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e a Demonstração da Existência de
Deus em Santo Tomás de Aquino
1) A Cognoscibilidade da Existência de
Deus Para a Filosofia
1
Philotheus Boehner. História da Filosofia Cristã. p. 21.
2
Tomás de Aquino. Suma Teológica. I, 2, 2, SC.
apreende tal demonstração, torna-se desnecessário crer.3 A fé, como lembra
Agostinho, é essencialmente um conhecimento infuso e inatingível pela razão.4
De sorte que, todo conhecimento que seja atingível pela razão e que de alguma
forma derive de seus primeiros princípios, exatamente por isso, difere, por
definição, do conhecimento pela fé. Ora, a existência de Deus é um conhecimento
naturalmente cognoscível.5 Logo, por ser uma verdade clara e distinta, deixa,
ipso facto, de pertencer à domínio da fé: “(...) uma verdade clara e distinta e
certamente conhecida deixa, ipso facto, de pertencer ao domínio da fé (...)”6.
É certo, no entanto, que Deus revelou-nos a sua existência, Tomás
alude a isso também. Com efeito, ao provar a existência de Deus, cita a
passagem do Êxodo em que Deus se revela como existente: “(...) Em sentido
contrário, está escrito o que se diz no livro do Êxodo: ‘Eu sou Aquele que sou’”.7
Mas, essa verdade, embora revelada, quanto ao modo, é, de per si, natural.
3
MARIE, Joseph Nicolas. Introdução à Suma Teológica. Trad. Henrique Lima Vaz et al. São
Paulo: Edições Loyola, 2001. p. 36: “Sto. Tomás esclarece que aquilo que chega a ser
demonstrado pela razão e para quem chega a apreender essa demonstração em seu rigor; a
adesão intelectual não é a da fé, mas da razão (...)”.
4
Philotheus Boehner. História da Filosofia Cristã. p. 451: “Como lembra Agostinho, a fé visa
precisamente àquilo que não está presente à razão, isto é, ao que lhe é inatingível.”
5
Idem. Ibidem: “Por conseguinte, todo conhecimento racional, deduzido dos primeiros
princípios, foge ao domínio da fé, porquanto se trata de objetos presentes ao entendimento, e
por isso mesmo insuscetíveis de fé.”
6
Idem. Ibidem.
7
Tomás de Aquino. Suma Teológica. I, 2, 3, SC.
É necessario que o homem receba pela fé, não só aquilo que
supera a razão, mas também o que pode ser conhecido pela
razão. E isso por três motivos: 1. Com efeito, à ciência cabe
provar que Deus existe e outras coisas a Ele referentes, mas ela
é o último objeto a cujo conhecimento chega o homem por
pressupor muitos outros conhecimentos anteriores. Assim, só
depois de muitos anos de vida, o homem chegaria ao
conhecimento de Deus.8
Ora, muitos homens são ineficazes no seu raciocínio, outros têm a sua
vida toda preenchida pelas atividades temporais, há ainda aqueles, que nem
sequer o desejo de se instruir possuem.9 Assim, os poucos que chegariam,
unicamente pela razão, a saber que Deus existe e a conhecer outras verdades
desta ordem, só chegariam depois de longos anos e titubeando por muitos
erros.10 Agora bem, essa e outras verdades relacionadas a Deus, são vitais para a
salvação do homem. Logo, para que a salvação chegasse a todos os homens, e
para que estas verdades atinentes à nossa salvação, fossem conhecidas sem
mescla de erros e com mais facilidade, foi necessário que Deus nos instruísse
sobre elas, também por Revelação:
8
Tomás de Aquino. Suma Teológica. II-II, 2, 4, C
9
Idem. Ibidem: “-2. Para que o conhecimento de Deus seja mais generalizado. De fato, muitos
não podem avançar no estudo das ciências ou por incapacidade mental ou porque estão
envolvidos por outras ocupações e pelas necessidades da vida temporal ou ainda porque não têm
o desejo de se instruir.”
10
Idem. Ibidem. I, 1, 1, C: “Com efeito, a verdade sobre Deus pesquisada pela razão humana
chegaria apenas a um pequeno número, depois de muito tempo e cheia de erros.”
11
Idem. Ibidem.
2) A Não-Evidência da Existência de
Deus
12
Etienne Gilson. A Filosofia na Idade Média. p. 658: “A demonstração de sua existência é
necessária e possível. É necessária porque a existência de Deus não é evidente (...); logo, temos
que concluir pelo raciocínio essa existência que não podemos constatar.”
13
Philotheus Boehner. História da Filosofia Cristã. p. 453: “S. Tomás terá que repudiar toda
argumentação apriorística, como também a que se baseia em dados anímicos, para reter apenas a
que parte da realidade externa.”
14
Tomás de Aquino. Suma Teológica. I, 2, 2, ad 1: “No entanto, nada impede que aquilo que,
por si, é demonstrável e compreensível, seja recebido como objeto de fé por aquele que não
consegue apreender a demonstração.”
Trataremos em seguida de expor com pormenores, a concepção do
Aquinate a respeito da não-evidência da existência de Deus, bem como a
refutação daqueles que afirmavam tal coisa.
Com efeito, para alguns pareceu desnecessário provar que Deus existe.
A existência de Deus para estes, seria por si mesma evidente. Ora, o que é por si
mesmo evidente, não precisa ser demonstrado. Logo, não é necessário
demonstrar que Deus existe exatamente por ser impossível pensá-lO como não
existente:
16
Idem. Ibidem. I, X, 2 (60).
o significado do nome deus. Logo, é evidente por si mesmo que
Deus existe.17
17
Idem. Ibidem. I, X, 3 (61).
18
Idem. Ibidem. I, X, 4 (62).
que dispensa qualquer raciocínio demonstrativo, para comprová-la. Tal
conhecimento, é idêntico ao conhecimento daquelas verdades que, uma vez
conhecidos os seus termos, imediatamente apreende-se o seu significado. Donde,
ser evidente por si mesmo que Deus exista, precisamente pelo fato do homem
naturalmente desejá-lo:
Além disso, deve ser evidente por si mesmo aquilo pelo qual
todas as outras coisas são conhecidas. Ora, isto se dá com Deus.
Com efeito, assim como a luz do sol é o princípio de toda
percepção visual, também a luz divina é o princípio de toda
percepção intelectiva, visto que em Deus encontra-se em grau
supremo a primeira luz inteligível. Logo, é necessário que seja
evidente por si mesmo que Deus existe.20
19
Idem. Ibidem. I, X, 5 (63).
20
Idem. Ibidem. I, X, 6 (64).
Por todos estes argumentos, muitos concluíram que a existência de
Deus seja de tamanha evidência, que seria impossível pensar o contrário:
O fato de para alguns, ser impossível pensar que Deus não exista,
procede, em parte, do fato de estes serem homens piedosos, que desde a infância
foram educados na fé e a invocar a Majestade Divina pelo seu nome. O costume,
sobretudo aquele que se adquire desde a mais tenra infância, se arraiga tão
fortemente em nosso espírito, que pensamos serem estas verdades, naturalmente
evidentes por si mesmas:
21
Idem. Ibidem. I, X, 67(65).
22
Idem. Ibidem. I, XI, 1(66).
2.2.2) A Diferença entre o que é Simplesmente Evidente Por Si daquilo
que é Evidente Para Nós
De fato, para que uma proposição seja evidente por si mesma, basta-
lhe que o predicado esteja contido no sujeito. Também é verdadeiro, que na
proposição “Deus Existe”, o predicado é nada menos do que idêntico ao sujeito.
Assim sendo, é certo que tal proposição é por si mesma evidentíssima.
Entretanto, é evidentíssima somente para aqueles que vêem a essência divina,
pois somente eles sabem que Sua essência é o Seu ser, isto é, que o predicado
existir é idêntico ao sujeito. Portanto, esta verdade, evidentíssima por si mesma,
não o é para nós, pois desconhecemos a essência divina. No entanto, importa
23
Idem. Ibidem.
ressaltar, que se não podemos conhecer a Deus nEle mesmo, dado
desconhecermos a sua essência, podemos conhecê-lo mediante os seus efeitos:
Pois assim como, para nós, é evidente que o todo é maior que a
sua parte, também aos que vêem a essência divina é
evidentíssimo por si mesmo que Deus é, dado que a sua essência
é o seu ser. Mas como não lhe podemos ver a essência,
chegamos ao conhecimento do seu ser não por meio dele, mas
por meio dos seus efeitos.24
28
Idem. Ibidem.
29
Idem. Ibidem: “De fato, deve haver correspondência entre a coisa e o nome que a define.”
30
Tomás de Aquino. De Veritate. Q 1, a 1, C. in: Luiz Jean Laund. Verdade e Conhecimento.
São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 149: “A primeira condição quanto a ente e intelecto é pois
que o ente concorde com o intelecto: esta concordância diz-se adequação do intelecto e da coisa,
e nela formalmente realiza-se a noção de verdadeiro.
31
Idem. Suma Contra os Gentios. I, XI, 2 (67): “Contudo, daquele que o espírito concebe
quanto ao nome deus, só se pode concluir que deus existe apenas na nossa mente.”
32
Idem. Ibidem.
2.2.5) A Possibilidade de Pensá-lo Como Não Existente
(...) Isto porque poder pensar nele como não sendo provém não
de imperfeição no seu ser, mas da debilidade do nosso intelecto
que não o pode ver em si mesmo, e sim nos seus efeitos, e assim
vem a conhecer que ele é por meio de raciocínio.33
33
Idem. Ibidem. I, XI, 3 (68).
O homem conhece Deus naturalmente e naturalmente o deseja.
Ora, naturalmente o deseja enquanto naturalmente deseja a bem-
aventurança, que é uma certa semelhança na bondade divina.
Assim, pois, não é necessário que Deus, considerado em si
mesmo, seja conhecido pelo homem, mas sim a semelhança de
Deus. Donde ser necessário que, pelas suas semelhanças,
encontradas nos efeitos, chegue o homem, raciocinando, ao
conhecimento de Deus.34
Importa dizer, que Deus não é o meio pelo qual todas as coisas são
conhecidas, nem é correto afirmar, que todo o conhecimento tenha por
pressuposto o conhecimento de Deus. O que é certo é que, todo conhecimento é
causado em nós por Deus, pelo seu influxo. Cabe, pois, que raciocinando,
admitamos que este efeito, que causa em nós o conhecimento, nos refere a Deus
como à sua causa:
34
Idem. Ibidem. I, XI, 5 (70).
35
Idem. Suma Teológica. I, 2, 1, ad 1: “Muitos pensam que a felicidade, este bem perfeito do
homem, consiste nas riquezas, outros a colocam nos prazeres ou em qualquer outra coisa.”
36
Idem. Ibidem. I, XI, 6 (71).
3) A Possibilidade e a Necessidade
da Demonstração Racional da
Existência de Deus
37
Leonel Franca. Por Que Existem Homens que não Crêem em Deus. p. 25.
38
Tomás de Aquino. Suma Contra os Gentios. I, XII, 1 (72).
3.1.1) A Ineficácia dos Argumentos dos Filósofos e a Identidade Entre
Essência e Existência em Deus
39
Idem. Ibidem. I, XII, 2 (73): “Muitos foram levados a essa conclusão devido à fraqueza dos
argumentos apresentados por outros para se provar que Deus é.” É interessante a “audácia” de
Tomás aqui, que sempre se manteve fiel à uma postura de veneração ante a tradição que o
precedeu, ao acentuar com ousadia, a ineficiência desta, no que ao respeito ao rigor quanto
formulação das provas da existência de Deus. Podemos esperar assim, nesta surpreendente
declaração de “insuficiência” da tradição neste aspecto, uma nota de originalidade ou
renovação, no desenvolvimento das provas da existência de Deus, por Tomás.
40
Idem. Ibidem.
não podemos conhecer a qüididade divina, não podemos demonstrar que Deus
existe:
44
Idem. Ibidem. I, XII, 6(78).
45
Idem. Ibidem. I, XII, 7(79).
3.2.3) O Conhecimento da Existência de Deus Parte dos Sentidos
46
Idem. Ibidem. I, XII, 8(80).
47
Idem. Ibidem. I, XIII, 1 (81).
4) A Exposição das Cinco Vias para se
Provar a Existência de Deus
48
Tomás de Aquino. Suma Teológica. I, 2, 3, C.
49
Idem. Idem.
50
Felippo Selvaggi. Filosofia do Mundo. p. 432.
51
Tomás de Aquino. Suma Teológica. I, 2, 3, C.
52
Idem. Idem.
que já esteja em ato: “(...) e nada pode ser levado ao ato senão por um ente em
ato”.53
Recordemos – uma vez mais – que para o Aquinate, a expressão
“mundo” corresponde a cosmos e cosmos, por sua vez, significa e engloba todas
as coisas que são. Importa, portanto, dizer que, se certas coisas no mundo se
movem, o mundo está em movimento. E se o mundo está em movimento, ele
precisa ser necessariamente movido. Deve-se também acentuar, que é necessário
que exista um ente em ato que mova o mundo e o leve a ato, pois nada move a si
mesmo e nem é levado a ato, senão por outro ente que já esteja em ato.
Ora, este ente em ato que move o mundo, pode ou não estar em
movimento. Caso esteja, será também movido e ainda o ente que o move será
movido e assim percorreríamos o infinito neste trajeto de causa e efeito, o que é
impossível:
É preciso que tudo o que se move seja movido por outro. Assim,
se o que se move é também movido, o é necessariamente por
outro, e este por outro ainda. Ora, neste caso não haveria o
primeiro motor, por conseguinte, também tampouco, outros
motores, pois os motores segundos só se movem pela moção do
primeiro motor, como o bastão que só se move movido pela
mão.54
56
Idem. Idem I, 2, 2, C.
57
Idem. Idem. I, 2, 3, C.
4.2) A Via das Causas Ordenadas Eficientes
62
Idem. Op. Cit.
63
Idem. Op. Cit.
64
Felippo Selvaggi. Op. Cit.. p. 449: “Contingente é, por sua vez, o que não é necessário, o que
pela sua natureza é tal que existe, mas pode também não existir: que, embora existindo de fato,
pode não existir em linha de princípio”.
perecem. Conseqüentemente podem ser e não ser.”65 Eis no que consiste o
contingente: aquilo que não tem em si, a razão suficiente da sua existência.
Ora, o que do mundo se diz da parte, com mais propriedade deve-se
dizer do todo, pois o todo precede as partes. Assim, se existem coisas no mundo
que são contingentes, deve-se dizer que o mundo mesmo é contingente.66
Destarte, se o mundo é contingente, é porque veio a ser e pode deixar de ser.
Sendo assim, houve um momento em que o mundo não era, “pois o que pode não
ser não é em algum momento.”67 Ora bem, seguindo esta linha de raciocínio,
ainda hoje nada existiria, pois o ser só do ser pode provir e o contingente só
procede necessário:
65
Tomás de Aquino. Idem. I, 2, 3, C.
66
F. Copleston, formula da seguinte forma este mesmo o argumento, na sua célebre polêmica
contra o ateísmo de Russell: B. Russell. Perché non sono cristiano. Milão: Longanesi, 1972. p.
138. In: MONDIN, Battista. Quem é Deus? Elementos de Teologia Filosófica. Trad. José
Maria de Almeida. 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2005. p. 229: “Em segundo lugar, o mundo é
simplesmente um conjunto real ou imaginário de objetos individuais que não têm
exclusivamente em si mesmos a razão da própria existência. Não existe um mundo distinto dos
objetos que o formam, assim como a raça humana não é algo separado dos indivíduos que
compõem. Por isso, dado que os objetos ou eventos existem, e dado que nenhum objeto da
experiência contém em si mesmo a razão da própria existência, a totalidade dos objetos deve
ter uma razão externa a si mesma.”(O itálico é nosso).
67
Idem. Idem.
68
Idem. Idem.
que fosse antes do mundo e que tenha colocado o mundo no ser: “Assim, nem
todos os entes são possíveis, mas é preciso que algo seja necessário entre as
coisas”.69 O mundo não se explica a si mesmo, está sempre a exigir uma razão
externa a ele, que torne possível a sua existência. Daí dizer Wittgentein, que para
provar a existência de Deus, basta “tomar consciência de que o mundo não é
tudo.”70
Ademais – este ser necessário para que o mundo passe a ser – pode
ou não retirar a sua necessidade de outrem. Ora, entre os entes necessários,
também não se pode proceder indefinidamente, posto que, em não havendo um
primeiro ente necessário, não existiriam tampouco outros entes necessários. De
fato, necessário é, falando estrita e propriamente, somente aquilo que existe por
si (a se) e que, por conseguinte, encontre em si a razão da sua existência.
Agora bem, sendo o necessário a razão de ser do contingente, isto é,
daquilo que não existe por si (a se), toda contingência forçosamente tem a sua
origem no necessário. Destarte, a maior prova da existência de um ente
necessário, é a existência de seres contingentes.
Portanto, deve-se dizer que existe um ente que seja necessário e que
não encontre, alhures, a causa de sua necessidade, mas que, ao contrário, seja
causa da necessidade de todos os demais entes necessários. Ora, tal ser só pode
ser Deus:
69
Idem. Idem.
70
Wittingenstein. Tracatatus. 6, 45. In: MONDIN, Battista. Quem é Deus? Elementos de
Teologia Filosófica. Trad. José Maria de Almeida. 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2005. p. 229.
71
Idem. Idem.
4.4) A Via dos Graus de Perfeição
72
Idem. Ibidem: “A quarta via se toma dos graus que se encontram nas coisas.”
73
Manuel Correia de Barros. Lições de Filosofia Tomista. Disponível em:
<http://www.microbookstudio.com/mcbarros.htm>. Acesso em: 23/01/2005: “A noção de ser,
que abrange tudo, é muito rica, e excede a capacidade da nossa inteligência. Desdobramo-la por
isso em várias, considerando no ser um aspecto de preferência aos outros, encarando-o só por
um certo lado. As noções assim obtidas, idênticas no fundo, dizem-se, como o próprio ser,
transcendentais. As principais são a unidade, a verdade, o bem, a beleza; unidade
transcendental, beleza transcendental, etc., para se distinguirem de noções habituais a que se dão
os mesmos nomes.”
74
Tomás de Aquino. Suma Teológica I, 2, 3, C: “Encontra-se nas coisas algo mais ou menos
bom, mais ou menos verdadeiro, mais ou menos nobre etc.”
75
Idem. Ibidem: “Ora, mais ou menos se dizem de coisas diversas conforme se aproximam
diferentemente daquilo que é em si mesmo o máximo.”
76
Idem. Ibidem: “Assim, mais quente é o que mais se aproxima do que é sumamente quente.”
77
Idem. Ibidem: “Existe em grau supremo algo verdadeiro, bom, nobre e conseqüentemente ente
em grau supremo (...)”.
bom e nobre correspondem à noção de ser, devemos concluir que o ente que
possui essas noções em grau máximo possui também o ser em máximo grau.78
Outrossim, o que é máximo num determinado gênero é causa de tudo o
que é desse gênero.79 Pois bem, aquele ser que possui o grau máximo da verdade,
da bondade, e de toda a perfeição, é causa dessas perfeições nos outros seres.
Este Ser, fonte do ser e de todo grau de perfeição das coisas, é
transcendente à ordem dos seres naturais. O que os demais seres possuem, mais
ou menos, este ser possui em grau máximo. E não é só. Tudo o que os diversos
seres possuem de perfeição, só a possuem enquanto participam da Suma
Perfeição. Este Ser – Suma Perfeição – nós o chamamos Deus.80
4.6) Conclusão
Assim provamos que Deus existe. Entretanto, este Deus cuja existência
agora admitimos, não nos permite saber o que Ele é. Ele é infinito, enquanto nós
somos espíritos finitos. Somos capazes apenas de admitir o fato certo da sua
existência, sem jamais, no entanto, sermos capazes conseguir esgotar o seu
mistério:
86
Giovanni Reale. História da Filosofia: Do Romantismo aos Nossos Dias. P. 777-778. (O
itálico é nosso).
87
É bom lembrar, que na nossa boca, a expressão “tomismo”, quer significar, tão-somente, uma
doutrina que pensamos remeter a Tomás.
88
Etienne Gilson. A Filosofia na Idade Média. p. 671.
BIBLIOGRAFIA
FRANCA, Leonel. Porque Existem Homens que não Crêem em Deus. São
Paulo: Mundo Cultural, 1979.