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PROCESSO Nº
REQUERENTE:
REQUERIDO:
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não foi realizado conforme o combinado, não tendo sido aprovado pelo
Patrimônio Histórico.
Com efeito, o autor celebrou negócio jurídico junto ao
Contestante para que este fizesse um Levantamento Físico
Arquitetônico Comercial de um casarão, imóvel este situado na Rua dos
Afogados.
No dia seguinte, o requerido seguiu para o local, a fim de
avaliar a dimensão do imóvel e demais características para que fosse
estabelecido o preço correspondente ao serviço. Após negociação, o valor
acertado foi de R$ 3.000,00 (três mil reais), sendo 50% do valor a ser pago
no início e o restante após entrega do Levantamento.
No dia 10/07/2015, o Contestante, tendo finalizado o trabalho
que foi proposto, se dirigiu à Superintendência do Patrimônio Histórico,
órgão este competente para análise e aprovação das futuras obras.
Insta destacar que, dias depois, o requerido recebeu
parecer do setor responsável da Superintendência, após análise do
material juntado com o Levantamento Físico Arquitetônico,
informando que o imóvel em questão teria tido uma obra realizada
anteriormente que havia sido embargada, por meio de ação
extrajudicial, desde Março de 2007.
O Setor competente instruiu ao Arquiteto, ora contestante, que
o autor deveria apresentar um Projeto de Reforma e Adequações do imóvel
em seu formato original.
Desta feita, o Requerido explicou ao autor a situação do imóvel
e as medidas que deveriam ser tomadas, ressaltando a necessidade da
elaboração de um Projeto de Reforma e demais adequações, o que
implicaria em um novo negócio entre as partes, por se tratar de outro
serviço que se fazia necessário, após o estudo e Levantamento do
local que havia sido concluído.
Ciente dos fatos, o requerente alegou que não teria
condições financeiras para arcar com Projeto de Reforma, nem
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mesmo com a realização de uma reforma de demolição para que a
construção do imóvel pudesse voltar ao formato original.
O requerido solicitou então que o autor entrasse em contato
com seu advogado, a fim de que este pudesse ser melhor informado acerca
da Ação que tramitava envolvendo seu imóvel. O requerido não obteve
nenhuma resposta do autor após este contato.
Importa frisar que o serviço objeto de acordo entre as
partes, a saber, Levantamento Físico Arquitetônico Comercial de
casarão, foi concluído e entregue, tendo sido realizado o pagamento
e assinado recibo descritivo do serviço, conforme documento em
anexo.
Vale ressaltar que, de acordo com a Resolução nº21, de 5 de
abril de 2012, que dispõe sobre as atribuições profissionais do arquiteto e
urbanista, destaca que as atividades de Levantamento Arquitetônico e
Projeto Arquitetônico, bem como outras, são atividades DISTINTAS, não
havendo, portanto, pertinência nas alegações do autor e muito
menos que se falar em ressarcimento do valor pago.
Logo, o que se infere de tais alegações autorais é que não
houve falha tampouco má execução dos serviços, por parte do Contestante.
É de se verificar, portanto, ser essa a verdade dos fatos.
2. DO MÉRITO
2.1 DA DEVIDA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO REALIZADO PELO
CONTESTANTE
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Em consonância ao que foi aduzido nos fatos e diferente
do que foi alegado pelo requerente, o serviço contratado de
Levantamento Físico Arquitetônico Comercial de casarão, foi
concluído e entregue, tendo sido efetuado o pagamento do mesmo,
conforme combinado e demonstrado por meio de documento em
anexo.
A reclamação do autor se pauta na alegação de que não
foi realizado o Projeto de Reforma. Contudo, como já comprovado,
se trata de um novo serviço, distinto do que foi acordado entre as
partes.
Como já mencionado anteriormente, o Levantamento
Físico foi concluído, pago e entregue ao Setor responsável no
Patrimônio Público, que emitiu parecer ao Contestante, informando
que o imóvel em questão teria tido uma obra realizada
anteriormente que havia sido embargada, por meio de ação
extrajudicial, desde Março de 2007.
Após o Contestante dar ciência da informação ao autor,
esclareceu que o Patrimônio Histórico precisava da elaboração de um
Projeto de Reforma e demais adequações, o que implicaria em um novo
negócio entre as partes, por se tratar de outro serviço.
Entretanto, o autor afirmou que não teria condições financeiras
para arcar com Projeto de Reforma, nem mesmo com a realização de uma
reforma de demolição para que a construção do imóvel pudesse voltar ao
formato original.
Sendo assim, não se pode sequer cogitar que houve má
prestação dos serviços ou não execução, pois é evidente a comprovação
de que o serviço acordado e quitado foi o de Levantamento Físico
Arquitetônico do imóvel.
Destarte, não há razão para atribuir responsabilidade ao
Contestante, posto que o negócio foi legítimo e tampouco deve se
considerar a ocorrência de defeito no serviço prestado e, de igual modo, a
obrigação de reparar qualquer dano ao requerente.
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2.2 DA ABSOLUTA IMPERTINÊNCIA DO DANO MORAL
DA AUSÊNCIA DE DANO
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Não se pode olvidar também a lição do civilista Sérgio
Cavaliere Filho, em sua obra Programa de Responsabilidade Civil 1, destaca
que:
1
Ed. Malheiros, 2ª Edição, pág. 77 e 78, grifamos.
6
04/02/2014, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL,
Data de Publicação: 07/02/2014).(grifos nossos)
Nesse contexto, não se pode impor a obrigação de indenizar
sem a análise do nexo de causalidade entre a conduta apontada como
danosa e qualquer ato omissivo ou comissivo imputado ao Réu, o que, per
se, afasta a possibilidade de responsabilização deste.
Com efeito, há sempre que se ter em vista os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade, a fim de se evitar a prática de injustiças,
e propiciar o enriquecimento sem causa de uns em detrimento da perda de
outros.
Isto porque, o dano moral é aquele caracterizado pela dor
intensa e sua configuração está adstrita à demonstração desse sofrimento,
de forma inequívoca, não podendo ser simplesmente presumido, tampouco
caracterizar-se por mero aborrecimento ou dissabor.
No presente caso, inexistiu a dor íntima, o sofrimento psíquico,
o abalo à auto-estima, à honra, à reputação, ao bom nome ou à imagem do
requerente, restando ausente requisito imprescindível para a existência de
dano moral e imposição de reparação do mesmo.
Para embasar as assertivas acima, cita-se:
APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COBRANÇA INDEVIDA.
DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. MERO ABORRECIMENTO.
Para a configuração do dano moral é indispensável exsurgir dos
autos a violação aos direitos da personalidade da vitima, como
sua honra, imagem, privacidade ou bom nome. (TJ/MG –
Apelação Cível AC 10145140048516001 MG – Relator Claudia
Maia – 13ª Câmara Cível – publicado em 19/09/2014)
Assim, a requerente, diga-se mais uma vez, não logrou êxito
ao tentar demonstrar que faz jus a receber uma indenização nos moldes
pretendidos. Não demonstrou argumentos idôneos capazes de justificar a
obrigação de reparar um dano moral. Tal insucesso justifica-se, de fato,
pela inexistência de qualquer ato ofensivo à sua integridade moral que
possa ser atribuído ao Contestante.
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Repisa-se que, em relação ao pleito de indenização por dano
moral, e essa é a opinião maciça da Doutrina e Jurisprudência pátrias, deve
ocorrer o máximo de cuidado na apuração do dano efetivo, analisando-se a
sua extensão, suas circunstâncias, e outros aspectos relevantes, a fim de
não haver um atropelo à necessária harmonia com os demais direitos e
princípios que precisam ser assegurados pelo Poder Judiciário, para que não
haja injustiças nas condenações oriundas de fatos lesivos.
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Requerente, diga-se mais uma vez, não comprovou que faz jus a ser
ressarcido, pela Contestante, por perdas no valor mencionado.
Não demonstrou argumentos idôneos capazes de justificar a
obrigação do ora Requerido de ressarcir valores e tal insucesso se justifica,
decerto, pela inexistência de qualquer conduta ilícita, culposa ou danosa, a
ser atribuída ao Contestante.
DO PEDIDO
xxxxx.
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