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EXCELENTÍSSIMO (A) SR. (A) DR.

(A) JUIZ (A) DE DIREITO DO


JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DA
COMARCA .

PROCESSO Nº
REQUERENTE:
REQUERIDO:

xxxxx, pessoa física portadora do CPF xxxxxx, xxxx,


domiciliado na xxxxx, por seu advogado abaixo-assinado, este com
endereço profissional na xxxxx, também nesta cidade, vem, perante Vossa
Excelência, apresentar
CONTESTAÇÃO
em face da demanda contra si proposta por xxxx, o que faz pelas razões de
fato e de direito a seguir expostas:

1. DA VERDADE DOS FATOS

Propõe o autor a presente demanda pleiteando, em sua


exordial, indenização por danos morais, além de que seja refeito projeto de
restauração de imóvel, a fim de que seja aprovado, ou o ressarcimento do
valor pago.
O autor alega ter solicitado os serviços profissionais do
contestante, a fim de que fosse realizado projeto de restauração de imóvel
do requerente.
Por fim, argumenta que foi cobrado o importe de R$ 3.000,00
(três mil reais), quitados em 10/07/2015. Entretanto, afirma que o negócio

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não foi realizado conforme o combinado, não tendo sido aprovado pelo
Patrimônio Histórico.
Com efeito, o autor celebrou negócio jurídico junto ao
Contestante para que este fizesse um Levantamento Físico
Arquitetônico Comercial de um casarão, imóvel este situado na Rua dos
Afogados.
No dia seguinte, o requerido seguiu para o local, a fim de
avaliar a dimensão do imóvel e demais características para que fosse
estabelecido o preço correspondente ao serviço. Após negociação, o valor
acertado foi de R$ 3.000,00 (três mil reais), sendo 50% do valor a ser pago
no início e o restante após entrega do Levantamento.
No dia 10/07/2015, o Contestante, tendo finalizado o trabalho
que foi proposto, se dirigiu à Superintendência do Patrimônio Histórico,
órgão este competente para análise e aprovação das futuras obras.
Insta destacar que, dias depois, o requerido recebeu
parecer do setor responsável da Superintendência, após análise do
material juntado com o Levantamento Físico Arquitetônico,
informando que o imóvel em questão teria tido uma obra realizada
anteriormente que havia sido embargada, por meio de ação
extrajudicial, desde Março de 2007.
O Setor competente instruiu ao Arquiteto, ora contestante, que
o autor deveria apresentar um Projeto de Reforma e Adequações do imóvel
em seu formato original.
Desta feita, o Requerido explicou ao autor a situação do imóvel
e as medidas que deveriam ser tomadas, ressaltando a necessidade da
elaboração de um Projeto de Reforma e demais adequações, o que
implicaria em um novo negócio entre as partes, por se tratar de outro
serviço que se fazia necessário, após o estudo e Levantamento do
local que havia sido concluído.
Ciente dos fatos, o requerente alegou que não teria
condições financeiras para arcar com Projeto de Reforma, nem

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mesmo com a realização de uma reforma de demolição para que a
construção do imóvel pudesse voltar ao formato original.
O requerido solicitou então que o autor entrasse em contato
com seu advogado, a fim de que este pudesse ser melhor informado acerca
da Ação que tramitava envolvendo seu imóvel. O requerido não obteve
nenhuma resposta do autor após este contato.
Importa frisar que o serviço objeto de acordo entre as
partes, a saber, Levantamento Físico Arquitetônico Comercial de
casarão, foi concluído e entregue, tendo sido realizado o pagamento
e assinado recibo descritivo do serviço, conforme documento em
anexo.
Vale ressaltar que, de acordo com a Resolução nº21, de 5 de
abril de 2012, que dispõe sobre as atribuições profissionais do arquiteto e
urbanista, destaca que as atividades de Levantamento Arquitetônico e
Projeto Arquitetônico, bem como outras, são atividades DISTINTAS, não
havendo, portanto, pertinência nas alegações do autor e muito
menos que se falar em ressarcimento do valor pago.
Logo, o que se infere de tais alegações autorais é que não
houve falha tampouco má execução dos serviços, por parte do Contestante.
É de se verificar, portanto, ser essa a verdade dos fatos.

2. DO MÉRITO
2.1 DA DEVIDA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO REALIZADO PELO
CONTESTANTE

Pelos argumentos já expostos e documentos aqui acostados,


resta evidente que não houve nenhuma falha, omissão e/ou recusa, por
parte do Arquiteto, ora Contestante, no tocante à realização de
Levantamento Físico Arquitetônico Comercial do imóvel do requerente, pelo
que observou e cumpriu todos os requisitos exigidos pelo Código de Defesa
do Consumidor, na qualidade de prestador de serviços.

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Em consonância ao que foi aduzido nos fatos e diferente
do que foi alegado pelo requerente, o serviço contratado de
Levantamento Físico Arquitetônico Comercial de casarão, foi
concluído e entregue, tendo sido efetuado o pagamento do mesmo,
conforme combinado e demonstrado por meio de documento em
anexo.
A reclamação do autor se pauta na alegação de que não
foi realizado o Projeto de Reforma. Contudo, como já comprovado,
se trata de um novo serviço, distinto do que foi acordado entre as
partes.
Como já mencionado anteriormente, o Levantamento
Físico foi concluído, pago e entregue ao Setor responsável no
Patrimônio Público, que emitiu parecer ao Contestante, informando
que o imóvel em questão teria tido uma obra realizada
anteriormente que havia sido embargada, por meio de ação
extrajudicial, desde Março de 2007.
Após o Contestante dar ciência da informação ao autor,
esclareceu que o Patrimônio Histórico precisava da elaboração de um
Projeto de Reforma e demais adequações, o que implicaria em um novo
negócio entre as partes, por se tratar de outro serviço.
Entretanto, o autor afirmou que não teria condições financeiras
para arcar com Projeto de Reforma, nem mesmo com a realização de uma
reforma de demolição para que a construção do imóvel pudesse voltar ao
formato original.
Sendo assim, não se pode sequer cogitar que houve má
prestação dos serviços ou não execução, pois é evidente a comprovação
de que o serviço acordado e quitado foi o de Levantamento Físico
Arquitetônico do imóvel.
Destarte, não há razão para atribuir responsabilidade ao
Contestante, posto que o negócio foi legítimo e tampouco deve se
considerar a ocorrência de defeito no serviço prestado e, de igual modo, a
obrigação de reparar qualquer dano ao requerente.
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2.2 DA ABSOLUTA IMPERTINÊNCIA DO DANO MORAL

DA AUSÊNCIA DE DANO

Para imposição da obrigação de indenizar o dano moral,


necessário a presença conjunta de três requisitos essenciais: a) ato ilícito;
b) dano ou lesão; c) nexo de causalidade entre a conduta do agente a quem
se imputa o dever de reparar o prejuízo.

Mister se faz ressaltar, como já feito e provado anteriormente,


que no caso em espécie não restou configurado qualquer ato ilícito
praticado pelo Contestante.

Assim sendo, não há nexo de causalidade entre a conduta do


Contestante e o pretenso dano alegado na exordial, a ponto de ensejar
pedido de indenização por danos morais, o que evidencia a total ausência
de amparo legal do pleito indenizatório do requerente em relação a esse
requerido.

A matéria acerca do dano moral não fugiu da apreciação do


ilustre mestre ANTÔNIO JEOVÁ SANTOS, em sua obra “Dano Moral Indenizável”
(Editora Método, 3ª edição, São Paulo, 2001. págs. 131 e 132):

“Além da vontade de alguns em ser vítimas de


danos morais, existem aqueles que enxergam a
lesão espiritual em qualquer situação que se lhes
apresente. Tornaram-se comuns pedidos de
indenização por danos morais, que vêm
cumulados com qualquer outro pedido. Se alguém
pleiteia o reembolso de despesas hospitalares por que o
plano ou o seguro se recusou a cobri-las, dando
interpretação restritiva a certa cláusula do contrato, o
autor da demanda não se contenta somente com o
pedido de reembolso. Há de encontrar o dano moral. E
ele advém (segundo esse autor hipotético) da
humilhação que passou por não ter dinheiro para
suportar as despesas médicas. Evidente que não existiu
o dano moral pretendido”. (grifos nossos).

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Não se pode olvidar também a lição do civilista Sérgio
Cavaliere Filho, em sua obra Programa de Responsabilidade Civil 1, destaca
que:

“O que configura e o que não configura dano moral? Na


falta de critérios objetivos, essa questão vem-se
tornando tormentosa na doutrina e na jurisprudência,
levando o julgador a situação de perplexidade.
Ultrapassadas as fases da irreparabilidade do dano
moral e da sua inacumulabilidade com o dano material,
corremos, agora, o risco de ingressar na fase da sua
industrialização, onde o aborrecimento banal ou a mera
sensibilidade são apresentados como dano moral, em
busca de indenizações milionárias. Este é um dos
domínios onde mais necessárias se tornam as regras da
boa prudência, do bom senso prático, da justa medida
das coisas, da criteriosa ponderação das realidades da
vida. Tendo entendido que, na solução dessa questão,
cumpre ao juiz seguir a trilha da lógica razoável, em
busca da concepção ético-jurídica dominante na
sociedade. Deve tomar por paradigma o cidadão que se
coloca a igual distância do homem frio, insensível, e o
homem de extrema sensibilidade”.

A Jurisprudência pátria também é pacífica e rica nesse sentido


e a título exemplificativo pode-se citar:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ORDINÁRIA DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - FALHA NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - DANO MORAL NÃO
CONFIGURADO - MERO ABORRECIMENTO. A simples
ocorrência de um fato, sem que resulte maiores
prejuízos à parte, não é capaz de gerar prejuízo
de ordem moral, pois a despeito do desgaste
emocional e do dissabor experimentados pelo
autor e ainda que tenha havido falha na
prestação do serviço, fato é que tais eventos não
são capazes, por si só, de dar ensejo à
configuração de um verdadeiro abalo de ordem
moral. (TJ-MG - AC: 10145120192318001 MG ,
Relator: Arnaldo Maciel, Data de Julgamento:

1
Ed. Malheiros, 2ª Edição, pág. 77 e 78, grifamos.
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04/02/2014, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL,
Data de Publicação: 07/02/2014).(grifos nossos)
Nesse contexto, não se pode impor a obrigação de indenizar
sem a análise do nexo de causalidade entre a conduta apontada como
danosa e qualquer ato omissivo ou comissivo imputado ao Réu, o que, per
se, afasta a possibilidade de responsabilização deste.
Com efeito, há sempre que se ter em vista os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade, a fim de se evitar a prática de injustiças,
e propiciar o enriquecimento sem causa de uns em detrimento da perda de
outros.
Isto porque, o dano moral é aquele caracterizado pela dor
intensa e sua configuração está adstrita à demonstração desse sofrimento,
de forma inequívoca, não podendo ser simplesmente presumido, tampouco
caracterizar-se por mero aborrecimento ou dissabor.
No presente caso, inexistiu a dor íntima, o sofrimento psíquico,
o abalo à auto-estima, à honra, à reputação, ao bom nome ou à imagem do
requerente, restando ausente requisito imprescindível para a existência de
dano moral e imposição de reparação do mesmo.
Para embasar as assertivas acima, cita-se:
APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COBRANÇA INDEVIDA.
DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. MERO ABORRECIMENTO.
Para a configuração do dano moral é indispensável exsurgir dos
autos a violação aos direitos da personalidade da vitima, como
sua honra, imagem, privacidade ou bom nome. (TJ/MG –
Apelação Cível AC 10145140048516001 MG – Relator Claudia
Maia – 13ª Câmara Cível – publicado em 19/09/2014)
Assim, a requerente, diga-se mais uma vez, não logrou êxito
ao tentar demonstrar que faz jus a receber uma indenização nos moldes
pretendidos. Não demonstrou argumentos idôneos capazes de justificar a
obrigação de reparar um dano moral. Tal insucesso justifica-se, de fato,
pela inexistência de qualquer ato ofensivo à sua integridade moral que
possa ser atribuído ao Contestante.

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Repisa-se que, em relação ao pleito de indenização por dano
moral, e essa é a opinião maciça da Doutrina e Jurisprudência pátrias, deve
ocorrer o máximo de cuidado na apuração do dano efetivo, analisando-se a
sua extensão, suas circunstâncias, e outros aspectos relevantes, a fim de
não haver um atropelo à necessária harmonia com os demais direitos e
princípios que precisam ser assegurados pelo Poder Judiciário, para que não
haja injustiças nas condenações oriundas de fatos lesivos.

Vê-se, portanto, que não procede o pleito indenizatório, na


medida em que restou demonstrada ausência de ato ilícito por parte do
Contestante, xxxxx, inexistência de sofrimento do requerente que
caracterize dano moral a ser reparado, bem como inexistência do nexo
causal entre ambos. E tais elementos são imprescindíveis para configuração
da obrigação de indenizar, devendo sob todos os fundamentos sustentados,
ser julgado improcedente o pedido veiculado na exordial de indenização por
danos morais.

2.3 DA ABSOLUTA IMPERTINÊNCIA DE RESSARCIMENTO DE DANO


PATRIMONIAL

Ressalta dos fatos ora trazidos ao conhecimento desse Juízo


que no caso em espécie não restou configurado qualquer ato ilícito
praticado pelo contestante, assim como também não se vislumbra nexo de
causalidade entre a conduta do ora Requerido, na prestação dos serviços e
o pretenso dano patrimonial alegado na exordial, o que evidencia, decerto,
a total ausência de amparo legal do pleito indenizatório do Requerente em
relação ao Contestante.

Mais uma vez ressalta-se que não cabe ao Contestante o


ressarcimento do montante de R$ 3.000,00 (três mil reais), posto que o
serviço contratado e firmado entre as partes, por tal valor, foi
concluído e entregue, fazendo-se mister receber, em contrapartida, a
necessária retribuição pecuniária pelos serviços ofertados. Portanto, o

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Requerente, diga-se mais uma vez, não comprovou que faz jus a ser
ressarcido, pela Contestante, por perdas no valor mencionado.
Não demonstrou argumentos idôneos capazes de justificar a
obrigação do ora Requerido de ressarcir valores e tal insucesso se justifica,
decerto, pela inexistência de qualquer conduta ilícita, culposa ou danosa, a
ser atribuída ao Contestante.

DO PEDIDO

DIANTE DO EXPOSTO, pugna o ora Contestante, pelo


julgamento improcedente da demanda, à mingua de provas de prática por
este de qualquer ato lesivo ao autor, restando, portanto, afastada a
responsabilidade civil no que diz respeito aos fatos narrados na inicial.
Protesta provar o alegado por meio da juntada de novos
documentos e eventual oitiva de testemunhas. Reitera o pedido de
julgamento pela total improcedência do feito.

Nestes termos, pede deferimento.

xxxxx.

xxxxxx

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