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NA AGAO UNIVERSIDAD! JA Reitor Joao Cléudio Todorov Erico Paulo Siegmar Weidle EDITORA UNIVERSIDADE DE BRASILIA. Diretor Alexandre Lima CONSELHO EDITORIAL, Presidente Emanuel Araujo Alexandre Lima Alvaro Tamayo: all Tgna Rodrigues juste Dardenne Sylvia Ficher Vilma de Mendonga Figueiredo Garrafa COPY BEM Gopiadora XI de Agosto c % 10 1 ne SOrocLes ANTIGONA Introdugao, versio do grego enotas Maria Helena da Rocha Pereira EDITORA UnB PERSONAGENS DO DRAMA Antigona Isménia | Coro dos ! Antigona e Isniénia saem do palticio. avticoxa ménia, minha irm8, minha querida ira, por ventura conheces na ipo algum mal que Zeus ainda nio f gonha, no ha desonra que eu nio tenha visto no nimero das minhas {uas penas, E agora, que nova é essa que toda a cidade afirma, desse édito que 0 general acaba de promulgar? Tu sabes? Ti caso ignoras que a maldade dos nossos 10 que nos sao caros? saad nos sfiocaros, Antigona, nem uma palavra me chegou, 15 Anticon Mas sei-oeu, ¢ porisso te mandei vir para fora do pal que 56 tv 0 ouvisses. afim de Isstna 20 Que €? Pareces perturbada por alguma noticia, Awticona, iguiu Creonte, na sepultira, um dos nossos irmaos, ¢ 25 sm. Quanto ao cadaver de Polinices, perecido miseravelmente, diz-me que foi proclamado aos cidadios que ninguém © recolhiesse num sepulcro, nem o lamentasse, mas sim que o deixasse s ndo conhecerem, e a pritica desse ato nio teri por coisa de pouica monta, mas quem quer que o cometa incorre em crime de lapidago piiblica nesta cidade. Tais s20 0s fatos, ¢ em breve mostrards se tens cariter ou se da tua nnobreza fizeste vileza . . sme E que adianto eu, nestas circunstén 40 ou desatar este nd? “ANTiGONA VE se queres cooperare atuar comigo. Asmenta que espécie de risco? Que estis a pre Ancicona erguendo a mao Se junto com esta mao vais levantar 0 cadaver. snatvta ‘Acaso pensas em dar-the sepultura, quando isso est interdito 8 cidade? Anticon Sim, a esse irmio que é meu e tev, ainda que o nto queiras. Niome ~ 45 scusardo de 0 ter atraigoado* . smn, O desvairada, que te profbe Creonte! Anticon, A ele niio Ihe é dado separar-me dos meus, 50 odioso sem gloria, fer mdos, assim que descobriu os seus crimes.’ Depoii, amie e esposa dele — que de ambas tinha © nome — destrdi a sua vida no lago de uma corda.* 55 lugar, os nossos tro, cumprindo, desgracados, um destino fa mosnés as duas, vé li de que maneira ainda pior acabaremos, se, contra ei, vamos transgredir o ito dos soberanos ou0 seu poder.Pelo.con- 60 Iembrarmo-nos de que nascemos para ser mulheres, € ter com os homens; e, em seguida, que somos governa- das pelos mais poderosos, de modo que nos submetemos a isso, ¢ a lor isso eu rogo aos que estio debaixo da 65 ccaminham na senda do poder. Atuar em vo € coisa que nto faz sentido, Awricona eu quem te ordene, ver sagrado—jé que mais longo otempo 75 tio no além do que aos que estio aqui. para os deuses & honroso. Isuta Eu nfo fago nada que no seja honroso, mas sou incapaz de atuar contra poder da cidade. Anigona 80 essas desculpas, que eu por mim vou erguer um lo. Isudnta lesgragada, como eu receio por tl Anticon 's por mim. Assegu ida. Asa 85 Mas ao menos nfo reveles a ninguém esta ago; guarda-a em segre- do, que outro tanto farei eu. AntiGONA Ail mais odiosa, se tecalares, do que se a proclamares diante de todos. Isménta Conservas um animo esquentado perante a friarealidade, AwTicoNA, Mas sei que agrado aqueles a quem mais devo dar prazer. Ista 90 Se ao menos tiveres esse poder; mas desejas o impossivel ANticoNA Pois bem: quando no tiver forga, cessarci Aswsa Convém principiar por nfo andar atris do impossivel Anricona Se assim falares, serds odiada por mim, e com tazio ser 1 Ee de odiares 0 que morreu. Mas deixa-me, a 9 sofrer este mal terrivel. Eu, por mim, nfo creio que haja de como morrer sem honra, ont Vai, se assim te parece. Mas fica sabendo que, embora sejas uma insensata em ir, com razdo seras amada pelos que te sto caros, Antigona sai pela esquerda; Isménia entra no palicio. Eniretanto, iece. O Coro, formado por quinze ancidos de Tebas, aparece na orguestra. coro 6 raios do Si z mais bela em Tebas das sete portas* aresplandecer, brithaste enfim, 6 farol dourado do dia, avangando pela corrente Direéi sobre o Argivo,"t de escudo branco, com freio mordent fando-se para a fuga Teste. 100 105 rgas questées, soltando um grito estridente —tal dguia que se abate no solo coberta com as asas brancas de neve —, ccarregado de armas ede el que crinas de cavalos enfe Vanap, 120 125 130 135 140 14s © paras sete bocas. Pastiu, sem que enchesse, ‘com as langas sedentas de morte, de sangue nosso as faces, nem que as chamas de Hefestos" arrasassem nossa coroa de torres. Talo fragor de Ares" indémito na luta do dragio. Pois Zeus, o que abominava a vaidade de uma lingua soberba, a0 vé-los atacar em torrerite com sobranceiro orgulho no estridor do ouro, Aquele!* que j Com a tocha na mio precipita-se sobre a terra que ressoa,, e-com béquica firial” respira vendavais de dio. Porém, outra foi a sort. ‘Aos mais distribuiu seu destino" o forte e fogoso Ares. Contra as sete portas os sete sitiantes"” deixaram a Zeus, senhor dos troféus, de um 56 pi ede uma s6 mie, ando as langas poderosas, ram uma sorte fatal” Mas desde que chegou sorridente = anap. 2estr, anap. 2 ant. a gloriosa, as guerras de hd pouco esquegamos; cem dangas noturnas, vamos dos deuses a todos os templos, ¢ Baco™ tremente domine em Tebas. Mas ai vero rei desta terra Creonte filho de Menec dos deuses, por nova d ‘© soberano de agora. Algum plano ele divisa, pois dos ancifos convocou a assembléia, pela voz. do arauto a todos chamando. Entra Creonte, em traje real, acompanhado de guardas cxsonte Vardes, de novo os deuses restabeleceram a seguranga da nossa ci- dade, depois de a terem abalado com vagas alterosas.” Mandei-vos con vocar para aqui, longe de todos, pelos meus em nte de que sempre honrastes 0 poderio do trono de Laio, e depois, quando Edipo dirigia a cidade, em seguida pereceu, permanecestes leais aos filhos de fees, com um nimo constante, Mas ja que esses, por um du- plo fado, acabaram num s6 dia, batendo-se ¢ ferindo-se, poluindo as, suas mos no proprio sangue, soueu agora o detentor de todos os pode- res do trono, devido a proximidade de parentesco com aqueles que se cada un por mim, entendo mantiver firme nas melhores decides, mas por medo 185, 190 195 205 210 215 que tenha mais amor a outrem do que a sua propria patria, , tenho amenor considerag0. Pela minha parte—saiba-o Zeus, .cm- pre vigia tudo —ntio me calaria, se visse a rufna, em vez da salvacao, a avangar sobre os cidadios, nem teria por amigo proprio um vardo que quisesse mal & nossa terra. Sei bem que é ela que nos mantém salvos e que, se navegarmos i: a.com di por esta cidade, praticando toda espécie langa, dar-se-& sepultura num ttimulo e executar-se-Ao todos porém, qi ices — ao que, de regresso do exilio, quis dest Ponta a ponta, a terra de seus pais e os deuses da sua saciar-se do. ado, nem pessoa alguma o la- epulto, e que 0 seu corpo, dado a comer aos aves de rapina, se havia de tornar um espeticulo vergonhoso. Tal é0 meu pensamento, ¢, por mim, jamais os maus hio de ultra- is, Porém, quem for propicio a esta cidade, morto ou vivo, receberé da minha parte honras iguais. coro Ati apraz-te, Creonte, filho de Meneceu, proceder desse modo para com quem é desfavoriivel e para com quem € propicio a esta cidade, Em. tums mos esté a fact quaisquer que sejam, quer para os mortos, quer para os vivos. caeonre Sede vés os guardides destas ordens. cono Encarrega disso alguém mais jovem do que nds, Ceroxte Os vigias do cadaver jé estdo prontos. coro Que mais querias ento recomendar-nos? Creonre ‘Que nfio vos junteis aos que desobedecem as minhas ordens, coro Nao hé ninguém to louco que deseje a morte. cxrowTe Pois seré esse 0 Ssalario; mas muitas vezes a esperanga do ganho aniquila os homens. Entra o Guarda, Goan Meu senhor, no direi que foi por causa da velocidade que cheguei aqui sem folego, depois que pus em movimento os meus pésligeiros.. verdade, muitas foram as paradas que fiz para pensar, is votas noc tho, quase a tomar aris. O meu espirito dizin-me muitas coisa falan- do-me assim: —Desgragado, para que v chegada serés castigado? Mi Creonte souber por outro, como deixarés de softer? — Com esta tages, fiz caminho sem grande pressa,*c assim uma pequena distancia ‘se volveu em grande. Por iltimo, enfim, prevaleceu vir encontrar conti- {0.E, se o que eu te contar nfo valer nada,” mesmo assim vou dizer-te. Porque eu venho agarrado a esta esperanga, de que nada mais softerei seniio 0 que me estiver destinado. Crrowre Que motivo tens para essa inquietagio? Guanna 0 falar-te do que me diz 1 (0 fui eu quem a 220 225 230 238 240 245 250 255 260 265 praticou essa ago, nem sei quem foi. E nfo ha razao para eu cair em desgraga, Canons \Nio ha divida que atiras bem e fazes boa defesa em volta do.caso.* Mas é manifesto que tens algo de novo para contar. Guana sitagao. O perigo é a causa'de tanta Caro, Acabaris finalmente por dizer, ¢ por ires embora, depois? Guana izer-te, Ha pouco ainda, alguém deu sepul u sobre o corpoo pé seco fez-lhe as oferendas Enfim, vou a0 ca- diver ese retirou, esp: que so devidas. Caronte Que dizes? Quem dentre os homens ousou cometer tal feito? Guana Nao sei. Nao jis de machado nem terra que a enxada amontoasse. O quem quer que tivesse sido o autor da obra, nto deixara vestigios. Quan- do a primeira senti aquele prodigio emba- ragoso para todos nés. O caddiver estava invi uma camada fina de: fugir a uma maldiga0.” Nao hi da passagem de imal selvagem ou de ees, nem tinha aspecto de ter sido dilacerado. Entrechocavam-se palavras desagradaveis entre nds; cada rdaacusava 0 outro. E teria havido pancada, se néo aparecesse quem pedisse. Cada um de nés podia set festamente, antes se esquivava a reconhecé-Io. Estavamos prontos a vantar ferros em brasa com as mios, €a atravessar as chamas,” a jurar pelos deuses que nen mos praticado aquela apo, nem fSramos ctimplices de quem a deliberara e a executara. Por fir, como no havia vantagem alguma em indagar, fala um qualquer, que a todos forga a baixara cabera, de medo, pois nao sabfamos que haviamos de Ihe repli- car, nem que fazer para sermos bem sucedidos. O que ele disse foi que cera preciso revelar-teo fato, e nfo manté-lo oculto. Prevaleceu esta opi- nif, eeu sou desventurado que a sorte escolheu para receber tal benefi- ccio. Aqui estou eu contra vontade, perante quem a no tem boa para mim, bem o sei, pois ninguém gosta de quem anuncia mas noticias, Coro Senhor, ha muito que meu espirito pondera, se acaso este feito no sera obra dos deuses. Crxowre Cessa, antes que as tuas palavras me encham de célera, para que io sejas ao mesmo tempo insensato e velho. Pois nao se pode suportar ndades possam ter cuidados com esse cadaver. antes havia homens deste pais que tolerando mal as minhas ordens, se agitavam contra mim, mencando a cabera, e nfo conservavam a cerviz n que estes foram su- igo tio perversa como 0 lades, ele que arranca os homens do seu lar; ele que ia um cariter honesto a cometer agBes vergonhosas. Mos- ar vilezas e dew-lhes conhecimento de toda espéi conseguir esta vantagem —cedo ou tarde terio de pagar a sua pen: is € ainda'senhor da minha veneragio, fica sabendo sob juramento que te afirmo: se nio encontrardes 0 proprio ho- ‘mem cuja a mao fez essa sepultura, e nfo me apresentardes diante dos ‘meus olhos, 0 Hades" nio sera suficiente para v6s, antes que, suspensos og lucro de toda e qualquer origem. Por causa de aquisigdes vergonh =a 270 275 280 285 290 295 300 305 310 que se vem muitos mais na desgraga do que ns prosperi Ganon 31s Concedes-me que diga alguma coisa, ou devo ir embora sem mais? Cerone Niio sabes como ainda agora as tuas palavras me incomodam? Guanon tua alma que elas afetam? ‘Sao os teus ouvidos CreowTe Para que queres definir bem de onde vem o meu aborrecimento? | GuARDA O feito aflige-te o espitito, os ouvidos sou eu que os perturbo. Caronte 320 ‘Ob! Que fremendo” falador tu me saiste! Guanoa Seja como for, o certo & que nio sou eu 0 autor desse feito, ‘caconte E oque é mais, arriscando a tua vida por dinheiro, Guana ‘Tremendo & que quando alguém acalenta suspeitas, elas sejam falsast creonte 325 Anda, enfeita as tuas sentengas, Mas, se no me m os que praticaram aquela agao, concluireis que os sé causam desgragas. Creonte entra no palécio. ao GUARDA Bem, antes de mais nada, que ele apareya! Quer ele seja apanhado A Jo—ndo terés maneira de me muitas gragas. 0 Guarda sai pela esquerda. coro Muitos prodigios ha; porém nena maior do que o homem. Esse, como sopro invernoso no Noto,”* passando entre as vagas fundas como abismos, co cinzento mar ultrapassou. Ea terra ortal, dos deuses a mais sublime, trabalha-se sem fim, volvendo o arado, ano apés ano, com a raga dos cavalos laborando. E das aves as tribos descuidadas, a raga das feras, + emcéneavas redes 1, apanha-as ¢ prende-as™* jomem. ais do monte, que no mato .,com arte se apodera; domina 0 cavalo de lonras erinas, 0 jugo The poe, vene iro indomavel das alturas. Af: tado pensamento, an ce regulam as cidades 330 Teste, 335 340 ant, 345 350 2restr. 355 sozinho aprendeu; da geada do céu, da chuva inclemente ‘esem refigio, os dardos 360 de tudo capaz. ‘Ao Hades somente fugir nao implora.§* De doengas invenciveis os meios de escapar ja com outros meditou, 365 Da sua arte o engenho su para além do que se espera, ora o leva ao bem, ora ao mal; se da terra preza as leis ¢ dos deuses 370 na justiga faz fé, grande é a cidade; mas logo a perde quem por audacia incorre no erro. Longe do meu lar 375 oque as for! E longe esteja dos meus pensamentos, ‘© homem que tal crime perpetrar! Entra o Guarda, acompanhado por Antigona. que esta jovem & A: 380 Do desgragado E. ‘que aconteceu? Ah! io te touxeram porque as régias lei e por louca te prendessem? Urge GuaRos 1 Aqui esti a autora do feito. Apanhamo-la no ato de dar sepultura. Mas onde se encontra Creo: Creonte sai do palécio com os seus guardas. coro | Ei-lo que volta a sair de casa, Chega na devida hora. Caronre ‘Que ha? Porque motivo é oportuna a minha que a reflexdo tora falsoo a tempo para que voltasse a que entio me atormentavam. Mas surgiu-me esta alegria acima ¢ para além de toda a esperanga, de um tamanho que nio se pode medir com apesar de ter feito juramentos solenes ‘quando arrumava.a 395 que esta foi uma descoberta minha, ¢ de mais ninguém. E agora, 6 principe, toma conta dela tu mesmo, julga-a e interroga-a & tua vontade, que eu tenho jus a 400 ficar livre e forro destes maleficios. Gone . Onde a aprisionastes, para a trazeres desta maneira? ‘ GuARDA Eaela que estava sepullando 0 vardo. Ficaste agora asaber de tudo. cnronte Acaso estas a compreender © a expri queres dizer r corretamente 0 que Guana \do 0 cadaver que tu pro! fe. E agora, fale Creonte E como é que foi vista e apanhada nesse ato? f cen 410 41s 420 425 430 435 445 Guanoa caso foi assim: quando chegamos, sob aquelas tuas ameagas ter- is, retiramos todo 0 pé que cobria 0 cadaver, desnudando bem 0 (0 da colina, contra.o vento, ” cadahomem estava aler- ta, esporeando os outros com 0s petigos clamorosos, se algum descurasse aquela tarefa. Assim estivemos algum tempo, até que o disco fulgente lugar no meio do céu, ¢ 0 calor escaldava. Entio, de. tou do solo ‘gem das érvores da floresta, ¢ enchendo o ar imenso. De enfrentamos aquele flagelo dos deuses. E quando, ao fim de mt po, ele acabou, vé-se a donzela, que solta um gemido amargurado, um som agudo de ave que olhasse para o ninho vazio, érfio dos seus filhos, ela, ao avistar 0 cadaver desnudado, rompeu em gemidos, iprecagdes terriveis sobre quem executara aquele feito. Im: (e leva nas mos 0 pé sedento, e, erguendo 0 vaso de bronze lavra- , presta honras a0 cadaver com uma tri ibagdo." Ao ver se assuste. Acusam am. Porém, tudo isto vale menos para mim do quea propria salvagao. crsowre voltando-se para Antigona, que es Btu, tu que voltas 0 rosto para o de cabega baixa. Anticoss Afirmo que. pratiquei, ¢ nfo nego que o fizesse cneonte voltando-se para o Guarda, Tu jé estas livre de uma pesada acusagao; podes ir para onde quise~ res. (O Guarda retira-se. Creonte volta-se para An = catnip ha ite A uum édito que proibia tal ago? “Ancticona Sabia, Como nio havia de sabé-lo? Era piblico. crsonre E ousaste, entio, ripudiar sobre estas leis? Awricona E que essas nio foi Zeus que as promul coabita com os deuses infernais, estabeleceu tais leis para os hom ‘eu entendi que os teus éditos nao tinham tal potler, que um mortal pu- desse sobrelevar os preceitos, no esctitos, mas imutaveis dos deuses. Porque esses no sio de agora, nem de sm sempre, © rninguém sabe quando surgiram. Por causa das tuas leis, nfo queria cu ada perante os deuses, por ter temido a deciséo de um homem, Eu jé sabia que havia de morrer um dia — como havia de ignori-lo? — , ‘mesmo que nao tivesses proclamado esse dito. E, se morrer antes do tem- 1, direi que sso & uma vantagem. Quem vive no meio detantas calamida- des, como eu, como nao ha de considerar a morte um beneficio? E as- sim, é dor que nada vale tocar-me este destino. Se eu sofresse que o ‘cadaver do filho morto da minha mie ficasse insepulto, doer-me-i Isto, porém, no me causa dor. E se agora te parecer que cometi um ato de Bou ver louco seja aquele que como tal me condena, ‘coro Ind6mita se revela a vontade da filha, de indémito pai nascida.® ‘Nio aprendeu a curvar-se perante a desgraga. lemasiado obstinados so 05 que mais depressa sucumbem, ¢ 0 miais sélido ferro, levado ao rubro e endu- recido pelo fogo, ¢ freqiiente reduzir-se a pedagos. Sei bem que com um, pequeno fieio se subjugam os cavalos fogosos. E no costuma ter pen- samentos altivos quem & escravo daqueles que Ihe esto préximos. Esta sstabelecidas. E 430 455 460 465 470 415, 480 48> 490 495 500 505 S10 claqueseriumh sno agiio € rindo de a ter praticado. Porém, Pode ela ser nossa u, se Ihe deixo esta ou mais proxima de ior das sortes. Hers grevecen conmmnteees remeditado igu: mehte o entetto. (Para um dos seus guardas) Chamai-a, porque eu vi-a 4 pouco li dentro em delirio, sem dominar a razao. Equea alma daque- les que tramaram o mal na sombra acusa-os do crime antecipadamente. ‘Mas o que mais abomino € que quem foi apanhado em flagrante delito, ainda por cima se vanglorie disso. Anticona ntentas algo mais do que prender-me para me matar? crronre Eu nao, Com isso me dou por satisfei Anticona, hesitas? Assim como das tuas palavras nio me nem poderd ja assim também o meu Parecer te é desagradavel por natureza. E, contudo, onde podia eu granjear fama mais ilustre do que dando sepultura a0 meu Préprio irmio? Todos os que aqui estio diriam também como aprovam este ato, se o medo nio thes travasse a lingua. Mas é que a reale: re muitos outros pri , Bora o de fazer e dizer o que 1e apraz, creonre, Dos filhos de Cadmo," és a Ginica a encarar os fatos dessa maneira, Aricona Estes também, mas refreiam a boca na tua presenga, crronre, E tu nio tens vergonha de pensares de maneira diversa? Anticon ‘Nio é oprSbro prestarhonras aos que nasceram das mesmase EG creowre Com queen fiera do mesmosangueo que momeuno campo adverso? Anticona Do mesmo sangue, ¢ filho da mesma mie ¢ do mesmo pai CREONTE ‘Nesse caso, como podes prestar-Ihe um tribute impioos olhos dos outros? Awricoxa A Nio sera esse 0 testemunho do falecido. 5 CrronTe Mas sim, j& que o honras do mesmo modo que ao impio. Awricoxa Nao féi um escravo que morreu; foi um irmdo, Crsosre Que ia assaltar esta terra; 0 outro tomou armas por cla. aticona Hades deseja, contudo, que o ritual sea o mesino. CREDNTE, x0 Mas av "sto niio compete 0 mesmo que ao malvado, Awricona Quen Iebaixo da terra isso nfo é exato. Ccrronte ; 0 inim + se tomar amigo, nem mesmio depois de mort. axticona Nio nas “iar, mas sim para amar, Crronte ‘Agora para baixo, ama-os, se amar se devemy; mas, en- 525 530 535 540 545 Quanto eu viver, no seré uma mulher quem dé ordens. Isménia aparece & porta do palécio, acompanhada por dois escravos. anap. sobrea fronte uma nuvem Ihe escurece © rosto em fogo mola a linda face. crrowre que andavas a envenenar-me sem eu 0 saber, tal como uma vibora que se insinuasse na mina casa, sem que eu me apercebesse de que estava a alimentar duas maldigdes para subverterem o meu trono, » diz-me la se também afirmas a parte que tomaste nesta sepultura se juras no ter tido conhecimento? Eu pratiquei esse ato, tal como ela"; colaborei e participo e agiiento a acusagio, Awticona Porém, nao te permitira a justiga, poi tenele, jem eu te dei Isaebxn Mas cui ndio me cnvergonho de navegar contigo neste mar de © des, axticona De quem é essa obra, so testemunhas o Hades baixo da terra. E eu nao prezo quem me ama sé em pal le esto de- Tsuna Niio me impegas, irma, de morrer contigo e de pt Eo anricona Nao queiras partithar a minha morte nem fagas teu aquilo em que nao tocaste, Para morrer, basto eu. Ismenia E que me importa a vida, se tu me deixares? . Anticon Pergunta-o a Creonte, j4 que com elé te preocupas. IsMena Porque me torturas assim? De que te serve isso? 550 Anticona® Se escarmego de ti, € com dor que o fago. Isa E agora, ao menos, em que posso ajudar-te? Awticona Salva-te a ti mesma; nao te invejo a fuga. IsMenia | Desgragada de mim, entdo ser-me-& negado o teu des . Avericona ssh te viver, e eu, morrer. Isma Mas nfo sem que eu te dissesse o que pensava. Anticon . Para esses és tu que pensas bem; para aqueles, julgo ser eu. IsMenta 0 nosso erro & equivalente, a Anticon Esta tranquila: tu tens vida, ao passo que a minha acabou h 560 para servir os que morreram, Crone Estas criangis, uma jé hd pouco me pareceu insensata, a outra foi-o desde que nasceu. Isuén Perante as calamidades, 6 rei, 0 senso que era inato no permanece, mas afasta-se. Caronre 565 De ti pelo menos, quando optaste por praicar 0 mal com os possessos. Ismewta Como posso eu viver sozinha, sem ela? Creonte Nao fales dela, porque ela j& ndo existe Istata Entio tu vais matar a noiva do teu préprio filho? Casoste, Hi outros campos para lavrar, de outras mulheres. Iswénta 570 Mas no com a harmonia em que ele e ela se encontravam, Ceonre Aborrego as mulheres perversas para os meus filhos. Anticona Hémon carissimo, como o teu pai te injuria* ! Crsonte Por demais me aborreces, tu e as tuas niipeias. coro ais privar dela o teu proprio filho? Creonte, E 0 Hades quem interrompe estes esponsais. 575 cono 10 que parece, que ela mora. ‘Caronte Por ti e por mim. Nao haja demora. (Para os dois escravos). Le- vem-nas para dentro, eseravos. A partir deste momento, tém de ser mu- 580 Iheres, em vezde andarem livremente”. Até 0s valentes procuran quando avistam o Hades a rondar a sua Antigona e Isménia entram no paldcio, escoltadas pelos dois escravos. Mestr. iz quem passa a vi sem provar a despraga ‘Aqueles a quem os deuses as casas abalaram, info ha mal que hes falte; 585 desliza sobre araya. Como quando acontece que o abismo sombrio, pelo sopro adverso da Trécia impelido, passa sobre as vagas, do pélago mariaho, do finde rola areia 590 negra, ¢ gemem as margens, pelo vento ululante das de frente. 595 600 605 610 615 620 625 Da casa dos Labdaci: as velhas maldigées eu vejo acurmular-se, tumas sobre as outras. Nem uma geragio a outra livra, antes algum deus a derruba, O teu poder, 6 Zeus, nfo hé arrojo humano Pestr. que possa transgredi-to. Nao 0 subleva o sono, que todos persegue”, nem dos deuses os meses indefesos. Es sentior do brilho fulgente do Olimpo, ‘sem que 0s anos te impegam. ede futuro, como outrora, prevalece na vida dos mortais ndo entra a grandeza, sem trazer a despraca. Para muitos é vantagem a esperanga errante, Pant. ara outros desengano de loucos desejos. O homem nada sabe sem queimar os seus pés no fogo ardente. Era sibio quem descobriu Pouco sera 0 tempo que ele passari isento da desgraga, ‘Mas eis que chega Hémon, dos teus Filhos anap. 0 iltimo rebento, aflito com a sorte de Antigona, ‘a prometida esposa, © logro temendo dos esponsais. 630 Entra Hémon. crrowte Em breve o saberemos, ¢ por forma mais segura do que pela adivi- hago. (Para Hémon) Filho, acaso estas aqui para atacar o teu pai, sem prestares ouvidos ao decreto fixado acerca da tua noiva? Ou estimas- ‘nos sempre, em todos 0s nossos atos? Heston tu, que tens nobres pensamentos, regulas os erdade, nao ha casamento algum que me ientado. Pertengo-te, meu pai, ‘meus para eu os seguit areca superior a ser por creowre, ‘Assim, meu filho, 60 que tu deves fazer —colocar aopinio pater- 640 zna acima de tudo. Por isso os homens fazem votos por gerar e ter em suas casas filhos abedientes, que se defendam do: que honrem os amigos do mesmo moda que o pai. Porém quem eria fillios que o nio o ajudam, que outra coisa poderi dizer-se dele, senio. 645 que arranjou trabalhos para si e motivos de esc4mio para os seus inimi- zer com uma mulher, ciente de que se tomam frigidos os amplexos, 650 quando a companheira de leito que se tem em casa é perversa. E que ferida maior pode haver que ser perversa aquela a quem amamos? Des- 655 = 660 668 669 670. 663 664-5 666 667 675 680 690 695 maté-la, Sobre isto, ela bem pode invocar o deus da consangilinidade. Porque, na verdade, se eu educar os meus parentes por nascimento a serem desordeiros, mais ainda o sero os de fora. E que quem for firme com os da sua casa, pareceré justo também na cidade. De um homem . confio que sera um dia bom governante e conset locado no meio de uma tempestade de langas, nse mandar nos que detém 0 poder, esse no parte, Nao; aquele a quem a cidade elegeu, forga lestdes de pouca monta, nas justas como nas cont calamidade maior do que a anarquia. E ela que perde os Estados, que deita por terra as casas, que rompe as filas das lancas aliadas. E aqueles que seguem caminho direito, € a obediéncia que salva a vida a maior parte das vezes. Deste forma alghma preciso, ser derrubado por um hi fracos que mulheres. do que sermos apodados de mais cono Annés sc nos afigura, se € que a idade ndo nos ilude, que te exprimes sensatamente sobre este assunto, z HéMon Meu pai, de quantos bens os deuses outorgaram aos homens, o racio- io € o mais excelente. Nem eu poderia nem saberia afirmar que tens razio de falar assim. Contudo, também pode ocorrer por outra lum pensamento aproveitavel. Ora, é natural que eu v fazem ou tém 2 cen: do povo%, ante aquele género de palavras que te no apraz. ouvir. Mas a mim é-me dado escutar na sombra como a cidade lamenta essa porque, depois deter praticado agdes tio gloriosas, iu que 0 seu proprio irmio caido em combate ficas- ,€ fosse destruido pelos ces vorazes ou por alguma ave de pode haver para os filhos do que a prosperidade do pai, ou parao pi que a dos filhos? Néo tenhas pois um s6 modo de ver: nem s6 0 que tu dizes esti certo, ¢ 0 resto nio. Porque quem julga que é 0 homem 10 a corda, Bem vés que, nas torrentes 5 ramos se salvam: quem oferece re 1. Do mesmo modo, quem distender a poderosa cordag. au € no ceder em nada, jcar voltado para baixo, e navegar 3s dos remadores virados ao conta a, modifica o teu Animo. Se, portanto, eu posso, ape- sar de mais novo, apresentar uma opiniao boa, dit mais aquele homem que por natureza é mais dot se, porém, assim nio for — pois é costume a balanga n paraeste lado — € belo aprender com aqueles que falam acertadamente, Coro Senhor, se ele dissertou com prosperidade, é natural que tu apren- on, com feu pai, por tua vez; pois de ambas as seram palavras sensatas. das com partes se Oreoxre Com que entio devo aprender a ter senso nesta idade, e com um homem de to poucos anos? Hemon Nada aprenderias que nio fosse justo. E, se eu sou jovem, nfo sto curowte As ages» consistem entio em honrar os desordeiros? ston ter respeito pelos perversos. Nem aos outros eu mand ‘enronre E enti ela nio foi atacada por esse mal? 705 70 ns 720 75 730 735 740 741 748 749 755 HEMoN ‘Nio é isso que afirma o povo unido de Tebas. Cxronre E a cidade 6 que vai prescrever-me 0 que devo ordenar? Hémon Vés? Falas como se fosses uma crianga . Cason E portanto a outro, € nfo a mim, que compete governar este pats? Hemon Nio hi Estado algum que seja pertenga de um sé homem. Creonte ‘Acaso nao se deve entender que o Estado é de quem manda? Hemon Mandarias muito bem sozinko numa terra que fosse deserta. Crsonre Este é um aliado da mulher, a0 que parece. Héson Se acaso tu és mulher, pois contigo me preocupo. Cxronte Pelo menos a tua argumentagiio era toda a favor del: . Hewon Ede tiedemim, e dos deuses infomnais. ‘Crronre, } que és escravo de uma mulher, nao estejas com branduras, Hemox Se nfo fosses meu pai, diria que nio estavas sei crronre, ‘Ab! Grande malvado! Entrando em questio com teu pai! . HéMon E que te vejo fathar no cumprimento da justia. crroxre E erro entio ter respeito pelo meu soberano poder? eMow fespeito porele, quando calcas as honras devidas aos deuses. Catone ales menos que uma mulher. Hémon Bem sabes que ndo me acharés fraco perante o mal cnronte idade de a desposares ainda em vida, Acela, no hi possi Hemon jorre, mas ao morrer, causard a perda de alguém*, creowte (Qué? A tua arrogincia chega ate as ameayas? Hisow Em que consistem as ameacas de falar contra sentengas ocas? CrronTe, Com lagrimas ganharis senso, tu que és oco de razio, Hemox Queres falar, e, depois, nfo ter que ouvir. Creonte Sim? "oi impo, fica sabendo que nio me ultrajards com as ma oR 742 743 744 ms 146 747 750 751 152 753 754 157 758, FeeeererqggvegeqoreE: 159 760 765 770 tuas censuras impunemente, (Para os guardas) Tragam essa abjcia cria- ‘ura, para que morra imediatamente diante dos olhos donoivo, ¢ a0 lado dele. ENON Nao de mim, com certeza, nfo 0 julgues perto de mim, nem de modo algum avistaras 65 teus olhios. De forma que seris louco, sim, amigos que o queitam. m ela perecera , vendo-o com na companhia dos Sai Hémon. ono. ymem partiu na vertigem da cdle lento, quando sentea dor. Crrowre, (Que va embora € que fara ou premedite maiores enormidades do que qualquer homem; mas as duas mulheres, ndo as livrard do seu de: coro Pensas entio em mandar matar a ambas? Creowre Nao’a que Ihe tocou. Dizes bem, real ono E de que thaneira deliberas maté-la? ‘Crronre, ho estiver deserto de pegadas huma- escavada na rocha dando-Ihe de a fim de que a cidade serseeecegceceureerecece, evite qualquer contaminagao*. E ai, se ela pedir ao Hades — Gnico dos deuses que venera -, talvez Ihe seja concedido no morrer, ou ficard finalmente a saber, embora tarde, que prestar culto'a.esse deus traba- 780 Hestr 785, 790 795 800 1a sai do palécio, escoltada por guardas. Mas ao ver isto, anap. até eu sou levado para fora das leis, 805 810 Bis 820 825 830 das igrimas no posso a torrente deter, ‘quando vejo do télamo a todos comum Antizona aproximar-se, Anticor Véde vés, cidadios, do meu p: ‘ouvisse 05 cénticos, nem me entoassem © hino nupei S6 de Aqueronte serei esposa. ono Tustre ¢ coberta de elogios, te afastas para o caminho dos mortos, sem que adoenga te ferisse, consummindo-te, nem que fe coubesse das espadas o salirio; eee inica viva entre os mortos, 20 Hades desceris. ‘Anticona quea filha de Tintalo,* monte Sipilo, teve morte horrivel, quando a pedra, crescendo, a venceu, ‘como hera agarrada; e agora nfio a deixa nunca a chuva ou a neve, ~ 6 fama entre os homens -, ‘consome-se; € 0s olhos, sem cessar, re (aac) eeece Destr. anap. 2tant es . ae o peito the umedecem. Em sorte igual me envolve o destino. ono Mas essa era deusa, de deuses filha; € nés, mortais, de mortais descendemos, E belo serd que, depois de morta, tu sejas famosa, porque igualaste dos deuses a sorte, na vida e na morte. Axricona Aide mim, comome escarnecem! Pelos deuses da nossa terra, porque nio me insultas depois de eu partir, ‘mas na minha presenga? ‘Oh! Minha cidade! ‘Oh! Da minha cidade varées poderosos! ede Tebas dos belos carros recinto sagrado! O vosso testemunho invoco ainda assim, ‘como sem lagrimas amigas sob que leis vou para prisio tumular de estranho sepulero. Aide mim, desgragada, ‘que nem com os homens nem com os cadaveres eu vou habitat coro Do arrojo avangado até o extremo limite, contra o trono excelso da Justia, Awricova Tocastenomaie "or0so oak eeeceeececcece anap, estr, 3* ant. ( 835 840 845 350 | 855 de meu desgosto: pelo meu pai, por todo o destino dos ilustres Labdcidas com quem a si mesmo gerara! De que paisnasci eu, desgragadal Para junto deles eu vou, sera sua companheira, Ai! Omen E depois de morto amim me mat quando ainda vivi Coro A piedade & digna de respeito, ‘mas 0 poder, para quem 0 det sem himeneu, desgragada, pelo caminho que me espera sou levada, Da luz. disco sagrado ‘no posso mais, infeliz, contemplar. ‘A minha sorte, sem pranto, amigo algum a lamenta Creonte, com os seus guardas, sai do palicio, ‘Caronre Sabeis, sem david, que, se houvesse utilidade em entoar cantos .gemidos antes de morrer, ninguém se calaria nunca? Porque tardam a levé-la? Encerrem-na num timulo abobadado, como eu disse, e depois deixem-na s6 e isolada, quer ela deseje morrer ou viva emparedada em tal reduto, Nés estamos puros pelo que toca a esta donzela, pois nfo ficaré privada da habitagio dos de cd de cima. Anticona lar cavado na rocha que me joneira para sempre! Para ai avanngo ao encontro dos meus, -cebeu o maior nimero entre os mortos; dentre eles, ue, ao chegar, serei bem-vinda para 0 meu pai, ¢ querida para a mie, ¢ cara a ti, meu irmio, pois quando morrestes, eu, pelas minhas proprias mos, vos lavei eadomei, e derramei sobre 0 timmulo as libagoes. E agora, , por ter dado sepultura 20 teu corpo, abte~ ho esta recompensa. [E contudo, eu soube bem honrar-te, aos othos dos que pensam bem. Pois nem que eu fosse uma mae com filhos, nem que tivesse lum marido que apodrecesse morto, eu ter 2.0 poder da cidade. Mas (0? Se morresse meui esposo, outro haveri cle tem-me nas suas maos, ¢ leva-me, privada de imencu, sem me terem tocado em sorte os espon: infeliz, abandonada pelos a nem acriagio igos, ainda viva, gredi? Porque invocarei para de impiedade? Mas se esta pena é bela aos olhos dos deuses, s6 depois de a termos sofrido poderemos reconhecer que erramos. Se, porém, so 885, 390 900 905 910 gis 920 95 930 935 940 eles que erram, que eles nao softam maiores males do que aq: que me forgaram, fora da lei. coro Dos ventos as mesmas rajadas anap. the dominain ainda a‘alma Caonre rd para os que a levam, tos, queixas que sobrem. ANTIGONA Ai de mim! Que essas palavras {ja tocam na morte. crsonre, ‘Ni te exorto a que tenhas confianga que o teu destino se cumpra de outra feig0, Axrtcowa cidade patema, do solo de Tebas, 6 deuses ancestr levam-me, jé no aguardo mais. Véde, 6 principes de Tebas, eu, que da casa real sozinha restava, © que sofro da parte de tais homens, porque a piedade prestara culto, Os guardas levam Antigona”. coro Também de Dinae’ sofreu 0 corpo P este L 64] trocar a luz do eéu por bronzeo aposento; em tilamo sepulcral foi subjugada, Acela nfo podem fugir nem a riqueza, nem Ares, nem torres ou os negros navios batidos pelo mar. E de Driante o filho impetuoso”, ‘rei dos Edones, por sua fia e por Dioniso em p assim passou a firia horrivel ea célera possante. Esse 86 conheceu o deus quando em 4 com palavras cortantes, o atacou. Pois a firia das mulheres © 0 fogo sagrado buseara impedir, © as Musas sonoras™ E junto das Rochas Negras”, 2estr. nas aguas dos dois mares, ficam as margens do Bésforo, * ¢ Salmidessos da Tricia”, por essa esposa selvagem de Fincu cegar os filhos ambos", fazendo nas érbitas dos olhos {revas que 86 clamam por vinganga, ‘com as maos sangrentas ¢ a ponta da langadeira 0s dilacerando. 1" ant, 2" ant, 945 950 955 960 965 970 915 980 990 995 cesses filhos de uma mie de funestos esponsais. ‘Aos ancestrais Erectidas® remontava a sua raga, eem cavernas distant em meio das patrias tempestades de Bércas™ se criara, veloz como um cavalo, nos altos mont essa fitha dos deuses. Mas as velhas Parcas!* venceram-na, 6 filha. Entra o adivinko Tirésias, uiado por um rapaz. TESS de Tebas, fizemos caminho juntos, sendo d ‘caronre, Que ha de novo, 6 velho Tirésias? Tinésus Eu te ensinarei, ¢ tu obedece ao profeta. Cronte, Dos teus conselhos no me afastei até agora. ‘Times Por isso guiavas por caminho dircito a nau do Estado"* Catone ‘a tua ajuda ¢ disso posso dar testemunho. Tnéstas Pensa que estas agora no gume da espada do d a crsonte Que ha? Como eu tremo perante as tuas palavras! Tinésias Sabé-Ias, escutando as indicagdes da para o lugar vetusto donde se observam os pissaros", onde eu tinha 0 Porto de abrigo de todos os seres alados, ougo um som das aves desco- nhecido, ougo-as a gritar com que se dilaceravam umas as out fel espalhava-se nos ares ¢ as a que as ocultava. Esvaira-se idade de adivinhagio daqueles ritos que nao davam si- que eu soube por este rapaz, [oriculos que falhavam, porque os rituais no davam sinal™), pois ele é 0 meu guia, como euo sou para os outros. E esta a enfermidade que 0 teu conselho causa 20 Estado; é que 05 nossos altares e braseiros todos estio poluidos pelas, aves e ces que comeram do infeliz filho de Edipo, que jaz no lugar deuses nio aceitam da nossa parte as si Reflete pois Mas quando errou, nao é imprudente nem desgragado aquele que, de- ois de ter caido no mal, se emenda ¢ nfo permanece obstinado. A der quem fala por bem, se é vantajoso 0 que diz. casowe 6 ancito, todos vés sois como arquetos que para um alvo, ¢ a vossa arte de ‘Avaga desse gent jd me vendeu eexporta muito, como a 1000 1005 1010 lols 1020 1025 1030 1035 uma mercadoria. Tirai lueros, negociai com o mbar de S e 1040. quiserdes, ¢ 0 ouro da fndia, que a ele no 0 0 nem mesmo que as fgui arrebatando-o para o trono do deus. motivo de poluigao, eu 0 entregarei a sepultura. Porque eu bem sei que 1045 nenhum hornem tem o poder de manchar os deuses. E cacm de uma maneira vergonhosa, 6 velho Tirésias, mesmo aqueles dentre os mortais, {que so mais sAbios, quando dizem com arte palavras baixas, com a miraina ganfincia. \d0 isso como um, ‘Tinést4s Ail Por ventura ha algum homem que ‘Crsonre ‘Qué? Que verdade é essa comum a todos os homens? Tinéstas 1050 vanto mais vale prudéncia do que riqueza? crronre penso eu, quanto maior for o prejuizo da insensatez . Tmnésias B dessa doenga que ests afetado. ‘Crroxre, Nao quero dar uma resposta rude a0 adivinho. Tinfsus E, contudo, ja estas a faz8-lo, quando asseveras que eu profetizo falsidades. cntonre 1055 Gananciosa é toda a raga dos adivinhos. “Trnéstas F a dos tiranos gosta dos lucros desonestos. aronre Acaso sabes que, digas o que disseres, estis a falar contra quem estino poder? ‘Tinésuas Sei, pois gracas a mim & que salvaste esta cidade. . Cronte Es.um adivinho sabio, mas que gasta da injustiga, Tinésias ‘Vais incitar-me a revelar uin segredo que devia deixar intact na’ 1060 minha alma. Crronre Toca-the; somente ndo fales com 2 mira no Tints Com que entio, pelo teu lado, é isso que te parece"? Croxre Fica a saber que nao negociaras com as minhas resolugées. Tunésuas Convence-te bem de que jé nao verds cumpris 95es sucessivas do Sol, antes de teres dado alj centranhas— um cadaverem troca de outros —, em pagamento por {eres arremessado Id para baixo quem era ainda cé de cima, e de com desprezo teres encerrado ida, e de conservares aqui 1070 um cadiver sem a sua parte de icagbes. Neles no tens parte, nem os ioléncia. Por esse motivo, as_ 1075 is” do Hades e dos mortos, essas poténcias de destruiga0 apés 0 cerime, estio de emboscada, & espera de que sejas apanhado pelos mes- mos males que eles. Cor demorara n 1065 1080 iram, levando 0 cheiro impuro para a patria dos seus 1085 Como um arqueiro, atirei com ira, pois me afl mes da glma, a cujo ardor nfo poderds escapar. (Para o rapaz.) © filho, leva-nos a casa, a fim de que este homem es te, estas setas fir- 1090 agora traz, Sai Tirésias, guiado pelo rapaz. Cono © homem partiu, senhor, depois de ter profetizado coisas E nés sabemos, desde que este nosso cabelo, de negro, se vol branco, que jamais ele disse falsidades que acontecessem a0 pi Caronre 1095 Também eu o reconhego, ¢ a mi é a REONTE: Que devo entio fazer? Explica-te, que eu obedego. Coro 1100 Vai dar ordem para trazer a donzela da mansto subterré i lo Aquele que jaz por terra Caron 6 isso que tu aprovas? E conveniente ceder? coro Sim, e 0 mais depressa possivel, senhor, porque os ae deuses, com pés velozes, vém atalhar 0 caminho aos maldosos. crsowte . 1 Ea custo que o fago, mas abandon o meu propésito 1105 iio se deve combater contra o destino. cono Jo, € nao delegues em outrem. 4, ass 5, 05 presentes € 05 ausen- j, assim como estou. Ide, 1¥05, 05 Pi : tes, to tniios osmachados e precipitai-vos para olugar que ali védes. 1110 Eu, desde que o meu parecer se modificou neste sentido, assim como a prendi, também irei junto dela para a libertar. Reccio que o melhor seja observar as leis estabelecidas até ao termo da vida. Creonte sai com os seus guardas. cono © tu que tens muitos nomes”, gléria da filha de Cadmo”, roca de 1120 6 deus Baco! Tu, que em Tebas habitas, das Bacantes™ a metr6pole, junta da torrente timida ‘do Ismeno™" ¢ por donde esta a semente do dragio fero'™! 1125 Sobre @ schade dois eumes 2 ant. 1130 LBs 1140 14s 1150 os fumegantes brandées'® te tém visto, onde andam os pendores cheios de sio teu cortejo, as verdes margens cobertas de vinhedos, quando o grito de — Bvoé! — 1% 0s divinos companheiros!™, porque as ruas de Tebas vais visitar. Der € esta a que mais honras, com tua mie fulminada'**. E agora, que uma afecgiio violenta ataca todo 0 povo, sm COM passo que nos cure pela encosta do Pamasso ou pelo estreito maruthante". 3° ant. senhor das vozes da noi Aparece, 6 filho de Zeus, meu principe, Entra o mensageiro Tnspvados pela foo, (odas as cidades 2estr. 1155 1160 ha salvo dos inimigos este pais de Cadmo e, depois de ter assumido 0 oder iinico e total desta terra, governava-a, prosperando na descendén. cia nobre de seus filhos. E agora tudo se Ihe foi. Pois, quando os homens 1165 alienaram 0 prazer, acho que deixaram de viver, apenas trazem um cada ver animado. Suponhamos, se quiserem, que se 'é muito abastado em casa e se vive & maneira de um r isso se retirar a alegria, o que resta eu nZo o compraria a um homem pelo prego da sombra do fumo, em comparago com a felicidade, 170 Coro E que pesado fardo para os reis é esse, que tu vens anunciar? Mensacemo Morreram —e 0s vivos sio dessa morte culpados, coro E quem é 0 assassino? Quem éa Mensaceino Hémon pereceu, Sangra por obra de uma mo que nio é estranha. ono ? Do pai ow da sua fa Mexsaceino Ele a si mesmo, irado com o crime do pai. . Coro O adivinho, como as tuas palavras se cumpriram exatamente! im, ¢ sobre elas ha que deliberar, EE ronnie 1180 18s 1190 1195 1200 1205 1210 1215 Prete Euridice sai do palécio. 1, esposa de Creonte. Ela orque que vejo perto a desgragada Buri aqui esta, ou porque de dentro do palécio ouviu falar do fi passou por acaso. EvRIDICE Cidadaos todos que aqui esto, percebi as vossas avangava para a porta, a fim de dirigir preces & deusa Pala ‘no momento em que levantava a tranca do portal para o abrir, chegam- ‘me aos ouvidos vozes de desgraca familiar, com o terror, caio para tris nos bragos das escravas e perco o sentido. Mas vés contais outra vez.a {io sou pessoa inexperiente da desgraga: escutarci ras, quando Mensacemo , minha caraama, pois estava presente, © niio om ra da verdade, Pois para que havia eu de atenuar aquilo que tarde nos faria passar por mentirosos? ‘A.verdade esti sempre certa. Eu fui com teu esposo, como seu lavamo-lo com pia ungio, envolvemo- lo &m ramos colhidos de fresco, depois queimamos o que restava' propicios, detivessem suas ira, 1 gemidos junto daquele quarto Creonte. A ‘Acaso avango pelo mais malfadado caminho de quantos tenho percorti- do? A voz.do meu filho acaricia-me. Mas, 6 servos, acercai-vos depres- sa. Quando li chegardes, examinai o senulero, no ponto onde as pedras foram ret roduzi-vos pe a ver se eu reconheca a Yor de Hémon ou se sou iludido pelos deuses —. Estas foram as pala- vyras do nosso exaltado amo. Vamos ver: no interior do timulo avistamo- la suspensa pelo pescogo, presa pelo lago de um tecido fino, Ele, agarra- do a cla com os bragos apertados em volta, lamentava a dest sua noiva do além, a apo do seu pai ea desgeaga das suas 1 , Soltando um grito a € chama-o com um lame (evs? Que acontecimento licas que te peso —. O fi lum rapido e fero olhar, cospe-Ihe no rosto, e, sem nada responder, puxa dos copos* da espada, mas nio atinge o pai, que se precipita na fuga, Em seguida, o desventurado, furioso consigo mesmo, tal como estava, coloca-se sobre o montante, apoia-o contra o scu fl ainda licido, atrai a donzela aos seus bragos a de: Arquejante, langa uma torrente veloz de sangue gotejante nas brancas faces. Jaz umn cadiver ao lado do outro, depois de ter recebido, desgragado, 0s ritos dos esponsais na mansio do Hades e deter demonstrado que a irreflexio € 0 maior de quantos males se deparam aos humanos. Enridice entra no paliicio, em siléncio. Coro Quette parece isto? A senhiora ret u-se de novo, antes que disses- ‘se uma s6 palavea, para bem ou para mal wm, a esperanga de que, nao ird soltar gritos per €3 li dentro, sob o seu teto, exporé o desgosto fa ono silencio em demasia parece-me de Nio sei. A mim, contw! do Bao A paste da pads 4 ‘mau augério, tanto quanto um vio alarido. MENsAcERO de casa ¢ saberemos se na verdade enc Mas vamos dent guns designios ocultos no seu agitado coragio, de alguma forma, ha um mau augério no seu O Mensageiro entra no patio. Coro Mas cis que avanga o préprio rei, anap. trazendo nas mflos a prova evidente i i seu, de mais ninguém. Creonte entra pela esquerda, acompanhado por servos, e com o cadaver de Hémon nos bragos™. Caronte Testr vés que védes ser da mesma raga {quem mata e quem morre! morreste, partiste, na juventude, por insensatez, niio tua, mas minha! cono no parece que sé tarde vés 0 que é justo! a Caeonre 2restr. desferiu pesado golpe, incitou-me aos caminhos eruéis, derrubando-me, ai de mim! espezinhando a alegria. Oh! As penas dolorosas dos mortaist 1275 Um Mensageiro sai do palacio. SecuND Mexsaceino Meu amo, dir-se-ia que vieste aqui como quem jé tem ¢ ainda pos- sui mais, pois trazes uma desgraga nas maos, ¢ em casa irds ver outra 1280 brevemente. Creonre E que mal pior do que estes hi ainda? SecUNDO Mexsacemo A tua mulher, a verdadeira mae desse cadaver, desgragada, morreu sob golpes vibrados ha bem pouco. ‘Creonre Porque me desgracas, 1285 porqué? Tu que me trouxeste not de fatal desgraga, Que palavras dizes? Um morto feres! . Que dizes, filo, que contas de novo, 1290 que da minha esposa jaz também o corpo dilacr esta mortandade? As portas do paldcio abrem-se para deixar o cadiiver de Euridice! [SEGUNDO MENSAGEIRO jd nfo se encontra no interior™. crore 1295 q segunda calamidadet ‘Que desgraga, que desgraca yde ainda aguardar-me? Nas mos, 1300 SEGUNDO MENSAGEIRO A senhora, junto do altar, com a espada afiad: pilpebras fagam trevas; geme sobre o destino glorioso de 1305 morto outrora, e depois novamente pelo deste que a voca as desgragas sobre ti, assassino de teus filhos. crroxte Ail SPestr. Tremo de horror! 1310 ‘SrGUNDO MENSAGEIRO ‘Ata culpa para com este filho ¢ para com 0 outro denunciow-a a ta que aqui esté. cneoxre, Dé que maneira deixou ela a vida no meio do sangue Com as préprias mos se nossas lamentages de agudos gritos pelo seu filho, cxsowre Ai de mim! nfo pode ser jamais a 2 outro mortal adaptar-se, ea mim deixar-me sem culpa! Fui ev, que a sorte #estr. desgracada, 132, levai-me sem demora, pa amim que-nio sou mais do que 0 nada. 132 Vantajosos sio os teus con ue na desgraga alguma van- tagem pode haver. Quando o mal est te, quanto mais depressa, melhor. creonre, Mant. Que surja para mim 1331 a sorte mais bela, 0 dia trazendo supremo. ha e que ew nao veja 20 futuro pertence. Mas con aqui jazem algo ha a fazer. (resto importa s6 aqueles que disso tém cuidado. 133: eros Mas, pelo menos, todo 0 meu desejo 0 pus nesta oragao. coro Nio, nfio ‘40s mortais nao é dado libertar-se do destino que les incumbe. TARA RAR AAA 1340 1345 fs Cnrorre para longe este homem A ant. hei de olhar, a quem apoi ho nas maos esti abalado; sobre npende um futuro que no se suporta. Creonte é levado para o palécio. coro, Para ser feliz, bom senso é mais q ‘Coin os deuses nfo seja imp Dos insolentes palavras infladas pagam a pena grandes castigos; 2 ser sensatos os anos Ihe ensinaram nap. AAA MPA AAAAAMAAROAAAAMAMARARAABORRE erererererer fi ee ¢ Ce a NOTAS * NOTASDA INTRODUGAO Das sete tragédias conservadas de Séfocles, apenas duas possuem. data certa: Filoctetes (409 a.C.) e Edipo em Colono, representado Postumamenteem 401 a.C. De um modo geral, a discugsio da mai- iguidade centra-se em Antigona, Ajax e Traquinias. Entee a primeira e a segunda hd um pormenor técnico que tem sido consi- K. Reinhardt, Sophokles, p.251, considera-a uma anedota (embora com undo de verdade), d arealgaro aprego dos Atenienses pelaarte dramdtica. Mais recenteme Sophocles. An Interpretat foi responsivel pela ele due, verdadeira on fal 39, 40. al. 42, 43. 44, 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51 $2, 53 54, 1a seguiu M. Pohlenz, Die griechische Tragocu:.. 197-198. Stasimon, Berlin, 1933, pp. 123 544. Sophocles the Dramati The Chorus in Sophocles’ Tragedies, p. 103 1d Stagecraft in Sophocles, p.89. Hadi perante as quais s¢ desenrola a oposipao entre as exigi deuses ¢ as do Estado. f. C. Segal, Tragedy and Ci 3.a, edesthetik lis und Hades in der Antigone des Sophokles” in: Theologische Aufcaetze Karl Barth zum 50. Geburtstag, Meuchen, 1936, 78-79 = ’bon uid Verstehen, Tuebingen, 1952, Il, pp-20-31 = Sophokles Darmstadt, 1967, pp. 311- 324, A citagao é da p. 311 da terceira reimpressao. Sopholdes (1933, 1947). A citagio é da p. 75. a conclusio, referida nas paginas an nica protagonista. The Heroic Temper, especialmente pp. 77 ¢ 102. Tragedy and Civilization. An Interpretation of Sophocles, p. 182. id Stagecraft in Sophocles, p. 85. Antigone. As citages sko, respectivamente, de pp. 37, 225, 227, 230€ 232 Fr. 44 A 12 Diels (tradugio na Hélade, Coimbra, “1982, p. 260) Sobre esta antinomia, vide F. fomos und iese in griechischen Denken © Beitraege 7 He des 5. Jahrhunderts, Altertumswissenschaf, Ba ada G. B. Kerferd, ic Movement, Cambridge, 1981, pp. 111-130. Assim o vira ja Aristételes, Retérica 1375a (cf. 1373b), preciss- mente em relago a Antigona. The Heroic Temper, pp. 94-98 p. 18: nota 24 59, 56. 37 58. 59. 60. CE. Burton, The Chorus in Sophocles" Assim € que Aqules, no Canto XXIII da Hada, € advertido em sonhos por Patroclo de que deve efetuaros funerais doamigo, por- que a sua psyche anda errante, sem poder transpor os portBes do Hades. Na tragédia que nos ocupa, nfo se trata s6 do prética consagrada, mas também, como ace Meaning in Drama, pp. 148-149, do horror ultrajante de um corpo amado. Die griechische Tragoedie, I, pp. 190+ C£.G. M. Kirkwood, A Study of Sophactean Drama, p. 221 imento de uma Form and ico ao tratamento sn. Sobre 0 as ‘0, 0 de Simone sse, Le mythe d’Antigone, Patis, 1974, que engloba teatro, nar- que juntar trés obras portuguesas: a Antigona de (1930), a de Jilio Dantas (1946) e a de Antonio Pedro (1954). ‘olegio Amphitheatrum, 9s (anexo & Univ Colegio O Grande Teatro do Mundo, Coimbra, jade do Porto), 1958. 2* edigao: lantida, 1968, NOTAS DO TEXTO A sucessao de calamidades é pormenorizada w. 49-57. No texto ha uma cru, jt notada por Didimo. Efetivamente, a se- ‘qléncia de trés adjetivos substantivados é quebrada pelo sintagma cemenda que tem por si a dificul- suripedes. Mas, como esereve Daweno nulla arridet ‘vem nos manuseritos € como seu aparato Damos a ver Dawe a imprime, Na emenda adoteda por Jebb, seri. reta ‘observancia da justiga e da tein. ia profetizado que F logo que o fi como filho, J4 tornado homem, Eidipo tem um dia conhecimento da profecia; para evitar que ela se realize, abandona Corinto. Mas, a0 endera terrivel realidade, o herdi cega-se, desesperado. Esta parte sera tratada por Séfocles, muito tempo depois, no Edipo iserdvel vida de exilado de Edipo, acompanhado por acabar os seus dias em Atenas, sera o assunto da sua ma, Ldipo em Colono. acidade Ihe havia dado por marido. estrangeiro q de Edipo, Etéocles e Polinices, que essa parte da lenda: © As Fenicias de Euripedes. Segundo Mueller, esta frase € proferida apés a 20, . Orie que co A abéquica fria» sugere a semelhanga entre Capane Ja na Hiada (IV 406) a cidade de Tebas se distinguia pelas suas sete portas. ocidente de Tebas,‘cantado por Pindaro no final da VI" istmica, inices desposara uma das fiihas de Adr de A qual persuadira a'viratacar Tebas. Por isso se diz que os a0 ida por H. Lloyd-Jones, «Notes on lassical Quartely 7 (1957), Pp. 12-16, € seguida por Dawe, confere a frase um valor metaférico. Subentende-se aqui um verbo como fyayev. Deste modo, para xeivog 6. Dawe prefere manter a lacuna de uma di Hefestos era deus do fogo. A cidade no chegou, portanto, 4 ser incendiada, Ares designa aqui, por metonimia, a guerra, Esta é descrita alego- assim a conhecida lenda da origem dos Tebanos, a partir dos den- tes de dragio semeados por Cadmo. O arrogante Capaneu, que foi atingido por um raio. com atocha na mao», € uma Ménade (Kamerbeck). Logo a seguir, os «venda- vais» comparam-no a uma tempestade (Jebb). esque enquadram ddda ra 5 'ddda/ rd 6 'éx “@Adorg am uma dificuldade ainda por resolver. Adotamos o texto de Jebb (dlAat reper, Elle 5 Ex’ ELAtc)com o sentido que lhe ada porta da cidade, do im destacado sete chefes Os Sete contra Tebas 10 modo que do lado argivo se andar oataque a cada uma delas. de Bsqi 1ago do drama atinge-se quando Etéocles anuncia 20 Coro que Ihe cabe enfrentar 0 seu proprio iro. Etéocles © Polinices, filhos de Edipo ¢ Jocasta, matam-se wm a0 2. 22. 23. 24, 2s. 26. ‘outro em combate singular. CE. supra, nota 7 Biaco, filho de Zeus e de Sémele, a qual o era de Cadmo, fundador de Tebas, estava especial igadoa cidade, de que era patrono. Depois da morte dos dois principes, pertencia a Creonte, irmao de Jocasta, 0 trono tebano. ‘Uma das muitas metaforas néuticas que surgittio ao longo desta quais (fr, 326 Lobel-Page) foi universalizado pe! io na Ode XIV do Livro I, que por sua vez serviu de modelo as literaturas moderias. ‘grego esto ts palavras dificeis de distinguir na flutu- 2), asegunda das quais regressa no resumo do prog ago do v. 207. Mueller observa que, como palavra mais genérica paraaconscién- cia, psyche € aqui ligada com ficas ou partes da conscién nogio de consciéncia 36 aparece em elemento de vontade em gnome € cor cerefer contrarios, phromemea a sua disposigi¥o moral i izo em situagies que reclamam ire psyche existem dois importantes estudos recentes: B. Claus, Toward the Soul. An Inguiry into the Meaning of Psyche Before Plato. Yale University Press, 1981; Jan Bremmer, The Early Greek Concept of the Soul. Princeton University Press, 1983. Sobre grome, vide Pierre Huast, Gnome chez Thueydide et sses Contemporains. Paris, 1973 (que da a sua interpretagao deste passo na p. 20, no No decurso da tragédia, este principio vai ser posto & prova na pessoa de Creonte, Repare-se no emprego de drama, que regressa no v. 191, no te Creonte A ligdo adotada por Dawe, que se mos («lei»), uma palavra-chave deste fo programa politico de imos, obriga a tomar ayoAqjt 21 28, 29. 30. 3. 32 33. 34. 35. no sentido de «de modo algun, como jé foi defendido hé anos por 8. Eitrem, Symbolae Osloenses 4 (1925) 72. Mantemos a interpretagio corrente de rd fir reservas de Volleraff, seguido por Kamerbeck,

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