pais-Ribeiro et al., 2003). Salienta-se que o evitamento cognitivo é
um tipo de resposta adaptativa, uma vez que esta dimensão abarca esforços positivos
para lidar com a situação de doença (Pais-Ribeiro et al., 2003). É de salientar que
estratégias de coping positivas e de busca de suporte social se relacionam positivamente
com o ajustamento mental adequado à doença, o que revela a importância da avaliação
que o sujeito tem da sua situação (Afonso et al., 2011).

Assim sendo, ressalta-se a importância de estudar as seguintes questões. Como


tal este estudo tem como objetivo principal comparar indivíduos com cancro e sem
cancro ao nível das dimensões da satisfação da relação sexual

Como objectivos específicos surgem:

Comparar por idade e sexo ao nível da sexualidade;


23

Comparar estado civil ao nível da sexualidade e do suporte social;

Comparar diferentes tipos de cancro ao nível da satisfação sexual;

Comparar tempo de diagnóstico e nível de sexualidade;

Comparar diferentes tipos de tratamento ao nível da sexualidade;

Comparar mudanças na imagem corporal e nível da sexualidade;

Comparar indivíduos com cancro e sem cancro ao nível da satisfação com o suporte
social;

Correlacionar satisfação com o suporte social ao nível da sexualidade;

Correlacionar satisfação da sexualidade ao nível do ajustamento mental à doença;

Correlacionar ajustamento mental à doença ao nível do suporte social.


24
25

Parte 2

Estudo empírico
26
27

1. Metodologia

1.1 Tipo de investigação

Este é um estudo transversal, quantitativo, quasi-experimental, descritivo,


comparativo e correlacional uma vez que todos os dados serão recolhidos num único
momento (Sampieri, Collado, & Lucio, 2006), pretende desenvolver o conhecimento
acerca de determinado fenómeno e pretende comparar e correlacionar a vivência da
sexualidade de pacientes e a sua satisfação com o suporte social tendo em conta o seu
ajustamento psicossocial e o seu estado civil, assim como as dimensões sexo, idade,
local de residência, tipo de cancro e tipo de tratamento recebido.

1.2. Amostra

A amostra foi constituída por 95 pessoas com cancro e 89 sem cancro,


perfazendo um total de 184 participantes. Destes 62 são do sexo masculino e 122 do
sexo feminino. No meio rural vivem 100 dos participantes, e os restantes no meio
urbano. A maioria da amostra, 51.1% é casada. De entre todos os participantes 73
participantes são solteiros, (39.7%), 4.3% é viúva e 4.9% é divorciada.
A amostra foi dividida em dois grupos. O grupo experimental (grupo 1) onde
estão incluídos todos aqueles que se enquadram nos requisitos da doença oncológica e,
o grupo de controlo (grupo 2), que é composto pela população não clínica.

A amostra que constitui o grupo 1 foi dividida em diferentes grupos, tendo como
critério o tipo de cancro que tem ou teve. As classes criadas foram cancro de mama, que
continha 35 participantes, cancro do aparelho digestivo, onde se incluiu cancro do
intestino e do estomago, cancro do sistema urológico, onde comtempla cancro nos rins,
bexiga e próstata e uma classe denominada outros. Esta classe foi criada de modo a
incluir os participantes que não se incluíam em nenhuma outra classe por não ter um
número suficiente para tal. Fazem parte desta classe participantes com cancro da cabeça
e pescoço, ginecológico, ossos, linfoma, melanoma, sarcoma, emaloma e colón rectal.
Salienta-se que 42 participantes estão em tratamento, o que perfaz 22.8% da
amostra, e 53 participantes, ou seja, 28.8% já terminou o tratamento. A 13% da amostra
28

o cancro foi diagnosticado há menos de um ano, 15.2% sabe que tem a doença à menos
de 3 anos, 8.2% foi diagnosticado há menos de 5 anos, e os restantes 15.2% recebeu o
diagnóstico à mais de cinco anos.

1.3. Instrumentos utilizados

Os instrumentos utilizados foram: o questionário de dados sociodemográficos,


na parte inicial do instrumento, onde constava a idade, sexo, local de residência, estado
civil, tipo de cancro e tratamento recebido.
Seguia-se a Escala Reduzida de Ajustamento Mental ao Cancro (Mini-MAC),
que se destina a avaliar o ajustamento mental dos doentes com cancro à doença. É
composta por 29 itens distribuídos por 5 dimensões (Patrão, Maroco, & Leal, 2006;
Pais-Ribeiro et al., 2003).
As dimensões são “Desanimo-Fraqueza”, constituída por 8 itens sendo eles o
item 1, 2, 6, 13, 18, 22, 25 e 28; “Preocupação Ansiosa”, que é composta pelo mesmo
número de itens, sendo eles 8, 10, 12, 14, 15, 23, 27 e 29; “Espírito de Luta” com 4
itens, “Evitamento Cognitivo” e “Fatalismo” que são composta por 4 e 5 itens
respetivamente, sendo eles o item 4, 9, 21 e 24 para a dimensão “Evitamento
Cognitivo”, e os itens 5, 7, 11, 16, e 17, para a dimensão “Fatalismo” (Patrão, et al.,
2006; Pais-Ribeiro, et al., 2003).
Os sujeitos responderão através da escolha que mais se adequa a si entre as 4
possíveis, sendo elas “ Não se aplica de modo nenhum a mim; Não se aplica a mim;
Aplica-se a mim; Aplica-se totalmente a mim”. Esta escala foi apenas aplicada aos
indivíduos do grupo experimental.

A Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS), consiste em 15 itens, que


se distribuem por 4 componentes, sendo elas “Satisfação com amigos/Amizades”;
“Intimidade”; “Satisfação com a Família” e “Atividades Sociais”. Os itens 1 a 5
compõem a dimensão “Satisfação com amigos/Amizades”. Por sua vez as componentes
“Intimidade” é formada pelos itens 6 a 9, sendo que “Satisfação com a Família” e
“Atividades Sociais” incluem os itens 10 a 12 e 13 a 15 respetivamente (Santos, Pais-
Ribeiro, & Lopes, 2003b).
Esta é uma escala tipo Likert, com cinco possibilidades de resposta, sendo elas
“Concordo Totalmente”; “Concordo na Maior Parte”; “Não Concordo nem Discordo”;
29

“Discordo na Maior Parte” e “Discordo Totalmente”. Salienta-se que uma maior


pontuação revela uma percepção de maior suporte social (Santos et al., 2003b).

Por último, o Questionário de Satisfação com o Relacionamento Sexual (QSRS).


Este objetiva avaliar o grau de satisfação com o relacionamento sexual em adultos, com
vida sexual ativa (Pais-Ribeiro & Raimundo, 2005; Pais-Ribeiro, 2007).
Este questionário é composto por 14 itens na versão original e 13 na versão
portuguesa. No entanto, foram utilizados os 14 itens no presente estudo, uma vez que o
item que foi retirado na adaptação portuguesa, resultou do facto de a amostra ser
exclusivamente feminina e o item ser direcionado para a população masculina.
Os itens subdividem-se em duas dimensões, sendo elas “Satisfação com o
Funcionamento Sexual” e “Confiança”, sendo que esta última se sub-divide em mais
duas, sendo elas “Auto-estima” e “Relacionamento em Geral” (Pais-Ribeiro et al., 2005;
Pais-Ribeiro, 2007).
Os itens correspondentes ao domínio “Funcionamento sexual” são de 1 ao 7, e
os restantes são incluídos na dimensão “Confiança”. Nas sub-escalas desta última
dimensão, os itens 9 a 12 fazem parte da “Auto-Estima” e os itens 13 e 14 da
“Relacionamento em Geral” (Pais-Ribeiro et al., 2005).
Estes foram respondidos numa escala ordinal, com cinco hipóteses de resposta,
variando entre “1- quase nunca/nunca”; ”2- poucas vezes (muito menos de metade das
vezes) ”; “3- Algumas vezes (cerca de metade das vezes) ”; “4- Muitas vezes (Muito
mais de metade das vezes)” e “5- quase sempre/sempre”. Salienta-se que quanto mais
elevada for a nota mais satisfação demonstra, no entanto os itens 8 e 11 são cotados
inversamente (Pais-Ribeiro et al., 2005).

As variáveis independentes foram o ajustamento mental (nas suas diversas


componentes como, Desanimo-Fraqueza, Preocupação Ansiosa, Espirito de Luta,
Evitamento Cognitivo e Fatalismo), estado civil, local de residência, sexo, idade, tipo de
cancro e tipo de tratamento recebido.
Por sua vez, as variáveis dependentes foram a vivência da sexualidade e a
satisfação com o suporte social. A vivência da sexualidade tem duas componentes, que
são a satisfação com o funcionamento sexual e confiança. A componente confiança
subdivide-se em mais duas componentes, sendo elas Auto-estima e Relacionamento em
30

Geral. Por sua vez, a satisfação com o suporte social subdivide-se em satisfação com
amigos/amizades; intimidade; satisfação com a família e atividades sociais).

1.4 Procedimentos estatísticos

Para a análise dos dados, recorreu-se ao programa estatístico Statistical Package


for the Social Sciences (SPSS) versão 21.
Inicialmente foi realizada a análise descritiva das variáveis independentes, onde
se analisaram as médias e respectivos desvios-padrões, assim como a distribuição da
amostra por sexo, local de residência, estado civil, historial de cancro e tempo de
diagnóstico.
Seguidamente calculou-se o Alfa de Cronbach, de modo a obter os valores de
consistência interna de cada uma das sub-escalas utilizadas.
Por fim, efectuaram-se Análises Univariadas de Variância (ANOVA), Análises
Multivariadas de Variância (MANOVA), Análises Multivariadas de Co-variância
(MANCOVAS) e Correlações de Pearson.
Para a análise do dados foi adoptada a significância de P < 0,05 e o ηp2 ˃.01
como fraco, ˃ .04 como moderado e ˃1.40 como forte. O valor de ηp2 foi tomado em
consideração, de modo a poder obter conclusões não só para a população em estudo mas
para poder concluir para a população em geral.
A normalidade dos dados foi confirmada através do Teste de M-BOX, assim
como pelo Teste de Levene.

1.5. Procedimentos éticos

Após ser obtida uma autorização por parte do Centro Hospitalar para que os
questionários fossem aplicados. Uma vez marcada uma data para o efeito, a
pesquisadora deslocou-se às instalações de modo a poder entregar e recolher em mãos
os questionários. No início da aplicação do questionário, foi dito aos pacientes que o
mesmo servia para uma investigação científica e, portanto, todos os dados seriam
tratados de modo confidencial, sendo assim mantido o anonimato.
Foram dadas explicações quanto ao preenchimento dos questionários e
perguntou-se se existiam dúvidas que pudessem ser esclarecidas. Foi ainda pedido, que
31

as respostas dadas fossem as mais sinceras possíveis e que todos os itens fossem
preenchidos.
Por fim, prestaram-se os agradecimentos a todos os pacientes pela colaboração
prestada.
Os questionários foram utilizados unicamente no contexto da investigação tendo
apenas acesso aos mesmos a equipa de investigação. Todo o tratamento esteve sob a
responsabilidade do coordenador científico do projecto.
Em momento algum os dados foram partilhados.
Todos os questionários foram entregues ao coordenador científico do projecto,
que manterá em arquivo durante a vigência do projecto, nomeadamente até à data em
que expirar todos os processos inerentes ao tratamento e interpretação dos dados.
Todo este processo terá o seu término com a publicação dos manuscritos em
revistas internacionais indexadas.
O projecto obteve a aprovação pela comissão de ética da Universidade de Trás-
os- Montes e Alto Douro e do Centro Hospitalar da região Norte onde foram recolhidos
os questionários.

1.6. Operacionalização do recolher de dados

A recolha dos dados procedeu-se de três formas distintas. Para a amostra clínica,
utilizou-se o método de bola de neve (Snowball). Este método consiste na indicação de
participantes para a amostra, por outros participantes (Freitas, Oliveira, Saccol, &
Moscarola, 2000). Este método resultou na recolha de 41 questionários, dos quais 4
foram considerados inválidos.
Após ter sido obtida a autorização, foram recolhidos os questionários no
hospital, de forma individual. Este segundo método resultou na recolha de 54
questionários. Para a constituição do grupo de controlo, foram distribuídos
questionários a pessoas sem historial de doença oncológica na faculdade e em locais
públicos.
No início da aplicação do questionário, foi dito aos participantes que o mesmo
era para uma investigação científica e, portanto, todos os dados eram confidenciais,
anónimos e seriam utilizados unicamente no contexto da investigação. Perguntou-se se
havia dúvidas que pudessem ser esclarecidas e pediu-se, ainda, que as respostas dadas
fossem as mais sinceras possíveis e que todos os itens fossem preenchidos. Em alguns
32

casos foi o investigador a registar as respostas dadas a pedido dos participantes. Por fim,
agradeceu-se a todos a colaboração prestada.
33

2.Resultados

O Questionário de Satisfação com o Relacionamento Sexual, em adultos, foi o


questionário utilizado para avaliar o grau de satisfação com o relacionamento sexual,
em adultos com um relacionamento sexual. Neste questionário foi encontrado um α de
cronbach de 0.679 para subescala autoestima, 0.970 para a subescala relação geral e,
0.978 foi o valor encontrado para a subescala funcionamento sexual.

Em relação à Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS), a fiabilidade


para a subescala atividades sociais evidenciou um α de cronbach 0.684, na subescala
satisfação com a família o α de cronbach é de 0.866, a subescala amizades obteve o
valor de 0.549 e para a subescala intimidade o α de cronbach encontrado foi de 0.164.A
subescala intimidade obteve um valor baixo, uma vez que, tal como afirma Santos et al.
(2003), as pessoas tendem a associar a satisfação com as amizades à intimidade. Esta
escala visa avaliar a satisfação com o suporte social percebido, em adultos.

A Escala Reduzida de Ajustamento Mental ao Cancro (Mini-Mac),tem por


objectivo avaliar o ajustamento mental dos doentes com cancro, a esta doença.
Esta escala é composta por cinco dimensões sendo que, para a subescala preocupação
ansiosa, o α de cronbach é de 0.978, na subescala fatalismo o α de cronbach é de 0.960,
para a subescla desânimo-fraqueza o α de cronbach é de 0.961, na subescala espiritio de
luta o α de cronbach é de 0.979 e, na subescala evitamento cognitivo o α de cronbach é
de 0.977.

Através do questionário sociodemográfico e destas escalas, que compunham o


questionário elaborado, foi possível realizar uma análise de dados. Deste modo seguem-
se os respectivos resultados.

2.1. Sexo e Idade ao nível da sexualidade

Ao comparar a idade e o sexo ao nível da satisfação com a sexualidade, a


MANCOVA, demonstrou um efeito multivariado entre a idade ao nível da satisfação da
sexualidade (F(3,179)= 52.104; p= 0.000; λ Wilks= 0.534), com um efeito forte (ɳp2=
0.466).
34

Tabela 1: Comparação por idade e sexo ao nível da sexualidade

Idade

Masculino Feminino P.O.


2
F P ɳp (Potência
M±DP M±DP
observada)

Autoestima 16.09±3.99 14.23±4.30 4.052 0.046 0.022 0.517

Funcionamento 19.61±11.39 24.00±10.16 0.352 0.544 0.002 0.091


sexual

Relação geral 8.19±2.35 8.17±2.62 0.017 0.895 0.000 0.052

Em relação ao sexo, a análise univariada posterior demonstra diferenças


estatisticamente significativas ao nível da autoestima, sendo que o sexo masculino é o
grupo que apresenta valores mais elevados (16.09 ± 11.39), em relação ao sexo
feminino (14.23 ± 4.30). Nas dimensões Funcionamento Sexual, assim como na
Relação Geral, não foram encontrados dados estatisticamente significativos.

2.2. Estado civil e satisfação com a sexualidade e suporte social

Quando comparado o estado civil ao nível da sexualidade e do suporte social, a


MANOVA, evidenciou um efeito multivariado entre o estado civil ao nível da
satisfação da sexualidade (F(9,428)=9.678; p=0.000 ; Wilks λ =0.637), com um efeito
moderado (ɳp2= 0.139).

Por sua vez, também foi encontrado um efeito multivariado entre o estado civil ao nível
da satisfação com o suporte social (F(12,469)= 2.945; p= 0.001 ; Wilks λ = 0.825), com
um efeito moderado (ɳp2= 0.62).
35

Tabela 2: Comparação do estado civil ao nível da sexualidade e do suporte social

Solteiro Casado Viúvo Divorciado


F P ɳp2 P.O.
M±DP M±DP M±DP M±DP
Sexualidade
Autoestima 13.22±5.37 16.09±2.62 13.88±3.60 15.33±4.50 6.918 0.000 0.104 0.977

Funcionamento
25.43±11.04 21.12±10.30 13.13±7.40 21.67±10.46 4.539 0.004 0.071 0.879
sexual

Relação Geral 7.54±3.19 8.82±1.63 8.13±1.64 6.78±3.38 4.668 0.004 0.073 0.889

Suporte social

Atividades
8.51±2.65 8.05±2.57 8.75±3.37 9.89±3.33 1.523 0.210 0.025 0.397
sociais

18.32±2.43 17.71±3.76 18.38±3.81 17.56±3.43 0.552 0.648 0.009 0.162


Amizades

12.00±1.62 11.89±2.33 13.75±2.55 12.00±3.50 1.819 0.145 0.029 0.467


Intimidade

Satisfação
11.49±2.58 13.13±2.31 13.38±2.00 11.56±3.05 6.885 0.000 0.103 0.976
família

A análise univariada demonstra diferenças estatisticamente significativas em todas as


dimensões. Indivíduos casados são os que apresentam maiores níveis de autoestima
(16.09 ± 2.62), seguidos dos divorciados (15.33 ± 4.50) e dos viúvos (13.88 ± 3.60), e
por fim surgem os solteiros com os menores níveis de autoestima (13.22 ± 5.37).

Por sua vez, são os indivíduos solteiros que apresentam níveis mais elevados ao nível do
funcionamento sexual (25.43 ± 11.04). Seguem-se os divorciados (21.67 ± 10.46) e os
casados (21.12 ±10.30), e por fim, os viúvos (13.13 ± 7.40), que são o grupo com
menos satisfação ao nível do funcionamento sexual.

São, também, os indivíduos casados que mostram uma maior satisfação na relação geral
(8.82 ± 1.63), seguidos pelos viúvos (8.13 ±1.64) e solteiros (7.54 ± 3.19), sendo que os
divorciados são os que evidenciam uma menor satisfação com a relação geral.
36

Em relação à satisfação com o suporte social, a análise multivariada posterior demonstra


diferenças estatisticamente significativas, apenas na dimensão satisfação com a família.
Os indivíduos viúvos (13.38 ± 2.00) e casados (13.13 ± 2.31) são os que apresentam
valores mais elevados de satisfação com a família, seguidos dos divorciados (11.56
±3.05). Os solteiros são os que apresentam uma menor satisfação com a família (11.49
± 2.58).

2.3. Grupo de controlo e grupo experimental e sexualidade

Quando comparámos os indivíduos por historial de cancro, a MANOVA


evidenciou um efeito multivariado do grupo de controlo e do grupo experimental para a
variável dependente satisfação na relação sexual (F(3,168)=3.393; p=0.019; ; Wilks λ
=0.943), com um efeito moderado (ɳp2=0.057).

Tabela 3: Comparação de indivíduos com cancro e sem cancro ao nível das dimensões
da satisfação da relação sexual

Com historial Sem historial


de cancro de cancro F P ɳp2 P.O.
M ± DP M ± DP
Auto-estima 15.68±3.17 15.48±1.88 1.029 0.312 0.006 0.172

Funcionamento 17.93±9.67 30.19±4.21 9.419 0.003 0.052 0.863


sexual

Relação geral 8.41±2.03 8.83±1.35 0.501 0.480 0.003 0.108

A análise univariada demonstra um efeito moderado ao nível da variável


funcionamento sexual. A MANOVA mostra que os indivíduos com historial de doença
oncológica apresentam valores mais baixos (17.93 ± 9.67) ao nível do funcionamento
sexual, comparativamente com os indivíduos sem historial de doença oncológica (30.19
± 4.21).
37

Nas restantes dimensões não foram encontradas diferenças estatisticamente


significativas.

2.4. Comparação por diferentes tipos de cancro ao nível da sexualidade

Ao comparar diferentes tipos de cancro ao nível da satisfação sexual, um efeito


multivariado entre diferentes tipos de cancro foi encontrado para a variável dependente
satisfação na relação sexual (F(9,214)=5.087; p=0.000; Wilks λ =0.655), com um efeito
forte (ɳp2=0.145)

Tabela 4: Comparação de diferentes tipos de cancro ao nível da satisfação sexual

Mama Urológico Digestivos Outros


F P ɳp2 P.O.
M ± DP M ± DP M ± DP M ± DP

Autoestima 14.83±3.34 16.76±2.85 13.63±5.68 14.41±5.05 2.72 0.049 0.083 0.643

Funcionamento 19.54±9.36 12.29±7.22 18.50±12.57 23.53±10.12 6.82 0.000 0.185 0.972


sexual
Relação geral 8.37±2.25 8.24±2.13 7.25±3.24 8.41±2.32 0.53 0.663 0.017 0.155

A análise univariada demonstra diferenças estatisticamente significativas ao


nível da autoestima, com um efeito moderado, e do funcionamento sexual, com um
efeito forte. Os indivíduos com cancro urológico apresentam valores mais elevados ao
nível da autoestima (16.76 ± 2.85), seguidos pelo cancro de mama (14.83 ± 3.34) e
outros tipos de cancro (14.41 ±5.05). O cancro digestivo é o que apresenta os valores
mais baixos (13.63 ± 5.68).

A nível funcionamento sexual, o grupo “outros tipos de cancro” são os que


apresentam maiores níveis de satisfação (23.53 ± 10.12). Segue-se o cancro de mama
(19.54 ± 9.36) e os digestivos (18.50 ± 12.57) e, por último, o cancro urológico que
apresenta os níveis mais baixos (12.29 ±7.22).

Ao nível da sub-escala relação geral não foram encontradas diferenças estatisticamente


significativas e tem um efeito fraco.
38

2.5. Comparação por tempo de diagnóstico

Quando comparámos os diferentes tempos de diagnóstico ao nível da


sexualidade, a MANOVA evidenciou um efeito multivariado entre diferentes tempos de
diagnostico ao nível da satisfação da sexualidade (F(12,463)= 11.307; p= 0.000 ; Wilks λ
= 0.507), com um efeito forte (ɳp2= 0.203).

Tabela 5: Comparação do tempo de diagnóstico e nível de sexualidade

S/ cancro < 1 ano 1 a 3 anos 3 a 5 anos + de 5 anos

M±DP M±DP M±DP M±DP M±DP F P ɳp2 P.O.

Autoestima 14.25±4.58 14.96±2.96 15.64±3.11 14.40±5.68 15.89±4.15 1.147 0.336 0.025 0.356

Funcionamento
27.78±9.15 14.00±9.07 22.21±8.25 11.93±8.99 18.82±10.44 18.205 0.000 0.291 1.000
sexual

Relação geral 8.13±2.73 8.48±2.17 8.50±1.95 7.20±3.21 8.32±2.31 0.780 0.540 0.017 0.247

A análise univariada demonstrou diferenças estatisticamente significativas ao


nível do funcionamento sexual. Indivíduos sem historial de doença oncológica
apresentam níveis de satisfação mais elevados em comparação com indivíduos com
historial de doença oncológica. Salienta-se que dentro do grupo de indivíduos com
cancro, o período inferior a um ano e de 3 a 5 anos são os que apresentam valores
menos satisfatórios na dimensão funcionamento sexual. O período posterior a um ano e
inferior a três são os que apresentam o valor mais elevado.

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas ao nível da autoestima


nem da relação geral.

2.6. Comparação por tipo de tratamento

Foram realizadas comparações quanto aos diferentes tipos de tratamento


incluindo, radioterapia, cirurgia, quimioterapia e um grupo com “outros tipos de
tratamento.
39

Quando comparado o tratamento de radioterapia ao nível da sexualidade


encontramos um efeito multivariado entre este tratamento e o nível da sexualidade
(F(3,180)=5.653; p=0.001 ; Wilks λ =0.914), com um efeito moderado (ɳp2=0.086).

Encontram-se resultados estatisticamente significativos ao nível do


funcionamento sexual (p=0.034) com um efeito fraco (ɳp2=0.024), com uma potência
observada (p.o.) = 0.565, sendo que quem teve um tratamento de radioterapia apresenta
valores de satisfação com o funcionamento sexual mais baixos (19.00 ± 9.77) em
comparação com indivíduos que não se submeteram a tratamentos de radioterapia
(23.32 ± 10.84). Neste tipo de tratamento, não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas ao nível da autoestima e da relação geral.

Quando comparámos o tratamento do tipo cirúrgico ao nível da sexualidade foi


encontrado um efeito multivariado (F(3,180)=30.403; p=0.000; Wilks λ =0.664), com um
efeito muito forte (ɳp2=0.336).

Encontram-se resultados estatisticamente significativos ao nível da autoestima


(p=0.015) com um efeito fraco (ɳp2=0.032), com uma potência observada (p.o.) = 0681,
sendo que quem não teve um tratamento cirúrgico apresenta valores de autoestima mais
baixos (14.18 ± 4.63) em comparação com indivíduos que se submeteram a tratamentos
cirúrgicos (15.72 ± 3.63).

Também encontraram-se resultados estatisticamente significativos ao nível do


funcionamento sexual (p=0.000) com um efeito forte (ɳp2=0.155), com uma potência
observada (p.o.) = 1.000, sendo que quem teve um tratamento cirúrgico apresenta
valores de funcionamento sexual mais baixos (17.75 ± 9.74) em comparação com
indivíduos que não se submeteram a tratamentos cirúrgicos (26.27 ± 10.05).

Para a dimensão relação geral não foram encontrados dados estatisticamente


significativos.

Para outros tipos de tratamentos também foi encontrado um efeito multivariado


quando comparámos ao nível da sexualidade (F(3,180)= 30152; p= 0.026; Wilks λ =
0.950), com um efeito moderado (ɳp2= 0.050).
40

Encontraram-se resultados estatisticamente significativos ao nível do funcionamento


sexual (p= 0.008) com um efeito fraco (ɳp2= 0.038), com uma potência observada (p.o.)
= 0.761, sendo que quem não teve “outro tipo” de tratamento apresenta valores de
satisfação no funcionamento sexual mais elevados (23.46 ± 10.95) em comparação com
indivíduos que não se submeteram a outros tipos de tratamentos (17.87 ± 8.48).

Ao nível da autoestima e da relação geral não foram encontradas diferenças


estatisticamente significativas.

Quando comparámos o tratamento de quimioterapia ao nível da sexualidade não


foram encontrados resultados estatisticamente significativos. No entanto, denota-se que
os resultados tendem a demonstrar que os indivíduos que receberam tratamento de
quimioterapia, apresentam menos satisfação ao nível do funcionamento sexual, do que
aqueles que não receberam.

2.7. Mudanças na imagem corporal e sexualidade

Um efeito multivariado foi encontrado quando comparámos a alteração do


fenótipo ao nível da sexualidade (F(3,180)=13.034; p=0.00 ; Wilks λ =0.822), com um
efeito forte (ɳp2=0.178).

Encontram-se resultados estatisticamente significativos ao nível do funcionamento


sexual (p=0.000) com um efeito moderado (ɳp2=0.087), com uma potência observada
(p.o.) = 0.986, sendo que quem teve alteração de fenótipo apresenta valores de
satisfação com o funcionamento sexual mais baixos (16.41 ± 9.14) em comparação com
indivíduos que não tiveram alterações de fenótipo devido aos tratamentos efectuados
(21.17 ± 10.59).

Ao nível da autoestima e da relação geral, não foram encontradas diferenças


estatisticamente significativas.

Quando comparámos a perda de um membro, ao nível da sexualidade, também


foi encontrado um efeito multivariado (F(3,180)=14.846; p=0.000 ; Wilks λ =0.802), com
um efeito forte (ɳp2=0.198).
41

Encontram-se resultados estatisticamente significativos ao nível do funcionamento


sexual (p=0.000) com um efeito moderado (ɳp2=0.111), com uma potência observada
(p.o.) = 0.997sendo que quem teve perda de um membro apresenta valores de satisfação
com o funcionamento sexual mais baixos (16.68 ± 9.51) em comparação com
indivíduos que não tiveram perda de membro (24.70 ± 10.41). A perda de membro
incluía a perda de alguma parte do corpo, mesmo que não seja visível a nível externo.

Também foi encontrado um efeito multivariado quando comparamos o aumento


de peso ao nível da sexualidade (F(3,180)=6.678; p=0.000; Wilks λ =0.900), com um
efeito moderado (ɳp2=0.100).

Encontram-se resultados estatisticamente significativos ao nível do funcionamento


sexual (p=0.005) com um efeito moderado (ɳp2=0.043), com uma potência observada
(p.o.) = 0.813, sendo que quem teve um aumento de peso apresenta valores de
funcionamento sexual mais baixos (18.00 ± 9.75) em comparação com indivíduos que
não tiveram aumento de peso (23.62 ± 10.74).

Para as subescalas autoestima e relação geral, também não foram encontrados dados
estatisticamente significativos.

Quando comparámos a fadiga e a satisfação ao nível da sexualidade a ANOVA


evidenciou um efeito multivariado (F(3,180)= 5.764; p= 0.001 ; Wilks λ = 0.912), com
um efeito moderado (ɳp2= 0.088).

Encontram-se resultados estatisticamente significativos ao nível do funcionamento


sexual (p= 0.002) com um efeito moderado (ɳp2= 0.051), com uma potência observada
(p.o.) = 0.877, sendo que quem demonstra fadiga apresenta valores de satisfação com o
funcionamento sexual mais baixos (18.89 ± 9.86) em comparação com indivíduos que
não sentem fadiga pelos tratamentos efectuados (24.15 ±10.79).

Para as subescalas autoestima e relação geral, também não foram encontrados dados
estatisticamente significativos
42

Também foi encontrado um efeito multivariado, quando comparamos problemas


sexuais ao nível da sexualidade (F(3,180)= 36.005; p= 0.000; Wilks λ= 0.625), com um
efeito muito forte (ɳp2= 0.375).

Encontram-se resultados estatisticamente significativos ao nível do funcionamento


sexual (p= 0.000) com um efeito moderado (ɳp2= 0.210), com uma potência observada
(p.o.) = 1.000, sendo que quem refere problemas sexuais apresenta valores de
funcionamento sexual mais baixos (14.59 ± 7.55) em comparação com indivíduos que
não referem tais problemas (25.56 ± 10.26).

Nas subescalas autoestima e relação geral, não foram encontradas diferenças


estatisticamente significativas.

Quando comparámos alterações como a perda de cabelo e a perda de peso, assim


como para os vómitos ao nível da sexualidade não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas em nenhuma das dimensões.

2.8. Grupo de controlo e grupo experimental e suporte social

Quando comparámos os sujeitos por historial de cancro, a análise multivariada


evidenciou Um efeito entre o grupo de controlo e o grupo experimental ao nível da
satisfação com o suporte social (F(3,180)= 5.337; p= 0.002 ; Wilks λ = 0.918), com um
efeito moderado (ɳp2= 0.082).

Tabela 6: Comparação do de indivíduos com cancro e sem cancro ao nível da satisfação


com o suporte social

Com cancro Sem cancro


F P ɳp2 P.O.
M±DP M±DP
Amizades 17.57±3.44 18.40±3.03 3.047 0.083 0.016 0.412

Intimidade 12.25±2.58 11.77±1.62 2.228 0.137 0.012 0.318

Família 12.82±2.51 11.98±2.56 5.086 0.025 0.027 0.612


43

A análise univariada demonstra diferenças estatisticamente significativas ao


nível da satisfação com a família (p= 0.250) com um efeito fraco (ɳp2= 0.027).

Indivíduos com cancro demostram apresentar níveis mais satisfatórios ao nível


do suporte da família (12.82 ± 2.51), em comparação com os indivíduos sem cancro
(11.98 ± 2.56). Nas restantes subescalas, os dados encontrados não foram
estatisticamente significativos.

2.9. Correlação suporte social e sexualidade

Um efeito correlacional entre satisfação na sexualidade e a satisfação com o


suporte social foi encontrado.

Tabela 7: Correlação da satisfação com o suporte social ao nível da sexualidade

Amizades Intimidade Atividades Família


Sociais
Autoestima 0.195** 0.031 -0.020 0.221**

Funcionamento 0.238** -0.065 -0.063 0.060


sexual

Relação geral 0.287** -0.141 -0.153* 0.361**


**p<0.001 *p<0.005

A análise correlacional demonstra que as amizades correlacionam-se positivamente ao


nível da autoestima (r = +.195, p < .001), tal como a satisfação com a família (r =
+.221, p < .001), o que significa que quanto maior for o nível de amizades e de
satisfação com a família, maiores serão os níveis de autoestima do individuo.

Por sua vez, as amizades mostram também uma correlação positiva com o
funcionamento sexual (r = +.0.238, p < .001), pelo que quanto maior for a satisfação
com as amizades maiores serão os níveis de satisfação com o funcionamento sexual.
44

A relação geral também se correlaciona positivamente ao nível das amizades (r = +.287,


p < .001), e da família (r = +.361, p < .001). Assim, quanto maior for o nível de
satisfação com estas dimensões melhores níveis de satisfação terá a relação em geral.

As actividades sociais, também demonstraram uma correlação negativa ao nível da


relação geral (r = -.153, p < .005). Deste modo, pode-se verificar que as actividades
sociais exercem uma influência negativa ao nível da relação geral.

2.10. Correlação ajustamento mental à doença e sexualidade

Um efeito correlacional entre ajustamento mental à doença e a satisfação na


sexualidade foi encontrado.

Tabela 8: Correlação do ajustamento mental à doença ao nível da satisfação da


sexualidade

Desanimo- Espirito de Evitamento Fatalismo Preocupação


Fraqueza luta cognitivo Ansiosa
Autoestima 0.095 0.156* 0.202** 0.169* 0.083

Funcionamento -0.510** -0.397** -0.388** -0.458** -0.476**


sexual

Relação geral -0.064 0.083 0.104 0.054 -0.011


**p<0.001 *p<0.005

A análise correlacional demonstra que o espirito de luta (r = +.156, p < .005),


evitamento cognitivo (r = +.202, p < .001) e fatalismo (r = +.169, p < .005),
correlacionam-se positivamente ao nível da autoestima, o que significa que quanto
maior for o espirito de luta, o evitamento cognitivo e o fatalismo, maiores serão os
níveis de auto estima do indivíduo.

Por sua vez, todas as dimensões do ajustamento mental à doença como,


desânimo-fraqueza (r = -.510, p < .001), espirito de luta (r = -.397, p < .001),
evitamento cognitivo (r = -.388, p < .001), fatalismo (r = -.458, p < .001) e preocupação
ansiosa (r = -.476, p < .001), correlacionam-se negativamente ao nível do
45

funcionamento sexual. Como tal, quanto menores os níveis de desânimo-fraqueza,


espirito de luta, evitamento cognitivo, fatalismo e preocupação ansiosa, menor será o
nível de satisfação ao nível do funcionamento sexual.

Ao nível das actividades sociais e da intimidade não foram encontradas


correlações significativas.

2.11. Correlação do ajustamento mental à doença e suporte social

Um efeito correlacional entre ajustamento mental à doença e a satisfação com o


suporte social foi encontrado.

Tabela 9: Correlação do ajustamento mental à doença ao nível do suporte social

Desânimo- Espirito de Evitamento Fatalismo Preocupação


Fraqueza luta cognitivo Ansiosa
Atividades
sociais -0.037 -0.039 -0.010 -0.024 -0.021

Amizades -0.213** -0.055 -0.020 -0.103 -0.225**

Intimidade 0.098 0.096 0.112 0.130 0.109

Família 0.103 0.180* 0.193** 0.166* 0.094


**p<0.001 *p<0.005

A análise correlacional demonstra que o desanimo (r = -.213, p < .001) e a


preocupação ansiosa (r = -.225, p < .001) têm uma correlação negativa ao nível das
amizades, pelo que quanto maior for o nível de satisfação com os amigos, menores
serão os níveis de desanimo e de preocupação.

Também se verifica que existe uma correlação positiva entre o espirito de luta (r
= +.180, p < .005), evitamento cognitivo (r = +.193, p < .001) e fatalismo (r = +.166, p
< .005) e o nível de satisfação com a família, ou seja, quanto maiores os níveis de
satisfação com a família maiores são os níveis de espirito de luta, evitamento cognitivo
e fatalismo.
46

Nas dimensões actividades sociais e intimidade não foram encontradas


correlações significativas.
47

3.Discussão

Com o objetivo de comparar a vivência da sexualidade entre pacientes


oncológicos e população não clinica assim como a satisfação com o suporte social entre
ambos os grupos; estabelecer as diferenças existentes em relação ao sexo, idade, estado
civil,; assim como comparar essas mesmas diferenças tendo em conta o tipo de cancro e
de tratamento recebido, foram administrados questionários de modo a obter as
informações necessárias para a posterior análise dos dados.
Neste capitulo serão abordados, separadamente, os diferentes objectivos a que
nos propusemos, tendo por base a literatura e os resultados obtidos.

3.1. Idade e sexo ao nível da sexualidade

Tanto o sexo como a idade são factores tomados em consideração no percurso de


uma doença oncológica (Bosco & Berry, 2012; Brandwein et al., 2013; Lindau et al.,
2011). Estas são condicionantes, tanto nos tratamentos como no prognóstico da doença.
A literatura destaca que com o aumento da idade, o risco de complicações, de
susceptibilidade a doenças e de recuperação aumenta, sendo que a capacidade de
adaptação vai diminuindo. No entanto a literatura não é consistente uma vez que
também evidencia que os pacientes mais velhos mantêm menores níveis de stress que os
mais jovens, o que beneficia a sua qualidade de vida (Hardem et al., 2008).
O estudo de Zebrack et al. (2010), afirma que não existem diferenças
estatisticamente significativas de funcionamento sexual, ao nível da idade. No entanto,
segundo Hardem et al. (2008), os pacientes de meia-idade (cerca de 50 anos)
apresentam níveis mais satisfatórios de sexualidade que os indivíduos de idade mais
avançada (cerca de 70 anos).
As mulheres também experienciam a fase de doença de forma distinta dos
homens. Devido ao seu papel social de cuidadora, a mulher tem uma maior sobrecarga
de trabalho, cuida menos de si, sendo que aumenta os seus níveis de stress e diminuiu a
sua autoestima, que, por sua vez, influencia a sua disposição para a relação sexual
(Cotrim, 2007). O que vai de encontro aos nossos resultados, que evidenciam maiores
níveis de autoestima nos homens.
48

A sexualidade tende a ser um factor que ainda não é muito abordado pelos
profissionais de saúde, principalmente nos pacientes com mais idade (Lindau et al.,
2011).
Os tratamentos, nomeadamente os efeitos destes, são sentidos como a principal
barreira para uma sexualidade plena (Valdivieso et al., 2012). Deste modo, existem
efeitos diferentes em ambos os sexos. A disfunção eréctil e a diminuição da produção de
esperma são efeitos presentes no sexo masculino que afectam de modo significativo a
satisfação ao nível do funcionamento sexual. Por sua vez, os efeitos mais comuns no
sexo feminino são a dor na relação sexual, a secura vaginal e a diminuição da libido
(Gianini, 2004; Melisk et al., 2010; Siegel et al., 2012).
No entanto existem efeitos comuns a ambos os sexos, como é o caso da fadiga,
redução da densidade óssea, da dor e a infertilidade, a par de todas as alterações
morfológicas causadas em diversos tipos de cancro (Battaglini, et al., 2006; Diettrich et
al., 2006; Ishikawa et al., 2005; McAuley et al., 2010; Siegel et al., 2012). Todos estes
factores contribuem significativamente para a diminuição da satisfação com a sua
sexualidade, independentemente da idade ou sexo, o que vai de encontro aos nossos
resultados, uma vez que não foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas ao nível do funcionamento sexual e da relação geral.

3.2. Estado civil e satisfação com o suporte social e sexualidade

Os companheiros do doente oncológico são um grupo específico de familiares


que mais alterações experienciam, uma vez que para além da relação próxima existente
com o paciente como a família em geral, também tem uma relação intima.
A literatura demonstra que os relacionamentos são afectados de um modo
negativo pela vivência de uma doença oncológica por parte de pelo menos um dos
parceiros (Carpentier et al., 2010) sendo, no entanto, que relacionamentos estáveis e
satisfatórios antes do diagnóstico de neoplasia apresentam menores alterações ao nível
da satisfação no relacionamento do casal, e são estes os pacientes que apresentam maior
satisfação ao nível da sexualidade (Ramos et al., 2005).
Num estudo de Park e Hwang (2012), foram observadas necessidades não
satisfeitas de mulheres com cancro de mama. A sexualidade surge como uma dessas
necessidades, sendo que estes autores encontraram um efeito entre maiores níveis de
satisfação com a sexualidade com melhores níveis de qualidade de vida, tal como
49

Pechorro, Diniz & Vieira (2010) salientam a importância do companheiro e da


qualidade e satisfação com a relação no nível de satisfação com o funcionamento
sexual.
Estes estudos vão de encontro aos resultados obtidos, que demonstram que
indivíduos casados apresentam maiores níveis de satisfação com a relação em geral e de
autoestima (Baine et al., 2011). Tal como afirma o estudo de Ramos et al. (2005),
quanto maior for a qualidade do relacionamento em geral maior é a satisfação ao nível
sexual. Este nível de satisfação com o relacionamento em geral também influencia
positivamente os níveis de auto estima (Ramos et al., 2005), o que vai de encontro aos
nossos resultados. Assim como Baine et al. (2011) afirmam, os indivíduos casados
apresentam maiores taxas de sobrevida.

A diminuição da autoestima em pacientes com cancro é comum, nomeadamente


em mulheres com cancro de mama. Tal acontece porque as alterações provocadas pelos
tratamentos modificam a imagem corporal que as mulheres possuem e condicionam o
tipo de roupas e actividades em que o corpo se encontra mais exposto (Torela, 2012).
Em indivíduos com cancro, que necessitam de realizar cirurgia de reconstrução ao nível
dos órgãos genitais, também apresentam menores níveis de autoestima, pois estes
pacientes perdem grande parte da função sexual, como em casos de cancro urológico em
que os pacientes apresentam disfunção eréctil (Tran, 2011).
Neste sentido, os pacientes que têm relacionamentos estáveis e companheiros
que fornecem o apoio necessário experienciam uma sexualidade mais satisfatória e
maiores níveis de autoestima, a par de uma diminuição dos níveis de depressão, assim
como da ansiedade e de angústia, o que promove o aumento dos níveis de auto-eficácia
(Baine et al., 2011) e têm um efeito na sobrevida dos mesmos (Schneider & d’Orsi,
2009).
Deste modo a literatura vai de encontro aos nossos resultados que apontam para
que sejam os indivíduos solteiros que apresentam os menores níveis de autoestima, uma
vez que não usufruem do apoio prestado pelo companheiro fixo e do suporte fornecido
por estes, como acontece no casamento (Baine et al., 2011).

Tanto os indivíduos viúvos como os divorciados apresentam níveis de auto


estima de satisfação com a relação em geral menores que os indivíduos casados. Pelos
resultados obtidos os indivíduos divorciados apresentam uma menor satisfação com o
50

relacionamento em geral. Este facto pode estar relacionado com o facto de mesmo antes
do diagnóstico da neoplasia o relacionamento ser instável o que vai de encontro ao
estudo de Ramos et al. (2005), tal como os indivíduos viúvos apresentarem os menores
níveis de satisfação com o funcionamento sexual, pois não possuem um companheiro
com quem podem usufruir de uma experiencia sexual onde o coito não é o factor central
da mesma.
Em casos de cancro gástrico, as alterações da auto-imagem são comuns. Estas
alterações causam dificuldades no contacto íntimo e como consequência nas relações
sexuais uma vez que a alteração provocada pelos tratamentos como as ostomias, trazem
sentimentos de menos-valia e dificuldades na interacção social, principalmente a nível
mais íntimo (Ramirez et al., 2009).
Os indivíduos viúvos são também os que apresentam uma maior satisfação com
a família. Este facto pode dever-se pelo facto de a família ser o sistema que cria redes de
suporte e apoio, de modo a garantir o conforto e bem-estar dos indivíduos (Figueiredo,
2007), principalmente em casos onde o conjugue já faleceu, pelo que o papel
desempenhado por este, passa a ser comtemplado nas funções dos restantes familiares.
Os indivíduos solteiros são por sua vez os que apresentam melhores níveis de
satisfação com o funcionamento sexual. Estes resultados vão de encontro ao estudo de
Vilarinho (2010), onde se denota que mulheres casadas apresentam níveis inferiores de
satisfação sexual comparadas com mulheres solteiras e divorciadas.
Segundo Vilarinho (2010), os indivíduos que apresentam maiores níveis de
satisfação com o funcionamento sexual, são os que apresentam maiores níveis de
atração física pelos companheiros/as. Também se salienta que os pacientes que denotam
níveis de maior satisfação antes dos tratamentos, apresentam também maiores níveis de
satisfação com a sua sexualidade após os mesmos (Ramos, 2005). Estes factos são
evidenciados por norma pelos indivíduos solteiros, uma vez que as suas relações não
são tão prolongadas no tempo e como tal ainda experiencia a fase de descoberta da
relação e do companheiro/a, mantendo os níveis de atractividade elevados.

3.3. Grupo de controlo e grupo experimental e sexualidade

Por análise dos resultados obtidos verifica-se que, os indivíduos com historial de
cancro têm de facto níveis mais baixos ao nível da satisfação com o relacionamento
51

sexual que os indivíduos sem historial de cancro. Estes resultados vão de encontro à
literatura que demonstra a influência negativa que a doença possui ao nível da
sexualidade (Lindau et al., 2011; Melisko et al., 2010).
Assim como Flynn et al. (2001) afirmam, a satisfação com a sexualidade e a
intimidade ressente-se quando existe um historial de cancro. Para Gianini et al. (2004), a
questão da sexualidade nos indivíduos com cancro, é uma dimensão bastante afectada
ao longo de toda a vivência do adoecer, sendo que o cancro acarreta alterações que se
repercutem ao nível da sexualidade, em especial ao nível do funcionamento sexual
(Hughuet, Morais, Osis, Pinto-Neto, & Gurgel, 2009). De acordo com os resultados
obtidos, os indivíduos com cancro têm menores níveis de satisfação ao nível da
sexualidade. Estes resultados vão de encontro à literatura que demonstra que o cancro é
responsável por menores níveis de bem-estar, qualidade de vida e satisfação com a
sexualidade (Fleury, Pantaroto, & Abdo, 2011).
Os efeitos que todos os tipos de tratamento têm, a par com as alterações físicas
que decorrem dos mesmos são factores cruciais para esta diminuição da satisfação ao
nível da sexualidade (Fleury et. al, 2011). As mudanças na sexualidade fazem-se sentir,
e acarretam elevado sofrimento para os pacientes e conjugues (Harden et al., 2008).

3.4. Diferentes tipos de cancro ao nível da sexualidade

O cancro em geral abarca um conjunto de alterações ao nível da sexualidade


(Gianini et al. 2004; Lindau et al., 2011; Melisko et al., 2010; Moreira, Silva, &
Canavarro, 2008). Todos os tipos de cancro parecem influenciar o nível de satisfação
sexual. Tal como os nossos resultados demonstram, os pacientes com cancro
manifestam um menor índice de satisfação com o funcionamento sexual, no entanto,
diferentes tipos de cancro, têm diferentes repercussões ao nível da sexualidade.
O cancro urológico é o que apresenta um nível de satisfação com o
funcionamento sexual mais baixo. Este facto pode ser explicado devido à área implicada
neste tipo de cancro ser uma zona genital, e muito associado à masculinidade e
respectiva sexualidade.
Tanto a zona do escroto como a área perineal, são áreas representativas da índole
masculina e que servem para além da função urinária, para a vertente sexual (Tran,
2011). Assim, qualquer alteração nesta zona corporal provoca mudanças na função
sexual. Apesar de haver a possibilidade de cirurgias de reconstrução perineana e
52

escrotal, e estas terem um grande impacto positivo na vida dos pacientes (Hyun, 2012),
muitas vezes determinadas funções ficam comprometidas para sempre. É o caso da
probabilidade de infertilidade no caso de cancro no escroto e de disfunção eréctil em
situações de cancro da próstata (Tran, 2011).

O cancro do aparelho digestivo também mostra baixos níveis de satisfação com


o funcionamento sexual. Embora o aparelho digestivo não contemple os órgãos sexuais,
exerce funções fundamentais para o ser vivo, nomeadamente ao nível dos intestinos e do
controlo do esfíncter.
Este é um ponto fulcral nos pacientes com cancro nos intestinos, uma vez que as
ostomias, revelam ser de grande influência no quotidiano e na qualidade de vida destes
pacientes. O facto de terem por diversas vezes de realizar as suas excreções no saco
removível, cria alterações na imagem corporal, sentimentos de menos-valia e,
consequentemente acarreta alterações a nível sexual (Ramirez et al., 2009).
A ansiedade, os receios e dúvidas presentes nos pacientes com cancro em geral,
e no aparelho digestivo mais especificamente, condicionam as actividades diárias destes
pacientes, levando por vezes ao isolamento. Este repercute-se ao nível da actividade
laboral, dos relacionamentos e actividades sociais, pois as alterações na morfologia
corporal são notórias (Paula, Takahashi, & Paula, 2009).
Para estes pacientes a escolha da roupa é uma actividade diária que lhes causa
desconforto, pois tentam, constantemente, encobrir as alterações sofridas. Como tal, a
exposição do seu corpo é um acto difícil, angustiante e acompanhado de sentimentos de
inferioridade que invadem a vida intima e, consequentemente, a relação e o
funcionamento sexual (Paula, et al., 2009).

O cancro de mama é um dos cancros onde esta vertente é mais estudada. Para
além da mama ser um dos símbolos privilegiados da feminilidade, também é um dos
focos da maternidade e de toda a carga emocional representada pela gravidez (Elsner et
al, 2005; Gianini, 2004; Ramirez et al., 2009; Remondes-Costa, Jimenéz, & Pais-
Ribeiro, 2012). Deste modo a dimensão do funcionamento sexual ressente-se, tanto pelo
aspecto psicológico, como também pelas condicionantes físicas resultantes dos
tratamentos (Patrão, Leal, & Marôco, 2012).
Durante todo o processo de diagnósticos e tratamentos, tanto cirúrgicos como os
de quimioterapia e radioterapia, a mulher experiencia momentos de elevado stress e de
53

grande condicionamento a nível sexual (Patrão et al., 2012). Tal como refere a
literatura, este processo desenvolve alterações na relação com o corpo e
consequentemente na intimidade das pacientes, onde se ressalta o funcionamento sexual
(Remondes-Costa et al., 2012).
Apesar de algumas pacientes manterem-se sexualmente activas, muitas referem
não sentir prazer na relação (Remondes-Costa et al., 2012), pelo que deste modo, vai de
encontro aos nossos resultados que evidenciam baixos níveis de satisfação ao nível da
sexualidade, mais especificamente, no funcionamento sexual. Os valores encontrados
mostram, no entanto, uma maior satisfação nos pacientes com cancro de mama do que
nos restantes anteriormente referidos. Tal facto pode ser explicado, por na maioria dos
casos, a imagem corporal ser afetada na fase de tratamentos com a perda da mama, ou
parte dela, com a alopécia e todos as alterações hormonais, ser ultrapassado na sua
maioria após o término destes com as cirurgias de reconstrução e com o nascimento do
cabelo novamente. Estes são factos que não se verificam em grande parte dos casos do
cancro urológico, onde a disfunção eréctil e a infertilidade são permanentes.

Outros tipos de cancro são também afectados na sua dimensão sexual e


respectivo funcionamento sexual, indo de encontro ao que os nossos resultados apontam
(Gianini et al. 2004; Lindau et al., 2011; Melisko et al., 2010; Moreira et al. 2008). O
cancro ginecológico é um exemplo de cancro, que mais afectam as mulheres, uma vez
que provoca alterações na região genital e afecta a imagem corporal o que se traduz
numa diminuição da satisfação com o funcionamento sexual (Sacerdoti et al., 2010). Por
sua vez, o cancro colon-rectal também traz grandes implicações ao nível da auto-
imagem e da sexualidade, para ambos os sexos, principalmente, para os pacientes
ostomizados (Altschuler et al., 2009).

3.5. Tempo de diagnóstico e nível de sexualidade

Tal como referido anteriormente, as terapêuticas utilizadas no tratamento das


doenças oncológicas trazem consequências negativas para os pacientes ao nível da
sexualidade, sendo este um factor pouco abordado pelos profissionais de saúde.
(Goldfarb et al., 2013). No entanto, o tema sexualidade já vem sendo referenciado em
diversos artigos e cada vez mais é referida a importância de se abordar e compreender
esta temática. Para além do período de tratamento, os sintomas e os níveis de bem-estar
54

dos pacientes oncológicos necessitam de ser alvos de atenção nos anos após o término
dos tratamentos. Este factor, é cada vez mais relevante uma vez que devido aos avanços
tecnológicos e da medicina o número de sobreviventes aumenta em todo o mundo. A
dimensão da sexualidade, nomeadamente a função sexual é tida como um aspecto
fundamental nas diversas dimensões de funcionamento do paciente, uma vez que traz
efeitos não só a nível físico como também na dimensão emocional e social. Estes efeitos
prolongam-se no tempo, pelo que devem ser trabalhados mesmo após terem sido
terminadas as terapêuticas (Goldfarb et al., 2013). Deste modo os nossos resultados vão
de encontro à literatura uma vez que demonstram que os pacientes sem historial de
doença oncológica apresentam níveis superiores de funcionamento sexual em
comparação com os que têm historial de cancro.
Pacientes aos quais foi diagnosticado cancro há menos de um ano são dos que
apresentam um nível menos gratificante ao nível da satisfação com o funcionamento
sexual. Este facto vai de encontro à literatura uma vez que estes pacientes são os que na
sua maioria se encontram em fase de tratamento e como tal sentem os efeitos causados
pelos mesmos (Costa & Migliorati, 2001; Trufelli et al., 2008), para além dos
transtornos psicológicos prevalentes nesta população como a depressão, ansiedade ou
ambos (Moreira et al., 2008; Pereira et al., 2005). Ressalta-se que entre o primeiro e o
terceiro ano, os pacientes a quem foi diagnosticado a neoplasia são os que apresentam
maiores níveis de satisfação com o funcionamento sexual. Tal aumento desses níveis
pode dever-se ao facto de ser nesse período que ocorrem, por norma as cirurgias de
reconstrução e terminam os tratamentos.
Os nossos resultados apontam para que após 3 anos do diagnóstico os níveis de
funcionamento sexual declinam. Tal facto vai de encontro à literatura existente, onde se
demonstra que apesar do tempo decorrido desde a fase de diagnóstico e dos tratamentos
recebidos, continua a haver preocupação com recidivas, alterações decorrentes na
imagem corporal e no funcionamento sexual, diminuição da capacidade de trabalho, de
energia, aumento da fadiga e sono pouco repousante (Moreira et al., 2008).
Após cinco anos, os níveis de satisfação do funcionamento sexual aumenta
ligeiramente.
Esta situação pode dever-se por ter sido ultrapassado os cinco anos iniciais após
o diagnóstico de cancro, que é o tempo estipulado para se poder utilizar o termo
“sobrevivente de cancro”, o que em termos psicológicos ajuda a iniciar uma nova fase
(Pinto & Pais-Ribeiro, 2007). No entanto esta designação de sobrevivente, assim como
55

o marco de 5 anos não reúne muito consenso na comunidade científica, uma vez que
existe uma variação muito elevada da doença oncológica ao nível dos efeitos, de
recidivas e de aparecimentos de novos cancros (Pinto et al., 2007).

3.6. Tipos de tratamento e nível de sexualidade

De acordo com os resultados obtidos, os tratamentos mais comuns no tratamento


mostram influenciar os níveis de satisfação ao nível da sexualidade. A radioterapia é um
dos tratamentos mais usuais, e que acarreta diversos efeitos adversos (Siegel et. al,
2012). A radioterapia pode ser realizada de forma externa, onde o procedimento passa
por incidir os raios X na zona do corpo afectada, e de forma interna, onde se insere o
material radioativo directamente no local do tumor (Patrão, 2007). Salienta-se que os
nossos resultados vão de encontro à literatura, uma vez que demostram que os
indivíduos que tiveram tratamento de radioterapia manifestam uma menor satisfação ao
nível do funcionamento sexual. Estes resultados encontram-se de acordo com estudos
de Muniz e Zago (2008), que denotam os diversos efeitos adversos que a radioterapia
acarreta, nomeadamente ao nível da sexualidade. A falta de força nos braços e ombros,
no caso do cancro da mama e a disfunção eréctil, devido à lesão no feixe neurovascular
na prostectomia radical e à lesão na artéria cavernosa no cancro da próstata são dos
efeitos mais comuns relatados pelos pacientes (Hyun, 2012; Siegel et. al, 2012), a par da
fadiga, lesões cutâneas devido às radiações, assim como falta de apetite (Muniz et al.,
2008).

Os tratamentos cirúrgicos, são transversais à maioria das neoplasias (Siegel et.


al, 2012). Este tipo de tratamento tem diversos efeitos, sendo que estes variam
consoante o tipo de cirurgia realizada e o tipo de condicionamentos que acarretam. De
acordo com os resultados obtidos verifica-se que os pacientes que foram submetidos a
tratamento cirúrgico apresentam níveis de funcionamento sexual menos satisfatórios.
O tratamento cirúrgico difere consoante o estádio da doença, a idade dos
pacientes, assim como a localização e extensão da lesão (Bosco et al., 2012; Siegel et.
al, 2012).
A cirurgia pode ser de cariz conservador, onde se mantem a estrutura anatómica
da área com a lesão, no entanto, em casos em que a lesão é mais extensa ou se encontra
num estádio mais avançado da doença pode ser necessário a realização da cirurgia onde
56

o órgão ou parte do corpo é inteiramente removida. Tal facto coaduna-se com os


resultados obtidos, onde se evidencia a relação existente entre o tratamento cirúrgico e a
diminuição dos níveis de funcionamento sexual.
É de salientar que a literatura também demonstra que os pacientes quando
realizam intervenção cirúrgicas de reconstrução aumentam os seus níveis de qualidade
de vida e de autoestima (Avelar et al., 2006). Deste modo, os nossos resultados vão de
encontro à literatura, uma vez que os pacientes que não se submeteram a intervenção
cirúrgica apresentam valores mais baixos de autoestima.
A cirurgia de reconstrução devolve, diversas vezes à pessoa mutilada a
configuração e o aspecto físico geral anterior à doença, sendo que tal factor permite o
aumento dos níveis de autoestima e diminuição de sentimentos de menos valia, por não
se enquadrar no esperado pela sociedade. Este aumento da autoestima e da imagem
corporal permite que as relações sexuais sejam vividas com maior satisfação uma vez
que as consequências da mutilação foram corrigidas (Teixeira, 2007). A prótese peniana
ajuda os pacientes que foram submetidos a prostectomias radicais a aumentar os seus
níveis de auto-estima (Hyun, 2012) No entanto, nem sempre tal facto é conseguido, uma
vez que existem situações em que a cirurgia de reconstrução não pode ser completa. O
cancro no escroto, esfíncter anal e próstata, são exemplos em que a cirurgia de
reconstrução não consegue ter os mesmos efeitos, que na reconstrução da mama.
Embora a mama perda funções como a amamentação e a sensibilidade fique mais
reduzida, na cirurgia de reconstrução do escroto e do esfíncter anal, um dos objectivos
primordiais é a prevenção de infecções e não apenas a questão estética (Tran, 2011). A
terapia de reposição de testosterona, tem sido um tratamento utilizado após a
prostectomia radical, no entanto este é um processo ainda em estudo uma vez que ainda
não se conhece a probabilidade de recorrência de cancro devido a esta terapia (Hyun,
2012).

A quimioterapia que se mostra um dos procedimentos mais utilizados no


tratamento do cancro, comtempla diversos efeitos adversos. De acordo com a literatura
este procedimento terapêutico influencia negativamente a relação sexual, uma vez que
acarreta como efeitos negativos diversas alterações a nível hormonal que impedem um
funcionamento sexual satisfatório (Rebelo, Rolim, Carqueja, & Ferreira, 2007). Tal
como afirma Cavalheiro et al., (2012) a quimioterapia tem um efeito muito significativo
na vertente sexual, nomeadamente ao nível do funcionamento sexual onde os efeitos
57

secundários da quimioterapia como a perda de cabelo, o aumento do peso, náuseas,


vómitos, diminuem a auto-estima e a líbido. Estes dados não vão de encontro aos nossos
resultados que afirmam não existir relação entre o tratamento de quimioterapia e a
satisfação com o relacionamento sexual. Esta situação pode dever-se ao facto de as
pessoas atribuírem diferentes significados à sexualidade (Paula et al., 2009). Dado a
qualidade do relacionamento ser o factor central atribuído para o bom funcionamento
sexual (Paula et al., 2009), a existência de uma relação afectiva satisfatória ao longo dos
tratamentos de quimioterapia poderá ser um factor preponderante para que o nível da
sexualidade não seja um domínio tão negativo.
A partilha das necessidades não só físicas como emocionais é possível em
relacionamentos estáveis, e como tal estes permitem que os pacientes em processo de
quimioterapia não tenham uma visão tão negativa desta dimensão (Paula et al., 2009).
Também é de salientar o facto de que receber a notícia que se padece de uma neoplasia
é por vezes suficiente para que os níveis da líbido diminuam e como consequência, as
relações sexuais diminuam, mesmo antes de serem iniciados qualquer tipo de
tratamento (Cavalheiro et al., 2012).
Outros tipos de tratamento também deterioram o nível sexual dos pacientes. De
acordo com os resultados obtidos, outros tipos de tratamento diminuem a satisfação com
o funcionamento sexual dos pacientes, o que vai de encontro aos estudos de Siegel et
al., (2012) que afirma que a terapia de privação de androgénio, no cancro da próstata, é
um dos tipos de tratamento que influencia o funcionamento sexual dos pacientes (Siegel
etal., 2012). A utilização de outros tipos de tratamento é realizada tendo em conta a
idade do paciente, co-morbidades do paciente com outras doenças, condição física do
paciente, assim como a localização, extensão e estadio da neoplasia (Bosco et al., 2012;
Brandwein et al., 2013). As terapias hormonais são também muitas vezes utilizadas para
diversos tipos de cancro devido à eficácia dos mesmos (Asselah & Sperlich, 2013;
Goldfarb et al., 2013). No entanto, a utilização deste tipo de terapêutica provoca um
desequilíbrio no organismo do indivíduo. Os efeitos de terapias hormonais, como é o
caso no cancro de mama da utilização de tamoxifeno e inibidores de aromatase, não
podem ser desvalorizados (Conde, Pinto-Neto, Junior, & Aldrighi, 2006). Ressalta-se
desses efeitos a tromboembolia, mialgia e diminuição da massa óssea (Conde et al.,
2006; Siegel et al., 2012), uma vez que possuem um efeito directo ao nível das
disfunções sexuais como dispareunia, perturbação do orgasmo e de excitação. Para além
dos efeitos físicos, a componente psicológica destes tratamentos exerce um elevado
58

impacto ao nível da sexualidade, nomeadamente ao nível do funcionamento sexual


(Conde et al, 2006), o que vai de encontro aos nossos resultados.
Na grande maioria este tipo de tratamentos é realizado em conjunto com a
quimioterapia, radioterapia ou cirurgia. Desse modo o conjunto de tratamentos também
compromete o funcionamento sexual dos pacientes (Conde et al, 2006), pois causam
alterações como infertilidade, secura vaginal e impotência (Cavalheiro et al., 2012;
Falhamma et al., 2012).

3.7. Alterações na imagem corporal e sexualidade

A literatura parece unanime ao referenciar que no curso da doença oncológica, a


dimensão psicológica e a vertente sexual ficam comprometidas (Serrano, 2005; Siegel et
al., 2012; Remondes-Costa et al., 2012; Valério, 2007). As alterações morfológicas
sentidas pelos efeitos dos tratamentos são os factores mais preponderantes para as
dificuldades sentidas ao nível da sexualidade (Gianini, 2004; Remondes-Costa et al.,
2012). A literatura refere diversas alterações sentidas pelos pacientes. A mais
transversal em relação a idade, sexo, tipo de cancro e tratamento recebido é a fadiga
(Battaglini, et al., 2006; Diettrich et al., 2006; Gianini, 2004; Ishikawa et al., 2005;
McAuley et al., 2010; Siegel et al., 2012). Tal como os nossos resultados demonstram, a
fadiga tem um efeito negativo ao nível da sexualidade e do funcionamento sexual, assim
como os que referem ter problemas de cariz sexual, os que têm aumento do peso, perda
de algum membro do corpo, sendo que neste estudo são comtemplados a perda de um
membro ou parte dele ou de um órgão, seja este visível ou não, assim como os que têm
alteração do fenótipo devido aos tratamentos recebidos.
A fadiga não se cinge apenas ao momento dos tratamentos, pelo que se prolonga
mesmo após o término destes. Apesar de haver uma diferença entre o grau de fadiga
sentido, esta encontra-se presente e leva a uma diminuição da qualidade de vida dos
pacientes (Ishikwa et al., 2005).
Os problemas sexuais afectam tanto os homens como as mulheres com
neoplasias, sendo que estas disfunções acarretam consequências graves a nível
psicológico e na qualidade de vida em geral, uma vez que estas disfunções são
percebidas como falhas (Zebrack et al., 2010).
Os nossos resultados vão de encontro aos estudos de Flynn et al. (2011), Peréz et
al. (2010), Siegel et al. (2012) que demonstram, que o aumento de peso é outros dos
59

factores que conduzem a alterações no fenótipo, a par da perda de membros do corpo.


Estas alterações na imagem corporal resultam na diminuição da auto-estima dos
pacientes e conduzem a problemas de cariz e funcionamento sexual (Flynn et al., 2011;
Peréz et al., 2010; Siegel et al., 2012).
A perda de cabelo não se evidenciou como um factor estatisticamente
significativo. A perda de cabelo é um dos aspectos que mais propícia problemas ao
nível da sexualidade, principalmente no sexo feminino (Cantinelli et al., 2006; Ramirez
et al., 2009). No entanto, o facto de existirem programas que possibilitam a utilização
de perucas, tem um efeito atenuador ao nível da autoestima.

3.8. Grupo de controlo e experimental e apoio psicossocial

A família surge como tendo um papel preponderante na vida do paciente


oncológico. Para além das alterações na vida do paciente, devido à doença, a família
também sofre um conjunto de mudanças que requerem uma grande adaptação por parte
destes.
Salienta-se que a família desempenha vários papéis. Para além do cuidar devido
aos laços de parentesco, a família também é uma rede de relações tanto física como
emocionais das quais se obtém o apoio necessário para diversas situações (Figueiredo,
2007).
Nem todas as famílias têm laços emocionais e de cuidados fortes, como tal,
famílias onde a enfermidade recai de um modo em que os papéis desempenhados por
cada um sofrem alterações, e não têm um sentido de cuidar presente, sofrem uma
desestruturação maior e com efeitos mais negativos do que em famílias unidas. A
doença, por diversas vezes, acomete alterações ao nível dos planos futuros, das funções
desempenhadas por cada elemento, assim como as interacções dentro e fora da família,
a par do tempo disponibilizado para actividades de lazer, amigos e em relação à própria
situação laboral (Cotrim, 2007; Figueiredo, 2006; Northouse et al., 2010; Santos et al.,
2003a). Deste modo os familiares sofrem as repercussões das doenças, em especial os
familiares mais próximos.
Apesar disso, segundo os nossos resultados, os indivíduos com cancro
apresentam uma maior satisfação com o suporte social fornecido pelos seus familiares.
Estes resultados vão de encontro à literatura que evidência, que os familiares,
principalmente o conjugue, ajuda o paciente a manter a sua independência, prestando
60

mais apoio a nível das tarefas a realizar (Baine et al., 2011; Northouse et al., 2010). O
apoio psicossocial familiar, também se encontra associado a maiores taxas de sobrevida,
uma vez que tem um maior suporte nas tomadas de decisões e apoio para a realização de
exames e dos procedimentos médicos necessários adotar, sendo o apoio financeiro uma
componente que, na maior parte das vezes, é assegurada pelos familiares (Baine et al.,
2011; Novotny et al., 2010).

3.9. Satisfação com o suporte social e sexualidade

O apoio social é um dos factores mais preponderantes para o paciente com


cancro (Miedema, Easley, & Robinson, 2013). Para além dos cuidados médicos, o apoio
por parte destes, o apoio psicossocial é de grande relevo para no processo de adoecer e
na respectiva recuperação. Assim, é importante ter em consideração o apoio fornecido
pelas pessoas significativas.
Os nossos resultados vão de encontro ao estudo de Remondes-Costa et al.
(2012), onde se demonstra que a dificuldade no suporte social percebido afecta a
qualidade de vida e a dimensão da sexualidade nos indivíduos com cancro.
Denota-se que a auto-estima é um dos pontos fundamentais para o bem-estar dos
pacientes, sendo que se encontra intrinsecamente relacionada com a sexualidade
(Vilarinho, 2010). Segundo os resultados obtidos os indivíduos com elevados níveis de
satisfação com a família e amigos apresentam uma maior auto-estima. O facto de ter
uma rede de apoio social facilita o desenvolvimento de uma boa auto-estima e de
sentimentos de inclusão.

Ao nível da relação em geral também foram encontrados dados significativos da


influencia que o apoio por parte de amigos e da família tem, sendo de ressaltar o facto
de ter sido encontrada uma correlação negativa entre a satisfação com a relação em
geral e as actividades sociais.
Tal como afirma Ramos et al. (2005), o bom relacionamento nos casais e
família, evidencia um bom ajustamento e à nova realidade, sendo que o apoio prestado
por estes, mostra a melhora o relacionamento em geral. Este apoio fomenta a melhora
da autoestima, o que vai de encontro aos nossos resultados, que evidencia a relação
positiva entre o apoio da família e dos amigos.
61

Relativamente ao funcionamento sexual, salienta-se que os nossos resultados


apontam para uma relação positiva entre a satisfação com as amizades e o
funcionamento sexual. Segundo a literatura, as relações afectivas permitem desenvolver
uma sexualidade mais satisfatória (Vilarinho, 2010). Por sua vez, no estudo de Silva,
Pais-Ribeiro, Cardoso, e Ramos (2003), são salientados os aspectos do apoio
psicossocial, nomeadamente a nível das relações de afecto e respeito, onde se inclui as
amizades, ao nível das implicações positivai que possuem sobre a doença,
nomeadamente ao nível do sistema neuroendócrino, traduzindo-se numa diminuição da
ansiedade e tensão, do aumento da auto-estima, assim como, na diminuição dos estados
depressivos.
Estas são alterações que traduzem maiores níveis de saúde e bem-estar, que têm
implicações directas ao nível da sexualidade. Este aumento de auto-estima e de auto
conceito permite uma maior satisfação ao nível da sexualidade, inclusive no
funcionamento sexual (Cotrim, 2007). A literatura destaca em grande escala a relação
positiva entre a satisfação com a família e o funcionamento sexual (Lindau et al., 2011;
Ramirez et al., 2009; Vilarinho, 2010), sendo que a satisfação com a relação conjugal é
também um dos maiores preditores de satisfação com o funcionamento sexual (Ramos
et al., 2005). O desenvolvimento de relações próximas e coesas permite fomentar o
apoio e a segurança que os pacientes necessitam na fase do adoecer, como a partilha de
acontecimentos com os familiares significativos (Remondes-Costa & Pais-Ribeiro,
2012). os nossos resultados não foram significativos, no entanto mostram uma tendência
positiva no mesmo sentido que a literatura. É, no entanto, de ressaltar que o efeito
positivo do suporte social ao nível da sexualidade foi encontrado.

3.10 Ajustamento mental à doença e sexualidade

Os estudos demonstram que a doença oncológica provoca alterações


psicológicas nos indivíduos, de onde se destacam a sintomatologia depressiva e ansiosa
(Pereira et al., 2005), deste modo, o ajustamento mental à doença desempenha um papel
fulcral na vivência da doença.
Os nossos resultados demonstram uma relação entre autoestima e as reacções
positivas de ajustamento mental à doença como o espirito de luta, evitamento cognitivo
e também com a reacção negativa fatalismo. Estes resultados vão de encontro à
literatura que demonstra que maiores níveis de respostas adaptativas e de coping à
62

doença, relacionam-se com melhores prognósticos de doença e melhores níveis de


qualidade de vida (Patrão, Leal, & Marôco, 2011). Também se denota o facto de para a
dimensão fatalismo, que é uma estratégia de coping negativa, terem sido encontrados
resultados estatisticamente significativos. Este resultado pode ser explicado, uma vez
que a dimensão fatalismo é associada na literatura a um controlo emocional por parte do
paciente e, assim sendo, ressalta-se a importância de ser o paciente a ter o controlo
sobre a doença através de uma atitude pró-activa que permite o desenvolvimento das
suas capacidades e subsequentes estratégias de coping mais adaptativas (Patrão et al.,
2011).
Em relação ao funcionamento sexual, também são encontradas correlações
negativas em relação às reacções tanto positivas quanto negativas, de ajustamento
mental à doença. E experiência do adoecer, traz consigo muitas alterações psicológicas
(Cantinelli et al., 2006; Matos et al., 2005). Embora, não seja sempre estabelecido um
diagnostico ao nível da saúde mental, é importante ressaltar que as alterações, englobam
todo o individuo e têm influencia no processo e sobrevida do paciente. Estas alterações
são um conjunto de respostas psicossociais, extremamente complexas, que resultam no
processo de adaptação a uma nova situação. As respostas fornecidas por cada indivíduo
são diferenciadas e podem ser mais ou menos adaptativas (Patrão et al., 2011). Segundo
a literatura existente, as respostas menos adaptativas, influenciam negativamente o
ajustamento que o paciente tem ao longo do curso da doença (Patrão et al., 2011).
Segundo os resultados obtidos, verifica-se que as reacções negativas, influenciam
negativamente o funcionamento sexual do indivíduo. Assim, quanto mais elevado for o
número de reacções e estratégias negativas utilizadas menor é o nível da satisfação no
funcionamento sexual. No entanto, os nossos resultados também apontam para que as
reacções positivas também influenciam negativamente a satisfação com o
funcionamento sexual.
Ao longo do percurso de doença, na maioria dos pacientes, as prioridades e
objectivos de vida alteram-se. Este facto pode ser uma benesse, no sentido em que os
pacientes quando confrontados com o facto de terem uma doença oncológica, vêm os
seus níveis de ansiedade mais elevados. Nesse sentido, o uso de estratégias de
ajustamento mental à doença, como o controlo dos níveis de ansiedade é positivo e
necessário para o equilíbrio emocional dos pacientes (Patrão et al., 2011).
A sexualidade, que é um aspecto importante para as relações íntimas e, ressente-
se no período de doença. Assim sendo o bem-estar físico e psicológico são dimensões
63

muito importantes para que o nível de satisfação com o funcionamento sexual seja
mantido (Patrão, 2005). É importante verificar que as relações anteriormente
conflituosas e com baixos níveis de satisfação ao nível da sexualidade não apresentam
níveis elevados de satisfação, mesmo quando existem bons níveis de ajustamento
mental à doença. (Patrão, 2005; Patrão et al., 2011). O bom funcionamento psicológico,
associado à utilização de estratégias de coping adequada e positivas traduzem-se num
bom ajustamento mental à doença. Nesse sentido, as reacções positivas demonstram
uma correlação positiva com os níveis de qualidade de vida, bem-estar físico,
ocupacional e social (Sá, 2001), onde a satisfação com o funcionamento sexual também
se inclui. Deste modo os nossos resultados não se mostram coadunantes com a literatura
existe. Este facto pode ser explicado, pelo facto de a maioria da amostra ter recebido o
diagnóstico de cancro há menos de 5 anos e ainda se encontrarem numa fase de
tratamentos e de dúvida e incerteza quanto ao futuro.

3.11. Ajustamento mental à doença e suporte social

Por sua vez, em relação ao ajustamento mental, ao nível da satisfação com o


suporte social, os nossos resultados apontam para a existência de uma correlação
negativa entre a satisfação com as suas amizades e reacções negativas ao nível do
ajustamento mental, nomeadamente ao nível do desânimo e da preocupação. Assim
sendo, quanto maior é a satisfação com as amizades menores são os níveis de desanimo
e preocupação.
Também mostram a existência de uma correlação positiva entre a satisfação com
a família e reacções positivas de ajustamento mental, como o espirito de luta e
evitamento cognitivo e a reacção negativa fatalismo. Deste modo quanto maior for a
satisfação com a família, maiores serão os níveis positivos de ajustamento mental à
doença e de fatalismo.
Segundo a literatura, o ajustamento mental à doença reúne componentes como a
resposta de coping, o suporte social experienciado, a par da avaliação que o paciente faz
da sua situação actual de convivência com um cancro. O contexto social é um dos
maiores focos de experiencias do indivíduo, e é o cerne das experiências que o paciente
tem ao longo da vida e que o conduz ao nível do seu paradigma pessoal (Fernandes,
2009). Ao nível familiar, constata-se que as relações que fornecem pouco apoio são
tidas como preditores para problemas de saúde mental.
64

Deste modo, o fraco ajustamento mental à doença traduz-se numa maior taxa de
mortalidade, sendo que na maioria das vezes, encontra-se relacionado com perturbações
do foro mental, nomeadamente a depressão e a ansiedade (Fernandes, 2009; Pereira et
al., 2005). Este facto vai de encontro aos nossos resultados, uma vez que a depressão
foca sentimentos de desânimo e a ansiedade relaciona-se com a preocupação
(Fernandes, 2009). Assim, é possível verificar que a dimensão familiar tem um efeito
significativo no ajustamento mental dos pacientes com cancro (Fernandes, 2009; Pereira
et al., 2005).
Devido ao papel de cuidador exercido pelos membros da família do paciente,
existe um aumento dos níveis de stress dentro da própria família, o que poderá explicar
o facto de a reacção de ajustamento mental de fatalismo relacionar-se positivamente
com os níveis de satisfação com a família (Fernandes, 2009; Pereira et al., 2005). Este
período de doença, engloba mudanças a nível, tanto social, como económico, a par da
atribuição de novos papéis, regras, responsabilidades e competências, por parte dos
membros da família. Este, poderá ser um período onde a situação de crise é mais
prevalente, pois a doença oncológica é vista como uma ameaça à vida do paciente, e em
famílias coesas esta visão estende-se para além do próprio paciente. Deste modo, a
existência de mecanismos de fatalismo, por vezes vivenciados por toda a família pode
ser um indicador de satisfação com a mesma, pois só em famílias coesas e onde são
prestados cuidados é que os familiares temem pela vida do paciente (Cotrim, 2007;
Fernandes, 2009; Pereira et al., 2005). O apoio e a segurança transmitida pelos
familiares, influenciam de forma positiva o ajustamento mental à doença, uma vez que
fornecem estratégias de coping ajustadas.
Salienta-se que, segundo Fernandes (2009), os pacientes, nomeadamente
mulheres com cancro de mama, enfrentam diversos desafios e como tal necessitam de se
ajustar a muitas realidades novas que a doença traz. Deste modo, todos os tipos de apoio
ajudam o indivíduo na fase de ajustamento às mudanças ocorridas. O apoio emocional,
surge como sendo um importante factor, que deve ser fornecido de forma constante,
principalmente em situações nas quais o paciente não tem controlo, como por exemplo,
nos efeitos secundários dos tratamentos.
Para além dos familiares, os contactos sociais também fomentam uma
importante fonte de apoio (Fernandes, 2009). Os amigos, surgem como uma rede de
suporte que muitas vezes complementa o apoio dos familiares ou, até o substitui, como
no caso de famílias conflituosas e pouco coesas. O apoio social é um importante
65

preditor do ajustamento mental, nomeadamente ao nível do ajustamento positivo


(Akechi, Okamura, Yamawaki, & Uchitomi, 1998). Tanto a percepção do apoio social,
como as actividades e o lazer são factores que contribuem de forma significativa para o
bem-estar psicológico, uma vez que estes, permitem diminuir o estado de angústia
experienciado pelos pacientes. Os amigos, tal como a família, aumentam assim os
estados de humor positivo que se correlacionam de um modo benéfico com o
ajustamento e a sobrevida dos pacientes (Helgson & Cohen, 1996).
O apoio emocional fornecido tanto por familiares, amigos e até mesmo pelos
profissionais de saúde, é o tipo de apoio que a literatura evidencia como sendo o mais
importante para o ajuste do individuo, em comparação com o apoio financeiro e
instrumental (Helgson et al., 1996).
66
67

4.Conclusão

O nosso estudo demonstra a influência que o cancro tem ao nível da satisfação


com a sexualidade. Podemos, verificar que o cancro tem uma influência negativa na
sexualidade, nomeadamente ao nível do funcionamento sexual.
O cancro urológico é o que apresenta um nível de satisfação com o
funcionamento sexual mais baixo, sendo seguido pelo cancro do aparelho digestivo e de
mama.
O tempo de diagnóstico também mostra influencia sobre os níveis de satisfação
com a sexualidade, pelo que o período inferior a 1 ano e de 3 a 5 anos é o apresenta os
valores mais baixos de satisfação com o funcionamento sexual.
Os tratamentos realizados como radioterapia, cirurgia e outros tipos de
tratamento, apresentam também um efeito negativo sobre a satisfação com a
sexualidade. Apesar de o nosso estudo não ter evidenciado a influência que a
quimioterapia tem ao nível da sexualidade, a literatura parece consensual acerca dos
efeitos secundários que a quimioterapia tem e que afectam a dimensão sexual do
paciente.
As mudanças na imagem corporal como alterações do fenótipo, perda de um
membro, que inclui a perda de um membro ou órgão, mesmo que não seja visível a
nível externo, aumento do peso, fadiga e problemas/disfunções sexuais, influenciam a
nível de satisfação com a sexualidade. Por sua vez, e ao contrário da literatura, a perda
de peso, os vómitos e a perda de cabelo, não demonstraram ter influência na
sexualidade.
Por outro lado este estudo demonstrou a influência do apoio psicossocial e do
ajustamento mental ao nível da sexualidade, sendo que os maiores níveis de apoio e de
ajustamento mental manifestam-se numa maior satisfação com a sexualidade.

Seria pertinente, em estudos posteriores controlar a variável estadio da doença,


no momento do preenchimento dos questionários, assim como ter em consideração se é
o primeiro diagnóstico de cancro que recebe, ou se se trata de uma recidiva.
Adaptar o Questionário de Satisfação com o Relacionamento sexual, a esta
população especifica também seria uma mais-valia para estudos posteriores.
68
69

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84

6. Anexos
85

6.1. Pedido de autorização de recolha da amostra

Exmo. Senhor Presidente do conselho


de Administração do Instituo Português de
Oncologia do Porto, Dr. Laranja Pontes

Assunto: Pedido de autorização para aplicação de questionário

No âmbito da minha dissertação de Mestrado intitulada “ A vivência da


sexualidade e o apoio psicossocial do doente oncológico” eu, Tânia Lisete Oliveira
Moreira, aluna do Mestrado de Psicologia Clínica da Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro, sob a orientação do Professor Catedrático José Vasconcelos-Raposo venho
por este meio solicitar a V. Excelência a autorização para poder aplicar os
questionários necessários para a realização da minha dissertação de Mestrado aos
pacientes da unidade de oncologia.

O trabalho em questão tem como objetivo principal relacionar a vivência


satisfatória da sexualidade com o apoio psicossocial. Propomo-nos ainda a analisar se
existem diferenças na vivência da sexualidade dependendo do tipo de tumor e de
tratamento recebido.
O instrumento utilizado será composto por um conjunto de escalas e
questionários. Serão recolhidos os dados sociodemográficos na parte inicial do
instrumento onde irá constar a idade, sexo, local de residência, estado civil, tipo de
cancro e tratamento recebido. Seguir-se-á a Escala Reduzida de Ajustamento Mental ao
Cancro (Mini-MAC), a Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS) e, por último
constará o Questionário de Satisfação com o Relacionamento Sexual (QSRS).
Os dados serão tratados recorrendo ao programa estatístico Statistical Package
for the Social Science (SPSS), versão 18.
86

Este estudo visa contribuir para o aumento do conhecimento e consequente


melhoria no apoio prestado aos pacientes.

Mais informo que estarão assegurados todos os princípios éticos de


confidencialidade, que os dados apenas serão utilizados para o presente estudo e que o
anonimato será garantido.

Subscrevemo-nos com consideração.

Com os melhores cumprimentos,

_____________________________________

O coordenador científico José Vasconcelos-Raposo

_____________________________________

A discente Tânia Lisete Oliveira Moreira

6.2. Consentimento informado dos participantes


87

Consentimento informado, livre e esclarecido para participação em investigação

Por favor, leia com atenção a seguinte informação. Se achar que algo está incorrecto
ou que não está claro, não hesite em solicitar mais informações. Se concorda com a
proposta que lhe foi feita queira, por favor assinar este documento.

A vivência da sexualidade e o apoio psicossocial no doente oncológico

O actual trabalho de investigação insere-se no âmbito da Dissertação de Mestrado em Psicologia


Clínica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, da discente Tânia Moreira sob a
orientação do Professor Catedrático José Vasconcelos-Raposo.

A participação implica preencher um conjunto de escalas e questionários. Serão recolhidos os


dados sociodemográficos na parte inicial do instrumento onde irá constar a idade, sexo, local de
residência, estado civil, tipo de cancro e tratamento recebido. Seguir-se-á a Escala Reduzida de
Ajustamento Mental ao Cancro (Mini-MAC), a Escala de Satisfação com o Suporte Social
(ESSS) e, por último constará o Questionário de Satisfação com o Relacionamento Sexual
(QSRS).

É de referir que a sua participação é de caracter voluntário, desta forma é livre de participar e
pode desistir a qualquer momento, sem qualquer prejuízo para si. O estudo obteve parecer
favorável da Comissão de Ética da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro assim como
da Comissão de ética do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto).

Garantimos a confidencialidade e anonimato dos participantes, sendo que os dados recolhidos


serão apenas utilizados para a presente investigação tendo apenas contacto com os mesmos os
membros da investigação.

Agradecemos desde já a sua atenção para com o nosso estudo.


88

Declaro ter lido e compreendido este documento. Foi-me garantida a possibilidade de, em
qualquer altura recusar participar neste estudo sem qualquer tipo de consequências.

Desta forma aceito participar neste estudo e permito a utilização dos dados que de forma
voluntária forneço, confiando que apenas serão utilizados para esta investigação e nas
garantias de confidencialidade e anonimato que me são dadas pela investigadora.

Nome:____________________________________________________________

Assinatura:__________________________________ Data:___-___-___

Declaro ter lido e compreendido este documento e não aceito participar neste estudo, sem
qualquer prejuízo para mim.

Nome:_______________________________________________________________

Assinatura:__________________________________ Data:___-___-___

6.3. Questionário
89

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Mestrado Psicologia Clínica

Antes de tudo, o nosso muito obrigado pela sua participação. O preenchimento deste
questionário é voluntário e anónimo, pelo que todos os dados obtidos serão
confidenciais e unicamente utilizados para efeitos de investigação/pesquisa. Apesar do
questionário ser algo longo e demorado, pedimos-lhe que responda de forma atenta e
sincera, dando a sua verdadeira opinião acerca das questões colocadas. Qualquer dúvida
que surja ao preencher o questionário não hesite em perguntar.

Sexo: Idade: Anos


 Masculino
 Feminino

Local de Residência: Onde vive?

 Aldeia (rural)
 Cidade (urbano)

Estado civil:
 Solteiro/a
 Casado/a
 União de facto
 Viúvo/a
 Divorciado/a
 Outro Qual?

Estatuto socioeconómico:
Rendimento Mensal
 Menos de 500€
 Entre 500 e 750€
 Entre 750 e 1000€
 Entre 1000 e 1500€
 Entre 1500 e 3000€
 Mais de 3000€
Habilitações Académicas
 Sem habilitações académicas
90

 1º Ciclo (4ºano)
 2º Ciclo (6ºano)
 3º Ciclo (9ºano)
 Secundário (12ºano)
 Ensino Superior

Tem historial médico de alguma doença oncológica (Cancro)?


 Sim
 Não (Se respondeu não passe diretamente para a página 5, para as
questões do grupo 2)
 Se sim, qual?

Há quanto tempo lhe foi diagnosticada a doença?

 Menos de 1 ano
 Entre 1 a 3 anos
 Entre 3 a 5 anos
 Há mais de 5 anos

Neste momento:

 Estou em fase de tratamento


 Já terminei o tratamento

Que tipo de tratamento/os recebeu ou se encontra a receber?

 Quimioterapia
 Radioterapia
 Cirurgia
 Outro/os Qual/Quais?

O/os tratamento/os que realizou ou se encontra a realizar provocaram alterações


no seu corpo?

 Sim Não

 Se sim, assinale quais:

 Perda de cabelo
 Aumento de peso
 Fadiga (muito cansaço)
 Perda de peso
91

 Disfunções/problemas sexuais
 Náuseas/Vómitos/enjoos
 Perda de um membro ou parte do corpo Qual?
 Outras:

Grupo 1

Segue-se um conjunto de questões que descrevem reações que as pessoas têm face a
uma doença como a sua. Por favor assinale até que ponto cada afirmação mostra o
seu modo de reagir, fazendo um círculo no número que melhor descreve a sua
reação.

1 2 3 4
Não se aplica de
Não se aplica a Aplica-se
modo nenhum a Aplica-se a mim
mim totalmente a mim
mim

1-Sinto que a vida não tem esperança.


1 2 3 4

2-Não consigo controlar isto.


1 2 3 4

3- Estou determinado/a a vencer a minha doença.


1 2 3 4

4- Faço um esforço positivo para não pensar na minha


doença. 1 2 3 4

5- Desde que a minha doença foi diagnosticada, percebi que


a vida é valiosa e estou a aproveitá-la da melhor forma
1 2 3 4
possível.

6-Não consigo lidar com isto.


1 2 3 4

7- Entreguei-me nas mãos de Deus.


1 2 3 4

8-Estou preocupado/a com a minha doença. 1 2 3 4


9- Esforço-me por me distrair quando pensamentos
acerca da minha doença me vêm à cabeça. 1 2 3 4

10- Estou preocupado/a que a doença volte a aparecer.


1 2 3 4

11-Tive uma vida boa e o que vier daqui para a frente 1 2 3 4


92

é bem-vindo.
12- Estou um pouco assustado/a.
1 2 3 4

13- Sinto que não há nada que eu possa fazer que me ajude.
1 2 3 4

14- Tenho dificuldades em acreditar que isto me tenha


1 2 3 4
acontecido.
15- Sofro de grande ansiedade por causa disto.
1 2 3 4

16- Não tenho muita esperança no futuro.


1 2 3 4

17- Neste momento vivo um dia de cada vez.


1 2 3 4

18- Apetece-me desistir.


1 2 3 4

19- Sinto-me muito optimista.


1 2 3 4

20- Encaro a minha doença como um desafio.


1 2 3 4

21-Não pensar na minha doença ajuda-me a lidar com isto.


1 2 3 4

22- Sinto-me completamente perdido/a sem saber o que


fazer. 1 2 3 4

23- Sinto-me muito zangado/a com o que me aconteceu


1 2 3 4

24-Intencionalmente empurro todos os meus pensamentos


sobre a minha doença para longe. 1 2 3 4

25- Dou valor às coisas boas que me acontecem.


1 2 3 4

26- Tento combater a doença.


1 2 3 4

27- Estou apreensivo.


1 2 3 4

28- Penso que isto é como se o mundo tivesse acabado.


1 2 3 4

29-Sinto-me arrasado.
1 2 3 4

Grupo 2
93

De seguida apresenta-se outro conjunto de afirmações acerca da sua situação


individual. Assinale com um círculo no número que melhor descreve a concordância
ou discordância em relação a cada afirmação.

1 2 3 4 5
Discordo Discordo na Não concordo Concordo na Concordo
totalmente maior parte nem discordo maior parte totalmente

1- Os amigos não me procuram tantas vezes quanto eu


gostaria. 1 2 3 4 5

2-Estou satisfeito/a com a quantidade de amigos que tenho.


1 2 3 4 5

3- Estou satisfeito/a com a quantidade de tempo que passo


com os meus amigos. 1 2 3 4 5

4- Estou satisfeito/a com as atividades e coisas que faço com


1 2 3 4 5
o meu grupo de amigos.
5- Estou satisfeito/a com o tipo de amigos que tenho.
1 2 3 4 5

6- Por vezes sinto-me só no mundo e sem apoio.


1 2 3 4 5

7- Quando preciso de desabafar com alguém, encontro


facilmente amigos com quem o fazer. 1 2 3 4 5

8- Mesmo nas situações mais embaraçosas, se precisar de


apoio de emergência, tenho várias pessoas a quem posso
1 2 3 4 5
recorrer.

9- As vezes sinto falta de alguém verdadeiramente íntimo


que me compreenda e com quem possa desabafar sobre 1 2 3 4 5
coisas íntimas.
10- Estou satisfeito/a com a forma como me relaciono com a
minha família. 1 2 3 4 5

11- Estou satisfeito/a com a quantidade de tempo que passo


com a minha família. 1 2 3 4 5

12- Estou satisfeito/a com o que faço em conjunto com a


minha família. 1 2 3 4 5

13- Não saio com amigos tantas vezes quanto eu gostaria. 1 2 3 4 5


94

14- Sinto falta de atividades sociais que me satisfaçam.


1 2 3 4 5

15- Gostaria de participar mais em atividades de


1 2 3 4 5
organizações sociais.

Grupo 3
O próximo conjunto de afirmações diz respeito a aspetos do seu funcionamento
sexual. Assinale com um círculo no número que melhor descreve a sua situação.
Caso não tenha no momento actual parceiro(a) tenha em conta a sua última relação.

Tenho ou tive pelo menos um(a) parceiro(a) sexual ao longo da minha vida.

Sim Não (Se respondeu não o questionário


terminou. Por favor verifique se respondeu a todas as questões. Muito obrigada pela sua
participação!

1 2 3 4 5
Poucas vezes Algumas vezes Muitas vezes
Quase (muito menos (Cerca de (muito mais Quase
nunca/nunca de metade das metade das de metade das sempre/sempre
vezes) vezes) vezes)

1-Sinto-me à vontade ao iniciar relações sexuais com o


meu companheiro/a. 1 2 3 4 5

2-Caso seja Homem: Sinto-me confiante que consigo


manter a minha ereção durante a relação sexual.
1 2 3 4 5
Caso seja mulher: Sinto-me confiante de estar
suficientemente excitada durante a relação sexual.
3-Fiquei satisfeito/a com o meu desempenho sexual
1 2 3 4 5

4-Sinto que o sexo pode ser espontâneo


1 2 3 4 5

5-Sinto-me apto/a a iniciar relações sexuais


1 2 3 4 5

6-Sinto-me confiante no desempenho sexual


1 2 3 4 5

7-Sinto-me satisfeito/a com a nossa vida sexual


1 2 3 4 5
95

8- O/A meu/minha companheiro/a sentiu-se insatisfeito/a


com a qualidade das nossas relações sexuais 1 2 3 4 5

9- Tenho tido boa auto-estima


1 2 3 4 5

10- Sinto um/uma homem/mulher completo/a


1 2 3 4 5

11- Sinto-me muitas vezes falhado/a


1 2 3 4 5

12- Sinto-me confiante


1 2 3 4 5

13- O/A meu/minha companheiro/a mostrou-se


satisfeito/a com a nossa relação em geral 1 2 3 4 5

14- Estou satisfeito/a com a nossa relação em geral


1 2 3 4 5

O questionário chegou ao fim. Por favor verifique se respondeu a todas as


questões.

Muito obrigada pela sua participação!

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