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Data de Publicação 2014-07-24
Resumo Objetivo: O objectivo principal deste estudo é comparar indivíduos
com cancro e sem cancro ao nível das dimensões da satisfação da
relação sexual. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, quasi-
experimental, transversal, descritivo, e comparativo. Os dados foram
analisados através do programa informático Statistical Package for
the Social Science (SPSS), versão 21. A amostra foi constituída por
95 pessoas com cancro e 89 sem cancro, perfazendo um total de 184
participantes. Foi utilizad...
Objective: The aim of this study is to compare individuals with and
without breast cancer at the level of satisfaction dimensions of sexual
intercourse. Methodology: This is a quantitative, quasi-experimental,
transversal, descriptive and comparative. The data were analyzed using
the computer program Statistical Package for Social Science (SPSS),
version 21. The sample consisted of 95 people with cancer and 89 cancer-
free, making a total of 184 participants. Was used as one instrument
Questionn...
Palavras Chave Cancro, Sexualidade, Funcionamento sexual, Doença oncológica
Tipo masterThesis
Revisão de Pares Não
Coleções OLD - Dissertações de Mestrado
http://repositorio.utad.pt
I
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM
PSICOLOGIA CLÍNICA
Agradecimentos
Ao meu orientador, José Vasconcelos-Raposo, por todo o apoio, rigor e exigência, que
teve ao longo de todo este projecto, assim como no percurso académico. Agradeço a
disponibilidade, a partilha e os conhecimentos fornecidos assim como a boa-disposição
e o à-vontade que permitiu a realização deste trabalho com grande motivação. Por tudo,
expresso o meu profundo agradecimento.
À minha orientadora de estágio, Dr. Márcia Mendes, que sempre se mostrou disponível
para me ajudar e permitiu a realização de um estágio enriquecedor, que muito contribuiu
para a minha formação académica e profissional. Agradeço, em particular, a ajuda
prestada neste projecto, assim como o apoio em todos os momentos deste ano.
A todos os participantes deste estudo, pois são a parte fundamental, sem a qual a
realização deste não seria possível.
Aos meus pais, por todo o esforço e apoio que me forneceram ao longo de toda a minha
vida. Agradeço tudo o que fizeram e as oportunidades que me forneceram.
Resumo
Objetivo: O objectivo principal deste estudo é comparar indivíduos com cancro e sem
cancro ao nível das dimensões da satisfação da relação sexual.
Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, quasi-experimental, transversal,
descritivo, e comparativo. Os dados foram analisados através do programa informático
Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 21. A amostra foi constituída por
95 pessoas com cancro e 89 sem cancro, perfazendo um total de 184 participantes. Foi
utilizado como instrumento um Questionário sócio-demográfico, a Escala Reduzida de
Ajustamento Mental ao Cancro (Mini-MAC), a Escala de Satisfação com o Suporte
Social (ESSS) e o Questionário de Satisfação com o Relacionamento Sexual (QSRS).
Resultados: Verificam-se diferenças estatisticamente significativas entre o grupo
experimental e o grupo de controlo, sendo que indivíduos com historial de doença
oncológica apresentam valores mais baixos (17.93 ± 9.67) ao nível do funcionamento
sexual, comparativamente com os indivíduos sem historial de doença oncológica (30.19
± 4.2).
Conclusão: Verifica-se a influência negativa que o cancro tem ao nível da satisfação
com a sexualidade nomeadamente ao nível do funcionamento sexual.
Abstract
Objective: The aim of this study is to compare individuals with and without breast
cancer at the level of satisfaction dimensions of sexual intercourse.
Methodology: This is a quantitative, quasi-experimental, transversal, descriptive and
comparative. The data were analyzed using the computer program Statistical Package
for Social Science (SPSS), version 21. The sample consisted of 95 people with cancer
and 89 cancer-free, making a total of 184 participants. Was used as one instrument
Questionnaire Socio-demographic Scale Reduced Mental Adjustment to Cancer (Mini-
MAC), the Scale of Satisfaction with Social Support (ESSS) and Satisfaction
Questionnaire with the Sexual Relationship (QSRS).
Results: Are there significant differences between the experimental group and the
control group, whereas individuals with a history of malignant disease have lower
values (17.93 ± 9.67) to the level of sexual functioning compared with individuals with
no history of malignant disease (30.19 ± 4.2).
Conclusion: There is a negative impact that cancer has on the level of satisfaction with
sexuality particularly in terms of sexual functioning.
Introdução
Com uma taxa superior a 20%, a doença oncológica é uma das maiores causas
de morte do nosso país (Araújo et al., 2009; Instituto Nacional de Estatística, 2012). A
par de outros países em todo o mundo, o cancro é responsável por um elevado número
de mortes, no entanto, são cada vez mais o número de sobreviventes que esta doença
tem (Siegel et al., 2012).
O processo de adoecer é longo e acarreta diversas alterações em muitas
dimensões do indivíduo. Tanto a componente física como psicológica, assim como a
dimensão social sofrem alterações que comprometem o funcionamento pleno do
individuo (Elsner, Trentin, & Horn, 2009; Marcon, Radovanovic, Waidman, Oliveira, &
Sales, 2005).
Uma das dimensões mais afectadas é a sexualidade e todas as consequências que
advém de uma insatisfação nesse domínio (Gianini, 2004; Serrano, 2005; Valério,
2007). Os tratamentos e as mudanças na imagem corporal são os aspectos que mais
influenciam a vivência plena de uma sexualidade plena e satisfatória (Gianini, 2004;
Melisk, Goldman, & Rugo, 2010).
A par destas alterações que o paciente vivencia, tanto o conjugue como a família
e amigos são, muitas vezes, parte integrante de todo este processo e também partilham
dos medos e incertezas que a doença traz (Souza & Santo, 2007).
O apoio psicossocial fornecido por estes é essencial, e tem vindo a demonstrar
efeitos benéficos nos pacientes (Novotny et al., 2010).
Este apoio fornece aos pacientes um suporte para que enfrentem a doença de um
modo mais positivo e pro-activo, vendo assim aumentados os níveis de ajustamento
mental à doença, o que proporciona maiores níveis de qualidade de vida (Mehnert at al.,
2012).
Este projeto revela a sua importância, devido ao número elevado de indivíduos
que padece desta doença (Barbaric, Brooks, Moore, & Cheifetz, 2010). Uma vez que a
dimensão da vivência sexual ser bastante afetada, torna-se pertinente o estudo da mesma
nestes pacientes. O facto de ser uma dimensão de cariz bastante íntimo e os pacientes
encontrarem-se numa fase mais delicada da sua vida, apela à exigência de um cuidado
por parte dos profissionais que trabalham com esta população.
VIII
IX
Índice
Agradecimentos………………………………………………………………………...III
Resumo…………………………………………………………………………………IV
Abstract…………………………………………………………………………...……..V
Introdução………………………………………………………………………..……VII
Índice…………………………………………………………………………………...IX
Parte 1
Enquadramento Teórico
2
3
Revisão da literatura
Segundo Ram et al., (2011), o cancro oral também apresenta uma maior
incidência nesta faixa etária, e o cancro nos olhos também manifesta uma maior
prevalência em pessoas a partir dos 60 anos, com cerca de 46,3%, sendo que a maioria
destes pacientes é do sexo masculino (Emmanuel et al., 2012).
O cancro de mama, no sexo feminino é mais prevalente no período da pós
menopausa, sendo que no Reino Unido a idade mais prevalente nas mulheres
caucasianas é 67 anos. No entanto, em mulheres africanas existe uma variação na idade,
sendo que a idade média é de 48 anos (Abdulrahman & Rahman, 2012).
Apesar desta doença, muitas vezes conduzir à morte, cada vez mais a taxa de
sobreviventes aumenta, muito em parte, devido aos avanços tecnológicos e da medicina,
que permite que a esperança média de vida aumente (Siegel et al, 2012). A taxa de
mortalidade tem sofrido um decréscimo, nomeadamente entre 1990 e 2005, onde as
taxas de mortalidade diminuíram cerca de 19,2% nos indivíduos de sexo masculino e
cerca de 11,4% no sexo feminino. Este factor deve-se muito em parte à menor taxa
apresentada pelos principais cancros que afectam cada um dos sexos, sendo eles o
cancro do pulmão, mama, próstata e colorectal (Jemal et al., 2009).
Estima-se que nos Estados Unidos da América incida uma elevada prevalência
de cancro. É estimado que cerca de 13.7 milhões de pessoas sejam sobreviventes desta
efemeridade no início de 2012 e que esse valor aumente para cerca de 18 milhões em
2022 (Siegel et al, 2012).
7%, são os tipos de cancro com maior taxa de sobreviventes do sexo masculino. (Siegel
et al, 2012).
Por sua vez, no sexo feminino é o cancro da mama (Abdulrahman et al., 2012),
com uma taxa de 41% e o do colón e o uterino, com 8% cada, que apresentam as
maiores taxas de sobreviventes (Siegel et al, 2012).
Estima-se que esta tendência se mantenha nos próximos 10 anos, sendo que em
2022 é esperado que em indivíduos com o cancro da próstata aumente a sua taxa de
sobrevivência, passando para 45%, correspondendo a 3.922.600 sobreviventes, num
total de 8.796.830. Em relação ao sexo feminino as taxas mantêm-se em relação ao
presente ano, sendo que se estima a existência de 9.184.559 sobreviventes de cancro em
geral (Siegel et al., 2012).
de suporte que o paciente tem e que o vai acompanhando ao longo da doença (Marcon
et al., 2005; Vieira et al., 2002).
Destaca-se que a literatura demonstra que para além da condição física em que o
paciente se encontra, a componente psicológica tem um grande relevo no doente
oncológico. Sintomatologia depressiva e ansiosa, são as mais prevalentes nestes
pacientes (Pereira & Lopes, 2005) comprometendo assim a qualidade de vida e o bem
estar psicológico dos mesmos (Rajandram et al., 2011).
8
Neste sentido têm sido realizadas investigações que demonstram que o otimismo
e a esperança ajudam em todo o processo da doença. O otimismo refere-se à crença e
expectativa em acontecimentos e resultados positivos. Por sua vez, a esperança alude a
um estado motivacional positivo, tanto para alcançar o objetivo como no processo do
mesmo (Rajandram et al., 2011).
Os fatores de risco são comuns na maioria das neoplasias, sendo que o consumo
de álcool e tabaco são preponderantes nos cancros do pulmão, esófago, boca e faringe,
mama e colo do útero (Guerra, Gallo, & Mendonça, 2005).O tabaco também é
9
considerado um factor de risco para o cancro gástrico (Dhalla, Silva, Lucas, Travis, &
Chapel, 2011) e também para o cancro cervical (Fonseca-Moutinho, 2011).
Os hábitos alimentares deficitários ou excessivos também contribuem para o
desenvolvimento do cancro do pulmão, estômago, cólon e recto assim como do cancro
de mama (Guerra, et al., 2005). O excessivo consumo alimentar e consequente
obesidade tem um risco mais elevado, cerca de 69%, de desenvolvimento da doença
oncológica. Por sua vez, a subnutrição eleva o risco de cancro em cerca de 29%
(Chaves, Boléo-Tomé, Monteiro-Grillo, Camilo, & Ravasco, 2010).
Tanto a obesidade como o défice nutricional, são condicionantes nos pacientes
oncológicos, na medida em que o seu estado nutricional acarreta implicações negativas,
como o tempo de recuperação, no tratamento e prognóstico, qualidade de vida e até na
taxa de sobrevivência (Chaves et al., 2010).
Estes são aspetos passíveis de serem alterados, uma vez que os indivíduos
podem alterar este conjunto de comportamentos e ter comportamentos de prevenção, de
modo a evitar o aparecimento de doenças (Cestari, 2005), nomeadamente ao nível da
vacinação, do cuidado na exposição solar, assim como na realização de exames médicos
regulares e de rastreio para que possam ser detetados o mais precocemente possível
(World Health Organization, 2013).
2010; Siegel et al., 2012). Elevadas taxas deste efeito negativo são mencionadas,
variando até valores superiors a 90%, sendo que os estudos mostram-se unanimes ao
referir que a fadiga aumenta nos periodos de tratamento de radioterapia e quimioterapia
(Diettrich et al., 2006; Ishikawa et al.,2005). Salienta-se que em tratamentos de
quimioterapia a fadiga é o efeito adverso mais presente, com cerca de 95% (Diettrich et
al., 2006).
A fadiga, nesta situação caracteriza-se por ser uma fadiga crónica, que se
prolonga mesmo após o término dos tratamentos, estando presente em cerca de 17% a
26% dos sobreviventes oncológicos. O exercício físico, nomeadamente o exercício
moderado, mostra-se eficaz na redução dos níveis de fadiga (Siegel et al., 2012;
Diettrich et al, 2006).
A sexualidade é uma dimensão do ser humano essencial e que, tal como afirma a
OMS, não se resume a ausência de doença ou disfunção (World Health Organization,
s.d.b). A sexualidade é parte integrante da saúde humana, assim como os estados de
bem-estar e de qualidade de vida. Assim sendo, quando esta fica comprometida, todo o
indivíduo recente essa dificuldade.
erecção nos homens que recebem tratamento na zona pélvica como na próstata, na
bexiga, entre outros (Gianini, 2004).
O facto de haver alterações a nível hormonal e por vezes verificarem-se
alterações físicas contribui para que o desejo sexual diminua e que por essa razão a
frequência de atividade sexual também decresça (Valdivieso, Kujawa, Jones, & Baker,
2012).
As pacientes com cancro em áreas ginecológicas e os indivíduos com cancro de
próstata sofrem danos em regiões anatómicas que propiciam uma maior possibilidade de
disfunção sexual e infertilidade. Este facto deve ser tido em conta pelos profissionais de
saúde, uma vez que é possível minimizar as consequências da infertilidade através da
conservação de óvulos, a preservação do tecido dos ovários e a menor incidência de
quimioterapia nessa região quando possível, assim como, no caso masculino, realizar
colheitas de sémem, para que no futuro estes pacientes possam assegurar a sua
reprodução (Valdivieso et al., 2012).
Embora numa fase inicial, a questão da sexualidade não seja prioritária, uma vez
que tudo se concentra no evitar danos superiores e a própria morte, posteriormente esta
dimensão afeta a qualidade de vida dos pacientes, pois a disfunção sexual encontra-se
associada a sentimentos de angústia em ambos os sexos, assim como sintomas
depressivos e ansiedade (Flynn et al., 2011; Zebrack, Foley, Wittmann, & Leonard,
2010). Esta dimensão não é amplamente abordada pelos profissionais de saúde, mas os
pacientes sentem a necessidade de a implementar nos apoios recebidos. Estes
percepcionam a sexualidade como sendo um tema difícil e muito íntimo, mas
demonstram interesse em abordar o tema (Lindau et al., 2011; Sacerdoti et al., 2010).
Em pacientes com cancro de mama denota-se que ao longo dos primeiros anos
estes vão tendo mais problemas ao nível da atração, interesse e prazer sexual, e
consequentemente, uma diminuição da satisfação com a sua vida sexual (Peréz et al.,
2010).
Sentimentos de perda de identidade sexual e de atratividade sexual são alguns
dos elementos que propiciam a perda da própria motivação para a relação sexual (Flynn
et al., 2011; Hill et al., 2011).
(Lindau et al., 2011). Esta constatação pode dever-se ao facto de existir um maior
companheirismo nos relacionamentos mais longos.
Para além da qualidade das relações ser um importante preditor do
funcionamento sexual, a duração das mesmas também se constitui com um fator
importante para que o mesmo seja satisfatório (Vilarinho, 2010).
O apoio psicossocial, mostra-se como sendo essencial para estes indivíduos uma
vez que o decurso de toda esta vivência conduz os indivíduos a maiores níveis de
ansiedade, menor capacidade de autonomia, e a suas capacidades físicas, muitas vezes,
tornam-se mais reduzidas (Townsend, Accurso-Massana, Lechman, Duder, & Chasen,
2010).
O apoio social tem sido referenciado como um bom indicador para um melhor
ajustamento à doença, e a maiores taxas de sobrevida (Novotny, et al., 2010). Os
pacientes, nomeadamente os mais idosos, com idades iguais ou superiores a 65 possuem
maior apoio social, que os mais jovens (menos de 50 anos), tendo estes últimos, uma
rede de suporte social mais diminuta. Por sua vez, os mais idosos apresentam menores
níveis de depressão, de angústia, têm uma melhor perspetiva de resolução de problemas
para além de conseguirem manter um sono adequado (Novotny et al., 2010), o que
demonstra o efeito que este tipo de apoio possui.
19
Os familiares são assim um grupo que, embora na maioria das vezes, não tenha
preparação para as tarefas que são necessárias para o cuidado dos pacientes,
desempenham o papel de cuidador, por vezes, durante longos períodos (Northouse, et
al., 2010). Fornecem o apoio social e a par dos pacientes podem experienciar alterações
nos papéis que desempenham no seio familiar e um acréscimo de responsabilidade, o
que se revela mais uma mudança à qual necessitam de se ajustar (Northouse, et al.,
2010; Cotrim, 2007; Santos, Pais-Ribeiro, & Lopes, 2003a).
Por vezes, esta necessidade de se tornar um cuidador informal obriga a que a
situação profissional se altere o que pode provocar problemas económicos, e
consequentemente, ocorram desequilíbrios ao nível emocional e maiores níveis de stress
familiar (Cotrim, 2007).
Salienta-se que um dos principais cuidadores destes pacientes, tal como referido
anteriormente, são os seus conjugues (Altschuler, et al., 2009). Estes convivem
20
O facto de se ter uma vida conjugal permite, por vezes, possuir hábitos de vida
mais saudáveis, como a alimentação, o sono e descanso, o que se encontra fortemente
associado a um melhor estado de saúde que, por sua vez, é um indicador de bom
prognóstico (Kravdal et al, 2011).
O parceiro pode também ter um papel fulcral em termos das necessidades sociais
dos pacientes. Para além do apoio prestado em termos de cuidados de saúde, o conjugue
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permite que tarefas sejam divididas, como as tarefas domésticas, burocráticas, ajuda em
termos financeiros, o que conduz a um aumento de sentimento de segurança e menores
níveis de stress. Estes possuem um efeito positivo direto no estado de saúde do mesmo,
uma vez que permite ao organismo uma melhor defesa do sistema imunitário (Baine et
al., 2011).
O facto de ter um parceiro/a permite que o paciente usufrua de uma maior apoio
social diminuindo a sintomatologia depressiva, angústia bem como ansiedade, que são
factores relacionados com a morbidade destes pacientes (Baine et al., 2011).
A detecção precoce das necessidades dos pacientes com neoplasia ajuda a que o
seu ajustamento à doença seja mais positivo e assim permite uma diminuição de
sintomatologia de transtornos psiquiátricos. Assim sendo, existe um maior reforço e
22
Comparar indivíduos com cancro e sem cancro ao nível da satisfação com o suporte
social;
Parte 2
Estudo empírico
26
27
1. Metodologia
1.2. Amostra
A amostra que constitui o grupo 1 foi dividida em diferentes grupos, tendo como
critério o tipo de cancro que tem ou teve. As classes criadas foram cancro de mama, que
continha 35 participantes, cancro do aparelho digestivo, onde se incluiu cancro do
intestino e do estomago, cancro do sistema urológico, onde comtempla cancro nos rins,
bexiga e próstata e uma classe denominada outros. Esta classe foi criada de modo a
incluir os participantes que não se incluíam em nenhuma outra classe por não ter um
número suficiente para tal. Fazem parte desta classe participantes com cancro da cabeça
e pescoço, ginecológico, ossos, linfoma, melanoma, sarcoma, emaloma e colón rectal.
Salienta-se que 42 participantes estão em tratamento, o que perfaz 22.8% da
amostra, e 53 participantes, ou seja, 28.8% já terminou o tratamento. A 13% da amostra
28
o cancro foi diagnosticado há menos de um ano, 15.2% sabe que tem a doença à menos
de 3 anos, 8.2% foi diagnosticado há menos de 5 anos, e os restantes 15.2% recebeu o
diagnóstico à mais de cinco anos.
Geral. Por sua vez, a satisfação com o suporte social subdivide-se em satisfação com
amigos/amizades; intimidade; satisfação com a família e atividades sociais).
Após ser obtida uma autorização por parte do Centro Hospitalar para que os
questionários fossem aplicados. Uma vez marcada uma data para o efeito, a
pesquisadora deslocou-se às instalações de modo a poder entregar e recolher em mãos
os questionários. No início da aplicação do questionário, foi dito aos pacientes que o
mesmo servia para uma investigação científica e, portanto, todos os dados seriam
tratados de modo confidencial, sendo assim mantido o anonimato.
Foram dadas explicações quanto ao preenchimento dos questionários e
perguntou-se se existiam dúvidas que pudessem ser esclarecidas. Foi ainda pedido, que
31
as respostas dadas fossem as mais sinceras possíveis e que todos os itens fossem
preenchidos.
Por fim, prestaram-se os agradecimentos a todos os pacientes pela colaboração
prestada.
Os questionários foram utilizados unicamente no contexto da investigação tendo
apenas acesso aos mesmos a equipa de investigação. Todo o tratamento esteve sob a
responsabilidade do coordenador científico do projecto.
Em momento algum os dados foram partilhados.
Todos os questionários foram entregues ao coordenador científico do projecto,
que manterá em arquivo durante a vigência do projecto, nomeadamente até à data em
que expirar todos os processos inerentes ao tratamento e interpretação dos dados.
Todo este processo terá o seu término com a publicação dos manuscritos em
revistas internacionais indexadas.
O projecto obteve a aprovação pela comissão de ética da Universidade de Trás-
os- Montes e Alto Douro e do Centro Hospitalar da região Norte onde foram recolhidos
os questionários.
A recolha dos dados procedeu-se de três formas distintas. Para a amostra clínica,
utilizou-se o método de bola de neve (Snowball). Este método consiste na indicação de
participantes para a amostra, por outros participantes (Freitas, Oliveira, Saccol, &
Moscarola, 2000). Este método resultou na recolha de 41 questionários, dos quais 4
foram considerados inválidos.
Após ter sido obtida a autorização, foram recolhidos os questionários no
hospital, de forma individual. Este segundo método resultou na recolha de 54
questionários. Para a constituição do grupo de controlo, foram distribuídos
questionários a pessoas sem historial de doença oncológica na faculdade e em locais
públicos.
No início da aplicação do questionário, foi dito aos participantes que o mesmo
era para uma investigação científica e, portanto, todos os dados eram confidenciais,
anónimos e seriam utilizados unicamente no contexto da investigação. Perguntou-se se
havia dúvidas que pudessem ser esclarecidas e pediu-se, ainda, que as respostas dadas
fossem as mais sinceras possíveis e que todos os itens fossem preenchidos. Em alguns
32
casos foi o investigador a registar as respostas dadas a pedido dos participantes. Por fim,
agradeceu-se a todos a colaboração prestada.
33
2.Resultados
Idade
Por sua vez, também foi encontrado um efeito multivariado entre o estado civil ao nível
da satisfação com o suporte social (F(12,469)= 2.945; p= 0.001 ; Wilks λ = 0.825), com
um efeito moderado (ɳp2= 0.62).
35
Funcionamento
25.43±11.04 21.12±10.30 13.13±7.40 21.67±10.46 4.539 0.004 0.071 0.879
sexual
Relação Geral 7.54±3.19 8.82±1.63 8.13±1.64 6.78±3.38 4.668 0.004 0.073 0.889
Suporte social
Atividades
8.51±2.65 8.05±2.57 8.75±3.37 9.89±3.33 1.523 0.210 0.025 0.397
sociais
Satisfação
11.49±2.58 13.13±2.31 13.38±2.00 11.56±3.05 6.885 0.000 0.103 0.976
família
Por sua vez, são os indivíduos solteiros que apresentam níveis mais elevados ao nível do
funcionamento sexual (25.43 ± 11.04). Seguem-se os divorciados (21.67 ± 10.46) e os
casados (21.12 ±10.30), e por fim, os viúvos (13.13 ± 7.40), que são o grupo com
menos satisfação ao nível do funcionamento sexual.
São, também, os indivíduos casados que mostram uma maior satisfação na relação geral
(8.82 ± 1.63), seguidos pelos viúvos (8.13 ±1.64) e solteiros (7.54 ± 3.19), sendo que os
divorciados são os que evidenciam uma menor satisfação com a relação geral.
36
Tabela 3: Comparação de indivíduos com cancro e sem cancro ao nível das dimensões
da satisfação da relação sexual
Autoestima 14.25±4.58 14.96±2.96 15.64±3.11 14.40±5.68 15.89±4.15 1.147 0.336 0.025 0.356
Funcionamento
27.78±9.15 14.00±9.07 22.21±8.25 11.93±8.99 18.82±10.44 18.205 0.000 0.291 1.000
sexual
Relação geral 8.13±2.73 8.48±2.17 8.50±1.95 7.20±3.21 8.32±2.31 0.780 0.540 0.017 0.247
Para as subescalas autoestima e relação geral, também não foram encontrados dados
estatisticamente significativos.
Para as subescalas autoestima e relação geral, também não foram encontrados dados
estatisticamente significativos
42
Por sua vez, as amizades mostram também uma correlação positiva com o
funcionamento sexual (r = +.0.238, p < .001), pelo que quanto maior for a satisfação
com as amizades maiores serão os níveis de satisfação com o funcionamento sexual.
44
Também se verifica que existe uma correlação positiva entre o espirito de luta (r
= +.180, p < .005), evitamento cognitivo (r = +.193, p < .001) e fatalismo (r = +.166, p
< .005) e o nível de satisfação com a família, ou seja, quanto maiores os níveis de
satisfação com a família maiores são os níveis de espirito de luta, evitamento cognitivo
e fatalismo.
46
3.Discussão
A sexualidade tende a ser um factor que ainda não é muito abordado pelos
profissionais de saúde, principalmente nos pacientes com mais idade (Lindau et al.,
2011).
Os tratamentos, nomeadamente os efeitos destes, são sentidos como a principal
barreira para uma sexualidade plena (Valdivieso et al., 2012). Deste modo, existem
efeitos diferentes em ambos os sexos. A disfunção eréctil e a diminuição da produção de
esperma são efeitos presentes no sexo masculino que afectam de modo significativo a
satisfação ao nível do funcionamento sexual. Por sua vez, os efeitos mais comuns no
sexo feminino são a dor na relação sexual, a secura vaginal e a diminuição da libido
(Gianini, 2004; Melisk et al., 2010; Siegel et al., 2012).
No entanto existem efeitos comuns a ambos os sexos, como é o caso da fadiga,
redução da densidade óssea, da dor e a infertilidade, a par de todas as alterações
morfológicas causadas em diversos tipos de cancro (Battaglini, et al., 2006; Diettrich et
al., 2006; Ishikawa et al., 2005; McAuley et al., 2010; Siegel et al., 2012). Todos estes
factores contribuem significativamente para a diminuição da satisfação com a sua
sexualidade, independentemente da idade ou sexo, o que vai de encontro aos nossos
resultados, uma vez que não foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas ao nível do funcionamento sexual e da relação geral.
relacionamento em geral. Este facto pode estar relacionado com o facto de mesmo antes
do diagnóstico da neoplasia o relacionamento ser instável o que vai de encontro ao
estudo de Ramos et al. (2005), tal como os indivíduos viúvos apresentarem os menores
níveis de satisfação com o funcionamento sexual, pois não possuem um companheiro
com quem podem usufruir de uma experiencia sexual onde o coito não é o factor central
da mesma.
Em casos de cancro gástrico, as alterações da auto-imagem são comuns. Estas
alterações causam dificuldades no contacto íntimo e como consequência nas relações
sexuais uma vez que a alteração provocada pelos tratamentos como as ostomias, trazem
sentimentos de menos-valia e dificuldades na interacção social, principalmente a nível
mais íntimo (Ramirez et al., 2009).
Os indivíduos viúvos são também os que apresentam uma maior satisfação com
a família. Este facto pode dever-se pelo facto de a família ser o sistema que cria redes de
suporte e apoio, de modo a garantir o conforto e bem-estar dos indivíduos (Figueiredo,
2007), principalmente em casos onde o conjugue já faleceu, pelo que o papel
desempenhado por este, passa a ser comtemplado nas funções dos restantes familiares.
Os indivíduos solteiros são por sua vez os que apresentam melhores níveis de
satisfação com o funcionamento sexual. Estes resultados vão de encontro ao estudo de
Vilarinho (2010), onde se denota que mulheres casadas apresentam níveis inferiores de
satisfação sexual comparadas com mulheres solteiras e divorciadas.
Segundo Vilarinho (2010), os indivíduos que apresentam maiores níveis de
satisfação com o funcionamento sexual, são os que apresentam maiores níveis de
atração física pelos companheiros/as. Também se salienta que os pacientes que denotam
níveis de maior satisfação antes dos tratamentos, apresentam também maiores níveis de
satisfação com a sua sexualidade após os mesmos (Ramos, 2005). Estes factos são
evidenciados por norma pelos indivíduos solteiros, uma vez que as suas relações não
são tão prolongadas no tempo e como tal ainda experiencia a fase de descoberta da
relação e do companheiro/a, mantendo os níveis de atractividade elevados.
Por análise dos resultados obtidos verifica-se que, os indivíduos com historial de
cancro têm de facto níveis mais baixos ao nível da satisfação com o relacionamento
51
sexual que os indivíduos sem historial de cancro. Estes resultados vão de encontro à
literatura que demonstra a influência negativa que a doença possui ao nível da
sexualidade (Lindau et al., 2011; Melisko et al., 2010).
Assim como Flynn et al. (2001) afirmam, a satisfação com a sexualidade e a
intimidade ressente-se quando existe um historial de cancro. Para Gianini et al. (2004), a
questão da sexualidade nos indivíduos com cancro, é uma dimensão bastante afectada
ao longo de toda a vivência do adoecer, sendo que o cancro acarreta alterações que se
repercutem ao nível da sexualidade, em especial ao nível do funcionamento sexual
(Hughuet, Morais, Osis, Pinto-Neto, & Gurgel, 2009). De acordo com os resultados
obtidos, os indivíduos com cancro têm menores níveis de satisfação ao nível da
sexualidade. Estes resultados vão de encontro à literatura que demonstra que o cancro é
responsável por menores níveis de bem-estar, qualidade de vida e satisfação com a
sexualidade (Fleury, Pantaroto, & Abdo, 2011).
Os efeitos que todos os tipos de tratamento têm, a par com as alterações físicas
que decorrem dos mesmos são factores cruciais para esta diminuição da satisfação ao
nível da sexualidade (Fleury et. al, 2011). As mudanças na sexualidade fazem-se sentir,
e acarretam elevado sofrimento para os pacientes e conjugues (Harden et al., 2008).
escrotal, e estas terem um grande impacto positivo na vida dos pacientes (Hyun, 2012),
muitas vezes determinadas funções ficam comprometidas para sempre. É o caso da
probabilidade de infertilidade no caso de cancro no escroto e de disfunção eréctil em
situações de cancro da próstata (Tran, 2011).
O cancro de mama é um dos cancros onde esta vertente é mais estudada. Para
além da mama ser um dos símbolos privilegiados da feminilidade, também é um dos
focos da maternidade e de toda a carga emocional representada pela gravidez (Elsner et
al, 2005; Gianini, 2004; Ramirez et al., 2009; Remondes-Costa, Jimenéz, & Pais-
Ribeiro, 2012). Deste modo a dimensão do funcionamento sexual ressente-se, tanto pelo
aspecto psicológico, como também pelas condicionantes físicas resultantes dos
tratamentos (Patrão, Leal, & Marôco, 2012).
Durante todo o processo de diagnósticos e tratamentos, tanto cirúrgicos como os
de quimioterapia e radioterapia, a mulher experiencia momentos de elevado stress e de
53
grande condicionamento a nível sexual (Patrão et al., 2012). Tal como refere a
literatura, este processo desenvolve alterações na relação com o corpo e
consequentemente na intimidade das pacientes, onde se ressalta o funcionamento sexual
(Remondes-Costa et al., 2012).
Apesar de algumas pacientes manterem-se sexualmente activas, muitas referem
não sentir prazer na relação (Remondes-Costa et al., 2012), pelo que deste modo, vai de
encontro aos nossos resultados que evidenciam baixos níveis de satisfação ao nível da
sexualidade, mais especificamente, no funcionamento sexual. Os valores encontrados
mostram, no entanto, uma maior satisfação nos pacientes com cancro de mama do que
nos restantes anteriormente referidos. Tal facto pode ser explicado, por na maioria dos
casos, a imagem corporal ser afetada na fase de tratamentos com a perda da mama, ou
parte dela, com a alopécia e todos as alterações hormonais, ser ultrapassado na sua
maioria após o término destes com as cirurgias de reconstrução e com o nascimento do
cabelo novamente. Estes são factos que não se verificam em grande parte dos casos do
cancro urológico, onde a disfunção eréctil e a infertilidade são permanentes.
dos pacientes oncológicos necessitam de ser alvos de atenção nos anos após o término
dos tratamentos. Este factor, é cada vez mais relevante uma vez que devido aos avanços
tecnológicos e da medicina o número de sobreviventes aumenta em todo o mundo. A
dimensão da sexualidade, nomeadamente a função sexual é tida como um aspecto
fundamental nas diversas dimensões de funcionamento do paciente, uma vez que traz
efeitos não só a nível físico como também na dimensão emocional e social. Estes efeitos
prolongam-se no tempo, pelo que devem ser trabalhados mesmo após terem sido
terminadas as terapêuticas (Goldfarb et al., 2013). Deste modo os nossos resultados vão
de encontro à literatura uma vez que demonstram que os pacientes sem historial de
doença oncológica apresentam níveis superiores de funcionamento sexual em
comparação com os que têm historial de cancro.
Pacientes aos quais foi diagnosticado cancro há menos de um ano são dos que
apresentam um nível menos gratificante ao nível da satisfação com o funcionamento
sexual. Este facto vai de encontro à literatura uma vez que estes pacientes são os que na
sua maioria se encontram em fase de tratamento e como tal sentem os efeitos causados
pelos mesmos (Costa & Migliorati, 2001; Trufelli et al., 2008), para além dos
transtornos psicológicos prevalentes nesta população como a depressão, ansiedade ou
ambos (Moreira et al., 2008; Pereira et al., 2005). Ressalta-se que entre o primeiro e o
terceiro ano, os pacientes a quem foi diagnosticado a neoplasia são os que apresentam
maiores níveis de satisfação com o funcionamento sexual. Tal aumento desses níveis
pode dever-se ao facto de ser nesse período que ocorrem, por norma as cirurgias de
reconstrução e terminam os tratamentos.
Os nossos resultados apontam para que após 3 anos do diagnóstico os níveis de
funcionamento sexual declinam. Tal facto vai de encontro à literatura existente, onde se
demonstra que apesar do tempo decorrido desde a fase de diagnóstico e dos tratamentos
recebidos, continua a haver preocupação com recidivas, alterações decorrentes na
imagem corporal e no funcionamento sexual, diminuição da capacidade de trabalho, de
energia, aumento da fadiga e sono pouco repousante (Moreira et al., 2008).
Após cinco anos, os níveis de satisfação do funcionamento sexual aumenta
ligeiramente.
Esta situação pode dever-se por ter sido ultrapassado os cinco anos iniciais após
o diagnóstico de cancro, que é o tempo estipulado para se poder utilizar o termo
“sobrevivente de cancro”, o que em termos psicológicos ajuda a iniciar uma nova fase
(Pinto & Pais-Ribeiro, 2007). No entanto esta designação de sobrevivente, assim como
55
o marco de 5 anos não reúne muito consenso na comunidade científica, uma vez que
existe uma variação muito elevada da doença oncológica ao nível dos efeitos, de
recidivas e de aparecimentos de novos cancros (Pinto et al., 2007).
mais apoio a nível das tarefas a realizar (Baine et al., 2011; Northouse et al., 2010). O
apoio psicossocial familiar, também se encontra associado a maiores taxas de sobrevida,
uma vez que tem um maior suporte nas tomadas de decisões e apoio para a realização de
exames e dos procedimentos médicos necessários adotar, sendo o apoio financeiro uma
componente que, na maior parte das vezes, é assegurada pelos familiares (Baine et al.,
2011; Novotny et al., 2010).
muito importantes para que o nível de satisfação com o funcionamento sexual seja
mantido (Patrão, 2005). É importante verificar que as relações anteriormente
conflituosas e com baixos níveis de satisfação ao nível da sexualidade não apresentam
níveis elevados de satisfação, mesmo quando existem bons níveis de ajustamento
mental à doença. (Patrão, 2005; Patrão et al., 2011). O bom funcionamento psicológico,
associado à utilização de estratégias de coping adequada e positivas traduzem-se num
bom ajustamento mental à doença. Nesse sentido, as reacções positivas demonstram
uma correlação positiva com os níveis de qualidade de vida, bem-estar físico,
ocupacional e social (Sá, 2001), onde a satisfação com o funcionamento sexual também
se inclui. Deste modo os nossos resultados não se mostram coadunantes com a literatura
existe. Este facto pode ser explicado, pelo facto de a maioria da amostra ter recebido o
diagnóstico de cancro há menos de 5 anos e ainda se encontrarem numa fase de
tratamentos e de dúvida e incerteza quanto ao futuro.
Deste modo, o fraco ajustamento mental à doença traduz-se numa maior taxa de
mortalidade, sendo que na maioria das vezes, encontra-se relacionado com perturbações
do foro mental, nomeadamente a depressão e a ansiedade (Fernandes, 2009; Pereira et
al., 2005). Este facto vai de encontro aos nossos resultados, uma vez que a depressão
foca sentimentos de desânimo e a ansiedade relaciona-se com a preocupação
(Fernandes, 2009). Assim, é possível verificar que a dimensão familiar tem um efeito
significativo no ajustamento mental dos pacientes com cancro (Fernandes, 2009; Pereira
et al., 2005).
Devido ao papel de cuidador exercido pelos membros da família do paciente,
existe um aumento dos níveis de stress dentro da própria família, o que poderá explicar
o facto de a reacção de ajustamento mental de fatalismo relacionar-se positivamente
com os níveis de satisfação com a família (Fernandes, 2009; Pereira et al., 2005). Este
período de doença, engloba mudanças a nível, tanto social, como económico, a par da
atribuição de novos papéis, regras, responsabilidades e competências, por parte dos
membros da família. Este, poderá ser um período onde a situação de crise é mais
prevalente, pois a doença oncológica é vista como uma ameaça à vida do paciente, e em
famílias coesas esta visão estende-se para além do próprio paciente. Deste modo, a
existência de mecanismos de fatalismo, por vezes vivenciados por toda a família pode
ser um indicador de satisfação com a mesma, pois só em famílias coesas e onde são
prestados cuidados é que os familiares temem pela vida do paciente (Cotrim, 2007;
Fernandes, 2009; Pereira et al., 2005). O apoio e a segurança transmitida pelos
familiares, influenciam de forma positiva o ajustamento mental à doença, uma vez que
fornecem estratégias de coping ajustadas.
Salienta-se que, segundo Fernandes (2009), os pacientes, nomeadamente
mulheres com cancro de mama, enfrentam diversos desafios e como tal necessitam de se
ajustar a muitas realidades novas que a doença traz. Deste modo, todos os tipos de apoio
ajudam o indivíduo na fase de ajustamento às mudanças ocorridas. O apoio emocional,
surge como sendo um importante factor, que deve ser fornecido de forma constante,
principalmente em situações nas quais o paciente não tem controlo, como por exemplo,
nos efeitos secundários dos tratamentos.
Para além dos familiares, os contactos sociais também fomentam uma
importante fonte de apoio (Fernandes, 2009). Os amigos, surgem como uma rede de
suporte que muitas vezes complementa o apoio dos familiares ou, até o substitui, como
no caso de famílias conflituosas e pouco coesas. O apoio social é um importante
65
4.Conclusão
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84
6. Anexos
85
_____________________________________
_____________________________________
Por favor, leia com atenção a seguinte informação. Se achar que algo está incorrecto
ou que não está claro, não hesite em solicitar mais informações. Se concorda com a
proposta que lhe foi feita queira, por favor assinar este documento.
É de referir que a sua participação é de caracter voluntário, desta forma é livre de participar e
pode desistir a qualquer momento, sem qualquer prejuízo para si. O estudo obteve parecer
favorável da Comissão de Ética da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro assim como
da Comissão de ética do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto).
Declaro ter lido e compreendido este documento. Foi-me garantida a possibilidade de, em
qualquer altura recusar participar neste estudo sem qualquer tipo de consequências.
Desta forma aceito participar neste estudo e permito a utilização dos dados que de forma
voluntária forneço, confiando que apenas serão utilizados para esta investigação e nas
garantias de confidencialidade e anonimato que me são dadas pela investigadora.
Nome:____________________________________________________________
Assinatura:__________________________________ Data:___-___-___
Declaro ter lido e compreendido este documento e não aceito participar neste estudo, sem
qualquer prejuízo para mim.
Nome:_______________________________________________________________
Assinatura:__________________________________ Data:___-___-___
6.3. Questionário
89
Antes de tudo, o nosso muito obrigado pela sua participação. O preenchimento deste
questionário é voluntário e anónimo, pelo que todos os dados obtidos serão
confidenciais e unicamente utilizados para efeitos de investigação/pesquisa. Apesar do
questionário ser algo longo e demorado, pedimos-lhe que responda de forma atenta e
sincera, dando a sua verdadeira opinião acerca das questões colocadas. Qualquer dúvida
que surja ao preencher o questionário não hesite em perguntar.
Aldeia (rural)
Cidade (urbano)
Estado civil:
Solteiro/a
Casado/a
União de facto
Viúvo/a
Divorciado/a
Outro Qual?
Estatuto socioeconómico:
Rendimento Mensal
Menos de 500€
Entre 500 e 750€
Entre 750 e 1000€
Entre 1000 e 1500€
Entre 1500 e 3000€
Mais de 3000€
Habilitações Académicas
Sem habilitações académicas
90
1º Ciclo (4ºano)
2º Ciclo (6ºano)
3º Ciclo (9ºano)
Secundário (12ºano)
Ensino Superior
Menos de 1 ano
Entre 1 a 3 anos
Entre 3 a 5 anos
Há mais de 5 anos
Neste momento:
Quimioterapia
Radioterapia
Cirurgia
Outro/os Qual/Quais?
Sim Não
Perda de cabelo
Aumento de peso
Fadiga (muito cansaço)
Perda de peso
91
Disfunções/problemas sexuais
Náuseas/Vómitos/enjoos
Perda de um membro ou parte do corpo Qual?
Outras:
Grupo 1
Segue-se um conjunto de questões que descrevem reações que as pessoas têm face a
uma doença como a sua. Por favor assinale até que ponto cada afirmação mostra o
seu modo de reagir, fazendo um círculo no número que melhor descreve a sua
reação.
1 2 3 4
Não se aplica de
Não se aplica a Aplica-se
modo nenhum a Aplica-se a mim
mim totalmente a mim
mim
é bem-vindo.
12- Estou um pouco assustado/a.
1 2 3 4
13- Sinto que não há nada que eu possa fazer que me ajude.
1 2 3 4
29-Sinto-me arrasado.
1 2 3 4
Grupo 2
93
1 2 3 4 5
Discordo Discordo na Não concordo Concordo na Concordo
totalmente maior parte nem discordo maior parte totalmente
Grupo 3
O próximo conjunto de afirmações diz respeito a aspetos do seu funcionamento
sexual. Assinale com um círculo no número que melhor descreve a sua situação.
Caso não tenha no momento actual parceiro(a) tenha em conta a sua última relação.
Tenho ou tive pelo menos um(a) parceiro(a) sexual ao longo da minha vida.
1 2 3 4 5
Poucas vezes Algumas vezes Muitas vezes
Quase (muito menos (Cerca de (muito mais Quase
nunca/nunca de metade das metade das de metade das sempre/sempre
vezes) vezes) vezes)