Professional Documents
Culture Documents
J);,.áfo dll Sil/ír/t' " mo"", ti - J(I~": ,,k Oliveira h •. Séevulo Correia. J. J. ~u,g.ul·íra d;. Rt)<:h;1.
Asccu .••• S.I:II\:\ Matlin •..'I. i\-tirill Rapo"., Diugl' FH'il;,!'
do Anurrul: Jor~c Fcrrcira SiJllk ;..1ulitciru, P.lU!;' Luha1(1 til- Paria. Jcan-Maric Auhv
Clwq/ff' - NOnl H(',I:;'I/C' .. - Maria C..:Iia ROlmn.; tESGOTAD(H' .
H"."Ur.\-(1.'f 1'11/ /'n u- C'.~.m ("h-il - Armindu Hih\!lru Menc.ks
('/llIlrllloll(' e"('tllll" . Solia de Sequcrra Gntvão
Oin'/Io 1','1101 tlr' Alllor - ju ...••..
• dl' Oli\l!im "~ú:h .•:lu
IJi,./'it" da /-úlI/ili" r ,/IIJ SUCf'.\.\·f-'t'.~- VIII. 11 - SUl't's .•úcs . ('arlus rmnplllna Cortc-Rcul
() f)il'áw dI' 1'(I,\',\'a.1{('jIf 11Ir~'f'/I.IirCl 1111 (Vf/,'O f}lff'iil' hHI'/"/lIld'IIIIII do õíur - Jorge llucclar (joun:i"
() r""f{rclo ti" lJlI;,j" t:"m/Je'h, - An;'I ~hri;i Guerra Mafün~
I",rio do Te'lIfrl/iwl rio C,,·/tl//I/I - Mari •• d:1 Cunn';~'f!n S'_ Vólldoígua
1Il'"mll/pio (r(l l'rotvsso Ch'il ..: Mi1!\I,d Tl'Í:'tciril de Sou"a
Ihn'i/(H Reais I RcprjulJ - :\nltillio ~'tl'Ih.'Jl.''''' ('uflkiw
,h
Jurgc GUII,ah'l"s.
() R('glllr!' t'" Nmrfl"t':'u
O";.,<C"/.\
I.ul"ialln M u rvos. ~1;lIIud
() Ar" 2.15." do 'rl"CJfudo (/;, C(lIm/1lit!JI,lr 1:"1tro{l('I/j, C/ti".I!d'l"r ,\/tll'g(//""/II(/ Cll',~ Crl/J//II'I~II.-i'H .Cmnlllri/l;ri".' ;0\11;1 f\'tOlna (;ll\'rr:\ M:lnill'
i:',t/Ullos ti" Uirrítu Elt:itond - Jorgc,Mirilt1d:t
Cúfl;go ,I" !Re - lutorfisco. (\,up.:r:-. uml I.yhr;u.d
E.~lIIdo\· ('/11 Ar""'Ú,-ill tio l'mJt.'.ur>}" 1>",Il'1I" Jo,io de' (";1.('1"1I M('m/c'I'
III/ro,dup/otlO H\,itu"" do ntretto ('olll/llli/(;";'" S"II/úrim IJ",\I'/!"oh';llm' - A!\õt Mari'f (ilh:rn, Mnrtin-,
A.\ 1'11,·/I'.'i.-li (JJ~('I'to I' (I hm·(/.1I11 "\1'("(;0 n,'dv/"/llirti ,-, \1i,!!ud Tcixcira dt.' Sousu
f'"rJ";l/ (i('1"I/1 ,111 l)i/"t';Jo riril - I.uis (";lr;";Ilhu r.,.'rnõwd..:s
() n% dt'I'uig/l- Rui (\lrlus Pereira
CfIIll·I'lIp"k.\' C"/f·,·/ii·ta: de fm/MJI(O r "rh',-il(','.·,\' d,' Ci,'nillnÚJJl"iIl.\' AnlúIl1l1 1\-!ciICh's Ç(lrddi'lI
Ih/ Rt',lpIIlIs"l,iJidl/l/., c'ir'il dO,I' .'h/nrjl/í.\'I/"(.d"I't", li/a S,jdl·I/(,d('.\' CIlJI/(>N'hli,' - Anhin1l1 ~1l'iic...:e~ ("jlrdl:lnl
i\ Ullijc".m/~Jlrci •• "CI ]",úprmli-",';" 1/" /\I"n' /);;-";'01- J'I)>("' x:mdl CiI'il- Caril ••• I.üpc" ti" Rl'~ll
f{(jim'llI do I'.rrw('.ú" Cil·d. l'ríilni'I ••.I' f'//IId,'III('IIIm\ - J, Pl!rt'lt'iI Hnuvru
RI'I';.I"I<I Fi.l·t'O
Rt'l'i,\I" (/11 r(r(,,,ftlm/,, (/(. Dirálrl ti" l.ü/JolI
Rn',nll dó' l)frei/II r r:(IIIc1o.~ .'Úwif/;'c
--1R~
Sede: Avenida de Berna. :'l1~R/(" Esq. lO."() Lí"h(I;1 Armazém: Altu du Eirn. 11," 17
TeI: 7~.115X5 Fax' 7%0747 :!.670 Hucclus - Lourcs
TeI: %XII~(W
Livraria: Avenida rOL::'" Mi>lraL:!1 c ::!L~A - 10:10 lishou
TeI: 795CJ40X 7960747 r""
!\"o!!\lllrm:l 1);111,: tl ••',Üi 11I,hlii"I\;"\\'
I"'\!l' -cr: r",pl"d\ll.id~ p\lr '11I;,lqll.:r PIU":,,:"" ctccuouico. lIi,'dni~'(' nu !"t'l":':'''!:'''''' indU,ilh! •• !••ú ••. ·,il'i: t., ,"'·rI"-·'"l''' ,lIl j:t:I\':I~':ÍlI, •.crll
óllll"n/.õl"r ••• !"'l;,i;, ,I•• ~·{!il"r. I:\,· •••pl,,;;.,. •.·:i 'f"n",-"·ri~;i•• 1.Ir (lm.i' !);''':-'U~'l'lI~I';,II,Jl·kil,,~ ,lo,.'al'r •.".,'IlI:'~'õio,.•.•. il' •.;' "11 dl'{:"I\'~:·It. ,lõ., i,k-l.r •• " ,.,""' •.••.., ,,'mi'!II' !lI' !iHõI
1-:••111 ,,'xl'cl"\.iu n;ln ptl4.k.·fM"I.'QI ..• ,'r ,nll'rp""':Il!a ("1m)!. (hTllutilld •• :i Ir:lI1,çri\'õio Jr.: I •.•." •••••. '11I ll'~~,lh;" 'mr,'h;:.:k·a,. ,rI; ••iillililll'\. ,1;1 'iu,tI 11'''';' h"l,h,lr l,r"iuIIO I",r:, "
iUI.:rr"~l· pela "hl':l:
r [-- r- 1-
lIAIJ OSS3JOHd
OAON03HHOS SOanlS3
VSflOS 30 VBI3.XELL130DIl'\1
I )
I I I
J J . I .I
NOTA PRÉVIA
Introdução à reftmna 9
I.
INTRODUÇÃO
 REFORMA PROCESSUAL CIVIL
§ 1(l.
Aspectos gerais
L Alteração legíslativa
I. Àmbim
delesrna SUa base encontram-se antes as chamadas Linhas Orientadoras da mesmo preceito revoga o art" 20 CC e, portanto, o valor dos assentos como
ova Legislação Processual Civil, que foram divulgadas em 1993 (2,. Depois fonte do direito; o art° 5° revoga o art" 260, al. b), LOTJ; os anos 60 e ]O, 90 a
da autorização legislativa concedida pela Lei n° 33/95, de 18/8, O Decreto-Lei 16° e 18° a 29 contêm várias disposições finais e transitórias; finalmente, o
0
n" 329-A/95 aprovou, com ligeiras alterações em relação ao referido Projecto, art° 17° contém regras específicas quanto à revogação imediata do recurso para
uma nova versão do Código de Processo Civil. O art? 160, n" I, DL 329-AJCJ5 o tribunal pleno e às suas consequências quanto aos recursos pendentes.
fixou o dia I de Março de 1996 para a entrada em vigor da nova redacção do É a seguinte a sistematização do Decreto-Lei na 180/96: O art" 10 altera
Código de 'processo Civil. vários artigos do Código de Processo Civil. alguns deles na versão dó art" 1°
A mudança goventativaentretanto verificada viria a reflectir-se, de modo DL 329-A/95; o art" 2° adita alguns preceitos ao Código de Processo Civil; o
significativo, 'na revisão do Código de. Processo Civil. Ao mesmo tempo que art° 3° revoga vários artigos do Código de Processo Civil; o art" 4° dá
se preparavam novas alterações a esse diploma, o art" ['0 L 6/96, de 29/2, deu nova redacção a alguns artigos do Decreto-Lei n° 329-A/95; o art" SO revoga
nova redacção ao art" 16° DL 329"A/95, adiando a entrada em vigor da nova o art" 8° DL 329-A/95;o art" 6° adita vários preceitos ao Decreto-Lei
ó
versão do Código de Processo Civil para 15 de Setembro de 1996; o art? 5 n° 329-A/95: finalmente, o art° 7° rectifica algumas inexactidões tanto do
L 2,8/96, de 2/8, adiou de nOVOesse início de vigência para o dia 1 de Janeiro
próprio Decreto-Lei n° 329-A/95, como da republicação, anexa a esse diploma,
de 1997. As novas alterações ao Código de Processo Civil constam do Decreto-
do Código de Processo Civil.
-Lei n° J 80/96, de 25/9, elaborado Com base-na aütorização concedida pela Lei
n° 28/96, de 2/8, e cujoãrt? 4° voltou a dar uma nova redacção ao art" 16° b. A reforma procurou manter, sempre que tal se mostrou possível, o
DL ?r29-A/95, no qual se estabelece o dia I de Janeiro de.1997cumo a data tratamento das matérias nos mesmos artigos da anterior versão do Código de
da (:ntradª em vigor danova versão desse Código. Processo Civil. Assim, é possível encontrar, na maior parte dos casos, as
c. A reforma processual civil foi completada com a aprovação do 'novo mesmas matérias nos mesmos preceitos, ainda que, naturalmente, com as
Código das Custas Judiciais pelo Decreto-Lei n° 224-A/96" de 2611 I. A data inovações introduzidas pela reforma.
da entrada em vigor: daquele Código e deste diploma êigualmente I de Janeiro Esta também procedeu a algumas alterações de ordem sistemática no
de 1997 (art" 18° DL 224-A/96).. Código de Processo Civil. As mais importantes revogações operadas naquele
O novo 'Código das Custas Judiciais encontra-se dividido em' nove títulos: Título r. "Custax Código pelo art" 3° DL 329-A/95 respeitam ao recurso para o tribunal pleno
cíveis" (arIÓ" 1° a 73°); Título li, "Custas criminuis (artOs 74° a 101·); Tííulo m. "Multas (art?s 763 a 770° CPC/61), ao processo de venda e adjudicação do penhor
0
processuais" (artOs. 1.02° 11 104°); Título IV. "Actos av,ulsos"(árt"s 105° a: I LO°):Título V. "Juros (art?s 1008 a 10 12° CPC/61), aos meios possessórios (art''s 1033° a 1043°
0
de mora' (arr's ,li 1° ull J"): Titulo VI, "Pagamento coercivo das custas e multas" (:;ortOs,I 14° a CPC/61 ), à posse ou entrega judicial (art°sl 044° a 1051° CPC/61) e às acções
12)°); Título Vil, "Serviços de tesouraria' (lutO) 124° a 145°); Título vm. "Cofres' (art°~ 146
0
Muitas matérias foram globalmente reformuladas. É o que uconlece com pelo art" 4", n° 2, OL 329-A/95) é imediatamente aplicável, o que significa que
0
o regime da citação (arr's 23jO a 252°~A), a intervenção de terceiros (arlOs 320 essa revogação opera sem qualquer dependência da entrada. em vigor do
0
a 349~),. os embargos de terceiro {artOs 351 a 359°),U8 providências cuutelares Decreto-Lei n? 329-A/95. Verificou-se, assim, a situação algo estranha de os
(arr's 38 I° a 427°), a impugnaçâo da genuidade de documento e allixão da sua assentos se terem tornado processualmente inadmissíveis mesmo antes de ser
autentjcidade ou força probatória (artOs 5440 a 551°-A, regime que substitui o eficaz a revogação do preceito (que é o art° 2" Ce) que os legitimava como
incidente de falsidade que constava dos art°s 360° a 370° CPC/61). o processo fonte do direito.
sumário (artOs 783° a 792°), a penhora (art?s 821°a 832") e alguns aspectQs do
.Sucedeu que . como infelizmente. acontece com alguma frequêrtciu - o suplemento do
seu regime (art°s 833° a 840°, 8480 a 851 ° e 856"a. 863°-B l· a convocação de
Diárip da Repúblicaem que foi publicado II Decreto-Lei n" 329-A/95 só foi distribuído nos
qedorese a verificação de Créditos (artOs 864° a 871 "l, li venda judicial
dias 3 ·C 4 de Janeiro. de 1996,.0 que pode colocar o problema da incidênciada revogação
(art"s 882" a 888") e alguns pontos do seu regime (art°s 894° a 907"), os recursos constante do art" Ir DL 329·A/9.5 sobre .OS recursos eventualmente .inrerpostos. entre a. data
na acção execntiva (art"s 922" e 9230) e o processô sumárlode execução para dessa revo.gaçà\) e ;1 da dist6bpiç;lo do jornal oficial. A devida tutela dás expectativas das
partes antes tia possibilidade do conhecimento da lei nova impõe a adrnissibilidade desses
pagamento de quantia certa (artOs 924° a 92:r).
recursos.
No âmbito dos processos especiais, as principais alterações íncidlram
sobre o processo de .interdição e inabilitação (artOs 944° a 954"), a prest<[ção
Em substituição da uniformização jurisprudencial através do recurso para
de caução (deslocada dos art''s 41go a 4450 CPC!61 para ôs art"s 98 J ti a 990").
o tribunal pleno e do proterimento dos assentos, ~ parte-cabe apenas, na nova
o reforço ou substituiÇão dehipoteca, çonsignação de retJdimen(os ou penhor
regulantentação, a faculdade de requerer que o julgamento do recurso de revista
(art0s 991 (la 997°), as acções de arbítramento (art''s 1052° a. I 057''), a revisão
de sentenças estrangeiras (anOs 1098° a 1102"), a liquidação em beneflefo dos
ou deagravo em2a Instância se faça com a Intervenção do plenãríc das secções
cíveis do Supremo (art''s 732°-A, n'' 1, e 762°, n" 3). Deve notar-se, noentanto,
sócios (art''s 1123 a 1130°) e do Estado (art''s 1132° a 1134°), o processo de
0
que ri eficácin imediata da revogação dos anos 7630 a 7700 CPC/61 antes da
divórcio litigioso (artOsl40r e 1408°) e ainda sobre váriosaspeclos rela-
0 entrada em vigor do Decreto-Lei n° '329,A/95 retirou â parte a faculdade de
tivos ao exercício de direitos sociais (artOs 1479 a 150 I"). NtlVO é também o
interpor o recurso para o tribunal plen.o, mas não Ihe. ofereceu a faculdade
processo especial de determinação do óbjectQdo litígio a submetera arbitI"<lgen)
de, em alternativa, solicitar o julgamento ampliado.
(artOs 1508° a 15JOO). Da eficác]a imediata .da revogação do recurso para o tribunal pleno edos
assentos sãó excluídos os recursos interpostos à data. da revogação dos
lI. Eficácia revogatória art°s763°a 770°Ç.PC/61 (art? nó,
nOI in fine, DL 329-A/95). Mas os acórdãos
que vierem a ser proferidos nesses recursos passam a ter, segundo o disposto
no art" 17 n° 3, DL329-A/95.
0
, o mesmo v.alor daqueles que são proferidos na
I. s/acatio legis
nova revista ampliada. Destasolução resultou. UlTIá, antecipação (relativamente
Os Decretos-Leis fiOS 329-A/95 e 180/96 revog.araI1l, expressa ou à data da entrada em vigor (lo Decreto-Lei n" 329-A/95) da revista ampliada
tacitamente, inürneros preceitos da amiga versão do Código de Processo Civil. como modo de uniformização de jurisprudência.
En1 regra. essa revogação opera simultaneamente com a entrada em vigor da
nova versão do Código de Processo Civil, a. qual, no]' termos do urt" 16° Após II entruda em vigür do art" 17", n" 3, DL 3;29-A/95. deixou de ser posslvel () recurso
para o pleno requerido. antes dessa vigência. pelo Ministério 'Público nos lermos do art" 770·
DL 329-A/95, se verifica em J de Janeiro de 1997.
crC/1i I: STJ - ~()14/ I 991i, CJ/S 9f,12.~. A soluçãoparece discutível.
o art" 4°, n° 2, DL 224-A/96 dispõe que, nesses mesmos processos, são de ao processo pendente não ser aplicável a nova versão do Código de Processo
isentos de custas os recursoscom subida diferida que não ohegucrn a subir Civil, os.prazos processuais que, nele se iniciem depois de 1 de.Janeiro de, 1997
(cfr. art" 735'\ n° ;2) ou que, tendo subido com o recurso dorninãntc, fiquem Sêgúem 1;). estabelecido na nova versão do Código de Processo Civil, que.nssim,
desertos (cfr. anos .291°, n" 2, e 690°, nQ 3). Finalrnente, oart" 4°,n° 3, é de <WlipçãO imediata aesses prllZOS. Uma das novidades desteregimeéa
DL 224-A/96 estipula que. nos processos pendentes em I de Janeiro de 1997, regra daçOiltinuigade do prazo, que se encontjj; estabelecida no art" 144°,
o recorrente em processo cível que não alegue no tribunal recorrido deve pagar n° I: O prazo processual é contínuo, suspendendo-se apenas durante as férias
a taxa de justiça inicial no prazo de 10 dias a contar da. data da distribuição judiciais, salvose a sua duração for igual. ou superior a seis meses ou se tratar
no tribunal de recurso. de. actos a praticar em processo que a lei considere urgentes. Por exemplo: se,
num processo ordinário, o prazo de contestação começara correr depois de
1 de Janeiro de 1997. esse prazo é de 30 dias (arte;486°, n" 1) e é contudo nos
2.3. Prazos processuais
termos do art" 144°, n° I,
a, O regime transitório sobre 0.8 prazosé distinto para aqueles que já se
c. Relativumente aos prazos processuais respeitantes a actos processuais
encontram em curso. ou fixados em '1 de Janeiro de 1997, para aqueles que
que deixam de estar previstos na nova versão do Código de Processo Civil, à
apenas se iniciam depois dessa, data e, finalmente, para aqueles que se referem
sua duração é adaptada segundo a tabela constante do art" 60 DL 329,A/9S
a actos processuais que foram SUprimidos na nova versão do Código de
(art° 18°, n° 3, DL 329-A/95). Isto é, aplica-se-lhes o novo regime de contagem,
Processo Civil. Importa considerar cada uma destas situações,
mas a sua duração é determinada de acordo Com a referida tabela. Por exemplo:
Segundo o disposto no art" 18°, n? I, DL 329-A/9S, os prazos processuais
'O prazo para à dedução do incidente de falsidade (que foi suprimido pelo
que, ern 1 de Janeiro de 'J 997, se encontrem emcurso ou já tenham sido fixados
art" JO DL 180196) é de 8 dias .(art" 360°,. n° I, CPC/6J), mas é adaptado, quanto
por decisão judicial, continuam a reger-se pelas normas anteriores. incluindo
à sua duração, nos termos do art06~, nOI. aI. b), DL 329-AI95, ou seja, passa
as que respeitam ao modo da sua cojuagem, o que significaque esses
a ser de '10 dias contínuos.
prazos se suspendem durante as férias, sábados, domingos e dias feriados
(cfr, art" 144°, nO}, CPC/61). Esta solução afasta o regime geral que consta
doart" 297d,ti°s 1 e 2; ce. pois que, como a esses prazos se continua a aplicar 2..4. Procedimentos cautelares
a lei antiga, não se vedfica,quantoa eles, qualquer sucessão de leis 110 tempo. Aos procedimentos cautelares requeridos na pendência da lei nova, ainda
Apesar da sobrevigência da lei antiga relativamente aos prazos que, em que como. incidente.de acções já pendentes em I de Janeiro de 1997, aplicável
é
1 de Janeiro de 1997, se encontrem em curso ou já tenham sido fixudos pelo o regime novo (art" 22" DL 329-A/95) . Portanto, O que releva a data doé
tribunal, o art" 18", n" 4" DL 329-A/95 detetmilül que a esses prazos é aplicável requerimento da providência cautelar e não O dainstauração da respectiva acção
O novo regime que consta dosart''s 1450 (nomeadamente, no que respeita à de que CS$.aprovidência é dependente.
prática doado fora de prazo), 146", 11" 1 (noção de justo impedimento), e 150°,
n" I (entrega ou remessa a jufzo de peças processuais). Dado o disposto no
2.5. Citação
art" 186, n'' 5, DL 329-A/95, as partes podem prorrogar; mediante 'acordo,
esses prazos por Uma única vez e por igual período (art? 147°,n" 2) e podem O regime transitório da citação é distinto para o caso em que o acto ainda
acordar na suspensão da instância por prazo não superior a seis meses 'não foi ordenado e para aquele em que ela já foi ordenada, mas ainda não se
(art" 279°, n° 4). encontra realizada. Nos processos pendentes em que ainda não haja sido
ordenada a citação, aplica-se o regime do acto de citação estabelecido na lei
b. Quanto aos prazos processuais quese iniciem, em processos pendentes. nova (art" 19°, n" I, DL 329-A/9S). Portanto, são-lhe aplicáveis, por exemplo,
no domínio da lei nova, é aplicável, o que nesta se estabelece quanto ao modo o regime de dispensa de prévio despacho judicial (art" 234", nOs I e 4) e de
de contagem e à respectiva duração (art" 18°, n" 2, DL 329-A/95). Assim.apesar indeferirnento lirninar (art" 234°-A), a regra de que a citação se faz por via
18 lntrudução ii reforma
Introilução (I reforma 19
2A Notificações
O novo regime é igualmente aplicável â. prova documental apresentada em
juízo após I de Janeiro de 1997 (art" 2:3°, n" 2, I)L 329-A/95). Desta regra
Às notificações em processos pendentes, cujoexpediente seja reme- resulta. por exemplo .. a aplicação imediata da nova regulamentação sobre a
tido após I de Janeiro de 1997, é aplicável odispostonos art''s 253°:a 260Q irnpugnação da genuidade do documento e a ilisão da sua autenticidade ou força
(art" 19°, n" 3, DL 329-A/95). prob;ltQJia(crr.art°~ .544° a, .551 O_A),
À marcação ffe diligências que se realize após I de Janeiro de 1997 é É aplicávelaos processos de natureza civil, que se encontrem pendentes
aplicável o disposto no ártO 155° (art" 20°, n° I, DL 329-A/95). ISI-\osignifica em quaisquer tribunais em I de Janeiro de .1997, o disposto no Decreto-Lei
nomeadamente que essa marcaçãodeve resultar, tanto quanto possível, de ti" 39/95. de 15./2, sobre o registo das audiêrtcias (art" 24" PL 329-A/95).
prévio acordo entre o tribnnale os mandatários judiciais (art" 155°, n° I) e que. Portanto, este preceito torna imediata e globalmente aplicável aos processos
se a marcação não tiver sido realizada mediante acordo, 0& rnandatários judiciais pendentes em I de Janeiro de. 1997 o regime de gravação das audiências;
impedidos em consequência de outro serviço judicial já marcado devem revogando. assim, a aplicação escalonada que se previa no art° t 2°, n° 3,
DL '39/95.
comunicar o facto ao tribunal, no prazo de 5 dias, propondo datas ulter-
nativas, após contacto cOJTIOS restantes mandatários interessados (art" 155" ..
n° 2). 2.11. Impugnação das decisões
Introdução tl reforma 21
20 Introdução. li reforma
porém, ao juiz optar entre a, venda judicial mediante propostas em carta fechada
confirrnatória da Relação), A decisão recorrida após 1 de Janeiro de 1997 pode (cfr, anos 886°,11°2., e 889° a 90 1°)ou a arrernatação em hasta pública, situação
provir de um tribunal de I a instância ou de uma das Relações. pelo que, neste em que são uplic.;ávei~as disposições revogadas sobre tal modalidade de venda
último caso, aplica-se-lhe o novo âmbito da revista e do agravo em 2áinstâl1c1a (dr. art''s 8890 a 9050 CPC/61).
(cfr. artOs721°, n° I, e 754°, n° I).
Procurou-se salvaguardar as expectativas das partes quanto à adrnissi-
2,14, Mormória forçada
bilidade do recurso segundo a lei vigente no momento clã propositura da acção.
É isso que justifica que o art'' 2SO, n° I, DL 329-A/95 exceptue da aplicação Segundo o arr" 27° DL 329-A/95, é aplicável às causas pendentes em
imediata da nova regulamentação dos recursos o preceituado no art" 754°, I de Janeiro de 1997 a nova redacção dada ao art" 1696 cc pelo art" 4", n° I,
nOs2 e 3. Nesta hipótese, verifica-se uma sobrevigência da versão antiga do DL 329-A/95, Isto significa. que a supressão da moratória forçada (que existia
Código de Processo Civil, pelo que, se o recurso era admissível com base na quando, numa execução por urna dívida. daexclusiva responsabilidade. de Um
lei vigente no momento da propositura da acção, ele .continua a sê-lo após .a dos cônjuges, fosse penhorada a menção nos bens comuns) é imediatamente
entrada em vigor da nova versão. aplieáve) às execuções Pendente, em I de J aneiro de 1997.
Assil11, enquanto, segundo o regime anterior, se, numa execução para
2.12. Valor da decisão pagamento de um.dívida da exclusiva responsabilidade docônjuge executado,
fossem nomeados à penhora bens comuns, a execução destes ficava suspensa
OartO 25°, n° 2, DL 329-A/95 estipula que às decisões penais proferidas até à dissolução, declaração de .nulidade ou anulação do casamento ou ao
após I de Janeiro de 1997 é aplicável o disposto nos art°s 674°cA e 674°-8. decretarnento da.separação judicial de pessoas e bens ou só de bens (art" 825",
Portanto; essas decisões, possuem, numa posterior acção civil. a eficácia n° I, CPC16 I I, agora, segundo a nova regulamentação, o. exequente pode
estipulada nOSarr's 674°-A e 674°-B. nomear penhora bens comuns do casa), desde que peça a citação do cônjuge
à
2. Solução
n° 2, DL 329-A/96). Cumpre ao juiz, no entanto, adequar o processado segundo
os termos previstos no art" 26SO-A, de modo a obstar a que a imediata aplicação Particularmente questionãvel é a aplicação das normas respeitanres à
da lei nova possa implicar quebra de harmonia ou de unidade entre os vários adrnissibilidude do processo, isto é, aos pressupostos processuais, sempre que
actos ou fases do processo (art" 28°. n" 4, DL 329-A/95). a lei nova venha considerar preenchido um pressuposto que faltava no domínio
Na decisão dos incidentes da instância inseridos em acções em que as da lei antiga. As opções são as seguintes: - se não se considera a lei nova
partes optaram pelo novo procedimento, deverão considerar-se as alterações imediatamente aplicável, aceita-se o proferirnento de uma absolvição da
legais que impliquem convolação para incidente diverso do indicado pelo reque- instância, mas não se pode evitar que o autor instaure de imediato uma nova
rente, com aproveitamento do processado e respeito das garantias das panes acção idêntica à anterior (cfr. art° 289°. n" I); - se, pelo contrário, se aplica de
(art" 28°, n° 3, DL 329-A/95). Assim, se, por exemplo. o autor. durante a vigên- imediato a lei nova, obsta-se quer à absolvição da instância, quer à eventual
cia da antiga redacção do Código de Processo Civil, tiver arguido a falsidade propositura de uma nova acção. Esta última é a solução claramente preferível,
de um documento através do respectivo incidente (arr's 3600 a 366° CPC/61), até pela perspectiva dos interesses do réu, que não corre o risco de ser
à apreciação dessa falsidade aplica-se agora o disposto no arr''s 544° a 551°, demandado em duas acções seguidas com o mesmo objecto.
Suponha-se. por exemplo. que, em I de Janeiro de 1997. está pendente
2. Renovação da instância uma acção proposta por uma sociedade irregular; essa sociedade não possui
personalidade judiciária activa segundo a antiga versão da lei processual civil
Nos processos declarativos ordinários e sumários, pode a parteinteressada. (art" 8°, n" I. CPC/61). mas possui-a segundo a nova regulamentação (art" 6°,
no prazo de 30 dias a contar do trânsito em julgado da decisão final, requerer al, dj); deve entender-se que, nesse processo pendente, cessou essa falta de
a renovação da instância, desde que seja sanável a falta de qualquer pres- personalidade judiciária. Outro exemplo: admita-se que, em I de Janeiro
suposto processual, que. nos termos da lei nova, pudesse ser sanada (an° 29" de 1997. está pendente uma execução baseada num documento particular
DL 329-,A.l95). Assim. se, por exemplo, o réu foi absolvido da instância assinado pelo devedor, mas não reconhecido por notário; este documento não
com fundamento na falta de personalidade judiciária da sucursal demandante era título executivo segundo a versão do Código de Processo Civil vigente no
(artOs 493°, n" 2, e 494°., na I, al, c), CPC/61), a respectiva administração prin- momento da propositura dessa execução (art" 51°, n" I, CPC/61), mas é-o
cipal pode requerer a renovação da instância e ratificar ou repetir o processado segundo o novo regime dos títulos executivos (art" 46°, al. c»; deve considerar-
pela sua sucursal (arr08°). -se que esse documento passa a constituir título executivo suficiente nessa
execução pendente (cfr. Assento/STJ 9/93, de 18/12 = BMJ 431, 19).
V. Aplicação imediata doutrinária Defendendo a npl icação imediata da lei nova sobre a exequibilidude dos documentos
particulares. clr. também STJ - IH/2119R6, BMJ 354. 467; RC - 1.5112/19&7. BMJ 372.4R3:
STJ - 9/2/t9~H\. BMJ 374. 395; COn1flL, STj . 2011011988. BMJ 37X. 440.
I. Problema
Os art''s 13° a 29° DL 329-A/95 contêm diversas regras de direito VI. Adaptações noutra legislação
transitório quanto à aplicação da nova versão do Código de Processo Civil.
Pode discutir-se, na entanto, se a enumeração dessas regras significa que não
existem quaisquer outras possibilidades de aplicação lrnediara da nova I. Prazos processuais
regulamentação legal ou se, para além delas, subsistem outras hipóteses de
Vária legislação utiliza o direito processual civil C0l110 lei subsidiária, pelo
aplicação imediata da lei nova. Parece dever entender-se que esse enunciado
que a introdução de modificações naquele direito pode provocar a necessidade
das situações de aplicação imediata da nova lei processual não esgota todas as
de proceder a adaptações naquela legislação. Dado o regresso à regra da
hipóteses possíveis.
lntrodução ri reforma 25
24 Introdução li reforma
Alguma legislação serve-se, na previsão ou cstatuição das suas normas, é. importante conhecer alguns aspectos quantitativos da litigiosidade civil em Portugal.
De um recente e muito interessante estudo. podem retirar-se alguns dados significativos sobre
de conceitos processuais ciVIS. Peranté as alterações introdu/idas pelos essa litigi()sidade: - o número de processos cíveis entrados por 10.000 habitantes passou de 89,1
Decretos-Leis n~s 329-A195 e 1$0/96, houve a necessidade de adaptar as em 11)70para 3.15.8 em 1993'7', o que significa um aumento de cerca de 350%; " entre 1974 e
remissões efecruadas por essa legislação para o novo processo .civjl.Essll ê a 1993 (portanto, durante. 20 anos), apenas em dois anos (1986 e 1990) não houve acumulação
função dós artOs 9" a 116 DL 329-A/95, Assim, as remissões corrstanres de de pl'llCCSSOS "", isto é. não se verificou excesso dos processosentrados sobre os findos; - em
1l)'iJ, as acções declarativas representavam 56,6% do total das acções cíveis, enquanto as
legislação avulsa para processos. especiais eliminados têm-sepor feitas para o
acções executivas não excediam os 34,7%, os inventário, se ficavam pelos 3,8%, os processos
processo comum apropriado (art" 11° DL 329-A/95); as remissões feitas para tutelares cíveis pelos 4,7% e os processos de liquidação de patrimónios pelos 0 ..1% (91;- em 1993,
o processo executivo sumaríssimo consideram-se realizadas para. o processo dentro das acções cíveis. as mais frequentes foram as acções relativas li (lívidas, que
executivosumárío (art" 9° DL 329~A/95), o quedecorre da supressão da acção representaram 65.2% do total. das quais 60,8% terminaram com a condenação do réu no
pedido; seguiam-se as ucçõcs de divórcio e separação, que atingiram 10,4% do total (11'11; - cerca
executiva surnarrssima (cfr. art" 465"); f'inalmentecas remissões feH,\s em
de metade elas acções civis possuem valor Igualou inferior a 250 contos 11l1,isto é, seguem,
quaisquer óutro« diplomas legais para a arrernaração vem hasta pública
consideram-se éfectuadas para a venda mediante propostas em carta fechada
(art" 10° DL 329-A/95), que éa modalidade de venda que, em regra, deverá '.;1 As fundadas preocupações da classe da advocacia sobre o estado do processo civil encontram-
ser utilizada na acção executiva (cfr. art?s 8860 e 8890 a 901°). -se bem expressas nas várias intervenções proferidas no 111 Congresso dos Advogados
Portugueses (Porto. 25-28/l O!l 9<)0): er-. Terceiro Congresso dos Advogados Portugueses J
/ Rclutorios " COI1lUl/iCI/\,lks (Porto 1990), 473 SS.; idênticas preocupaçõexsohressaem das
conclusões do IV Congresso (Funchal, 18"21/511995): ctr. BOA 3/95, 23 ss ..
§ 2". ,(>I Sobre alguns interessantes aspectos quantitativos da lirigiosidade em Portugal. cfr. B. Sousa
Sal/los / Maria M. Leitão Marque.l· I João Pedroso I P. Lopes Ferreiro, Os tribunais nas
Orientações fundamentais sociedades conternporâneus 1 O caso português (Porto 1996), 125 SS.; em geral, cfr, Merrvman,
Population, civil liligatio" and legal science, Studi in onere di Vittorio Denti I (Padova 1994),
IXI ss .. Sobre evolução económica portuguesa, cfr., v. li" Pedro l.ains, O Estado e a
industrial izução em Portugal. 1945-1990, Análise Social 128 (1994), 923 SS.; Silva Lopes,
I. Propósitos A economia portuguesa desde 1960, ;11 Antônio Barreto (Org.), A Situação Social em Portugal,
1960-1<)9;; (Lisboa 1996).23:\ SS ..
,71 H. SOl/.'" SW/II).I· et ai .. Tribunais, 110.
(,/ fJ. SOl/.'" SI/JI"'.I· 1'1 a!.. Tribunais, 110.
I. Enquadramento
f!)) H .. )'OllSU SlIl/{O.\' eí al., Tribunais, 126.
"'" B. '<;0".\'(/ SII/I/(JS 1'1 ai.. Trihunais. 131 s. e 173.
a. O diagnóstico dos múltiplos problemas, que afectam a justiça portuguesa ,,) I 8, Sonsa Santos 1'1 ai.. tribunais, 14R.
encontra-se há muito realizado. Indiscutível é também o amplo consenso que.
tntroduçâa à reforma 27
26 lntrodução à reforma
2, Concretizução
b,be uma legislação processual civil espera-se que ela permita uma
rápida realização do direito material através dos tribunais e, quando for esse o Da qualificação
dos tribunais como õrgãos de soberania (de art" 113ô,
caso, uma adequada solução dos. litígios e um pronto restabelecirnento da paz n" I. CRP) decorre que o processo reflecte necessariamente as relações entre
jurídica, Justiça e eficiência devem seras orientações fundamentais de qualquer o Estado co indivíduo e a posição tio Estado permite .a sociedade ou, mais
legislação processual ci vil. É claro, no entanto, que elas não possuem a mesma concrerarncnre, perante o indivíduo e os grupos, organizadosou inorgânicos,
importância e' não podem ser equiparadas na mesma categoria: a.justiça é um que nela se formam, Não pode admirar, por isso, que as ideologias políticas
valor sobre o qual não se pôde transigir; a eficiência e
UI1)avariável-que importa subjacentes ü organização do Estado tenham um reflexo directo na. posição do
utilizar numa medida que não .afecte o valor da justiça, o
ideal é que esta juiz (isto é, do órgão de soberania) perante as partes da acção (ou seja, os
eficiência seja; ela mesma. um instrumento para alcançar a justiça, pois que a indivíduos e os grupos), Enquanto uma ideologia de .índole liberal tende a
obtenção desta não deve ser frustrada nem por uma morosidade processual que colocar o juiz numa posição passi 'la, QUde mera reacção perante a actuação das
atrasa a decisão da causa até à fronteira da denegação de justiça, nem por uma partes, umaideologia de carácternão Jiberal (seja ela de inspiração autoritária
complexidade do processo que canaliza o trabalho do tribunal e o esforço das ou decariz democrático e social) não hesitará em atribuir ao juiz um papel
partes para a resolução e a superação das questões processuais e não para. a interventor na condução do processo e na procura da solução.do conflito (15),
apreciação e discussão do mérito da causa. É clara a opção ideológica da reforma, No preâmbulo do Decreto-Lei
Assim, Orná reforma do processo civil deve orientar-se. nos tempos n° 329-A/95 explicitam-se as "linhas mestras'; que presidiram à reforma agora
actuais, pelos seguintes objectivos gerais: -a justiça da resolução dos conflitos realizada no processo civil, nacional, Destacam-se as duas seguintes: - a dis-
sociais, o que exige Uma decisão rápida; oporturta e adequada composição
à
tinção entre Os princípios estruturantes, que se referem aos valores fundamentais
do litígio; - a eficiência da actividade os sujeitos processuais, que deverá ser do proCeSsO civil, eas regras de natureza instrumental, que definem o funeio-
atingida através da subordinação da actuação das partes e do tribunal a um nameruo dosisterrta procesSlIal; ~a garantia daprevalência do fundo sobre fi
princípio de colaboração ou de cooperação! O), A prossecução dcstcsobjeetivos formá e,pot\anto,a orientação pela verdade material, que se procura alcançar
corresponde certamente ãs expectativas tanto dos, profissionais do foro, que atravé~ da concessão ao juiz de um papel mais interventore da submissão da
esperam uma lacilitação do diálogo processual, uma diminuição dosaspecto~ actuação do. tribunal e das partes 11 um princípio de cooperação. Trata-se do
formais e um aligeiramento da carga burocrática, como da população em geral. primeiro esforço de ruptura com algumasdas tradições napoleõnicas e liberais
que deseja uni mais fácil acesso ao direito, mais .celeridade nas deoisões dos do processo civilnacional, em especial quanto ao âmbito-da disponibilidade
tribunais e menos custos do processo. das partes sobre o processo e ao predomínio da di~c.lIssãv escrita. sobrea eral,
Tem interesse referir que a ·ComÍ.iw/" do Codiga Processual Europeu; que, \:111 Fevereiro
de I':J90, foi encarregada pela Comlssãodas Comunidades Europcius de elaborar um-estudo sobre IIJ.lCfr. SI01'I/I(', Rapprochernenrdu Droit Iudiciaire de lUnion européenne J Approximation
aaproximução do direito processualnos então doze Estedos-membros. definiu como printl()iü;; of Judiciury Law in ihe Europeun UniOIl (Dordrecht I'Bos(on.l London 1994),30 e 64.; sobre o
e 'aspirações da SÚ';i ucuvidadc os seguintes: o pri'licípio dispositivo, o acréscimo da eficiência, assunto, d;r. Kératnens, Procedural .Harmonization in Europe, ArilJCompL 43' (,199.5),.401 SS,;
o mais fácilaccxso 11 justiça, a redução dos custos do processo, a independência e imparcialidade flm/r, Dic Vorschluge der Kommission fUI' cin europüisches Zivilprozeêgesetzbuch - das
Erkcnntuisvcrtuhrcnv Zz.l' 109 (1996),271 SS..
II~> Sobre o lugarpnrulelo da relação entre a admínístração pública e o cidadão, clr.. com muito
interesse, v. Pereira (/(1 Silva, Em busca doucto.adruinistrativo perdido (Coimbra 1996),38 ss.;
B, Sousa S{//1f(J,\' ct (JI,,-TriblHíais, 234,
(12) para uma perspectiva histórica do Estado liheral, cfr. .M. Glória Dias Garcia. Da Justiça
Sobre um "programa básico" da campanhaem prol da efeciividadc di, procexsu, ctr. RlIr!J",1:/I
113> Administrutiva \:111 Portugal ," Sua origem e evolução: (Lisboa 19':J4), 263 SS,.
Moreira. Elctividade do processo C técnica processual, Ré". Forense J29 (llj9Si. 91 ss"
I '
introdução à reforma 29
28 lntrodução li reforma
Principios estruturantes 33
lI.
OS PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES
DA NOVA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL CIVIL
§ 1".
Acesso à justiça
I. Direito à jurisdição
11) Sobre estas Convenções internacionais. cfr. Comoglio, I mudeJli di garanzia costituzionale
deI processo, Studi in Onere di Vittorio Denti [ (Padova 1994). 30H ss.; sobre aquele direito.
cfr. Comoglio, La gurunzia costituzionale dellazione ed il processo civilc (PadOV<I 1970),
97 ss. c Ilil SS.; Trorker, Processo Civi lee Costituzione (Milano 1974), I li I ss.: Lopes do Rego,
Acesso ao direito.e aos tribunais, in Estudos sobre 'a jurisprudência do Tribunal Constitucional
(Coimbra 1993),91 ss.inuma perspectiva sociológica. cfr. S. S(J/1Sfl Santos, Pela mão de Alice I
IOstH;ial e" político na pós-modemidade (Porto 1994). 141i 5S ..
Principios estruturantes 35
34 Princípios estruturantes
----~--~----------~------~------------------
aliás. não pode deixar de acontecer, sob pena de regresso ao velho esquema
3. Obstáculo organizatério das actionrs -. os processos especiais previstos na lei só abrangem certas
situações particulares; o que significa que a grande. maioria das acções propostas
o art° 2f/,Á regula a legitimidade para as acções e procedimentos em tribunal é relcgada para a trarnitação comum (cfr, art" 460°, n° 2). Pode
cautelares destinados à tutela de interesses difusos.icorno os que se referem à assim acontecer que não exista qualquer tramitação especial aplicável. ao caso
saúde pública, ao ambiente e qualidade: devida, ao património cultural. ao e que o procedimento comum, que então deveria sei' seguido, se mostre desa-
domínio público e ao consumo de bens eserviços. Esse preceito reconhece dequado à regulamentação da acção; pode igualmente suceder que a tramitação
legitimidade para essas acções e procedimentos a qualquer cidadão ntl gozo dós especial aplicável seja, relativamente à acção concreta e à tutela que se pretende
seus-direitos civis e políticos, às associações e fundações defensoras dos obter. inadequada ou insatisfatória. A desadaptação formal pode atingir. por
interesses em causa, às aurarquias.Iocais e ao Ministério Público, tudo, porém.
isso. tanto o processo COIllUIll aplicável na falta de qualquer processo especial,
nos termos previstos. no diploma regulador do exercício da acção popular. Esta corno o próprio processo especial que se encontra previsto na lei para o caso
acção encontra-se prevista t10 árt" 52°, n" 3, CRP e o diploma que a regula é a
concreto.
Lei n° 83/95; de 31/8.
O art° 26°-A contém apenas uma norma remissiva para a lei regula-
b. Este problema foi solucionado no ordenamento português por duas vias
mentadora da acção popular, rnns.einda assim, apresenta a vánlageil1 de íntegra r
diferentes: - quantoà acção popular para a defesa dos interessesdifusos, que
no âmbito do processo civil a legitimidade popular, isto é,alegitimidade
Sé encontra prevista no art" 52° .. n° 3. CRP, o respectivo diploma regula-
para a defesa dos interesses difusos através da acção popular previ~ta. no
mentador (a já referida Lei n° H3195) instituiu uma tramitação especial. que
art" 52°, n" 3, CRP. Esclareça-se, a. propósito, que, nos termos do art" 12",
consta dos seus art''s 13° a 20°; - quanto à generalidade das acções civis. o
n02,L 83/95, a acção popular civil pode revestir qualquer das formas previstas
art" 265°-A veio consagrar, de forma inovadora, um designado princípio da
no Código de Processo Civil,pelo que essa legitimidade abrange qualquer
adequação formal.
acção ou procedimenroadmisRívelna, área processual ci vi I.
Segundo o art" 265°-A, quando a trarnitação processual prevista na lei não
se adequar .às especificidades da causa, o juiz deve, mesmo. oficiosamente.
4. Obstáculo processual determinar, depois de ouvidas as partes. a prática dos actos que melhor se
ajustem ao fim do processo e definir as necessárias adaptações no seu
a. Ao processe é conãtüral Um certo forrnalismo .. Ainda que hoje não Já procedimento. Deve entender-se que a iniciativa da adaptação pode pertencer
se lenha sobreesse formalisrno o mesn'!.oentUsiasmo que )hering manifestou. quer ao juiz, quer a qualquer das partes. A adaptação pode consistir tanto na
na sua conhecida' afirmação de que "l). forma é a inimiga jurada ÔQ arbítrio. a realização de actos que não estejam previstos na trarnitação legal e que se
irmãgérnea da liberdade" (4), é certo que não se pode pensar um processo sem mostrem indispensáveis ao apurarnento da verdade e ao acerto da decisão. como
um procedimento, isto é, sem um conjunto ordenado e sequencial de actos na dispensa de actos que se revelem manifestamente inidóneos para o fim do
processuais. processo.
O processo declarativo segue uma tramitação, comum ou especial, fixada O art" 265"-A não o diz, mas é claro que a trarnitação sucedânea tem de
pela lei (cfr. art" 460'''; n? I); Abandonada qualquer correspondência entre '0 respeitar estritamente a igualdade das partes (cfr. art° 3°_A) e, em particular, o
direito subjectivo e a respectiva actio, são fundamentalmente rnotivos ligados princípio do contraditório (cfr. art" 3°, tios 2 e 3 I" parte). Mesmo que, como
à necessidade prática de adaptar a tramitação processual a cenas situações o art° 265°-A, o exige, a parte tenha sido previamente Duvida. ela não fica
especificas que conduzem à previsão de certos processos especiais; Mas - como. impedida de invocar o desrespeito daqueles princípios na tramitação suce-
dânea. A prática ou a omissão de um acto que implica a ofensa daqueles
princípios traduz-se numa nulidade processual (art02010, n° I), pois que
,4)Jhcring ; Geist des romischcn Rechts aufden verschicdenen Stufen scincr Entwicklung. são directamente violados os preceitos que os consagram (art'is 3°, nOs 2 e 3
U/2 J (Leipzig 1875). 47L
Princípios estruturantes 39
38 Princípios estruturant es
processos,
Princípios eSlrulurwlfes 41
,----------------------~
40 Princípios i'SlrUWf'Wl!eS _
(art°s 1220 a 125°), escusas (art?» 1260 e I :\30) e suspeiçõcs (art?» 127° a 1]3°).
concretizam nas garantias de imparcialidade e de independência do tribunal A par destas garantias, mantêm-se ainda aquelas que estão referidas no art" 7 0
(art" 10" DUDI-I: art? 14°. nOI, PIDCP; art" 6°, n" I, CEDl-l), de igualdade das EMJ c que decorrem da relação de parentesco ou de afinidade entre o juize
partes (art" 10 DUDH; art° 14°, n° I, PlDCP), de publ icidade das audiências
0 Utll outro juiz. um magistrado do Ministério Público ou um funcionário de
(art" 10° DUDH; arr" 14°', n° I, PTDCP; art" 6°, n" I, CEDH), do juiz legal pu justiça do mesmo tribunal ou da sua anterior qualidade de representante do
natural (art" 14°, na I, PIDCP; art" 6°, n" I, CEDH) e de proferimento da decisão Ministério Público no mesmo tribunal ou de advogado no mesmo círculo
num prazo razoável (urt? 6".>n° I, CEDR), judicial.
Estes princípios são, todos eles. susceptíveis, de moldar l) regime Constitui ainda urna garantia das partes a chamada independênciainterna
processuall'". Assim, é indispensável garantíráqucle que recorre aos tribunais do juiz 171, Refere-se esta às influências a que o juiz está sujeito pela sua origem,
(ou que recebe o necesxárioapoio par" poder .a eles recorrer) um julgamento educação ou processo de socialização. Assim, se não possível - nem desejável
é
por um órgâoIrnparcial, uma plena igualdade das partes, o direito ao contra- - que o juiz esteja afastado das correntes sociais e culturais do Seu espaço e
ditório, uma duração razoável da acção, a publicidade do processo é <I tempo, é imperioso que ele saiba assumir um comportamento público que não
efecrivação do direito à prova. A reforma processual civil introduziu ulgumas favoreça a perda da sua imparcialidade, É este aspecto da independência interna
inovações em todos estes aspectos, que importa passar a ana] isur. que justifica a proibição da prática de actividades político-partidárias de carácter
público e de ocupação de cargos políticos pelos magistrados judiciais em
exercício de funções (urt" I l° EMJ), bem como a proibição do desempenho
lI. Imparcialidade do tribunal pelos mesmos de qualquer outra função pública ou privada, salvo as funções
docentes ou de investigação jurídica, desde que não remuneradas (art" 21 g",
n° 3, CRP; art" 13° EMJ).
I. Critérios
c 25 SS"
Princípios estruturantes 43
42 Princípios estruturantes
contrapurte. porque esta pode obter uma sentença favorável, mesmo que nada
prove no processo (cfr. art° 516°). Assim, nem sempre é possível obter lima
Hl, Igualdade das partes igualdade substancial entre as partes.
Deve notar-se. a propósito. que ~l reforma, apesar de não ter suprimido - como, aliás. Mio
I. Enunciado
podia· Iodos os íuctores de desigualdade subsrancial entre as partes. atenuou a imposição dessa
desigualdade pela lei. Foi certumcntc essa a intenção subjaccntc à. extensão do benefício da
Arribas as partes devem possuir os mesmos poderes, direitos, ónus e pror'roga,ão do prazo de contestação de que goza o Ministério Público (art" 4X6°, n" 4) a qualquer
deveres, isto é, cada uma delas deve situar-se numa posição de plena igualdade das partes (urt'' 4H6". n")) ('/'.
perante a outra e arnbas devem ser iguais perante o tribunal. Esta igualdade
das partes, que deve ser assumida como uma concretização do princípio da Por outro lado, devem ser respeitadas todas as situações de igual-
igualdade consagrado 110 art" 13"CRP, é agora Um principio processual com dade formal entre as partes determinadas pela lei processual. Assim, por
expressão legal no art" JO-A (81. Este. preceito estabelece que o tribunal deve exemplo, perante o número taxativo de articulados no processo declarativo
assegurar, durante todo o processo, um estatuto de igualdade substancial das (cfr. art''s 467°. 4g6°. 502°. 503°, 506°. 783°, 793° e 794°), não se pode conceder
partes, desígnadamerne no exercício de faculdades.rno uso dos meios de defesa a uma das partes um articulado suplementar. ainda que, dada a notória diferença
e na aplicação de corninações oude sanções processuais. A determinação do de qualidade entre eis articulados de cada uma das partes, ele fosse necessário
sentido deste art" 3"-A levanta, contudo; algumas 'dificuldades. paraasseguraruma igualdade substancial entre elas. Do mesmo modo, há que
respeitar os prazos imperativos, definidos em abstracto para ambas as partes,
quanto, por exemplo. à apresentação do rol de testemunhas, ao requerimento
2. Significado
de outras provas ou à alteração dos requerimentos probatórios (art°s 508°.,A,
n° 2. al. a), c 512°, n" I), às alegações de direito. (art° 657") ou às alegações de
:t I. Limites à igualdade recurso (al·tOs698°, n° 2. 724", n" I ,743°,nos I e 2, e 760°, na J), Finalmente,
Umprimeiroproblema suscitado pelo arte 3°-A e pela referida Igualdade .há que observar alguns preceitos que visam directamente a igualdade formal
substartcial entre a~ partes é .0 de que nem sempre é viável assegurar essa entre as partes (cfr. arl°s 42°, n° 2, e 512°-A, n" I). Portanto, também neste
igualdade. Em certos casos, não ê pO$sível ultrapassar certas diferenças campo não existe qualquer possibilidade de assegurar uma igualdade substancial
substanciais na posição processual das partes; noutras hipóteses, não possível é
entre as partes.
afastar certas igualdades formais impostas pela Lei.
A posição processual das partes é, em muitos dos seus aspectos, 2.2. Conteúdo preceptivo
substancialmente distinta. Por exemplo: o autor escolhe, normalmente segundo
a. O art" 3"-A tem corno destinatário o tribunal, pois que é a este órgão
o seu arbítrio, o momento da prõpesitura daacção e o réu tem sempre um Nato
que o preceito atribui a função de garantir a igualdade substancial das partes.
limitado para a apresentação da sua defesa (ainda gue seja, o resultante da
Mas. esta função pode ser entendida de duas formas bastante distintas: - se essa
prorrogação referidano art" 486°, n" 5), o que origina uma desigualdade
função for concebida com um conteúdo positivo, aquele preceito impõe ao
substancial entre as partes a favor doautor; em contrupartida, ao-autor cumpre
tribunal o dever de promover a igualdade entre as partes e de, eventualmente,
satisfazer todos Os pressupostosprocessuais " tnesmo aqueles gue respeitam ao
auxiliar a parte necessitada: - se, pelo contrário, essa função for entendida com
réu -, pelo que, quanto a este aspecto, éaparte activa quese encontra numa
um conteúdo negativo, só se proíbe que o tribunal promova adesigualdade entre
posição desfavorecida perante o demandado; finalmente, qualquer das partes
as partes. Importa verificar em que sentido () art" 3°_A deve ser interpretado,
onerada com.aprova encontra-se substancialmente desfavorecida perante a sua
('I, Sobre este prohlema. clr. Lebre de Freiras. A igualdade de armas no Direito Processual Cívil
(H,Sobre a relevância constitucional da igualdade das partes. cfr. Te - 516/93 (26IfO(l993). português. Dir. Ic4 11992).617 ss ..
DR, Il - 1911/1994, 52()= 13MJ 430, 179: rc -
529/94 cnflJ/ltJ94). DR. 11- 2IJ/I 2/1 lJ94,
12912 = BM] 439. 243.
j-
Principios estruturantes 45
44 Principias estruturantes
IV. Garantia do contraditório b. O direito de resposta COnsiste na faculdade, concedida a qualquer das
partes, de responder a um acto processual (articulado, requerimento. alegação
ou acto probutório) da contraparte. Este direito tem expressão legal, por
I. Generalidades
exemplo, no princípio da audiência contraditória das provas constante do
o direito ao contraditório - que é, em si mesmo, uma decorrência do art" 517°,
princípio da igualdade das partes estabelecido no art" 3°-A - possui um conteúdo
Princípios estruturantes 49
48 Princípios -estruturantes
50 Princípios estruturantes
quanto a esta matéria, ..a odentíl.ção acettadlj. O processo civil português não tliÜndato· jVdiCial (art° 39",1.1° 3), ti utilitaçãó da via postal na citação pessoal
carecia de qualquer reforço doefeitopreclllSivo, anteBneçessitava de alguma (art" 233", n" 2, ill.(I)) eà <ldmi.ssibilidàde da citaçuQ por rnandatãrio judicial
flexibilização nomeadamente quanto ao momento da alegação pelas partes dos (art? 23}0, nO.3), àe.x.clu~ão da çitaçuü edítal nc incidentede rntervénçãn
factos relevantes, de molde a assegurar que essa apresentação se possa adaptar acessória (aflOs 332°, n? 2) e ao ptossGgulmento da. Acção passados três meses
1161 Sobre a Verçinjil<-lumgS!l<!v(!lle e
eficácia preclusiva por ela, introduzidu.vfr. Rp.\·('I11J('I:~ I
,I
sobre a data da dedução desse íncidente, mesmo que não se mostrem realizadas
/ Schwah / G()//II"Uíd, Zivilprozessrecht I~ (Müt\chenI99.3). 16e 38Ü SL todasas citações (art" 3339.), à não utilização-da citação edital naeprovidêacias
<171 Cfr. 'Colesanti, 11. processo di cognizione nellu riforrna deI 1990 .. RDP 47 fi 9931. 57 ss.:
Biavati, Iniztaüva delle purti e processo a preclusioni, RTDPC$Ü ( 19(6), 477 ss.; "lÚi",fa /
I Cipriani. Prcvvedimcmi urgcnti pcril processo civilc (Padov« 19(3). 70. ss.: Turzia. Lineameuti ilKI .cn. Buur, Wegczu cincr Konzentrutlonder mündlichen Verhandlung im Pr()Z.eJ}(8çrlin
dclnuovo processo di. cognizione (Milano )996),78 SS.; Bucc] I Crcscenzi I ftll1l/'Í<:<i. Manualc 19661. 19 ss..
Pratico delle Ritorma JetPt()cessúCivile ~ (Padovu 19<)5): ('Oi/SI)/" / Luiso / .)oSS(//lI.
Comrncntarioaila Riforma del Processo Civile (Milano 199M, 135 ss ..
Principios estruturuntes 53
52 Principias estruturuntes
dirigida 11 Comissão Europeia dos Direitos do Homem (art° 2SO, n" I, CEDI-I),
para que esta solicite a apreciação da violação pelo Estado português. da
cautelares (art" 385°, n° 3) e ainda à antecipação da audiência final (art° 6470
,
n" I),
garantia da decisão do processo num prazo razoável pelo Tribunal Europeu Jüs,
Direitos do Homem (art°s 44" e 48°, n" I, CEDH) e, se for o caso, a atribuição
Também no âmbito dos recursos se instiruíram medidas destinadas a
ao lesado de uma reparação adequada (art" 50° CEDHj,
combater a morosidade processual. Assim, o juiz a qlio pode rectificar as
nulidades da decisão (art°s 668°, na 4, 716°, na I. e 752 na 3) e o lapso
0
,
752°, n° 3), o recurso pode ser decidido Iiminarmente pelo relator se a questão VI, Publicidade do processo
suscitada já ti ver sido apreciada de modo uniforme e reiterado pela juris-
prudência OU se essa for manifestamente infundada (artOs 700°, na J, aI. g), 70 I 0,
I, Âmbito
na 2, e 705°), os vistos podem ser dispensados Ou substituídos pela entrega de
cópia das peças processuais relevantes para a apreciação do recurso, se a o processo civil é - diz enfaticamente o art° 167''', n° I - público.
natureza das questões a decidir ou. a necessidade de celeridadedo julgamento A publ icidudc do processo tornou-se possível com a introdução da oralidade e
o aconselharem (art" 707 n° 2), a Relação pode, em regra, substituir-se ao
0
, continua a possuir a justificação tradicional: ela é um meio para combater o
tribunal recorrido na apreciação das questões de que este não conheceu arbítrio e assegurar a verdade e a justiça das decisões judiciais (19). A essa
(art" 715 n° 2), em certas condições é admissivel o recurso pcr saltum para o
0
, publicidade estão subjacentesos princípios fundamentais do Estado de direito,
Supremo (art" 725 e, finalmente, não é admitido recurso de agravo do acórdão
0
) nomeadamente a possibilidade de um controlo popular dos órgãos que • como.
confirrnatério da Relação de decisão interlocutória proferida em ta instância sucede com os tribunais - exercem poderei; de soberania (cfr. art" 113 n" I, 0
,
(art" 754°, nOs 2 e 3). CRP). É nesta perspectiva que se deve entender a garantia da publicidade das
audiências dos tribunais. que se encontra consagrada. no art° 209 CRP e no 0
No Acórdão/S'I'J 13/96, de 26/1 I, definiu-se que '''(1 tribunal não pode, nos termos d(1
artigo (,61°, n° I. 1 ... 1. quando condenar em dívida de valor, proceder oficiosamente à sua ti·)! Numa perspectiva crítica sobre a valia. do princípio da publicidade; cfr. Kõb], Die
actualização em montante superior ao valor do pedido do autor", Portuntu, nâu pode ser utilizada OfTcntlichk..,õt des Zivilprozcsscs. einc unzcitgumilíic Form. FS Ludwig Schnorr von Carolsfcld
uma acruulização li/Ira petitum para compensar o atraso no protcrimenro da decisão .Iinal. CKüln 1 Herl in I 13011111 Münchcn 1972).241 xs..
,!(J, Sobre a quantiticação desta desconfiança em Portugal. cfr. n. Sousa SaI/lO," / Maria M. LeiràtJ
Marque'.< / Iruin I'",,/'OS{} / P. /"y>e.< Ferreiru, Tribunais, 503 SS"
Para obter a indemnização dos prejuízos causados pelo atraso no profe-
rirnento da, decisão tem sido utilizada, com alguma frequência. a petição
Ptt'llâpios estruturantes 55
54 Princípios es/rLl/u/'_il_I1c-1..ce,_I· _
sibilidade da. .sUÜ transmissão por meios radiofónicos.ou televisivos, P91s que
tipificados (art" 209 CRP) e são repetidos no respectivo
0
preceito da lei aquela publicidade não tem de ser rnediática, e que na resolução do problema
ordinária (art" 6S6°, n" 1): são eles a salvaguarda da dignidade das pessoas e importa especialmente ponderar a conjugação dos direitos à imagem e à reserva
da moral pública ea garantia do normal funcionamento da audiência. Estes da vida privada dos intervenientes na audiência (art" 26°, n° I, CRP) com O
fundamentos, embora mais sintéticos, correspondem grossa modo àqueles que direito à informação de terceiros (art" 37°, n" I, CRP). Recorde-se também que
estão previstos no art" 14°, n" J, PIDCP e no art" 6", n" I, CEDH: as audições o art" 6°. n" I, CEDH permite que o acesso à sala de-audiências seja proibido
à porta fechada podemser determinadasseja no interesse dos bons costumes, à imprensa ou ao público, o que leva ti entender que, mesmo que Se mantenha
da ordem pública ou da segurança naciona] de Lima sociedade democrãtica, seja a publicidade da audiêncià, é admissívél excluir a presença da comurticaçãr;
quando a protecção da vida privada das partes o exija seja ainda quando o social QU - o que será certamente mais razoável, restringir a forma de divul-
tribunal o considerar absolutamente necessário para a boa administração da gação urilizadapor esta.
justiça. O direito português exige expressamente que a decisão de excluir li
publicidade da audiência seja devidamente fundamentada (art" 2Ü9° 'cRP;
an° 656°, nOI l, 3, Acesso aos autos
h. Pode p~rgllntar-se se a regra da publicidade das audiências vale A publicidade do processo implica o direito, reconhecido a qualquer
igualmente para a audiência prelinlinar (art" .)08°~A), A resposta deve ser pessoa capaz de ex(jt'c~r o mandato. judicial ou a quem nisso revele um ipteresse,
negativa. A audiência preliminar procura realizar váriasfinalidades primordiais: atendível. de exame e CCílis(Jltao()~ autos na secretaria do tribunal e de obtenção.
-obter a conciliação das partes (att" S08°-A, n° La!. aj); - preparar o conhe- de cópias ou certidões de tjuaisquer peças nele incorporadas pelas partes
cimento Imediato do mérito da causa (adO S08°-A, n° I ,aI. b»); - concentrare (art? 167°, n" 2), Este acesso aos autos é, porém, Iimitadonos casos em que a
ordenar a matéria de facto (art? 50go-A, nq I, ai"" c) c .e»); - promover várias divulgação do seu conteúdo possa causar dano à. dignidadedas pessoas, à
diligências instrutórias (ãtt 50S"-A, nó Z). Não se, nenhuma destas finalidades
Ó
intimidade da vida privada. ou familiar ouà moral pública ou pÔr emcausa a
exigeasüüpublioldade, tomo esta .. poderiaaté ser corrtraproducente para eficácia da decisão .a proferir (art9 1680, n° I). Corno exemplos das pri-
algumas delas; pensé"se, pOI'exémplo, na mainr dificuldadeem obter a conci- meiras situações podem referir-se 0S processos de anulação de casamento,
liação entre as partes perante um público a~sisten\e do que em resultado de uma divórcio, separaçã« de pessoase beus e
os respdtfl.ntes q.oestabelecimento ou
actividade de mediação desenvolvida pelo juiz da causa. jrnpugnação da paternidade (art? 168°, n° 2, al. (1)); osprcçedirnentos cautelares
em que () requerido. não deve ser ouvido antes do decretamento da providência
c, Há que reconhecer que, quanto à publicidade das audiências dos (cfr. art"!> 385°, n" I, 394° e 408'" n° L) constituem exemplo da hipótese em
tribunais, o problema não reside, hoje em dia, tanto no acesso do público a essas que a publicidade é susceptível de afectar a eficácia da decisão a proferir
audiências, como lia admíssibílídade do seu registo para transmissão, simultânea (art" 168°, n° 2, al. b)).
ou dl feri da, pelosrneíosradiofónicos ou televisi vos, É um problema que tem
a maior actualidade e quecoloca neeessariamente a questão, tão inquietante e
incómoda quanto irrespondível, de saber SeQ resultado de um julgarnenro que
teve lima publicidade rnediática Seria exactamente o mesmo seda não tivesse
existido.
Para esse problema espera-se ainda Uma necessária clarificação legal (21), cfr. também OS relatõrios nacionais sobre Justice and Mass Media da Confereuce oftlu: Cnie]
Certo é queda publicidade das audiências não decorre, sem mais, a adrnis- Jus/ices 01'Ilte S/lpri'tlle ('OU1'1.\'(//1(1 Attorney-Generals of lhe Countries o] the European Union
(Lisbon. l Sth to lhe 21sl May. 1994); DDC 5'!/6() (1994), 43 ss.: na área QÜ processo penal,
1211 Sobre a discussão do terna nu República Federal Alemã, cfr.W()lf~ Gerichtsbcrichterstuttung Rodrigues da CO,'(/(. Publicidade do julgumento penal e direito de comunicar. RMP ~7 (1994).
- küníiíg "live't im Fernschcn". ZRP 1994, 187 ss.: Kllo/hi! I W{/lId.eI, "Angeklagt vor laufeuder 53 SS..
Kamera, ZRP 1996, 106 xx.: Huf]. Justiz uncl OITenllichkeit (Beriin I New York 19li6), 26 SS.:
r
/
Princípios estruturantes 57
56 Principias estruturanies
I. Bases ideológicas
'""I SWfIIll'. L~ proces <lu procés. Studi in onore di Viuorio Denti I (Padova t994), 226 qualifica
o processo jurisdicional não é imune à ideologia política, antes é mesmo essa aceitação C0l110 um "acta anti-revolucionãric".
profundamente influenciado por ela. A circunstância de esse processo decorrer (2.'1Clr. a obra fundarncntal de Damasku, The Faces 01" Jusiice and State Authority (New
perante um tribunal e de, por isso, colocar as partes em contacto directo com H:LVCl) Il)H7). pussim: crr. também Cappetlcni, Processo e ideologie (Bologna 19(9),3 sx.,
um órgão de soberania (cfr. art° I 13°, n° I, CRP) determina que nele se
Principias estruturantes 61
60 Principios estruturantes
a. O processo é poder. Nas sociedades modernas, submetidas ao poder b. O Estado social de direito que se encontra plasmado no art" 2"CRP
político do Estado e organizadas em torno deste; Q poder jurisdicional dos juízes pressupõe uma democracia económica, social e cultural. O processo juris-
é expressão da posição que o sistema jurídico lhes concede para a. resolução dicional não pode deixar de reflectir essas preocupações sociais e de ser
dos confl iros de interesses públicos e privados (cfr. art° 205°, n" 2. CRP). Isto impregnado por lima concepção social: a solução dos conflitos não éuma
reconduz a análise para o problema da legitimação do processo jurisdicional .. matéria do mero interesse dos litigantes e estes não devem ser tratados como
ou seja, para a adequação da instituição processual para realizar os fins que o titulares abstractos da situação litigiosa, .masantes como indivíduos concretos
Estado e a sociedade lhe atribuem (261. COIÍl necessidades a que o direito e o processo devem dar resposta. Como referia
Os processos jurisdicionais de natureza declarati vu destinam-se a obter com notável visão Fran; Klein,àO sentimento popular é mais estranha a
Ó proferimento de uma decisão pelo tribunal. A correcção desta decisão indiferença do tribunal perante-a ameaça da ofensa ou a violaçãõ do direito de
depende da sua coerênciu com as premissas de facto e de direito que foram um indivíduo do que um maiorernpenharnento do tribunal na resol.U.çUüdo
adquiridas durante o processo e da própria não contradição entre essas litlgio (2~).· .
premissas, se essa decisão for correcta, será possível encontrar na sua Ó Estado social de direito representa um compromisso entre a esferu do
fundamentação aquelas premissas ou, pelo menos. reconstitui-Ias a partir dela. Estado e a d(1 sociedade, dos grupos e dos indivíduos. Também este com-
A esta coerência da decisãu com as suas premissas pode chamar-se lcgirimaçâo promisso se reflecte em vários aspectos dos modernos processos jurisdicionais.
interna. É ele que justifica o fim dornonopólio da justiça estadual, o pluralisrno de
Esta legitirnação assegura a coerência da decisão com as suas premissas, formas de resolução dos litígios e a. crescente importância da resolução
mas nada garante quanto à verdade ou accitabi lidade dessas premissas e.
portanto, daquela decisão: do facto de esta ser coerente com as suas premissas
1m Distinguindo entre a justificução interna e a externa das decisões jurídicas. ctr., por exemplo.
não se segue que ela corresponda à realidade das coisas, pois que, para tal, é Alexy. Díc logische Analyse juristischer Entscheidungen. in Alexy. Rccht, Vernunft. Dirkurs
necessário que estas premissas estejam, elas próprias. de acordo COm tal (Frankfurt arn Main 1')\15).,17 S.,
"XI Klrin. /'cil- unr! Geistesstrõmungen ';;11 Prozesse, in Klein. Reden, Vortrage / Aur~UI7.c. Bricfe
I (Wicn IlJ27), 129 (= Klein, Zeit- und Geistcsstrõmungen im Prozesse ? (Frankfurt am Mairi
IlJ.'iX). IX): sohrc o welfure Modet o] Procedure . cfr. Capnetteüi I Garth, lntroduction - Poli-
116.Sobre a lcgu imução, c tr., com muito interesse. Habernuis, Lcguimuuonsproblcme im cies. Trcnds and lutas in Civil Procedure. lnt. Enc. Cornp. Law XVl/l, 65 ss ..
modernen Sruat, in Habrrmas. Zur Rckonstruktion dcs Historischen Materiulismus (Frankfurt
11m Main 1976).271 ss ..
Princípios estruturantes 63
62 Princípios estruturantes
3. Posição do tribunal
b. O dever de cooperação das. partes estende-se igualmente à importante Existe um dever de cooperação das partes com O tribunal, mas também
área da prova. O art" 519°, n" I, estabelece, na sequência do direito do tribunal há um idêntico dever de colaboração deste órgão com aquelas, Este dever (tratá-
à coadjuvação de outras entidades (art" 209°, :{lo3; CRP), quetodas.as pessoas, -se, na realidade, de um poder-dever Ou dever funcional) desdobra-se, para esse
sejam ou não partes na causa, têm o dever de prestar a sua colaboraçãopara a órgão. em quatro deveres essenciais:' - um é o dever de esclarecimento, isto é,
descoberta da verdade, respondendo ao que lhes for perguntado, submetendo- o dever de o tribunal. se esclarecer junto das partes quanto às dúvidas que tenha
-seàs inspecções necessárias, facultando o que forrequisitado e praticando os sobre as suas alegações, pedidos ou posições em juizo (cfr. art" 266°,no 2), de
aCIOs que forem determinados. Este dever de colaboração é independente da molde a evitar que a sua decisão tenha por base a falta de informação e não a
repartição tio ónus da prova (cfr. artes 342 a :345° CC), isto é, vln'cula mesmo
0
verdade aputada;- um outro é o dever ele prevenção, ou seja. o dever de ,o
a parte que não está onerada COm a prová. tribunal prevenir lís partessobre eventuais deficiências ou insuficiências das
A recusa da colaboração devida pelá parte implica uma de duas con- suas alegações ou pedidos (cfr. art''s 508°,n° I; al. b), 508°~A; nO I, al. c), 690°,
sequências: - se a parte recusar a SUa própria colaboração, o tribunal aprecia na 4, e 70 I 0. n" I); - o tribunal tem também o dever de consultaras partes,
livremente, para efeitos probatórios, o valor desse comportamento (art" 5 I 9°, .sernpre que pretenda conhecer de matéria de. facto ou de direito sobre a qual
n° 2 1a parte); - se a violação do dever de colaboração resultar da circunstância aquelas não tenham tido a possibilidade de se pronunciarem (cfr. art" 3°, n° 3),
de a parte ter culposamente tornado impossível. a prova à contraparte onerada, porque, por exemplo, o tribunal enquadra juridicamente a situação de forma
O ónus da prova inverte-se, ou seja, é sobre essa parte que passa a recair o ónus e
diferente daquela que a perspectiva das partes ou porque esse; órgão pretende
da prova (art" 519°, n° 2 in fine; art" 344°, n° 2. CC). Como o dever de conhecer oficiosamente certo facto relevante para a decisão da causa; -
colaboração pode recair sobreapartc que nãoestá onerada com aprova do finalmente. li tribunal tem. o dever de auxiliaras partes na remoção das difi-
facto, esta inversão do ónus da prova pode implicar, com base na regra dp.11011 culdades ao exercício dos seus direitos ou faculdades ou no curnprirnento de
liquet (cfr: art° 516°;artO 346" CCJ. () proferimentode uma decísã« de mérito ónus ou deveresprocessuais (Cfr,art° 266°,.1:)° 4).
contra a parte à qual não cabia inicialmente a demonstração do factu,
3.2. Dever de esclarecimento
c. O dever de cooperação da parte tambémencontra expressão .na ;lCÇUO
executiva: se o .exequente tiver dificuldade em identificar ou !ocaliz,lr os bens O dever de esclarecimento implica um dever recíproco do tribunal perante
penhorãveisdo executado. o tribunal pode determinar que este preste todas as as partes e destas perante aquele órgão: o tribunal tem o dever de se esclarecer
Informações indispensáveis fi realização da, penhora. sob a comi nação de ser junto das partes e estas têm o dever de o esclarecer (cfr ..art" 266°"A). Encontra"
litigante de má fé (art 837°cA.
Ó
considerado n° 2). -se consagrado, quanto ao primeiro aspecto. no art" 266°, nQ 2:. ojuiz pode, em
qualquer altura do processo, ouvir qualquer das partes, seus representantes ou
d. Por ser contrário à efectivação e ao espírito dos princípio da coope-
mandatários, judiciais, convidando-os a fornecer os esclarecimentossobre a
ração, bem corno ao princfpie da correcção recíproca previsto no art" 266°-8.
matéria de facto Ou de direito que se afigurem pertinentes e dando-se
deve considerar-se tacitamente revogado o Decreto-Lei na 330/91, de 5/9,
conhecimento â outra parte dos resultados da diligência. O segundo do .s
quanto à dispensa de justificação di! falta de advogado a um neto judicial. Um
referidos aspectos (dever de esclarecimento do tribunal pelas partes) está.
tal diploma de cariz manifestamente corporativo é inconciliável com a vigência
previsto no art" 266°, na 3.: as pessoas às quais o juiz solicita o esclarecimento
dos referidos princípios. Aliás" oart" 1.55°, nOs 2 e 5, impõe que, quando a
são obrigadas a comparecer e aprestar os esclarecimentos que lhes forem
marcação da diligência não tenha resultado de prévio acordo entre o juiz e os
pedidos, salvo sé tiverem uma causa legítima para recusar a colaboração
mandatários das partes. QS mandatários impedidos em consequência de outro
serviço judicial já marcado devem comunicar o facto ao tribunal.
Princípios estrutúrantes 67
~----~--~~~~~----~~------------
66 Principios .estruturantes
I . I )
r r- I - c c \ '
r ç r
Princípios estruturantes 69
68 Principios estruturantes
grave, uma das situações que a lei tipitica COmOm::í.fê processual (art" 456",
Princípios estrulurantes 71
70 Principios estruturantes
( .
r
Principios estruturaiues 73
72 Principias estruturuntes
deduz, com base nessas regras, () Jacto presumido. Podem ser qualificados como
O~ factos essenciais são necessários à identificação da situação jurídica factos instrumentais aqueles que constituem a base das presunções judiciais,
invocada pela parte e, por isso. relevam, desde logo, nu viabilidnde da acção ou seja, aqueles que permitem inferir, através de regras de experiência, o facto
ou da excepção: se os factos alegados pela parte não forem suficientes para se principalconstante da base instrutória (cfr. ârtOs 508°-A, n" I, aI. e), e 508"-8,
perceber qual a situação que ela faz valer em juízo (qual O crédito Ou qual a n" 2). Por exemplo: o autor invocou, numa acção de indemnização por acidente
propriedade, por exemplo), existe um vício que afecla a viabilidade da acção de viação" o excesso de velocidade do automóvel conduzido pelo réu; qualquer
ou da excepção. Os factos complementares não são necessários à identificação facto através do qual se possa deduzir esse excesso - COmo os danos causados
da situação jurídica alegada pela parte, mas são indispensáveis à procedência no muro em que o automóvelembateu ou o rasto deixado pelo veículo durante
da acção ou. excepção. É por isso que, quando respeitante ao autor. a falta de a tentativa de evitar o acidente - constitui um facto instrumental daquele facto
alegação dos factos essenciais se traduz na ineptidão da petição inicial por principal.
inex istência de causa de. pedir (art" 193", n° 2, aI. a» eque a ausência de Um Bastante mais difícil é determinar se os factos que integram a base das
facrocomptementar não implica qualquer inviabilidade ou ineptidão, más presunções legais também podem ser qualificados como instrumentais. Deve
importa a improcedência da acção. evitar-se uma resposta axiornãtica a esta questão, 11l<t'S existe, pelo menos, uma
hipótese -ernque os factos que constituem a base de Uma presunção legal nunca
podem ser qualificados como instrumentais: aquela em que esses factos se
2.3. Factos instrurnentais
referem à própria causa de pedir. Assim, por exemplo, não é possível qualificar
a. Os factos instrumentais são utilizados para realizar a prova indiciária corno facto instrumental a posse da qual se 'presume a tirularidade do COrres-
dos factos principais, isto é, esses factos são aqueles de cuja prova se pode pondente direito (cfr. art" 1268°, n° 1, CC) ou a comunhão duradoura de vida.
inferir a demonstração dos correspondentes factos principais. Portanto, o âmbito em condições aruilogas às dos cônjuges durante. o período legal de concepção
de aplicação dos factos instrumentais coincide com o da prova indiciária, pelo da qual se presume li, paternidade (cfr. art° 1871°, n" I, ·al. c), CC). Em concreto:
que esses factos não possuem qualquer relevância na prova histórica ou ainda que se entenda que nau se verifica qualquer alteração na causa de pedir,
representativa. Assim, por exemplo, o autor que quer provar o excesso de o autor não pode passar a invocar, em vez da presunção baseada tia posse
velocidade do veículo que causou o acidente pode utilizar uma prova repre- (cfr, art" 1268°, n° I. CC), a presunção decorrente, do registo (cfr, art" 7° CRegP)
sentativa ou uma prova indiciária: se requerer o depoimento de uma testemunha e não pode substituir o concubinato duradouro entre a mãe e o pretenso
sobre a velocidade a que o automóvel circulava, não se socorre de qualquer pai (01'1'. art" 1871°, n" 1,. al, c), CC) pela. existência de um escrito do pai
facto instrumental, pois que ela é chamada a depor sobre o próprio facto que (cfr. art" 1871 D, n° I, al. i», CC).
constitui o objecto da prova; se, pelo contrário. o autor requerera prova pericial
para determinar, em função do estado em que ficou o veículo, a velocidade
a que ele circulava no momento do acidente, aquela parte utiliza um facto
instrumental (que é o estado do automóvel depois do acidente) para demonstrar
3. Disponibilidade e oficiosidade
o objecto da prova (que é o referido excesso de velocidade).
Quanto aos factos instrumentais, há que reconhecer que não é totalmente 3.3. Poderesinstrutórios
claro o âmbito dos poderes que são. concedidos ao tribunal pelo an° 264°,
n" 4. É certo que este. preceito e$tiplIla que o. tribunal pode considerar oficio" A reforma não introduziu qualquer alteração significativa quanto ao âmbito
samente os factos instrumentais; mas isto tanto pode significar que, se os factos dospoderes instrulôrios do tribunal. O urt" 265°, n"3 {que equivale substan-
surgirem na instrução e discussão da causa, o tribunal pode considerá-los na ciulmentc ao art" 264°, n° 3, CPC/61 ) dispõe que incumbe ao juiz realizar ou
sua decisão ainda que nenhuma das partes. o requeira, corno querer dizer ordenar, mesmo oflciosamente, todas asdiligências necessárias ao. apuramento
que o tribunal pode promover, por iniciativa própria, a investigação desse!', da verdade c àjusta composição do. litígio, quanto aos factos de que lhe. é lícito
factos durante ainstrução e discussão da causa. Embora a redacção do preceito conhecer. Os tactos sobre os quais o. tribunal possui poderes instrutórios
suscite dúvidas, pareceser esta última a solução preferível, pelo que h:á que' são não sóos factos instrurrtentais alegados pelas partes ou Investigados pelo
entender que o tribunal possui poderes inqlliSltÔrios sobre 0$ f;)e1os instru- tribunal. como os factos prindpai~ alegadq~ pelas partes ..
mentais.
Nestes pdJdcsinstru!õrills dotribunal cabe, por exemplo, o de utilizardados confidenciais
N~ redacção fomecidu pelo ar 10 10 DI.-e 329-A(95, de 12112; o sentido do art" 264°; n~'2.
(art" 519°~A. n" 1). de rcquisitnr documentos (J\tt·535~, '0° IJ" de realizar a inspecção judicial
(art" 612°, n° I). de inquirir testemunhas no local da questão (a 11° 6220). de ordenar ti. notificação
era inequívoco: estabelecia-sé nela expressamente 'um poder inquisitório uií tribunal sobre OS
de pessoaque .não foi oferecida COIIlO testemunha (mIO 645°, n'' I) e de ouvir as 'pessoas que
fuctos instrumentais;
entender-e ordenar as diligências' para o seu esclarecimento [art" 6530, 110 1).
Por isso mesmo, a previsão do art" 264°, n" 3, só muito raramente será
tribunal, na fase da condensação, convide qualquer das partes a suprir as preenchida. A faltá de invncaçâo de qualquer facto principal nos articulados
insuficiências na exposição da matéria de facto verificadas nos seus-articulados. justifica que o juiz convide a partea Suprir essa insuficiência 01.1 imprecisão
na exposição da matéria de facto no despacho pré-saneador (art''s 508°, rrs L
(art''s 508", nOs I, al. b), e. 3, 508°-A, n° I, al. c), e 787°). pelo que, se a falta
aI. h). e 3, e 787°) e, guando esse convite não tenha sido realizado, aquela
de alegação do facto essencial não Implicar uma rotalininteligibijidade da causa
omissão ainda pode ser suprida durante a Tealização da audiência preliminar
de pedir ou do fundamento da excepção, essa omissão ainda pode ser sanada
(anOs 508°-A, .n° I. al, c), e. 787°). Portanto, para além da situação em que se
nesse momento,
verifique uma mudança no enquadramento jurídico da acção depois da fase da
Apenas no regime .da alteração da causa de pedir se encontra alguma. abertura à condensação, serão taras as hipóteses em. que apenas na .instrução ou discussão
possihilidade de aparte alegar certosfucios em consequência da posição assumida pela da causa sedetecta a falta de um facto indispensável à procedência da acção
·contraparte. pois que essa :alteração é admissrvel na réplica. isto ·é. em resposta à contestação
(lu da excepção,
do réu, e na sequência de confissão leita pelo demandado c aceita pelo autor (urt" 273", n" I I.
Para além destas situações, não é possível alegar novas ca~IM1Sde pedir, Assim. porexemplo, n Note-sealrrda que a parté que pretender] reservar, por dolo ()U negligência
autor pode fundamentar a reivindicação na sua qualidade de herdeiro do anteriorpropricuiriô c' grave" a alegação de certo facto complementar para ainstrtrção ou discussão
na aquisição da propriedade por 'uxucupião. mas, se invocar apenas ..üquelllp(i,i~ãlJ sucessúriu. da causa não só deve ser condenada como litigante de má fé (art" 456°, n? 2,
hão pode, Perante Uma contestação do réu que não admite réplica (ctr, urt" 50;;!".n" 1), rlIS$<1(<l
al. b», como não se. pode sequer aproveitar desse facto. Valem aqui as razões
alegar aquela usucapião,
acima apontadas para a preclusão dos factos essenciais decorrente da má fé da
Mais discutível ésabersea alegação de um facto essencial depois dos parte.
articulados é possível mesmo que a parte tenha agido de má fé, ou seja, ainda
d. Relativamenteaos tactos instrumentais, o problema da preclusão equa-
que a omissão da invocação desse facto tenha resultado de negligência grave
ciona-se de modo diverso. estes factos não são nem constitutivos da sltuação
ou dolo da parte {cfr. artO 456°, n° 2, al. bj). Parece impor-se uma resposta
jurídica alegada pela parte, nem indispensáveis à procedência da acção OÚ da
negativa a esta questão, dado o disposto no. lugar paralelo da alegação dos
excepção. A sua função é apenas a de servir de prova indiciária dos factos
factos supervenicntes. Com .efeito, se estes factos só podem ser considerados
principais. pelo que o momento da sua relevância processual não é o da
se a sua alegação nãoatempada não for culposa (cfr; art" 50(;", n" 4), isto é,
alegação da matéria de facto, mas o da apresentação ou requerimento dos meios
se.iquãnto esses factos, s6 se admite uma invócaçãüextemporâneadeBdeque
à
ela não sejá eulposa, o O\e!itM há que concluir, por trí;iiQria de razão, quanto
de prova: e neste momento que devem ser invocados os factos instrumentais
que se pretende demonstrar com esses meios de prova (cfr, art"s 552°, n" 2,
aos factos essenciais, Assim, il alegação destes factos fora dos articuladossó
577°, n" I. 61:29.633° e 789"). Portanto, a precJu~ão da sua. alegação só ocorre
deve ser aceite quando a parte não tenha agido com negligência grave ou dolo.
quando não fpr possível indicar ou requerer os meios de prova (cfr., quanto
Portanto, a má fé da parte na omissão do facto essencial nos seus
ao processo ordinário e. su:mátto,<\ttO~ .508°-A, 11° 2; aí, a), 512°; n" J; e 787°)
articulados tem como consequência.alérn da sua condenação no pagamento de
Ou alterar os que anteriormente foram apresentados. 0\1 requeridos (cfr., quanto
uma multa e de urna indemnização à contraparte (art" 456°, nOI l, à inadrnis-
aos mesmos processos. artOs 512°-A, n" I,e 787°).
sibilidade da alegação posterior do facto, Neste caso, verifica-se uma.preclusão
decorrente da má féprocessual.
5.SeJecçao da.rnatéria ele facto
c.part° 264°, n° 3, demonstra que os factos complementares podem ser
adquiridos durante a ínstrução e discussão da causa, pelo que a omissão da
alegação.desses fados nos articulados não implica qualquer preclusão. Importa ), I, Âmbito da. selecção
acentuar, no entanto, que o art" 264", n° 3. não concede qualquer opção quanto
a. Uma outra consequêucia do, âmbito do ónus de alegação e de con-
ao momento da alegação desses factos, mas apenas a oportunidade de sanar
urnainsuficiência na alegação damatéria de facto que só foi detectada na testação definido na nova versão do Código de, Processo Civil respeita à
instrução e discussão dacausa.
r I~ r r c f
Princípios estruturantes 81
510
fundarrrernalentre aespecificação e.o questionário da antiga versão do.Código requeridos. os. meios de prova (art9s S08°-A, n" 2, aI. a), e 787"), mas, se essa
deProcesse Civil (cfrvart" 511°, n° I, CPC/6.1)e o novo regime de selecçãO audiência nãO se efectuar, E!.S$.es meios devem ser apresentados ou requeridos
dos factos assentes e controvertidos (artOsS08e-A, na J, aI. e), E!50go-B, n° 2): nos 15 dias $U bsequentesi1 notificação do despa<:lto.$ané().dQf(attOs S12'\ n" I,
enquanto para a especificaçãoe O questíonârio deviam ser s(1leç0Íonadostodos e 78TJ,
os factos (fossem eles principais ou instrumentais), ó .11~NO regime dE!SelE!CçãO Importa considerar, 110 entanto, que o\iir~it() positivo exige, quanto a todas
aplica-se somente aos factos ql1eas partes têm o ónUS de alegar nos seus as provasoonstituendasque podem ser indicadas ou requeridas depois da
articulados, isto é, em regra, ..3.08 (actos princiP4ls.Portanto, os factos ins- selecção da base instrutória, a explicitação dos factos que a parte pretende
trumentais,ainda que eventualmente a,Jegados nos articulados, não devem ser demonstrar com os respectivos meios de prova: é. assim no depoimento de
ÍIÍcl.uídos na base instrutótia,excepto quando tenham sido invocados conjun- parte (art" 552°,n° 2), na prova pericial (art" 5770, n'' 1), na inspecção judicial
tamente cem uma prova que deva ser oferecida nos articulados. (art"6 J 2") enaprova testemunhal (attOs304°, 11." I, .633°e 789°). Por exemplo:
dadaé limitação d;;JstestemLJnhasque podem ser utilizadas para a prova de cada
b. Os factosprincipais podem apresentar diferentes graus deabstracçâo, facto (<:k anos 304°, n" 1, 633° ~ 789°), a,parte tem o ói1u.sde in.9icar OS fac~Os
ou seja, podem ser mais ou menos abstracroseonscants os conceitos jurídicos que ptetenôE! ptovar COn1 dE!terminada testem\lnltil,
a que se referem. Por exemplo: a celebração de Um contrat« qualificável Coma ReJativamente aE!$te!>fados, existe urna importante opção da parte: esta
compra e venda ê um facto mais abstractp do que a el)Í.regá ge uma quantia pode limitar-se a designar o facto principal seleccionado na baseinstrutõria
monetária para eventual pagamento de .lJl11acol$aadquirida. Em regra, devem como aquele que pretende demonstrar pelo meio de prova. apresentado ou
ser selecciõrrados como factos principais 0$ factos correspondentes a cada Um requerido, mas também pode indicar factosinstrnmentals como objecto desse
dQ$ elementos de urna previsão legal e não os factos respeitanteauumu meto de prova. Isto .15, .aparte pode optar entre umaprova histórica (ou
qualificação jurídica. Assim, por exemplo, não deve ser quesitada a respon- tepresentativa)ol.I Uma prova indiçii1ria do objecto da prova: 110 primeiro caso,
deve provar o próprio facto principal: no segundo, socorre-se da provaIndiciãría
(42) .ldenticamente. Lebre de Freitas, Introdução, 136.
Princípios estruturantes 83
82 Principies estruturantes
Pril1cípio,~r:struturantes 85
84 Princípios estruturantes
deve valer para qualquer excepção dilatória: não é pelo facto de aexcep-
A situação é diferente quando o tribunal, no próprio momento em que se ção não ser sanável que, quando se verificarem as condições nele definidas,
certifica da falta de umpressuposto processual, verifica que os elementos do se deve obstar ao conhecimento do mérito da causa; além disso, mesmo que a
processo já são suficientes para conhecer do mérito da causa. Admita-se, por excepção seja sanável, não importa procurara sua sanação antes do pro-
ferirnento dá decisão de mérito, se a parte beneficiada com essa SMaÇaO for
exemplo, que o tribunal reconhece simultaneamente a falta de capacidade
judiciária do réu e a improcedência da acção; segundo o dogma da prioridade, a mesma que pode obter urna decisão de mérito favorável. Portanto; segundo
o tribunal deveria conhecer daquela incapacidade judiciária e abster-se de o disposto no art° 288°, n° 3, o tribunal pode pronunciar-se sobre o mérito
proferir uma decisão de mérito. É a razoabilidade desta solução, e, em geral, da Causa, ainda que se verifique uma excepção dilatória sanável Ou não
sanável.
a impossibilidade de uma pronúncia sobre o mérito sempre que falte um
pressuposto processual, que. há que questionar (44). c, A aplicação do art" 2880, .n" 3 2" parte, pressupõe uma distinção
entre :pressupostosprocessuals dispensáveis e não dispensáveis. Suponha-se
b, Recorde-sé a situação em análise: no momento em que o tribunal que falta a competência. absoluta (cfr: art" 101°): neste caso, o tribunal
conclui que falta. um. pressuposto processual é possrvel o conhecimento do nunca pode conhecer do mérito da causa, pois que importa respeitar a
mérito da acção. O que interessa discutir é se, neste caso, é admissivel que O especialização dos tribunais e a existência-de factotes de conexão Com a ordem
tribunal conheça do mérito apesar da falta do pressuposto, jurídica portuguesa. Por exemplo: ainda que o tribunal comum tenha acon-
A resposta a esta questão depende da função do pressuposto que não está vicçã,o de que o acto administrativo alegado pelo autor é. ilegal.iesse tribunal,
preenchido. Em gera], os pressupostos processuais podem realizar uma de duas que não é competente para apreciar essaifegalidade, não se. pode pronunciar
funções: esses pressupostos podem destinar-se quer a assegurar o interesse sobre ela. O mesmo pode ser dito se proceder a excepção dilatória de caso
pilblico.na boaadministração da justiça, quer a garantir o interesse das partes julgado: se o tribunal considerar que se verifica essa excepção (cfr, artÓs 497°,
na obtenção de uma tL!tela a!.iequada e útil. Assim, por exemplo, a competência 498 e 494'\ al. i», é claro que não pode voltar a pronunciar-se sobre o mérito
0
86 Princípios estruturant es
§ 4°.
poderia obter Uma tutela mais favorável; ainda que falte o interesse processual
e ainda que, portanto, a acção seja inútil, o tribunal pode proferir uma decisão Regresso ao iudicium
de improcedência, porque essa decisão sobre o: mérito é a que melhor protege
os interesses do réu demandado.
O mesmo pode ser dito quando se verifica um pressuposto processual L Antecedentes
negativo. Suponha-se, por exemplo, que, no momento em que detecta a
excepção de litispendência (cfr: art''s 497°, 498 e 494°, al. i)), O tribunal está
0
A acentuaçãoda participação oral das partes e da cooperação entre os
em condições de proferir uma decisão de improcedência; nesse caso, não faz sujeitos processuais aumenta a dimensão retórica e dialéctica do processo.
sentido absolver o réu da instância (cfr. art'ts 493°, n" 2, e 494°, al. ij), É curioso verificar que esta situação não constitui uma novidade na história
justificando-se antes que, de acordo com o estipulado no art" 2R8°,. n° 3 2' parte, dos processos judiciais, mas antes um retorno a uma velha tradição,
O tribunal absolva o réu do pedido. Até ao século XVII, utilizava-se a expressão iudicium (ou OI'dQ iudi-
A situação é, no entanto, diferente quando falta Um dos pressupostos ciariusi para designar o que hoje se chama processo. A lógica subjacente ao
destinados a acautelar OS interesses da parte eo tribunal não pode proferir uma iudicium era a retórica aristotélica ~ a acri vidade do tribunal e das partes
decisão favorável a essa mesma pune. Neste caso, de acordo corri o critério orientava-se por uma merodologia tópica, isto é, colocava o.problema no centro
fornecido 'Pelo art" 288°, n" 3 2" parte, ainda que o tribunal tenha elementos da discussão {451. O iadidunlseguia a lógica. do diálogo e.. por isso, fundava-
pata conhecer do mérito, não o deve fazer, porque essa decisão prejudicaria a -se numa "ordem isonómica'', ou seja, num princípio de igualdade entre todos
parte que seria beneficiada com o preenchimento do pressuposto em faltá. os sujeitos processuais, porque só entre 'iguais é possível o diálogo. Como
Admita-se, por exemplo, que o tribunal verifica queo réu é incapaz e que os consequênciu do diálogo e da lógica da argumentação a ele subjacenre, o juiz
elementos do processo permitem proferir uma. decisão de procedência favorável julgava secunduni conscientium:
ao autor; nesta situação, O tribunal não deve julgar a acção procedente, porque Depois do século XVII, por influência das novas orientações lógicas
não se encontra preenchido umpressuposto cuja finalidade específica é a . especialmente, a lógicaanti-aristotéfica e, axiornãtica construldapor Petrus
protecção dos interesses daquele réu eoujo preenchimento poderia conduzir a Ra!IJIIS (QU Pierrc de /0 Ramée (4(]) " do cattesianismoe, mais tarde, do
uma OUtra decisão sobre o mérito. jusnaturaltsrno e do iluminismo, perdeu-se essa dimensão retórica do processo.
Este passa a assentar numa distinção rigorosa entre a questão de facto e de
d, OattÔ 288Q" nÓ 3, refere-se aos pressupostos processuais eàs excepções direito, cuja conjugação se verifica apenas nas premissas do silogisrno judi-.
dilatórias, pelo que se pode perguntar se um idêntico regime deve valer quanto ciário. Nos parâmetros da decisão do juiz, a subsunçãoprevalece sobre a
aOS pressupostos de actos processuais. A resposta deve ser negativa, porque a ponderação. ou seja, a racionalidade suplanta a razoabilidade,
consequência da falta dopressuposto do acto processual é a ineficácia do acta Sintomaticamente. em vez da expressão iudiciuni, utiliza-se preferen-:
e o tribunal nunca pode decidir como se o acto não fosse ineficaz, Suponha- cialmente, daí em diante, o vocãbulo processus. COlUO reflexo do abandono da
-se, por exemplo, que o tribunal verifica que falta O patrocínio judiciário
obrigatório do réu na contestação (cfr. art° 32°, n° I); a consequência dessa falta (45) Sohre este aspecto c o que se segue. cfr. Plrardi, Processo civile l c) Diriuo moderno.
de patrocínio é a ineficácia dessa defesa (art" 33°), pelo que o tribunal não Pode EncD :l/i (191;7). 101 ss.: Giuliani. L "ordo judiciurius mcdiovale (Riftessioni -su un modello puro
decidir como se a contestação fosse eficaz e como se não verificasse a revelia di ordine isonornico). ROP 43 (198K), 59& SS.: Giuliani, La logique de la controverse dans ia
do réu. Portanto, a decisão de mérito nunca pode ignorar a ineficácia do acto. proeédure judiciairc. in. r 'Gil (Org.), Controvérsias científicas e filosóficas (Lisboa 1990),
31 '>I.: Giuliani, Lc rôlc du "fait» duns la controversc (à propos du binôrne «rhéiorique "
nem superar às suas conseqüências.
procédurc judiciaire» l, APh,tDr 39 (19'15), 229 SS •.
I~') Sobre a obra de Prtrus Rumus, cfr. W. Kneale / M. Kneale, O desenvolvimento da lógica
(Lisboa 1972). :l()!>ss ..
r
Princípios estruturantes 89
88 Princípios estruturantes
Sobre 1.1 USQ pela lei da, expressão "questão" ou "questões", cfr, também lutOs 3", n" 3
('qüés15es de direito ou de facto"), 3,2", nOs 2 e 3, 646". n° 4; e 725°. n" I C'queslÕ\!s de direito"),
511", h".l ("ques.tãô de direito:"), 646°, \1" 3 ("questaQ de facto"). 96° ("questões incidcntais"),
97° ("questões prejudiciais"); 98,' ("questões reçonvenciQnais") e 751" ("questões prévias").
(4'1) ror razões algo aproximadas, também Carne/til/i. Torniarno ai «giudizio», ROr 4/1 (1,949),
165 ss. propunha um idêntico regresso.
Competência internacional legal. 91
ru,
O NOVOREGIMEPO PIRElJ:OPORTUGUÊS
SOBRE A COMPETÊNCIA INTERNACIO~AL LEGAL
§ 1°.
Observações preliminares
1. Finalidade do estudo
U. Âmbitn doregírne
!
.: f r
I r r r:
92 Competênciainternacional legal
§ 2''.
2. Normas de recepção
Competência internacional
As regras sobre a competência internacional não são, consideradas em si
mesmas, normas de competência, porque não se destinam a aferir qual o
I. Função tribunal concretamente competente para ,apreciar o litígio, mas apenas a definir
a jurisdição na qual se determinará, então com o recurso a verdadeiras regras
I. Normas de conflitos de competência, qual o tribunal competente para essa apreciação. Dada esta
§ 3°.
função, as normas de 'competênciainternacion;rlpodem ser designadas por
normas de recepção, pois que vlsamsomeute facultar o julgamento de um certo
Regimes instituídosr
observações gerais
litígio plurilocalizado pelos tribunais de uma jurisdição nacional (3). É esta a
estrutura da generalidade dos critérios que constam do art" 65°, n" I, e, de muitas
das regras contidas nos ates Zo a 24° CBrux. / Cl.ug.
I. Convenção de Bruxelase de Lugano
I. Principlosgeruis
11. Limites
Importa começar por delimitar O campo de aplicação material da Con-
Para orientar a escolha .da jurisdição competente para resolver o conflito venção de Bruxelas e de Lugano. Estas convenções só se aplicam em matéria
plurilocalizado não existem na comunidade Internacional regras fixas e. menos *
civi I e comercial (art" 1°; I° I a parte Clsrux / Cl.ug), ainda assim com excep-
ainda, uniformes. Apenas se pode esperar que - parafraseando o imperativo ção das questões relativas ao, estado e. à capacidade das pessoas singulares, aos
categórico kantianó- cada Estado actue de tal forma que os critérios definidores regimes rnutrimoniuis (ou seja, aos regimes de bens resultantes do casamento),
da Sua competência Internacional possam valer simultaneamente como prin- aos testamentos e sucessões.às falências. concordatas e a outros processos
cípios de uma legislação universal. Quer isto dizer que cada Estado pode análogos, à segurança social e,finalmente. à. arbitragem (art? í a, § 2°, CBrux./
determinar quais os elementos de conexão que considera relevantes pará rCLug). Além disso, estãoexptessamente excluídas do âmbito dessas
abrir a sua Jurisdição ao julgamento' de litígios plurilocalizados. Esses ele- convenções as rnutéria» fiscais, aduaneiras e administrativas (art" 1°. § .1 °
mentos podem ser escolhidos pela lei do Estado, mas também é frequente z- parte; CBrux. / CLug) (5),
que Se reconheça relevância à vontade das partes nesta matéria: é esse o caso Quanto ao âmbito subjectivo dessas convenções em matéria de tom-
da competência internacional convencional (çt'r. art" 99°; art" 11" CBrux / petência directa, importa ter presente que elas se aplicam sempre que o
/ CLog), demandado tenha. domlcílin ou sede num dos Estados-membros. Com efeito,
Da inexjstêI)Qja, de regtu'i ~I)ifotmes sobren repartição da competência .são três os princípios fundamentais que órientam jaestabeleclmento da.
internaclonalnâo.sesegue que todaa ç()nexãQ seja aceitável (4). Proscritas $~Q compétêncin dlrecta uessas cOTlvenções: " se e réu tiver doruleílleóu sede num
as chamadas competênclus exorbitante», i~t9 é, i1quela.~ que utilizam um Estado~lnelllbrlJ,é1eve( em regra, ser
demandado nos tribunais desse Estado
elemento de conexão com ajurisdição nacional que, por não estabelecer 01114 (arr" 2 Cflrux' I .cLug); , se urna pessoa esti'ver domiciltada
0
num Estado-
relação suficientemente forte com aquela ou mesmo por assentar num critério -membro.upenas pode ser demandada nos tribunais de um outro Estado quando
arhltrádo, não deve justificar a atribuição de competênciainlernacional. Muito os tribunais deste último forenrcornpetentes por força de algum cios critérios
conhecida como exemplo de competência exorbiranre é a regra estabelecida no -especiais enunciados nas convenções (art° 3°, § 1°, CBrux I CLug), o que
art" J4Cc: um Cidadão estrangeiro, ainda. que não residente em França, pode significa que o réu pode. sempre ser demandado no Estado do seu domicílio,
ser demandado nos tribunais franceses, para cumprimento das obrigações por mas, se relevar urna das competências especiais. o autorpode optar por utilizar
ele assumidas em França ou no estrangeiro CQm um francês. urna destas competências; - finalmente, se o réu não tiver domicílio num
Estado-membro. a competência é regulada pela lei do Estado do foro, isto é,
pelo seu direito interno, ressalvando-se' â observância da competência exclusiva
(}1 Cfr. M. Teixeira de. Sousa. A competência declarativa dos tribunais comuns (Lisboa Í994). (') Cfr •.M. Teisrira de SOI/.\"(! / D. !l4Qurll Yicente, Cornenufrio ãConvençãode Bruxelas (Lisboa
41 55 .• 19(4); 2:? SS. c M ss..
(4) ce. F. A. Man», The Docuine of Jurisdiction ln International Law,Rcc. cours III
( 1964-1), 46 s..
I ' r ( ( r.
r r
Competência internacional legal 97
m Cfr. Ferra OIlTÚll / Ferreiro Pinto, Breve apreciação das disposições do anteprojecto de
.código de processo civil. que regulam a. competência internacional dos tribunais portuguesese
() reconhecimento de sentenças estrangeiras, RDE 13 (1987), 34 s..
(6) Cfr. M. Teixeira de Sousa / D. Motim vicente, Comentário, ~6 SSo, 102 e I 10.
Competência internacional legal 99
98 Competência internacional legal
19~()). I <)H:AllIllIU's Varcl« / J. Mig/lel Bezerra. iSa.mpa;o e N')r(1, Manual de Processo Civil 2
O critério que agora seencorura previsto noart? 6$°, n° I., aI. b), é (CüitlllWH 19H5). 200: Cas/r(i Mendes .. Direito Processual Civii r (Lisboa 1.986), 351 s.;
habitüalrneüte designado por crítédü da cõincidênciac definido cornoaquele M. Teixeiradr SIH/Sil. Competência. 48,
IIO! crr. M. Teixeira de Sousa, Competêucia, 46,
(
(
I I I~ r r I I
r
Conipetência internacional lega! ]0]
\ I
I ,
f I' f r- f r ( r r
Competência internucional legal 105
QlJ,1hIO às demais pessoas colectivas; rege 9 disposto no art" 33°, n" L, CC: essas
IV.
pessoas consideram-se sediadas no Estado onde se encontre a sua sede principal
e efectiva.
APONT AMENTOS
SOBRE A COMPETÊNCIA E AS PARTES
1..Direito interno. português PA ACÇÃO DECLARATIVA
a.üCçã()~Õ pode ser propost» nó Estadô dá sede da sucursal quando ela respeitar a. As normas de competência internacionalservem-se de alguns elelhenl<)~
a um litígio relativo ü e.xpltJraçQudessa sucursal (art" 5°, n" 5, CBrux I CLug).. de conexão <;0111 aerdem jurídlca naátMal paraatríbuir competência (\0$
Esta exigênçia de quep. litígio respeite à exploração da sucursal mantém-se tribunaisd« foro para ocenhecimenro de urna cena questão, As normas de
mesmo nas acções relativas à matéria de seguros e de contratos celebrados pelos c()!lt1irosque defiMm as condiçõesemque os tribunais do fMO SUíJ competentes
consumidores, hipóteses em que. o benefício atribuído ao segurado, aotornador paran apreciaçãO dI':um obJecroque apresenta uma conexão com várias ordens
de seguro ou ao consumidor consiste em se considerar sediada num EstadQ- Jurídicas podem designar-se por normas de recepção. É essa a função dos vários
-memhro uma sucursal de uma sociedade que não tem sede ern nenhum, desses critérios enunciados no art" 65°, nOI.
Estados (artOs 8ó, § 2'" e 130, .~ 2°, CBt.ux I CLug). Estas normas de recepção definem a competência internacional dos
tribunais de uma certa ordem jurídica, Elas decol'refJi tanto da re.gra segundo
a qual, quando (J caso .etu apredu<,)iüiapreãentâ uma conexão re1t;vante corn Ull1l(
ordem jurídica, ()S seus tribunais devem ser competentes para a acção. como
f f
2. Função
do princípio de que, perante a existência de urna tal conexão, os tribunais As normas de recepçãQ..só determinam, através ela referida conexão, que,
daquela ordem não devem recusar à competência internacional, pois que isso os triburÍal7:de uma jurisdição nacional são competentes para apreciar uma.
pode equivaler a uma denegaçãode justiça, Note-se que a conexão com urna relação jurídica plurilocalizada ..Essas normas não são normas de competência,
certa ordem jurídica pode ser mais fraca do que aquela que determina a porque 'não a atribuem a um tribunal, antes se limitam a determinar as condições
aplicação do direito nacional ao caso sub iudice, porque não há qualquer em que unia jurisdição nacional faculta os seus tribunais para a resolução de
paralelismo necessário entre a atribuição da competência internacional e a um certo IitlgiQ com elementos internacionais, As normas de recepção preen-
aplicação da lei material do foro. chern, no âmbito processual, uma função paralela àquela que as. normas de
conflitos realizam no âmbito s.ubstaJ)tivo; estas determinam qual a lei aplicável
Isto não significa que esse paralelismo não possa existir ou não ~t.i'taté dcscjrivc! num
à. uma relação jurídica plurilocalizada (se a lei do foro eu urna lei estrangeira);
plano de iur« constiiuendo, Urna coincidência entrea competência internacional dos tribunais
portuguese; e a aplicação-por estes dá lei nacional ao julgamentoda -acção veriticu-sc, por aquelas. aferem se essa mesma 'relação pode ser apreciada pelos tribunais de
CXCl11pl<), naxacções relativas adireitos reais sobre imóveis sjros em território português uma certa ordem jurídica.
(cfr. art" 65"-A, al. a), em conjugação com o art" 46", n° J. CCi. bem corno sempre que, numa Por isso, depois de' a relação plurilocalízada ser recebida por uma
acção instaurada num tribunal português, seja irnposs ível determinar o conteúdo do direito
jurisdição nacional, tudo Q mais se passa nointerior dessa jurisdição e, portanto,
estrangeiro aplicável; pois qUI!, nesse C;IS\), U tribunal recorrerá :às regras do direito comum
português (art" 348", n° 3. CC),
no âmbito das regras da competência interna, O tribunal competente para
apreciar essa .retaçãopJ\JI'llocalíza.da;lfeté-se pelos critérios determinativos da
b . .A diferençâentre a çOlnpetêncit\ interna e à irtternncioríalconsistc no competência interna, em ra~da, da ~ia, do valQre do t~Eritódo
seguinte;~:lcol11petênçia, interna respeita às situações que,. na perspectiva da vigentes nessa ordem nacional. A designada competência iJ;nernaciQi.1al é, pois,
ordem jurídica portuguesa, não possuem qualquer conexão relevante tom outras a competência de um tribunal para apreciar uma relaçãojurídica com conexão
ordens jurídicas; a competência internacional refere-se aos casos queapre- com ordens jurídicas estrangeiras.
sentam uma conexão com outras ordens jurídicas, A\competência internacional
'A diferença entre o plano das normas .de recepção e O das normas de competência
dos tribunais portugueses. é, ,assim, a competência dos tribunais da ordem
interna dernonstru-secdesde logo, na .autoncm.ia entre a incompetênciarabsoluta) resultante
jurídica portuguesa para conhecer de situações. que, apesar de possuírem, na do hão precnchimentn da previsão de urna das normas de recep~ão pela situaçãosup iudice
perspectiva do õrdenarnento português, uma relação com ordens jurídicas (cftan° 10 IO)e uincompetênciu (relativa) proveniente da violação das regras aferidoras dó
estrungeirasv.apresentam igualmente uma conexão relevante coma ordem tribunal competente-em razão do valor da causa.rda forma <;19processo aplicável e da divisão
judicial do te'rti tério (cfr. «rt" I08°), Além disso, esse distinguo também se reflecte na adrnis-
jurídica portuguesa,
sibilidade de convcnçõexuue constituem unia norma de recepção (os designados pactos
Note-se que um caso concreto podeimplicar somente () funcionamento das
atributi vos de jurisdição (art" 99°) sem necessidade de definirem o tribunalinternamente
regras da competência interna, mas a aplicação das regras da competência competente (ou, caso tenha sido designado um tribunal competente - o de Lisboa, porexemplo
internacional nunca dispensa a aferição do tribunal internamente competente. -. sem que.<! proposituru da acção num outro tribunal português implique uma violação daquela
Suponha-se, por exemplo, que dois portul;lIt:ses dorniciliados .ern território convenção).
a previsã« de urna das normas de recepção vigentes nessa ordem jurídica, mas
essa jurisdição não se considera a si própria. 'como a única competente para
Sempre que os tribunais de uma certa ordem sejam competentes, segundo as
julgar aquela questão.
regras da sua competência territorial, para apreciar uma certa acção, é, em
As normas de recepção têmpor função facultar a apreciação de uma
princípio.virrelevante que ela apresente qualquer conexão com uma ordem
situação plurilocalizada pelos tribunais de uma ordem jürídicapelo que nãoé
jurídica estrangeira: esta inferência da competência iuternaclonal das regras da
compatível com essa ratio legisque, conjuntamente com essa recepção, essa
competência territorial é consequência da chamada dupla funcionalidade da
ordem deixe de reconhecer competência aos tribunais das jurisdições estran-
competência territorial (11.
geirl\s com as quais aquela relação apresenta elementos de conexão, Seria pouco
Assim, nem sempre a circunstância de a-questão em apreciação se situar
razoável que essa ordem jurídica fizesse depender a concessão de competência
no âmbito da competência internacional (porqueo objecto em apreciação é uma
ál)~ seus tribunais da exigência de que, perante ela, nenhum outro tribunal
relação jurídica plurilocalizada) implica a utilização dos critérios expecfficos
estrangeiro permanecessecorno competente, E também seria estranho que a
da competência Internacional para a..atribuição de competência aos tribunais
atribuição de competência aos tribunais de uma certa ordem jurídica através
de uma certa. ordem jurídica. Para que haja necessidade de aferir a competência
de urnanorma de recepção impl icasse a negação de idêntica competência ti
internacional dos tribunais de um certo Estado, (é indispensável que se, verifique.
tribunais de outras jurisdições (para as quais, eventualmente, essa questão nem
um, de dois factotes:- que a conexão com a ordem jurídicanacional seja
sequer é considerada internacional, mas antes puramente nacional). Tudo isto
estabelecida através de um elemento que não é considerado relevante põr
justifica o sentido unilateral da aplicação das normas de recepção.
nenhuma das normas da competência territorial e que, portanto; não possa ser
atribuída competência aOS tribunais de um, certo Estado utilizando exclusi-
vamente as regras de competência territorial dos seus tribunais; - ou que o
5, Previsão
Estado -do foro esteja vinculado, por convenção internacional, a certas regras
de competência internacional. Ü, Quando a acção apresenta urna conexão objectiva, relativa ao objecto
Um problema delicado surge então: à de determinar a, medida da com- do processrr, ou $üpjectiY:J. referida às partes da causã, com uma ou várias
petência internacional que deve ser definidapelas normas de recepção. Num ordens jurídicas estrangeiras, pode ser necessário determinar a competência
plano abstracto, pode dizer-se que, nesta matéria, ideal é que exista uma
ó
internacional dos tribunais portugueses, ESsa aferição deve restringir-seãs
corrgruência entre a competêncta internacional directa e indirecta. MaS' convém situaçõesem que os tribunais portugueses não são competentes segundo as
dizer que, no planc Iegislativo, este equilíbrio entre ,a deftniçãcpor um Est4d() regras da. competência interna, pois que, como se verificou, só importa
da competência Internacionalprópria e o âmbito da competência, reconhecida averiguar a competência internacional quando os tribunais de uma certa ordem
por esse Estado aos tribunais de outro Estado está ainda longe dc ser obtido. jurídica não sejam competentes para apreciar uma relação jurfdica plurilo-
c#lizac!à seg\lridt'Hís<sUas rêgras de competência territorial. Essa éa função dos
critérios constantes do nrt? 65°, n° 1 (2),
4. Unilateralidade
i I) CrI'., v, g" Schack, Internarionales Zivilvertahrensrecht i (München 1996), l)2 s ... /<::~:,::::T·t;;::>:\
! ,\
j: .":
I,
,i
\ .. ( .. /'
( "i
r r
A competência e as partes 113
u. Critério da exclusividade
b. A competência legal internacional dos tribunais portugueses é detere
minada, segundo uma ordem decrescente de aplicação prática, pelos crité- I. Enunciado
rios da exclusividade (art" 65'" n° I, al. bj), do domicílio do réu (art" 65",
n" 1, al. aj), dacausalidade (art? 65", n° 1, aI. c») e da necessidade (art" 65", a. Segundo o critério da exclusividade.vaacção deve ser proposta em
n" I, aI. d», Portugal quando os tribunais portugueses sejam exclusivamente competentes
Estes critérios conjugam, em medida variável, diversos interesses, As patá a apreciação da causa CartOs 65°, n° L, al. b), e 65°· A)}, A competência
regras sobre a competência internacional directa devem darexpressãoaos Internacional resulta, assim, da coincidência com as regras de competência
interesses do Estado no julgamento, pelos seus tribunais, das questões que exclusiva constantes do art" 65"·A.
apresentam uma conexão relevante .corn a sua ordem jurídica, mas também Esta competência exclusiva é manifestação da protecção de determinados
devem respeitar os interesses dos indivíduos na proximidade. da justiça e ainda interesses através de uma reservade jurisdição e, portanto, de soberania. Nesse
os interesses da comunidadeinternacional numa distribuição .harmoniosa da sentido, ela é semelhante à reserva de ordem pública do Estado do
cornpetêncla dos tribunais estaduais. reconheci mente no processo de revisão dé sentenças estrangeiras (art" 1096°,
al. f).
6. Forum shopping b. Como a competência territorial é suficiente para atribuir aos tribunais
portugueses competência para o julgamento de acções que apresentam uma
A pluralidade de ordenarnentos jurídicos e de instrumentos de regula- conexão Com outras ordens jurídicas, o sentido do critérioconstante do art" 65°,
mentação da competência internacional favorece a existência de Vários tribunais n" 1,aI. b), não pode ser o de lhes conceder competência internacional erncasos
competentes para a apreciação de uma mesma causa: nas diferentes ordens em que eles já a possuíam por força das regras da competência territorial:
jurídicas funcionam outras tantas normas de recepção que atribuem competência se assim fosse, o referido critério seria totalmente inútil, O sentido prático do
internacional aos seus tribunais. Quando se verifico uma situação de COI1- critério constante do art" 65°, n" I,aI. b), é realmente o de definir, em con-
corrência de vários tribunais competentes, o autor procura instaurar a acção no jugaçao com as previsões do art" 65°·A, os casos de competência exclusiva dos
tribunalque se lhe apresente como o mais vantajoso ou. favorável: a essa tribuilai$ portugueses, isto .é, determinar assituações em que os tribunals
escolha do tribunal mais favorável costumá charrtar-se.wlg» depreeiativamente, portugueseS possuem uma competência exclusiva.
10ru·1/1. shopping,
São muitos os motivosque podem levar II parte a optar por um dos vários
2. Âmbito
tribunais competentes, em detrimento dos demais. Eles podem relacionar-se,
por exemplo, com o direito material aplicável (que pode variar consoante-as O art? 65°·A estabelece a competência exclusiva dos tribunais portugueses
regras de conflitos do foro), com a facilidade de reconhecimento da decisão para as seguintes situações: . acções relativas a direitos reais ou pessoais de
proferida na acção e ainda com os custos do processo. gozo sobre bens imóveis Silos em território português (art" 65°·A, al. a»; .
O forurn shopping é uma inevitabifidade decorrente da existência de vários processos especiais de recuperação da empresa e de falência, relativamente li
rribunaísinterríacionalmente competentes para a apreciação de uma mesma pessoas dorniciliadas em Portugal ou a pessoas colectivas ou sociedades cuja
questão. Por isso" o fenômeno só pode seratenuado " na medida em que tal sede esteja situada em território português (art° 65°·A, al. b»;· acções
parecer conveniente 'Ou desejável .~ através dos esforços de harrnonização referentes à apreciação da validade do acto constitutivo ou ao decretarnento da
Iegislati va. dissolução de pessoas colectivas ou sociedades que tenham a sua sede em
território português, bem como as destinadas a apreciar à validade das deli-
berações dos respectivos órgãos (art" 65°·A, aI. c)); . acções que tenham por
A competência e as partes Jl5
Para o direito internopçrnrguês - isto é, pata o aft" 6so-A, aI. a) - não resta,
por isso. qualquer campo de aplicação na detêrmina~aó do tribunal competente.
objecto principal a apreciação da validade da Inscriçã« em registos públicos
de quaisquer direitos sujeitos a regist() em Portugal (art" 65°·A, ul. dt).
salvaguardar a aplicaçãodo direito portuguêspor tribunais nacionais. hnprrssihilirar a revisão e confirmação de uma Séríteüçaesttangeira proferida
numa acção para a qual a jurisdição portuguesa se consideta:e:xclusjyam~lJte
b, Importa observar, no entanto, que acompetência éxclusiva regühld,t no competente, O que é dito também vale para a hipótese c:iea competência
art" 65"-A só é aplicável nos casos que não forem oU não puderem ser excJu$jvâ do tribunal português ser concedida por um pacto de jurisdição
abrangidos pela idêntica competência prevista noart" J6" CB1'U)(I Cí.ug, Dado (df.· ate' 99"). .
que esta última competência. é hídêpendenté do dOÍÍliéfliododemandadoe, por S6 quando.a comperênc.ia dos tribunais portugueses for exclusiva para a
i!-;SQ, se verifica 1)1eSmO que esse réu não tenha domicílio em nenhum Estado- apreciação de. um deletmlnado ()bjecto Se:Jústifica à' recusa de. reconhecimento
-rnembro (cfr.ares 4", § 1°.,e 16" prcémio CBrux I Cl.ug), daí resulta que as da sentença estrangeira pfofetida sobreesse ohJectQ por um. tribunal que,
eompetências exclusivas previstas no ar!" 65°-A só são susceptíveis de. ser .segundo a jurisdição portuguesa, não é competente, Se:assjQl não suceder, a
aplicadas quando o objecto da acção for algum daqueles que estão exclu(d~1s jurisdição portuguesa, não podendo Jgnorar que a regr;1 ~ a existência de
do âmbito material dessas Convenções (cfr. artO I", § 2", CBru)(./ CLug). competências concorrentes, aceita a competência do tribunal esttangeito.peIQ
Por essa mesma razão, a regra que.consta do art" 65"·A;üL a}, quat1.tüà qüe qualquer decisão proferida nessas condições por esse órgão provém de
competência exclusiva dos tribunais portuglles.es para àS acções relativasa tdbumt1 cornpetênte segundo a. norma deconflitosda jurisdição portuguesa.
direitos reais ou pessoais de gozo sobre bens im6veis silOS em têrritórío
português não tem realmente gJJalquetPos~ível âmbito de aplicação. Dado que () prohlema era discutido, ria anterior redacção do art" l09()",al, c), CPC/61; no sentido
a competência eXclusiva prevista fiO art" 16°, n° I, CBrux I CLug é aplicável correspondente à actual yÇ(sUO do ltrl°I096°,al. cj.ictr. Castro Mendes, Alguns problemas sobre
mesmoque o demandado não tenha domicílio em nenhum Estado-membro revisãode sentença estrangeira, RFDW (J 965), J ()3 S5.; Ferrer Correia, O reconhecimento das
sentenças estrangeiras no direito brustleiroc no direito português, RU J 16 (.1983/1984)., Hí5 s,
(cfr. art''s 4", § 1°,.e 16° proérnio CBrux I CLug), é sempre a regulamentação
convencional aquela quc se aplica quanto a bens Imóveis ~itQs em Portugal,
r
- A competência e as partes 117
r I
r 1 I r ,- 1- r, r' r r r í
§ to,
tribunal territorialrnente competente. Resta assim reconhecer que o art° 65°,
n° I, aI. a); também define o tribunal territorialmente competente e, portanto, Competênciaconvencional:
atribuir competência ao tribunal do domicílio do demandado. Suponha-se, por direito interno
exemplo, que o facto .ilfcito ocorreu no estrangeiro e que o réu tem domicílio
em Portugal; da aplicação do critério constante do art" 74°. n" 2, não resulta a
atribuição de competência a qualquer tribunal português; nesta eventualidade, I. Pactos de competência
é territorialrnente competente o tribunal do domicílio do demandado.
I, Noção
3. Critérios da causalidade e da necessidade
A competência convencional interna é determinada através de um pacto
Se' os tribunais portugueses forem internacionalmente competentes pelo de competência tpactum. de foro prorogandoy. Em regra, o pacto de com-
critério da causalidade ou da necessidade, também há que averiguar qual dos petência refere-se a urna questão que não apresenta qualquer conexão com
tribunais portugueses é o rertitorialmente competente. Para a determinação outras ordens jurídicas, mas isto não significa que não haja pactos de
deste tribunal $<1 podem ser utilizados critérios aos quais não possa ser competência referidos a relações jurídicas plurilocalizadas. Assim, é um pacto
concedida a dupla funcionalidade característica das normas sobre a competência de competência a convenção pela qual os contraentes definemcorno competente
territorial, porque, de outro modo, a competência inrernacional dl)s tribunais qualquer outro tribunal que não aquele que édeterminado pelas regras da
portugueses já teria decorrido desxa icumpetênc ia íerritorial. Está. nessas competência Interna conjugúveis com os critérios aferidores da competência
condições o art" 85°, n° 3. 'internacional. Também tem Os efeitos do pacto de competência a designação,
Assim, Se Q réu tiver domicílio e residência em país estrangeiro mas se pelas partes celebranres de um pacto de jurisdição (cfr. art" 99°), de um
encontrar em território português, é territorialmente competente o tribunal do determinado Tribunal português (o tribunal de Lisboa, por exemplo); nesta
local em que Se encontrar em Portugal (art" 85°, n° 3 I a parte). POJ exemplo: hipótese, a convenção vale como pacto de jurisdição quanto à atribuição
para a acção de divórcio propostapor um francês, dornic iliudo em Paris, de competência internacional aos tribunais portugueses e como pacto de
contra uma francesa que .se encontra no Funchal, com fundamento CI11 udul- competência relativamente à designação do tribunal internamente competente.
tério cometido em Portugal, é competente o tribunal de I" instância do
Funchal,
Se o réu tiver domicílio e residência em país estrangeiro c não se encontrar 2. Âmbito de incidência
emterritório português, é territorialmente competente o tribunal do domicílio
do autor (art085°; n" 3 2a parte). Por exemplo: para a acção de anulação de
o pacto de competência só pode incidir sobre a competência em razão do
valor e do território (art" 100 na 1). Por exemplo: um sujeito, dorniciliado no
0
,
A redacção dada ali urt" 100°. n° I, pelo art" 1° DL 242/l\5. de 917. segundo a qual não 4. Et'eítos
são vúiidüs os pactos de competência que afastam a competência ierritorial nos casos referidos
no art" 10\)°. nO2" é aplicável 1<,convenções celebradas àntcs da entrada em vigor dessa alteração A competência convencional interna é vinculativa para as partes (art" 100°,
legixlati va: RB - 2811/1993, CJ 93f1, 267.
n" 3 l, pelo que a sua infracção determina a incompetência relativa do tribunal.
onde a acção foi indevidarnente proposta (art" 108°).
envolva inconveniente gtayeparaa outra (art" 99ó, n" 3, al. cj), Este requisito
destina-se es.~cneialrnentc a salvaguardara posição da parte mais fraca: ao
aos tribunais estrangeiros só vale como um pacto privativo quando retirar a
exigir-Sé que a eleição do foro eorrespondaa u.minrere$seSêrlt! de ambas ou
competência legal concorrente dos tribunais portugueses. Por exemplo; uma
de. uma das parteseque, nesta úlrima hipótese, ele não envolva inconvenientes
sociedade búlgara celebra com um português um contràto pelo qual fica
graves para a outra, pretende evitar-se que a escolha recaia sobre um tribunal
obrigada a entregar. certa mercadoria em Lisboa; ,18 partes podem retirarã
com () qual acausaeas suas partes não possuam qualquer conexão relevante.
competência internacional.do tribunal de Lísbca para apreci;lção da acção de
cumprimento (art" 746, n" I) e atriblJí~laem exclusivõ aum tnbunal bülgaro;
b. O pacto de jurisdição não pode ofender a competência exclusiva
nesta hipótese, essa atribuIÇUo Vale C;omo pacto privativo da competência dos
dos tribunais portugueses (are 99", n" 3,al. d); sobre esta competência,
tribunais portugueses.
cfr. art" 65'\AJ. isto é,o pacto não pode privar os tribunais portugueses da sua
tülüpetêllcÜI exclusiva. Compreende-se que assim seja: se essa cornpetêncla é
b. É claro que, como o carácter atributivo ou privativo do pacto de
exclusiva, a 9rdem jllrídica portuguesa hão pode aceitar qualquer competência
jurisdição é definido em relação à ordem Jurídica portuguesa,.u validade de um
éontorrenJe de um tribunal estrangeiro,
desses pactos Moê vinculativa para os tribünals de ordens jllhdica~
Se as partes, através de uma convenção de arbitragem (cft, aft" 1° LAV),
estrangeiras. Assim, a validade do pacto que atribui competência aos tóbu.f1ai$
atribuírem competênciapara o julgamento de certo ]itígioou ttuestâo e1nergel1te
ponugueses não significa que os. tribunais estrangeiros afectl\dO$ deixerr; ipso
de uma relação jurídica plurtlocalizada a um tribunal arbitral (ful)ciónancl0eín
fact«, (lese considerar c;o01peteme$,. talcomo a priva9ão da competência
território. português ou no estrangeiro), é igualmente aplicável a.esse negócio
internaeional dos trib.I.II1ais portugueses .não a atribui necessariamenteaos
o requisito respeltantc :\ observâncta da competência exclusiva dos tribunais
tribunais estrangeiros. São. possíveis, por isso, situações, em que o pacto
pOfiuguéses (MIO 99", ti" 3, a\. d)),. Esta solução decorre da circunstância
atributivo origina um conflito positivo entre a competência internacional dos
de .aqoelil C(JI1Yénçàçj ürbítnilCotitetsi01ultanealljelllé. umpacto privativo de.
tribunaisportugueses c dos estrangeiros e outras em que um pacto privativo
jurisdição, dado q(.lctetira comperênciaacs ttibun(1ispottUguesés para apreciar
cria um semelhante conflito negativo.
esse mesmo objecto.
11. Incompetência.absoluta
A eleição do foto deve ser aceite pela lei do tribunal designado (art" 99°,
n" 3, al, b».Esta aceitação pelo tribunal designado da competência que lhe é I. Noção
concedida pelo pacto deve verificar-se tanto quando esse tribunal recebe uma
competência exclusiva, 'Como quando a competência desse tribunal é con- Sl.lgundoo disposto no art" 10 1°, a incompetência absoluta provém da
corrente com a de outros tribunais. Assim, esse requisito não se preenche se a infracção das regras da competência internacional legal (cfr. art"s 65" e
jurisdição a que pertence o tribunal indicado considera o tribunal ao qual é 65°~A) e da competência interna material (cfr. artOs 66°, 67" e 69°; art" 46°
retirada a competência como exclusivamente competente pura apreciara L()TJ) e hierárquica. (cfr, arr's 70°. 71" e 72°). A incompetência absoluta
questão sobre a qual foi celebrado o pacto de jühsdição ouadmite, relari- referida no art" 101" é., naturalmente, apenas aquela que se verifica noârnbilo
varnenteaessa mesma questão •.a competência exclusiva definida pela lê~fád do processó civil.
dessaoutra jurisdição. Nos demais casos; irreleca a posiçãe da lei dQ tribunal A lnc(>rtlpetênciairttertlacIQnal r<:suHa daimpóssibiJidade de incluir a
ao qual foi retirada a competência através do pacto de jurisdição. re.lação jt.IMíe~l plurHocaliz<\danaprevisão de lÍlJ1ada$nQrlJ1a!ide recepç:.ãôdo
art" 65°. A incúlt1petência hierárquica vetifica-se.se aacçâú é instaurada
d. O pacto. de jurisdição 89 é válido se constar de acorde escrito ou num tribunal de I" instância quando o devia ter sido na Relação ou no Supremo,
confirmado por escrito (art° 99°, n" 3, al. e)) .. Para este efeito. considesa-se ou vico-versu ..Finalmente, a incompetência material decorre dapropositurano
reduzido a escrito o acordo que consta de documentos. assinados pelas partes tribunal comum de uma acção da competência dos tribunais especiais ou da
ou que resulta de troca de cartas, telex, telegramas ou outros meios de comu- instauração de. uma acção num tribunal de-competência especializada incom-
nicação de que fique prova escrita, quer tais instrumentoscontenham direc- petente.
tamente oacordo, quer deles conste uma cláusula que remeta para algum
documento que Q coptetlha (art" 99°, n" 4).
2,. Mguiçã()
Corno a incompetênciaabsolula. decorrente da infracção das regras da
competência internacional é urna excepção dilatôria que o tribunal aprecia A.incompetêtlciá absülula resultante da infracção da competência. material
oficiosamente (cfr.artOs 102 n° 1,494°, af.a), e 49SOJ,não é configurável a
0
,
dl.le<)trenteda circunstânê.Íá d.e a.acção ter sido instaurada n,urtltribunaI juc!iciál
celebração tácita de um pacto atributivo .de jurisdição pela preclusão da quando o pevetia ter Sido pet'i,nte um outro tribunal judicial $6 pode ser argllida
invocação daquela excepção num processo pendente. pelas Partes e conhecida oficiosamente pelo tribunal até ao despacho saneador
ou, se este. não tiver lugar, até ao. início da audiência final. (art" 102", n° 2).
Isto é, como, nas vãriashipõleses de incompetência absoluta por violação
§ 3!). da competência material, ,'a menos grave éada propositura num tribunal
judicial de uma acção que deveria ter sido iMtaurada num 01111"0 tribunal
Modalidades da incompetência jtldici<\1 (pQr eXemplq; aacçâ.() é Jnsta\lfada num tr'ibunal CÍvel" ar t" 56 0
incompetência.
A incompetência é a insusceptihilidade de um tribunal apreciar deter- Diferentemente, a incompetência material que resulta do facto de a acção
minada causa que decorre. da circunstância de os critérios determinativos da ter sido proposta. num tribunal judicial quando o deveria ser num tribunal não
competência não lhe concederem a medida de jurisdição suficiente para essa judicial (por exemplo: a. acção foi instaurada num tribunalcomum, mas deveria
apreciação; Infere-se dá lei .a existência de três tipos de incompetência ler sido-proposta nuhl tribunaládmit1istrativo) pode ser arguida pelas partes e
jurisdicional: a incornpetêrtcia absoluta, a incompetência relativa e a preterição conhecida oficiosamente p~IQtribunal até ao trânsito ~mjulgado da decisão di?
de tribunal arbitral.
A compe!ência f as part~,~ 131
------------~~----------~
130 A C()iII/l2thw'ia e as partes
IIL Incompetênciardativa
mérito (art" I02",n" I). COnloestaincOnlpetência,lbsoluta é mais grave do que
a prevista 110 art" I02',,11" 2. alarga-se 9 prazo <Ia sua arguiçã« pelas partes e
do seu conhecimento pelo tribunal, 1. Noção
al, a». qpe defil14rn,de entre QS vários tribunais, qua] qlerritOti41mente competente,
A .incompetência absoluta arguida pelas partes antes do despacho sanea- rn;lS tambémna cümpetênçia. jnternacjon41, É o que. sucede quando a acção não
dor pode ser julgada imediatamente ou iI· sua apreciação ser reservada for proposta no tribunal designadono pacto (atrlbutivo) de jurisdição e quando
para esse despacho (art" 103" 1" parte). Se essa incompcrôncia for invo- forem violadas as regras de competência territorial que determinam,em
cada depois Óés.se despacho, ela deve ser [ulgadaimedlutanrente (arl" I Ó3" coejugaçãn com as normas de eompetênciajnternacioual, qual o tribunal
2a parte). terrrtorialmentc competente.
Suscitada ()fki\lsahienl~a. questão .da cornpetênoia i1hso!u(Üdó tribuuulvincumbe- \:L Perante ()~ tribunais P()ftu.guêse~ .apena~ pode Jêlevar, qU411lo .3,
-lhe realizar ()U ordenar as diligências de pr()VI\. que se.. rn()~\relllIw,~"r.rias; RC' ~ ')11Olli)')().
13MJ 4ÓO.741. compctênciu ipterl1<ldol)alctirecta, a infracção de um P4ctO privntivo de
jud~diçl)(}. Esta violação verifica"sequando, apesar de as partes terem esti-
pulado a comperêrmla exclusiva de um tribunal estrangeiro para apreciar certa
b, O couhecirnenro da incompetência absoluta no. moutenrorío dcs-
questão. a acção vem a ser proposta num tribunal português. A violação de um
pacho decítaçãô determina o indeferimento llmínar xla petição inicial
pacto atributivo só pode ocorrer num tribunal estrangeiro, dado queessaofensa
(aftOS 105", n l.e .2.34°_A. n" I); se for apreciada
Ô
em momento posterior.
essa incomperêncin êO)ldl.l;,'; à absQlviçãô do réu da lnstânctu (urt° 105", só pode decorrer da. não propositura da-acção rro tribunal portugub ao qual foi
concedida acompetência internacional exclusiva.
n" I; cfrvart=s 288°, n° I, al. a), 494°, al. a), e 493°, n° 2). O Indefet"iJl1ento
liminar ou a absolvição da Tl1stâncianl)o vinculam o tribunal ondç a mCsl114
N()lc-scq~c uvicluçâudo pacto utributivu de ~()mpetênçiaeJid\lsiY<J4()stri.hu.na.i,.
acção venha a ser instaurada posteriormente (art" I O()D), excepto qnandno portugueses rel.cva na revisão.da sentença proferida por um tribunal estrangeiro. porque.vcnmo.
Supremo Tribunal de Justiça ou O Tribunal dos Conflitos decídtrern, no recurso nesse caso. ü. uccisãocmüngeira ofende essacompetência exclustvaelu nJ10 pode ser revistae
interposto da decisão da Relação. qual o tribunal competente para apreciar confirmada pelos (ríbun:\Ís portugueses (cfr; art" IO'}6", al. e).
e$~a acção (art" 107'\ nOs I c 2). Se tiver havido absolvição da instância, as
panes podem aé;ordar em aproveitar Os seusarticulados c. neste CilSO.. O autor
pode requerer tl reti1essa do processo plira u tribunal competente (nrt" 105'" 2. A[lreciuçãt)
n° 2).
à. CQofil'rnandoa diSpónib\!idad\'! das partés sobrea çomp.etência relativa
(cll •. (ltt" I ()O°), aCQrrespôndente incompetência não e. em princípio, de
Por não fazer sentido a fixação do tribunal cstrangeíro cornperente Ilà<J",,:1 configurada
no art" 107" ti situaçãode incompetência internneional: dL/l/her/o rios Reis, Comentátio ao conhecimento oficioso (art" 49,5°), Neste caso, a ineornpetência pode ser arguida
Código de Processo Civil .12. (Coimbra 1960). 324 ~..
r I
3. Decisão
ó
pejo réu no prazo da contestação (art" 109°; n? I; c.fr.MtOs 486", na I, 78J e
A decisão. de procedência sobre n incompetência relativa determina, ein
794°, n° I), O autor pode responder no articulado subsequente ou.• não havendü
regra, a remessa do procê.$$O para o tribunal competente (art" 111°, n" 3).
lugar a este, em articulado próprio, a apreseht;:tf nos 10 dtas ~eguinte~ U Exceptua-se ahipótesede a incompetência relativa resultar da violação de um
notificação da entrega 00 articulado do réu (art" 109 na 2} Cpnjun!ilfllcnte com
0
,
pacto privativo de jurisdição, dado que O tríbQnal português não pode enviar
a alegação da incompetência relativa, as partes devem apresentar as resptw!iv<ts
o processo para c tribunal estrangeiro competente: Ileste caso, a consequência
provas (art" 109°, n° 3), Produzidas estas, o tribunal decide qual é o trihunal desta excepção dilatôria, não podendn ser a rcf~rida remessa, é a absol vição
competente para a acção (art" 111°, n" 1). do réu da instância (art'' 111°, n" 3 in fines.
Como a reme~~a do proeesse para o tribunal. competente não exringuea
b. São várias as situações em que a inCompl";tênda tdativa é de instância (de anos 288°, 09 2,e 287", al. a» c, portanto, o processo continua
conhecimento oficioso. É o que sucede, nos termos do .art? I I ()O, .n" I, al. a), pendente, a .decisã() de re/1]essa é vinculativa para o tribunal para o qual ele é
nas acções relativas a direitos reais. sobre imÓveis; a tespollsabilidadl"; civil rernetido.Iart"
- S6
111°. na 2}. . o tribunal eonsiderarimprocedente
.
a alegação da
extraconrratual e naquelas em que seja parte o juiz, seu cônjuge Ou ce.rtok incompetência relativa, essa dec.isãüdete/J\)ina 11 preclusão de outros possíveis
parentes, nos processos de recuperação da empre$a e de fal~nÇia. n()s fundamentos de. incompetência do tribunal (art 11 I ",n" 2), o que significa
O
procedimentos cautelares e diligências antecipadas,11(l determlnaçàodo tribu\1ê.l1 que não se pode voltar a discutir a questão da cQrnpetêh<ji(l relativa, qual-
ad quem, bem como na acção executiva fundada em Kentença prof~ridap()r qlíer que sejao fundamento alegado pela parte.
tribunais portugueses .e nas acções executivas PAra entregude coisa certaou
por dívida com garantia real.
A incompetência relativa também é de conhecimento (Jficüj~(j. quando IV.Pr~tédção de rrilnrnal.arbttra!
decorra da infracção das regras da cornpetênciu respeltantes Q fotina do
processo ou ao valor da causa (art? 110°, n° 2), ou seja,. do disposto nos
artOs 48° e 49° LOTJ. Como a. competência em razão do valor daeausa I. Noção
(are 49~ LOTI) se reflecte na competência dotríbunal de círculo (cfr, art" 151"
A preterição de tribunal arbitral resulta da infracção da competência de
LO!1) e do tribunal singular (artO 830 LOT]), o art" 110°, n" 2,engloba
um tribunal arbitra! que tem cóinpetêrtcià exclusiva para apreciar um
Igualmente a violação da competência destes tribunais. Assim, a incompetência
determinado objecta, A pte~êríção pode verificãr-se quanto a um tribunal
deve ser conhecida ofídosamente quando, por exemplo, o trlbunalcompetente
arhitral necessário, quando foi proposta num tribunal comum umà acção que
seja o tribunal de círculo e a acção tenha sido proposta num tribunal de comarca
pertence á competência deum tribunal arbitral ímpostopor lei (cfl'. an° 15'15"),
ou quando seja competente uma vara cível eu acção tenha sido instaurada num
()u quanto a um trihunalarbitral voluntário, quando foi instaurada nüm tribunal
j!.IÍZ() cível,
cOl.nUl)1 uina acção que devia ter sido proposta num tribunaltarbitru]
Finà]mente,a incompetência relativa deve ser apreciada oficiosamente qJI1VC[1c.iOJlljc'op\'\]à~parte); (ofr,art" I ç LAV).
nos prOcessos em que não se verifique a citação do demandado ou requerido
(art" 110\ n" 1, al, b), ou seja, nos processos que não constam da lista do
art" 234°, n? 4, e nas causas que, por lei, devam correr como dependência de 2. Apreciação
OUltQ processo (art" 11.0°, n° I,al. c)), como sucede, por exemplo, com o
É distinto o regime da preterição de tribunal arbitra] necessano e
incidente de habilitação (art" 372°, n" 2).
voluntário. A preterição de tribunal arbitralnecessãrio é uma exqepção dilatória
de conhecimento oficioso (art"s 4949, al, j), e 495°) que conduz àabsolviçãü
dütçu da [nstância (art" 493", nP 2). A preterição de tribunal arbitral voluntârio
A competência e as partes
11°4. esc). Sobre a personalidade judiciária da freguesia e do município. cfr. artOs 27°. ,,0 I.
aI. e). e 51".11" I. ai. f), da Lei das Autarquias Locais (Decreto-Lei ,,0 IOO/K4. de 29/3. alterado
pelas Leis II"S 25/K5. de 12/H, 1~/91. de 12/6. e 36/91. de 27/7). Note-se ainda que todas as
pessoascnlcctivas públicas possuem personalidade judiciãria: é o caso da Região Autónoma dos
CAi>ÍTULO U Açores (RL - 26/1111985. CJ 8515, 92); sobre ti personalidade judiciária das câmaras municipais.
cfr, RL - 1.';/12/1994. BMJ 442, 251. e sobre a da Comissão Àdministranva dos Casinos do
Algurvc, cfr. RI:: . 2311/1996, CJ 9611. 292.
QUESTÕES R.ELATIVAS ÀS PARTES
b. Relativamente a estrangeiros, há que considerar o art" 26°, n° I, CC,
§ 1'>, segundo () qual o início e o termo da personalidade jurídica são fixados pela
lei pessoal de cada indivíduo, que é a lei da sua nacionalidade (art° 31°, n° I,
CC) ou, se o indivíduo for apátrida, a lei do lugar onde ele tiver a sua residência
Personalidade judiciária
habitual ou" se for menor ou interdito, () seu domicílio legal (art° 32°, n° I, CÇ).
Quanto às pessoas colectivas (excepto sociedades comerciais), a sua lei pessoal
I, Noção é a do Estado onde se encontra situada a sede principal e efectiva da sua
administração (art" 33°, n° I, CC) ou, se for uma pessoa colectiva internacional,
A personalidade judiciária é a susceptibilidade de ser parte processual a designada na convenção que a criou ou nos respectivos estatutos ou, na sua
(artÔ 5"', nÓ I )., SÓ pode ser parte processnalquem tiver personalidade judi- falta. a do país onde estiver a sede principal (art" 34° CC), As sociedades
ciária. comerciais têm como lei pessoal a lei do Estado onde se encontre situada a sede
principal e efectiva da sua administração (art" 3°, n° lia parte, CSC).
H. Critérios atrlburivos
3. Critério da diferenciação patrirnonial
a. De acordo com o critério da 'coincidência. a personalidade judiciária é Não estando ainda determinado se há ou não herdeiros quanto a certa herança, esta tem
concedida a todas as pessoas jurídicas. singulares ou colectivas (urt" 5", na 2). personalidade judiciúria. pelo que pode ser demandada na acção de resolução de um contrato-
-promessa celebrado pela sua autora: RL - 26/1111985. CJ X5/5, 92: a herança jacente pode
Assim, todo O ente juridicamente personalizado tem igualmente personalidade
instaurar uma execução para entrega de coisa certa contra os ocupantes de um prédio perten-
judiciária, activa ou passiva, cente ao acervo hereditário do de rujns e que não fora atempndamente entregue: RI': - 17/2/1994,
CJ 'J4I1. 2H2.
São pessoas colectivas as ussociaçôes e fundaçõescom pcrsonnlidadc jurídica (urt" 15~"
te). as sociedades comerciais (an° 5° esc) e i!S sociedades civis soo forma comcrciul t art" 'I".
A competência e as partes 139
( ,
A competência e as partes 141
1.2. Tutela
qualquer deles requere,' ao tribunal competente a resolução do conflito (art" 12°,
O menor fica sujeito \l tutela se os progenitores não puderem exerce)' o
n° I). Esse tribunal é o de família (art" 61°, n? I, al. d), LOTJ; art" 146°,
poder paternal (alto 1921 o ee). O tutor necessita de autorização judicial em
aLd), OTM) e o processo é o previsto no art° 184° OTM,
todas as xituações em que ela é exigida aos progenitores (art''s 1935°, n° I, e
Se no decurso da demanda se verificar desacordo entre os progenitores
1938°, n° I ,aI. a),Ce) e ainda para propor qualquer acção, salvo se ela for
acerca da orientação a dar à prossecução dos interesses do menor, qualquer
destinada ú cobrança de prestações periódica» ou se a demora na sua propositura
deles pode requerer ao tribunal, no prazo de realização do acto processual
for susceptível de causar prejuízos ao menor (art" 1938°, n° l, al. e), ee).
afectado pelo desacordo, que providencie sobre a furma de o incapaz ser nela
representado, suspendendo-se entretanto a instância (art" 12°, n° 2). Ouvido o
outro progenitor, quando só um deles for o requerente, e o Ministério Público, 1.3. Administração de bens
o juiz da causa decide de acordo com os interesses do menor, podendo atribuir
O administrador de bens (instituído nos casos previstos no arr" 1922° CC)
a representação do menor a só um dos progenitores, designar curador especial
tem OS mesmos direitos e obrigações do tutor (art" 1971°, n? I, Ce), pelo que
ou conferir a representação ao Ministério Público (art° 12°, n° 3). A contagem
necessita de autorização judicial nas mesmas situações em que dela carece O
do prazosuspenso reinicia-se com a notificação da decisão ao representante
tutor (art" 1938°, n" I. al's a) ee), eC),
designado (art" 12°, n" 4),
Se algum dosprogenitores tiver sido preterido na representação do menor
- isto é, se este for representado por um único deles -, o progenitor preterido
2. Interditos
deve ser notificado para que venha ao processo ratificar. no prazo fixado, os
actos realizados pelo outro progenitor (art° 23°, n° 3 I' parte). Se, nessa ocasião,
A incapacidade judiciária cÍos interditos é suprida pela tutela e peja
se verificar um desacordo entre os progenitores, aplica-se à resolução desse
administração de bens (art" 139° ec), cujos regimes ·são idênticos aos do
conflito o regime constante do art° L2° (art" 23°, n° 3 2' parte).
suprimento da incapacidade do menor.
b. Para determinados actos, os progenitores necessitam, conforme se
dispõe no art" 1889° cc, de autorização do tribunal (de família, art" 61°, n" I,
3. Inabilitados
al. g), LOTI; art" 146°, al. g), OTM). São eles, nomeadamente: - ti representação
do menor nas acções em que um dos efeitos possíveis seja a perda ou uneração
A incapacidade judiciária dos inabilitados é suprida através da curatela
de- bens do menor rart" 18890, n" I, al, a), CC); - a representação do menor
na transacção Ou na convenção de arbitragem referida aos mesmos actos
(anOs 153°, n" I, e 1.54°, n° I, cci Acuratela incumbe ao curador, que pode
intervir no regime de assistência ou de representação. O curador assiste o
(art" 1889°, n" I,. aI. o), ee) e ainda, por maioria de razão, na desistência e
inabilitado quanto aos actos de disposição de bens entre vivos e a todos o.s
confissão do pedido; - a representação do menor para convencionar ou requerer
demais actos que forem especificados na sentença de inabilitação (art? 153°,
em juízo a divisão de coisa comum ou a liquidação e partilha de patrimónios
rio I, ee); o curado r representa o inabilitado nos actos de administração do seu
sociais (art° 1889°, n° I, al, n), ee).
património (art" 154°, n° I. ee). Para instaurar quaisquer acções em
c. Se. houver necessidade de fazer intervir um menor numa causa pendente representação do inabilitado, o curador está sujeito ao regime do tutor do
e se não existir acordo dos progenitores, pode qualquer deles requerer a interdito (art" 15óo ee: cfr. art" 1938°, n" J, al's a) e e), ee).
suspensão da instância até à resolução do desacordo pelo tribunal competente Mesmo quando o inabilitado seja representado pelo curador, aquele
(art° 12°~n° 5), que é o de Família (art" 61°, n° L al. d), LOrJ; art° 146°, incapaz pode intervir na. acçãoproposta em seu. nome e deve ser citado quando
aI. d), OTM). A hipótese refere-se às situações de intervenção espontânea. seja réu (art" 13°. n" I). Em caso de divergência entre oeurador e o inabilitado,
tendo-se escolhido, algo criticavelmente, uma solução semelhante à do prevalece a orientação daquele representante (art° 13°, n° 2).
desacordo dos progenitores quanto à propositura da acção (cfr. art° 12°, n" I).
A competência e lIS partes 147
de disposição estatutária, pela administração ou por quem por ela for designado
(art" 1630, n° I. CC). As sociedades em nome colecti vo e as sociedades por
§ 3°. quotas são representadas pelos gerentes (art''s 192", /)01. e 252 na I,
0
, csq,
as sociedades anónimas pelo conselho de administração (art" 405", na 1, esC)
Representação judiciária c as sociedades em cornandita pelos sócios cornanditados gerentes (artOs 470 0
,
na I. e 478° CSC).
Nas acções entre a pessoa colectiva ou a sociedade e o seu representante,
I. Noção aquelas entidades são representadas por um cur.ador ad [item (art" 21 na 2). 0
,
L Casuísmo § 5"~
1. Casuísrno 151 Sobre o lirisconsórcin, cfr., IU\ doutrina portuguesa, Castro Mendes, Breves reflexões sobre
() conceito de liusconsõrcio. JF 19 (1955), 269 ss.t Palma C<II}o,\. 'Ensaio sobro olitisconsórcio
Verifica-se a falta de autorização ou deliberação quando p representante (Lisboa, 1956), 57 ss, c 14.9, ss,.
I[ Classificações
4. Conteúdo da. decisão
ou réu não for .c(H)sider~ldü t1tular.a(;tivo üüpassiv(),. desse ll1esÍll() Qbjeclo, n° 2.), mas essa decisão condenatória não é oponfvelaos demais devedores
solidários (art" 522 CCl.
Q
Encontram-se exemplos de titisconsúrcio necessãriolcgul nos arlos 2&"-A (litisconsórcio No seütido Jil corrcme cfr. também
dominante, Ré - 1915/1 'pó, C) 7612, 281:
entre cônjuges), 371", 11" I (habiliraçãr; dos sucessores da purte Jalecida) e I m{)". n'' t (acçãiJ RC - l~/5nY77, CJ 77/3, f>9J; RC -
3//í/1977, CJ 7714,795;, RC • 101111\179, 13MJ 2g4, 28!h
deconslgnação Cl11 deposito) e ainda. .no âmbito substantivo. nos anos 419". n" I. CCicxerdcíq RC- 14/511985., 13MJ~47,Aú4"CJ~513, 72:, RC" 29/11 /I911H, BMJ 381. 754;RC - ?'OI6/1990,
do direito de preferência), 496", liO 2. CC (aççãóde indemnização de danos não putrirnunluis BMJ 39&.5118; RP' -2110/1990, BMJ 4()(), 725; SrJ - :24/l.0/llJ91. BMJ 41(). 719; ~P -
pormorte da. vítima: ~L - 617/1994. BMJ 439, 642), 50Uo. n" l. te (acç1l{l de resflllrtsàbilidade 7/1211\191. BMJ 407, 6J9: RP - 3111/1\lY2. Cl 9215. 205; defendendo a orientação contrária,
contra o comitente e o comissãrio), 535°. n'"}, ce (acção relativa a obriguções indivisfveis ' ' 111 cfr, também RE - 161211978, CJ 7H{2. 514; RC" 29/3/1978. CJ 78/2, 738'; RC - 14/10/1 98Q,
pluralidadc de credores}, 608" CC (ncção sub-rogutúria: cfr. RE - 7/3/1991" HMJ 405, 54ó). CJ ,80/4. 3ó: RI' - 4illfí9S1.13MJ :\21, 437: RL" :2315/1985. BMJ 354, 602: RE" 7/211991,
1410.", n" I, CC {;lÇçi).o de preferêuciu). 182:2°. n" I. e 18240', n" 2'. ce (acção de reconhecimento
da maternidade), 1846°. n" I, CC (acção de reconhecimento da paternidade) e 20';)I", n" I. ÇC ,~, Cfr. também Henriques da Graça. A legitimidade na acção de preferência, CJ 84/1. 29 ss.:
(exercíciu dedireitos da herança: cfr. RP -20/11\992. BM) 413. (13), AllcKat da tédaé~ão do Amlmés Ylir.e!a. An, ST1 - 3/311983, RLJ 120 ( 1987/1 9g8-), 22 ss ..
esc.
art" 257°, ,ti" 4, IIacção de destituição de urngerente deve-ser proposur contra ;i S(ickdal!c
e o gerente destituendo: ,RP - 7/6/1994, BMJ 438 .• 551.
A competência e as partes 159
de separação de bens (urt" I 682°-A. n° I. ce: cfr. STJ , 18111l995, 8M1 443.
282).
8MJ. 404, 528; também quanto ao lugar paralelo da acção pauliana sé entendeu que
o alienaote. não tem de ser demandado, podendo :J acção ser proposta apenas contra o Note-se que o litisconsórcio activo entre os cônjuges pode ser substi-
adquirente: STJ - 1011211991, BMJ 412, 406. Note-se que o urt" 2Ho-A. na versão do art" I" tuído pela proposituru da acção por um deles com o consentimento do outro
DL 329-A/95. de 1.2/12. estabelecia urna orientação concordante COIll li da jurisprudência. (art" 28ô-A, n" I l. o que constitui uma situação de substituição processual
maioriuiria. voluntária. Se II cônjuge não der o seu consentimento para a propositura da
acção, o outro pode supri-lo judicialmente (art" 28°-A. n'' 2), utilizando para.
A orientação majoritária 'merece acolhimento. A oponibilidude da pre- tanto [) processo regulado no art" 14,25".
ferência exercida pelo terceiro tanto ao alienante. como ao adquirente, justifica
que ambos devam ser demandados, ainda que só a este último seja pedida a
c. Relativamente fi demanda dos. cônjuges, o litisconsórcio é necessário
entrega da coisa.
quando o objecto do processo for um facto praticado por ambos os cônjuges,
uma dívida comurricável, um direito que apenas pode ser exercido por ambos
o titular de uma hipoteca constituída pelo comprador não tem de ser demandado na acção
de preferência: STJ " 17/311993. CJ 931'2. I L .
os cônjuges ou UIl1 bem que só por eles pode ser administrado ou alienado,
incluindo a casa de morada de família (art" 28°-A, n° 3). Podem referir-se, como
exemplos, as acções respeirantes a dívidas con traíd as. por ambos os cônjuges
2.2. Lirisconsórcioentre cônjuges
(art" ZW'-A, n" 3 l" parte: art" 1691 o,nol, aI. ai, CC), pelas quais respondem
a. Quanto ao litisconsórcio necessário entre os cônjuges, há que analisar os bens comuns do casal e. subsidiariarnente, os bens próprios de qualquer
O disposto no art" 28°-A, nOs I e 2 (acções que devem ser propostas por ambos dele~ (art" 1695", n" I, te), as acções referidas a dívidas contraídas por
os cônjuges) e 28°"A, n" 3 (acções que devem ser instauradas contra ambos um dos cônjuges mas pelas quais respondam os bens comuns' do casal e,
os cônjuges). Relativamente à propositura da acção, o litisconsórciu entre os subsidiariamentc. os bens pr6pri(r~ de qualquer dos cônjuges (art" :28°-1\,
cônjuges e
necessário quanto a direitos que apenas possam ser exercidos por n" ;l 2" parte; an" 1691°, n" I, alas b), c), O).e é), te). as acções rela-
ambos -ou a bens que só possam ser administrados ou alienados por eles, tivas a bens que apenas ambos Os cônjuges possam dispor (art" 28"-A,
incluindo a casa demorada de família (art" 28°-A, n° I). Para se saber quais n? 3. 3" parte; arr's 16K2". nOs I e 3, 16K2°-A e 1682°-8 CC: cfr., V.g.,;
são esses direitos e bens, há que distinguir entre asacçõesreluti vas a actos ele RP - 12/1/1993, Cj 93/1, 20m. Pode assim concluir-se.vque o Iitiscon-
administração e a <IClOS de disposição. sórcio passivo entre os cônjuges acompanha <I responsabilidade patrimonial
pelas dívidas e a disponibilidade substantiva sobre os bens em causa na
b. Nas acções relativas a actos de administração, o litisconsórcio activo acção.
é necessário quanto aos actos de administração extraordinária de bens comuns
do casal (art" J 6786, n° :3 infine, Ce). Assim, por exemplo, urna acção cujo () art" 2H"·,A, n" ~. aI} referir-se a divida', cmergenres de facto praticado por ~11l dos
cônjuges """ em que se pretende. obter '\II11a decisão suscepuvel de ser executada sobre bens
objecto seja o arrendamento de um bern comum por um prazo superior a seis
COIllII!), ou bens próprios do outro cônjuge, poderia levar a entender que. se o. autor não pre-
anos (que é um acto de administraçãoextraordinária, art" 1024°. n" I. Ce) só
iemlcr assegurar a execução desses bens, pode instaurar a acção apenas contra Ó cônjuge que
pode ser instaurada por ambos os cônjuges. Nas acções referidas a actos de contraiu a dívida, M,!, não assim; '0 princípio
é é o de que o litisconsórcio acompanha a.
disposição, o lijlsconsórcio activo é necessário quando o objecto do processo responsabilidudc patrimonia) pelo pagamento da dívida. peloque, se por esta forem rcxponsávcis
for, nomeadamente,um acto de disposição de bens móveis comuns adminis- I:>CIlS comuns uu bens próprios do cônjuge não 'contratante (art" 1,695" CC). devem ser
-dcrnandatlos ambux os cônjuges. O mesmo acontece quando O' bem integra (ou pode integrar)
trados por ambos os cônjuges (arr? 1682°, n" I, eC), de bens móveis utilizados
o putrirnóni« t:OIl1UI1l: assim. por exemplo, na acção de preferência relativa à compra. de um
conjuntamente por ambos os cônjuges na VIcia doméstica ou profissional imóvel deve demandar-se. além do adquircntc, ,) seu cônjuge, ainda que não outorgunrc na
(art" J 682°,. n° 3, al. a), CC), de bens móveis pertencentes exclusivamente ao respectiva escritura, se os CÚiljUgCS forem' casados no regime de cornuuhüo de bens ou .dc
cônjuge nãoadministrador (art' 1682°, n" 3. al., b), Ce), da casá de morada de "üquirit.los(STJ - 10/1211985. BMJ 352, 285).
família (art" 1682°-A, n" 2, ee) e ainda de bens imóveis próprios ou comuns
e de estabelecimento comercial, salvo se os cônjuges forem casados no regime
r r r r r r
A competência e as partes 161
4. Litisconsórcionatural
o htiseonsõroio necessário definido pelo art°Z8°·A, 0° 3, também pode:
operar depois da díS501ução, dedatªção denulid4dc ou anulação do c4sa- 4.1, Orientação legal
mento.T'ara tanto basta que o acto tel1ha$ido prat1cíld.o pelos ex-côujuges
a.. O lirisconsórcto necessário natural é aquele que é imposto pela
00 que, apeSar da cessação do casamento, ainda Mo .se tenha realizado realização do efeito útil normal da decisão do tribunal (art? 28", n" 2).
a partilha de bens entre e1é$..Em qualquer dos casos, podesuceder que A concretização deste referido efeito útil normal suscita muitasdificuldades,
também deva ser demaodadQ, se qualquer dosex-cõnjuge» ff3spüosáveis Podeentender-se queo lItiscOllsórcianaturálsó exi~te quando atGPartição
tiver contraído novü cas:;tmel1tO,o seu cônjuge actual, i10mea,damellte por- dos vários interessados pôr .acções dí~tint:;tsimpeçl\ Ul11acomposlçãq definitiv.a
que imp()ft:;tdelimimr 0$ bens do ex-cônjuge perante os bens do 110Vo casal (:jotre <\S partes dil.causa 171, Por exemplo: numa acção de diyi,são de CoiSa
ou os benspróprios do seu c.:Ôllj\lge(dI'. RL - I()/411981, BMJ 311, 4n == comum ~õa il1tervçnçâQde tod.O$os interessados pode compor definitivamente
:= CJ 81/2, 190), <.1situaçãoentre todos os corrrproprietãríos, porque qualquer divisão realizada
entre apenas alguns deles é necessariamente incompatível com uma nova
divisão entre quaisquer outros.
3. Litiseonsôrcio c.:(H1veoclonal Mas também pode defender-seque o liusconsórcio é natural não só quando
a repartição dos Interessados por .acções diferentes impeça a composição
o Jitisc.:on$órtio necessário convencional é aquele que é i rnposto pela definitiva enírea« partes, mas também g'üalld.Of.lrepartição dos lliteressadQs
estipulação das partes de um negócio jurídico (art" 28°, n° I); Para a [)i)t acções distlllttis PO~sltob.stata uma $oluçãQunifortn.e entre todos os .int~"
determinação do âmbíto deste Iitisconsórcio convencional há que analisar o tessados. M~jrl1.p()rexetTlplü. fla acção de allulação do testamento, a sentençª
regime das obrigações divisíveis e irrdivisíveis. ~l ptqferir ~ó produz o seU efeito útil normal coma intervenção de todos os
Sea obrigação for divisível, o Iitisconsôrcio ê, em princípio, voluntário, interessados, porque só essa participação comum assegura uma decisão
porque, se não estiverem presentes todos os interessados activos ou passivos, uniformeemte eles (STJ - 28/2/1975, BMJ 224, 235).
otribnnal conhece apenas da quota-'parte do interesse ou da responsabilidade
dos sujeitos presentes em jurzo (art" 27°,n° I 2" parte). Assim, quanto a uma b. Segundo a dettrrição.Iegal do artO2$Ó, nÓ2 2~ parte, O ekito útí! nor-
obrigação divisível, oIitisconsôrcio só é necessário se as partes estipularam que mal é ntingidó quando sobrevém urna regulação defihitivadasit\lü~ão concreta
o seu cumprimento apenas é exigfvel por todos os credores ou a todos os dasjlütté$ (e sóddas) quanto ;).0objeCto do processo. De:açotdo c(>m arnesmã
devedores. definição. o efeito útl.ll1orrn~1 pod~ser conseguidoninda que não estejam.
Quanto à obrigação indivisível, (por natureza, estipuluçâuTcgul nu presentes todos os interessados oudíto de outra forma, a ausência de um deles
convenção das partes), há que distinguir entre a plurulidade de devedores e a nem sempre constitui um obstáculo a que esse. efeito possa ser atingido: é o
de credores. Se. forem vários os devedores, O art" 53Y, n~ I, CC estlpula que que resulta do facto de nessa deflrriçãn xe admitir expressamente anão
o cumprimento só pode ser exigido de todos eles, pelo que, quantouesta vinculação de todos os interessados.
hipótese, vale um Iitisconsórcio necessáriu legal e, por isso, o caso não se pode Assim. deve concluir,$e que decorre do an° 28", 0.9 2, 2~ parte, qUe,oa.
enquadrar no litisconsúrcio corrvencional. Pelo contrário, se houver uma determinação do litiscousércio, relev.a ape.lla~a.evclltuálid.ad.e dea senn;nça não
pluralidade de credores, o art" 538°, n° I, ·CC dispõe que qualquer deles pode ç()mp()r d~fitiitivamente a sitlJação jurídica d.as partes, por esta poderse.r
exigir a prestação por inteiro, resultando daí que, na falta de estipulação das t(f~çJada pelu .soluçãü dada numa outra aqção entre optras partes. Deste modo,
partes, o Iitisconsórcio de vários credores de uma obrigação indivisível é o c.(itério legal impõe que, numa acção de divisão de uma coisa comum, seja
meramente voluntário. Por isso, relativamente a uma obrigação lndivisivel, Q
(7i Assim. }.1Wl1w! de Andrade, Signiflcudo da expressão "efeito útil. normal" da decisão, na
htisconsôrcionecessãrio convencional só se verifica ~e for estipulado que essa
doutrina dp litisconsércio. SeI 7 (1958),185 ss..
obrigação apenas pode ser exigida por todos os credores.
A competência e as partés i63
162 A competência e as partes
necessária a intervenção. de todos osinteressados (RP - 8/7/1982. CJ 82/4.2(5), consórcio natural tambémse impõe quando a presença em juízo de todos os
pois que qualquer outra divisão da mesma coisa afectará sempre a divisão inieressados seja necessária para garuntir Uma decisão un iforrne entre ele~, isto
efectuada na primeira acção; o mesmo se. pode dizer quanto a urna acção de é, quando a ausência. de qualquer dos interessados possibilite urna nova acção.
alteração da regulação do. poder paternal, que, quando seja proposta pelo sobre a mesma relação e possa originar decisões contraditórias entre eles
Ministério. Público, deve sê-lo. contra ambos os progenitores (Asxento/S'I'I (STJ - 9/2/1991. CJ 93/ I, 143). Segundo esta concepção, são exemplos de
6/95, de 10/ 10). Em contrapartida, esse critério não impõe o. litisconsórcio numa litisconsórcio natural as seguintes situações: a acção de declaração. de nulidade
acção de anulação. de um testamento, dado. que a sentença (absolutória ou da venda de um imóvel deve ser proposta po.r todos os herdeiros do vendedor
condenatória) proferidanuma acção entre alguns dos sucessfveis não é (RL - IH/2/1976, CJ 76/1, 239); a acção de declaração de nulidade, por
incompatível com qualquer outra decisão proferida numa acção com outras simulação. da alienação. de um lote de acções deve ser instaurada contra todos
partes (contra, STJ - 28/2/1975, BMJ 224, 235). os simuladores (STJ - 16/7/1985, BMJ 349, 405); a acção. de preferência deve
ser proposta por todos os contproprietãrios (RP - 3/4/198'6, BM! 356; 440;
4.2. Orientação. jurisprudencial contra. RC - 3/1 I/l9S I, CJ 81/5, 55): a anulação decontrato-promessa de
compra e venda deve ser requerida por todos os promitentes compradores
Importa reconhecer que a aplicação. jurisprudencial do regime do litis-
consórcio. natural tem seguido. uma orientação diversa daquela. que resulta da (STJ - 18/2/1988. BMJ 374; 4(0): na acção. na qual se pede à declaração de
Iei. Assim, de acordo com essa orientação, o. litisconsórcio natural verifica-se nulidade de um contrato de compra e venda é; necessário demandar todos os
quando, sem aparticipução de todos os interessados. não é possível uma. lntcrvcnicntes nesse negócio f'RC -17/4/1990, 13MJ 196, 447). Pode assim
composição definitiva dos .seus interesses, o. que corresponde indiscutivelmente dizer-se que a jurisprudência tem imposto o Iitisconsórcio natural quer por
à situação prevista no art" 28°, n° '2. Por exemplo, a acção de divisão de coisa razões de computibilidade lógico-jurídica, quer por motivos de coerência
comum tem de ser proposta por um ou vários cornproprieiãrios contra LOdos prática.
os-demais (RP - 8/7/1982, C.J 82/4, 205); a acção de prestação de contas deve . Esta orientação jurisprudencial é de duvidosa conjugação com a. definição
ser proposta por todos os interessados, porque li falta de qualquer deles pode legal doart° 2So, n° 2 2" 'parte, porque, segundo esta, o que releva é que a.
impedir que á decisão proferida seja definitiva (cfr., v. g .• nc -
10/5/1994, decisão entre as panes da acção (qlJaisquer que elas sejam) não possa ser
BMJ 437, ;'590); a acção de reivindicação de urna fracção autónoma de um afectada por 1I11Üt olltr,lprofetido, liUITIaoutra causa .e não que todos 0$
imóvel em propriedade. horizontal, com fundamento na sua ocupação. <:<)n10 interessados devam estar em juízo 01,1 que entre eles tenha de verificar-se uma
parte comum, pelos condóminos; tern. de ser proposta contra todos. eles (STJ • decisão uniforme. Além disso,aquel,a orientação pode defrontar-se com
15/1211981, BMJ 312.258 ::: RLJ 117 (1984/1985), 349 (com anotação algumas dificuldades práticas. Uma delas refere-se à possibilidade dó conhe-
concordante de Antunes Vare/a)): li acção. em que se pretende a declaração cimento oficioso de certas matérias. Suponha-se, porexemplo, que o tribunal,
de que o logradouro do prédio é parte comum deste (e não propriedade usando da faculdade. prevista no. art" 2860 ec, suscita oficioxarnente questão
à
exclusiva deum condórnino) deve ser proposta por todos os demais condóminos da nu] idade do aeto jurídico numa acção em que não são partes todos, os.
(RC -28/11/1989, BMl 391, 7(7); a acção de petição de herança indivisa tem interessados: de acordo com a orientação jurisprudencial sobre o litisconsórcio.
de ser proposta não só contra o possuidor dos bens, mas também contra o seu natural, essa nulidade só pode ser apreciada, mesmo. oficiosamente, com a
alienante (RP - J9/1/J990, BMJ 396,430); a acção intentada pelo Ministério presença de todos esses interessados (assim expressamente, STJ - 28/4/1987.
Público para alteração da pensão de alimentos devida a menor deve ser proposta BMJ 366, 488). () que cria um dilema de difícil solução: ou o tribunal deixa
não só contra () devedor dessa pensão, mas também contra o. progenitor que de apreciar essa nulidade pela falta de algum interessado na acção, oque se
tem a seu cargo a guarda do menor (Assento/S'TI 6/95, de 10/1 O). traduz numa importante restrição dos seus. poderes de conhecimento, ou o
Sobre o litisconsúrcio natural nas acções de prestação de contas. ctr. também S1'J • tribunal convida as partes fi promover a intervenção cios interessados ausentes
26/6119110, BMJ 298. 27<); RL - 2.8/11 Il 98.0. CJ 8015. 25: RP· IO/SII')!; .•. BMJ ~37. 412:
RE - 121711986. BMJ 360. 675: ST1· 9/211993. CilS 93/1,143.
r r r r f
igualmente unitãrio, porque a causa não pode ser julgada procedente quanto
(cfr. art° 265°, n° 2), o que significa colocar na disponibilidade delas a à um dos cornproprierãrios e improcedente quanto a qualquer outro. Outro
apreciação efectiva de uma matéria de conhecimento oficioso. exemplo: ~e váríoss.ói.:iQS de urna mesma sociedade propuserem autono-
mamente várias,tcções de anulação de urna mesma deliberação social
Quanto a este exemplo, importa ainda acrescentar o seguinte: o réu seriu a parte que deveria (cfr. arr" 59°, n° 1., eSC), todas elas devem ser apensadas naquela que
.ser convidada a promover li intervenção dos restantes interessados, porque seriaele que
tiver sido primeiramente instaurada (art" 60°, n° 2. CSC); este regime des-
beneficiaria com a absolvição do pedido decorrente daquela nulidade (cfr,'artQ 493°. nO 3): mas
se o réu se recusasse a promover aquela intervenção, o autor' deveria ser absolvido da instância, tina-se exactamente a assegurar uma. decisão uniforme entre todos os litis-
por ilegitimidade da parte passiva decorrenteda preterição deum lilisconsórcio necessário, quanto consortes.
.à refcridu nulidade (cfr, anOs. 494°., al. e), e 49jo. 11° 2). Este estranho resultado rnustra que .1 A extensão do caso julgado a terceiros é frequentemente determinada por
construção que a ele conduz não é aceitável.
razões relacionadas com ti coerência entre situações jurídicas (lu com a har-
monia entre contitulares de uma mesma situação. É por isso que, por exemplo,
o caso julgado favorável ao fiador beneficia o devedor (art" 635°, n° 2, CC)
V. Lltísconsõrcío unitário ou que (1 caso julgado a favor do devedor ou do credor solidário se estende
aos demais devedores ou credores (arr's 522° e 531 CC). Sempre que se. prevê
0
l. Enunciado uma tal extensão, admite-se um lítisconsórcio voluntário .•porque ela demonstra
que nem todos os interessados têm de estar conjuntamente em juízo, e unitário,
o litisconsórcio unitário é aquele em que a decisão do tribunal tem de ser porque, caso estejam, a decisão tem de ser uniforme para todos eles.
uniforme para todos os litisconsortes (8). Este Iitisconsõrciocorresponde a
situações em que o objecto do processo é um interesse indivixível, pelo que
sobre ele não podem sei' proferidas decisões divergentes, 3. Litisconsórcio necessário
A uniformidade da decisão relativamente aos litisconsortes pode resultar
quer da identidade doobjecto, quer de uma relação de prejudicialidade entre
o litisconsórcio unitário também pode ser necessário. Suponha-se que o
presumido paiinstaura, contra o filho ea mãe, uma acção de impugnação da
vários objectos. Quanto à primeira hipótese, pode dar-se como exemplo a
paternidade; esse lírisconsércic é necessário (art" J 846~, n° 1., eC)e unitário,
decisão proferida entre os sócios que propuseram a acção de anulaçãe da
porque essa acção de impugnação s.ó pode ser procedente ou improcedente
deliberaçãosocial ou entreos cônjuges demandados na acção de anulação do
simultanoamentecontrà ambos os demandados .
.casamento; relatlvamente.ã segunda, vale COrno exemplo a conformidade
Por VCZCi;, à origem necessária do litiseonsórclo fundamenta-se preci-
necessária entre a decisão condenatõria do devedor é do fiador e entre ti
samente na necessidade de garantir a uniformidade da decisãoentre todos os
crmdenação do causador do dano e da seguradora. Como se verifica', o
interessados, Não é difícil verificar que são várias às situações de litisconsórcio
litisconsórcio unitário pode conformar-se tanto em casos em que ele é volun-
necessário legal que se fundamentam na necessidade de assegurar uma decisão
tário, como em situações em que é necessário.
uniforme entre todos os interessados (cfr., v. g., artOs. 419°, n° I, 500°, n° I,
535'°, n° I, 1822°, nO 1,1824°, n° 2, (846°, n" I, e 2091°,no I, CC). Expressão
2. Litisconsórcio voluntário do Iitisconsércionecessário baseado na uniformidade da decisão é também o
Iitisconsórcio natural (art° .28°,n° 2).
São pensáveis situações de litisconsórcic unitário voluntário. Se, por Convêm acentuar, nó entanto, que nem todo O Iitisconsórcio necessário é
exemplo, vários c.prnproptietários propusetcm urnaacção de reivindicação unitário. P()I' exemplo; sI:] aspattes estipularam que a ç1íviúa só pode ser exigida
contraum detentor, o Htisconsórcio é voluntário, porque a acção podia ter sido de ambos os devedores e se, portanto, construíram uma situaçãnde litis-
proposta por um único dos cornproprietários (art" 1405°, n° 2, CC)" mas é consórcio necessário convencional (cfr, art° 28°, n° I), isso. não impede que,
IK) Sobre este Iitisconsórcio, cfr., em especial, Barbosa Moreirn, Liuxconsórcio unitário (Rio
se um dos devedores demandados puder invocar contra o credor a cxtinção da
1972).
A COI7IP,'Têl/cia e as purtes 167
l66 A CIIl111l1!Têni'ia e as portes
decisão de absolvição óainstândil (art" ;2690, n" 2), quer pelo cônjuge dcrnan-
peh)1ite qualquer opção da parte, pois que aacção tem de ser proposta por todos dado (art" 325°, n" I l,
ou contra topos O;; interessados, Importaassim determinar como pode uma parte
Na consideração de que a intervenção principal ~tócônjuge não dernandadoprovocada pelo
ultrapassar uma recusa dos dernais interessados em proporem, conjuntamente
cônjuge réu (art'' 325". 11" J) representa urna forrnu de sanução da ilegitimidade do cônjuge
com ela, U acção: tem-se entendido que essa parte pode instaurar sozinha a demandado parte-se 00 prineiplo de que li responsabilidade dos bens comuns do casal pelus
acção e, simultaneamente, requerer a intervenção principal, como autores, dos dívidax comunicúveis (arl' 16'15", h"l. CC)nJoes(á. na disporribilidade do credor. que, por issll,
demais interessados (art" 325°, n'' l rcfr. RC - J8f1211984,i3MJ 342., 446: não pode uccionur "penas 11m dos cônjuges, desistindo da garantiudad» pelu possibilidade de
RC - 11112/1990, CJ 9015, 67). executar ü parrimónio cOI1)PI1l.P;)t·çilldq de outra base e theg,lridü a diferentes conclusões,
ctr. Al1>ctl!i (li!s l,ú\" C6dlgüde Processo Civi) "J1qtaIJoI J (Coimbrn 1948). 454 s ..
A pluralidade de partes reJntivamenteàs quais o Iítis<;.oI1sorció éImposto
pode ser aetivaou passiva. Normalmente, () Iit!~c()tisÓl'cio é iI11P(lst() II um4
Nas demais situaçõe~ dê Iitiscot\S<ÍrciQneccssário, a ilegitimidade (activa
pluralidadc deauttlres ()U li um autor relativamente a uma plura\id4qe de réus.
ou passiva) é sanável mediante a inwrveoç;ão pí'iricipul provocada da parte cuja
Mas o Iiti~COn$órçio também pode ser Imposto a umnpluralidade de réus ou a
falta gema ilegitimidade (art°2('>9°, na I). Essa itttervellção é.admissivel mesmo
um réu quanto a. uma pluralidade de autores: é o que sucede quando a dedução
depois do trânsíto emjulgado do despachosaneador que apreciou a ilegi-
de uma excepção peremptória ou a apresentação de um bedidàTeeonvenCional /
timidade, situação em que a instância se (enOvl! Carf2Q()O,hO 2).
só é admissível por vários réus ou contra váríosautores. Nestescasos, () réu'
da acção deve solicitar a intervenção principal dos demals co-réüs OLi dos
restantes eu-autores (cfr. art" 32.5°, n" I).
U.PQ~jção dos Iitísconsortes
2. Efeitos da preterição
I. Distinção
a. Quanto aos efeitos da. sua não ennsrituição, no caso do llhseonsórcio
voluntário verifica-se apenas o desaprcveíternentodecertos benefíCiós ÔLI o art° 29° estabelece a seguinte diferença emte o litisconsõrcío vol unlário
vantagens, mas na hipótese do litixconsôrcionecessário cOhfürmil-se (l ilegi- ec nccesxtiriocnquuntono litisconsórcio nec.essãtio a$ partes se. apresentam
timidade da parte (activa ou passiva) que está em [uízo dexacompunhud« dos externümentêçomo uma iinica parte (art" 29° Ia patteJ, O() linsconsórcin
demaisIrueressados (cfr. ,ln° 28°, n° 1), Assim, se, I1UIl1,1 .siwaç50 de litis- vb!ul1t.át'io as partes mantêm uma posição de au(onomiu (;IrtO 29" 2" parte).
cO(lsôrcioconvenie!Ue, o credor demandar apenas um dos devedores conjvntos, Assim, segundo eSJe critério, as. partes de um Jitisconsótuio n.ecessári(jcQr)1.\.Jn-
ele só obtérna condenação do réu no cumprírnento da sua quota-parte (art"27°, gam de um <Je~tin~)comum e as de um lhisconsércío voluntário ri1allt~l1illtna
nOI 2" parte); pelo contrário, afalta de qualquer-parte, activa ou passiva, numa posição deautonomia,
hipótese de litisconsórcio necessário determina sempre a ilegitimidade da parte
ou partes presentes em j uízo (art" 28", n" I). 2. Concretizaçâo
b. A ilegitimidade proveniente da pretetiçàode litiscon~ôrci() necl:!ssál'i() A distinçiló estabelecida no urt" 29°justifícu os pjfetent0s l'égitnê$ que se
é sanável, embora haja que distínguiro IitisconsórCi() relativo ~\()S cônjuges das encontram n(\.!.eiell1 matéria de {alta de citação (urt" 197"), de separação
do
demais hipóteses. pedido JéconVencl!lh<t1 que envolve aintervenção de terceiros (art" 274°, n" 5),
No litisconsórcin entre Os cônjuges, a llegitimidaclcuctiva é.samível de confissão. de~istênçial)U transacção (art'' 298°), de aproveito do recurso
mediante a obtenção do consentimento do outro cônjuge ou o seu suprimento interposto pO.I'um dos litiljóôl1s0rtes(att" 683<1, n° I) e de exclusão pelo
(art" 28°_A,n° 2): a .ilegitimidade passiva é. sanável através du jntcr- recorrente de algum dos litisconsorres vencedores (art" .684", n° 1). Uma outra
venção principal do cônjuge não presente, provocado quer pelo autor da acção consequêncla.da autonomia entre os litisconsottes voluntãrios encontra-se no
(arr" 269Q, 11" 1), mesmo nos 30 dias subsequerues ao trânsito em julg.\do da
li competência e as partes 171
A autonomia dos litisconsortes voluntários possibilita qlle. umdelesseja testemunha de o art" '2<)0 estabelece que, no lirisconsórcio necessário, as partes se
urna comparte. <, <.jUC. cont(ldo.. só pode suceder rclutivnmente .u tactos sopre .,s quais o aprcsenrarnexrernamentc como uma única parte e que, no lirisconsórcio
litisconsorte não possa ser chamado a depor COl11o parte (arl"617°), voluntãriu, elas mantêm uma poslçãc de autonomia. Esta distinção parece
concretizar-se em algumas díspcsições avulsas. Assim, no litiaconsôrcio
A comunidade constituída pélaspnt.te~ de um 1iti:.;qjll,~qtCiü necessário voluntário.çada parte pode desistir ou confessar a quota-parte do pi:)dido ou
verifica-se também quanto aos pressupostos pr{jCessUl\Íf;,no sentido de que esse transigir sobre essa quota-parte (ar\" 2,98'\ n" 1), Q reéurso interposto por alg1üua
litiscOns6rck) exige que eles estqjam preenchidos em relação a. lodos os das p:lrtes venCÍdi\s não aproveita, em regra, aos nãp recorrentes (an° 683°i
nti~consOttes. Na verdade, se fultar um dos pressupostos que afecta um dos n°l)co recorrente pod~cxçluir do recurso alguma das partes vence-
!iti$con$ortcs·c se isso determinar a sua. absolvição da instância (por exemplo, doras(attO 6Mo. n" I);em ccntrapartlda, no litisconsôrcie necessário, a
pQtinçapacidade judiciária. do réu não sanada pelo autor, artQs 494°. a). c), e confissão. desistência ou ttansaeção só podem ser realizadas com a jnter-
288°, n" I. al. cj), 05 demais Iiriscnnsortes deverão ser ab5(1IViÔ1ispçJ.r venção de todos os Iíttsconsortes (nrt" 298", n° 2), o recurso interposto
ilegitimidade, dado que aquela absolvição os tnrrtouparres ilegítimas; Si:)Q por qualquer dos Iitisconsortes aproveita sempre aos demais (art" 683", n? I)
litisconsómio se verificar na parte activa, é o réu que di:)Yera ser aJjso)vidq da e. () recorrente nunca. pode excluir nenhum dos litiscõnsórtes vencedores
instância, com base najlcgitimidade dos .Mote$. (urt" 684", n" 1).
Aparclltemeí1te; e;;t~ regirnedetnonstra que, rlqljtiscon$órçío voluntãrl«,
a decisão podeser diVersa pam cada um .d()~ Iitisconsortes e que, no litis-
3. lrrelevâneia cOnSÓrcio neecs~;irio, tal nunca se pode verificar. Importa testar a correcção
desta conclusão.,
Nem sempre releva, quanto à posição recfproca das parte~jadhtinçãq
entre o.lifiseonsórclo voluntário e o necessário, Asshíl, por eJ\.emplü, as citações
e notificações devem ser realizad.as a cada um dos litjsGonsprtes, indepen- 2. Orientação doutrinária
dentérnentê deentre eles existir um Iitisoonsórcio voluntário ou necessárío
a. O ütisconsdroto unitário é aquele.am que.a decisão proferida pelo tri-
(cfr. ürlo J 9Jó proémio).
bunal tem de ser uniforme para lodos os Iitisconsortes, Como se verificou. esse
Aorige11J dl1(ítíscons6rcio também.élrrelevanre quanto.aoaprovelramentn
litisconsórcio é independente da sua origem veluntária ou necessádil, oque
da contestação de um dos litlscansortes, pois que esta aproveita sempreaos
decorre da eitcunstârrcia de a uniformidade da decisão entre os Uttscpnsortes
demais réus, .não relevando se o litísconsõrcio éneces.sârlo ou volumádo
não seI' condiCiOriada pela origem do lítiSÇon$ótcio"Pôrexemplo: o litis-
(art" 485". al. a». Idêntica extensão vale, por maioda de raz'ttü. pata O ca~() de
c()nsorciü necéss;irto c()nve·t1CiOnal entreos devedores (çfr. art" 28°, n° I) não
algum doslirrsconsortes não cumprir o ónus de impügnação (;1rIO 490°. n° I):
Qbsta. à ÍliVO(;<!ção pôr um dCl~s do pagamento da sua quota-parte; o litis-
também nesta hipótese o Iitisconsorte que llãoÍlnpug,l1Ou certo façto beneficia
consótç(ü VOluntariQ entre Os sócios nurnaucçãn de anulaçãode uma deli-
da sua impugnação por um outro réu.
beração social (cfr. art" 59°, n° I, esC) requer a uniformidade da decisão quanto
Também quanto à ptodução da prova pelas partes e àsua apreciação pelo
a todos, pois que a deliberação não pode ser válida quanto a uns e inválida
tribL(p.:íl,nâO há qUe distinguirerrtre o lirisconsórcio voluntário e o. necessário.
quanto a outros. Seria, por iSSQ, estranho que a lei procurasse assegurar a
A prova de um facto comum aos htisconsortes beneficia todos eles, excepto
uniformidadeda decisãoapenas 110 liÜscP(lsórcip tlece$.sárioe dól~de~jstissé
no caso deo facto ser confessado por um deles (art0353°. n° 2, c:;C), A apre-
sempre no litlsconsóróio voluntário, porqueo ]itiséonsórcio necessário pode nãu
ciação da prova de um facto é igualmente uniJátia para todos os litisconsortes
(cfr. STl - 27/J 11l990, BMJ 40 L, 536).
í
necessário. mas apenas aquelas elil que esse Iitiseonsórcio, além de necessário,
é igualmente unitário.
implicar a homogeneidade da decisão e o litisconsôrcio voluntário pode não a
dispensar. Finalmente. a exclusão de um dos litisconsortes recorridos pelo recorrente
(de art" 684", n" 1:23 parte) sóé pensável nos casos de Iitísconsórcio simples,
Assim, nos preceitos gue,se referem ao c()nt~údod~1 deçisã.o e que
ouseja, nâo éadrnissfvel nas hipóteses de litisconsórcio unitário. Se, por
procuram diferenciaras situações em que ela deve se)' uniforme para todos OS
exemplo, a sociedade demandada recorrer da decisão que anulou a deliberação
litisconsortes ou pode ser distinta para cada um deles, onde se fala ele
social, esse recorrente não pode excluir do recursoum dos sócios que propôs
Iitisconsórcio necessário ou voluntário, dever-se-ia antes falar de litisconsórcio
a acção, porquequalquer que venha a .ser a decisão do tribunal derecurso, ela
unitário ou simples. Esta verificação coloca o problema da possibilidade de
é sempre extensível a todos Os sócios (cfr. arr' 61°, n° 1, CSC). Assim, quando
correcção pelo intérprete das referências legais ao Iitisconsórcio necessário ou
o art" 684°, n° I 2a parte, exclui a restrição subjectiva do recurso a alguns dos
voluntário.
litisconsortcs vencedores quando o lirisconsorte for necessário, está realmente
a referir-seao litisconsórcio unltárlo.
b. O Intérprete não pode. considerar o pensamento legislativo que não
Em conclusão: o que releva para a aferição da extensão do recurso
tenha na letra da lei Um mínimo de correspondência verbal (art" 9°, n" 2, CC),
interposto aos. não recorrentes, e para a admissibilídadeda restrição subjectiva
pelo que não é possível considerar, sem mais, que, onde se fala de litisconsõrcio
do recurso a alguM dos lltisconsortes vencedores rtão é.a origem voluntária ou
necessário ou. voluntário, se. deve ler litisconsôrciounitárlo ou simples. Mas é
necessária do litisconsórcíe, más o seu Carácter unitário ou simples. Portanto,
legítimo procurar na. lei indícios de que, quando esta se refere ao Iitiscorrsõrcie
nos preceitos acima analisados (os arr's 683°, nOs I e 2, e 684°, n<>I), <1
necessário ou voluntário, se está verdadeiramente a referir ao litisconsórcio
referência, feita ao litisconsôrcic necessário ou voluntário deve entender-se
unitário ou simples.
corno realizada ao Iitisconsõrcio unitário.
Nesta perspectiva, é especialmente elucidativo o estabelecido no art" '683°,
n" 2, al. a), quanto à adesão ao recurso: esta adesão, que a lei só considera C. Nos termos do art" 298°, a legitimidade para a confissão, desistência
adrnissfvel no âmbito do litisconsórcio voluntário, requer que o interesse do ou transacção depende da origem voluntária ou, necessária do Iitisconsórcio,
aderente seja comum ao do. recorrente. Portanto, esse preceito refere-se, de Trata-se indiscutivelmente de um preceito que se refere ao. conteúdo da decisão
modo implícito, a um Iitisconsórcin voluntário unitário: ê afinal a uniformidade (neste caso, da decisão homologatória desses negócios, arr" 300°, n° 3), pelo
da decisão entre os litisccnsortes, decorrente do seu interesse comum, que que também sé pode perguntar se a .distinção nele traçada entre. o litisconsõrcio
justifica a adesão ao recurso, pelo que esta. não é admissível se o litisconsércio flecessário e (j voluntãrio não deve ser conv(jlada para a oposição entre o
não for unitário. Sintomaticamente.a extensão do recurso aos nãorecorrentes litisccnsórcio .utlitátio e simples,
nos casos referidos no art° 683ó, n° 2, alas b) e c), baseia-se explicitamente na O arr' 298°, rio I, estipula que, nos casos de litisconsórcio voluntário, é
dependência do interesse do não recorrente em relação ao interesse do livre a confissão, desistência e transacção por cada um dos Iítisconsortes,
recorrente ou num fundamento que é comum a todos' os devedoressulidários quando limitada ao interesse de cada um deles. É nítido que este preceito não
condenadosr oque também mostra que o verdadeiro fundamento dessa extensão se refere a qualquer' litisconsórcio voluntário, mas apenas àquele .ern que o
é o litisconsórcio unitário que se verifica entre todos os vencidos. Portanto,o interesse do litisconsorte é autonornizável do interesse das demais compartes,
art" 683", n° 2, não se Tefere a .qualquer litisconsõrcio voluntário. mas apenas isto é, ele respeita apenas ao Jitisconsórcio simples. Assim, a validade da
àquele que é unitário. confissão, desistênciaou transacção não depende do carácter' voluntário do
Também a extensão do recurso ao não recorrente que se encontra prevista litiscorrsõrcio, porque, ainda que ele seja voluntário, aqueles negócios não são
noart" 6$3",ri(j I, deve ser objecto de uma interpretação restritiva: este preceito adrnissíveis quandoo litisconsórcío for unitário. Suponha-se, por exemplo, que
estipula que o recurso interposto por um dos vencidos aproveita ao litisconsorte dois sócios propõem uma acção de anulação de uma. deliberação social; apesar
necessârio que nãoé recorrente, mas parece evidente que essa extensão só é de o litisconsórcio ser voluntário (cfr. art° 59°, n" I, CSC), nenhum dos autores
possível na medida em que O interesse entre os litisconsortes seja comum. pode desistir do pedido, porque a decisão da causa tem de ser uniforme para
Portanto, o art" 683'\ n° I, não engloba, todas as situações de .litiscousórcio
A competência e as partes 175
174 A clJlflpelêricia e as partes
------~-------------
acessória, prevista nos art"s 330° a 341°,e a intervenção principal, regulada nos
todos os autores, isto é, porque o Iitisconsórcio entreesses dernandantes é urt?s J20°,~1 329 e j42.°a 359°). Quanto à intervenção
0
principal, ela ainda
unitário. comporta duas subespécies: a intervenção principal stricto sensu (art''s 320\1
O art" 298°, n" 2. exclui a confissão, desistência 011 transacção proveniente. a 329°) c a 0P<1siçÍio(artÓs 342" a 359°).
ou concluída por um dos litisconsortes necessários. Também aqui se com,
Rclunvnmcntcà anterior versão do Código de Processo Civil. as principais alterações
preende que o critério de validade do negócio processual não deva ser () da
introduzidus pela reforma na regulamentação das ,intervençõesdé terceiros foram ti supressão
origem necessária do litisconsórcio, mas o da uniformidade da decisão, pelo da nomeação il at~ã" (:Irt'~320' a, 324" CPC/61), do chamamento it 'àu(oria(arIOs art?s 325" a
que esse preceito não deve ser interpretado corno referindo-se.u qualquer JN' CPCI(,I) c uochamamento i! demanda (art', 330' a 3;34' CPC/61), a introdução da
litisconsórcio necessário, mas apenas àquele que é unitário, A própria lei admite intervenção acessória provocada (ar"'s 330· a 333°), que possui uni âmbito de aplicação par-
cialíncnte coincidente Ci1n1.II untig» chamamento à autoria. e a trunsforrnação dosembargos de
a desistência do pedidcpor umdes litisconsortes nccessúrios: o art" .419°,
terceiro PU!)l" das IlH),lal.idlldes U[l oposição (art"s 351°,,359'). Mantêm-se na nova versão do
n" I. CC dispõe que, pertencendoo direito de preferência simultaneamente a Clldigo de Processú Civil ti intervenção principal (agora regulada nOS art"s 320° a 3,29°}, O
vários titulares, ele Só pode ser exercido em conjunto por todos, mas admite ass!sté,itia (art"s )35"a .341°) c a ,()pl);;içl(~ (art~s 342' a Q5<l"), ,
que algum deles declare, que não o quer exercer; se esta declaração for realizada
na acção pendente, configura-se um caso de desistência do pedido por um
litisconsorte necessário. Portanto, o critério para aferir a validade da desistência 2. Intervenção espontânea e provocada
e da confissão do pedido ou da rransàcção na qual intervém um únicodos
litisconsortes é o carácter unitário ou simples do liliscon~órçÍü, A intervenção principal ou acessória pode $er\):~[lQnlâne-ª, (cfr.art\>s 32Qo
a 324°, 335 a 341°, 342"a 3460 e 35 l" a 359°Y9l.L.PJ9Y9Qàda (cfr. art''s 325":á
0
l. [nt,;rvWo ace~ria e principal Quanto ao' Ministério Púhlico. prevê-se uma intervenção provocada ex lege -no ano 334',
n" L NQ proccs"" civil, diferentemente, do que acontece nó processo, de trabalho (cfr.1itIÓ 29·,
Estando pendente urna acção, pode nela intervir um terceirtigue mostre aI. h), CPT)" não se conhece qualquercaso de intervenção provocada pelo próprio, 'tribunal,
interesse em ser abrangido pelo caso julgado da decisão ou em opor-se à
apreciaçãc da causa favoravelmente a uma das partes e pode ser chamado a A lei não prevê ql+l\lquercaso em que a intervenção provocada CO[-
intervir nela um terceiro que qualquer das partes tenha interesse em incluir no responda a um dever das partes da acção, mas conhece várias situações em que
âmbito subjectivo do caso julgado da decisão. Esta intervenção (orna () terceiro uma intervençãoespontânease verifica na sequência do cumprimento pela parte
parte da causa e, consoante a posição que ele passa a ocupar nela, pode torná- do dever de, levaro conhecimento da pendência da causa a um terceiro
'4k!;lmá p2.rte acessória.iséo terceiro apenas assume li posição de auxiliar de 'interessado (lltisdenuntiatiD). Tal dever recai, por exemplo; sobre o locatário
um autor ou de um réu, ou uma ~rilieipal, se Q terceiro faz valer um (art" 103&". al, h), CC), Q comodatãrio (art" 1135°, aI. g),CC), o depositário
direito próprio ou Se lhe é exigido O cumprimento de urna prestação ou o (art" I i&7°, al. b), çC) e o usufrutuãrioIart" 1475° CC). .
reconhecimento de' Um direito, Há, assim, que distinguir entre a intervenção
r
Acmll{Jerênc;(/e as portes 179
um terceiro que é responsável pelos danos produzidos no réu demandado pela 1" pane, CC); CÜI110 o fiador pode fazer intervir o devedor comuparte
procedência da acçãocisto é, de um terceiro perante oqual este réu possui, na principal (art" q41°, n° t 23 parJe, CC; art''s 325°, n" I, e 329", n° I),
hipótese de procedência da. acção, um direito de regresso. Assim, para justificar aquele demandado não pode provocar a intervenção deste como parte aces-
esta intervenção não basta um simples direito de indemnização contra um sória.
Assim, o principal âmbito de aplicaçãoda intervenção acésséria provocada
terceiro; torna-seainda necessário que exista uma relação de conexão entre o
objecto dà, acção pendente e o da acçãq de regresso. (cfr. art" 331°, n" 2 ;11 coincide com o direito de regresso decorrente de urna relação conexa com o
[ineí: essa conexão estáassegurada sempre Cjue,o objecto da acção' pendente
A competência (1 as [nines 181
180 A competência e a~ partes
A intervenção principal stricto sensu pode ser espontânea ou provocada. CC); peranteesta defesa do réu, o autor tem interesse em provocar ti inter-
A intervenção espontânea é admissivel nas seguintes situações:" quando venção deste outro proprietário, pois que, se não o fizer, corre o risco de não
pretenda .intervir um terceiro que, em relação ao objecto da. causa, tenha um conseguir a constituição da servidão em nenhuma das acçõespropostas contra
interesse Igual ao do autor ou do réu e que, por isso, possa constituir com ele cada UID desses proprietários.
um litisconsórcio voluntário ou necessário (art" 320", al. a»; - quando o terceiro
que deseja intervir possa coligar-se com o autor nos termos do art" 30° (mas o art" .274". n" 4. 'admite a chamada. reconvcnção inierveniente ' "": se o pedido rccon-
não, por isso, no regime da coligação subsidiária do art° 31°-B) e não se vcncional envolver outros que. possam associar-se ao reconvinte ou no reconvindo.
sujeitos estes
xujcin», podem ser chamado» à instância rcconvencional atravéx da intervenção provocuda. Muito
verifique qualquer obstáculo a essa coligação (art" 320°, al. b); sobre esse.
estranha é. tudaviu, a absolvição da instância prevista no art" 274°, n" 5. quer porque dá tem
impedimento. cfr. art" 31°). A intervenção espontânea 'pode ser. por isso. ror tuudumcnto. não li- falta de qualquer pr.essuposto processual (lu seque, o não cumprimento
litisconsorcial oucoligatória. de llll1 ÚTiIIS processual. mas o inconveniente grave na realizução <la instrução, dis,:uss~O e
julgamento da causa C()J11 todos os interessados. quer ainda. porque ·elii pode incidir sobre o,,
autores do pedidoreconvcncioual. Além disso. pode suceder que os reconvintcs absolvidos da
2.2. Intervenção provocada instância. para não perderem 0, efeitos substantivos decorrentes da pendência da instância
rcconvcncionul. tenham til.! instuurar uma acção autónoma num prazo relativamente curto
a. A intervenção principal provocada éadmissfveL nas seguintes hipóteses: (ürt° 2X.9". n" 2; art?s J27°. nO I. " .132". n" I, CC), O que originu li pendência simultânen de duas
- quando qualquer das partes pretenda fazer intervir na causa um terceiro como acções sobre () meSi!lO objecto, . .
seu associado ou corno associado da parte contrária (ar!'! 325°, n" IJ, ou seja.
quando qualquer das partes deseje chamar um Iitisconsorte voluntário ou b. Conforme resulta do disposto no art" 1'29°; n° I la intervenção princi-
necessário: - quando o autor queira provocara intervenção de um réu subsi- pai provocadu pode ter por finalidade chamar a intervir um condevedor ouo
diário Contra quempretenda dirigir o pedido (art" :325°, n" 2). () qi;1~- segundo devedor-principal. Assim. a i.ilt,ervel1çãciprOVOC[ld~lpode ~et usada para
parece ..;deve serpossível tanto em situações de 'liriscunsórcio .. como ele (j devedor solidãrlo, demandado pela totalidade da dívida; fazer intervir os
coligação, porquearnbas cabem na previsão do art" 31 o_B. Quando a inter- outrox condevedores e para o fiador demandado chamar ao processo o devedor
venção provocada permite a integração de um litisconsórcio necessário. essa principal ou os outros fiadores. Note-se que, esse terceiro também pode ser
intervenção sana a ilegi limidade decorrente da sua falta (anOs 28°, n" I. e chamado a intervir por iniciativa do autor (art" 325:ó, n° I).
269ó, n° I) .. Quando o devedor solidário demandado pela totalidade da prestação
provoque a intervenção dos demais condevedores, a intervenção principal pode
Esta modalidade da intervenção principal pode estar ligada a uma rnoditicação da causa ainda cumprir uma outra finalidade: a de obter a condenação dos condevedores
de pedir. Suponha-se. por exemplo. que o autor instaura uma acção contra condutor de um
UIll
chamados na satisfação do direito de regresso 90 devedor tíemandado (art° 329°,
veículo em que pede uma indemnização pelos prejuízos sofridos num acidente de viação; se o
demandado alegur que conduzia o veiculo em nome de quem tinha a sua direcção efectiva e
n° 2), () que pressupõe, naturalmente. que o primitivo réu tenha deduzido o
que o utilizava no interesse deste. o autor pode provoc-ar a intervenção principal deste terceiro correspondente pedido no articulado ou requerimento em que solicita aquela
(art" 325'. 11" I) e pedir li sua condenação (eventualmente solidária'Colli a do réu iniciul, intervenção. Note-se que, se os vários devedores solidários (os iniciais e os
art" 50{)".n" J. te) naquela indemnização (cfr.rart" 503", n" I, te). subsequentes) forem condenados no pedido, é atribuído àquele .que satisfizer
o direito do credor além da parte que lhe competir. sem necessidade de qualquer
Apesar de o art° 325°, n° 2, só se referir, através da remissão para o
art" 31"-8, à intervenção de um réu subsidiário, parece dever entender-se que (111, M, Teixcira de Sousu, Partes. 17$.
3, Regime
pedido, um direito de regresso contra os outros condevedores (art" 524 CC), 0
pelo que a função do art" 329", n" 2, é apenas a de permitir que o devedor
udrnissfvel em qualquer momento até ao trânsito em julgado da sentença
charnante obtenha um título executivo contra os condevedores intervenientes.
proferida na causa (urt" 322°, n" I 1.3 parte); a intervenção espontânea coliga-
tõriu (cfr. art" 320°, aI. b) só é admissível enquanto o interveniente puder
c, A intervenção principal provocada absorve algumas das funções que
deduzira.sua pretensão em articulado próprio (art°s 322°, n° 12" parte, e 32,3°,
tradicionalmente são atribuídas à nominatia aucto ris no âmbito das acções de
nOs I e 2).
reivindicação (funções que, .aliás, se enconrravam consagradas no art? 320. 0
autor instaurar uma acção de cobrança de uma dívida, afirmando-se Como único
Se o terceiro chamado intervier no processo, a sentença aprecia o seu titular do respectivo direito de crédito, um terceiro; que se considera contitular
direito e constitui caso julgado em relação a ele (urr" }28°, n" I ),.Se isso não desse mesmo crédito, pode intervir nessa acção como opoente,
suceder, a sentença só constitui caso julgado quanto lf ele se da intervenção
resultar um litisconsórcio necessário activo ou passivo. um litisconsórcio
2. Modalidades
voluntário passivo, um litisconsórcio voluntário activo da iniciativa do réu ou
um Iirisconsórcio subsidiário passivo (art" 32R", n" 2).
2. I. Oposição espontânea
c" Pode suceder que aquele que foi chamado corno condevcdor solidário Quanto à iniciativa. '<I oposição pode quallficar-se como espontânea ou
se limite a impugnar asolidariedade
da obrigaçâo, não contestando o crédito provocada. A oposição espontânea é a que, se, verifica .pot iniciativa de um
do autor. Neste caso, se o primitivo réu também níio contesta!' esse crédito ou terceiro que pretende fazer valer, noconfronto de arnbas as partes, um direito
se o tribunal puder julgar procedente o pedido do autor. 'O litígio circunscreve- próprio incompatível com o pedido do autor ou do reconvinte (art" 342°, n" I).
-se, em termos subjectivos, ao demandado iniciale ao devedor interveniente. Por exemplo: numa acção de reivindicação, aquele que se considera proprietário
Se se preencherem estas condições, o primitivo réu é condenado no pedido no do prédio reivindicado pode intervir, sponte sua, como opoente; numa acção
despacho saneador e a acção prossegue apenas entre essa parte e o chamado de despejo, é udrnissível a intervenção de quem se arroga a qualidade de
pará se decidir a questão dá solidariedade e do direito de regresso contra o arrendatário do local em causa (~L - 21I10/l993, CJ 93/4, 153).
terceiro (art" 329°; n° 3),
2,2. Embargos de terceiro
peça LI SU,j citação para requerer a separação de bens (art" 825'\ n' j)~em
n" I. enquadra os embargos de terceiro corno um meio de defesa da posse ou de qualqué:' direito qualquer destas situações, o cônjuge do executado, que é terceiro relativamente
(\0terceiro afectado pela apreensão ou entrega da coisa. à execução, pode ernbargar para defender, no primeiro caso, Os seus bén,':j
próprios e, no segundo. os bens comuns.
Os embargos de terceiro também podem ser utilizados com uma função
preventiva, porque podem ser deduzidos antes da efccrivação da diligência Ü arl"X'25" ~ aplicâvel quer ao e,ISO em que a dívida é da exclusiva responsabilidade do
cônjuge executado (.situa,fí() em que respondem pela dívida os bens próprios desse cônjuge: e.
ordenada pelo acro judicial.rart" 359°, [lo 1). Contudo, os embargosde terceiro
'subsidiariamente. li .suu mcaçâu ,1(15 bens comuns. ~rtOI69i'>°, na I. CC), quer à hipótese em que
nunca são adrnissfveis relativamente à apreensão de bens realizada. no processo a dívida é da responsabilidadede ambos os cônjuges, mas o credor apenas possui título executivo
de recuperação da 'empresa e de falência (art'' 351 n" 2), porque li. restituição
0, cxrrujudicial contru um deles e. por isso. não pode penhorar os bens comuns que, em princípio,
e separação de bens es.tâ submetida neste processo a um regime especial deveriam responder "da dívida (cfr. art" 1695". n" I. CC), Assim entendido. a solução constante
(cfr, an"s 201° a 204" ePBRBF). do art" 82~" coincide COI1) a proposta ..realizada durante li Vigência da anterior versão do Código
de.Pmcesso Civil, de aplicar, porunaloglu.iàqucla última situação O regime previsto no então
urt" H25°. n" 2. CI'C/(,7:,·fr. Castro Mendes 1M. Teixeira de SOUSlI •. Direito daFamília (Lisboa
Dada a abertura dos enlbatgos de terceiro 11defesa da propriedutlercalizuda pelo anO]5 r". 1')90/1')9 I), 1)5: scmclhantemcnte. RI/i Pinto, 1\ penhora por dívidas dos cônjuges (Lisboa 1(93),
n" I. esses emburgos não são Q único meio de que um terceiro dispõe para 'fazq valer o seu ,~1 s" .. Fica em uberto a hipótese.de li cônjuge executado poder utilizar os embargos de executado
direito de propriedade sobre .oSbens indevidurnentepenhorudos numa acção cxccutivarconforme (cfr .. nomeudunrente, art.°,Sj2° a 818") para Iazer jnterviroseu .cônjügc naacção executiva e
resulta dosurt=s 910" ~ 91/". esse terceiro também podeutilizar 'I ac,'U() de reivindicação. iiwoCar.por essa viu. a, comunicabihdade da dívida.
b. Os embargos de terceiro só podem ser utilizados por urn sujeito que Nos termos do art" 864", ni? I. al. arl" parte, o cônjuge do executado deve
não seja ou não tenha sido parte. no processo DO qual é ordenada a diligência ser citado pata a execução se a penhora tiver recafdo sobre bens imóveis que
que ofende a sua posse ou o seu direito sobre os bens (cfr. art" 351 -. n° I). As o executado não possa alienar livremente(cfc art'' I 682°-A CC). Nessa
partes da acção não podenrujilizaros embargos detercei ro como meio de hipótese. o cônjuge do executado çleixa de ser ~ercejro pentnte .a execuçãú e,
impugnuçãoda decisão que ordenaa entrega oú a apreensão dos bcn». por ISso. só pode utilizar os meiosgerafs de opoSição à penhOT;:t (art" 864"-13;
sobre esses meios, cfr ..arr's 863°-A e 863°,,8).
Ú art" 1037".11" 1 2' parte, Cf'CI6IêSliplJlav<\ que "'(\ própriocondenadó ou .übrigad() pode
deduzir embargos de terceiro quanto aos bens que, pelo tjtulo da sua aquisição oupela qualidade
em que 'Os possuir, -nft,o devam ser ~tingioo~. peta diligência ordenada". lsso jusíificuvu que .. pof 2.3. Oposiçuo provocada
exemplo, o herdeiroexecutado por urna dívida .da herança pudesse em.bargar de: terceiro. se na
execução fossem penhorados bens que não pertencessem il herança (art? ~27". n"J .. CPC/61 L A. oposição provocada verifica-se por .iniciativa da parte passiva, sempre
Na nova versão do Código de Processo Civil a qualidade de terceiro é uferida exclusivameruc que ela esteja prontaasatisfazer o pedido do au@., mas tenha conhecimento
pela sua posição processual.só é terceiro .aqueleque não fpr parte na c.<iU'saem que é. ordenada de que um terceiro se arroga ou pode atrogapse U01 direito incompatível com
a diligência contru a qual se pretende reagir (cfr, art" 35 I", n'' I l. Esta suluçã» t.unbémjusufica
onovo meio-de nposição à penhora previstonos il'rl"S S63°-A, ul. c). e R64°-B.
o do autor (urt" 347°). Suponha-se, 1'91' exemplo, que qfnªulor propÔe,nl\ sUa
qualidade de herdeiro, uma acção de. cobrança de uma dívida; o réu, que :>ab(3
c. Qualquer doscônjuges pode defender através de embargos de terceiro, que um outro sujeito se considera o único herdeiro do mesmo falecido, pode
mesmo sem a autorização do outro, OS direitos sobre os bens próprios e os bens provocar a intervençãodesseterceirocomo opoente da pretensão do autor. Se
tiver sido deduzida reconvenção, a intervenção do opoente ao pedido recon-
comuns que hajam sido indevidarrrente atingidos pelá diligência ordenada
(art" 352°). Esta previsão vale tanto para a hipótese' em que a diligência é
vencional pode-ser provocada peloautor.
determinada num processo em que é parte o outro cônjuge. como para a Qualquer detentor ou possuidor dacoísa tem legitimidade para ser
situação em que essa diligência é ordenada num processo em que ê parte
demandado na acção de reivindicação (de art" 1311°; I,CC), mas são varias
qualqueroutro sujeito. Cabem naquela. primeira hipótese os casos em que, numa as. situações em que .se prevê que o demandado deva informar C) sujeito de quem
execução movida COntra um único dos CÔiljugeS,$[lo penhorados bens próprios adquiriu a sua posse da pendência .da Causa: é o que acontece quanto ao
do cônjuge não executado ou são penhorados bens comuns sem que () exequente
./
í
reconhecer a. pretensão do opoente, este fica a ocupar a posição daquela parte cimento quer do seu direito de propriedade sobre esses bens, quer de que tal.
activa; se esse reconhecimento for realizado pelo réu, o opoente assume a direito pertence .~ pessoa, contra quem a. diligência foi promovida (art° 357°,
posição de réu da acção. Se arnbas as partes impugnarem o direito do opoente, n° 2) Quer dizer; se os embargos se basearem na posse dos bens afectados pela
a instância segue entre as três partes': conforma-se então uni litisconsórcio diligência. qualquer das partes principais daacção pode invocar a chamada
recíproco, pois que ficam pendentes duas causas conexas, urna entre as panes exceptio dominii; através da qual faz valer um
direito de propriedade próprio
primitivas e uma outra entre o opoente e àquelas panes (}lftn 346°,lio 2). sobre esses. bens ou alega, no regime de substituição processual, que a
propriedade deles pertence à contraparte !l4). Se, por exernplov um terceiro
3.2. Embargos de terceiro invocar que é possuidor do bem penhorado e defender a sua posse através de
a. Os embargos de terceiro devem ser deduzidos nos 30 dias. subsequentes n~1 Sobre este problema, cfr, M. Teixeir« de SOIl.VO. Sobre a exceptio dominii na,' acções
r[JNsç~s~jrias C·n!!~ embargos de terceiro, ROA 52 (J 992'), 21 ss..
àquele em que ·a diligência que ofende a sua posse ou o seu direito sobre ás
bens foi efectuada ou em que o ernbargante teve conhecimento da ofensa, mas
).
Composição da acção 193
192 A competência c as partes
de inoperância da revelia (cfr, art''s 484°, nó I, e 485°), o réu é imediuta- di$tint(l do legalmétite fixado (cfr.àrt"s 37J~, .31.6" e 3779 CC), mas podem
mente condenado a satisfazer o pedido do aUtor (art" 349d,.í10 I) eü sentença celehrar UIÜ puctode corilpetêoGiil (artOI 00°), uma conY:én~â.o de arbitragem
proferida produz caso julgado quanto ao terceiro (art" 349'\ 11° 2), o que mostra (art" l" LAV) (,luUmil transacçâc (an° 293°, n° 2:ilrt° 12480 CC). É (i
que a nOta de dedução da oposiç~o pelo terceiro chamado determina o efeito disponibilidade sobre os efeitqs processuaisque afere a admis$ibilidade dos
c()minatótÍo da condenação do réu da acção; - se o terceiro não pudercon- negócios processuais.
siderar-se citado na sua própria pessoa ou se se verificar alguma das condi"
ções de inoperância da. revelia (cfr, art'ts 484°, n" I, e 485°), a acção pros. b, O~efeitos decerrentesdos negócio~ processuais podem Ser constitutivos
segue os seus termos, para que seja apreciada a títularidade do ditejtÜlitigiüsü Oll eXlimivos.,aconlecendo com. freqüênçiaqoee$sésnegócios produzem
(are 349°, n° 3).
I.
entender-se que ela é inadmissível sempre que a sentença proferida seja podem revogar esses actos depois do trânsito em julgado da sentença horno-
desfavorável ao autor. porque, de outra forma . constituiria um meio de o autor logatória.
impedir a produção dos efeitos dessa decisão (cfr. STJ - 2317/1974, BMJ 239,
158 = RLJ 108 (1975/1976), 326, com anotação concordante de Va;:. Serra),
lI. Requisitos de validade
4. Sujeitos
.I. Requisitos gerais
a. Os sujeitos da desistência, confissão e transacção são, em princípio,
as partes da acção. Mas há situações nas quais podem (ou até devem) parti- a. A desistência, a confissão e a transacção devem ser apreciadas aten-
cipar terceiros estranhos à acção. Assim, por exemplo, o cabeça-de-casal, que dendo ~l sua qualidade como negócios processuais e COIllO actos jurídicos. Como
instaurou contra o administrador da herança uma acção de prestação de negócios processuais, elas deveriam exigir os normais pressupostos dos, actos
contas, só pode desistir do pedido acompanhado de todos os herdeiros, porque processuais (corno a capacidade e a representação judiciárius. o patrocínio
não está a exercerem juízo um direito próprio .(RL - 19/6/1981, CJ 81/4,76). judiciário e o interesse processual), Mas. corno se pode concluir especialmente
Também nada impede que as partes de uma transacção incluam nesta um ou da invalidade (substantiva) prevista nos art°s 300°, n° 5. e 30 I o, nO:; I e 3. esses
mais terceiros (como no caso em que um terceiro assume uma obrigação pressupostos só têm autonomia quando não. sejam consumidos pelos requisitos
peranteurna das partes) óu concluam através dela um contrato a favor de gerais dos actos jurídicos. Isto é, esses negócios processuais, quando não
terceiro (cfr. art" 443°, n" I; CC). são tipificados .corno negócios materiais - como sucede com u trunsucção
(urt" 1248", nÓ J, CC) -, são tratados, no seu regime, como os correspondentes,
b. A desistência e à confissão só podem provir de partes principais (autor negócios substantivos, produtotes de-idênticos efeitos (ou seja, como, por
ou réu) e, se tiver intervindo uma parte acessória na acção (cfr. arr's 330°, exemplo, o negócio unilateral de reconhecimento. de uma dívida, art" 45!$O,
n° L e 335", n° I l, esta só pode celebrar Uma transacção se ríela também n° J, cci
participar a respectiva parte principal A assistência nunca afecta a posição
das partes principais quanto à liberdade de desistência, confissão ou tran- b. Os negócios processuais que conformum a decisão da causa exigem os
sacção (art" 340°), o que deve valer para todas as situações de intervenção requisitos gerais de qualquer negócio jurídico; 'nomeadamente quanto aos
acessória. sujeitos, à vontade e sua exteriorização e ao objecto negocial, É por isso que,
por exemplo, é nula a desistência, confissão ou transacção cujo objecto seja
contrário à ordem pública ou ofensivo dos bons costumes (art" 28()O. n° 2, CC),
5. Extinção Expressão. desse regime comum e
o disposto no art? 30 I 0, n" I: a confissão.
adesistência ea transacção podem ser declaradas nulas, ou anuladas comous
Os negócios processuais pelos quais as partes conformam a decisão da outros actos de idêntica natureza negocial, apenas com a especialidade deque,
causa podem extinguir-se por iniciativa delas, observadas as condições quanto à confissão. o erro, apesar de dever ser essencial. pode ser culposo.
aplicáveis a qualquer acta negocia!. Mas também há que considerar a relevância A esses negócios são, igualmente aplicáveisas disposições sobre a conclusão
eos efeitos da sentença homologatória desses negócios (art" 300°, n° 3). Assim, dos negócios (artOs 224° a 235° CC) e Sobre a sua interpretação eintegrução
depois dessa homologação, só a transacção pode ser revogada, resolvida ou (arr's 236 a 239°' CC),
0
Porque a. desistênci« (lo pedido leva à cxtinçã« do.direito ulegüdlÍ(ar!Ó 295". n" I) c porque
desistênciada instância não produz nenhum desses efeitos sobre o objecto do
a. lei .substuntiva salvaguarda (1 direito de os cornptoprietáriosnüo pennauecerernpara sempre
ptQeesl'iO (cJ r. art' 295",no 2), a indisponibilidade deste objecto nunca a excluí. naindivisão (art" 1412°. n" I, CCi, não é válida a desistência do pedidonaacçâo de divisão lle
coisa comum: RP - 1911/1977\ CJ 77/1,72. À.súJúçãÓ é duvidosadadóque (j ar!" 1412".1\" I,
Sobre ;rlgulllm; .5ituaç6c~ de indisponibilidude, ctr, art"s 731", n" 2, 1236", n" 2, n9Ró, CC admite à indivisibítidade convencional. () que demonstraque o direito (puicsrativo) àdivisão
iió 2. 1420". n" 2. 14óW\ n" 4, 1765°. 1]" 1.1882\ 20.03", n" 1. 210.1°. n"2,e 231 1 ,110 t, cc
0 li renunciãvcl por acro jurídico.
b. A indisponibil idade da. situação j urfdica pode ser absoluta. ou relativa: c. Os negócios processuais não podem ser celebrados pela parte quc,péla
~é absoluta sé a. sit\ü)Çã.ü nã{) admite. nenhumdes$es negóciosprocessuais; - é sua. quatidade.processual.não POSStÜ qualquer disponíbilidi\qe sobre \) objecto
relativ<í se for <ípll1issíVêl algum ou alguns desses negócios; do processo, Dado que () substituto processual não pode dispor desse objecto
Uma indlxponibilidade absoluta verifica-se, PQf exemplo, I1<íS4cçõe~ (porquenão é o séU tituIar ou nao o éell'lexd!Jsividade), essa parte não pode
de lnvestigação da maternidade (cfr.artO 1814" Ce) ou da paternidade desistir oucü!1f~li~ar (j Pêpido, nem celebrar transacção. Assim, na ncçãc de
(cfr. art" 1869 Ce). Dado .0 carácter irrenunciãvel
0
do estado de filho e a prestação de ctlh(asinstaur"da pelo cabeça-de-casal contra o administrador da
irrelevância da vontade paraa sua constituição, nessas acções não é admissível hern,nçlhaqttele não POde desistir do pedido sem estar acompanhado dos demais
nC111l\ desistência do pedido, nem a confissão do mesmo .. Por natureza, essas herdéiros(RL - 191611981, C1 8114, 76).
acçôêS Irão admitem transacção, porque a qualidade de filho não é susceptfvel
de ser nego(!iüda 1l1eç!ianle qualquercontrapartida (I I.
desistência e ri transacção rras acções de jnvcstigaçâo da paternidade. cfr. Paulo Cunha. As
(11 C6t1igo de Processo Civil I (Colmbr~
ldenticumcnte. elr. Albl'l'to dos Reis. Comentárioao acções de invesrigação !.lI' paternidade ilegítima e a transacção cxtrajudicihl, Di r, 6S (1935),
1044). 521 xs.: Castro Mendes, Direito Processual Civil I (Lisboa 1986), 215. ss.raccirando a 226 ss., 2Sg sS.e 290 ss.; em ctíticu, cfr. Eduarda Ralha. Acções em que Il~(1 ~ llvrenrcnrc
pcnnitidaa confissão, desistência ou transacção. RDES 12 (1965), 34 SS ..
121 Sobre outras situuções de indisponibilidade relativa, ctr. ClIS/Hj Mel/lh'.I'. DPC l. 225 ss ..
Composiçãodo acção 203
204 Composição da acção
a. A desistência, a confissão -e ;l transacção podem fazer-se por termo no Hl; Análise casuística
processo ou, segundoas exigências de forma da lei substantiva, por documento
autêntico ou particular (art'' 300°, n° I); quantoà transacção exrrajudicial, o
J. D(:~jstênêi}! da instância
docurnerno uutêntico saé exigidoqunndo dela possa derivar algum efeito para
() qual seja requerida a escritura pública (art" 1250° CC). A transacção também a. A desistênCia da instância é o negqciQ l,lnililteral através do qual o autor
pode ser rcíta ~1I1 acta, quando resulte de conciliação obtida pelo juiz (art" 300°; renuncia à obtenção da tutela jurisdicional requerida. Esta desisiênda não marca
n" 4 la parte; cfr. art"s 50go-A, n" I, aI. a), 509°, n" I, e 652°, n" 2), qualquer posição do autor quanto à situação jurídica por ele alcgada em juízo.
Lavrado o respectivo termo Oll junto o documento, o tribunal examina se, pois que apenas significa que essa parte desiste de procurar tutelar essa situação
considerando o objecto e. as partesdo negócio, a desistência. aconfissão ou a no processo pendente.
transacção é válidn (art" 300°,n°.3 la parte). No caso afirmativo, o tribunal Por isso, a desistência da instância rião pode-referir-se a uma fracção dü
homologa o negócio processual e condena ouabsolve nos lenl1ÜS estipulados objecto da acç.ão:não é possível desistir da instância quant«. pnrexernplo, ti
pelas partesré esse o conteúdo da sentença homologuróría (art" 300.",n° 3 uma parte do montante da indemnização requerida. Quanto à desishê(lÇ'iá da
2" parte). Se a transacção tiver sido realizada em acta (cfr. art" 300°, n" 4), ° instância deum doslitisconsortes activos ou em relação a urn dos Iirisconsortes
tribunal. homologá-Ia-a por sentença ditada para ela, condenando a parte nos demandados, tal só é possível 1)0 caso de Iitisconsórcio simples (ou não
termos definidos naquele negócio (art" ~OO", n° 4 2a parte) ... unitário), mas, na hipótese de o efeito de caso julgado da decisão da causa se
A.sentença homologatóriu que aprecia uma transàcção não pode alterar os precisos termos estender li essa parte. demandada mesmo que se torne terceiro perante a acção,
que torarnobjccto deucordo tias panes: RL. 2.017/1979. CJ 19/4. 11.80. O mesmo vale quanto tal desistência. necessitará do seu consentimento se for realizada depois do
a qualquer uns HlItrps negócios processuais. oferecimento da contestação: é asolução que é imposta pela aplicação analógica
do art° 296°, n° 1.
[
[-
2. Desistência do pedido b . .A confissão cio pedido implica. consoante seja total ou parcial, a
extinção ou a modificação da instância (art"s 2946 e 287°, ai. dj ), Deve
A desistência do pedido é o negócio unilateral através do qual o autor entender-se que essa extinção ou modificução é acompanhada do efeito
reconhece a f,il!a de fundamento do pedido formulado. Diferentemente da substantivo daquela (;on6$são, que é o reconhecimento, total ou parcial. da
desistência da instância, a. desistência do pedido representa o .reconhecirnento situação jurídica invocada pelo autor.
pelo autor de que a situação jurfdicaalegada não existe ou se extinguiu (ou, A confissão do pedido não pode ser submetida a qualquer condição. Mas,
no caso de uma acção de simples .apreciação negativa, de que a situação por quanto à confissão do pedido subsidiário (cfr, art" 469°, n° 1), deve entendere
ele negada realmente existe). A desistência do pedido extingue a situação -se que, normalmente, ela só vale para o caso de () pedido principal vir a
jurídica que o autor pretendia tutelar (arr' 295°, n" 1) (ou constitui a situação irnproceder.
que o autor' negava).
Composição da acção 207
208 Composição da acção
4. Transucção
§ 2°.
a. A transacção é o contrato pelo qual as panes previnem ali terminam
um litígio mediante recíprocas concessões (art" 1248°, n° I, CC). Quando as Composíçãopor revelia
partes previnem \1JTI litígio futuro (o que significa que não há qualquer acção
pendente) •.a transacção chama-se preventiva ou extrajudicial; quando as partes
terminam um litígio (entenda-se, quando põem termo a um processo pendente),
r. Noção
a transacção chama-se judicial.
A composição da acção pode ser decisivamente influenciada pela omissão
de uITÍ acto processual: trata-se da revelia do réu, que consiste na abstenção
b. A transacção pode, ser quantitativa ou novatória, qualquer delas definitiva de contestação,
'podendo abranger a totalidade do objecto do processo ou apenas uma parcela
deste, A transacção quantitativa é aquela em que as concessões recíprocas das Num sentido mais amplo (mas algo impróprio). H revelia significa a ornissâu de um acto,
processual ou a falta de cornparência em juizo: cfr.. por exemplo, arl°j; 266°. n° 3..400°, n" I,
panes sé traduzem numa modificação do quantum do objecto da causa. É o que 509°, n" 2, e 796", n" 2.
sucede quando. por exemplo. () réu admite pagar uma parte da quantia
pretendida pelo autor e este desiste de obter a condenação do réu quanto à sua A contestação - na qual o réu pode impugnar as afirmações do autor ou
totalidade ou quando o réu reconhece a propriedade do autor sobre uma parcela deduzir urnaexcepção (cfr. art" 4870,. TIO I) -éonstitui um ÓIl\1S da pà.ne,ó,âp
do terreno reivindicado pelo autor e este aceita a propriedade do réu sobre o existindo, assim, qualquer dever de contestar. Daí decorre que a revelia não
restante .. determina a aplicação ao réu de qualquer sanção (pecuniária, nomeadamente),
A transacção novatória é aquela em que as concessões mútuas entre às mas antes certas desvantagens quanto à. decisão da acção (concretamente, a
partes implicam a constituição, modificação ou extinção de direitos diversos diminuição, ou mesmo exclusão, da' probabilidade de uma decisão. favorável
do objecto do iitígio (art" 1248°, n° 2, CC). Assim, por exemplo, numa acção a essa parte).
de reivindicação com base na propriedade de um imóvel, as partes podem Testemunho. curioso db. dever de comparecimento (lo. réu no processo era (l que se
celebrar uma transacção em que o autor reconhece o usufruto do réu sobre o estipulava na Tábua 1 da lei das Doze Tábuas (451 a.C.); "'1. Se. lo autor lcharna lo réu]
irnôvel.e o réu aceita a respectiva nua propriedade do aurorsobre O mesmo para se apresentar perante O tribunal, to réu] deve ir. Senão for; c'ham,cm-sc testemunhas',
E em seguida: lo autor] deve capturá-lo. 2. Se [o réu] mostra subterfúgios. ou pretende fugir,
bem: numa acção dedfvida, o autor pode desistir de obter o pagamento
lo autor] deve prendê-lo. 3 . .Se a recusa se fica a dever' a doença Ou idade avançada .. o autor
imediato da quantia devida pelo réu em troca da eoustituíção de urna hipoteca deve fornecer ao réu um carro simples. Se o réu o recusar, lo autor] não rem de fornecer um
sobre um imóvel pertencente.a esta parte. carro coberto".
o assistente é considerado substituto processual do assistido revcl (art" J3X"). mas. como
não pode realizar actos que aquele tenha perdido o direito depraticar. não pode sanar essarevelia.
Por isso, essa substituição em nada interfere com a modalidade da revelia do réu,
r 1
Nãn cru assim na anterior versão do Código de Processo Civil, na qual havia. regras
Quanto a este aspecto.u nova redacção do Código de Processo Civil trouxe lima imporiumc
espccüicas para q revelia em cada uma dessas formais processuais: cfr, artOs485°, 184°, nOs .2 e
inovação. Na anterior versão. o processo sumãrio e o sumaríssimo eram processos cnminutórius
3. e 195°, n° r. CPC/6 L plenos, dado que a falta de contestação determinava ..quando cperuntc.u condenação 00 réurcvcl
no pedido formuladopelo autor: artOs784?,nO 2. c 795°. n" I, CPC/~ I. Agora loúos os processos
b. A revelia é inoperante quando tenha havido Citação edital (cfr: art" 233°, comuns estão sujeitos às mesmas regras,
n° 'I), desde que o réu não constitui! mandatáriojudicial no prazo de contestação
e permaneça' na situação de revelia absoluta (arr's 484°, n" I, e 485", aI. b) Problema complexo é .o desaber se a confissão fictaou presumida que
3
2 parte). Se a citação edital se tiver realizado dada a ausência do citando em resulta da revelia operante pode ser declarada nula ou anulada. A resposta deve
parte incerta (ilrtOs :233°, n" 6, e 248°), a .revelia só se verifica se o Ministério ser, em princípio, afirmativa, talvez com excepção do erro do réu [J}. Após a
Público, chamado a deduzir oposição nos termos do art° 15°, n° I, não Contestar declaração de nulidade ou anulação daquela confissão, a parte pode solicitar
a acção. A inoperância da revel ia justifica-se, como se compreende facilmente, a revisão da decisão transitada (se a houver, naturalmente): o fundamento
pela impossibiljdade de garantir que, tendo havido citação edital, o citando teve dessa revisão éa aplicação anulógica do disposto no art" 771 ó, al. d), quanto ,à
conhecimento efectivo da causa proposta contra ele, nulidade ou anulação da semelhanteconfissão do pedido.
A revelia éilindaiiloperante nos seguintes casos: - apresentação de
contestação por um dos réus, embora a inoperância Se restrinja aos factos Na evolução histórica, encontram-se duas soluções quanto aos efeitos da revelia. Segundo
uma delas, mais antigu. a revelia é considerada. uma contestação irnplfcit« dos factos ale-
impugnados por essa parte (art" 485", al. a)); - incapacidade do réu (art" 485°,
gados pelo autor. pelo que ela 'nada altera quanto ao 611US 'da prova que recai sobre esta pane
al. bj), havendo que referir que essa revelia, ainda gue inoperante, só se verifica (cfr .. na história do direito português. Ordenações Afonsinas. 3.27.3; Ordenações Munuclinas.
após a oportunídadeda sub-representação imposta pelo art" 15°, n° 1; - indis- 3.14 pr.; Ordenações Filipinas. 3-.15 pr.: art" 200° pr. CPCIl87(;). Segund« urrui outra solução,
ponibilidade do objecto do processo (are 485°, al. c», Q que se justifica pela a revelia implica Uma ficção de confissão dos factos articulados pelo autor. pelo que esiu parte
irrelevância da vontade do réu para produzir quaisquer efeitos sobre esse está dispensada de os provar: roi o regime introduzido em Portugal pelo art" 15" Dl. Ll.971J.
de 251711927. mais tarde reproduzido no art" 96" DL 21.287. de 26/5119:12. e no arr" 4XR"
objecto (cfr. art" 354°,. al. b), CC); - finalmente, exigência de documento escrito
C.PC/39. Sobre a evolução histórica do regime da falta de contestação ..cfr, Carrona. 11principio
para a prova dos factos (art" 48SO, al, d): cfr. art" 3640 CC), a qual, della non contesrazione nel processo civile (Milano 1995). 17 sx..
naturalmente, não pode ser suprida pela falta de contestação.
O disposto no art" 485". al. c); eno art" 354°, al. h); Cç respeita apenas à prova dos factos,
b. Convém esclarecer que °
efeito corninatório realizado pela revelia não
prevalece sobre a matéria. de corrhecimeruo ofi<:;iosO,l,Otile,ldamenteas
pelo que, para cícíros de revisão de sentença estrangeira (e, nomeadamente, do agora estabelecido
no an° 1100". n" 2). não ofende o direito privado português a decisão estrangeira que considera
excepções dilatórias de que o tribunal deva conhecer ex (!/ji'ci() (art" 49~o) c
-provados os factos invocados na petição inicial e não impugnados, mesmo num caso ern que, Assim. Antunes varela /./. Mixu'" Bezerra I S"II/""i" e Nora. Manual de Processo Civil'
(.1)
segundo o .direiio nacional. a revelia devesse ser inoperante: STJ - 6/311987, 13MJ 365, 565. (Coimbra 1985),346: sobre as declarações Iictus em geral, cfr. P. Mora Pinto, Dccluração tácita
C comportamento .concludcnte no negócio jurídico (Coimbra 1995).. 717 ss ..
Composição da acção 211
que obstem à apreciação do mérito da causa (cfr. art'' 288°, n° 3). Assim, por
exemplo, apesar de o réu não ter contestado e de a revelia ser operante, o
b. Em processo ordinário e sumario. a revelia inoperante dispensa a
tribunal deve absolver o réu da instância se for absolutamente incompetente
selecção da matéria de facto (arr's 508"-A, n" I, al. e), 508"-8, 0° 2, e 7Sr) e.
(artOs 2811°, n° L alva), 494°, a1. a), 493°, n° 2, e 49SO).
consequentemente, a convocação da audiência preliminar para a fixação da base
O efeito corninatório da revelia operante também não pode prevalecer
instrutória (art°s 508°-8, n° I, alo a); e 787°). Em processo ordinário, essa revelia
sobre os efeitos ilegais pretendidos pelo autor. Sea confissão ficta ou presumida
implica, sempre que ela não decorra do aproveitamento da contestação de um
que resulta da revelia respeitar a 'factos impossíveis ou notoriamente ine-
litisconsorte (cfr. art" 485°, al. a), que a audiência final se realiza perante um
xistentes ou se o autor tiver formulado um pedido ilegal ou juridicamente
tribunal singular e não, como aconteceria, em regra, sem essa revelia, perante
impossível. essa confissão não é admissivel (art" 354", al. c), tt) e o tribunal
() tribuna] colectivo (art? 646°, nOs I e 2, al, a)). No processo sumário, à revelia
não os deve considerar admitidos por acordo e deve abster-se deapreciar esse
inoperante não é motivo de dispensa do tribunal colectivo, porque aquele
pedido.
tribunal só intervem mediante requerimento de qualquerdas partes e apenas
nas causas que admitem recurso ordinãriotart? 791°, n" 4).
2.. Trâmites da acção
Sobre outros efeitos da revelia. cfr. artOs 200", n" 2.517°. n" 2. 1015". n":1, c 1067".
a. A revelia produz e.feit~)li$obre a trarnitação da acçãovatendendo quer
ao sell c:itáqer absoluto ou relativo, quer à sua naturezaoperante Ou inoperante.
Se a revelia for absoluta, o tribunal deve certificar-se de que a citação foi § 3°.
feita comas formalidades legais e rnandá-la-á repetir se encontrar irregu-
Iaridades (art" 483°). Note-se que a não sanação da falta ou nulidade da Composição pelo tribunal
citação (anOs 195 e 198°) permite que, se a revelia absoluta se mantiver, o
0
~:,~~:;J
a individualizar, a decisão inicia-se com um relatório, em que se identi ficam
o processo a que respeita e as questões a resolver (cfr. art" 659°, n° I), e, para
Composição da acção 213
214 Composição da acção
assegurar a sua genuidade, ela deve ser assinada e datada (art?s 1$7°. oOs I
e 2, e 668°, )10 I, al, a». expediente, .que são aqueles que se destinam a prover ao andamento regular
O dever de fundamentação das decisões judiciais constituí um imperativo do processo e nada decidem quantoao conflito de interesses entre as partes
constitucional, embota restringido aOS casos e termos previstos na lei ordinária (art" 156°,. n" 4 1" parte), Comoexemplosde despachos de mero expediente
(art" 20R", n° I, CRP). O art" 158°, n" I, impõe a fundamentação ou motivação podem referir-se todos aqueles em que o juiz marca a realização de um acto
da decisão sobre qualquer pedido controvertido ou sobre alguma dúvida. processual (cfr., v. [(,artOs 50Be-A, n'' 2,al r b), 628°, n" r, e 647", n" lj. São
suscitada no processo, o que, embora sem englobar todas as decisões, abrange, igualmente despachos de mero expediente as ordens dadas pelo tribunulâ
sem dúvida, a generalidade destas. Compreende-se facilmente este dever de secretaria ou aos funcionários judiciais sobre actos de índole burocrática
fundamentação. pois que os fundamentos da decisão constituem um elemento (cfr. art" 16)1', n" 2).
essencial não Só para. a suainterpretação \4', mas também para o seu controlo
Nãoé de meto expediente o despacho que convida o autor a apresentar lima nova peu-
pelas partes da acção e pelos tribunais de recurso (cfr. STJ - 9/12/1987, BMJ ção Inicial e.1J1papel branco ou de cores pálidas e não o azul forte utilizado: RC . 1311/199:1.
372,369). CJ 93/ r. 20. A solução parece m!ÚIO discutível.
b. Alguns despachos incidem somente sobre aspectos burocráticos do Os despachos de mero expediente .e os despachos discricionários não
processo e da sua tramitação e, por isso, não possuem um conteúdo admitem recurso (art" 679°), nem reclamação (como secoruprova pejo disposto
característico do ·exercJcio da função jurisdicional, nem afectam a posição no art" 700°, n" 3). A justificação dessa insusceptibilidade de irripugnação é
processual das partes ou de terceiros. São os chamados despachos de mero distinta, Os despachos de mero expediente não são impugnáveis. porque não
.afectam a posição das partes; quanto aos discricionários, eles são irrecorríveis
1"1 cr-. S'/J1Il1I/,r.!I'Ii. L'uuorprcrazíonedetlu senrenza civile (Milano 1996),91 sli .. considerando os critérios de conveniência e de oportunidade que orientam a
decisão do tribunal.
Ctnnposíçã« da acção 215
2. Nu Iidade. formal
I. Inexistênciu formal
a. O vício mais grave que pode afectar a decisão judicial é a inexistência A decisão é nula quando não COntiver <I assinatura do juiz (art° 668°.
jurídica. Esta tnexístêncla verifica-se quando o vício subjacente à decisão n° I, al.aJ;cfr. art" 15r, n" I.). Essa omissão pode ser suprida oficiosamente
proferida Ou ,\SUil desconfortnidadeeom o modelo legal permite afirmar que ou a requerimento de. qualquer das partes, enquanto for possível colher a
se está perante uma aparência de decisão. A decisão inexistenteé uma decisão assinatura.dojuíz que-proferiu II decisão (art" 6680,n° 2). Ainda que tenha sido
aparente. interposto recurso da. decisão, essa nulidade pode. ser arguida no tribunal. que
Assim, a decisão é inexistente quando falta o poder jurisdicioual do a proferiu (aCLO668°, n° J 3' parte).
órgão ou entidade que. a profere (cfr. RC - .11/2/1992, BMJ 414, 643; RP - Constituem iguulrneme causa de nulidade formal da decisão ,a violação de
16/1 i/l992, CJ 92/5,215), nomeadamente porque foi proferida após a extinção regrils processuais a éla respeitarttc» (cfr.ar!~ 4(W, n'' I J. Assinl,p()f exemplo,
da instância (art? 287°) ou. por um juiz que, por transferência, já não pertence ~..nula a decisão verbal, sempre que a lei -COmo, alí~~, é a regra -iJJ1ponhüa
ao tribunal (diferentemente, RE -13/4/1993, BMJ 426, 55 J). Segundo o regime forma escrita. (cfr. art° 15r, nOI: sobre a forma verbal, cfr. art°s 157°, n'' J,
definido na lei, é igualmente inexistente, por falta de competência funcional 659", n" 4, e 796°, 11°7). Esta nulidade, que não é de conhecimento oficioso
Ou decisória do tribunal, a decisão do tribunal colectivo sobre matéria de (cfr, art" 202°), pode ser invocada por qualquer das partes (art'' 203°. nO I),.mas,
direito ou sobre factos quesó podem Ser provadospor documentos, que já se a decisão admitir recurso e. a parte venclda o interpuser, parece que ela pode
estão provados no proceJ;so ou queestà« admitidos por acordo (art" 646'\ ser invocadanessa impugnuçâo: justifica-se plenaméntc a aplicação unalôgica
n° 4). d.o disposto noarr' 668", n° 3.
Deve notar-se, todavia. que a lei não ê uniforme '00 tratamento da falta de competência
funcional do tribunal: o :lrl,°(,46°, n" J, fornece umu solução completamente ,dislinía para, a 3. Ineficácia formal
hipótese em que o julgamento da matéria de facto é realizadopelo tribunal singular quando o
deveria ser pelo tribunal colectivo (cfr, art" .646°., nOs. I c 2, aI. a».
A violação de algumas normas processuais determina a ineficacia formal
da decisão: é O que sucede se; por exemplo, 'a decisão não fornotificada às
Também é inexistente a decisão a que falta a conclusãoou parte decisória partes (cfr. art" 685". n° I I" parte). O art" 675°, n" .2, ao conslderarque, havendo
(cfr. artOs.659°, n" 2 in.fine, e 713°, n° 2; STJ - 12/6/1991, BMJ 408, 462). duas decisões contraditórias sobre a mesma questiÍ(j Concreta da .reluçâo
O fundamento desta .inexistência encontra-sena faltaabsoluta de aptidâodessa processual, se cumprirâa que primeiramente tiver transitado em julgado, mostra
dechão para cumprir a sua finalidade. que li extinção do poder jurisdicional provocadu pelo proferimento da decisão
(art" 666°~ nOs I e 3) também origina a ineficácia da segunda decisão sobre o
b. A decisão inexistente não produz quaisquer efeitos, não adquirindo mesmo objecto.
sequer valor de caso julgado. O reconhecimento da inexisrência da decisão pode Situação de ineficácia formal da decisão é também aquela que resulta do
seu proferirnentoem relação a sujeitos que não são partes da acção. que nunca
Composição da acção 219
existiram ou que deixaram de existir durante.a sua pendência. Note-se que esta
eventualidade é distinta da prolação de uma decisão numa situação de revelia STJ - 2619/1995, CJ/S 95/3,22; STJ - 16/1/1996, CJ/S 9611.43). Este corolário
absoluta que é justificada pela falta ou nulidade da citação do réu (arr" 771°, do princípio da disponibilidade objectiva, (art'x 264°, n° 1., c 664" 2" parte)
al. f): nesta hipótese, a decisão não é ineficaz.rporque o réu, embora não tenha significa que. o tribunal deve examinar toda a matéria de facto alegada pelas
intervindo na acção pela falta ou nulidade da citação, é realmente parte partes e analisar todos os pedidos formulados por elas, com excepção apenas
processual. Igualmente ineficaz é a decisão proferida contra uma entidade ou das matérias ou pedidos que forem juridicamente irrelevantes ou cuja apre-
pessoa que goza de imunidade de jurisdição (5l. ciação se tornar inúti I pelo enquadramento jurídico escolhido ou pela resposta
fornecida a outras questões. É o que sucede, por exemplo. no caso da
curnulação subsidiária (cfr. art" 469°, nOI), quanto à desnecessidadc (e meSJTIQ
IV. Vícios substanciais impossibilidade) de apreciação do pedido subsidiário quando o principal for
considerado procedente. Por isso, é nula a decisão em que o tribunal deixa
de se pronunciar sobre questões que devesse apreciar (art" 668°; n" I. al. d)
I. Nulidade substancial
I" parte), ou seja, quando se verifique uma omissão de pronúncia.
1.1. Enunciado
Luso. ,51/(/1'('.1' entende que "toda a questão é fundamentalmente uma !Jp\lsiçfi\lde n'7.õcs" "",
As situaçôes de nulidade da decisão encontram-se legalmente tipificadas Parece, pelo menos quanto ao âmblto da procedência definido nos art"" 660°. n" 2. c 66W'. n" I,
al. d) I' parte. um entendimento demasiado restrito. porque otribunaltumbém deve. eonsidcrar.
no art" 668°,. n" 1 (extensível aos despachos pelo disposto 110 art? 666°, n° 3, e sob pena de cometer lima omissãode pronúncia. as questõesnão controvertidas.
aos acôrdãos pelo estabelecido nos arros 716", n° I,. 732°, 752°, n" 3, e 762",
n° I). A enumeração é taxativa (cfr., v. g., STJ . 31111199). BMJ 403, 382;
Também a fa1ta de apreciação de matéria de conhecimento oficioso
$TJ - 9/411.992, BMJ 416, 558: RL - 2111/1993, BMJ 423, 581) e com- constitui uma omissão de pronúncia. Se, por exemplo, o tribunal condena o réu
porta causas de nulidade- de dois tipos: uma causa de carácter formal a restituir a quantia mutuada e não considera a nulidade do respectivo contrato
(anil 66Xô, nÓ I. al. a) e várias causal) respeitantes ao conteúdo da decisão
por inobservância da forma legal (anós 1143° e 220 CC), o não conhecimento
0
(urt" 668°, n" I. alas b) a e»). Apenas se consideram agora estas últimas. dessa nulidade (que é de apreciação oficiosa, art" 286 CC) origina Uma omissão
0
A nulidade da decisãoapresentaalgumas especialidades salientes. Ela de pronúncia e, por isso, gera Í\ nulidade-da decisão.
não se submete ao regime geral das nulidades processuais (art" 201°; cfr. ST.J Não existe LIma omissão de 'pronúncia, mas um errar in illt!ical1<!o, se o
- 9/411992, BMJ 416, 558) e só releva, em princípio, mediante arguição das
tribunal não aprecia um deterrnirrado pedido com Q argumento de que ele não
partes (art" 668°, n° 3), não sendo, por isso, de conhecimento oficioso (cfr. STJ {ai formulado (RP - 13/211995, CJ 9512., 242); aquela omissãopressupõe uma
- 11/21199\ CJ/S 93/I, 191; RL - 1511211994, CJ 94/5, ]27). abstenção não fundamentada de julgamento e não uma fundamentução errada
para não conhecer de certa questão .
.Cum idêntica solução. cfr. STJ " 27./611 975. BMJ 248. 443: STJ "4/1211984 . .BMJ 342,
J41: STJ - !i17/1'JH7. BMJ 31i9. 481.
b. O tribunal não tem de se pronunciar sobre todas as considera-
1.2. Omissão de pronúncia ções, razões ou argumentos 'apresentados pelas partes, desde que nãodei xe
de apreciar os 'problemas fundamentais e necessários à deci~~ão da causa
a. O tribunal deve resolver todas as questões que as partes tenham (cfr., v. g., STJ - 26/9/1995, CJ/$ 95/3, 22; RE - 2411.l1l994, BMJ 441, 420),
submetido à sua apreciação, exceptuadas aquelas ruja decisão esteja: prejudicada Verifica-se, pelo contrário, uma omissão de pronúncia e a consequente nulidade
pela solução dada a outras (art° 660", n° 2; ofr. RL - 23/3/1995, CJ 95/2, 95; (art" 668°, n° I, aI. d) Ia parte) se na sentença, contrariando o disposto no
art° 659°, n° 2, () tribunal não discriminar os factos que considera provados
,5, Assím.J(/I/('mig. Das tehlerhuftc Zivilurteil (Frankfurt a. M. 195Rl, 159 ss ..
«" LII.fO Sourcs, Tópicos c sumários de processo civil I (Lish"a 1tJ91l. 53.
r r
Composição da acção 221
222 Composição dá acção
·SC referidos ao pedido globa! c não às parcelas em que, para deterrninaçâo do quaniutn é aplicável, com as necessárias adaptações" à arguição da nulidade em recurso
indctnnizntório. há que desdobrar o cálculo do prejuízo: RL - 26/5/1992.. BMJ 417. 812; STJ .; (art" 668°, n° 4 2" parte), o que envolve a remissão para o disposto no art° 744 0
,
para a hipótese- certamente rara - de uma decisão absolutória. Por exemplo; A decisão nula que não for impugnada {por reclamação ou recurso) tran-
é nula a decisão que, numa acção em que o autor reivindica a propriedade plena sita em julgado (art" 677°). Isto é, como a nulidade da decisão não é de
sobre um imóvel, absolve O réu quanto ao reconhecimento do autor como conhecimento oficioso (art" 668 0
n" 3), a sua não impugnação
, implica a
usufrutuário. sanação dessa nulidade. pelo que ela torna-se plenamente vinculativa e
eficaz.
\ r r
I r r
Composição da acção 225
l. Incorrecção material
a. A incorrecção da dectsãopodedecorrer de erros materiais (art? 667", do juiz na determinação da norma aplicável ou na qualificação jurídica dos
n'' I) ou da soa obscuridade 00 ambigüidade (art" 669°, n° I, al, a». Os erros factos, a decisão lenha sido proferida com violação de lei expressa (art" 669°,
materiais podem referir-se, em especial, à omissão do nome das partes ou da. n" 2, aLa)) e quando constem do processo documentos. ou quaisquer elementos
condenação em custas e a eITOSde escrita ou de cálculoe, em geral, a quaisquer que, so por si, impliquem necessariamente decisão diversada proferida e que
inexactidões devidas a outras omissões ou a lapso manifesto do juiz (art" 667", o juiz. igualmente por lapso manifesto, hão haja tornado em consideração
(art" 669", n" 2, al, b», Aquela primeira situação constitui um erro de direito:
n" I I' parte; cfr, RP - IO/l/t995, CJ 9511 191). A rectificação destes erros
0
materiais pode ser realizada por simples despacho do juiz; que pode ser da sua ela verifica-se se, por exemplo, o juiz tiver contabilizado o montante dos juros
própria iniciativa (art" .667°, (lo 1), mas, se for interposto recurso, a correcção devidos através de uma taxa que não é a legal. Esta última assenta num erro
só pode efectuar-se até à. sua subida (art" 667°, na 2 I a parte). Se nenhuma das sobre os factos: é o .que acontece se, por exemplo, o tribunal" na determinação
partes recorrer, a rectificação pode realizar-se em qualquer momento, cabendo do montante total dos danos, não tiver somado uma das parcelas provadas.
agravo do despacho que a fizer (art" 667°, n° 2 2" parte).
b. Dado o disposto no art" 669", n" 3 la parte, a forma de arguição doerro
Para que.o juiz possa rectificar um errornaterial, não é suficiente que afirmea sua manifesto depende das seguintes. circunstâncias: - .se a decisão admitir recurso
existência: necessário que esse erro seja evidenciado pelo contexto da decisão: RC - 21/4/1992.
é
ordinário (cfr. art" 678°), a invocação desse erro deveser feita na própria
BMJ 416. 726. Sobre a relevância do simples erro de cálculo .ou de escrita, cfr. também alegação de recursot> sea decisão não for recorrfvel, a parte pode solicitar.
urt? 2490 cc, em requerimento autónomo, a reforma da; sentença.
Se a decisão admitir recurso ordinário e se o recorrente tiver invocado o
A obscuridade e a ambiguidade tda decisão permitem que qualquer erro manifesto na alegação de recurso, o tribunal (I quo deve pronunciar-se
das partes requeira o seu esclarecimento ao tribunal que a, proferiu (art? 669°, sobre essa arguição. e pode, se assim o entender, corrigir-esse lapso (art''s 669°"
n° I. al, aj), A obscuridade traduz-se numa dificuldade de percepção do sentido n° 3 2' parte, e 668°, n° 4). Se o fizer, o recorrido pode requerer que o recurso
da expressão ou da frase; aambiguidade na possibilidade de atribuir vários suba <10 tribunal .ad quem, para que este se pronuncie sobre as duas decisões
sentidos a urna expressão ou a uma frase (cfr, RC • ']/6/1994, J~MJ 438, 569),
opostas do tribunal recorrido (art"s 669", n° 3 2" parte. 668°. n" 4, e 744° -.
11°,3).
b,Quando a parte requeira a correcção do erro material (art" 667°,0° 1.)
ou e -aclatação da decisão (art' 669°, n" 1,al. a», a secretaria, inde-
pendenternente de despacho, notifica aparte contrária, e, em seguida, o tribunal § 4".
decide (art'" 670'\ n" I). Do despacho que indeferir o requerimento de
rectificação Ou aclaração não .cabe recurso autónomo (art? 670°, n° 2 1" parte), Composição provisória:
mas aquele que o deferir considera-se, mesmo para efeitos de recurso,
providências cautelares
complemento e parte integrante da decisão corrigida (art" 670°, n° 2 2a parte).
I. Aspectos gerais
3 .. Erro martlfesto
1. Justificação
a. Em principio, .0 erro r in iudicando Só pode ser apreciado no recurso
interposto da decisão. Mas alei permite talVeZ com pouca justificação - que
«
Nem sempre a .regulaçãodos interesses conflituanres pode aguardar o.
qualquer das partes requeira, em certas condições, a reforma da sentenç'a com 'proferirnento da decisão do tribunal que resolve, de modo definitivo, aquele.
base num erro de direito ou de facto: isso sucede quando, por lapso manifesto conflito, Por vezes, torna-se necessário obter u1UÍI composição provisória dá
situação controvertida antes do prcferimento da decisão definitiva. Essa
C()I11f1().~içã() da acção 227
221) Composição da acção
composição justi fica-se. sempre que ela, seja necessarra para assegurar a
utilidade da decisão e a efectividade da tutela jurisdicional (art" 2 n" 2. in [ine)
0
, propriedade industrial, possam ser decretada, providências cautelares, às quais se aplica o
e., na medida em que contribui decisivamente para o êxito dessa tutela, encontra disposto rio processo civil; os art''s 76° a 81° e RT a 91° LPTAregulam, rcspcctivamerue, li
suspensão da eficácia dos actos administrativos (cfr. M. te. Santos Maçãs, Asuspcilsaojudidal
o seu fundamento constitucional na garantia do acesso ao direito e aos tribunais
da eficácia dos actos administrativos e '3 garantia constitucional da tutela judicial efectiva
(art" 20°, n" I, CRP). (Coirnbra i996):M. eiljfla Dias Garcia, Os procedimentos cautelarcs. Em especial. a suspensão
Em alguns casos, visa-se garantir um (alegado) direito: se, por exemplo, da eficácia do acto administrativo, DirJ 10 (1996), 195 ss.) ea inrimação para Consulta de
o devedor está a dissipar o seu património, é indispensável impedir a documentos e passagem de certidões e para um comportamento (cfr. R. Leite Pinto, lntirnução
continuação dessa conduta, porque, se assim não acontecer, o credor, mesmo para um 'Comportamento / Contributo 'para o estudo dos Procedimentos Cautelares 110 Con-
tcncioso Administrativo (Lisboa .1995)).
que venha a obter uma sentença condenatória, perdeu entretanto a garantia
patrimonial do seu crédito (CfL art" 60 I ° CC). Noutras hipóteses, procura-se
encontrar urna. regulação provisória até à composição definitiva da acção:
perante o esbulho da coisa, o esbulhado pode requerer a sua restituição até se 3. Provisoriedade
encontrar definida a titularidade do direito (art" 1278 n" I, CC). Finalmente,
0
,
garantem a utilidade da composição definitiva; no segundo, as providências 792° I' parte): esta última é urna tutela provisória porque ainda deverá ~er
definem uma ,~ituação provisória ou transitória; note.rceiro, por fim, as confirmada ou revogada por uma outra decisão e 'não porque. atribui uma tutela
providências atribuem o mesmo que se pode obter na composição definitiva (8í. qualitativamente distinta da decisão que a controla.
Além disso, a composição resultante do decretarnento de uma providência
As providências cauielarex processuais civis não. são as únicas que se encontram previstas também é provisória atendendo a que ela se destina a ser substituída por aquela
no ordcnamcnto processual: o art° 45° CPI admite que, em qualquer .acção de direito da que vier a resultar da acção principal da qual depende (cfr, art" 383°, na I). Esta
acção nem sequer possui o mesmo objecto do procedimento cautelar, pelo que,
,") Sobre ax providências caule lares. clr.. ainda com interesse, Alhertn dos Reis, A figura do
processo cautclur. I:lMJ J (1947).27 5S.; na doutrina estrangeira, c fr. a obra fundamental de diferentemente do que se passa no caso do recurso. ela não visa confirmar ou
Wa/ker, Der cinstwcilige Rechtsschurz im Zivilprozel3 und im arbeitsgerichtlichen Verfahren revogar a providência cautelar decretada. Por exemplo: se o autor de uma, acção
(Tübingen 1993); Tarzia (Ed.). 11nuovo processo cautclare (Padova 1993). de reivindicação requerer a restituição. provisória da posse (cfr, art" 393°), o
objecto do procedimento cautelar é a verificação dos pressupostos desta
r r
Composição de, liCÇÜO 229
230 Composição da acçõo
O
e 408°. n° I: cfr. aft 1279" CC); no outro, permite-se (mas não se impõe) que
a providência .seja decretada sem a audição do requerido (art'' 385°. n" (J, próprio juiz do procedimento, após a produção da prova, decidirá da. subsis-
tência, reduçãcou revogação da providênciaanteriormente decretada (art" 388",
)\ falta de nudlônciu 00 requerido, quando ela não ~eja susceptfvcl de pÔi em risco (I fi 11\, nosl. al, b) ir'.fine,e 4).
da providência cautelur, constitui uma nulidade processunl: RC - 2ll/611994, 8MJ 43R. 567. Não
parece que o uso indevido ·peJo ·Iriollll<tl.do poder discricionário deouvir () requerido possu
originar uma lal nulidade'.
Il. Pressupostos
b. A(lS procedimentos cautelares são subsidiariamente aplicáveis as
disposições gerais sobre os incidentes da instância (art" 384". n° 3). Exisjern, I. Periculum in mora
todavia. algumas especialidades. mesmonos procedimentos onde são apreciadas
as providências comuns. Os procedimentos cautelares constituem uma das Dada a diferenciação entre o objectodaprovidência cautelar c o daacçâo
1ilUáç{)cs ern que a citação do réu depende ·de prévio despacho judicial principal (que é a própria situação que é acautelada ou tutelada através daquela
(art" 234°.0" 4, ai, bj), Por conseguinte. o juiz:;eltl vez' de ordenara cita- providência), Os elementos constitutivos daquele objecto nãocolncldemcom
ção, pode irigererir lirninarmente o requerimento, qu,md() Q pedido seja rnani- os desta situação, Na acção principal; há que.apreciar os factos consritutivos
festarnentc improcedente OU ocorram, de forma evidente, excepções dila- da situação jurídica alegada: .no procedimento cautelar, em contrapartida,
tórias insanávcis e de que Q juiz deva conhecer oficiosamente (art" 234"-A, importaaveriguar os fundamentos da necessidade da composição provisória
n" I), através do decretámento da garantia. da. regulação transitôria ou da antecipação
Conjuntamente coma petição. orequerente deve fazer a prova sumária da tutela.
do direito ameaçado e justificar o receioda sua lesão (art" 384\ n" I), O tri- AneGessidltde da composição provisória decorre do prejuízo .que il demora
bunal ouvirá a requerido sempre que a audiência não ponha em risco sério o na decisão da causa e nacomposição definitiva provocaria na partccuja
fi 111 ou a eficticiú da, providência (art? 385°, n° I), Caso em que se realiza a sua, situação jurídica merece ser acautelada ou. tutelada. A finalidade específica das
citação ou notificação" para que ele deduza a sua oposição (art' 385'\ n° 2). providências cautelaresé, por isso, a de evitar a Lesão grave e dificilmente
Em seguida, procede-se.iquando necessário, à produção das provas requeridas reparável (na expressão do art" 38.19, n" I) proveniente da demora na tutela da
ou determinadus ofieiosumente Cüft<í386 n" IdA providência é tíeeretada se
Q
, situação jurídica. IRtO é, obviar ao chamado periculum in mora, Esse dano é
houver a probabl Iidade ~éria .Q<! éxistência do direito ameaçado ese se mostrar aquele que s~I'iaprovoc;ldo quer vpor UI))a lesão iminente (ittdieiádu
suflcientemenre fundado o receio dá sua lesão (art" 387°,no I), mas deve ser nomeadamente por lesões passadas: RC - 4/1011994; BMJ 440. 559), quer pela
recusada se o prcjuízoiurposto ao requeridoeXCéderconsideravelmenteo dano continuação dê' um" lesãe em curso, ou seja, de uma lesão não totalmente
que com elu o, requerente pretende evitar (art" 38r. n° 2).. consumada.
Se o requerido não tiver sido ouvido antes do decretarnento da providência
(cfr. art" 385°; 1)0 I J. Só se procede à notificação da decisão quê a ordenou Neste sentido, ctr, \{E c 51711979. cr 19/4. lJIH: RP - I71I!í'JHO.. CJ XI)II, 13~
(art" 385°, n" 5 l, O requerido pode impugnar a providência através da RP - )911011982. CJ 8114. :246: RE - 1911211985.8MJ 354. 627: .RE ··24171.19H(J. AMJ
361.. (j28: RE -29/91198X, .E\fylJ 379. 6(14; RL - &/(>/1993. CJ 9313. 123: RL - 11/1/199.(>.
interposição de recurso do despacho que a decretou, -quando entenda que, face cí 961't. 82.
aos elementos apurados pelo tribunal, ela não devia ler sido deferida (art" 388°,
n° I, al. aj), istné, quando considere que esses elementos. não constituem Se faltar o pedcrllanl in mora. ou seja, Se o requerente da providênciu
fundamento para odecretamento dà.providência. Mas. deverá deduzir oposição; não se encontrar, pelo menos, na irniuência de sofrer qualquer lesão ou
quando pretenda alegar factos novos efnelos de prova que não foram dano, falta a necessidade da composição provisória e a. providência não pode
considerados pelo tribunal e queafastem os fundamentos da providência. ou ser decretada. Quer .dizer: esse periculum é um elemento constiturrvo da
determinem a slIít redução (art" :388°, n" I; al. bj), Nesta última hipótese, o providência requerida, pelo que a sua inexistência obsta ao dccrctamento
daquela,
r r r
Coniposiçã» da acção 233
234 Composição da (leçclo
alegados pelo requerente. Contudo, essa mera justificação é insuficiente para Quanto às providências que realizam 'uma função de garantia - que são,
a prova do contrário oposta pelo requerido a uma prova plena produzida pelo dentro das especificadas, o arresto (art" 406°, n° 1) e o arrolamento (art" 421",
n° I) -', o interesse processual falta sempre que .0 requerente possua uma
outra garantia, nomeadamente uma garantia real. Assim, por exemplo, °
pJ, Sobre a mera juslificação como medida da prova, cír. Scherer. Das Bcweisrnaíl bei der credor hipotecário não pode requerer o arresto de bens do devedor. nem
Gluubhalunachung (Koln I Berlin I Bonn I Miinchen 19%).49 ss ..
mesmo quando a hipoteca se tornar insuficiente para a garantia da obrigação
(cfr. art" 70 lU, n° 1, CC).
Composição da llq:ÜO 235
2:\6 COlJJf}(),yiç(IO da acçôo
~~-------------------
lU. Providências específlcadas
contacto com o credor e diligencia a venda de uma farmácia. que consti-
tuí ntinico património que lhe é conhecido (STJ- 241 I J /1988.aMJ 381 .•
L. Tipologia
6(3).
A regulamentação legal das providências cautelares assenta na seguinje
Após a revogação (uicitu) dourt? 401°. n" :1, CPC!6I, pelo art"l" DL 329-A/95. de
dicotornia: a lei define vdrias providências norninadas e admite, sempre que
"2/12, tornou-se admissivel () arresto contra cornerciuntes. Sobre I) urresio promovido eontrn
nenhuma delas sejaaplicável, uma providência COmum de âmbito residual Um comerciante vnutna situução plurllocalizuda, cfr. Mo/a Pinto, Arresto contra comer-
(art" 381°, n? 3), As providências norninadas são a restituição provisória da ciantc matriculado r Aplicação do' direito estrungeiro, CJ 85/3. 49 ss.: na jurisptudênciu.
posse (artOs 393 a395"). a sUspensão de deliberações sociais (art"s 396°,a 398°),
0 cfr. RP - 171111989. BMJ 383, 604 c; CJ89/1. 179; RP - 615fl,')90, CJ 9613. IH2,
o arresto é inviávcl quando o requcrldó for apenastitular do direito e acção sobre urna
2, Providências de garantia parte indivisu de um co nju 11 to de lotes de terreno: RL - 2:&14/1994. CJ 94/2. L'i4.
Nas disposições relativas ,à penhora não integram ç,. acervo (Ias que são aplicáveis '10 urresto
Sobre o arresto. cfr,
(lU) Vll~, Serr«, Reutização coactiva.da prestação (Execução) (Regime civil),
aquelas que se referem 11venda de bens, pelo que não é possível, enquanto (l arresto não se
BMJ 73 (1958). Jl) ss.,
converter em penhora, proceder il, venda dos bens arrestudos: RL - 20/411983. BMl ~:\J,5tJ7;
lal corno sucede quanto à penhora. também sobre um bem arrcstudo pode recair um novo arresto:
r [- r
\ r r r
STJ - \111211 'J'J3, BMJ 4:31, 313. O arresto de navios (urt" 409°) pOSSUIum regime especifico,
definido pela CO/ll'e"r"o lnternacional para unificação de certasrr:lJrQ,\:so~rl? f! arresto de : 3. Providências de regulação
navios de nutr, concluída em Bruxelas em 10/5/1.952 e aprovada pura ratificação pelo Decreto- ,
-Lci n" 4(t784.dc 24/9/1 'J56: sobre-esse arresto; cfr, RE - 1/4/1 993, I3MJ 426., 545:
RL· 24(3/1 \1\14, CJ 'J4/2. 97; STJ • 21/5/19\16, CJ/S 96f2, ~4. :3.1. Restituição provisória da. posse
2.2. Arrolamento
opossuidor que for esbulhado com violência, isto é. que for violentamente
privado do exercício, da retenção ou da fruição do objecto possuído, tem o
a. Enquanto o arresto visa assegurar a garantia patrimonial do credor, o direito de serrestituídoprovisoriamenre à sua posse, desde que alegue e prove
arrolamento destina-se a evitar o extravio ou a dissipação de bens, móveis ou os factos queconstituem a posse, o esbulho e a Violência (art° 393°; art° 1279°
imóveis, ou de documentos (art" 421°, n° I), que, para esse efeitovsão descritos, CC) (11 l. A'restituição provisória da posse é justificada não só pela violência
avaliados e depositados (art" 424°, n? L\ Essa providência visa a conservação ou ameaças contra as pessoas, mas também por aquela que é dirigida conrra
de bens ou documentos determinados (cfr. art" 422°, no' I), sendo por isso que coisas, como muros e vedações (cfr., v. g., RP - 15/311994, BMJ 435, 904;
os credores sóa podem requerer quando haja necessidade de proceder à RE - 711211994, BMJ 442., 281). Assim, por exemplo, essa restituição pode ser
arrecadação de. herança ou dos próprios bens (art°s 422°, no'2,e 427", n° 2; requeri da quandoo ocupante mudou a fechadura da porta e recusa a entrega
cfr. lIrt''S $lO" e 2048°, n" 2, Ce). Assim, por exemplo, jusrifica-sec arro- das rrovas chaves (RL " 1l/3/1993, CJ 9:3/2, 95) ou quando o requerente
lamento de urna fracção de um prédio que é objecto de um contrato- pretende reaver, com base 0.0 Seu direito de habitação, a posse do quarto
-promessa se existir o risco de O promitente-vendedora alienar a Um terceiro de hotel que tem o direito de ocupar enquanto for vivo (STJ - 23/1/1986,
(RC - 2/11/1988, BMJ 381,755). O arrolamento também pode recair sobre
BMJ 353, 316)..
contas bancárias (STJ • 3InO/l995, CJ/S 95/3, 88).
Admitindo a restituição. provisória da posse com base. nu violência contra coisas,
cfr. também RL - I(l/7/J979. Cl 79/4, 1169; RE - 30/1/1.986. RMJ ~55. 459: RE - 29/4/1986.
Recusando () arrolamento de bens doados sujeiros a colação, cfr .. sn -3/10(1~95. Cl/S, BMJ 358, 628; RC-24/5(19\l8, BMJ 37.7,568; contra. RL, J3/;1119~l. CJ .XI!2. 172;.
95/3. 38. RL.- 911011981, B.MJ 315, 310; RL- 14/5J19g7. BM1.367, 566; RE -22/tí!l9íl9" i3ÍV1J3Xíl. 625:
RP - 2Sl!/l990, .BMJ 393, 666;RE. 26/411990.B.M1 396.459.
b, Como preliminar ou incidente da acção de separaçãojudicial de pessoas
e bens, divórcio" declaração de nulidade ou anulação do casamento, qualquer A providência de restituição provisória da posse normalmente .é
dós cônjuges pode requerer o arrolamento de bens comuns ou dos seus bens dependente de uma. acção possessóría. Mas -tambérn o pode ser de uma
próprios' que sejam administrados pelooutro cônjuge (art" 427'\, .0.0 .I). Por acção de reivindicação, porque também esta visa obter a restituição da
exemplo: a mulher pode solicitar. através dessa providência, que se intime o coisa (cfr.RE - 21/5lJ987, CJ 87/3, 241; RI> - 221JQ/l991, CJ 91/4" 270~,
marido. a entregar-lhe, logo que seja apresentado a pagamento, metade. da RC - 51'1I1993, BMJ 423, 617 = cr 93/1. 5).
importância da venda de um prédio docasal (RP • 1/31J983, CJ 8312, 213).
Ao contrário do que sucede quanto ao arrolamento comum, este arrolamento 3.2. Embargo de obra nova
não depende da prova do justo receio do extravio ou dissipação dos bens
(art" 427°. no' 4). a. o embargo de obra nova pode ser judicial ou extrajudicial. O embargo
judicial pode ser requerido por quem se sentir ofendido no seu direito de
Sobre esta solução .. cfr., v. g., SIJ - 23/3/1981 i BMJ 309, 310; RC··-5J2/r9~5, BMJ 344, propriedade (ou. de cornpropriedade), numoutrodireito real ou pessoal. de gozo
466; STJ - 2R/i lt <)8~•.BMJ 373. 496; RC· 16/i 0/1990, Ci 90/4, 74; RB -6/10/1 \1\14,BMJ 440,
567. Sobre outras hipóteses dearrolamento de. benscomuns ou próprios de um dos. cônjuges,
ou na suaposse, em
eonsequência de obra, trabalho ou serviço que lhe cause
crr. R,L -25/211976,0 7611, 248; RL - 21/9/1989. I3Ml 389, 637;RP. 4/41)991, CJ \11/2, 253;
RC - Jl(í/1993. UMJ 428,687; STJ - 15/311994, CJ/S 94/t, 164. (11)Sobreu restituição provisória da posse, cfr, Moitinho de Almeida, Restituição da p.oss:ee
ocupação de irnóveis " (Coirnbra 1994), 106 ss ..
Composição da acção 239
240 Composição da aCÇÜiJ
ou ameace causar prejuízo (art'' 412°, n° I) (12). Esse interessado também pode
realizar directamente o embargo por via extrajudiciaI, notificando verbalmente, nação. ou anulação da deliberação do acto do organismo que concedeu a
perante duas testemunhas, o dono ou o encarregado da obra Ou quem o licença e aprovou o projecto (RE - 15112/1994, BM] 442, 281), Isto é, o
substituir e requerendo posteriormente, em 5 dias, a sua ratificação judicial embargo de obra nova, requerido nos tribunais comuns, pode ser dependente
(art" 412°, nOs 2 e 3). Este embargo pode ser realizado por um núncio, gestor do recurso de anulação interposto OU .. 3 interpor no competente tribunal
de negócios Ou representante voluntário do embargante (STJ - 23/3/1994, administrativo.
BMJ 435, 785). Em qualquer dos casos, 'trata-se de evitar a continuação de uma
obra, trabalho ou serviço (RE " 14/5/1987, BMJ 367, 594). b. O artOl65° RGEU permite que as Câmaras Municipais ordenem a
Assim, por exemplo, o embargo de obra nova pode ser utilizado para demolição-ou o embargo administrativo das obras urbanas ilegais (cfr, também
obstar à extracção deareía e outros 'inertes do leito de um rio Ou das o are 62°, n° 2, al. g), L 79/77, de 25/1 O (Lei das Autarquias Locaisj). Este
suas margens (RP - 7/21I983, BMJ 334, 533); o inquilino, que tem a posse embargo especial não está sujeito a ratificação judicial e só pode ser impugnado
decorrente do contrato de arrendamento, pode deduzir embargos de obra nova no competente tribunal administrativo (cfr. STJ - 27/7Il982, BMJ319, 196;
contra uma construção que ofende essa. posse (RL - 7/4/1983, BM! 333, STJ - 24/5/1983, BMJ 327, 566). Mas quando. careçam de competência para
512 = cr 83/2. 128;. ST~,. 22/211984, BMl 334, 445; RC - 30/1 II 990, decretar esse embargo administrativo, podem o Estado e as demais pessoas
,Blvll 393, 67pt, o titulardo alvará de Ioteamento pode ernbargar a realização colectivas públicas ernbargar, nos termos da providênciacautelar de embargo
de uma obra nova pelo comprador de um outro lote, senão forem obser- de obra nova, as obras, construções ou edificações iniciadas em contravenção
vadas as regras da. respectiva urbanização (RE - 14/7/1988, 13M] 379,663 = da lei ou dos regulamentos (art" 413°, n° I). Esteembargo não está sujeito a
ci
= 88/4, 245); o locatário, que tem no local arrendado um laboratório de qualquer prazo (arr" 413°, n° 2),
análises. clínicas, pode embargar as obras efectuadas pelo senhorio no rés-do"
-chãodo prédio, se estas, além de provocarem fissuras .no tecto e paredes, Em regra. li providência de embàrgo de obra nova não; pode ser utilizada paruembargar
perturbam () requerente, o pessoal que trabalha na laboratório eos utentes do obras doEstado, das demais pessoas colectivaspúblicas e das entidades concessionárias de. obras
mesmo por causa da Iibertação de gases tóxicos, das vibrações e trepidações ou serviços públicos (art" 414°).
28/1 0/1993, CJ 93/5, 103). Mas a providência pode não ser decretada, se o
prejuízo resultante da suspensão for superiorao que puder derivar da execução 4.2. Arbitramento de reparação
da deliberação (art" 397°, n° 2). Além disso, a providêncianão pode ser
concedida s,e a deliberação já se encontrar executada, isto é, já tiver produ- Como dependência da acção de' indemnização fundada em morteou lesão
zido os seus .efeitos(RP - 11/3/1996,. CJ 96/2, 191), ou se, por possuir um corporal, pode o lesado, bem como aqueles que lhe podiam exigir alimentos
conteúdo omissivo, não for susceptível de ser executada (RC - 19/12/l989, ou aqueles a quem o lesado os prestava no cumprimento de Uma obrigação
cr 89/5, 64). natural, requerer o arbitrarnento de uma quantia certa, sob a forma de renda
mensal, como reparação provisória do dano (art" 403°; n° I). O mesmo pode
Alguma jurisprudência tem adoptado uma orientação demasiado restrita; quanto .à ser requerido nos C(JSOS em que a pretensão indernnizatória se, fundaem dano
adrríissibilidade da providência caurelar de suspensão de deliberações sociais, entendendo, por susceptível de pôr seriamente em causa o sustento. ou habitação do lesado
exemplo. que não pode sei' suspensa, por já seencontrar executada, a deliberaçãcque destitui
(art" 403°, n° 4).
Os membros do conselhode administração (RC- '141711987, RLi 123 (1990/1990,371) ou um
gerente (RC - Iji611989, HMJ 388.6(5) 'ou que elege os novos corpos sociais (RC - 2011 Oll987. A providência requerida é decretada se se verificar uma. situação de
CJ 87/4. 82); contra esta orientação; efr. V. Lobó Xavier, O conteúdo da providência de suspensão necessidade ernconsequência das lesões sofridas e se estiver indiciada a
de deliberações sociais (Coimbra 1978), 25 ss.; V. Lobo Xavier, An. RC - 14J7f.1987, RLJ 123 existência da obrigação de indemnizar a cargo do requerido (art" 403°, n" ,2).
(1990/199 l ), 375 ss. c. í 24 (199111992) .. ío 5.; Carlos Olavo, Impugnação "as .deliberuções
O montante da reparação provisória fixado equitativamenre
é e é subtrafdo ao
sociais, CJ 8813, 30 s.; sobre \) problema, cfr. Moitlnho de Almeida, Anulação e Suspensão de
Deliberações Sociais J (Coirnbra 1996), 183 S~,; correctamente, STJ - 1211111987; UM) 37 i,
quantirativo indetMizatÓriJ) que vier a ser apurado na acção principal (art" 403°,
378.: podem ser suspensasas deliberações sociais já executadas, despe que sejam de execução n? 3). .
contrnuu ou permanente, ou, quando devam ser executadas através dê .um único. acto, produzam
efeitos .duradouros.
I, SlJhs.idjatiedade
4.1. Alimentos. provisórios
Não cabendo nenhuma das prnvidências nominadas, a garantia daexe-
A providência de alimentos provisôrios pode ser requerida como depen- cução da decisão final, a regulação provisória e a antecipação da tutela podem
dência da acção em que, principal ou acessoriamente, seja pedida urna prestação ser obtidas através de uma. providência cautelar não especificada (art" 381",
de alimentos (artP399°, n° 1; art° 2007°, n° I, eC). Essa causa pode ser, por n" J). As providências não especifioadas $6 podem ser requeridas quando
exemplo, uma acção dereco,nhecimento da maternidade 00 paternidade nenhuma providência nominada possa ser utilizada no caso concreto: nisto
(art''s 1821°, 1873° e 1884°, n" L, cci
Osalimentos provisórios são fixados consiste a subsidiariedade dessas providências (13).
numa quantia mensal (an<l399°, h" J), tomando em consideração o que for Esta M>sidiariedade pressupõe que nenhuma providência nomlnada scjlj
estritamente necessãrio para o sustento, a habitação e o vestuário do requerente absjractamente aplicável e não que à providência. aplicãve] em abstractr» deixe
e ainda para as despesas da acção, se o autor não puder beneficiar de apoio de. o.ser por motívosrespeitantes ao caso concreto. Isto é, sé, por exemplo. o
judicíário (art" 399°, n° 2). credor pretende acautelar a sua garantia. patrimonial, a única providência
adequada é o arresto (are 406°, n°l), pelo que, se, no caso concreto, não se
o autor de urna acção de divórcio ou dê separação -de pessoas e bens, que pretende encontram preenchidos todos os requisitos dessa providência, o credor não pode
obter alimentos provisórios, pode pedi-los através quer do procedimento cautelar previsto no
art" 399°, n" [, quer do processo especialísslmo reguladono .art" 1407°, n° 7: cfr. RL " 5i21l982.
CJ 8211, 170. (]lI;Sobre I1S providências cautelures inominadas, cfr. Moitinho dI! Almeidn, Providências
cautelares não espccíficadast'Coimbrã 1979).
COll1pOSiÇ'L/O da acçüo 243
utilizar, para essa mesma finalidade. nenhuma outra providência cautelar, nem
mesmo uma providência não. especificada, requerer que o prornitente-vendedor Se abstenha de alienar e Onerar aoutrern
o prédio que foi objecto de promessa com eficácia realO~E - 10112/1981,
Na jurisprudência. cfr .. I', R., Ri, -26/10/1977, CJ 77/5; 1027; RL - 11fZII 980, BMJ 300,
440: RP - 15/1111980. BMJ :l01, 466: STl - 25/5/1982. BMJ 317, 215: RL - 28/11/1993, CJ 81/5, 328); 'se o proprietário se opuser ã passagem pelo seu prédio do
CJ 9J15. 127; RP - 6/12/1994; BM:J 442. 2.61. proprietário de um prédio confinante, que está a realizar obras de reconstrução
e que necessita daquela passagem para as ultimar; pode o dono da obra
socorrer-se, para ultrapassar esse impasse, de umaprovidênciacautelar não
2. Requisitos especificada (RC -31/9/1989, CJ 89/1, 52); o inquilino, que, por acordo com
o senhorio, desocupou para obras de' demolição e ampliação a fracção de um
Para que .uma providência caurelar não especificada possa ser decretada
imóvel, pode requerer a intirnação do locador para se abster de vendê-la ou
são necessários, além do preenchimento das condiçõesrelativas à referida
arrendá-la a outrem (RC - 81111991, CJ 91/1, 39); um cônjuge, casado no
subsidiariedade (art" 381°; 1i 3), vários pressupostos específicos; - o fundado
0
V. Características
Desta dependência da providência cautelar perante a acção prineipal
decorre uma relação. necessária entre aquela providência e o objecto desta
1. Dependência acção. Essa relação determina quea providência requerida condiciuna e é
condicionada pelo.objecrõda acção principal: assim, por exemplo, a restituição
a, As prOVidências cautelares têm por função obter uma composição prQvis6ria da posse (cfr art" 393°)s6 pode ser requerida em conjugação
PrOViSória. Essas próvidênOiassao decretadasem processos especiais próprios com uma acção na qual se discuta .á titularidade do correspondente direito.
(os p(otedilnentQscautelares, anos 381 "a 427") e, porque visam compor (cfr. art" 1278", na I, CÇ) e se exija arestirutção da coisa, nãó bastundo, por
ptovisotianiente ~I situnçãô !l,\sput(e$,Sií9 depen!lência de Uma acção cujo isso, uma acção de.mera.apreciação desse direito.
objecto é a própria situação acautelada Ou tutelada (;lr!" 383", n" I; cfr. também O art" 381", n° 2, esclarece que o direito que se pretende liçilutçl<1fou
art?s 399°, n° L. 403°, n° I, e 421°,. n'' 2). Essa acção pode ser declarariva ou tutelar com a providência pode ser um direito já existente ou um direito. ainda
executiva (art" 383 n° J in fine; cfr. RE· 161211995, CJ 9511.280), embora,
0
, a constituir. Mas, mesmo neste último caso, mantém-se aquela dependência:
nesta última, nãu sejam frequentes as hipóteses em que estéassegnrado o li ptOvJdêrtciá témde ser adequada ao direito que se pretende constituir. Se,
ibteresse processual h() decretaménró da providência. Aacç.ão principal pode porexemplo, estivér pendenteurna.acção de anulação de um negócio, o autor
d(3correr perante lIm tribunal estaduãl ouarbitral. pôde requerer o él((ola.mento dos bens que, corneconsequênciã dessa anujação,
Dada essa dependênciü, as providên.cias cadUcam se aucçâuprin- lhe deverãoser te~tltuídos (cfr.artO 289°, na I, eC).
cipal vier a ser jolgada improcedente (art" 389°, na I, al, c)) ouseo réu for
nela absolvido da instância e o autor não propuser, dentro do prazo legal, urna c. As providênciascautelares podem ser solicitadas tl1e,~moquando não
nova acção (are 389°, na I, a!. d); sobre esse prazo, cfr. art" 289°, rio2), Se a esteja pendente nenhuma acção. (art" 383°, n° I 2' parte). Isso pnsslbilira a
acção principal forjulgada procedente, verifica-se, em regra, a substituição da situação em que a.providência é requerida, mas a acção principal nunca chega
composição provisõriapela definitiva resultante dessa decisão. a ser prOpósta pelo.requerente ..Écerto. que o art" 389°, ri" I,aI. a), estabelece,
para çS$a hipótese, a caducidade da providência, mas há que reconhecer-que
A acção tia quala providência cautelarédependência.não tem de ser UTJl;! acção judicial, essa caducictadene/n Sempre prbdllt efeitósprátiêOs. Suponba-àe.por exemplo,
podendo ser uma providência adrninistrutiva: RP ~ 20/3/1990, CJ 90/2,.20B, que O requerente obtém, num proceditrtento cautelat.ã cOl1de.Jiaçãode utn
comerciante na abstenção da venda dê um certo prodilto;apesat da cuducíd<lde
h. As providências cautelares podem ser requeridas antes da propositura desta providência se. a acção principal nãovier a serin~tautiÍda.(() requerente
da acção principal ou durante a pendência destn última (artO3839,n" 1 2áparte), pode ter atingido completamente os seus objectivos.
mas nunca após Q trânsito em julgado da decisâo dessa açção., Çpmo depetH A omissão da propositura da acção principal pelo requerente da
dêrrcia da mesma causa não pode ser requeri da mais do que uma providênci» providência fá-lo incorrer em responsabilidade perante o requerido. (art" 390°,
relativa ao mesmo objecto, ainda que uma delas seja julgada injustifioada ou n° 1). Isso a.rel1uaaquela possibilidade, mas nem sequercobre todas as situações
lenha caducado (art0381 0, n" 4). Este preceito deve ser entendido com algum de cadueidpde das prcvidêuçias cautelares .. Admita-se que os proprietários
cuidado: é possível voltar a requerer uma nova providência que anterior" .obtêm a restituição provisória de um rravio que os trabalhadores de um estaleiro
retinham durante uma greve; nesta hipótese, é muito improvável ;l propositura
Composiçiio da lICÇÜO 247
248 Composição da acção
situação, a providência cautelar tornou-se definitiva sem qualquer acção na 2, os procedimentos cautelares instaurados perante o tribunal competente
principal e li não propositura desta acção não envolve .qualquer dever de (cfr. art'ts 83 0
na I, alas a) a c), e 383°, na 3) devem ser decididos,
; em
restituição da quantia recebida (cfr, ali' 405°, na I).. Generalizando, pode 1~ instância, no prazo máximo de 2 meses ou de 15 dias, se o requerido não
dizer-se que, sempre que a providência sejaacompanhada do reconhecimento tiver sido citado (ofr.arr's 385", .n" I, 394" e 4080, n° I). A mesma celeridade
do direito ucauteludo ()U tUteJado Ou de uma tráh$acÇão$obre esse direito. a justifica que., nos procedimentos cautelares, nunca se proceda à citação edital
définitividade d.<ipJüvidênçi,a l1ão fiça dependente dainstauraçãode qu,llquer do requerido (art" 385", n° 3).
acção principal,
d. Segundo o disposto no art" 24° CBrux / CLug, asmedidas provisórias .3_ Modificação
ou.caurelares previstas na.lei de cada Estado-membro podem ser requeridas rios
tribunais desse. mesmo Estado, ainda que, por força das regras desses mesmos o tribunal não está adstrita providência
â requerida (ar.t° 392 na 3
0
,
instrumentos convencionais, seja competente para a acção principal um tribu- 1 a parte), isto é, pode decretar uma providência distinta daquela que foi
nal de um outro Estado (141. Isto e,
mesmo que a competêncíapara a acção prin- solicitada (cfr, tarnbémart" 661°, nÓ3J. Esta faculdade concedida ao .tribunal
cipal h'ljllde ser apreciada pelas regras constantes da Convenção de Bruxelas decorre da não vinculação deste órgão à indagação, interpretação e aplicação
ou de LiJgmjti. os tri.!)lJnais de cada Esrado-rnembroconservarn asua C0I11- das regras de direito (art° 664° la parte) e pressupõe, náturalmente, que os facros
potência pura decretar as providências cautelares previstas nu respectiva lei alegados pelo requerentepossjbiljterr; essa eonversãc, Desse regime também
interna, Portanto, quanto à ordem jurídica portuguesa, mantêm-se como decorre que uma 'idêntica modificação da providência. pelo próprio requerente
competentes para decretar qualquer providência cautelar prevista na ordem não é condicionada pelo disposto no art" 273°, nOs I e 2.
jurídica portuguesa os tribunais referidosnoart" 83",n"l.
ASSIm, segundo oart" 24° CBrux. / Cl.ug, pode ser requerida em Portu-
gal uma providência cautelar que é dependente de uma acção que foi ou 4. Curnulação
será instaurada num outro Estado-ntembro, Na sequência desta possibilidade,
Ô arr" 385°. n° 5. estabelece que, nessa eventualidade, o requerente deverá fazer o requerente pode solicitar o decretamento idc várias providências
prova 11()s autos do procedimento cautelar da pendêncíada acção principal no cautelares num mesmo procedimento cautelar, desde qUe " rrarnitação para cada
tribunal estrangeiro, urna delas não seja absolutamente inc0ll1palívi;:1 e essa cumulação corresponda
a um interesse relevante ou seja indispensável para a justa cornpoxição do litígio
(ilrt" 392", n .3 2" parte). Isso significa que se podem cumular tanto diferentes
Ó
r [' ( r r
Composição da acção 249
250 Composiçà(1 da acção
respectivos pedidos CRE " 28/4/1992,. BMJ 416, 729). Mais discutíveis sãoas
hipóle~e~em que se pretende O decretamento de várias providências respeitantes 6. Eficácia relativa
a uma única situação jurídica. A admissibilidade de. tal curnulação depende
necessariamente da compatibilidade prática entre os efeitos dessas providências. Uma das consequências da summaria cogniti() e da suficiência cia lneea
Suponha-se, por exemplo, que o requerente pretende garantir o seu direito à justificação no julgamento da. providência é a irrsusceptibilidade de a decisão
indemnização de um dano corporal e obter desdejá o pagamento de parte dessa proferida n.o procedimento cautelar produzir qualquer efeito de <.:asojuJgndo
Indemnização: neste caso, o requerente pode solicitar o arresto de bens do na resp~ctiva acção prineipal: o Julgamento da matéria de facto ea decisão final
devedor para garantir aquele direito (art? 406°, na I) e o arbitrarnento de uma proferida no procecHmentOcautelarnão têm qualquer influência.no julgamento
reparação provisória (art" 403", n" I.). Admita-se agora que o requerente alega da acção principal (art" 383°; n" 4), Gomo.a providência decretada caduca se a
um direito à entrega de uma coisa: parece que, nesta situação, ele terá de optar acção vier a ser julgada irnproeedeqtepor sentença trüílS!tilda eni julgado
entre o arrolamento da coisa (art? 421°, n° I) e o arresto dos bens suficientes (arr" 389°,n° I, al. c)), também isso d~moostra qlje o $evdçCfelament(l<não é
para pagar, pelo produto da sua venda, o valor dessa coisa (arr? 406'\ n" 1), vinculãtivo na acção principal (que, apesar desaedecretantento, vem a sçr
pelo que não poderácurnular essas providências. julgada improcedente).
Pela mesma ((1250. a desistência da provldência ea confissão do pedido
(cfr. art" 2936, o" l.) tenliZa<ül$no procedimento caurelarnãopodern condicionnr
a aprecjaçãoda acçâuprirtcipal, Q objectõ da providência não pode ser
5. Proporcionalidade qualificado como prejudici41 relativamente ao objectoda acção principal. pelo
que aqueles actos não podem intlveqciat o julgarnento realizado nesta acção,
A provisoriedade das pruvidênciascaurelares e a sua finalidade de Quanto à transacção (cfr. art" 293°, n" 2;art° 1248° CC), iInpon<! verificar se,
garantia, de regulação ou de antecipação justificam que as medidas tomadas no caso concreto, ela valeapenas para. a cornpostção provisória ou se ela
ou impostas devam ser as adequadas às situações que se pretende acautelar ou também comporta um acordo sobre a própria situação ncautelada ou tutc!ad«.
tutelar. As relações entre aquelas medidas e' estas. situações devem orientar-se híp\Srese em que à süaeficãciase estende à situação que seria objecto da acção
por uma regra de proporcionalidade: as medidas provisórias não podem impor principal,
ao requerido um sacriffeio desproporcionado relativaínente aOS interesses
que o requerente deseja acautelar ou tuteIarptoVÍsoril\mente (att" 387°., nÓ :2;
cfr, também. arlós 397°, n"2, 408", nUs:2 e 3., e 419°). 7. Substituição por caução
Esta desproporçãa entre a medida requerida e a sinração a proteger conduz
ao indeferimentó parcial daprovidêncta, Se o requerido não for ouvido antss As providências eautelare» destinaln-sc a 'obter uma composição provisória
do decrctamento da providência (artOs 385\ n? .I, 394" e 408°, n° 1) e a medida que tutela ou acautela o interesse [lit efectividade da tutela jurisdlcionul. Isso
se vier a mosttatinjllsUficada em. parte, Q requerente é responsável pelos não impede, contudo, que esse .interesse PQsS\1 ser acautelado de OUln\ forma.
danos que Qulposlünente causar ao requetido (art" 390°,.n° 1). Sempre que O Uma delas consiste na prestação de uma cauçãopelo requerid« em substitúição
julgue. conveniente em face das círcunstâncías, (l tribunal pode, mesmo sem a dO decretamento da providência: ê. o que é admissrvel jtas provl!:têliclt\s
solicitação do requerido, tornar a concessão daprovidência depe.nd"nt.e da cl\t1telare~ nãó especificadas (art" 387°, n" 3) e no embargo de obl'anova
prestação de caução adequada pelo requerente (urtO 39()";Íl° 2), Com a (art" 419°, n" I),
Imposiçã<i desta caução.prneura-sé asSegurar que os danos provocados pela
À prestução du caução pelo requerido aplicável o disposto, entre outro«, nos 'lÍf's9RI"
eventual falta de justificação dá j:lr(Jvidência não deixam de ser indemnizl\do$
é
{
(
\ r r r r { r r r
Composição da acção 253
254 Composição da acção
pal. Assim. a providência caduca se a acção principal tiver sido instaurada, mas
esta estiver parada mais de 30 dias por negligência do requerente (art" 389°, fundamento para o seu deoretamento (apesar da existência daquele direito);
n" I, aI. b): cfr. STJ • I 1!1 0/1995, CJ/S 95/3, 60), bem como se o réu for também pode acontecer que a providência decretada, inicialmente justificada,
absolvido da instância nessa acção e o autor não propuser nova acção dentro venha a caducar por facto imputável ao requerente (art" 389°, n° I). Em todos
dos 30 dias seguintes ao trânsito em julgado dessa decisão (art'x 389°, n" I, estes casos, o requerente, se não tiver agido Com á prudência normal. é
aI. d), e 2R9°. n" 2). responsável pelos danos causados ao requerido (art" 390°, n" 1; quanto ao
Quanto ao arresto, há uma regulamentação especial. Essa providência arresto, cfr. art° 621 o CC). Essa responsabilidade está instituída nalei como
também caduca no caso de, obtida na acção de cumprimento sentença com uma contrapartida da provisoriedade das providências cautelares e é garantida
trânsito em julgado, o credor insatisfeito não promover a execução dentro dos pela caução que () tribunal, mesmo sem solicitação do requerido, pode exigir
dois meses subsequentes ou se, promovida a, execução, o processo ficar sem, ao requerente (art" 390°,n" 2).
andamento durante mais de 30 dias por negligência do exequente (art" 410°). A responsabilidade pelo decretarnento injustificado da providência ou pelo
seu levantamento com fundamento em caducidade pressupõe a culpa do
requerente, que, aliás, podeconsistir na falta da prudência normal queé exigida
2. Âmbito
a quem solicita tal providência (art" 390°, n° I). Trata-se, por isso, de uma
Normalmente, à caducidade da providência abrange-a na. totalidade, mas responsabilidade subjectiva, para a qual é suficiente a negligência do
também são pensáveissiruações dê caducidade parcial da providência. Se, por requerente. Exceptua-se a providência de alimentos provisórios. na qual o
exemplo, a acção for julgada parcialmente improcedente no despacho saneador requerente só responde pelos danos causados por má fé, isto é, por dolo ou
(cfrrurt" 510°, na I,al. bj), a providência decretada só caduca na. parte negfigência grave (cfr. art" 456°, n° 2 proérnio), e na sequência da qual nunca
respectiva (cfr, art" 389 n'"}, aI. c); o mesmo sucede se o direito acautelado
0
, é exigível a restituição dos alimentos recebidos (art? 4()2°; art" lOOr, n" 2. CC,.
se extinguir apenas em parte (cfr. art" 389 0
, n° I, aI. e)). Se a providência for considerada injustificada, o requerente não está
impedido de provar, na posterior acção de indemnização que contra ele for
proposta, que o direito que se pretendia acautelar ou tutelar realmente existe,
3. Efeitos o que, se tivesse sido. devidamente apreciado no procedimento cautelar, teria
justificado o decretarnento da providência. Como fundamento desta solução
A caducidade da providência .não operaautomaticamenté e nem sequer é
vale o princípio da independência da acção definitiva (no caso, a acção de
de conhecimeruooficioso (STJ - 14/2/1995. CJ/S 95/1,92). O levantamento
indemnização) perante- o procedimento cautelar (art" 3830, nO4).
da providência com fundamento na sua caducidade depende de solicitação do
.requerido, que é apreciada após a audição do requerente (art" 389°, n° 4).
Conjuntamente com esse levantamento, o tribunal pode ordenar as medidas b. A responsabilidade do requerente pressupõe que a providência é
necessárias a repor a situação anterior ao decretamento da providência. injustificada no momento em que 'é requerida ou não vema ser confirmada pela
decisão proferida na acção principal. Não afasta essa responsabilidade, por
exemplo, a-circunstância de O direito acautelado não existir naquele momento,
mas se constituirposteriorrnente. Também a desistência da providência pelo
Vil. Responsabilidade do requerente requerente (art? 293", na I) é irrelevante para o isentar dessa responsabilidade.
Em contrapartida, o requerente não é responsável se a providência se
I. Pressupostos tornar supervenientemente inútil por um acto do requerido, Assim, se a provi"
dência caducar pela extinção do direito tutelado (art° 389", na I, aI. e»), o
a. Pode suceder que a providência requerida venha a mostrar-se injus- referido direito. à indemnização não se constitui .se foi o requerido que provocou
tificada pela falta quer do próprio direito acautelado ou tutelado, quer do aquela extinção. Se, por exemplo, o arrestado pagou a sua dívida, a providência
caduca por inutilidade superveniente, mas esse devedor 1150 tem direito a
Composição da IlCÇÜO 255
qualquer reparação. Pela mesma taz4(j, ess4 resp(WS<íbiIíd4(\e também não existe
se o requerido tiver onúti(\o,no procedimento cautelar em que a providêncla
foi decretada, a alegação de uma excepção oponfveluo direito acautelado e
apenas invocada na acção principal.
2. Medida
CSC.; Sobre uma outra excepção, cfr. art" I()D, n" 2, CPEREF). Esta suspensão
CAPÍTULO I termina quando for notificada a decisão que considera habilitado () sucessor da
pessoa falecida ou extinta (art? 2S4°, n" I, al. a); sobre o incidente de·
DINÂMICA DA INSTÂNCIA habilitação, cfr. art'x 3710. a375à e 3770.).
Se a citação for realizada depois do fulecimento UO citando ou da cxtirx•."" deste, h,í falia
de citação (art° J 95", n" J, al. dj).
§ I".
b. Nos processos em que for obrigatória a constituição de advogado
Vicissitudes (cfr. art" 320., no.s I e 3), a instância suspende-se quando este falecer Ou
ficar absolutamente impossibilitado de exercer o mandato judicial (art" 27.6°,
n" J, aI. b) la parte), mas, se. o processo estiver concluso para a sentença ou
I. Início em condições de o ser, a suspensão S.Ó se verifica depois do proferimento dessa
\ ,/
decisão [art" 2780. 2a parte). Nos processos em que o patrocínio judiciário não
A instância. inicia-se com a propositura da acção, entendendo-se que for obrigatorio, a instância suspende-se quando falecer ou se impossibilitar o
esta .se considera propostuTnrentada ou pendente quando for recebida na representante legal do incapaz, salvo se houver mandatário judicialconstituido
secretaria (mesmo por telecópia ou meios telemáticos, art" 150°, n" 3) a (art" 276°, n" I; aI. b) 2a parte) ou o processo estiver concluso para opro-
respectiva petição inicialou, se esta tiver sido enviada pelo correio, na data ferimento da sentença ou em condições de isso acontecer (art" 278" 2' pane).
do seu registo postal (art''s 267", n° I, e 150", n" I), No entanto, em relação A suspensão cessa quandou parte contrária tiver conhecimento de quc está.
ao réu, os. efeilQ·s decorrentexda pendência da causa só se produzem, em constitufdo novo advogado, de que a parte já tem outro representante legal
regra. após a sua citação (art? 2670., n? 2; sobre uma excepção a esta regra, ou de que cessou a impossibilidade que fizera suspendera instância (at't° 284°,
n? l, aI. b)).
cfr, art" 385", n" 6).
de 12112, noart" 24". n° I. al. b), DL 387-8/87, de 29112, e ainda no art° 3°, I..Causas
na 2, CRegP. Nesta hipótese, a suspensão cessa quando findar o incidente
ou cessar a, circunstância a que li lei atribui efeito suspensivo (art" 284°, nOI, A instância interrornpe-se
quando o processo estiver parado durantemais
al. d)). por negligência OqS partes em promover às seus termos QU osde
._~~ú.r:iUillD
algum incidente do qual dependa o seu andamento (art° 285°). A interrupção
A inscrição UU acção no registo é provisória por nururcza, mas, se essa inscrição também tia instância é, assim, conseqüência do incumprimento do ónus de impulso
fOI'ptovi,,\ria por dúvidas. esta circunstância não obsta ao prosseguimento da acção: RP - subsequente das partes (art? 265 n" 1)./>.. interrupção ç_e~se o autor requerer
0
,
27/10/1994. RMJ 440. 550 .. algum neto do processo ou do incidente de que 'dependa o andamento dele
(art" 286 0
).
ia parte).
Sea suspensão se verificar por falecimento ou extinção da parte I. Causas
(cfr. art" 216°, n" I, al, a)), são nulos os actos praticados no processo em relação
O meio normal de exrinção da jnstância na acção declarativa é o
aos quais fosse admissível o exercício do contraditório pela parte falecida ou
julgamento (art" 287°, al, a), que, aliás, pode decorrer de uma sentença de
extinta (art" 277", n° 3). O fundamento desta nulidade decorre da impos-
mérito ou de absolvição da instância (esta última nos casos previstos no
sibilidade do exercício do contraditório (cfr. art" 3", nOs I e 2), mas ela ficá
are f88° e com os efeitos regulados no art" 289Q). Mas existem outras causas
sanada se os actos praticados durante. a suspensão forem ratificados pelos
sucessores tia parte falecida ou extinta (art° 277°, na 4).
dê extínção da instância. São elas: - a celebração de um compromisso arbitral
(art" 287°, al. b): cfr. art" 290°; art" ]0, rios I e 2, LA V), QU seja, a atribüíç1lo
ela competência para o julgamento da acção pendente aum tribunal arbitral; -
i '
{ r r r í r r r r
Fases do processo apenas três fases: fase dos, articulados, fase daaudi.ência final e fase da
sentença (2).
11) Sobre este' sentidos de fase processual. ctr. Paulo Cunha, Processo Comum de Declara-
", Sobre o procedimento em J" instânciu, cfr .. nUl1);1 perspectiva de direito comparado. Kaph/lll
ção ' I (Bral!a 194'1l, 6~ ss ..
I Ciermont Y Kohl / Schima I Hover I Wel/gaek I T:keli!{ I VOT(JI'i I Capl'l'I/('((i I Garth, Ordi-
nary Procccdings in First Instunce, l nt. Enc. Comp. Law XVI/6.
Procedimento em 1" instância 263
264 Procedimento em 1" instância
(cfr, art? 474", aI. e)). O papel utilizado pode ser papel azul de 25 linhas ou
CAPíTULO 11 papel branco. liso, de formato .A4 (art" 2°, n° I, OL 435/86, de 31/12, na
redacção do art" único DL 2i88, de 14/1 ). Sea parte ou o mandatário optar pela
PROCESSO ORDINÁRIO
utilização de papel branco.veada lauda não poderá conter mais de 25 linhas e
devem ser respeitadas margens com cerca de 3 em e 1 em, respecti varnenre rio
lado esquerdo e direitoda frente, com correspondência simétrica rio verso
§ 3". (art" 2°, n 2, QL 435/86, na redacção do urt" único OL 2/88).
0
Os articulados são as peças em qUe as partes expõemos fundamentos da c. Os articulados devem ser apresentados em duplicado (art" 1520 n° 1
acção e da defesa e formulam os pedidos correspondentes (arr' 151°, n° I). I 'parte), Quando o articulado seja oposto a mais de. urna parte' acti vu OLl
Essas peças recebem o nome de.articulados, porque. em princípio, nas acções, passiva, devem ser oferecidos tantos duplicadosquantas as pessoas que vivam
nos inctdenres e nos procedimentos cautelares é obrigatória a dedução por em economia separada, excepto se forem representadas pelo mesmo mandatário
artigos dos factos que interessam â fundamentação do pedido ou da defesa judicial (art" 15.2°, nOI 2', parte). Além destes duplicados, a parte deve ainda
(urt? 151°, n° 2), isto é. cada facto deve ser alegado separadamente num artigo oferecer mais um exemplar de cada articulado para ser arquivado e servir de
numerado. O processo ordinário comporta, na trarnitação normal, quatro base à reforma do processo em caso de descaminho (art" 152°. n" 5 I' parte).
articulados: a petição inicial (art" 46r), a contestação (art° 486°), a réplica Essa reforma, quando necessária, realiza-se através de um processo especial
(art" 502°) e a tréplica (art'' 503°); em determinadas situações, podem ainda ser previsto nos art°s 1074° a 1081°.
apresentados articulados supervenientes (art" 506°). Se a parte não realizar a entrega de qualquer dos duplicados e cópias
legalmente exigidos, é notificada oficiosamente pela secretaria para os
2. Requisitos apresentar no prazo de 2 dias e pagar LIma multa correspondente a Um oitavo
da taxa de justiça que seria devida a finalv.desde que não superior a .1 LJC
a. Os articulados devem ser redigidos em língua portuguesa, (art°s 139°, (art" 152", n" 3 I' parte: sobre essa taxa. cfr. artOs 13" a 17" ccn. Se a
n" I, e 474°, aI. t»
e ser assinados pela parte ou pelo mandatário judicial parte não o fizer, é extraída certidão dos elementos em falta e~la fica
responsável, além do respectivo custo, pelo pagamento de uma multa cor-
f r r r r
Procedinuintoem. I" lnstãncia 265
266 Procedimento em 1" instância
do rcquereniee da sua concessão à parte contrária (art° ]70, n° I, DL 387- da insuficiência económica do requerente (RP - 6/2/1995. tI 95/1, 260;
RP - 16/5/1995; CJ 95/3. 217). Aquele pedido importa a inexigibilidadc de
Procedimento em l" instância 267
268 Procedimento em I" instância
c. A parte pode pedir.a concessão de patrocínio judiciário (art" 22", n° 2, 2. Estratégia processual
DL 387-B/87). Concedido esse patrocfnio,o juiz solicita a nomeação de um
advogado ou solicitador (art" 32°, n"l, DL 387-B/87) ao conselhodistrital da A entrega dapetição inicial é o resultado de. uma actividade prévia do
Ordem dos Advogados OLl ~l secção daCâmara dos Solicitadores territorialmente advogado do autor e, frequentemente, ríe várias opções quanto à estratégia a
competentes (art" 32°, n° 2, DL 387-8/87). A decisão de nomeação é notificada adoptar. Aquela actividade inclui a indagação dos factos. relevantes para a
ao patrono e ao interessado (art° 33° DL 387-8/87), devendo aquele propor a fundamentação da posição do seu mandante e a averiguação dos meios de
acção nos 30 dias seguintes a essa notificação (art" 34°, n" l , DL 387-8/87). prova susceptíveis de ser utilizados por esta parte. Uma e outra resultam do
O patrono nomeado pode pedir escusa, alegando os respectivos motivos diálogo entre a parte e o seu mandatário; cabe a este ultimo conduzir
(art" 35°, n'' I. DL 387-B/87). esse, diálogo, porque é ele que sabe o que deve procurar e seleccionar, Com
base nos resu.ltados obtidos, o advogado Verifica se estão preenchidas as
o apoio judiciãrio não pode ser concedido pata o pagamento de honorários u advogado condições para o sucesso da acção, não devendo esquecer o respeito do dever
jil constitufdo pelo requerente: cfr. RC - 241111990, CJ 90/1. 104; RC - 2811111991. CJ 91/5, ele verdade que incumbe à parte (cfr. art" 456°, n? 2, alas a) e b) e a observância
94: RE - 311211992. CJ 1.)2/5.. 277: STJ - 13110/1993, CJ1S 9313. l ; RP - J8/111995. CJ 95/1,
ô
dos deveres profissionais de não advogar contra lei expressa e de recusar o
235: contra, RL - 211211989, CJ .X911, IJO_
patrocínio de questões injustas (cfr. art" 78°, al"s b) e c), EOA). Para esse
prognóstico também é relevante o eventual conhecimento que o mandatário
r- r r r r r I r r r r r
Procedimento em I" instância 269
270 Procediménto e/li I" illstôlI('Ía
5.2, Autuação
c. A entrada da petição inicial é registada num livro próprio, o livro de
registo deentrada (aftOs 12", n" I, aI. a), e nÓ,nós I. 2. e 3, LOS]). Esta À distribtíiçao segue-se a autuação. A autuação é a operação de formação
entrada marca o Irtlcio da pendência da causa (art? 2.67°, n° I) e a produção do caderno no qual vão serjuntas, em folhaSnumetadlll' e c()sidus a fio, rodas
dos respectivosefeitos, Os efeitos decorrerrtes dapendência pa; acção podem as peças processuais e todos os documentos respeitarnes ao processo.
ser de orde.DL.PLQ~~ssual, corno, porexemplo, a imposição da distribuição
(art" 2 I 1°, n° I, al, al.sobre outros efeitos processuais, cfr. art''s ~76°, n° 2,
5.3,Taxa de justiça
1643°, n° 3, J 818°, 1844°, n° I, CC), ou substantiva (cfr.,v. g., arr's 13)0, 149°,
nO 1,3j2°, n" I, 1 192°, nO 2, 1844", n~·-2;"iS~3ri:-1933°. n? I, ai. g),2006° e a. No prazo de 10 dias à contar da distribuição, o autor tem de pagara
2Ü53°, n" 2. cci taxa. de Justiça inici al (ilrt"s 23°.~ 24°, n"11uL a), Ccn,salv() se
se Verificar
umaisençãopessoal ou objectiva de custas. O montante da taxa de justiça
inicial é, em regra, a correspondente a um quarto dataxa devida a final
5. Formalidades posteriores
(art" 23°, n" I, CCJ; sobre a determinação do montante dessa taxa, cfr, também
art" 27°, n's 2 e 3, CCJ]. Mas, nos casos em que a taxa de justiça seja de um
5.1. Distribuição
quarto (cfr. art? /5°, n" I, CCJ). ou de um oitavo da devida a final (cfr. art" 15",
Depois da. entrada da petição inicial na secretaria, procede-se à sua n" 2,CCJ),es.Sa taxa é igual a metade :desta última (art" 23°, n" 2 in fine. CCJ).
distribuição. Esta é a actividade pela. qual, com o fim de repartir aleatoria-
Nas acções cuja taxa de justiça não exceda l UC, a taxa de justiça subsequente
mente e com igualdade o .serviço do tribunal, se designa a secção e a vara
(cri.. a!'t", 25' e 26", n° I. al. a); CC)) é paga conjuntamente com ~ taxujnicia] (art" 27". n" I,
ou juízo em que o processo vai correr (art" 209"); a distribuição pode ser CCJ). Segundo Q dispostonoart" 5", n" 2" DL 2.12/R9, <Je3Um (cuju vigênciué expressamente
realizada por meiosil}fQ!JJ1<Íticos{artÔ209°-A, n° 1), Qüánto ·ã~;·p:apeís que r mantida pelo art" ,3°,no I,.QL 224-A/96, de 26111), entende-se por unidade de-conta processual
estão sujeitos a distribuição em la instância, interessa agora destacar' aqueles , (VC) a quantia em dinheiro .equivulente a um quarto daremuneração rüínimu mensal mais
que importam o corneçõ da causa, salvo se esta for dependência de outra já elevada, garantida. no momento da condenação, <lOS trabalhadores por conta ele outrem,
arredondada, quando necessário. para 9 mllharde escudos mais próximo ou, sea proxlmidadc
. for igual-para O milhar de escudos imediatamente inferior.
i- f f r r f
n" I, eCJ;sobre a determinação do valor da causa segundo as regras acção popular (art" 20°, n" I; L 83/9$, de 31/8); nos recursos. com subida
processuais. cfr. artOs 305° a 313"). Mas existem Inúmeras 'excepções a diferida que não cheguem a subir por desinteresseou desistência do recorrerrte
esta equiparaçãc do valor da causa para efeitos processuais e de custas (are 3", n" I, aI. i), CCJ; cfr. Çi.rtOs
73;5°, n° 2, e681 n° 5) e, no que respeita
0,
(cfr.art°s 6°, r: 10° e 12° CCJ). à taxa de justiça, nos incidentes de verificação do valor para efeito de contagem
de custas (art" r, n" I ,aI. 1), CCJ).
Possuem regrasespeciais de determinação ~Q valor para efeito deCllSGISos processos sobre
o estado das pessoas (art" «, n" I. al. a), CCl), os processos para tutela de interesses difusos
c, Se o autot não pagara taxa de justiça inicial, a secretaria notifica-o
(urt" 6°, n" I, ul, c), CCJ), os processos cuja decisão envolva uma. obrigação pecuniãria periódica,
salvo a de ulirnentus ou de contribuição para ás despesas domésticas (art" 6", n° l, al, d), CCJ). pará, em 5 dias, proceder ao seu pagamento, com acréscimo de uma taxa de
o incidente de apoio judiciário (art" 6", n" I, al. o), CCJ), à reforma das decisões quanto a custas justiça, sancionatéria de iguai montante, mas não inferior a ) UC nem supe-
e multa (art" 6°•. n" I..al. x), CCJl, várias causas relativas a .sociedades (art" 7°·CCl) e as causas rior li 5 UC (art° 28° CCJ). Se, após esta notificação, o autor conrinüur a não
em que haja reconvenção ou se verifique intervenção principal com pedido distinto do formulado
pelo uutor {urt? lO° Cç)).
pagar a taxa de justiça, o juiz fixa uma multa entre um triplo e um décuplo da
quantia em dívida, desde que não exceda 20 Uç (arr" 14°, n° 2, DI. 329-A/95,
de !2112), a instância fica suspensa até à realização desse 'pagamento c pode
b. Gozam de isenção pessoal, entre outras entidades e pessoas" O ESlaqp
(art" 1", n" I, a!. a), eCJ), o Mí;!l_{slérioPúplico (art" 2°, n" I, al. b), CCJ},. as ser requerido o cancelamento do registo 'da acção que entretanto tenha sido
efecruadc (art"(40, n<l 3, Dl, 319-AI95).
Regiões Autónomas (art02°,n'd .I, al. c}, CCJ), as autarquias locais (art" 2°,
n" J, aI. e),CCJ), as pessoas colectivas de utilidade pública administrativa
(art" 2°, n° I., al, O, CCJ), as instituições de segurança social e de previdência 6. Despacho liminar
social de inscriçãoobrigatória (art" 2", n° I ,aLg), eCJ), as instituições
particulares dê solidariedade social (art" 2°, n" I. al. h), teJ), osincapazes a. a art" 234°, n" 4, enumera as hipóteses em que a citação do .réu é
quando sejam representados velo Ministério Público (art? 2°,n° I, al. i), eCJ) precedida de despacho judicial e o art" 234°-A, rio I, estabelece os casos em
e as pessoas representadas por defensor oficioso, curador especial ou pessoa que o juiz .chamado a proferir aquele despacho pode indeferir 'Iiminarmente a
idónea (art" 19°, nO I, ccn petição. O indefer01~lnar pode basear-se na improcedência manifesta
da acção (porextemporaneidade, por exemplo) ou na existência de uma
Também beneficiam de isenção de' Custas o 'Fundo .de Garantia Automóvel (art" 29°, excepção dilatória insanável e de conhecimento oficioso (art" 234°-A. n° I).
n° l l ; DL ~22/H5. de ;31112), as associações de defesa do ambiente (art" 13° DL 10/87, de 4/4),
Esse indeferirnento pode ser parcial. tanto quanto a um dos objectos cumulados,
'as associações de estudantes (art" 12° L 33/R7, de 1117), as 'universidades (art" 12° L 108/88, de
24/9), os pnrtidos pol,Ítiços (art" '8"; 11°2, L 72/93, de 3Q/I J.)e as associações .de consumidores como quanto a um dos "ârios autores ouréus,
(art" 18°, n° J, ;11.n), L 24/96, de 3117). Gozam da isençãode 'taxa de justiça inicial e subsequente
tis cidadãos que pretendam obter reparação de perdas é danos emergentes de factos ilícitos que Nãosão evidentes às razões pelas quais o arr' 234°~A, n° L exclui a. possibilidade do
violem disposições relativas ao ambiente (art" 44°, nOl, L [I187, de 7/4) e os consumidores nas indeferirnento liminar quando () autor tenha requerido, nos termos do art' 47X'\ 1\" I. a dtaçtio
acções em I(Ue pretcndaruu protecção dos seus interesses ou direitos, a condenação por ar
urgente (note-se que .0' art" 234°-A . .n°'I. sóadmite tal indeferirnento /lOS casos das al'~ a c)
incumprimento (Jull reparação de perdas e danos emergentes xíe factos ilícitos ou de do numero anterior do mesmo preceito, não englobando, por isso. ;1 al. f) relativa à citação
responsabilidade objectiva, desde que o valor da acção não exceda a alçada do tribunal urgente). Não se vislumbram motivos para esta solução. Suponha-se que o autor de um processo
de \' instância (un" 14°. nO 2.. L 24196, de. 31/7)'. ordinário (que é um do, casos em que a citação . .1150 depende de prévio despacho do .iuil,) ceguer
a Citação urgente num. tribunal que é. materialmente incompetente; o art" 234"-A. li" I. admite
No processo declarativo ordinário, aisenção objecti va verifica-se nos °
que O juiz recuse fundamento alegado corno justificação da urgência. mas. como não se truta
de nenhum dll~.casos do art" 234?, n" 4,al"s a) a e), não aceita que ele possa indeferir a petição
pedidos de nomeação de. patrono (art" 3°, n° I, al, a), CCJ; cfr. <1(tO 53", n° 2, inicial, Compreende-se que, em nome da.celeridude processual ou de qualquer uurra justificaçãu
mais pragmática, a lei dispense Q despacho liminar, mas não se vislumbra \1 motivo pelo qual,
Procedimento em 1" instância 275
276 Procedimento em J" instância
quando seja a própria lei ti impor ti intervenção do tribunal num momento .l.imiJqr. se lhe coarcta
a possibilidade do indeferirncruo.
Note-se que- se o autor requerer u citação urgente num dos ÇUS(?S' ou processos em que a hipótese a possibilidade deo juiz, em vez de ordenara citação, indeferir
citação depende de prévio despacho judicial (cfr. ;\fIO 1:\4°,n'; 4), nada parece impedir que 9 Iiminarmentea petição (cfr, art" 234"-A, n° I),
juiz. em vez de. ordenar a citução do réu, indefira ti petição inicial. pois que. seja corno for. ti Em regra. incumbe à secretaria promover oficiosamente a citação do .réu
situaçãn cabe na previsão. do urt" 2J4"-A. 1\" J.
(art" 234°, n° I). Todavia, a citação depende de prévio despacho judicial
não só" como acima se referiu - quando, se trate de citação urgente (art'" 234 ",
o indeferimenroIiminar extingue a instância (cfr. art" 21n°, al, a) e produz
n" 4, a\. f); cfr, art" 478°), mas também nos procedimentoscautelares e em
Caso julgado quantó ao seu fundamento, Por aplicação analógica do art" 476°"
todos os casos em que incumba ao juiz decidir da prévia audiência do reque-
o: autor pode entregar, no prazo de 10 dias após a notificação do indeferimento
lirninar, uma nova petição inicial,
tido (àrt" 234 i Q
n"4, al, bj), e quando se trate de citar terceiros chamados
a intervir numa causa perídeole (urr" 234°,0° 4, al, d): cfr. lírIOs 325°, DO°
e 347°),
b. Oart° 234°-A. n" I~:coloca o problema de saber se o único despacho
udmissível nesse momento é o de indeferimento liminar. Pode perguntar-se se,
À citação também depende de despacho judicial quando a propositura da ucção deva
perante urna petição irregular ou deficiente (sobre estes vícios, cfr, ano, 508°, ser publicitada (art" 23.4°, n" 4, ul. c); cfr .• irt" 945°) .e nu acção executiva (art" .2H~. nO 4.
nOs.2 e 3); o juiz está impedido de solicitara sanação da irregularidade ou de al, ej).
convidar o autor a aperfeiçoar esse articuladovImpõe-se claramente uma
resposta positiva. O momentonormal de correcção desses vícios é a fase da b. Cornose dispõe no art" 234°, n" 5, a citação do réu não implica
condensação (artOs 508°,. nOs' I, al, b), '2 e'3, ti S08°-A, n" I, al. c»), mas isso qualquer preclusão quanto aos motivos que poderiam justificar a recusa da
supõe que, antes dele, não há qualquer intervenção do juiz, Havendo-a •..corno petição pela secretaria (cfr. art" 474°) ou o seu indeferimento liminar pelo juiz
sucede no caso em análise, nada impede que essa. correcção se pOSSu realizar (cfr. .art" 234"-A, n° I). Portanto; o tribunal da caUSA não estáimpedido de
numa faseànterior, Aliás, se assim não se entendesse, a consequência seria a conhecer deles em momento posterior, nomeadamente no despacho saneador
eventual repercussão nos Outros articulados das irregularidades ou insuficiências (cfr.artO 510°, n" I),
dâ p~tiçãqinicl<.lL oque.ampliaria um vício que podiater sido atempadamente
sanado.
2. Procedimento
(
r r r r r
o.processo (urt" 235°, n° I). Nesse mesmo acto, deverão ainda ser indicados
ao réu o prazo dentro do qual pode oferecer a defesa, a necessidade de 4.2. Citação postal
patrt)dníQ judiciário e as cominações em caso de revelia, isto é, de falta
de contestação (art" 235", o" 2), A citação por via postal faz-se por meio de carta registada com aviso de
recepção, de modelos oficialmente aprovados, diriglda ao citando e endereçada
para a sua residência ou local de trabalho ou, tratando-se de pessoa colectiva
3. Efeitos 'Ou sociedade, para a sede ou local onde funciona normalmente a administração
(art" 23.6", n° I). No caso de citação de pessoa singular, a carta pode ser
A cilaçful,. do réu produz eteítoaprocessuais e substantivos, São os entreguecapés á assinatura do aviso de -recepção, ao citando ou a qualquer
seguintes osefeitos processuais: -a estabilidad~'dos elemén-to-S-subjectivos e pessoa qlJ.e Se encontre na sua residência ou local de trabalho e que declare
objectivos da ;~;tii~cia (arlOs 481°, aI. b), e 26S0); -a inadmissibilidade da encontrar-se em condições dea entrega!' prontamente (art" 236°, n° 2). Quanto
propositura pelo réu de uma acção contr.a o autor com o mesmoobjecto às pessoas colectivas e sociedades, senão se puder efectuar a. cltaçãopor via
(art" 481", aLc)}; - a constituição daexcepção de litispendência, se o réu já postal na sua sede ou no local onde funciona normalmente a admirristração, por
tiver sido citado para outra acção idêntica (arr" 499°, n" I; cfr.art°s 494°, aí não se encontrar nem o legal representante, nem qualquer empregado ao
al, i), 497" e 498°), 0$ principais efeitos rrtatérlais da çituçãp:-;ã(j 0'{ seguintes; seu serviço, procede-se à citação do seu representante, mediante carta registada
- a cessação da boa fé do possuidor (art" 481°, aLa»: ~ a interrupção da com aviso de récepção, remetida para a sua residência ou local de trabalho
prescrição (art" 323°, rio 1., .CC), da usucapião (art" 1292° CC) e, em certos (artO 237°),
casos, dacaducidade (art" 2308°, n° 3, CC); - finalmente, acunstituição do A Citação pOJ via postal considerá-se feita no dia em que for assinado o
devedor em mora (art" 805°, n° I, CC; are 662°, n" 2, a!. bj). aviso de recepção e tem-se por efectuada na própria pessoa do çitando, mesmo
que esse aviso haja sido assinado por terceiro, porque se presume, salvo prova
Sobre outros efeitos da citação. cfr. nrLo, 48()ti. ,,1. a). 528", n° 1,538°, n° I, e j829°, n° 2. em contrário, que a, carta foi oportunamente entregue ao destinatário (art" 238°).
al. bi. cc. Sempre que a carta não seja entregue ao citando, ser-lhe-a enviada uma .outra
carta registada, na qual lhe são comunicados a data e Q modo por que o acta
se considera realizado, o prazo para o oferecimento da defesa, as corninações
4. Modalidades apllcáveis à. rev.elia,o destino dado <lo duplicado da petição inicial euIdcn-
tidade da pessoa em quem a citação foi realizada (art" 241 ")0
4. l. Enunciado
4.3. Citação por funcionário judicial
A citação pode ser ~al ou ~I (art" 233°, n" I). A pitação pessoal é
aquela que feira através de contacto directo com o demandado
ê ou que Se se frustrar acitação por via postal, a citação será efectuada mediante
é efectuada em pessoa diversa do citando, mas encarregada de lhe transmitir contacto pessoal do funcionário de justiça com o citando, que lhe entrega os
o conteúdo do acto (art" 233°, n° 4; sobre estas situações, cfr. art°s 23}0, n° 5, elementos e lhe di as indicações impostas pela lei. (cfr, art" 235°), lavrando-
236°. n" 2, e 140°, n° 1 2" parte), A citação pessoal pode ser realizada através -se, em seguida, certidão assinada pelo citado (art° 239", n" I). Se o funcionário
da entrega ao citando de cana registada com aviso de recepção, nos GlISQS de se certificar que o citando reside ou 'trabalha efectivamente no local indicado
citação postal (urt" 133°, n" 1, al. a», mas também pode ser efectuada através mas não o puder citar por nãoo enc6ótrar, deixarã nota cOlh indicação de hora
de contacto pessoal do funcionário judicial (art" 233°, n° 2, al. b)) ou do ceda para a diligência na pessoa que estiver em ccndições de a transmitir ao
mandatário judicial do autor com o citando (art" 233°, n° 3). Em regra, a citação citando ou, quando tal for impossível, afixará o respectivo aviso no local mais
é pessoal (cfrv.art" 233°, n" 6)e, em regra lambem, realizada pela via postal
é indicado (art" 240°, n° I). No. dia e hora designados, o funcionário fará a citação
(cfr. art''s 239°, n'' I, e 245", n° 2). na pessoa do citando, se o encontrar, ou na pessoa, capaz que esteja em
melhores condições de a transmitir ao citando (art" 240°. n° 2). Esta pessoa
Procedimento em I· instância 279
da petição inicia! e a identidade da pessoa em quem a citação foi realizada será aplicável o regime estabelecido na Convençclo Relativa li Citação e li
(art" 241°). Notificação no Estrangeiro dos Actos Judiciais e Extrajudiciais em Matéria
Civil e Comercial (concluída na Haia em 15/1111965 e aprovada para ratifi-
cação pelo Decreto-Lein" :210171.. de 18/5), Se este instrumento convencional
4.4. Citação por mandatário judicial
hão for aplicável (nomeãdamente, porque o Estado da residência do réu não
o propósito da realização da citação pelo mandatário judicial do autor, aderiua ele], a citação feita, em regra, por via postal.em carta registada com
é
por outro mandatário, PQI' solieitadnr ou por pessoa que preste serviço forense aviso de recepção, aplicando-se asdeterminações do regulumetno local dos
junto dali secrêtarias judiciais no interesse e por conta dos mandatários judiciais serviços 'postais (art" 247°, n° 2).
pode ser declarado tia petição inicial ou em momento posterior, se se tiver
frustrado qualquer outra forma de citação (art" 245", n" 2.). A citação 'deverá.
SeI' feita.denrro dos 30 dias. posteriores à solicitação da sua realização, sob pena 5. Impossibilidade
de ela se realizar nos termos gerais (art" 246°, n" 2). Com ela.deveser entregue
A citação pode ser impossível por três circunstâncias: a incapacidade de
ao citando o duplicado da petição inicial e a cópia dos documentosque a
Jacto dó citando (art" 242'\ a ausência do citando em parte certa e por tempo
acompanhem, deve ser-lhe comunicado que fica citado para a acção a, que o
limitado (art" 243°) ea ausência dele em parte incerta (art" 244°). No primeiro
duplicado se refere e. devem ainda ser indicados o tribunal, juízo, vara e
ÇllSO, .se O il.1iz reconheceru inçapaciclade do réu, é-lhe .1100Í1êadoUlÍl curador
secção por Qlicle corre o processo, o prazo de contestação, a necessidade de
provisório (art" 242,°, n° 3); nosegundo, fabulta"se ao tribunal .a opção entre
patrocínie judiciárioe as cominaçôes da revelia (art"s 246°, n° 1. e 235°).
proceder-à citação postal ou aguardar O regresso do citando (art" 243°); por fim,
O mandatário judicial é civilmente responsável pelas acções ou omissões
no terceiro, procura-se obter, junto de quaisquerentidades, serviços ou auto-
culposarnente praticadaspelapess.oa encarregada de proceder à citação,
ridades policiais, informações sobre O paradeiro ou a última residência
sem prejuízo da responsahilidade discipfinar é criminal que cOubér ao caso
conhecida do citando (art" 244", n" L), utilizando-sevcm seguida. se essa
(art" 246°, n" 3).
ausência for confirmada, a citação edital (art"s 233°,nQ 6, e 248°).
4.5,Citaçào ediial
6, Vícios
A citação edital é utilizada quando o citando se encontre em parte
incerta (citação edital por incerteza do lugar) ou quando sejam incertas
as pessoas a citar (citação edital por incerteza das pessoas) (art" 233°,. n° 6) 6.1. Falta e nulidade
A citação edital motivada pela incerteza do lugar é.feita pela afixação deeditais a. A citação pode faltar (art~195Q) e ser nula (art" 198°), .Segundn o
(art" 24&°. nOs I e 1) e pela publicação de anúncios em dois números seguidos dispostono art" 195", verifica-se a (alta de .eitação quando o acro tenha sido
de um dos jornais, de âmbito nacional ou regional, mais lidos na locali- completamente omitido, quando tenha havido erro de identidade do citado.
dade da última residência docitando (art" 248°, nOs 1 e 3). Para a citação quando se tenha empregado indevidamente a citação edital (clr, aHos 233°.
edital determinada pela incerteza das pessoas utilizam-se meios semelhantes n° 6, 248° e 251°), quando se mostre que foi efectuada depois do falecimento
(arlO 251°). do citando ou da extinção deste e ainda quando .se demonstre que o destinatário
da citação pessoal não chegou a ter conhecimento do acto, por factoque não
;"
f r r
Procedimento em la instância 28l
282 Procedimento em I" instãncia
lhe seja imputável, ou seja. quando ele tenha ilidido a presunção estabelecida
no arr' 238" ou quando a citação tenha sido realizadaapesarda sua incapacidade irregulatmente (cfr, arr' 195°, al'sb) a c); a nulidade da citação con-
de Jactotcfr. ârt" 242°). A falta de citação cot1sidêtá-~e sanada se o réu OiJ o duz à SU.I repe~i~âo,com observância das formalidades p!'GsCri\Ü~ha lei
Ministério Público intervierem no processo e não arguirem o vício (art" 196°; (cfr, art" 198°, n° 1).
cfr. STJ - 16f1 O!\ 9.90, BMJ 400, 572). Pode suceder quea falta e a nulidade da citação nunca venham a ser
sanadas e que 'o réu permaneça numa situação de revelia absoluta. Esses
Sobre a falia de citação. cfr. RC - 20/lU1I987, CJ 87/4,82; RP - 23/10/1990, CJ 90/4,
vícios justificam então o uso dos meios de reacção contra a própria sentença
236;e"istc 1":llla de cílaçãn se o citando, por razão de doença grave ou outra, assinuu um
papel em hrunco onde, depois. é lavrada certidão da citação: cfr, S,TJ - .14/511996, CJ/S 96/2, proferida. que é o recurso de, revisão da decisão (art" 771°, aI. 1')), e contra a
74, A füllü de citução, se não for imputável ao autor (como sucede ,se,por exemplo, ele não execução baseada nessa sentença, que. são os embargos de executado (arlo'8J3°,
identificar correctamente .(j réu (cfr. art" 1950, aI. bj), não obsta à interrupção do prazo al, dj),
prcscricioual (urt" 373" .• nO:?, Ce),
6,2. Falsidade
Numa situação deIitisconsórcio, a. falta de citação de um dos litiscon-
sortes ()t'Íginaa.s se,g\lintêS consequêrrcias: • se o litisconsércio lor necessãrio A citação também pode estar afectada por ll.t11. vfcio,cJs:,J\II~i(~\!ge, Isso
(cfr. art"s 2Xoe 28"-A),;,lnl!lar,se-á tudo o que se tiver processado depois pode suceder, por exemplo, tanto quando o funcionário judicial 'iltç:~tou
das citações (art" ) 970, al. a»;- se o litisconsôrcio for volll,ntário (cfr.artOs 27° nasua certidão que procedeu à citação do réu quando tal não aconteceu
e 31 o·BJ. nada se anula e permite-se que, se ainda não estiver designado o dia (falsidade material, art" 372°, 1)" 2 2a parte, CC), como quando esse funcio-
para a audiência final (cfr. arr's 508°-A, n" 2, aI. b), e 512°. n" 2), o autor nário certificou que entregou o duplicado da petiçãoinicial a quem pensava
requeira que o réu seja citado (art" 197ó, al, hj). O mesmo deve valer. segundo ,~~to citando e tal não corresponde à verdade (falsidade ideológica, art" 372°,
parece, para a semelhante coligação necessária ou voluntária. n° 2 I" parte, ÇC).
As ccnsequêncías desta falsidade constam, do art" 551 0.1\ (um preceito que,
b. A citação nula quando, nasua realização.uião
é hajam sido obser- apesar de se referir à falsidade dos actos judiciais, se encontra incluído na
vadas asformalidades prescritas na lei (art" 198°, n° I; Sobre essas formalidades, secção respeitantea prova documental e à instrução da causa): essa falsidade
cfr., designadamente, artrs 235° e 246°, n" 1), desde que essa inoQservância deve ser arguida nos 10 dias seguintes a intervenção do réu no processo
possa prejudicar a defesa do citado (art" 198", n" 4). É por isso que, se a (att"'S51°-A, n" J). prazo que parece dever serconsurnido pelo da contestação
irregularidade tlverconsistido em se ter indicado um prazo .superiorao e,portant(),só se apficarquando o réu nãn qurser contestar ou só tiver
concedido pela lei para a defesa, esta deve ser admitida dentro do prazo conhecimento dó facto que fundamenta a arguição em momento posterior
indicado, a não ser que o autor tenha feito citar novamente Q réu em termos (artOs 551°.A,.n° 3,e,)46°; ti" 2). À invocação da, falsidade aplica-se, cornus
regulares (art" 198°, riO 3). E~ta nulidade, quando relevante, deve ser arguida necessárias adaptações, o disposto nos 'árl"s 546° a 550° (art° 551 "_A. n" 3) e,
no prazo indicado para a contestação ou, no caso de a citação ter sido edital se a falsidade puder prejudicar a defesado citando. li causa pode suspender-se
Oll de não ter sido indicado aquele prazo, IlÇJs J O dias seguintes à primeira logo que ela seja arguida (art" 551°-A. n" 4 I'p<lrte).
intervenção do citado no processo (artOs 198°, n° 2. e 153°. n° 1).
Sóbrcu nllliúadC da citação, di', RL - 2914/1985. BMi 353, 503; RC - 28/111986. BMJ
VI. Contestação
W\. 522: RL - 24/6/19H6, C.I 86/3. 137: SiJ, 17/3/1994. )3MJ 435,763. A nulidade da citação
nãoimpede a. prod~çãp do efeito intcrruptivo da prescrição: arr" 323°,1)0 3, CC,
I. Noção
c.. A falta da citaçãc determina asua realização, se o acto tinha sido
omitido (cfr; art" 19,5ó, al, a)); oua sua repetição; Se ela tinha sido efectuada
A contestação é a resposta do réu à petição inicial do autor, ou seja, é a
manifestação da posição do réu perante aquele articulado do autor.
Procedimento em l" instância 283
284 Procedimento em I" instância
2. Acepções
pode beneficiar qualquer réu: sempre que ocorra um motivo p<)ndéroso que
Indicação do valor da causa: essa omissão implica, se não for sanada, o impeça ou dificulte anormalmente a essa parte ou ao seu mandatúrio judicial
indeferimento da reconvenção (urt? 501°, n" ;2 2a parte). Se o prosseguimento a organização da defesa, pode requerer-se a prorrogação do prazo decon-
da recotivenção estiver dependente da efectivação de registo ou de qualquer te~tação,até ao limite máximo de 30 dias .(arI0486", n" 5). A apresentação desse
neto que deva iler reaiizado pelo rcconvintc, l) reconvindo será absolvido da requerimento não suspende o prazo em curso (o que desincentiva a solicitação
instância se esse,Wto não for praticado no prazo fi.'(ado (art" 50 l°, n° ;3). não fundamentada dessa prorrogaçã.o), deveMo o juiz decidir o requerimento
no PtllZQde 24 hotaS ea secretaria comunicar irnediatatnente a decisão à parte
(art° 486°, n" 6),
4. Prazo
d.e~ decorrente do uso reprovável do processo (art" 456°, n° 2, aI. d)) deve
ser suficiente para inibir o réu de apresentar deliberadamente uma contestação um exemplo desta defesa na dedução da suspeição do juiz, que, embora
uom o fim de obter a recusa do seu recebimento pelei tribunal e de poder gozar devendo ser apresentada no prazo concedido para a contestação (art" 128",
do prazo suplementar concedido pelo art" 476°. n" I 2' parte), deve ser realizada em requerimento autónomo (cfr. art° 129°,
n" I).
A defesadif~é aquela que pode ser apresentada depois do prazo de
6. Concentração
contestação. Segundo o disposto no art" 489°, n" :t a defesa diferida é adrnis-
a. A contestação (em 'sentido material) está submetida a urna regra de/ ,/
.> sível em três situações: - quando o réu pretenda alegar factos supervenienies,
Concà-~ ou de. )Jj:Wlus~ toda a .defesa ..deve ser deduzida na contes- .isto é, faCfõ&OCOtridos posteriormente ao termo do prazo fixado para a
tação (urt" 489°,. n" I),ou melhor, no prazo da sua apresentação (cfr. art° 486°, contestação ou factos anteriores de que o réu só tenha conbecimento depois de
Q
n° I), pelo que. fica precludida quer a. invocação dos factos que, devendo ter findar esse prazo (cfr. art" 506 n" 2); - quando à lei permita expressamente a
,
sido alegados. nesse momento, não o foram, quer a impugnação, num momento apresentação posterior da defesa (cfr., v. g., art?s 102°, n° 2.11 OÓ,n° 4, 12):°,
posterior, dos factos invocados pelo autor. Se aquelesfactos forem invocados n" I, e 204°, n° 2); - finalmente, quando o réu pretenda invocar tactos
fora do prazodeterminado para a contestação, o tribunal hão pode considerá- de conhecimento oficioso, o que se justifica pela circunstância de que. se o
tribunal pode em qualquer momento conhecer desses factos (cfr. art" 660°,
-los na decisão da causa: se o fizer, incorre em excesso de pronúncia, o
que. determina a nulidade daquela decisão (,irt 668°,
Ó
n° I, al. d) 2' parte; n° 2 2' parte), então também o réu os. pode alegar em qualquer fase da causa,
cfr, STJ - '21/4(1980, BMJ 296, 235).
Para determinar a incidência desta regra de concentração ou de preclusão, 7. Conteúdo material
importa ter presente que, na, contesração, o réu tanto pode alegar factos novos
que fundamentam urna excepção dilatória ou peremptória, como limitar-se
7.1. Enunciado
a impugnar os fuc.:tós invocados pelo autor na petição inicial (cfr, art" 487°,
n" 2). Há, assirn, que distinguir entre o QilllS de alegação reiativo aos factos A contestação pode revestir as modalidades de defesa por i1nJ2ygllilç.,!io
que devem ser invocados pelo réu na contestação eo ónus de impugnação e por e~art0487°, n° 1). A defesa por impugnação pode ser directa
respeitante aos factos que por ele devem ser impugnados nesse articulado. ou de facto e indirecta ou de direito (ou ainda qualificada ou per positionenú:
Quanto àquele ónus de alegação, ele vale simetricamente para o réu com - a.impugnaçãc directa oude facto consiste na contradição pelo réu dos factos
a mesma extensão que vale -para o autor: o demandado tem o· ónus de articulados na petição inicial (art" 487°, n" 2 I a parte); - a irnpugnação é
invocar os factos principais relativos à excepção deduzida, mas não tem indirecta ou de direito quando o réu afirma que Os factos alegados pelo autor
de Invocar os respectivos factos instrumentais (dr. art" 264", nÓs le 2), excepto não podem produzir O efeito jurídico pretendido por essa parte (arr" 487", n" 2.
se. eles forem provados por documento que deva ser junto à contestação la parte in fine). Assim, se, por exernplo, O réu afirma que não comprou
(de art" 52)", n" I). Relativamente ao ónus de impugnação. ele não pode ser qualquer objecto ao autor e, por isso, não lhe deve o preço, verifica-se uma
mais exigente do que o ónus de alegação que é imposto ao autor, pelo que o impugnação directa; contudo, con forma-se uma irnpugnação indirecta se O réu
réu só tem de impugnar os factos principais invocados pelo autor, pois que uma aceitar que celebrou com °
autor o contrato alegado por este, mas lhe arribuir
tal impugnação abrange igualmente os correspondentes factos instrumentais que urna diferente qualificação legal e dele extrair distintas consequências jurídicas.
o autor tenha eventualmente alegado. A irnpugnação indirecta é um meio de defesa do réu, mas há que recordar
que, corno o tribunal conhece oficiosamente da matéria de direito (art" 664°
b. Exceptuam-se desta .regra de concentração os casos de d~<:.sa §~arada I' parte), este órgão, mesmo sem essa impugnação, deve controlar se os efeitos
(art" 4R9°, n° J in flfle) e diferida (ar!'; 489°, n" 2). A defesa separada é aquela jurídicos pretendidos pelo autor podem decorrer dos factos alegados por esta
que pode ou deve' ser dedl;;-da f~ do articulado de cü;;testação. Encontra-se parte. A delimitação entre a irnpugnação indirecta e a excepção peremptória
faz-se, por isso, através do seguinte critério: - se o réu se limita a negar o efeito
Procedimento em 1" instância 289
290 Procedimento em 1" instância
jurfdico pretendido pelo autor, isto é, a atribuir uma diferente versão jurídica
dos factos invocados pelo autor, há impugnação indirecta; - se, pelo contrário, Por isso, deve entender-se que lhe é aplicável. a [ortiori, a possibilidade
() réu opõe a esse efeito a alegação de um facto impeditivo, modificativo ou. de declaração de nulidade OÚ de anulação prevista, para aquela eonfissãe
extintivo, verifica-se a dedução de uma excepção peremptória (sobre a. (art? 359" CC).
distinção, cfr, RP - 3/4/1990, CJ 90/2, 222).
A impugnação indirecta pressupõe a aceitação pejo réu dos factos ale- b. Um ponto particularmente sensível nesta matéria é o que se relaciona
gados pelo autor ou, pelo menos, de alguns deles, pois que o réu apenas com o quantum da irnpugnação, ou seja, com a suficiência da irnpugnação, Esse
impugna a qualificação jurídica fornecida pelo autor e os factos a ela ligados. ~ exige a exposição pelo réu dos motivos da sua oposição ao autor e
.A irnpugnação indirecta equivale, assim, a uma confissão qualificada. das razões da controvérsia entre as partes, mas não pressupõe a impugnação
de cada facto alegado. pelo autor. Para que o réu cumpra o ónus de impug-
7.2. Defesa por excepção nação basta que esta parte apresente uma versão contraposta 11 do autor
(cfr. RE - 3/4/1981, CJ 81/2,250); OU seja, é suficiente que se torne explícita
. A defesa por excepção consiste na invocação de factos que obstam à a controvérsia entre as partes, da acção. Se, por exemplo, o autor baseia oseu
apreciação do mérito da acção ou..que, servindo de causa. impeditiva,modi- pedido de indemnização numa conduta culpas à do réu, esta parte não tem de
ficativa ou extintiva do direito invocado peloautor, importam a improcedência tomar posição definida sobre cada um dos factos alegados pelo autor: basta
total ou parcial do pedido (art" 487°, n" 2 2' parte). No primeiro caso, o réu apresentar uma versão dos acontecimentos globalmente contraposta 11 doautor,
alegá a. falta de um pressuposto processual e invoca uma. excepção dilatória pois que o que releva é a defesa considerada no seu conjunto (cfr. art" 490°,
(cfr. art" 493°, n° 2); no segundo, o réu opõe urna excepção peremptória n" 2).
(art" 493°, n" 3) 11). Os factos instrumentais eventualmente alegados pelo autor não têm de
ser especificamente impugnados pelo autor. Basta, na verdade, que sejam
7.3. Defesa por impugnação impugnados os factos principais, porque daí decorre necessariamente a
impugnação de todos os factos instrumentais que o autor tenha invocado. pois
a. A irnpugnação directa deve abranger os factos principais articulados que a negação dos factos principais inclui aqueles que o autor pretendiauti-
pelo autornu petição inicial (art04900, n'' I); se assim não suceder, consideram- lizar como seu indício. Assim, se, por exemplo, o réu impugnar o recebimento
-sc admitidos por acordõ os factos que não forem impugnados (art° 490", n" 2 de qualquer quantia entregue pelo autor, está necessariamente impugnado
l" parte). Suponha-se que o autor alegou que' celebrou um contrato com o réu; qualquer facto instrumental invocado pelo autor como indício desse recebi-
se este não negar esse facto na contestação, a sua celebração considera-se rnento. Só existe um ónus de impugnar os factos instrumentais quando deva
admitida por acordo. Esta admissão dispensa a prova do facto, porque ele não ser impugnada a prov-a que, quanto à eles, foi apresentada. pelo autor
se torna controvertido e, por isso, não integra o objecto da prova (4). (cfr., quanto à prova documental, art''s 544°, n" 2, e 546°, rio I~ art°~ 372°, 374°,
Quanto à eficácia desta admissão por acordo, importa referir que não 375°, n'" 2, 3780 e 379° CC).
seria lógico que ela (que resulta de uma abstenção de impugnação) tivesse Do. exposto decorre que, para se averiguar se um facto instrumental foi
um valor superior ao da própria confissão (expressa e explícita) de um facto. ou não impugnado, há que verificar qual foi a posição do réu em relação ao.
respectivo facto principal. Se o facto principal for impugnado pelo réu, devem
,), Sobre as excepções dilatõrias. cfr. M. Teixeira de SOUSil .• Introdução ao Processo Civil (Lisboa
considerar-se impugnados todos os factos. instrumentais a ele respeitantes; se
199:i), 75ss.; sobre as excepções peremptórias, cfr. M~ Teixeira de Sousa, As panes, () objecto
c. a prova naacção declarativa (Lisboa l(95), 160. ss .. o facto principal não for impugnado, devem considerar-se irrelevantes os
", Sobrc .a adrnisxão por acordo. cfr. Lebre de Freiras, A confissão no direito probutório (Um respectivos factos instrumentais, dado que, nessa circunstância. eles não podem
estudo de direito positivoj (Coirnbra 1991).461 ss.: sobre a evolução histórica das consequências ser chamados à realizara sua função probatória.
da não contestação, cfr. Carraua, 11princípio della no." contestazione nel processo civile (Milano
1995); J7 S5.. c. Só é exigfvel que o réu tome posição sobre os factos que conhece
ou que deva conhecer segundo as regras da experiência comum (cfr. RC -
Procedimento em I" instância 291
292 Procedimento em I" instância
não pode valer como irnpugnação, porque ninguém pode afirmar que des- documento, esse meio de prova não pode ser substituído por qualquer
conhece um facto que lhe é imputado; se o réu não praticou o facto, o que lhe outro (art" 364°, n° 1, CC) e, menos ainda, pela admissão por acordo. Por
é exigível é que diga que o facto 'não é verdadeiro e não que afirme que o exemplo: a prova do casamento, que só pode ser feita por documento pró-
desconhece, Se, pelo contrário, o autor imputar determinada conduta a um prio (art"$ 5° e 261" CRegC), não é suprfvel por admissão por acordo
terceiro e o réu afirmar que desconhece a veracidade desse facto, issoequi- (RE ~ 19/21198'7, CJ 87/1,303).
vale a impugna-lo. dado que não é exigível o conhecimento de condutas
alheias.
É ainda a inexígibilidadc do conhecimento dos factos por certasentidades 8. Confissão qualificada e complexa
ou pessoas que justifica que. a regra da admissão poruçordo na falta "ele
impugnação não seja aplicável ao Ministério Público Ou ao. advogado ofi-
a. Alcorttlssão qualificada é aquela em que o réuconfessa o facto, mas
fornece-lhe J.1I11. diferente enquadrarnento jurfdico (por exemplo: o réu confessa
cioso que representem incapazes, ausentes ou incertos (art" A90°, n" 4).
que recebeu a quantia alegada pelo autor, mas invoca que da não lhe fOI
Trata-sé de uma justificada discrimirração positiva dessas entidades (cfr., v: g.,
mutuada, mas sim doada). Essa confissão corresponde, por isso, à 'impugnação
$TJ - í4/l/199J.aMJ 423, 397).
Indirecta. O autor que guiser aproveitar-se daprova plena resultante dessa
d, Além da hipótese em que o réu não tem O dever de conhecer 6 facto, confissão (cfr, art" 358?, n" 1" CC) tem de aceitar como verdadeiros os outros
alguns, outros motivos determinam que a falta de impugnação não implique a factos ou circunstâncias alegadas pelo réu, embora possa provar a sua
admissão por .acordo do facto. Assims\Jcede sempre que esta admissão Seja inexactidão (art" 36U in fine CC). Este regime é consequência
Q
da indi-
incompatível com a defesa considerada no seu conjunto (art" 490.°, na 2 visibilidade da confissão qualificada (art" 360.° CC).
2 parte). Neste caso, o facto não é expressamente
3
impugnado, mas a sua Deste modo, a confissão qualificada produz os seguintes eí'ehos: -q.uanto
irnpugnação torna-se desnecessária ou supérflua pela irnpugrração de outros aos factos confessados pel9 réu, eles devem Se!' considerados assentes e não
factos. Tal situação verifica-se sempre que o facto. não impugnado seja controvertidos (se, por exemplo, O réu confessarque recebeu a quantia entregue
incompatível com qualquer outro que seja impugnado. Se, por exemplo, o autor pejo autor, este facto deve xer tomado como indiscutível): ~ quanto aos lucros
alegar que II réu conduzia o veículo que provocou O.acidentee esta parte negar impugnados de direito pelo réu, aquela confissão implica que incumbe ao autor
provar que, apesar dessa impugnação, esse factos são verdadeiros (se, por
I'
I '
, b. M~is discutível e
o regime,da_~o~~xa, ~ue é aquela el,n que
10. Formalidades complementares
o reu, conjuntamente com a confissão de certos factos, II1VOC<l factos impe-
ditivos, rnodificativos ou extintivos do efeito pretendido pelo autor. Por A apresentação da contestação é' notificada aoautor (art" 492", riO I). S~
exemplo; o réu aceita ter recebido a quantia emprestada pelo autor; mas afirma, tiverem sido vapreserrtadas várias contestações por diferentes réus, essa
que já a restituiu: o réu admite ter concedido ao autor a preferência na venda notificação só se efectua depois de ter sido entregue a última ou de haver
de urna coisa" mas invoca a extinção dessa preferência pela verificação de urna decorrido o prazo do seu oferecimento (art" 492°, n" 2; sobre esse prazo;
condição resolutivatcfr, art? 2700eC). A indivisibilidade desta confissão cfr, art" 4866, n° 2).
0
complexa (di. artO 360 CC) teria como consequência que incumbiria ao autor O réu deve efectuar o pagamento da taxa de justiça inicial no prazo de
provar Ü nãO veracidade do facto irnpeditivo, modificativo ou extintivo
to dias a contar da apresentação dá. contestação (arr's 23° e 24",n" r, al. b),
ínvoc,üdo peloréu, ou seja, implicaria. que caberia ao autor provar a inexistência
eeJ}. E~sa. Obrigação não existe Se. o réu beneficiar de urna isenção subjec-
da excepção alegada pelo réu. tiva ouobjectiva (d'r.art"s 2° e 3" eC}) ou de apoio judiciário (art° 15",.n° I}
Este resultado não é aceitável, pois que implicaria Uma inversão dá ónus DL 387~BI87, de 29112).
da prova da excepção peremptória oposta pelo réu. Se ª
confissão complexa.
realizada na .contestação tivesse como efeito essa inversão, issoesvaziaria por
completo a repartição do ónus da prova que se encontra estabeleoida no VII. Réplica
art" 3426, n° 2, CC, pois que, como qualquer invocação de uma excepção pode
ser reconduzida a lima confissão complexa, nada restaria para aquela previsão
legal. Assim, há que concluir que o regime di) indivisibilidade não é aplicável I. Noção
à confissão C(íil1pleX;,iefe,<:;wadíl pejo réu na contestaçao(ó\pehJ que,apesar
A réplica é a resposta doautorã contestação (lo réu, A réplica pode ser
dessa confissão. o autor continua a deVet provar os JaÇt()$çonsti[tHiVo~ do seu
entendida num sentido formal ou material: naquela primeira acepção, ü réplica
direito e o réu os respectivos factos impeditivos, modificatlvos ou extintivos,
é o articulado que o autor apresenta em resposta à contestação do réu; em
Dos factoscuja prova incumbe ao autor excluem-se, rraturalmente. aqueles que
sentido material, a réplica consiste na contestação de uma excepção oposta pelo
tiverem sido confessados pelo réu, porque estes não devem ser considerados
réu ou na dedução de uma excepção contra o pedido reconvencional formulado
controvertidos.
pelo réu (err. art" 502°,I1°s 1 e 2). Se aquele articulado contiver aquela
lmpugnação oua dedução daquelaexcepção, ti réplica em
sentido formal é-o
também em sentido material.
9. Efeitos
ldenticarncntc,
(:I. embora com tundumcnraçâo algo distinta. cfr, Lebrede Preitos, Confissão, réplica destina-se a possibilitar a impugnação pelo autor da excepção invocada
2JX soo pelo réu ou a alegação de. uma. contra-excepção; no segundo, a réplica permite
.aapresentação pelo autor de qualquer contestação, por impugnação ou por
Procedimentoem I" ·Í/ülância 295
296 Procedimento' em I" instância
excepção (cfr. ar!" 487°, n" 1), do pedido reconvencional. A réplica encontra
a sua justificação nos princípios da igualdade das partes (art" 3°-A) e do 3. Prazo
contraditório (art" 3°,nos 1 a 3).
Nas acções de simples apreciação negativa (cfr, art" 4°, n° 2, al. a), a A réplica deve ser apresentada dentro de l5 dias a contar da notificação
da contestação (art" 5020
• na 3 I" parte). Mas se li acção for de simples
réplica serve para o autor impugnar os fados constitutivos que o réu tenha
apreciação negativa ou o réu tiver deduzido um pedido rcconvencional, esse
alegado como fundamento do seu pedido reconvencional de apreciação da
prazo é de 30 dias (art'' 5020, n° .3 2" parte). Este alargamento do prazo
situação jurídica e para ele próprio excepcionar os factos irnpeditivos,
(que passa a ser idêntico ao da contestação, art" 4X6°, n" I) justifica-se pela
modificativos ouextintivos oponíveis a esse pedido (art" 502°, n° 2). A hipótese
circunstância de a réplica vassumir, nessas eventualidades. a função de
agora considerada é.pois, aseguinte: o autor pede a declaração deinexistência
contestação dos. factos alegados pelo réue dó pedido recot]ve·t]ci<)l)al fOI'nlLllado
de umasituução jutíc!ica e alega os faqtQs dos quais decorre que essa situação
por esta parte. Qualquer destes prazos é prorrogável, até ao limite da sua
nunca se constituiu ou se extinguiu; (la contestação, o réu pode limitar-se a
duplicação, embeneffcio do Ministério Público ou do auror' que. por motivo
impugnar esses factos, mas também pode alegar factos constitutivos que
ponderoso, e~teja impedido ou tenha dificuldade em apresentar oseu articulado
fundamentem o seu pedido (reconvencional) de declaração da existência da
situação jurídica; quanto a estes factos constitutivos, o autor, 'na réplica, (art" 504°),
pode impugná-los ou opor-lhes uma excepçãoImpeditiva, modificativa ou
extinti va,
4, Rejeição
b. A falta da réplica oua não impugnação dos factos novas alegados A réplica pode ser rejeitada pela secretária sempre que sé verifiqua um
pelo réu implica, em regra, a admissão por acordo dos factos não impugnados dos vícios (brniab; que justifica a recusa da petição inicial (art" 474°),
(art° .ji0$0). Esta admissão não se verificanas situações previstas no art" 490 Q
, Sernelhantememe ao estabelecido para a recusa deste articulado, o autor pode
n° 2, e, além disso, há que conjugar O conteúdo da réplica com o da petição reclamar para o juiz (art" 475°, nOI) e agravar do .despacho que a confirme
inicial, pelo que devem considerar-se impugnados os factos alegados pelo réu (art" 475°,. n° 1); caso a recusa seja mantida, pode apresentar outra réplica no
que forem incompatíveis com aqueles que constarem de qualquer-ríesses prazo de 10 dias, (art" 476 0
).
articulados do autor.
Se. o réu tiver formulado um pedido reconveneionul; a falta de réplica
implica a revelia. do reconvindo quanto a esse pedido (cfr.iart" 484°, n° I), Essa
revelia é inoperante nas' condições referidas no art" 4850, mas, se foroperante,
vm. Tréplica
determina a confissão dos factos articulados pelo réu como fundamento do seu.
pedido reconvencional (art" 484°.n.6 1). I.. Noção
c.. Acessoriarnenteaestas funções, a réplica pode ser utilizada para o A tréplica é a resposta dó réu .~ réplica do autor, Também ,Irréplica pode
autor alterar unilateralmente o pedido ou .a causa de pedir (art° 213°, nOs 1 ser referida num« acepção formal oumaterial: em sen(Í<JQ formal, a tréplica é
e 2). Adepenpência desta função acessória perante as funções essenciais da o articulado deresposta do réu ~. réplica dó autor.a tréplica em sentido inale"
réplica determina que aquela alteração só pode Ser realizada quando esse rial é· a contestação pelo réu das excepções opostas à reconvenção rur réplica,
articulado for admlssível nos termos gerais, pelo que, seo autor não tiver a impugnação da admissibilidade da modificação do pedido ou da causa de
fundamento para a apresentar (isto é, se não se preencher a previsão do pedir realizada pelo autor na replica (cfr. art" 273". nOs I e 2) ou a contestação.
art" 502°,no I, CC), não pode justificá-Iacom. a alteração do pedido ou da. da nova causa de pedir ou do novo pedido .apresentudo pelo autor na replica
causa de pedir. (art" 5036, n'' I),
I . I '
r
Procedimento em l" instância 297
298 Procedimento em r instância
1. Conteúdo material
contra-excepção. Suponha-se, por exemplo, que o autor contesta o pedido
A tréplica só é udmissível em duas situações (art" 503°, n° I): - quando o reconvenciona] de condenação no cumprimento de uma obrigação alegando a
autor tiver modificado na .réplicao pedido ou a causa de pedir (cfr, art" 273°, sua novação objectiva (cfr, art" 857b tG) e que o réu, na tréplica, excepciona
nOs I (2) e o réu pretender contestar quer aadmissibilidade dessa modificação, ainvalidade dessanovaçãe, Não havendo mais nenhum articulado, importa
quer o novo pedido formulado ou a nova causa de pedir [nvooada; - quando o assegurar o contraditório do autor quanto a esta contra-excepção: o art° 3°,
réu tiver deduzido um pedido reoonvencional, o autor tiver alegadocontraesse n° 4, estabelece que o autor pode responder a essa contra-excepção na audiência
pedido uma excepção e o réu desejar contestá-Ia por impugnação Ou pela preliminar (cfr, art" 508°-A) ouvse esta não se realizar, na audiência final
invocação de uma contra-excepção. A tréplica destina-se. por isso, a assegurar (cfr. art?s 65 Io e 652°) .
.0 contraditório do réu quanto a essas matérias .. Importa ainda considerar uma outra situação. Admita-se que o réu for-
O ónus de Impugnação também vale na tréplica. Assim, a faltada trépllca,
mulou um pedido reconvencional.eqne essa mesma parte modificou na tréplica
a não irnpugnação da nova causa de pedir e a não contestação da excepção (que vale, quanto reconvenção; como réplica) esse pedido ou a sua causa de
.à
alegada pelo ·au.tor na réplica determinam, em regra, a admissão por acordo pedir (cfr. art° 273°, nOsl e 2 ). Não havendo nenhum outro articulado, o
desses factos e dessa excepção (art" 505°), contraditório do autor quanto-a esse novo pedido ou à essa nova Causa de pedir
reconvencionaltarnbérn tem de ser assegurado na audiência preliminar ou
final: o' arr' 3°, n° 4, deve ser aplicado .analogicamente a esta hipótese.
3. Prazo
Quanto à irnpugnação de um documento apresentado COIl] a tréplicu, de. art"s ~.26°, 544°,
A tréplicadeve ser apresentadanos 15 dias seguintes à notificação da
1)0 1, e 546", 1i0 I.
apresentação da réplica (art" 503°, n" 2). E~se prazo pode ser prorrogado, até
ao limite de 15 dias, nos termose condições da prorrogação do prazo de
contestação (art'' 504°).
IX. Articulados superveníentes
4. Rejeição
I. Admlssibilidade
o recebimento da tréplica pode serrecusado p~hj secretarinses« vedfícaf
a. Os articulados supervenientes .são utilizados para a alegação de factos
qualquer dos vícios formais que fundamentam a rejeição da petição i,niciitl:
que, dada a sua superveniência, não puderam ser invocados nos articula"
também quanto à tréplica se justifica a aplicação analõgica do disposto no
dos normais (cfr, art" 506°, n'' 1). Essa superveniênuia pode 'Ser objectiva
art" 474 quanto ãpetição inicial. O réu pode reclamar dessa recusa para ojuiz
0
própria (cfr. art" 506°, n'' 3). Portanto, a superveniência subjectiva pressupõe
o desconhecimento não culposo do facto.
venda e que, durante a pendência da causa, se torna herdeiro Jo alegado
vendedor; aquele dernandante pode invocar este novo título sucessório. Esta
Ü Ürl° 506°, n" 4, .levantu alguns problemas de. interpretação. Segundo uma interprctução
alteração da causa de pedir baseada em factos supervenientcs não está sujeita
litcrul do preceito. ele refere-se iI hipótese em que a parte .. tem conhecimento do facto
supcrvcnientc c, por culpa sua, não o alega no momento legalmente determinado (cfr. art" 50.60, às condições exigidas pelo art" 273" (6).
n" 3). Assim interpretado, II ar!" 5060, n" 4. permite a apresentação do articulado superveniente
fora do prazo legal desde que a parte, apesar de ter agido com a prudência normal, não tenha
podido respeitar esse prazo. Não parece, todavia, que seja esse o único sentido do preceito em
2. Prazo
análise. porque a udrnisxibi lidade da aprcscnração externporânea de qualquer urticulado
(e também, naturalmente. dos supervenientes) deve ser apreciada 110S termos gerais do justo
impedimento (cfr. art" 146". n" I) c', por isso, na medida em quem se acerte que este impedimento a. O facto superverriente pode ocorrer ou serconhecido da parte ainda na
coincide com. a. ausência de, culpa da parte, a referência à culpa no art" 5Q6°, na 4, seria fase dos articulados ou em momento posterior da trarnitação da acção. Esta
redundante. O sentido inovutúrio da alusão it culpa rio art" 506 na 4. é O de impor a rejeição
0
, dicotomia tem expressão na diferenciação estabelecida no art" 506°, n° I, entre
do atticulado superveniente quando a purtevpor negligência, não. tenha tornado conhecimento o articulado posterior (queé utilizado para invocar um facto supervertiente
do facto no momento devido e O pretenda alegar em. jujzo, por estas razões. há que concluir
ainda. durante a fase dos articulados) e o articulado novo (que é usado para a
que a culpa a que alude o art" 506", n° 4, iricide hão só sobre a iípresentação do articulado
supcrvcniente .. m;ls tumbérn Sobre o conhecimento do facto. alegação de factos ocorridos ou conhecidos depois do termo dessa. fase). No
en tan to, O art" 506°, n'' 3, só estabelece O prazo 'Para a apresentação do
o problema seguinte consiste em determinar qual o grau de culpa que é articulado novo, nada se, prevendo na lei quanto ao prazo para a entrega
incompatível com a superveniência subjectiva e que, por isso, impede que a do articulado posterior. Perante esse silêncio, deve entender-se que este
parte possa alegar o facto como superveniente. Em teoria, pode entender-se que articulado pode ser apresentado em qualquer rnornenro da fase dos articulados,
qualquer desconhecimento negligente é incompatível com aquela superve- o que não impede que, dado o disposto no art° 506 rio 3. al'~ a) e b), .0.
0
,
niênciu ou que só a negligência grave no desconhecimento do f.aeto obsta à sua facto também possa ser invocado na audiência preliminar ou, se esta não se
alegação superveniente. A resposta à questão colocada é melindrosa, mas não realizar, nos 10 dias seguintes à notificação da data da realização da audiência
parece razoável exigir que a parte assumana procura da informação relevante final.
,I
para defesa dós sêus Interêsses em juízo Uma diligênciamaior do que aquela
que a lei. exige qUI:;ela tenha perante a contraparte: como a litigância de má fé' h, O novearticulado pode ser apresentado em três momentos distintos:
pressupõe a actuação com negligência grave (cfr. art" 456 na 2 proérnio), isso
0
,
- na audiência preliminar, quando esta se realizare os factos hajam ocorrido
mostra quea negligência leve é desculpável. e, por isso, irrelevante em processo. ou tenham sido conhecidos até ao respectivo encerramento (art" 5Ú6", nó' 3,
Assim, só o desconhecimento aternpado do facto assente numa negligência al, aj); - nos 10 dias posteriores à notificação da data designada para à
grave deve obstar à sua alegação em articulado superveniente, realização da audiência de discussão e julgamento (CfL art°s SORO-A, [\0 2.,
Este cuidado na delimitação dasuperveniência subjectiva não deve fazer al. b), e 512°, n" 2), quando sejam posteriores ao termo da audiência preliminar
esquecer a importante regra que dela resulta quanto à alegação dos factos em ou esta não se tenha realizado (art° 5060, n° 3, al, bl); - finalmente, na audiência
jufzo.sempre que a parte desconheça sem negligência grave um facto e, por de discussão e Julgamento, se os factos ocorrerem ou tiverem sido conhecidos
esse motivo, não o tenha alegado no respectivo articulado, esse facto não fica em data posterior à marcação dessa audiência (art" 506°, n" 3,al. c); sobre essa
precludido e pode ser invocado como facto superveniente. marcação, cfr, arr's SOgo-A, n° 2, aJ. b), e 5 I 2 n° 2). 0
,
3. Procedimento
Naquela primeira função, cabe a verificação da regularidade do processo e.
a. Depois da apresentação do articulado superveniente e se o recebimento
sempre que possfvel, a sanação das excepções dil(ltórías e das nulidades
deste não feir recusado pela secretaria (art" 474", aplicado analogicamentej..c
processuais: é a função de. saneamento. Nasegunda, inclui-se o convite à
juizprofere despacho sobre a. sua admissão, devendo rejeitá-lo quando, por
correcção e ao aperfeiçoamento dosar:ticulados e a determinação das questões
culpa da parte, ele forapresentado fora do tempo ou for manifesto que os factos
de facto a resolver: é a função de concretização.
alegados não interessam à decisão da causa (art" 506°, n" 4 I" parte; sobre a
A função de saneamento visa resolver os impedimentos à apreciação do
última situação, cfr. STJ ,,24/10/1995, CJ/S 95/3, 7S); Como se verificou, essa
mérito (l.a acção e sanaras nulidades processuais e a função .de concretizaçãc
rejeição pode ter por fundamento quer a culpa da parte na apresentação
permite delimitar as questões de facto relevantes para a decisão da causa.
externporânea do articulado, quer li sua negligência grave rio desconhecimento
Consideradas em conjunto, essas funções-prosseguem uma finalidade de.
do facto.
condensação . Para a. realização desta finalidade. a fase comporta normal-
Se o articulado for aceite, o tribunal ordena a notificação da parte contrária
mente três actos: o despacho pré-saneador (art" 508°), a audiência preliminar
para responder no prazo de 10 dias (art" 506~, n" 4 2a parte). Os factos, que
inreressern à decisão da C<iUS<i e que se tornem controvertidos pela impugnação
°
(arr's 50S°'-A e 508°-8) e despacho saneador (arr' ~ 10°).
d" contraparte (art" 506°, rt° 4 injine) são incluídos ou aditadosü base
instrutória OI(tO 506°, nó 6; cfrvart''s 508°"A., n'' 1. aLe), e 50go-B, n° 2).
11. Despacho pré-saneador
b. Se o articulado supervenlente for apresentado depois da. designação do
dia para a audiência final (cfr. art" 506°, n" 3, al. bl), nada se suspende Ou adia.
I. Finalidades
e realiza-se no decurso dela o despacho de admissão, a notificação da parte
contrária e a resposta desta (art" 507°, n° I). Se o facto superveniente for O despacho pré-saneador é proferido pelo juiz sempre que importe obter
alegado na própria audiência final (art" 506°., n° 3, al, cj), a sua apresentação asanação das excepções dilatórias (art" 508°, n° I, al. a» ou convidar as panes
realiza-se oralrneruee rica consignada na acta, assim corno o despacho de ao aperfeiçoamento ou li correcção dos .articulados-das partes (art" 508°, n° I,
'admissão OU rejeição, a resposta da parte contrária e o despacho que ordene al. b».
ou recuse o aditamento à base instrurôrla (art? 507°, n02 I" parte). Nesta mesma
hipótese. a audiênciã ~6 se interrompe .se a parte contrária não prescindir do
2. Sanação de excepções
prazo de ro dias pará a resposta e a apresentação das provas e houver
inconveniente na produção imediata elas provas relativas à demais matéria
Ao tribunal incumbe providenciar, mesmo oficiosamente, pelosuprimerno
controvertida. (art" 507°, n° 2 2~ parte).
ría falta de pressupostos processuais susceptíveis de sanução, quer determinando
a realizaçãodos actos necessários à regularização da instância, quer convidando
as partesa praticá-los (art? 265", n° 2). Seo tribunal ainda não tiver promovido
§ 4°. essa sanação (tal como permite o art" 265", n" 2), o momento adequado para o
Fase da condensação fazer é o despacho pré-saneador (art" 508"1 n" I, al, a». Assim. por exemplo,
o tribunal pode ordenar nesse despacho a citação dá administração principal
(ari° 8°) ou do representante do réu incapaz (art" 24". n" 2)c pode solicitar ao
L Função da fase mandatário judicial a entrega da procuração forense (,lrt° 40°, nOs J e 2). Sell1pre
que a sanação dependa de um acto das partes, o tribunal deve convidar 1\
A fase da condensação realiza duas funções primordiais: urna respeitante parte a praticá-lo (art" 265°, n" 2 in. fine): é o que sucede, por exemplo, com
aos aspectos jurídico-processuais da acção. e urna outra relativa ao seu objecto. a sanação dá ilegitimidade plural através da intervenção provocada de um
terceiro (arr's 269°, n° I, e 325°~ n° I).
Procedimeruo em l" instância 303
304 Procedimento em l" instância
encontra assinado {cfr. art" 474 al. e» ou que não consta de papel regulamentar
0
,
na 4). Ao contrário do que pode suceder quando O articulado for irregular, não
(ch. arfa 474°, al.. gj), bem como a petição inicial de uma acção de impugnação há qualquer obstáculo à continuação da acçãõ se a parte não acederao convite
da paternidade que não é acompanhada da certidão de nascimento do filho do tribunal e a deficiência do articulado não for suprida. Mas essa deficiência
(cfr. urt" 50 CRegé) ou de Limá acção de reivindicação à qual não é junto o poder-se-a repercutir na improcedência da acção contra a parte que a podia: ter
comprôvativo do seu registo (cfr. art" 3°, n" 2, CRegP). sanado (cfr. RP - 3/11/1983, BMJ3}1, 606).
A lei. processual nada estipula quanto às conseqüências da inacção da parte Sea parte, tendo SIdo convidada, não sanar a deficiência, não lhe deve
perante o convite do tribunal à correcção do articulado, Essas conseqüências ser concedida urna segunda oportunidade para o fazer. Oart° 508°-A, n" I,
variam consoante a situação COncreta: - se a irregularidade for uma das previstas al. c), estabelece que a deficiência dos articulados das partes pode ser sanada
no art" 474", o tribunal deve: rejeitar o articulado; - se faltar a prova do registo na audiência preliminar, mas háque entender que esse convite só pode ser
da acção relativa a um direito real, a instância suspende-se até à prova dessa realizado nesse momento quando O não tenha sido anteriormente no despacho
inscrição (art" 3°, n° 1, CRegP), excepto se o registo incumbir a.Q..Lçç;QI1y.in!e pré-saneador (urt" 508<1,na I, al. bj). Portanto, ficam precludidos os factos que
(are 501 n" 3); - se não for junto um documento essencial para a prova do
0
,
poderiam (e deveriam) ter sido alegados pela parte em resposta ao convite do
tribunal. .
facto ese nenhuma outra consequência for estipulada pela lei - como acontece
quanto à falta de certidão de nascimento nu acção de impugnação da pater-
nidade (cfr. art"s 5° e 261 ° CRege) -', o facto não pode ser considerado provado
e ojulgamento da acção deve corresponder a esta falta de prova. IU. Audiênciapreliminar
Esta falta pode justificar o conhecimento imediato do mérito da causa, o
que o tribunal sÓ pode fazer no despacho pré-saneador se a audiência preliminar 1. Convocação
for dispensável. isto é, se a decisão sobre o mérito se revestir de manifesta
simplicidade (art" 508 -8, na I, al. bj). Quanto à suspensão da instância por
0
a. A audiência preliminar é marcada pelo tribunal para os 30 dias subse-
falta de registo (art° }O, n" 2, CRegP) e à. rejeição do articulado com base em quentes ao termo da fase dos articulados, ao suprimento das excepções
dilatórias ou à correcção ou aperfeiçoamento dos articulados (arr" 508"-A,
I r
Procedimento em r instância 305
306 Procedimento em la instânciu
)
solução que pretendeevitar que a falta de conciliação se fique a dever a motivos
fúteis ouinxignificanteg. da qualificação jurídica que. seja compatível com os factos alegados pelas
part{jS. 'PQt exemplo: o autor fundamenta (J seu. pedido de pagamento de uma
3.3. Audição préviadas partes certa quantia monetária 11.0 enriqueeirnenro sem causa (cfr. art" 473° tC); pode
'passara basearesse pedido na responsabilidade por facto ilícito (art° 483 CC). 0
O art? :,\0, n° :I, estabelece que, salvo caso de manifesta desnecessidade, o Da modificação dessaqualificação jurídica pode resultar igualmente uma
tribunal não pode decidir uma questão de facto ou de direito, ainda que de alteração do pedido: suponha-se, por exemplo, que o autor requer o reconhe-
conhecimento oficioso, sem que as partes tenham tido a possibilidade de se cimento da propriedade sobre certo bem e que, da discussão realizada na
pronunciurem previamente sobre ela. Corno reflexo deste princípio - desti- audiência preliminar, resulta que o lítígio respeita realmente à posição do autor
nado :i evitar as chamadas "decisões surpresa" -, a audiência preliminar como usufrutuário; esta parte pode alterar o pedido para o de reconhecimento
faculta às partes a discussão e a produção de alegações sempre que ao do seu usufruto. Para justificar esta modificação do pedido na audiência
juiz incumba conhecer de excepções dilatórias que as partes, não tenham preliminar, hasta recorrerao regime geral dessa alteração: se as partes estão
suscitadn .e discutido nos seus articulados, bem como quando o tribunal de acordo em que a: sua divergência respeita à posiçãe xlo autor como
tencione conhecer, 1.10' todo ou .ern parte, do mérito da causa no despacho usufrutuário, pode "fin1Jllr-seque 9 réu concorda com üque1u modificação
saneador (art" 50Bo-A, n? I, al, b». Esta audiência, convocada COm aquelas objectiva efectuada pelo autor (cfr. art" 272°).
finalidades, antecede Q conhecimento de qualquer daquelas matérias no des- Relativamente aos elementos de facto, o problema que se coloca é O de,
pacho saneador (cfr. art" 5 ro", n° I) .. saber se a discussão realizada para a delimitação do objecto litígio pode ser
acompanhada da modificação da causa de pedir. A resposta é positiva, mas não
3.4. Saneamento do processo há qualquer motivo para entender que tal modificação deva ser admitida fora
das cort.d.ições legalmente previstas, is..t~ é., Fara além d~s casos enquadráveis
A audiência. preliminar também tem por finalidade o proferimento do
na previsão doart" 272° (quanto à modificação consensual) e 273", n° I (quanto
despacho saneador (art" 50$0-A, n° 1, al. d); cfr. art° 510°). Este despacho é à alteração unilateral) (I) . ,.
ditado rama acta dessa abdiência •. embora,quando a complex ídade das
questões a resolver o exija, O juiz possa proferi-lo por escrito no prazo de
3..6. Selecção da matériadefacto
20 dias (att0510", nÓ 2).
à. Depois de realizado o saneamento do processo e de obtida "quando
3.5. Concretizução do litígio se mostrar necessária - a concretização doIitígio, importa.seleccionar li matéria
"
Procedimento em l" instância 311
(cfr. art" 51 I n" 2) são decididas na própria audiência mostra que aquela
0,
escolha se realiza nessa mesma audiência e não em momento posterior. b. Os factos controvertidos são não só todos aqueles que não estejam
A selecção dos factos .relevantes para. a decisão da causa é antecedida de admitidos por acordo (;:Inos 490°, n° 2. e 505°), ou seja, osqLlé tenham sido
um debate entre as partes (art° 508b-A, n° I, al. d) I a parte) e o critério quea alegados por uma parte e impugnados pela contraparte, mas também todos os
orienta encontra-se estabelecido no art° 51 1°, na 1: devem ser seleccionados
que ainda não se encontrem provados, nomeadamente por confissão realizada
todos os factos que sejam relevantes para a decisão da causa segundo qualquer nos articulados e aceite pela contraparte (cfr. artOs 38<> e 567°, n" 2; art° 356 Q
~
,
\.l
~.,\'/ ', .. /
'v" '.'
i ----
r r r
Procedimento em la il/Slíincia 313
314 Procedimento em I" instãncia
d. Qualquer das partes pode reclamar contra a. selecção da. jl;'a~éria de facto
com fundamento na omissão de factos alegados com interesse para a decisão anulação dessa decisão com base na sua deficiênciaobscuridade ou contradição
da causa, na-inclusão de factos it)devidamer1te considerados C()mocontro- (art" 712°, n" 4).
vertidos c ainda na obscuridade do despacho de selecção (art° 511°, n° 2).
Assim, os fundamentos para a reclamação da selecção da matéria de facto e. A circunsrância <Jt) a partenão ter reclamado contra a selecção da
podem ser tanto a deficiência ou o excesso na esqolha dos factos, como a matéria de facto (em especial, contra a base instrutória) não impede que ela
obscuridade da decisão do tribunal. . impugne o julgamento dessa matéria realizado pelo tribunal colectivo ou
Sobre essa reclamação recai um despacho, que, no entanto, só pode ser singular na fase da audiência final, invocando para tal qualquer dos vícios que
impugnado no recurso interposto da decisão final (art" 511<1,n° 3). Isto significa justificam aquela reclamação (cfr. art" 511°., n° 2). Esta possibilidade resulta
que ele não produz, antes desse eventual. controlo pelo tribunal de recurso, de que, corno o julgamento daquele. tribunal vai incidirsobre os factos incluídos
qualquer efeito de casá julgado no processo pendente, pelo que depois do seu na base instrutória (cfr. arlOs 513°e 653°, n" 2), qualquer vício nesta selecção
proferimento não se torna indiscutível nem que os factos considerados não reflecte-se necessariamente naquele julgamento. À obscuridade do despacho
impugnados ou controvertidos o sejam realmente, nem que não existam outros que selecciona, a matéria de facto e a omissão nele de factosalegudos com
factos que também deveriam ser julgados não impugnados ou controver- interesse para adecisão da causa podem traduzir-se em fundamentos de
tidos (cfr. Assento/S'TJ 14/94. de 4/l0 == BMJ 437,35). Portanto, a inclusão anulação do julgamento da la instância pela Relação, se esses vícios se
de um facto na base. instrutória não impede que o tribunal entenda tmaxime, mantiverem naquele julgamento (art" 712". n° 4); a inclusão de factos indevi-
na sentençafinal) que o facto está provado ou admitido por acordo e que, por darnente consid~rados como controvertidos naquele despacho e o seu posterior
isso, não deveria ter sido inserido nessa base (cfr, RC • 22/3/1994; BMJ 435, julgamento pelo tribunal na audiência final originam a inexistênciu, nessa parte,
917: RC - (j/1211994, BMJ 442; 272h se isso se verificar, é irrelevante o even- dá. decisão deste tribunal (art" 646°~ n° 4 in fine; cfr. RC - 29111/1994,
tual julgamento do tribunal colectivo sobre esse facto (arI0646u, n" A), pelo que BMJ 441, 408),,,
II contradição entre um facto assente ea resposta do tribunal colectivo é sempre Do expostO resulta que selecção da matéria de facto.nnesmoquando contra
resolvidaçcornn se compreende, a favor daquele. ela não for deduzi da qualquer reclamação (cfr. art" 511", n° 2), não transita em
Importu, a propúsitn, sali~lllar um aspecto. O art" 646", n" 4, ·estipula que se consjderam
julgado e, por isso; não se tornavinculativa no processo. Elanuncátorná
não escritas a~srespostas. dq tribunal colectivo sobre factos quê estejam plenamente provados por indiscutível que não existam factos relevanjes quenão {"QI'amsequer selec-
documentos ou confissão das partes ou que estejam admitidospor acordo. Deste preceito não cionados, nem que os factos incluídosnabase instrutória sejam efectivurnente
resulta que (I consideruçã« du facto como assente deva prevalecer sempre' sobre a sua inclusão controvertidos, nem ainda que os considerados assentes não 'sejam afinal
na. base lnsuutóriu: isso só pode suceder na." condições nele referidas.'
controvertidos.
Do mesmo modo, a cOl)sideraçãopelo tribunal de que o facto está
admirido por acordo ou provado também não significa que ele não seja real-
4. Finalidades acessórias
mente .controvcrtido (cfr. RC- 2/1111994, BMJ 441,409). Consequência desta
asserçãné a possibilidade de ampliação da base ordenada pejo presidente do a. Sempre que a audiência preliminar -se deva realizar, ela prossegue
tribunalcolecrivo na audiência final (art" 650°, n° 2, al, O). pelo tribunal da complernentármehte as seguintes funções: - a 'indicação pelas partes dos meios
Relação (art" 112°, nÓ4) ou até pelo Supremo (art? 729°, n° 3). de prova e a decisão sobre a admissão e preparação dasdiligências probatórias,
O despacho proferido pelo tribunal sobre as reclamações deduzi das contra salvo se alguma das partes requerer a sua apresentação posterior (art" 508°-A,
a selecção da matéria de facto " exactamente' porque é urna decisão do tribu- n° 2, aI. a)); - se o processo estiver em condições de prosseguir para julgamento
nal de l a instância sobre <I matéria de facto - está sujeito ao controlo da Relação (isto é, ·se o processo não dever terminar no despacho saneador, art" 510",
nos termos estabelecidos no art" 712° (cfr. STJ - 14/1/1993, CJ/S 93/1, 4J ).Esse n° I),a d~~nação da data de realização da audiência final (arr' 50go-A, n° 2,
controlo pode traduzir-se na alteração do despacho (art" 712°, n" I) ou na al. b)) e, em certas acções não contestadas, a solicitação da intervenção
do tribunal colectivo (art" 646". n° 2, al. aj); - finalmente, a apresentação
Procedimento em I" instância 315
316 Procedimento em I" instãncio
do requerimento da gravação da audiência final (art" SORO-A, n" '2, al. c);
cfr. arr's 522°-B e 522°-C). não seja relegada para uma fase adiantada da trarnitação da. acção, é da que
Conjuntamente com a indicação dos meios de prova. (cfr. art" 50go-A, justifica aatribuição daquela' função de saneamento àquole despacho. Se no
nO 2, aI. a)) .. as partes, quando não pretenderem provar o próprio facto princi- despacho saneador não se detectar nenhum impedimento ao conhecimento do
pal seleccionado na base instrutór~. têm o ónus de indicar os factos instru- mérito (consideradasinclusivamente as condições previstas no art" 288", n" 3),
mentais que desejam utilizar para a prova desse facto. I:-to é, como todas as abre-se a seguinte alternativa: - se o processo possibifirar o conhecirrrenro
provas constituendas exigem a referência do facto que com se pretende provar imediato do mérito; o tribunal realizá-lo-ã nesse despacho (cfr. art" 510°, 'n° 1;
com e.la,S(cfr.·ilttOs 552°, n" 2, 577°, n° [. p12° e 63}0), a parte, se não quiser al.a»; - Se os' elementos fornecidos pelo processo não justificarem essa
demonstrar com essas provas o própriQ facto principal seleccionadc, tem o ónus antecipação, a apreciãção do mérito realizar-se-à na sentença final. Como os
de alegar os factos instrumentais que pretende demonstrar com aprova, posslveis obstáculos a esse conhecimento já foram sanados no despacho
requerida. pré-saneador (cfr, art" 508°., n° I,aI. a)} e apreciadosno despacho saneador
(cfr .. art" 510°, na I, al. a)) .. a sentença final poderá realizar ,a sua função
b. Uma outra finalidade acessória da audiência preliminar é o exercício essencial, que éa apreciação domérito da acção. O despacho ~,ule.aU()r visa
do contraditório. Se; em virtude da limitação legal do número de articulados, evitar que se atinja a fase da sentença sem qualquer conrrolo sobre LI admis-
alguma das partes não puder responder a uma excepção deduzida no últim« sibilidade da apreciação do mérito e que, por isso, se.possa frustrar a função
articulado admisslvel, ela pode responder à matéria desta na audiência preli- essencial dessa sentença. .
minar (urt" 3°. n° 4).
A .audiência preliminar também pode ser aproveitada para a prestação
de depoimento por qualquer das partes, sempre que o tribunal o ordene por 2. Proferirnento
julgá-lo necessário ea comparência da parte nessa audiêncianão represente um
sacriftcio incornportável (art" 556", n° 3). Oeste depoimento pode resultar uma O momento do proferimento do despacho saneador depende da trumltação
confissão judicial de factos (artOs352" e 355°, ri" 2, CC; art" 563"; n" I).. da causa em concreto. Se não houver que proceder à convocação da audiência
preliminar (cfr. arr" 508°-B, na I), Q despacho saneador é proferido no prazo
de zo dias a contar do termo da fase dos i.!rticuli1do~ (art" 5 .10°. n° I proémiq).
IV. Despacho saneador Se essa audiência se realizar, o despacho saneador Mirá, em regra. qitado para
a acta dessa mesma audiência \artÓs 5.08°-A, nOI, al, d), e 51 0 n° 2 I" parte),
0
,
más, sea especial complexidade das questões 'a resolver o exigir, () juiz pode
L Funções proferi-lo por escrito. no prazo de 2Ú dias. suspendendo-seentrctanto a
reilli7.aç;to da audiêneia (,tttO 51 ÓO,n 2 2' pane).
Q
saneador se o tribunal ainda não tiver conhecido delas (art" 2()6~, nOs J e 2-
I a parte). Também as nulidades que não são de conhecimento oficioso deve-
recurso (ar tO 510°, n" 4). Esta itrecorribilidade justifica-se porque, nessa
rão ser julgadas logo que sejam l'eclarnadas(artO 206 na 3), pelo que a sua
0
,
eventualidade, não há urna decisão, mas. antes uma abstenção de decisão I~).
apreciação não se realizará, em regra, no-despacho saneador.
Os efeitos da apreciação das nulidades. processuais de conhecimento ci Quando o despacho saneador conheça de uma excepção dilatória ou de
oficioso são distintos: - a ineptidão da petição inicial conduz à absolvição da Uma nü\i.dade processuál, ele sô adquire força de C<ISO julgado formal quanto
instância (artOs 1930, n"l, 494°, al. b), e 493°, na 2); • O erro na forma do àsque~tões COncretamet1teüpreciadas (art" 5 I{)O, 0° 3 la parte). Assim, apenas
processo determina a anulação dos actos que não possam ser aproveitados na o julgamentoconoretc sobre a lt'lexjstêTlciá de uma excepção OÜ nulidade
nova forma processual (art" 199°, n° 1), Isto é, dos actos que sejam incom- impede que essa matéria possa voltar a ser apreciada .no processo pendente
patfveiscorn eS1,1 forma ou que atribuam ao réu menos garantias (art? 1.99°, (nomeadamente na sentença final: de art" 660°, n" I). Admita-se, por exemplo,
na 2); -a falta de citação e de vista ao Ministério Público implicam, se não se que o réu arguiu a ilegitimidade do autor por preterição de litisconsórcio
púderern considerar sartadas (crr. anos 196 e 20{)O, na I), arealizaçãodo
0
açto necessário activo (ofr, art" 280, n° I);o tribunal discutiu e apreciou essa ilegj-
que foi Omitido e a anulação de tudo o que foi realizado depois dessa nulidade tiiliJdacIe ·e· concluiupela falta de fundamento da excepção alegada pelo réu;
(artOs 194°, al. a), e 200°, n'' 2). O efeito geral das nulidades que não são de essaquestão, porque foi concretamente decidida, nâopode ser reapreciada nesse
conhecimento oficioso é a. anulação do acto e dos termos. subsequentes do mesmo processo,
processo (art" 20 I 0, n" I lá parte). Pelo contrário, a referêncía genérica no c).e$pachQ ~anead(!rà inexistêncJa
de qualquer excepção dilatória Ou nulidade processual nao adquire forçade tüso
b. A necessidade de uma prévia discussão na audiência preliminar de julgado (art" 510°; n" 3 l.'parte) e, por isso . não impede que o tribunal verll)a
qualquer excepção dilatdria de que o tribunal se proponha conhecer no des- a apreciar; na 'sentença final, uma. dessasexcepções ou nulidades (cfr. ano66(J°.
pacho saneador depende da sua alegação e discussãocm momento anterior: na l), Portanto, se o tribunal, ao elaborar o despacho saneador, se limitar a
aqüela úudiêMía é sempre dispensável $ea$ partes su~citatame discutiram afirrn.ar que não existem quaisquer excepções dilatórias ou nulidades proces-
no~ urti.cuhl~IQs a excepção di1atÓt1a (a((O 508°"B, n° I, al. bj): ainda que
suais de que deva conhecer, esse julgamento nàoadqu1re força de casojulgado
isso não tenhasucedido, a audiência preliminar pode ser dispensada quando
formal. Quanto às nulidades proçessuais,ess.ilirrelevât1cia da àpréciação
o conhecimento da excepção dilatória se revista de manifesta simplicidade
genérica realizada no despacho saneador também resutta do disposto 'Ilt)
(art° 508°-8, n" I, al. b)). Se o tribunal dispensou a audiência prelirninar O
art" 206°, n l, pois que o conhecimento delas em qualquer estadodo processo
(cfr, art" 50W'-B, n" I) e se, ao elaborar o despacho saneador, depara. com uma séé possível se essa apreciação não produzir qualquer efeito preclusivo.
excepção dilutéría ainda não discutldacdeve convocar essaaudiêríciase não
se verificar nenhuma das situaçõe~ que dispensam 11 sua conVbcaçao. A solução imposta pelo art" 5Jp'. n° 3 J' parte. generaliza aquela quç constava do art" 104",
n° '2. Cl'C/6\ c fez caducar o AssenwlSTJ - 1121196.3,DG. I Série, de Z II2f1<J6J = BMJ 124.
Pode suceder que o rribut1al,no iliolt1ento do despacho saneador, não possü
414, no qual sedecidiu que"édefinitivu a declaração em termos genéricos no despacho saneador
apreciQr umacxcepÇão c).ílatória, porque os elementos fornecido» pelo processo transitado relativamente 11legitimidade 1... 1".
aindü nâo permítem o seu julgamento. Nesta hipótese, o tribunal tem de relegar
para ti sentença final a apreciação dessa excepção (art" 51 OQ, n04; ...cfr. também
art" 660°, n" I), Suponha-se, por exemplo, que o réu invoca a preterição de 4. Decisão de mérito
litisconsórcio necessário convencional (cfr.art Q
28°, n" 1); para se pronunciar
a .. A apreciação do mérito da acção e oproferirnento da decisão sobre
sobre esta excepção, o tribunal tem de conhecer se ti solidariedade àfirmada
pelo autor foi realmente convencionuda pelas partes (crI'. att" 513° CC), pelo
a sua !J(bcedência ou improcedência 6 realizada, em regra, na sentenç.a. final
que, se no rnornentô dOcIe$paçho saneac).ores$a prova ainda nãêl tiver sido
prç)duzida, .0 tribllllal est~ i!1WediÔo de aprecia!' aquelaexeepção, Do despacho (~í Clr.u. Telxulra .de SOlISÜ, A irrocorribilidndeda abstenção de prnnúnciaporinsuliciêucia
da matéria de fael\) t Anotação ao Assento do .Supremo TribunarlleJusll.Ça lI" I0./94. Ú~ \ 3 ÚC
que diferiro c()t1hecimento de qualquer matéria para a sentença final não cabe
Abril de 1994, ~OA 54 (1\194).629 ss.: sobre c problema, cfr. também AlltWIi'S vurela.
An. ST'! ·6(6(1986, RLJ 126 (l993/1994), 31 s. e 46 ss ..
Procedimento em I" instância 319
320 Procedimento em I" instância
(cfr. art" 658°). Mas, em certas condições, essa apreciação pode ser antecipada
para o despacho saneador: o tribunal pode conhecer do mérito da acção nesse provas constituendas ou provas pré-constitufdas. A produção de umaprova
despacho sempre que o estado do processo permita, sem necessidade de mais constituendaé realizada.vem regra, na audiência final (cfr. art" 652", n° 3,
provas) a apreciação di) pedido, de algum dos pedidos cumulados, do pedido al"sa) .à d), mas essa actividade (em de. ser previamente preparada: esta é
reconvencional \)1I ainda da procedência ou improcedência de alguma excepção urna das funções da fase dá instrução, na qual são praticados os actos pre-
peremptória (ar.t° 51 O°,n° I, al. b». Neste caso, o despacho saneador fica tendo, paratório,5 da produção das provas constituendas. Assim, por exemplo, as'
para todos os efeitos, o valor de sentença (art" 510°, n° 3 2" parte) e dele cabe partes que pretendam servir-se de factos instrumentais têm o ónus de os
reC\.JfSOde apelação (art" 691°, n° I l. alegar no momento em queindicam ou requerem Os respectivos meios de prova
(cfr. art'is 552°, n" 2, ':)77°, n° 1,. 612.° e 633°). A alegação dos factos instru-
Nas acções destinudasà defesa da. posse (cfr. urt'\ 1276" a 1'21\6° CC), O despachosaneador mentais e, em geral, a apresentação' e ÇJ requerimento de quaisquér Ittéj(js de
possui ainda uma outra 'função: se o réu apenas tiver invocado a sua tituluridade do direito de
prova são actividades de instrução,
propricdudc c nãouvcr impugnado a posse alcgada pelo autor (istoé, tiver reconhecido esta parte
conto possuidor do bem litigios(), o juiz pode ordenar no despacho saneador a imediata Quanto às provaspré-constituídas, a fase da instrução realiza uma função
manutenção ou restítu,ição da possee remeter 11 apreciação (la questão ,(la riiuluritlude do direito distinta. Dado que essas provas não se constituem na acção pendente, a sU4
para a sentença. final (art" 510", n" 5). . . produção não requer qualquer actividade preparatõria.quanto aelas, só háque
regular â forrna.e.o momento da -sua apresentação no processo. Se a. parte possui
b. Nas condições referidas tio art" 288°, n° 3, o tribunal pode conhecer um documento que prova um facto relevante pata a decisão da causa, só
do mérito ainda que 'verifique que falta um pressuposto processual. Esta importa prever a possibilidade da sua junção ao processo. Portanto. quanto às
situação será certamente mais frequente no despacho saneador do que. na provas pré-constituídas, a instruçãc consiste na sua incorporação ou apre-
sentença final, dado que são raras as situações em que a falta do pressuposto sentação na acção pendente.
se detecta apenas na fase da sentença ou em que a sua apreciação é relegada
para esse momento (cfr. art" 510°, n° 4). . b. Nem sempre os .actos de instrução são realizados durante li corres-
pendente fase em sentido cronológico. É o que acontece se a parte requerer a
produção antecipadadaprova {art" 52QÔ) ou se o autor apresentar o rol de
§ Si'. testemunhas e requerer outras provas na petição inicial (art" 467°, n° 2), bem
como se as partes cumprirem o ÓnUS, deapresentação dos.docurneruoscom o
articulado em que alegam cs factoscorrespondentes (artO 523", nO:I),
Fase da instrução
e. Se a audiência preliminar tiver sido dispensada (cfr, art" 508°-8), as
partes devem proceder ao pagamento da taxa de justiça subsequente. noprazo
I. Função da fase de 10 dias a contar da notificação para a produção ~'a prova (an° 26°, jjÓ .I,
aí, a),ccr, cfr, art'' 512°, n° .I ).Essa taxa é igual à t4x.a inicial .(att" 25",
í .. Finalidades
ccr,
1'10 I, sobre o montante desta última, cfr. art° 23° CCJ). As consequências
da falta de pagamento da taxa subsequente estão definidas no arr' 2S0 CCJ, e,
a. Os factos incluídos na base instrutória, porque são controvertidos ou no caso de subsistênciãdo incumprimento, no art" 14°, 'n° 2, DL J29-A/95,
porque nela foram inseridos por iniciativa do tribunal (cfr. art" 264°, n° 2), de 12/[2.
necessitam de ser' prQv,ldo$ (art" 513"). (\lI, A faseda insrrução realiza uma
função dü;tii1l;,t córtsoaIitç sejam utilizadas para a demonstração desses factos 2. Duração
1'1' Sobre o direito probatório matcrial, cfr, M. Teixeira de Sousa, Partes, 195 SS,. A fase inicia-se no momento normal de indicação dos meios de prova, que
é um dos dois seguintes; - sehouver audiência preliminar, é nesta que as partes
I.
r r r
l
ri
das novas testernunhas incumbe às partes (art" ,5I2 -A, n" 2), isto é, o tribunal
Q
não procede à sua notificação. capacidade', cfr. art" 9", n" 2). Pode requerer-se o depoimento de inabilitados e
de representantes de incapazes, pessoas colectivas ousociedades, mas o seu
depoimento só tem valor de confissão nos precisos termos ern que aqueles
2. Prova por confissão possam obrigar-se e estes possam vincular os seus representados (art" 55]°;
n" 2).
a. O depoimento de parte pode ser ordenado oficiosamente pelo tribunal
A. confissão 'só é eficaz quando f(jf: feita por pessoa corupoder de
(urt" 552". n° Il, mas também pode ser requerido por qualquer das partes ou
disposição sobre () direito a que Sé refere o facto contessadotart" 353°, nO I
compartes (artl's. 552°, n~2, e 55:3°,. n° 3), caso em que estas devem indicar. de
2" parte, CC). Por isso, a confissão realizada por um substiinto processual não
forma discriminada, os factos sobreosquais ele deve recair (are 552", n" 2),
é oponível ao substituído (are 353°, n° 3, CC) e a eficácia da confissão feita.
ou ainda, nessas mesmas condições, pela parte acessória (arr's 339" e 332",
por um litisconsortc depende da natureza do litisconsórcio: - se for voluntário
ri" I). Se, durante o depoimento, a parte reconhecer a realidade de um. facto
(cff.artO 27"), a confissão é eficaz, mas o seu efeito resrringe-scao interesse
que lhe. é desfavorável e favorece aparte contrária (o que; naturalmente; é
do confitente (art" 3'5:11>, na :2 1" parte, CC), o que demonstra que esse preceito
possível, mas não é forçoso que suceda: cfr. RP - 13/5/1993, CJ 93/3, 199),
se refere verdadeiramente ao litisconsôrcio simples Olll(luni(,íríüY: ~ se o
esse reconhecimento vale como declaração eonfessória (cfr. art" 3521' CC), Q
litisconsôrcio for necessário (cfr. artQs 28° e28 -A), a confissão nunca éeficaz
mais concretamente como confissão judicial provocada (cfr, art" 3560, n" 2,
(art" 353°, n" 2 2" parte, CC), o que; no entanto" deve serentendido como
CC). Co 111 o essa declaração é sempre reduzida a escrito (art" 563'" n° :I;
abrangendo apenas os casos de lltisconsórcio unitário (10l.
cfr. RP - 22/5/1995, C) 95/3, 221), aquela confissão judicial possui Força
probatóri» plena contra q confitente (art'' 358 ,j1" 1, CC), isto é, só pode ser
Q
aI. 1;», CCJ) no próprio momento em que requerer a sua junção (RL - 9/511996,
CJ 96/3, 89). Depois do encerramento da discussão, isto é, na fase de recurso, Se o documento estiver em poder de terceiro, a parte requererá que o
a parte só pode apresentar os documentos que não tenha sido possíve] juntar possuidor seja notificado par-a o entregar, dentro do prazo que for fixado, na
até esse momento (art°s 524", n° I, 706°, nOs I e 2, 727° e 743°, n° 3). secretaria do tribunal (art" 531°). Se o terceiro não efectuar a entrega ou alegar
que não possui o documento e o requerente provar a falsidade dessa declaração,
Os pareceres de advogados, professores ou técnicos podem ser juntos em qualquer estado
o tribunal ordena a apreensão do documento 'e a condenação do notificado em
do processo em I" imaãncia (art'' 325": cfr. art" 5420., n" I). A função dos pareceres deve ser
entendida corno uma contribuição p<Jra "esclarecer o' espírito do julgador", não tendo qualquer multa (art° 532°; sobre o quantitativo dessa multa, cfr. art° 102°, al. b).CCJ).
torça probutóriu: STJ - 4/1O/J <J<J5.CJ/S 95/3, 48. Exceptuam-se desta comi nação três hipóteses:- a existência de um motivo
legítimo de recusa de apresentação do documento pelo seu possuidor (urt" 519°.
Quanto aos documentos destinadoga provar factos posteriores aos n" 3 );- a alegação por este de justa causa para não efectuar li entrega, caso
urticuludos ou cuja apresentação sê tenha tornado necessária por virtude de em que fica obrigado .a deixar que o documento seja fotografado. examinado
ocorrêncla posterior. eles podem Ser oferecidos em qualquer momento da judicialmente, copiado ou reproduzido (art" 533"); - finalmente. a exibição, por
rramitação da causa (artOs 524°, n° 2). Quando referida à I a instância, a previsão inteiro, dos livros de escrituração comercial, a.qual só pode ser ordenada a favor
refere-se ;1 hipótese em que os factos foram alegados nos articulados e o dos interessados em questões de sucessão, comunhão, sociedade ou falência
documento surgiu em momento posterior e não à situação em que os factos (art" 534°; art° 42° CCom),e o exame da escrita e documentos comerciais. que:
<linda não foram invocados por serem supervenientes, porque, neste último caso, só pode efectuar-se, além dos casos anteriores, quando a pessoa a quem
devem ser utilizados os articulados supervenientes e estes exigem a .apre- pertençam lenha interesse ou responsabilidade na questão em que foi ex.igid«
sentaçuo simultânea dos documentos (art? 506", n" 5). Dito de outro modo: asua apresentação (art" 534°; arte 43" CCom).
o art" 524", n° 2, quando aplicado ao processo em la instância, refere-se à
superveniência do documento para a prova de um facto já alegado no processo. J.2. Notificação à comraparte
3). Neste último caso, se não houver acordo. das partes sobreos peritos a
requisição pode ser feita aos organismos oficiais, às partes ou a terceiros
nomear Oú se o juiz se recusar a nomear algum perito pela falta da sua
(art" 535°. n° 2), ficando estes dois últimos sujeitos a multa (cfr. urt" 102°,
idoneidadeou competência, cada parte: escolhe' um perito e ojuiz nomeia o
aI. b), CCJ} e aos meios coercitivos destinados ao cumprimento da obrigação
terceiro (art" 569°, n? '2). Se houver pluralidade de partes, prcvalece :a desig-
(art" 537°). como a apreensão do documento (art" 532°). A obtenção dos
nação da maioria; se não Sé chegara formar maioria, a nomeação devolve-se
documentos requisitados é sempre notificada às partes (art" 539°).
ao juiz (art" 569°, n" 4).
Aos peritos, é aplicável O regime de impedimentos e suspeições que vigora
3.4. Documentoxcstrangeiros para os juizes (art° 57) o, o" I; cfr. nomeadamenteart''s 122° e 12']0). Além disso,
podem pedir escusa .da intervenção como peritos todosaqueles a quem seja
Os documentos autênticos passados em país estrangeiro consideram-se
inexigfvel o desempenho da tarefa por motivos pessoais (art" 571°., n° 3). assim
legalizados, desde que a assinatura do funcionário público esteja reconhecida
como OS titulares dos Órgãos de soberania ou dos órgãos equivalentes das
por agente diplomático ou consular português no Estado respectivo e a
Regiões Autónomas, os magistrados do Ministério Público em efectividade
assinatura deste agente esteja autenticada com O selo branco consular (artO 540'"
de funções e os agentes diplomáticos de países estrangeiros (art" 57 I". n? 2).
tiO I l. Se p documento for particular e. estiver legalizado por Irrnciouãriopüblico
estrangeiro. ü legalização carece de valor se não obtiver li mesmo. reconhe- b. QlJanpo a perícia for ordenada oficiosamente pelo tribunal, :0 juiz
cimento consular (art" 54()", n° 2). indica, no próprio despacho que a determina, o seu objecto (art? 579"). Se ela
for requerida poruma das partes, cabe-lhe indicar o objecto e enunciar as
Sàu várias as convenções internacionais que visam Facilitar a circulação dos documentos
dúvidas que pretende ver esclarecidas através da diligência (are 577°, Ji" I).
c que, cum essa finalidudc. dispcnsam.u sua legalizução. Destas sulienturn-sc as. seguintes:
- ('(lIIrt'/lçíiu Rvtativ« à Supressão. da Exigência da ugllli:açâi/ dos Aclm' Públicos Estrongeirns
Se o juiz, entender quea diligência não é impertinente ou dilatória,ouvç. «
parte.
(üssinudana Hara em 5/1 0/1961 c aprovudi para ratificução pelo Decreto- Lcin" 48.450. de. contrária, que pode aceitar o seu objecto ou sugerir a sua ampliação ou restrição
24161 I 9óX); • CO!ii'i'l1çtltilUlliliVa <i Emissão GI'OIl/it" e 11 Dispensa de 1,eK(IIi~{/ÇÜIl de Ç.:''[IÍ.l((je.l' (art" 578~, n° 1). O juiz, no despacho em que. ordena a.diligência, fixa o seu
11<:lk~isl(/ do Estudo Civil (conclufda no Luxcmburgo ern 26/.9/1<)'57 c aprovada para adesão objecto, podendo restringi-Io .ou ampliá-lo relativamente às propostas das partes
lida Lei 11° 22/8 I; de I9IX); - Convenção Relativo " Dispensa de Legtlli:'lIçc1o pata Certas
(art" 578°, n° 2),
Certidõe« de Regi'>!1ICiúl e /),,,'iilIIÓ"lJ.,· (assinada em Atenas em 15/9/1977 ~ aprovada para
rutificução pelo Decreto n'' 135/82. de 2(/12);. - C(//II'ençiió Europeia sobre a Sl.Ipressiio da
L(;,~,,/i:a('ii(i dos Aito» Exarados pelos Agentes Díplo/lllÍ/icJ!.'· l! Cunsulares (concluída em c, O juizdesigna a data e local para o começo da. diligência (art" 580°.
Londres em 7161196R c aprovada. para rariticàção pelo Decreto nÓ99/82. de 26/&). n" I) {JU requisita ao director dos institutos ou estabelecimentos oficiais a
realização. da períeia,ii1dicando oseu objecto e oprazó de apresentação do
relatório pericial (art" 580°. na 2). Quando houver' petitas uómeados, estes
4. Prova pericial prestam compromisso de cumprimente consciencioso P~lfun,ÇãO que lhes e
cometida (art 581 nO)).
O
0,
a. A perícia é requisitada a estabelecimento.Jãboratõrio ou serviço oficial Os peritos procedem à inspecção e averiguações necessárias fi elaboração
apropriado (como os serviços médico-legais) ou, quando (ai não seja pos- do seu relatório (art° 582°,n° I). Podem assistir à diligência o juiz (urt" 582°,
sivel ouconveniente, é realizada por um único perito, nomeado pelo juiz de n" 2) e as partes, salvo se a perícia for susceptível de ofender o pudor ou
entre pessoas de reconhecida idoneidade e competência na matéria em Causa implicar quebra de qualquersigilo merecedor de protecção (art" 582°. n" 3).
(art" 56~o .. nOs I e ~). Todavia. aperfcia é efectuada por mais de Um perito, As partes podem fazer 40 perito as observações que entenderem e devem-no
esclarecer sempre que solicitadas (art" 582°, 1)°4). Os peritos podem socorrer-
Procedimento em I" instância ]3)
332 Procedimenroem la instãnriu
relativa. pois que aquelas pessoas podem recusar-se .a depor, mas não estão
obrigadas a fazê-lo (art" 6.18°, n° 2); este último cria uma inabilidadeabso- §6°.
luta, dado que, enquanto a pessoa não for eventualmente dispensada do
segredo. ela nãoo pode desvendar (art" 618<1,n° 3; cfr, art''s 135", n° I, 1360 e
Fase da. audiência final
1.37° CPp}
exemplo, numa acção sobre direitos patrimoniais não há, em regra. qualquer
motivo para que essa audiência não seja pública, mas numa acção de inves- 5. Documentação
tigação da paternidade ela não será realizada, em princípio, com acesso do
público. A audiência final e os depoimentos, informações e esclarecimentos
Mesmo quando a audiência seja pública, a publicidade pode ser exciuída nela prestados são gravados, sempre que alguma das partes o requeira (ofr.
quando se proceda à ex ibição de reproduções cinematográficas ou de registos artOs 508°-A, n° 2, al. c), e 512°, n" 1) ou O tribunal o determine (art" 522°-8),
tonográficos (art" 652°, n" 3, al, b) 2" pane). Dado que a lei não define os A gravação é efectuada por sistema sonoro, excepto quando possa ser realizada
critérios para a exclusão da publicidade; neste caso, deve entender-se que valem por meios audiovisuaisou semelhantes (art" 522°-C). e abrange a discussão
aqueles que se encontram enunciados no arr' 209° CRP (bem corno no art" 656°, da causa (cfr. art" 652°, n" I), a tentativa de conciliação entre as partes
n° I), (cfr. art? 6.52°, n" 2\ a produção da prova (art" 652°, n° 3, alas a) a d»,os
debates sobre li matéria de facto (art" 652°, nOs 3, al. e), e 5), a leitura do
acórdão de julgamento da matéria de facto e as eventuais reclamações
3. Continuidade deduz idas pelas partes (art" 653°, n° 4) e ainda a discussão oral do aspecto
jurídico da causa (arr's 653°, n" 5, e 657°). Se algum depoimento houver de
A uudiência final é contínua, só podendo ser interrompida por moti- ser prestado fora do tribunal (cfr. art° 652°, n° 4), também ele deverá ser
vos de força maior, por absoluta necessidade ou .nos casos regulados na lei gravado (12).
(arr" 65.6°, n° 2. t" parte), como sucede naqueles qUe estão previstos nos A realização da audiência final estã submetida a um pri nçlpio de
m'tOs 650", .n" 4, 651", n" 3, e 654°,rj° 2. Se não for possível concluí-Ia documentação, que tem um largo alcance. Ele não só favorece a verdade dos
num dia. o presidente marcará a suá. continuação para o dia útil imediato, depoimentos prestados perante o tribunal pelas partes e pelas testemunhas,
ainda que compreendido em férias, e assim sucessivamente (art° 656°, n° 2 como permite o controlo pela Relação do julgamento da matéria de facto
2" parte). realizado pela Ia instância (cfr., quanto li este último aspecto. art°s 690°-A,
nOs I, aI. b), e 2, e 712°, rr's 1, al. a), e 2).
4. plenitude Recorde-se que o art" 24" DL 329-A!95, de I2112, dispõe queo regime de gravação das
audiências previsto no Decreto-Lei n° 39/95, de 1572. é imediatamente aplicável ai,s ijmce,,,)s
Segundo o princípio da plenitude da assistência dos juizes, só podem de natureza civil que se encontrempendentes em I de Janeiro de 1997.
intervir na decisão da matéria de facto aqueles que tenham assistido a todos
os actos de instrução e discussãó praticados na audiência final (art" 654°,
n" I í. A violação desta regra - cuja justificação é evidente - origina uma 6. Efectividade
nulidade processual (art" 20 I 0, n" I).
A produção da prova orienta-se por um princípio de efectividade, através
Se, durante a audiência, algum dos juízes falecer Ou se impossibilitar
do qual se procura evitar que essa actividade se torne Impossível por não ter
permanentemente, os actos já realizados são repetidos perante um tribunal
sido realizada no momentooportuno. Com vista a assegurar a efectividude da
com uma nova cornposlção (art" 654°, n° 2 I a parte). Se a impossibilidade
produção da prova, permite-se que, se houver justo receio de vir a tornar-se
ror temporária, interrompe-se a audiência ou, se parecer mais aconselhável,
repetem-se perante um novo tribunal os actos já praticados (art'' 654°, n° 2
2a parte). Se o juiz for transferido, promovido ou aposentado, concluí-se, em (IZ! Sobre a documentação da prova. cfr, Pessoa Vdz. Technologie, Etficacité et Gurunties de
princípio. o julgamento antes dá efectivação dessa deslocação ou aposentação, Justice. (L'élccrronique et la preuve), ;11 Pessoa VlIZ (ed.), Papel e Organização de M"lüsrrildos
c Advogados nas Sociedades Contemporâneas / IX Congresso Mundial de Direito Judiciário /
excepto se esta se fundamentar na incapacidade física, moral ou profissional / Relatórios Gerais (Coimbra 1995),573 ss.; A. Abrantes Gcraldes, Registo da prova. SJ 8 (1.<')94),
para o exercício do cargo (art" 654°, n° ~ I" pane). 59 SS.; R. Frei/as Rangel . Registo da prova: A motivação dassentenças civis no .iímb,ito da
reforma do processo civil e as guranrius fundamentais do cidadão (Lisboa 199(,),
1- r r
Procedimento em J" instância 337
338 Prot'edime/1to ellJ I" instância
.~~----------------
impossfvel ou muito difícil o depoimento de certas pessoas ou a verificação
de certos factos por meio de arbitramento ou inspecção, a. produção destas
hipóteses+- se a revelia for inoperante por qualquer das circunstâncias previstas
provas possa ser antecipada ou mesmo realizada antes da propositura da acção
no art" 485°, al'sb), c) e. d), a audiência final decorre perante o tribunal sin-
(art" 520°). E O que Se chama produção antecipada da prova (ou prova ad
gular, excepto se as panes requererem a intervenção do tribunal colectivo na
perpetuam rei memoriami, que tem corno pressuposto específico o receio da.
audiência preliminar ou. nos 15 dias subsequentes à notificação do despacho
impossibilidade ou da dificuldade da realização da prova no momentonormal.
saneador (art? 646°, n° 2, al, a); cfr. art" 5 J 2°, n° I); - se a incperânciu du
Suponha-se que à obra realizada, porque é defeituosa, ameaça ruir e por isso
revelia resultar da contestação de algum dos litisconsortes (cfr .. artO 485".
deve ser imediatamente demolida; para averiguação dos defeitos da obra, a parte
al, a», a audiência final realiza-se perante o tribunal colectivo (arr" 646°,n"2,
pode requerer a realização de uma prova pericial ou de uma inspecção judi-
al, a»; - finalmente, se a revelia for inoperante porque a citação do réu não
cial antes dessa demolição.
foi pessoal (efr. art" 484°, n" I). a audiência final decorre perante o lribunul
Se a acção ainda não estiver proposta, a produção antecipada é requerida
colecti vo {1Irt0646°, n" I l.
no tribunal do lugar em que deva efectuar-se (art? 83°, n° I, aI. e)). O requerente
da prova antecipada pode ser qualquer das partes de uma acção pendente e Est:IS soluções possuem diferentes justificaçõcs:. , se li causa du inoperúncia LI" revelia for
mesmo alguém que imagina que virá a ser demandado numa. acção futura (131; .a contestação de um dos litisconsortes (cfr, urt" 485", al. a l), a posição processua] desta parte
ele deve justificar, embora eumariamente, a necessidade da antecipação, em nada deve serufectada pela circunstância de 9~ outros réus beneficiarem da sua contestação,
mencionar com precisão 0$ factos sobre os quais há-de recair e identificar as pelo que, em relação li ele, nada [ustiflca qualquer desvio 11 regra geral lÍli competênciado
tribunal colectivo (art" 646 nÓs 1 c 2, a\.;1)): - se ninopcrância da revelia ,,,,,dia!" duinca-
Q
pessoas que hão-de ser ouvidas (art" 521°, n? IJ. Além dissovse a diligência,
,
na 2, aI. f)).
Esta ampliação abrange, conforme resulta da remissão realizada pelo
art" 650", n° 2, al. f), .para o art" 264°, os factos principais que, apesar de terem 2. Preparação
"., Sobre esta distinção. cfr. M. Teixeira de S(}Lf.~{/. A competência declarativa dos tribunais a. A audiência é antecedida da vista do processo, por 5 dias. a cada um
comuns (Lisboa 1')94-),39 ss .. dos juízes adjuntos, salvo se o juiz da causa a julgar dispensável. atendendo à
simplicidade da causa (art" 648°). Antes da sua realização, o juiz pode designar
( I ' r f r c r r r r r
ProcedimeillO em 1" instância 341
342 Procedimento em la instância
3. Aberturae adiamento
4. Início
A audiência é adiada se não for possível constituir o tribunalcolectivo
(art" 651°, n" I, al. a)) ou se faltar algum dos advogados, o que ~crâ comunicado Aa:udiência inicia-se com ª
discussão da (,;aUi:ia(att" 652°,11° 1), i.sto é,
ao mandante (art" 651 ". TI" I, al. C)). Tendo a audi.Gnci,t~ido adiadadevido à com a apresentação por cada um dos advogados das partes dox fundarnentos
falta do mán(.lutádQ Judicitd. dcsignat-w::í logQ data para a sua realízação, das suas posições quer quanto à matéria de facto, quer quanto à. matéria.de
dispen!ial1d()-~c, guanwao t'alwr>p,a .sua anuêncía prévia sobre a nova data direito, Se o objecto da acção for uma situação disponível. o presidente
(art°651°, na I, ,\1. 1.) 2" parte). procurará conciliar as punes (art" 652~, n" 2).
Sempre que alguma das partes, em consequência da limitação' legal do
Dada a incomputibiljdadecorn os ptincípiós da cooperação (ch, un"266". n" I)ê da nümef\j de articulados, não possa responder aumaexcepçãc .dcduzida pela outra
correução recíproca (urt" 266"-B. n" .1), bem COI'nO com o dever de comunicação imposto ao
no vitimo articula(lqa(lmissfvlfl, aquela par(ê pode exercer () ccntraditérionn
mandatúr!o judicial pelo art" 155", nOs 2 c 5, deve considerar-se tacitamente revogado o art" I"
Dl. 0301\11.dó 519, que dlxpensu () advogado de justificar a fultaaum acto [udicial.vembora, início da audiência fina}, se .não se r<i:aJiz;ou a audiência preliminar (an° 3 ú
,
corno é evidente, a justificação 4.UClhe é exigfvel não pnssacolidir com ,) segredo proüs- na 4).
siunal.
A audiência final é-aberta depois de réalizad» a Qhamada das pessoas que 5. Produção da prova
tenham sido convocadas (:1rt0 651", nO I pmérnío). Se faltar alguma pessoa
que tenha sido convocada e de que senãp prescinda. ou se tiver sido ofere-
5J·. Depoimento de: parte
cido Q()cÜlhento que a parte contrária não possa examinar de imediato
(cfr.(lrtQ~ 523°,11° 2, e 524°, n" 2), coloca-se a seguinte opção: - se o tribunal Depois de iniciada aaudiência final, segue-se a produção da prova
entenderque há grave inconveniente em quea audiência prossiga sem a pre- (art" 652", n° 3), Salvo se o presidente entender qtle a ordem deve~l:lralte-
sença dessa pessoa ou sem a resposta sobre o documento ofete.cido, ii,audiência rada (art'' 652°, n° 7), essa produção começa pela prestação do depoiml:lnt<l de
é adiada (urt" 65Jó, 11" I, al, b)}:-se., pelo contrário. o tribunal cúris.ickrarque parte (art" 652°, n? J, al. al), quando ele. tiver sido ordenado pelo tribunal ou
requerido pela outra parte, por uma comparte (cfr, art''s 552°, n° I, e 553°,
Procedimento em l" instância 343
344 Procedimento em I" instância
n" 3) ou pelo assistente (urt?» :H9° e 332°, n" I). Compreende-se esta
precedência concedida ao depoimento de parte; porque as partes têm um e a moral pública (di". art" 209 CRP; art? 656°, n" I), essa exibição se faça
0
conhecunentcdirecto do~ factos relevantes para a decisão da causa e porque apenas com a. assistência das partes, dos seusadvogados e das pessoas cuja
esse depoimento pode conduzir a uma confissão de alguns desses factos
presença se mostre conveniente (art" 652°, n° J, aI. b) 2a parte), isto é, com
(cfr. art" 563°, n" I). Este depoimento só pode deixar de ser prestado na exclusão da publicidade.
audiência final se for re.querida a sua antecipação (art" 520°), se o depoente
residir noutro círculo judicial ou .noutrailha das regiões autónomas ou estiver
impossibilitado de comparecer no tribunal (art" 556°, n° I), situação que, se se 5.3. 'Prova pericial
fundamentar em doença, deve ser' certificada por médico (art" 55r, n" 1). o resultado da perícia consta de um relatórioIart" 586°, n° I). pelo que,
Mcslm1 quando o depoente resida fon\ do círculo judicial: ou i111'1,o tribunal em regra, os peritos não são chamados a depor na audiência final. Mas a
pode ordenar <i depoimento na audiência se o julgar necessário ea compa- presença dos peritos nesta audiência pode ser ordenada oficiosamente pelo trí-
rência não representar umsacriffcioincomportável para aparte (art" 556°,
bunal ou requerida por qualquer das partes, para que eles possam prestar os
nO"2),
esçlarecitnentos verbais que lhes forem solicitados (art'' 652". n" }. al. c).
Antes de começar o depoimento, o tribunal faz sentir ao depoente a
importância moral do juramento que vai prestar e o dever de ser fiel à verdade
e adverte-o das sançõesaplicáveis às falsas declarações (art°559°, nOI: sobre
5.4. Prova testemunhal
essas sanções, cfr, art" 359°, n" I; CP).Erli seguida, o tribunal exigI:: I]Ue o a. As testemunhas são inquiridas na audiência final (art°s 621 "proémio
depoente preste jtltamefíl~'> (art" 559°" n° 2) e o juiz realiza Q interrogatório d(j é 652°, nÇ J, al. dj), excepto se for requerida <I suamquirição antecipada
depoente sobre cada nrndos factos que são objecto do depoimento (art" 560°), (art''s 621", aLa), e 520°) Ou por carta (ar r's 62'10,al. bj). A parte pode requerer
devendo o depoente responder, com precisão e clareza. às perguntas feitas li inquirição da, testemunha por carta quando dá resida fora da área do círculo
(art" 5151°. n" li" parte). A parte contrária pode requerer as instâncias judicial ou da .ilha (art" 623°, n° I) Ou da área metropolitana da sede do tribu-
necessárias. para se esclarecerem ou completarem as respostas do depoente nal (art" 623""; n° 4), rnus o tribunal pode recusar a expedição da carta quando
(art" 561". n" I 2" parte) e os advogados das partes podem assistir a.o depoi- julgue conveniente para a boa decisão da causa que 1,!1a deponha em audiência
mentoe pedir esclarecimentos (art'' 562'" na J)ou opor-se às perguntas feitas e a deslocaçãonão represente um sacriftoio lncornportãvel (art" 62Jo; n" 3).
(art" 562". n" 2.). FInalmente. se houverconfissão do depoente ou sé este narrar A testemunha também não depõe na audiência final se gozar de uma
factos. ou circunstâncias que Jrnpliquem ~a indiviliibilitlade da declaração prerrogativa de inquirição na.sua residência ou na sede dos serviços. (ano.., 621".
confessória (cfr.vart" 360° CC). o depoimento é reduzido a esc rim (art" 563°, al, c), e 624°) ou se estiver comprovadarnente .impossibilitada de comparecer
n" 2), mesmo que tenha sido gravado (art" 563°, n" I). Essa confissão judicial no tribunal (arfs 62)O,al. d), e 627°). Neste último caso, o depoimento da
faz. porisso, prova plena contra o depoente (art" 358°,. n" r, CC). testemunha pode ser prestado através de documento escrito (artOs(í3Yo, n" L e
639°-A) ou, com o acordo das panes, pito telefone {)U por outro meio de
5,2.Pwv~ documental comunicação directa do tribunal com o.depoente (art" 639°-'8, n" I).
Emhoru a prova documental deva ser apresentada, em regra, antes da
Gozâm da prerrogariva de serÍnquiridos na sua residência ou 0<1 sede dos respectivos
audiência final (cfr. art" 523°, n" J). essa audiência éo momento adequado para
serviços q Presidente da República (art" 624", nO I. :11.al; ctr. também urt" 625") C IlS a1!énlcS
a exibição de reproduções cinematográficas ou -de registos fonográficos diplomáticos de· países estrangeiros que concedam 'idêntica regalia aos reprexemuntes de Pqrlll.·
(art" 652'\ n" j, <11. b) 13 parte). Em princípio, incumbe à parte que apresente tal (art? 624°. nÓ I. al. b); cfr. também ·arI0616°). Além desrus entidàdcs. beneficiam. nem sempre'
corno prova uma dessas reproduções ou registos facultar ao tribunal os meios com urna justificação evidente. dá prerrogativa de depor. primeiro por escrito os membros dos
órgãos de soberània, com exclusão dos tribunais, e dos órgãos equivalentes das rcgiõc» <I\1IÚI10!llaS
técnicos para exibi-los (art° 52T)" O presidente pode determinar que, aten-
e do território de Macau (art" 624°. n" 2. al. ',,)), os juizes dos tribunais superiores (urt" (,~4°.
dendo, nomeadamente, à necessidade de salvaguardara dignidade das pessoas n" 2,. al, b)), o Provedor de Justiça (art" 624°, n" 2.. ul. ci), o Procurador-Geral da, República c ()
Vice-Procurador-Geral dói República (art" (':24", nO 2. ul. dj), os membros ti" Conselho Superior
í: r'
Procedimento em l" instância 345
::146 Procedimento em I" instãmio
da Magislralura c ~(I Conselho Superior do Mjnistério Público (art" 624°, n" 2, al. e», os oficiais
generais das For,as Armndus (urt" 614°, n" 2. at. f), os altos dignitários .das confissões religiosas
6. Debates
(urt" 624". n'' 2, ai. g» c ainda () Bastcnário da Ordem dos Advogados e o Presidente da Câmara
dos Solicuudorcs (art" 624';.. n" 2. aI. h».
a. Após a produção da prova, realizam-se os debates sobre a matéria de
facto (art'' 652°, n" 3, aI. e». Nestes debates. os advogados procuram fixar os
b, Ames de começara inquirição, as testemunhas são recolhidas a uma
Factos que devem considerar-se provados e aqueles que, em sua opinião, não
sala, donde saem pata depor pela ordem em que estiverem mencionadas no rol,
se podem ter por demonstrados (art" 652°, n" 5 I â parte). Durante a sua
primeiro as do autor e depois as do réu, salvo inversão determinada pelo tri-
alegação, o advogado pode sei' interrompido por qualquer dos juízes ou pelo
bunal ou acordada pelas partes (art" 634°, n° I), O tribunal, depois de advertir
advogado da parte contrária para o esclarecimento ou rectificação de qualquer
a testemunha sobre. as sanções aplicáveis ao falso testemunho (cfr. art" 360°,
afirmação (art" 652°, n° 5 2a parte). Cada um dos advogados pode replicar uma
n" I, CP), recolhe o seu juramento (art" 635", n" I Ia parte) e, para melhor poder
vez contra as alegações do outro (art° 652°, n" 3, al. e) infine).
avaliar o seu depoimento, pergunta-lhe se é parente, amigo ou inimigo de
qualquer das partes, se está para Com elas nalguma relação de dependência e
b. Estes debates definem um importante momento na tramitnçâo da acção.
se tem interesse, directo ou indirecto, nà causa, (art" 635°, n° .1 2' parte),
Eles marcam o lermo ou encerramento da discussão, o qual determina () limite
Se depuser perante O tribunal colectivo, a testemunha é intertogada pelo
temporal da al teração do pedido (art" 273", n" 2;cfr. RL - 28/2/1 991. CJ 9111,
advogado da parte que a ofereceu (art° 6:38°, n° 2)súbre os factos que tenham
168), da apresentação de articulados supervenientes .(<frlo506'\ n" I), da junção
sido articulados Ou impugnados por essa parte, devendo depor com precisão e
de documentos (art" 523°, n" 2), da ampliação da base instrutóriu pelo presidente
indicar a razão da ciência e .quaisquercircunstâncias que possam justificar o
do tribunal colectivo (art" 650°, n" 2,a1. f» e da consideração pelo tribunal dos
conhecimento dos factos (art? 638°, n" I). Ao presidente do tribunal colectivo
factos constiiuti vos, modificativos e extintivos (art" 66Jo, n" I), Esse encer-
compete obstar a que .os advogados tratem desprimorosamente a testemunha e
ramento também determi na a superveniência dos factos cxtinti vos eu modi-
lhe façam perguntas ou considerações impertinentes, sugestivas, capciosas ou
ficativos da obrigação para efeito da sua invocação nos embargos à execução
vexatórias (art" 63W', n° 3 I" parte) e; quando seja necessáriuassegurar a
(urt" 813", aI. g) I' parte).
tranquilidade da testemunha ou pôr termo a instâncias inconvenientes, o
presidente pode avocar o iruerrogatõrio (art" 638", n" 5). Todos os juizes do
tribunal colectivo podem fazer as perguntas que julguem convenientes para o
apuramento da verdade (art°s 638°, nOs 3 2' pane, e 4).. V.Prinçípios<Jo julgamento
c.Contra a prova testemunhal pode reagir-se por impugnação, contradita I. Aquisição processual
ou acareação: - a impugnação questiona a adrnissibilidade do depoimento
(art° 6:\6°; sobre o incidente de irnpugnação, cfr. art" 6370), ou seja, tem por a. Segundo o princípio da aquisição processual, o tribunal deve tornar em
fundamento a incapacidade natural ou a inabilidade legal da testemunha consideração todas as provas realizadas no processo, mesmo que niio tenham
(cfr. art?s 616° c 61 ]O); - a contradita baseia-se na alegação de qualquer sido apresentadas, requeridas ou produzidas pela parte onerada com a prova
circunstância capaz de aba1ar a credib'ilidade do depoimento, quer por (art" 515 la parte). 'Se, por exemplo, () autor arrolou uma testemunha -e esta,
0
afectar a razão da ciência invocada pela testemunha, quer por diminuir a fé no seu depoimento, alegou um facto favorável ao réu e que por este devia ser
que ela possa merecer (art° 640°; sobre o respectivo incidente, cfr. art? 641°; provado, o tribunal não pode deixar de considerar o seu depoimento. apesar
[{L - 8/611993. CJ 93/3, J 26); - a acareação consiste no confronto das de a testemunha não ter sidoindicada pela. parte a quem aproveita a prova do
testemunhas, ou das testemunhas e das partes, cujos depoimentos mostrem uma facto.
oposição directa acerca de determinado facto (art" 642°; sobre o incidente de . Uma das consequências deste princípio é à impossibilidude de retirar do
acareação, cfr, urt" 643°). processo uma prova apresentada. É por isso que, por exemplo, os documentos
só podem ser retirados depois do trânsito em julgado da decisão final (art" 542°,
Procedimento em l" instãncia 347
348 Procedimento em l" instância
b. Exceptuam-se da submissão
a este princípio da aquisição processual 3, Fundamentação
as situações em que a.lei declare Irrelevante a alegação e aprova de um facto
quando não sejam feitas por uma certa parte (art° 515° 2" parte). É o que sucede Na decisão sobre a matéria de. facto devem ser especificados os funda-
com a confissão, que só pode ser feita pela parte para a qual o facto reconhecido mentos que foram decisivos pará a convicção do julgador sobre a prova
é desfavorável (cfr. art" 352° CC), e, mais casuisticarnente, com a prova da (ou falta de prova) dos factos (art° 653", n° 2). Como, em geral, as provas
maternidade na respectiva acção de investigação, a qual sÓ pode ser realizada produzidas na audiência final estão sujeitas à livre apreciação (art"s 655°,
pelo filho lnvestigante (art" 1816°, n? I, CC). n° I, e 652°, n° 3, alas b) a dj), o tribunal deve indicar Os fundamentos sufi-
cientes para que, através das regras da ciência, da lógica e da experiência, se
possa controlar a razoabilidade daquela convicção sobre o julgamento do facto
2. Livre apreciação da prova GOmO provado ou não provado. A exigência da motivação da decisão não se
destina a obter a exteriorização das razões psicológicas da. convicção do
a. Algumas das provas que permitem o julgamento da matéria de facto juiz, mas a permitir que o juiz convença Os terceiros da correcção da sua
controvertida e a generalidade daquelas, que são produzidas na audiência final decisão (15), Através dessa fundamentação, o juiz deve passar de convencido a
(cfr, art" 652°, n° 3; al"s b)a d) estão sujeitas ~. livre apreciação do tribunal convincente,
(art" 6$5°. n'" I): é o caso da prova pericial (art" 389° CC; àrt" 591 "), da A fundamentação da apreciação da prova deve ser realizada separadamente
inspecção judicial (art" 391" CC) e da prova. testemunhal (art" 396" CC). Essa para cada facto. A apreciação de cada meio de prova pressupõe conhecer O 'Seu
apreciaçãn baseia-se na prudente convicção do tribunal sobre a prova produzida conteúdo (por exemplo, o depoimento datestemunha), determinar II sua
(art" 655°, n° I), ou seja, em regras da ciência e do raciocínio e em rnãximas relevância (que não é nenhuma quando, por exemplo, a testemunha afirmou
de experiência. Estas podem conduzir à prova directa do facto controvertido desconhecer O tacto) e proceder à sua valoração (por exemplo. através da
ou. 11 ilação desse facrcatravés da prova de um facto indiciário: neste credibilidade da testemunha ou dó relatório pericial). Se o facto for considerado
último caso. a prova fundamenta-se numa presunção natural ou judicial provada, o tribunal deve começar por referir os meios de prova que formaram
(cfr. .art? 351 o CC). a sua convicção, indicar seguidamente aqueles que se mostraram irrconclusivos
e terminar com u referência àqueles que, apesar d~ cunduzirernu uma djstintü
Sohrc ouirus suuaçõe« de prova livre. c.kllrlos 358°; nOs 3 c 4, 36 I'''. 366". 37 JO., nOs 1 decisão, não foram suficientes para infinnar a sua convicção. Se, o facto for
2' pane é 2. ~ 37f,", n" 3. CC Nada obsta a que a convicção do julgador se forme com apoio no
julgado não provado. a ordem preferível é a seguinte: primeiramente devem
depoimento de unia únicatestemunha: RC - 18/5/1994. 13M] 437, 59R.
ser indicados' o, meios de prova que conduzem demonstração do facto: depois
à
b. A prova livre está excluída sempre que a lei conceda \1.111 valor legal a devemser expostos os meios que formaram a convicção do tribunal sobre a
um determinado meio de prova (cfr., v. g., art"s 358°, nOs I e 2,371°, n° 1,376" não veracidade do facto ou que impedem urna convicção sobre ti MIU vera-
e 377° CC), assim como quando a lei exigir, para a existência ou prova do facto cidade; finalmente, devem ser referidos os meios inconclusivos (16'.
jurídico. qualquer formal idade especial (art" 655°, n° 2). É o que sucede com
IÓOOS os documentosoo substantiam ou ad probationem (cfr., v. g., anos 875°
e 947°, 11° I, CC) e com ainadrnissibilidade da prová testemunhal para substituir <l5i Cfr. Pastore, Giudizio, prova. ragion pratica I Unapproccio ermcncurico (Milan« '19<)(;),
251 ss ..
I '''I Cfr. Schneider, Bcweis und Bcweiswürdigung ~ (Münchcn 19(4). 173 ss ..
I I
r í
Por extensão do disposto no art" 64Ó·, 11° 4. deve considerar-se .i1iill escrita à rcspostudo
2. Decisão tribunal a matéria que não foi articulada pelas partes: R.C, 1111011994, BMJ 440. 560.
É discutível se a referida situação não conforma antes lima nulidade da decisão por excesso de
a. A matéria de facto é decidida por meio .de acórdão ou despacho, se o pronúncia (art? 66&°.. n" I, al, <1)2' parte),
Na fundumentaçào da prova testemunhal deverão ser- referida, as pessoa> ouvidas Ç11' de novo para se pronunciar sobre elas, não sendo admitidas novas reclamações
audiência e. cnmplctnentarmente, qualquer afirmação quanto il isenção, idoneidadec conheci- contra a nova decisão (art" 653ó, nÓ 4 3' parte),
mento directo dos filel"s: RI". - 22/611995, CJ 95/3. 294.
legais e judiciais das quais pode ser inferida a prova do facto controvertido A decisão sobre a matéria de facto não é autonomamente recorrivel, ist()
(cfr. artOs 349° a j5Jo CC). Se o facto provado for um facto probatório ou é, ela só pode ser impugnada no recurso que for interposto da xcntença final.
indiciário, Isto é" se dó facto provado puder Inferir-se por qualquer daquelas Neste ca~o,o controlo sobre o julgarnento da matéria de facto pode ser feito
presunções o objecto da prova, cabe ao tribunal considerar o facto presumido pela Relaçãonassituações previstas no art" 712°.
Como provado. Assim, incumbe ao tribunal julgar provados Os factos principais Assim, a Relação pode alterar a decisão sobre. a matéria de facto; - se do
que decorram da dernonsrração dos respectivos factos instrumentais. processo constarem todos os elementos de prova que serviram de base fi decisão
sobre essa matéria ou se, tendo havido gravação da audiência final, o recorrente
c. O tribunal da audiência não pode pronunciar-se sobre matéria de direito, tivercumprido o ónus de proceder à transcrição, em escrito dactilografado. das
isto é, não pode ocupar-se da aplicação do direito aos factos provados. Con- passagens da gravação em que funda a sua impugnação (art"s 712°·, n° .I,
al. a), e 690°-A, n" 2; cfr., quanto aos poderes da Relação nestas hipóteses,
Procedimento em I" instância 351
352 Procedimento em J" inSlcll1cill
A fase da audiência final terminaeom li discussão da matéria de direito, n" I). Ao relatório seguem-se os fundamentos, nos quais o tribunal deve
que se de$til1ü a discutir ;1 interpretação e aplicação da l~i aos factos julgados discriminar os factos que. considera provados e admitidos por acordo e indicar,
provados (cfr. arras 653°, n" 5 in fine, e 657 in fine) e que se pode realizar
0
interpretar e aplicar as correspondentes normas jurídicas (art" 659°, nOs 2 e J).
oralmente ou por escrito. Em regra, a discussão do aspecto jurídico da causa A sentença termina com a parte decisória ou dispositiva (art° 659°, n° 2' in finei,
realiza-se oralmente perante o juiz a quem caiba lavrar a sentença final na qual se contém a decisão de condenação ou de absolvição, c deve ser
(artOs 653°, n" 5 I a parte.ie 657°),i~to é, no caso do tribunal colectivo, perante assinada e datada (art''s 157°, n° I, e 668°; n" I, aI. ar).
o seu presidente (art? 80°, ai. c), LC)TJ). Mas. se as partes. não prescindirem da
discussão escrita do aspecto jurídlco da causa, asecretaria, urna vez concluído
O julgamento da muréria de facto, faêultH o processo para exame ao advogado 2. Conteúdo material
do autor e depois ao do réu, pelo prazo de 10 dias a cada um, a fim de alegarem
a, A sentença deve ser motivada (art" 208°, n° I> CRP,; art° 158°, n° I)
por escrito sobre a interpretação e aplicação da lei aos factos que tiverem sido
através da exposição dos fundamentos de facto e de direito (art0659°. n° 2):
considerados provados e àqueles que deverem ser tidos. por assentes (art" 657°).
àqueles respeitam aos factos relevantes para .a decisão que foram adquiridos
durante o processo; estes à interpretação e aplicação das normas jurídicas
§ 7". aplicáveis a esses factos,
Como fundamentos de facto devem ser utilizados todos os factos
Fase da sentença que foram adquiridos durante a tramitação da causa. Nos termos do art" 659",
n" 3, integram esses fundamentos: - os factos admitidos por acordo; ou
J. Função da fase seja, os factos alegados por uma parte e não impugnados pela contraparte
(cfr, art°s 490°, n" 2, e 505°), mesmo que hão tenham sido considerados assentes
A I:àse da sentença é aquela em que é proferida a decisão final do
(cfr. RC - 22/311994, BM] 435, :917; RC - 6/.12/1994, BMJ 442,272); - os
procedimento em I a instância. O proferirnento da sentença final depende da
factos provados por documentos juntos ao processo por iniciativa das partes
(cfr. designadamente arr's 52':\0 e 524°) Ou do tribunal (artOs 514°, n? 2, e 535°);
r I-
- os factos provados por confissão reduzida a escrito, seja ela urna confissão
judicial ou extrajudicial (cfr. arr's 356° e 358" CC; art" 563ó, n" I); - os factos A responsabilidade pelas custas é objectiva, isto ,é, não depende ele
julgados provados pelo tribunal singular ou colectivo na fase da audiência qualquerculpa da parte. mas ela não abrange OS actos e incidentes supérfluos,
final (cfr, art" 653°, nOs 2 e 3): - os factos que resultam do exame crítico das as diligências e os actos que tiveram de ser repetidos por culpa de algum
provas, isto é, aqueles que podem ser inferidos, por presunção judicial ou funcionário judicial e as despesas originadas pelo adiamento de um acto
legal, dos factos provados (cfr. art''s 349° a351° CC). A estes factos acrescem judicial causado pela falta não justificada de pessoa que devia comparecer
ainda os factos notórios (art" 514°, n° I) e os de conhecimento oficioso (art" 448°, n° I). Se ficarem vencidos vários autores ou réus, todos eles res-
(art° 660°, n" 2 injinei. pondem, em regra, em partes iguais (art" 446°, n° 3 I" parte); se a obrigação
que foi objecto da acção 'for solidária, a solidariedade estende-se à respon-
I\. resposra negativa do tribunal colecrivosobre. a 'prová de um facto não .implica 'que se
sabilidade pelas custas (art" 446°, n" 3 2' parte).
tenha demonstrado o facto contrãric. pelo que tudo se passa como se o facto não tivesse sido
articulado. devendo o juiz resolver a questão contra a parte onerada com a prova (cfr. art" 516°):
RE - 16/11/1lJ93. BMJ 432. 453. b. Segundo o critério da causalidade, entendê-se que, dá causa às custas
a parte vencida, na proporção em queo for (art" 446°, n° 2). A responsabilidade
b. O sentido da decisão depende dos factos fornecidos pelo processo (com da parte vencida estende-se ao respectivo assistente, que é responsável numa
consideração do princípio da aquisição processual, art° 515°) e da análise do quota-parte das custas a cargo daquela, em proporção COI11 a actividade que tiver
cumprimento do ónus da prova (cfr, art" 516"; art" 346° 2' parte CC). Se todos exercido no processo, mas nunca superior a um décimo (art" 452°).
os factos que conduzem à aplicação de uma norma jurídica estiverem adquiridos É ainda o critério da causalidade e a sua ligação com o decaimcntn
no processo, o tribunal pode proferir uma decisão favorável à parte onerada da parte que justifica que, se a causa terminar por desistência ou confissão
com 11 prova, seja ela uma decisãode mérito condenatória ou absolutória. Se (cfr. anos 293°, n° I, 294° e 287°, al. dj), as custas devam ser pagas pelo
isso não se verificar, o tribunal profere uma decisão conlra a parte onerada com desistente ou confitente (art" 451", n? I). Se houver transacção, as ÇlíSI,iS devem
a prova (art" 516"; art° 346" 2' parte CC), decisão que pode ser de absolvição ser pagas ti meio, salvo acordo das partes em contrário (art" 45 I 0. n" 2), embora
da instância, se faltar um pressuposto processual que não possa ser dispensado, 'nunca possa prescindir-se das quantias destinadas às entidades que têm direito
ou condenatória ou absolutória quanto ao mérito. a receber a procuradoria (art" 40°,. n" J., CCJ).
Na acção popular, o autor fica isento de custas no caso de procedência parcial ~o pedido
(art" 20°. nO 2; L lB/95, de 31/S)e. em C[ISO de·decaimento total. scni condenado "um montante
:<. Custase procuradoria .a fixar pelo tribunal entre um décimo e metade das custas que normalmente seriam devidas ..tendo
em conta a sua situação económica e a razão formal OU substantiva da improcedência (urt" 20"..
n° 3, L 83/95. de 31/8). O mesmo regime é uplicável ii,; acções propostas pelas axsociações de
3.1. Parte responsável consumidores (art" ISO, n" I. aI. n), L 24/96. de 3117).
a. As custas compreendem a taxa de justiça, que foi paga durante o c. São inúmeras; no entanto, as situações nas quais a responsabilidade
processo (cfr. arr's 23°, n" I •.e 25°; n" l, CC1), e os vários encargos referidos pelas custas, embora determinada pelo critério da causalidade, é independente
.no art" 32° CCJ (art° 1°, n" I, CCJ). Segundo. o disposto no art" 446°, n° I, a do decaimento na acção. Assim, apesar de vencedor, considera-se que O
decisão condena em custas a parte que á elas houver dado causa ou, se. não autor .dá causa às. custas eé responsável por elas quando o réu não contestar
houver vencimento da acção - como sucede, por exemplo, numa acção de (art" 449°, n° J) nas seguintes situações: - quando' o autor exercer um direito
divisão de coisa comum ou de divórcio por mútuo consentimento =, aparte potestativo que não rem origem em qualquer facto tlícito do réu (art" 449°,
.que tirou proveito do processo. Assim, a responsabilidade pelas custas pode n02, aI. a), como, por exemplo, o exercício de um direito de preferência
assentar tanto num critério de causalidade, como num critério de benefício ou ou a constituição de uma servidão: - quando a obrigação do réu só se vencer
proveito. com a citação ou depois da propositura da acção (art?s 449°. n° 2. al. b), e 662°.
n"s 2 e 3); - finalmente, quando o autor, munido de um título com manifesta
Procedimento em la instância 355
356 Procedimento em l=instãnciu
nele urna actividade injusrificada (art" 450°). Por exemplo: o réu deduziu a (art" 41°, n° I, CCl); se o tribunal não a arbitrar, o contador fixa a procuradoria
exceptio 110l/lldimp/eti cõntractus (cfr. art" 428°, n° I, CC) e, depois di! em metade da taxa de justiça devida (art" 41°, n° 2, CCJ). A procuradoria é
contesração, -o autor cumpriu ;,! prestação a que estava vinculado perante o abatida nas despesas extrajudiciais, indemnizações (como a decorrente da
demandado; a acção procede (art" 663",11° 1);.máliÔ réu não éresponsável pelas litigânciade má fé, art°s 456°, n° .1),diferença de juro ou pena convencional a
custas respeiruntes à actividade anteriorà contestação (art'' 663", n° 3)., pois que que o vencedor tenha direito (art" 40 n° 7, CCJ). Se a lei não der destino
0
,
esta era justificada no momento em que foi oferecida. O mesmo deve valer na especial à procuradoria (cfr, por exemplo. arr" 40"', n" 6, CC1), da importância
hipótese inversa: se a,oposiçãoera infundada no momento da contestação.mas atbitnjda â títUlo dep(oturádorla é deduzido um montante, que é distribuftlo
vem a ser jlJs\ificad[\ 'por uma circunstância superveniente, ti acção improcede pelo Conselho Geral da Ordem dos Advogados, Conselho Geral da Câmara cios
(cfr, art" 663°; n" I), más o réu deve ser responsabilizado pelas custas relativas Snlicitaderes, Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadorese Serviço
à trarnitação do processo até à verificação daquele facto (art" 663°, n° 3) Ll7j. Social do Ministério da Justiça (art" 42°, n° I, CCJ).
Sobre. outras situações de repartição Q;IS custas dau~çã().cfr. arr''s 290', n'' 2 2'patte. A partecondeüada como litigante de má fê é responsével pelo pagament» dos hónorárics
e 453'. da contraparte (art"4sr. n° I, ai. aj); 'igualmente .responsável poresse» honorúrios é o autor
que instaurou urna acção com base num direito ainda não exigfvel, que não foi contestado pelo
réu (urt 6'62'. n" 3).
Ó
voluntário das custas é de 10 dias a. contar da. notificação, mas a ele acresce
ainda Unia dilação variável (art" 64". n" r,
CCJ). Sempre que o montante das
o estar: admita-se .que a parte faleceu ou se tornou incapaz depois do
custas seja superior a. 6UC.<i juiz pode autorizar o seu pagamento em
proferirnento daquele despacho. De acordocom os parârnetros gerais. esperar-
prestações mensais (art" 65°, n" 1.; CCJ).
-se-ia que essa falta fosse relevante quando ocorresse até ao encerramento da
discussão (e irrelevante em momento posterior) e que: ela originasse a
absolvição do réu instância. mas o quadro fornecido pelo direito positivo não
lIL Conteúdo do julgamento coincide totalmente com estas posições.
Uma análise casntsrica (e não. exaustiva) fornece os seguintes elementos:
I. Exccpçõesdilatórtas ·a supressão do. tribunal competente gera, c:omo excepção à irrelevâncla das
modificações de direito sobre a competência, aincomperência daquele órgão
(art? 18°, n" 2,LOTJ); ~ a atribuição.xuravés de uma convençãode arbitragem,
I. i. Generalidades
da competência para a apreciação da causa a um tribunal arbitral implica, em
A sentença começa por conhecer das excepções dilatórias que conduzem qualquer estado doprocesso.ji extinção da instância (art" 287 aI. b í); - o fale ..
9
,
à absolvição da instância, segundo a ordem da sua precedência lógica (art" 660". Cimento. ouextinção de urnadas partes or'i~ina a suspensão da instância, mas,
n" I). Estas excepções podem ser tanto aquelas que o tribunal deixou de se j~ ti ver começado a. audiência final, essa suspensão só se efectlva depois do
apreciar no despacho saneador, por entender que, nesse momento, o processo proferirnento da sentença (art" 276°, n" I, aI. a)); .. a falta do interesse processual
ainda não fornecia os elementos necessários (cfr, art" SI O", n° 4), coma aquelas durante a acção conduz àtnutilidade superveniente da. lide e, portanto, à
que não forarn apreciadas concretamente nesse despacho e scbreas quais não exrinção da instância (urt" 287°, ai. e). Este p-anorama (exemplificativc) mostra
hd, por isso.. qualquer caso julgado (art" 510.°, n° 3 J" parte). Dado que. O que a falta superveniente de um pressuposto processual, mesmo que possa ser
despacho saneador genérico. não produz caso julgado quanto (\.exj~têt1ti_a ou considerada uma excepção dilatória, nem sempre origina a absolvição do réu
inexisiênciu de qualquer excepção dilatória (cfr, art" 51 0°, n" 3 I n parte), o tri- di} instância . .A~sim, a falta de um pressuposto processual verificada no
bunal não está impedido de a apreciar na sentença final. momen1(j da senterrça final (cfr, 8rt 660°,9
n" I) só conduz à absolviçãodu
instânciasealei não indicar outra consequência para essa situação: é u que
1.2. Ocorrências supervenientes sucede, porexemplo, com a incompetência do tribunal decorrente. da sua
supressão (cfr. art" 18°, n° 2, LOTJ).
a. Entre o despacho saneador e O termo dadiscussão (cfr, arr' 652ó, 1193, Acresce ainda que durante a pendência da causa - isto é, logo depois da
al, e) pode veri ficar-se .a sanação ou a cessação de urna excepção dilatória: 'entrega da petição inicial na secretaria {art? ,267 n" I) -, há que considerar a
9
,
suponha-se, por exemplo, que a parte deixa de ser incapaz. ou que O tribunal distinção. entre a (alta de um pressuposto processual. que gera uma excepção
adquirecompetência para. a acção .. Aquelas eventualidades não podem deixar dilatória (art° 49;3°, 11ó 2), e a falta ôe um pressuposto para um ucin processual.
de ser consideradas na sentença final, podendo invocar-se a analogia com o Assim, por exemplo, a propositura de uma acção contra um incapaz sem a
disposto no arr" 663°, n" I, quantoa consideração nessa sentença dos factos indicação doseu reptesentante ea incompetência do tribunal onde a acção foi
constitutivos, modificativos ()U extintivos ocorridos até ao encerramento da instaurada originam excepções dilatórias (art° 494°, alas a) e cj), mas a não
discussão. Assim, na acção pendenrena l"iÍlsrància, é relevanlegualquer constituição pelo réu- de advogado numa acção de patrocúiio obrigatório
sanação ou cessação de uma excepção dilarória, desde que ocorra até ao determina apenas a ineficácia da contestação (art" 33 e a revogação e a
9
)
encerramento da discussão. renúncia do mandato judicial determinam, quando não sejam segqid_a~ da
constituição de um novo advogado nos Casos' em que o patrocínio seja
b. Também pode suceder que um pressuposto processual, que seencon- obrigatóriojcfr. arr' 32'1, n" I), a suspensãodainstância, se a falta for do. autor,
trava preenchido no momento do despacho saneador, deixe posteriormente de ou a sua continuação e oaproveitamento dos actos anteriores, se ela ror do réu
(arr" 39°, n" 3).
Procedimento em 1° instôncia 359
360 Procedimentoem I" instância
considera que apenas releva (ou pode relevar) uma determinada excepção
dilatória. a ordem de' apreciação referida no art" 660°. nOI in fine não implica à nulidade da sentença por omissão de pronúncia (art" 668°, n° I. al. d)
a extensão do julgamento a nenhuma outra excepção. I" parte).
Um limite máximo ao conhecimento do tribunal é estabelecido pela
b. Uma outra questão nesta problemática é a que se relaciona com o proibição de apreciação de questões que não tenham sido suscitadas pelas
desrespeito pelo tribunal da ordem lógica referida no art° 660°, n° I in fine, partes. salvo se forem de conhecimento oficioso (art" 660°, n" 2 2" parte). e pela
quanto à apreciação das excepções dilatórias. Suponha-se. por exemplo, que O impossibilidade de condenação em quantidade superior ou em objecto diverso
tribunal absolve o réu da instância. com base na falta de interesse processual do pedido (art" 661°, n° I). A violação deste limite determina a nulidade da
da parte e dcseura a análise da falta de personalidade judiciária dessa mesma sentença por excesso de pronúncia (art" 668°', n" LüI. d) 2' parte) ou por
parte. Parece que. mesmo quando se possa defender urna certa prioridade na. conhecimento de um pedido diferente do fotmulado (art" 668°. n" I. al. e}).
apreciação de algumas excepções dilatórias, ainobservância dela não origina
qualquer omissão de pronúncia do tribunal e não determina a nulidade da
decisão (clr, art° 668°, n° I. aI. d) l"parte). Dado que a decisão seria sempre IV. Formalidades complementares
a mesma qualquer que fosse a excepção dilatória apreciada, ou seja, seria
sempre uma absol viçãoda instância. não se pode concluir que o desrespeito A sentença é registada numlivro especial (art" 157°, n" 4; art" 17°, n° I,
dessa prioridade dererrnine uma omissão de pronúncia. A ordem referida no LOSJ). Sç a parte venci da pretender interpor recurso da decisão, deve fazê-lo
art" 660°. n° I infine, é, PO( isso, meramente indicativa. por meio de requerimento dirigidoao tribunal que a proferiu (art" 68r" n° I l.
Passados três meses após o trânsito em julgado da sentença (cfr, art" 677"). o
c. A apreciação de qualquer excepção dilatória na sentença final cede, processo é arquivado (art" 24°, n° I, aI. b), LOS]).
perante a possibilidade de um julgamento de. mérito favorável à parte que seria
beneficiada com a verificação do pressuposto processual que não está preen-
chido '(artO 288", n° 3) .. Se, por exemplo, apesar da falta de interesse processual.
o tribunal pode proferir Uma decisão deabsol vição do pedido, não se justifica
deixar de conhecer do mérito e absolver o réu da instância. Também na
sentença final se podedeixar de observar a prioridade da apreciação dos
pressupostos processuais, solução que, aliás. é corroborada pelo disposto no
art" 510°. n° 4: se a apreciação da excepção dilatória pode ser relegada para a
decisão final. é porque se admite que possam existir elementos comuns para o
julgamento do mérito da causa e daquela excepção.
2. Âmbito do julgamento
(art? 787° I' parte), mas a.audiência preliminar (cfr. an° 508°-A) só se realiza
Processo sumário quando for determinada pela especial complexidade da Causa ou pela neces-
sidade de assegurar O contraditório (art" 787°), Esta última hipótese verifica-
-se quando o réu não tenha tido a oportunidade de responder a urna excepção
1 Regime aplicável deduz ida na resposta à contestação ou à reconvenção (art" }O, n° 4), Suponha-
-se que o réu pretende impugnar a excepção invocada pelo autor contra o
Ao processo sumário são aplicáveis as disposições que lhe- são próprias pedido reconvencional ou opor-lhe uma contra-excepção: aquela irnpugnação
(que são as que constamdos artOs 783" a 792°) e as disposições gerais e comuns e a invocação desta contra-excepção são realizadas naquela audiência.
(isto é,o estabelecido nos artOs 137° a 459°) (art" 463°, n" I I' parte); em tudo
quanto não estiver regulado numas e noutras, deve observar-se o que se
encontra estabelecioopara o processo ordinário (ou seja, o disposto nos 3. Fase da instrução
art?s 46]0 a 782°) (art" 463°, nO'1 2· parte). Dada esta aplicação subsidiária
É de la o número de testemunhas que cada parte pode apresentar para a
do regime do processo ordinário, só interessa analisar as especialidades do
prova dos fundamentos da acção ou da defesa e de 30 número de testemunhas
processosumário.
que podem depor sobre cada um dos factos (art'' 789°).
A audiência final decorre perante um tribunal singular (art" 791", n" I),
I. Fase dos articulados salvo se, nas causas de valor superior à alçada da Relação (cfr. urt" 20°, nO'!.
LOTJ), alguma das partes tiver requerido a jntervençâo do tribunal eolectivo
Depois da apresentação da petição inicial, o réu é citado para contestar
e a contraparte não tiver solicitado a gravação da audiência (nrt" 791°, n" 4).
)10 prazo de 20 dias (art" 783°), Se for deduzida alguma excepção, o autor pode,
Sempre que ~ causa admita recurso ordinário, isto é, tenha um valor superior
nos 10 dias subsequentes ànotificação da contestação, responder à matéria dela
à alçada do tribunal de la instância (cfr. art" 20°, n" I, LOTJ; art" 6n°, n° I),
(art" 7XSO). Se o réu tiver formulado um pedido reconvencional ou a acção for
qualquer das partes pode requerer a gravação da. audiência (art" 791 ", n° 2), o
de simples apreciação negativa, o. prazo para aquela resposta é de 20 dias
que, nos termos do art" 791, n" 4, afasta sempre a intervenção do tribunal
(art" 786°). porque ela vale, nesses casos, como contestação daquele pedido ou
colectivo,
dos factos alegados pelo réu naquela acção.
Se houver adiamento da audiência (cfr. art° 65'1", (lo 1), ela deve efectuar-
Se a revelia for operante e os factos confessados pela falta da contestáção
-se num dos 30 dias imediatos (art" 790°, n? 2 I" parte): não pode haver segundo
(cfr. art" 484°, nÓ I) determinarem a procedência da acção" o juiz pode limitar- adiamento, salvo se não for possível constituir o tribunal (art" 790", 1)° 2
2" parte). Nos debates (cfr. art? 652°, n° 3, al. e», os advogados só podem usar
. I
r í r r r
Procedimento em l" instância 365
366 Procedimento em I" instância
uma vez da palavra e por tempo não excedente a uma hora (are 790°, n° I).
O julgamento da matéria de facto consta de despacho (art" 791°, n° 3) U. Especialidades
e a discussão do aspecto jurídico da causa e
sempre oral (art" 790°, n° J;
cfr. art" 653°, n° 5).
I, Fase dos articulados
I. Regime aplicável A audiência final deve realizar-se, dentro dos 30 dias subsequentes ao
termo dos articulados (att" 795°, n° 2), A falta de qualquer das parte!i.ainda
Ao processo sumaríssirno são aplicáveis <!OS disposiçõespróprias (cfr. que justificada, não é motivo de adiamento da audiência, mas,sej}lltarértl
artOs 7930' a 796") e as. gerais e comuns (cfr. ar~o$ 137" a 459°) .(art° 464° testemunhas que tiverem sido convocadas (isto é, que não tiverem sido
1" parte). O art" 464 2' parte determina que, quando urnas e outras sejam
0
apresentadas pelas partes, art" 796°, n° 4), incumbeao juiz decidir sobre o
omissasou insuficientes, observar-se-à primeiramente o que estiver estabelecido adiamento ou a suspensão da audiência (art" 796°,n° 2),
Para o processo sumário (cfr.i1rt°s 783° a 792°) e depois o que estiver regulado Se as partes estiverem -presentes ou representadas por advogado munido
para o processo ordinário (arr's 4670' a 782.0). Considerando esta subsidiariedade de poderes de transacção (art" 37°, n° 2), o juiz procura conciliá-Ias (art° 196",
das regulamentações dos processos sumário e ordinário, só há que analisar as n° I J' parte). SeO não conseguir, procede à inquirição das testemunhas
especialidades do processo> sumaríssimo. (ofr. art" 796°, n" ~), que não podem exceder 6 por cada parte. e determina as
diligências probatórias que lhe parecerem indispensáveis para a boa.decisão da
Procedimento em I" instância 367
causa (,trIOs 796°, nOs I I' parte. e 5), Finda a produção da prova. cada um dos
advogados pode fazer uma breve alegação oral (art° 7960, na 6),
3, Fase da sentença
A diferença entre os recursos ordinários 'é extruordinários encontra as suus raizes na época
I. Enunciado Imperial d\l direito romano. na qual se firmou a distinção entro: .a oppellatio, que permitiu iI
impugnação da decisão com qualquer fundamento, e, a querela: uulluctis. que se destinava aobter
a. As decisões judiciais podem Ser impugnadas mediante reclamação ou o rccouhectmeuro UÜ nulidade. da decisão com base em vlcios especialmcrue imporiantcs:
cfr .. v. ,~.. Cilíes. Rechtsmhle] irn .Zivilproxclí (Frankfurt arn Main 1972), 2\)(; xs.: Riheiro
recurso, A reclamação consiste numpedido de reapreciaçãode uma decisão
Mendes" Recursos em Processo CiVil ~ (Lisboa 1994), :26 .ss.,
dirigido ao tribunal que a proferiu, com ou sem a.invocação de elementos novos
pelo reclamante, Os embargos constituem uma modalidade de reclamação e são Os recursos extraordinários não se confundem com a renovação da
!.ini meio de reacção contra medidas de carácter executivo, instância motivada pela necessidade de alterara decisão em função de"
circunstânciassuperveníenres ao seu trânsito em julgado (art"s 292Qe671.",
A reclamação .nemsempre é um meio de impugnação de uma decisão: ela também pode
na 2J, Embora esta renovação tenha em comum com aqueles recursos a
ser um meio de reacção contra OUtros netos processuais. É através dareclamação que são arguidas
as nuhdade» processuais (art" 20:2ú 2" parte) e que são jmpugnadns certos actos processuais incidência sobre decisões transitadas, a sua justificação completamente
é
(efr, art"s 2.1O". n° I, ~22°-A,~0 2, 562", [10 2. 563°, n° 2, e. ~87°, n" 2), mesmo praticados' pela distinta: os recursos extraordinários destinarn-sen anular um caso julg4dO CC)In
secretaria judicial (cfr. art"s 161°, n° 5, 169", n" 4, e 47$", n" I). Esta modalidade de reclamação fundamento em vícios da própria decisão impugnada ou do W(ic;cdimento;
não serãconsidcruda na exposição subsequente,
aquela renovação da instância visa adapta!' uma decisãu que rlã() padece de
qualquer vício a circunstâncias supervenlentes ao seu proferimcnto.
b. Os recursos podem ser ordinários ou ex-traordinários (art" 676~, n" :2
I" parte). O recurso ordinário é um pedido de reapreciação de uma decisão c. A reclamação e os recursos ordinários. como meios de impugnaçãó ele
ainda não transitada, dirigido a um tribunal de hierarquia superior, funda- decisões não transitadas, produzem um efeito suspensivo do caso julgado da
decisão impugnada, porque este só se verificará quando a reclamaçãoouo
lmpugnação das decisões 371
372 lmpugnação das decisões
perspectiva dos utilizadores do sistema judiciário, este efeito. defíne corno órgão
b. A caracterização da reclamação como meio de impugnação especial
decisõrio um tribunal mais qualificado do que aquele que proferiu a decisão
perante o recurso ordinário implica duasconsequências importantes: - quando
recorrida, o que reforça a importância do direito ao recurso como correlativo
areclamação for admissível, não o pode ser o recurso ordinário, ou seja, esses
do poder do Estado de definir o direito pará o caso concreto. Pelo lado do
meios de .irnpugnação não podem ser concorrentes: -. se a reclamação for
Estado. aquela hierarquia garante um controlo sobre actividade dos tribunais
admissivel ea parte.não impugnar a decisão através dela, em. regraest~
de ordem inferior, permite concentrar o controlo sobre a aplicação da lei em
precludida 11 possibilidade derecorrerdessa mesma decisão. Possívelé. no
poucos tribunais e .possibiltta a atribuição da função de uniformização dessa
entanto, a impugnação da decisão através de reclamação e, perante a sua
aplicação aos tribunais superiores ou até, exclusivamente, ao tribunal de maior
rejeição pelo tribunal, a continuação da impugnação através de recurso
hierarquia do sistema.
ordinário.
A especialidade da reclamação como forma de impugnação das decisões
d. Diferentemente dos recursos ordinários, os recursos extraordinários não
judiciais impede, segundo as regras que orientam as relações entre o regime
produzern qualquerefeito devolutivo, pois quê a revisão e a oposição de terceiro
especial e.o.geral, que ela seja concorrente com qualquer recurso, ou seja-obsta
são dirigidas tio próprio tribunal que proferiu a decisão impugnada (arr's 772°,
a que uma mesma decisão possa serimpugnada simultaneamente por reclama-
Cfr. Solus I PeITo/. Droit Judiciuire Prive I (Paris 1961), 44;~obre li evolução do recurso
r.lj
ção e por recurso. Mesmo quando, excepcionalmente, sejaadrnissfvel um
COl1l0fuctordc cenuulizução.du administração da jusliça, ctr. Vali Caenegç)n. Le jugemcntsous concurso de meios de impugnação (como sucedel)a situação prevista no
langlc historico-comparatif, Af'hilDr 39 (1995), 133 ss .. art" 388°, n° I, 00 no art" 27°, n° 3, LA V quanto à acção de anulação da sen-
tença arbitral eao recurso ordinário que dela pode ser interpostoj..a regra é a
r
t I r r
Impugnação das decisões 373
374 lmpugnação das decisões
do recurso hierárquico I (Coimbra 1981).227 'S., distinguindo. segundp umatipolngia estrutural, maiores forem 0.$ poderes do tribunal ad quem, menos se prestigia a instância
entre recursos .de rccxumc e recursos de revisão. recorrida e a importância da sua decisão. Por este motivo, a atribuição de
poderes instrutórios e inquisitórios ao tribunal recorrido conjuga-se mais
hnpugnução das decisões 375
376 Impugnação tias decisões
do iiulcx só poder seratacada. scmclhantcrnenre a qualquer negócio privado, COrri base na sua
nulidade (c'X<'quio srntcntuu: nullaev. Os. recursos só aparecerem durante a época imperiale a
da proporoionalidade que domina o regime dos direitos Iundamentais. para
vigência <la ('(J8uirio extrunrdinem, quando, a par da profissionahzação dosjufzes, o fundamento
<lü suu decisflu deixou de serum aC[(1 'vulunuirio <las partes e pássou 11 ser o dever de aplicação aquelas qUe ,te~p(!itath .<l questõe» mais relevantes ou importantes (cfr., \1, g,.,
da lei ao casq concreto e quando li decisão se tornou umacto de autoridade do Estado. SOPre TC - 447193 (15/7/1993), Dlt II - 13/4/1994, 3707 =..BMJ 429,2(9). Em
esta evoluçâo, cfr, Giiíes. Rechtsmittel, 202 SS.; Ribeiro Mendes, Recursos l, 22,s .. concreto" não é. inconstitucional a restrição decorrente do funclcnamento d'l
Da utilidade dos recursos parecia duvidar Ulpianus, O. 49. LI. pr., que referia que, com
regra das alçadas (cfr, art? 678°, IJ" 1),potque ela assenta num critério que não
'I upclação, se corre o risco de transformar 'uma boa sentença numa, sentença pior.
ofende o princípio da igualdade e que não éarbitrário ou desrazoável (cfr., por
b. No planoconstitucional, o direito ao recurso só encontra uma cone exemplo, Te - 211/93 (1.6/311993), DR, 11• 28/5/1993, 5612 "" BMJ 425, 173
zz AcTC 24" 565).
sagração expressa algo restrita: trata-se da previsão do recurso para o Tribunal
Constitucional noâmbito da fiscalização concreta ela constitucionalldadee da
Sobre a dispensa dei duplo gFÜU de jurisdição, cfr, também TC - :I I/X7 (1XIl1l9X}).
legalidade (art" 281°. nOs I e 2, CRP). Mas são vários os preceitos dos quais
DR, 11- 1/411987,4139= BMJ 3(;:1,191= .AcTC '.1,463: Te - 51/X'8 (2n/19XX). DR, 11 -
se. pode retirar uma consagração implícita do direito ao recurso: são eles aqueles 22/8/1988.7614 = BM) J75.IÜ9 =AcTC 11.. 597, TC - 65/8H (23/3/19XX). OR.U - 20/XII9RX,
que se .referern ao Supremo Tribunal de Justiça .eaos tribunais judiciais de 759l = BMJ 375, 178 = AcTC I I, (í53 (cfr. RJ 1:1114(1990). 41. anotação de L,w'-'II/r! M<lrem-);
I" e 2' Instância, assim como ao Supremo Tribunal Administrativo e, aos demais Te - 163/90 (2:115/1990). OR. U - IR} lO/I')\) I. I04:lO = a.t-Ü 397. 77 = MTC: 16. J() I:
tribunaisadministrativos e fiscais (art? 211°, n" [, alas a) e b), CRP; cfr, também TC- 202190 (191611990), DR, 11 -2 IlJ j 1991, 70 I = B~J 398. 142 = AcTC 16. :;05: ST) -
Te _ 287/'.1(~ OOIl!)/l990). QR. n. - 2012/1991, 1943 = BMJ 40Q; 212 = AcTC 17, 159; seu carãcter fundamental e exemplar) e a unanimidade ou desconformidade das
TC- :\02/90 (14il 1/199<l). l'lMJ 401,130. decisões das. instâncias são alguns dos critérios que têm sido utilizados para
aferir a admissíbilidade dos recursos para os tribunais supremos (4). .
Se o legislador ordinário não pode suprimir os recursos, perguntar-secá se Não é efectivamente desejável que a adrnissibilidade do recurso fique
tem de Os consagrar sem qualquer restrição, isto é, se é inconstitucional sempre dependente da relação entre o valor da causa e a alçada do tribunal que
qualquer limitação à sua adrnissibilidade. A jurisprudência constitucional fixou a apreciou, porque aquele primeiro valor nem sempre reflecte a importância
a orientação segundo a qual a garantia do acesso aos tribunais não abrange a (social ou jurídica) da questão apreciada. O legislador foi sensível u estes
obrigutoriedude da previsão pelo legislador ordinário de um duplo grau de
jurisdição para todas às decisões, mas apenas, em consonância com oprineípio
141 Para uma análise. clássica deste problema, ctr. Esscr. Not und Gefuhrcn des Rcvixiouxrecht«.
JZ 1962, 5 t:I ss ..
Intpugnaçiio das decisões 379
3110 Itnpugnação das decisões
c. Sempre que se encontrem previstos vários graus de Jurisdição, o Como a adrnissibilidade da reclamação
depende de uma previsão legal
legislador deve garantir, sem qualquer discriminação, o acesso de qualquer das específica, não se pode esperar que a lei consagre explicitarnerne li exc.lusãtl
partes a todos eles (Te - 202/90 (!9/6/l990), DR, Il - 211111991, BMJ 398, da reclamação, pois que, para que esta não seja admissfvel, basta que não esteja
[42 = AcTC 16, 505). Dentro das discriminações proibidas entontra-se, prevista. Por isso, há que considerar como lima previsão meramente enfática
l1aturah)1enle,áquelà que resulta <la insuficiência de rneioseconómlcos (art" 20á, a. sua exclusãoexpressa nos art''s 506°, n° 6, e 653.0, n° 4 in fine, que parece
11..0 I. CRP). É porisso que Q art" 17"~n" 2, DL 387-)3/87, çle29/12, estabelece, justificar-se pela necessidade de marcar a diferença perante lugaresparalelos
COm o claro intuitode combater a discriminação económica, que, uma vez em que tal impugnaçãoé admissível (cfr., respectivamente, art?s 51 1°,. n° 2, e'
concedidon apoio judiciário, ele mantêm-se para efeitos de recurso, qualquer 653°, 0° 4 2" parte). Assim, a análise subsequente recai apenas sobre a exclusão
que tenha sido a decisão sobre o mérito da causa, iS10é, qualquer que seja. a do recurso.
posição da parte beneficiada (que pode ser recorrente. ou recorrida).
prestação de informações para obter dados que não são relativos à matéria
0
referida no art" 519"-A, n" I); - da inobservância ~e1o tribunal das opções de a~ decisões proferidas na apreciação da incompetência relativa (urt" 111 •
decisão que lhe são abertaspela lei (por exemplo: o tribunal, em vez de a
n" 4), decisão do presidente da Relação sobre o pedido de escusa do juiz
determinar a comparência pessoal da parte (art" 552°, na 1), solicita a apre- (art" 126", ri" 4 2" parte) ou relativa ao julgamento da suspeição oposta ao
juiz (art''s 130°, n° 3 la parte, e 131°, na I; cfr, também art" 136 aLe») e as 0
sentação de lima alegação escrita); ~ finalmente, de desvio de poder, isto é, cio ,
uso do poder pelo tribunal para fins distirnosdos legalmente definidos ou resoluções proferidas segundo critérios de conveniência ou oportunidade nos
pressupostos (por exemplo: o tribunal determina a comparência pessoal da parte . processos, de jurisdição voluntária (art" 1411°, n° 2),
(art" 552°, na I I, sabendo que ela não pode comparecer por doença e apenas
com o intuito de lhe causar incómodos) (5), Sobre a exclusão do recurso" cfr. também urt's. 572". n° 3, 625°. ri" 4, 626". rio 4, ~H6°·A.
.n05, e 1424°; art" 36",. n" L. .RAU; sobre li inadrnissibilidude de recurso para o Supremo,
A irrecorribilidade dos despachos discricionários não é - deve referir-se - cfr. também art" 262'. nOz, " art°:'l9". n" I. DL 387~B/87. de 29/12 (na redacção do urt" 1"
uma imposição necessária do seu conteúdo, nem da discricionariedade que o L 46/96, de J/9.).Durante a vigência da anterior redacção do art" :><)0 I)L :ili7-B/X7. alguma
determina. Nos processos de jurisdição voluntária, nos quais as decisões são jurisprudência entendia que o preceito não justificava a inrerposiçüo vde "grlll") até ao
tomadas com base em critérios de conveniência e oportunidade (art" 1410°) e, SuprCITIO dasdecisõexprofertdas sobre, o apoio judiciário: cfr., v. g .. STJ::!4110/ltJ9J.
BMJ 410. 715; STJ ·[4/1211994, CJIS 94/3.185; STJ -7/3/1995, C.l/S 95/1.116: contra.
portanto. de discricionariedade, só não é udmissíve! a interposição de recurso
efr., T. g .. STJ " 131711992. BM) 419. (j44, Salvador ela COSIlJ; Apoio judiciârio ~ (Lisboa 1996).
para o Supremo (art" 1411°, n" 2), havendo mesmo ·casos em que a admis- 266ss ..
,sibiHdatie do recurso para ti Relação não depende dos valores da causa e da
sucumbência da parte (cfr. art" IAI5°; n" A). Portanto, não há qualquer
impossibilidade intrfnseca de recurso das. decisões discricionárias, pelo que a'
exclusão imposta pelo art? 6790 é, uma opção rnotivadaessencíalmente pelo m, Renúncia à impugnação
carãctermterlocutório dos despachos e pela sua incidência sobre matérias
processuais.
I. Noção
Sobre lima outra hipt~tCse em que se. admite recurso de uma decisão baseada num critério
de ·discriehmariçdude. cír. .art'' 12°. n" :i.
A ren únci a à impugnação é O acto ou acordo pelo qual uma ou arnbas
partes aceitam 'não reclamar ou não recorrer de uma decisão proferida ou das
3. Casuísjica decisões que vierema ser proferidas num determinado processo (6i. A lei tratei
apénas de uma das modalidadespossíveis desta renúncià- que é a renúncia ao
São várips os preceitos legais que excluem a recorribllidadeda decisão. recurso (cfr, ;1rt0681 0) ", mas Ç) seu regime facilmente. extensível u~demais
é
Assim, não é. admisslvel recurso ido despacho que manda. citar os réus formasde impugnação,
ou requeridos (a rio 234°, ri" 5)., que prorroga o prazo de apresentação da A renúncia à impugnação distingue-se quer da omissão de irnpugnução,
contestação (art" 486 n° 6), que convida a parte a suprir irregularidades
0
; ou quer da desistência. desta. Aquela renúncia não se confunde com a omissão da
insuficiências dos articulados (art" 508", n° 6), que, por falta de elementos, irnpugnaçãõ, porque ela pressupõe uma manifestação de vontade (ainda que
relega para final a decisão sobre determinada matéria (art" 5.106, n? 4), que tácita) de não impugnar uma decisão. Essa renúncia é igualmente distinta da
rnanda.reperir ou interromper a audiência final (art" 654", n° 2) e que indefere desistência da impugnação, porque uquela e
sempre anterior à impugnação e
O requerimento de rectificação, esclarecimento ou reforma da sentença esta verifica-se sempre na pendência da irnpugnação.
(urt" 670°, n" 2 F parte). Não admitem recurso para o Supremo, entre outras,
2. Condições gerais
i
b. A renúncia à impugnação requer igualmente a legitimidade do renun-
,I, A renúncia àimpugnução pressupõe a disponibilidade da pane tanto ciante. Tendo-se concluído que nada obsta à renúncia à impugnação numa acção
sobre a própria irnpugnação, como sobre os seus fundamentos. Quanto àquela relativa. a direitos indisponíveis,imporla considerar apenas as restrições
disponibilidade, hâ que distinguir entre a reclamação e os recursos ordi- relativas ao próprio renunciante. Encontra-se uma tal limitação no art" 681°,
nário», por um lado. e os. récursos exrraordinános, por outro: - quanto à n" 1: o Ministério Público não pode renunciar à impugnação. Uma outra
reclurnução ti aos recursos ordináriosva regra é a admissibilidade da sua restrição afectao mandatário judicial: como, sem poderes especiais, este não
renúncia (ctr. art°681o,ho 1); " quanto aos recursos extraordinários, pelo pode desistir da instância (cfr. art" 37", n" 2) e, por isso, não pode. nas mesmas
contrário, a renúncia éinadmissível, 11~{) só porque arevisão é indisponível circunstâncias, desistir do recurso, há que entender que também não lhe é
(cfr. art" 771°). mas também porque nenhum acordo entre as partes' pode possível renunciar ao recurso sem esses mesmos poderes,
impedir o. terceiro prejudicado de interpor um recurso de oposição de terceiro Quanto às situações de Iitisconsórcio, há que distinguir consoante ele
(dr. art" 778°). respeite às partesvencidas (ou seja, aos recorrentes) ou às partes vencedoras
A renúncia à impugnação só é admissivel quanto a fundamentos (isto é, aos recorridos), Se forem vários os possíveis recorrentes, cada um deles
disponíveis, ou seja, essa renúncia nunca. pode afastar a faculdade de impugnar pode renunciar à impugnação, desde que entre eles não se veri fique um
uma decisão com base num 'fundamento indisponível. Assim, aquela renúncia. litisconsóreio unitário; este regime fundamenta-se na circunstância de que
não abrange Os casos em que a lei admite expressamente o recurso ordinário nunca há litisconsórcioriecessãrio entre os recorrentes; podendo qualquer
atendendo a certos fundamentos. Por isso, ainda que as partes tenham deles recorrer isoladamente. da. decisão (cfr.art0683°, nO) e de que, se o
renunciado aos recursos, a parte pode sempre recorrer com o fundamento de litisconsórcio for unitário, a decisão do recurso aproveita necessária-
que a decisão proferidadesrespeita a competência absoluta ou ofende o Caso mente aos não recorrentes. Mas se forem vários os recorridos, há que veri-
julgado (art" 678", n" 2), de que o acórdão da. Relação contradiz um outro, dessa ficar se o litisconsórcio é simples ou unitário e aplicar a essa situação,
ou ele diferente Relação, sobre a. mesma questão fundamental de direito por analogia, o disposto no art" 684", n" 1:: -se o Iitisconsórcio for volun-
(arl°6TXo, Ilo 4) ou de que a decisão das instâncias desrespeita a jurisprudência tário ~. simples, o recorrente pode renunciar ao recurso em relação a uni ou
uniformizada do. Supremo (arr" 678°, n° 6). alguns dele$;- se for necessãrio e unitário, essa renúncia parcial não .6
Problema de solução discutível ê o que se prende com aadmissibilidade admissfvel, porque O recorrente tem de interpor o recursocontra todos os
da.renúncia à impugnação nas causas relativas a situaçÕes jurídicas indis- recorridos.
poníveis. Parece, no entanto. não haver qualquer incornparibif idade entre o A renúncia à impugnação nunca vincula terceiros, que, por isso, podem
carácter indisponível do objecto do processo e a reruincia.ãimpugnação, apesar impugnar a decisão nas condições referidas no art" 680°, n° 2, Por uma idêntica
de, por exemplo. () valor legal atribufdo às acções sobre O estado. das pessoas razão, apesar da subordinação; estabeleci da no art" 337°, n° 2, da parte acessória
(cfr, art" J 12°) pretender assegurar a recorribil idade da decisão e dea aceitação à actividade da parte principal, a renúncia desta última não é extensível àquela
da decisão tekriclü I1Q art? 681 ", na 2, ser irrelevante nessas acções. Só assim parte acessória. Aliás, se a renúncia de um dos. litisconsortesnão se estende
não Se deveria entender se .aimpugnação das decisões relativas a situações às demais compartes, ainda menos se justifica que a.renúncia da parte principal
jurídicas indisponíveis fosse obrigatória> o que nunca é o caso, Portanto, apesar abranja à parte acessória,
de o objecto da acção ser uma situação indisponível. é válida a. renúncia à
impugnação da decisão. que se pronuncia sobre elaf?),
3. Efeitos:
~
a. As partes podem renunciar aos recursos 'ordinários e às reclamações.
(7)Ctr .. no mesmo sentido, Alberto 1:/0S' Reis, Código de Processo Civil anotado V (Coill)bra É questão relativa à interpretação da vontade das partes determinar o âmbito
1952). 2l\O xs.: Rib:eirl! M!'iu/es, Recursosê, 16(t dessa renúncia, isto é, verificar se elas renunciaram apenas aos recursos (o que,
deve dizer-se, acontece raramente) ou também às próprias reclamações (o que
I .
,- í r
Impugnação das decisões 385
386 .lmpugnaçâo das decisões
sucede ainda mais raramente). É seguro que não se pode inferir' de urna renúncia
à interposição do recurso qualquer renúncia às. reclamações. CJ/S 94/1, 124) (S). Desta renúncia tácita podem referir-se os seguintes
Se .as partes renunciaram apenas aos recursos, isso não as impede de exemplos: contendo aparte dispositiva da sentença várias decisões, o recorrente
reclamar, masobsta a que, se a reclamação não for atendida, a parte possa Só faz referência a uma delasnas conclusões da ale&açãO do reeursoinrerposto
interpor recurxo dessa decisão. Se as partes apenas renunciaram ãs recla- (cfr, urt" 684°, n" 3); após o proferimento da decisão, a parte confessa ou desiste
mações, isso só deterrnina uma renúncia implícita aos recursos que pode- do pedido em termos idênticos ao que foi nela estabelecido ou as partes
riurn ser interpostos das decisões proferidas na sequência dessas recla- celebram uma transacção.
t:
mações.
Porvezes, "própria lei extrai. de um certo facto unia renúncia tádl:! aos recursos: é o que
b. A renúncia à impugnação torna-a inadmissível. No caso da renúncia faz o ·arl" 2,9". n" 2, LA Y. ao estabelecer que a autorização dilua aos úrhitros para julgarem
segundo a equidade envolve a renúncia aos recursos.
ao recurso, isso constitui fundamento. para que o. tribunal a quo o rejeite
(art"6117°, n" 3) e para que o. tribunal ad quem se recuse a conhecer do seu
objecto (art" 70 I", 'no I; cfr. também arfs 726°, 749° e 762P, n° I)..Esta. A aceitação expressa da decisão resulta de palavras, escrito ou qualquer
inadrnissibilidade é, assim; de conhecimento oficioso, o que também parece
outro. meio directo de manifestação da vontade (clr"artO 21 r
I" parte, CC). Esta
dever Valer pata a renúncia Q reclamaçãc,
aceitaçãopode acontecer no próprio requerimento ríe interposição do recurso
(art" 684°, n" 2 la parte) ou nas conclusões da alegação do recorrente (art" 684°,
Salvo declaração expressa, a renúncia ao direito de recorrer não obsta à
n° 3).
interposição de recurso subordinado (art" 682°, n" 4), Isto é, 11 renúncia ali
recurso só obsta à interposição de um recurso autónomo, mas, se ambas as
b, A renúncia à irnpugnação pode ser total ou parcial. É total xe abrange
partes ficarem vencidas e se a parte que não. renunciou ao recurso impugnar a
toda a decisão, todos OS, possíveis fundamentos de impugnação e todos os
decisão. em regra o renunciante não fica impedido de interpor um recurso
eventuais recorrentes e recorridos; é parcial Se vale apenas numa certa medida
subordinado (cfr, art" 682°, n" 2 2a parte). O mesmo regime deve valer para a
objectiva ou subjectiva, isto se atinge apenas uma parcela da, decisão no
é,
renuncia à reclamação,
dos fundamentos da irnpugnaçãoí'[' ou somente algumas das partes da acção.
A mais importante renúnciaparcial subjectiva é a que só atinge uma das partes
4. Modalidades :da acção (o autor ou o. réu), mas, como seviu, também é possível uma renúncia
que respeita somente a alguns dos Iitisconsortes.
a. A renúncia àimpugnação pode ser, atendendo ao momento em que é
realizada, anterior ou posterior ao proferimento da decisão. A renúncia .;.
antecipada só é eficaz se provier de ambas as partes (art" 681°, n" I), isto é, se IV. Caducidade da Impugnaçâo
for bilateral. Esta renúncia não ex.ige,coJitudo,Um encontro simultâneo de
vontades das partes; ela também pode resultar de declarações unilaterais De 'modo. a evitar uma permanenteinsegurança sobre a eficácia da decisão
sucessivas. . proferida, todos os meios de ímpugnação estão submetidos a prazos
A renúncia posterior pode ser unilateral ou bilateral e, em qualquer destas peremptórios. As regras são as seguintes: " as reclamações devem ser deduzidos
modalidades. tácita ou expressa. Em regra, não pode recorrer a parte que tiver' no prazo de 10 dias .a contar da notificação ou do conhecimento da decisão
acoitado a decisão depois de ela ter sido proferida (art" 681°, n° 2), podendo (urt" 1.53°, n° I); - em geral, Os recursos ordinários devem ser interpusto»
essa aceitação resultar de uma declaração tácita ou expressa (art" 681°, n" 3 igualmenteno prazo de JO dias, contados da notificação di) decisão (arl" 685°,
I" parte). A aceitação tácita é a que deriva de qualquerfacto inequivocamente n° I l" pane);- O recurso de revisão deve ser interposto dentro dl)~ 5 anos
incompatfvel COm a vontade de recorrer (art" 681°, h<i3 2'parte; .cfr. art" 217~
(gl Sobre a declaração uicita, cfr., com muito interesse. MO/li Pinio .. Dcclurução nicita c
2' parte, CC) ocorrido depois do proferirnento da decisão ($TJ - 22/2/1994, comportamento concludente no. negócio jurídico (Coirnbra 199$), 4Jli ss ..
19) Assim, Castro Mendes; DrC 11.1. 55 s•.
lmpugnução das decisões 387
388 lmpugnação das decisões
3. Recursos extraordinários
processual, pode afirmar-se que esses fundamentos começam por setC()rIdições pondentes.ao Capítulo VI ("Dos recl.ltsos") do Subtítl.llo I ("Do processo
dé udrníssibilidade dos recursosextraordlnãriostcfr, art" 774°, n" 2), que Se ()fd.inário'~) do Título II ("Do processo de dech\ração") do Livro 111 COo
tnln~fótn1,\1n, no momento do profêrirnentodasentença rescindente, em motivos processe") do Código de Processo Civil. Esta inregração sistemática sígnitTça
de pr()cedência do recurso. POr is~o, os fundamentos relevantes para a que os t'ecursos são regulados como uma fase do processo orditulrio, lhas.
procedência elo recurso extraordil1ário são aqueles que vigoram no momento seg-unçl(j yári,IS remissõesIegais, o seu regime é aplicável, ressalvadas as
do profsrimento da eleci.!\ão resci.ndente. tespecti.\ias especialidades, ao processo sumário (art" 4636, n'' I) e, portanto,
Por estas razões, deve admirir-se que a lei nova sobre os fundamentes dos aO~ptliêes~O$ especiais (artO 463",11" 3), bem como ao processo sumarlssirno
recursos extraordinários é de üplicúção imediata a todas à~ décl$ões caos (art? 464°).
recursos delas interpostos. São possíveis, por isso. duas situações: .. Se ti lei nová A ordem da .regulaníentação dos feéúrsós ordinários não acompanha
abuliu um fundamento de impugnaçãn, o recurso extraordinário deixa de ser completamente os.gsaushierarquicos dos tribunais recorridos, unte~ obcdeçt:)
admiss.ívelcom esse fundamento; - se a lei nova comporta lfJli tJO\l<) funda- a um critério respeitanteao objecto da decisão impugnada. Assim. ~tn véz, lle
ment(), este é aplicáve] mesmo à impugnação das decisões pmthiel<\sa.ntes. do regular primeiro os recursos interpostos da. I" pnrü a 2" instância e depois ~)S.
inítdo qü SiJü vigência. recursos que cabem da Relação para o Supremo, a lei começa pnrr~g~llar os
tecutsos que cabem de decisões proferidas sobre o mérito e prevê depois
aqueles qLic.são àdmissíveis das demais decisões. A ordem é. pois. u seguinte:
primeiro, são reguhldas á apelaçãú(artOs 691" a 7209) e a revista (art''s 72 J Qa
732°~B), que são os recursos que cabem das decisões reliltiv.<ls ao mérito;
surgem depois os regimes do agravo em I' instância (art°s 733" li 753") e di)
agravo em 2" instância (artOs 7540 a 762°), que são os recursos admissfvei» das
demais decisões,
tmpugnação das decisões 391
392 lnusugnaçã» dasdecisões
2. Recursos na la instância
(cfr. art'\ 700, n° 2, e 75°, n° L LTC). Esse recurso pode ter por fundamento
Os recursos ordinários interpostos de decisões proferidas pela I' instância
tanto ainçonsritucionalidade de uma norma (art" 28Q", n° L CRP: art" 7(t;
são a apelação e o agravo. A apelação cabe da sentença final e do despaebo
n° I, alas a), h), g) eh). LTC). como a sua ilegalidade (ar\~280", n" 2, CRP;
saneador que decidam do mérito da causa (art" 69\ 0, n° I); também nos pro-
mIO 70°. n" I, alas c) a I) e i), LTC)., Para este deito, entende-se corno nnrmu,
cessos especiais, se consideram de apelação os recursos interpostos da sentença
segundo um. conceito funcional e formal, qualquer acto de um poder nor-
ou de quaisquer despachos que decidam desse mérito (art" 463°, n° 4). O âmbito
mativo do Estado tlato sensui; ainda que de conteúdo individual c concreto
do <tgravo em I" instância delimita-se perante o da apelação: ele cabe das
(cfr. TC - 26/85 (i512/1985), DR, li - 2614/1985, 3871::: BMJ 360/Supl. 119 =
decisões, susceptíveis de recurso, de que não possa apelar-se (urt" 733").
= AcTC 5, 7J.
Pode assim dizer-se que à apelação Visa a irnpugnação de um erro r in
iudicando e o.agravo a de umerror in procedendo. Desta: repartição de funções Sopre' (\ con\.Oe·,\n de norma, no prnte"q c()n~ti'uci\ll1,il. cír. la)l\héjll, cutrc l\1tlil.n",t'L\lrn~
e desta diferenclaçãonos objectos dos recursos admissíveis na I a instância arestos. TC· 186/94 (22/211994). DR. 11 • 14/5/1.994.4715 = I3MJ 434. 1%: Te - '214/94
resulta que, enquanto das decisões finais cabe apelação ou agravo consoante (213/19<)4). OR. 11·191711994. 722ft=Í:lMJ 435. 17M: Te - )1~fl)4 (1~/4/1'9'J4). OR. 11-
IIX1I994, 778Q =' BMJ 436" 2,~.
O seu conteúdo, das decisõesinreríocutórias, que são, normalmente, decisões
sobre aspecto» processuais, cabe, em regra.cagravo,
Assim, cabe recurso para Ó Tribunal Constitucional das decisões dos
Sobre previsões específicus da apelação, cfr, arr's 922''. n° I, 955". n' I. J O14"-A.• 1)° 4. tribunais quejiomeadarrreme: . recusem a aplicação de urna norma com furr-
I(tU". n" 2,2' parte, 1090". n" I, J3R2°. nO'2, ç' 1413", n° 3: prevendo expressamente oagravo, dumento na sua inconstitucionalidade (art" 280°, ilo L. al. a), CRP: art" 7()0,
cfr, art"s 12". n" 3, í I I", n' 5. 154", h" 6. 262'\ !l"2, 47~ó, n" 2, 506",n06, 6,(,7", n" 2 ~. parte, n" I ,'aI. a), LTC);-apliql1em, uma norma cuja incon~\it.uci(.ji1<tlidadc h,~ia sido
953", n'' 1, I ()X7"e, 15I(í". n° J.
suscitada durante o processo (art° 280", n° I, al., b). CRP; ,)1'1 70". n" I, ~1. bl, 0
Pl'ocedl'nd(j,que é impugnado através doagravo. prazo de 8 dias a contar da notlficuçãn jla decisão eu sua interposiçãe
interrompe os prazos para qualquer outro recurso que caiba da mesma decisão
Sobre uma prcvisüo especffica, da, revista, cfr. art" 1102", n" I. (art" 75°, n" I. LTC)_
4, Recurso para o Tribunal Constitucional b. O presidente do Tribunal Constitucional pode determinar, com a con-
cordância do próprio órgão, que o julgamento do recurso se faça com a.
a. O recurso para o Tribunal Constitucional é igualmente um recurso
ordinário, porque deve ser interposto antes do trânsito em julgado da decisão ,111Para maiores desenvolvimentos. erro Ni/Ji'ii'O Mel/lll'.1'. Recursos '" 325 ss.: Cardoso dá Co.l'lti.
A jurisdição constitucional CI}1 Portugal 2 (Coirnbru 1992).
1-
I' I '
recurso ordinário. aquela nulidade deve ser ínvocada em reeurso a interpor-para que só é competente para controlara aplicação <lo direito aOS faetos apurados
Q Supremo (artÓs 668°, n°:1 2" parte, 716°,n° I, e 752", o" 3). na P instância e na Relação (cfr. art'x 722°, n° 2, 729°, n"s le 2,e 7550,
Necessariamente relevantes são também todos os factos $upervehientes que n" 2).
contcnderr] com o preenchimento dos 'pressupostos processuais, quer aqueles Esta restriçào da cornpetêneia decisórla do Supremo à lilatéritt de direito
que são COnWI)Sà IICção no seu todo, quer aqueles que são próprios da instância justificí\·.$enmtOpelü função de uniformização jurisprudencjal que lhe está
de recurso. Assim, se, por exemplo, o advogado do recorrente renunciar ao reservada (CfL arr's 732""A,732"~13 e 762", .no 3), comopela necessidade de (
mandato, a parte é notificada para cousrituir noVü mahdlltárío judicial (art" 39", não multiplicar perante ele os recursos e de Mio o sobrecarregar coma
nO] I a parte) .. e, se a parte. se tornar in(;apa:i: durante a pendência do recurso, apreciação das particularidades da matéria de facto. Dito de outro modo, na
há que proceder à sanação dessa incapacidade (art°s 23°, n° 1, e 2.4°, n° J). função atribuída ao Supremo prevalecem os interesses gerais de hannonização
Estas observações são suficientes, por agora, para del1íon~trQ.ra relevância na àplicação do direito sobre a averiguação dos fados relativos ao caso
dos factos supervenientes na instância de recurso. Mas ainda ficam porünalisar couereto, Isto signifiCa que o ttatamento análogo de todos os casos semelhantes
*
outras püssíVt":js manifestações dessa mesma relevância (dr. iJl,fru, 5°, I, 3.). e à interpretaçUo e aplicação uniformes do direito. que são solicitados pejo
arr" 8°.. n° 3,CC à genera.!iqadedOS tribunais,ençontnlm I1p Supremo um dos
c. Como excepções ao modelo do recurso de reponderação devemset destinatâries privilegiados. Para permitir a concentração dq Supremo nessa
consideradas .as $iLuüÇõeSem que admitida a produção de prova na instância
é
função deharmonização jurisprudencial, importa libertã-krdos problemas
de recurso. Isso pode acentecerquanto à prova do direito consuetudinário, 10CllI relacionados com a apreciação da matéria.de fado e favorecer a concentração
ou estrangeiro (artO 348"; rr'I, çÇ):. se a parte invocar algum desses direitos dos seus esforços na determinação da norma aplicável eno controlo da sua
na instância de recurso, é nesta que se deve realizara respectiva prova. interpretação e aplicação pelas Instâncias.
Embora sem aceitar a invocação de factos novos pelas partes, o .recurso A esta restrição 4ü competência deçÍsótla ôo$upteJ))() à matéria de direito
de apelação também se pode aproximar, numa situação especffica, do modelo estãcigualmente subjacentes algUmas razões pragí"lláticus. O' pi'OCessQjudiCial
dos reCUrSQSde. reexarne, Trata-se da posslhilidade, prevista ne) an° 712", visa a solução de um caso concreto através da decisão de um tribunal, pelo que
n" 3, de a Relàção determinar a renovação dos meios de prova produzidoShi! a sua tramitação estãeríentada, no. conjunto dos vários graus de jurisdição, para
I" instância, que se mostrem absolutamente indispensáveis ao. apuramentoda eliminar sucessivas alternativas. de decisão e permitir a formulação de uma
verdade, Nestü hipótese, o 'tribunal de recurso não se limita a controlar a decisão decisão final, Bstasucessivaredução dacomplexidade é facilitada pelu restrição
da).l" instância sobre U l1)atériQ. de facto, antes manda efectuar perante ele a da competência deelsóría.do Supremo à matéria dó direito: a sua actividade não
prova produzida na iI1stância recorrida. se preocupaçorn as possíVeiS alternativas sobren julgamento dos factos
relevantes, mtrs eJ<clusiYaínent~ Çom a determmaçãc da solUção jurídica
adequada para os façlos. apurados I111S instâncias,
3. Re)curs9s globais e restritos
E1U contraste com o carácter restrito do recurso para. o Supremo. o recurso
a. O julgamento de uma CÜUsa pressupõe a aplicação de uma lei a para ,a Relação abrànge tanto a matéria de direito, como, dentro de certos
certos factos, istn é, e~se julgamentQ conjuga matêri.l de direito ede facto. limites, a matéria de facto, pelo que é, nesta perspectiva, um recursoglohal,
A competência decisôria do tribunal de tecuniü pode abranger ambas essas Note-se, todavia, que (Js poderes da Relação sobre a niatéri!\ de fac(() não
coincidem com aqueles que são atribuídos à '" instância: corno é próprio da
/1II/lUgl1a('ihj das decisões 399
400 lmpugnação das decisões
esta reforme a decisão anulada pelos mesmos juizes, quando possível (art" 731°, Assim, quando parecer manifesto ao tribunal recorrido ou ao tribunal oo'
n" 2, necessariamente aplicável, apesar da sua omissão noart" 762°j n° 3, ao quem que a parte pretende, com determinado requerimento, obstar ao
agravo em 2" instância, porque ele regula um dos termos da alternativa indiciada cumprimento do julgado ou à baixa do prOCeSs() ou à sua remessa para o
pelo art" TI I", n° I): o Supremo decide, por isso, segundo o modelo de tribunal competente, esses tribunais podem; além de aplicar as sanções próprias
cassação. da litigância de má fé (cfr. artOs 456°, nOI, e, 457°), mandar processar o
A justificação desta disparidade de tratamento das nulidades do acórdão incídente em separado (art° 720°, n" I), isto é, pndern ordenar que neles
da Relação parece reconduzir-se ao seguinte critério: - quando a nulidade desse permaneçam apenas os elementos necessários ao julgamento do incidente e que.
ucórdão resulta de uma acção (como é. por exemplo, ocaso do excesso d.e entretanto se dê execução à sua decisão. O mesmo pode ser realizado quando
pronúncia), o Supremo pode modificar a decisão (corrigindo, naquele exemplo, a parte procure obstar ao trânsito em julgado da decisão através de incidentes
manifestamente infundados (art" 720°, na 2 la parte): neste caso, os autos
r
lmpugnação das decisões 405
406 lmpugnação das decisões
1.1. Generalidades
3. Vicissitudes da instância
A lei processual estabelece, a propósito do recurso de revista, que a
a. A instância de recurso pode suspender-se nas circunstâncias referidas violação de lei. (substantiva ou processualjpode consistir no erro de inter-
no art" 276°, n° l, e interrompe-se quando o processo estiver parado durante pretaçãoou de aplícaçâo da noríüa OU noerro de determinação da norma
ITIlii~d~ umano por negligêriCia de qualquer das partes (art" 285°). Mas se essa aplicável (art° 72lo,ri° 2 la parte), A distinção entre estes êti'os não é fácil,
parte for o recorrente Ou O autor de um incidente suscitado em recurso, verifica- porque muito frequentemente o eITO na determinação da norma aplicável resulta
-sc a deserção do recurso (art" 291°, nOs 2 e 3) e a consequente cxtinçãQ da de um erro na sua interpretação. Há que procurar para eles um distinguo
cientificamente seguro. . .
r r (
.',
lmpugnação das decisões 411
412 lmpugnação das decisões
violação de uma norma que jucide sobre a norma aplicada pelo tribunal
recorrido, É () que sucede se, por exemplo, o recorrente alega a inexistência, a recção intrínseca da decisão perante o critério uti lixado, mas também com os
invalidade ou a ineficácia da norma aplicada: aquela inexistência pode resultar referidos valores do. próprio critério de decisão aplicado,
da falta de promulgação ou de assinatura do diploma que Contem a norma A importância doreconhecimento desta violação secundária reside em que.
(art" 14ÜQ eRP), a .invalidade da norma pode decorrer da sua inconsti- através dela, o recurso se torna admissivel mesmo em hipóteses em que a
tucionalidude (cfr. art° 277", n" I, CRP) e a sua ineficácia pode ser consequêrtcia violação do critério de decisão não faculta essa impugnução. A condenação do
da falta de publicação do respectivo diploma legal (cfr. art" 122°, n° 2, CRP). réu proferida pela Relação com base num contrato celebrado entre as· partes
O mesmo acontece quando o recorrente alega a violação da norma que regula não é susceptível de fundamentar o recurso de revista. porque o (eventual) erro
o preenchimento de uma "lacuna: nesta hipótese, o recurso é admissível com daquele tribunal não pode ser reconduzido à violação de lei exigida pelo
fundamento na violação de qualquer dos critérios de integração de lacunas art" 721°. n° L (se há alguma violação, ela incide sobre aquelecontrutn):
previstos no art'' 10" Cc. contudo, o recurso de revista torna-se admissível se O recorrente alegarque o
Quanto à invocação da inconstitucionalidade (ou ilegalidade) de uma tribunal recorrido. desrespeitou as regras legais sobre a interpreiaçâo negocial
norma COIllO fundamento do recurso, importa ter presente uma importante (efr. ar.!O!;236 a 238° CC) na determinação
0
do sentido das declarações das
restrição. Na generalidade dos casos, o recurso para o Tribunal Consti- partes do contrato em causa.
rucionul interrompe os prazos para a interposição de outros recursos que
caibam da decisão (arr" 75°. n° 1, L Te), pelo que, nestas hipóteses, o recurso
l1am à Relaçâo OU O Supremo não se pode fundamentar na inconstitu-
H. Apelação
cionalidade (ou ilegalidade) da norma. Apenas quando o tribunal recorrido
aplique uma norma cuju incunstitucionalidade (ou ilegalidade) haja sido
suscitada durante o processo, o recurso para o Tribunal Constitucional fica I.. Âmbito
dependente do esgotamento dos recursos ordinários comuns (art" 70°, n° 2,
L Te). pelo que só nesta hipótese pode ser interposto recurso para a Relação Cabe apelação da sentença final e do despacho
saneador que decidam do
ou o Supremo com fundamento na referida inconstitucionalidade (ou ilega- mérito da CI.lU:)a(art" 691°, n" I). Assim, a apelaçãoé o recurso admissívc] das
lidade). decisões sobre O mérito proferidas pela I a instância, pelo que sà() apeláveis
Um outro grirpo de violação secundária da .lei Comporta aquelas situações rodas as decisões que. nela absolvam ou condenem o réu no pedido, A deci-
em que a norma violada incide sobre um acto jurídico (e não sobre Uma outra são que conhece do mérito e que, por isso, é apelável pede não ser uma
norma). Exemplo característico desta violação é a inobservância das regras decisão final do processo: se, por exemplo .. 0 tribunal conhece no despacho
legais sobre a interpretação dos negócios jurídicos (art°s 236° a 238° CC), aliás saneador de parte do pedido formulado. de um dos pedidos cumulados oudo
extensfveis. na medida em que li analogia das situações o justifique, aos actos pedido reconvencional, pode apelar-se dessa parte da decisão (de art" 695°,
jurídicos (arr" :295" cci n° I).
O recurso de apelação delimita-se exclusivamente pelo seu objecto. que
c. O reconhecimento da relevância de uma violação secundária da lei
é a, decisão proferi da em I a instânciasobre Q mérito da causa (urt" 691 o,lio I),
corno fundarnemo do recurso ordinário possui um alcance metodológico que
sendo irrelevante o fundamento invocado pelo apelante. Isso signiflcu que,
deve ser realçado, Apesar de essa violação se restringir aos valores de
ainda que o recorrente pretenda alegar um fundamento processual contra .a
inexisrência, invalidade e ineficácia do critério de decisão e não se poder referir
decisão recorrida (como, por exemplo. a falta de um pressuposto processual),
ao valor de justiça - isto é; apesar de o âmbito dessa violação estar limitado a
o recurso admissivel é a apelação.
alguns. dos desvalores do critério de decisão e, por imposição do art? 8°, n° 2,
ce, não poder atingir o desvalor fundamental da injustiça desse critério -, essa o critério do conhecimento do mérito pela I' instância é igualmclll~ aquele '1"~ uCVéSCI'
violação mostra que o ordenamento jurídico se preccupa não só com a cor- utilizado nos processos especiais (urt? 463°. n" 4) c que exni subjuccnrc ÜS SI"IS cons"gra~f)cs
./~. :r i. :.•
especificas (ctr., r. g .• ano, 921°. n" I, ·9)5~, n" L e IO,)()", n" ·1,.
t. ~.:..,
f
I
',\
I
i
·-i
1/
,
r (
2. Conhecimento do mérito
c. Ao conhecimento do mérito da causa referido no art° 691°, n" I. haveria
a. Aseritcnça 0\1 o despacho saneador que julguem da procedência que equiparar - poder-se-ia pensar - a decisão de procedência ou de impro-
ou improcedência de alguma excepção peremptória decidem do mérito da cedência emitida numincidente da instância, Embora, ta! fosse teoricamente
causa (arfO 691°. n° 2) e, por isso, são susceptíveis de apelação (art" 691°, adrnissfvel, Pêlo menos naqueles incidentes em que .se aprecia matéria
n" I l. Pode concluir-se, assim, que toda a decisão sobre uma excepção respeitante ao mérito (COnjO, por exemplo, o incidente de habj lltaçâo l. ra
peremptória - que será necessariamente uma decisão sobrea sua proce- circunstância de se regular expressamente no recurso de agravo o regime de
dênciaou improcedência e, portanto, sobre a absolvição ou não absolvição dó subida dos agravos TlOSprocedimentos c<\ulelares (art" 738") e nos demais
réu do pedido (Cri'. art" 49~"~ n" 3) - é passível de ser impugnada através de incidentes (art" 739°). mostraqueé outra a orientação legal.
apelação.
Háque ter presente este elemento sistemático na interpretação do recurso previsto no
b. Um caso duvidoso é O qu.e respeita uo recurso que cabe das decisões art" .388°: rt°· lr aI.' a': C!\sC recurso continuu n ser n agravo. comu Jd sucedia na anterior Versão
doCódigo de Processo Civil (cfr. anos 395°-. 405°,417", n" J, c 427". h" I. CrC/(1).
homologutórius de confissão. desistência ou transacção (art" 3000, n° 3). Alguma
doutrina, seguida, aliús, pela jurisprudência maioritária, entende que dessas
decisões cabe agravo, dado que o tribunal se limita a ratificar o negócio 3. Contro]o sobre- matéria de direito
processual. sem apreciar os fundamentos de facto e de direito que são invocados
na acção pelas partes (I~I. Para uma outra orientação, as decisões homolo- A apelação pode ter por fundamento quer a violação de lei substantiva,
gatórias, apesar de deverem respeitar o conteúdo do negócio processual quer a ofensa de lei processual, isto é, o recorrente pode pretender a subsutuiçâo
celebrado pela:-: partes, apreciam o méríto da causa e, por isso, são susceptíveis da sçnteTlça de rh.~titotecqrrida tanto por Limaoutra declsãü que,sQbre o mesmó
de apelação (201, objecto, lhesejamais favorjivel, corno por uma decisão de ubsolvição da
Sempre que o negócio processual seja relativo à composição do mérito in~tância. O recorrente pode alegar uma violação primária ou secundária do
da causa (o que, naturalmente, não sucede na desistência da instância, art'' 295°, critério de decisão ou um erro sobre aprevisão ou aextutuição da norma
n" 2), a sentença hornologatória, ao controlar, quanto ao objecto e ao sujeitos, aplicada.
l\ validade daquele negócio, compariicipa, de. modo essencial, da-decisão do Não existe qualquer limitação relativamente ao critério de decisão utilizado
mérito da causac.dad» que qualquer recusa de homologação equivale neees- pelo tribunal recorrido, que pode ser lOU critério norrnativoou não normativo
sariarnenre a rejeitar li composição desse mérito, É compreensível, por isso, que (COIl'lO, por exemplo, a discrlclonariedade ou a equidade), Também não hú
dela possa sei' interposto recurso de apelação (art° 691°" n" I), o que, aliás, é qualquer restrição quanto fonte desse critério, quepode ser uma lei em sentido
ã
confirmado pela apelação da sentença hornolcgatória da partilha no processo material (uma lei, um decreto-lei, um decreto regulamentar QU qualquer outra)
deinvenrário (art" 1382'1, n° I). ou outrafonte do. direito (como o costume, por exemplo).
,I'}) lutpliciuuneure., Albeno dos Reis. Comentário ao Código de Processo Civil 111(Coirnbra 4. Controlo sobre matéria de facto
1946), 534; expressamente. Santos Silveira. lmpugnução das decisões em processo civil
(Lisboa 1970), 1,'\I s.: LII,WI Soares, O ugruvo c.o seu regime de, subida (Coirnbra 191í2), 65 ss..
Na jurisprudência, de. RI. -,17/4/196S, JRel 1968,295; STJ - 18/5/1973, B)',,1'1227, 102; 4.1. Julgamento da matéria de fado
RC - 6110/1977, CJ 77/4, IO'J6;RC - 111121J9~4, EMJ 342, 441: RC . 18ÍÍ1IJ98(), BMJ ~(>l,
a. O controlo efectuado pela Relação sobre a deci sâo da I "instância
619; RC" :2II2119X9,. BM.l J1l4, 674:. RC - 1011/1995', UMJ 443, 46(1.
,,1)1 Assim, Castro ,\,1('I/(I,,;\'. brc 111. 91: lIi1íhilf de Castro. 'Impugnaçüo das decisõesjudi- relativa âmatéria de facto - que pode ser o despacho de selecção da matéria
ciais ' [Lishou 19M); 125; J, J, Hapli.l'llI, Dos Recursos (em Processo Gviil (Lisboa 19(7),93, de tacto (cfr. art°s 508'1-A,n° I, aI. e), 508'1-8, n° 2, e 78r) ou ojulgamento
Na jurisprudência. cfr. RC - 31/3/19,76, BMJ 258. 2.78, dessa matéria realizado pelo tribunal colectivo ou singular na fase da audiência
final (art°s 653° e 791°, n° 3) - pode revestir. segundo a sua finalidade, três
lmpugnação d08 decisões 415
416 lmpugruição das decisões
b. Relativamente às presunções
judiciais utilizadas pela la. instância
A RehH;~o pode allcrar o julgamcmo da matéria de facto realizado peja I' instância nas
seguimcs.hipótcscs: - se o tribunal de l" instância não tiver considerado a força probatória de. com base nos factos nela apurados; a jurisprudência e a doutrina aceitam 'a
documento não impugnado nos termos legais (RE- 2í{nIl980. CJ ~0/4. 255: cfr. RC· 4/6119XS. seguinte regra..a Relação não pode alterar as presunções judiciais utilizadas na
RMJ 348. 47hl: - se cunstar do processo, de acordo com o disposto nos art"s 3520 e 358". n" I. I a instância.tnem modificar o facto instrumental que está na sua base, salvo
Cc. uma declaração conres~(íi"ia com o valor de prova plena. ·como é () da acta de uma assembléia
se se verificar alguma das hipóteses previstas no art" 712° (clr ..STJ - 8/1111984,
geral de umu sociedade por quotas que não foi, impugnada. e em que se justifica certa ralta 110
balanço c cOlltas(STJ " 8/ J 1/1977". BMJ 271.146); • se no processo houver prova testemunhal
BMJ 341, 388 = RLJ 122 (1989/1990), 209, com anotação concordante. de
wgistada. ainda que ú1;1conste de deprecuda (51'.r - 19/111984, BMJ 333, 375). Antunes Varela;ST.T - 13/2/i 985, BMJ 344, 36J =RU 123( i 9901199\), 49;
com anotação concordante de Aruunes Yarela; STJ - 617/1993, CJ/S 93/2, l$6~
Numa outra das referidas modalidades de controlo sobre a decisão de STJ - 21/5/1995, CJ/S 95/J; 15}.
1" instância. a Relação pode alterá-la se o recorrente apresentar documento novo Mas esse controlo pela Relação também deve serãdmitidoquando a regra
supervenicnte que. por si só, seja suficiente para destruir a. prova em que ela de experiência que subjaz à presunção judicial puder ser considerada um facto
assentou (urt'' 712 Q
, n" I, al, c); cfr. STJ - 3/211976, BMJ 254,151) e pode notório (ofr. art" 514°, n" I). Independentemente de qualquer controlo, a própria
determinar a renovação dos meios de prova que se mostrem absolutamente Relação pode, através de presunções judiciais baseadas nos factos apurados na
indispensãvcis ao apururnento da verdade quanto à matéria de facto impugnada 1a instância, deduzir outros factos (STJ ~ 25/1 .]/I 988, BMJ 381. 6(6).
(art" 71 r, n'' 3). Nestas hipóteses, o .recurso atribui à Relação poderes
de reexame (porque o seu julgamento assentá em elementos novos) e de 4.2. Poderes inquisitórios
substituição da decisão recorrida. Um aspecto importante relativo ao controlo da Relação sobre a matéria
Finalmente, a Relação pode usar poderes de rescisão ou cassatórios e de facto é o que se prende com o âmbito dos seus poderes inquisitórios, Trata-
anulara decisão proferida na la instância. Pode fazê-lo sempre, que repute -se de averiguar em que termos a Relação pode exercer os poderes inquisítórios
deficiente. obscura ou contraditória a. decisão sobre pontos' determinados da sobre os factos instrumentais que são concedidos pelo art" 264°, nol. Podem
matéria de facto ou quando considere indispensável a ampliação desta matéria alinhavar-se, quanto a este problema, duas leses: urna favorável à atribuição
(art" 712"", n° 4 la parte), isto é, quando se tenha verificado a omissão do directa daqueles poderes à Relação; uma outra defensora. de que esses poderes
julgamento dedeterminado facto ou quando, por analogia com o disposto no só podem ser exercidos pela Relação se se verificar alguma das situações
previstas no art" 7.I2u•
i
I1
II//PUM/WÇ(/() das decisões 4\7
------------------------- 4\8 lmpugnaçiio das decisões
O âmbito do agravo em I' instância delimita-se negativamente perante o A Relação possui, no julgamento do recurso deugravo em I" instância,
do recurso de apelação: cabe agravo das decisões susceptíveis de recurso os mesmos poderes que lhe são concedidos no recurso de apelação (art" 7499).
de que não possa apelar-se (art" 733°), isto é, das decisões dos tribunais de Isso inclui os poderes de controlo do julgamento da matéria de facto da
I'instância que não conhecem do mérito da causa. Assim, por exemplo, é la instância que se encontram previstos no art" 712 (RP - 11/\011\)94. CJ
0
94/4,206).
lnipugnação das decisões 41.9
420 lmpugnação das decisões
IV. Revista
de Justiça (art? 678°, n° 4). Corno é patente, este recurso de revista visa 'obter
a uniformização jurisprudencial, o que justifica o seu julgamento segundo o
I. Âmbito modelo da revista ampliada (art'is 678°, n° 4, 732°-A e 732°-8).
a. O campo de aplicação do recurso de revista delimita-se duplamente o urt" 678". na 4, estabelece uma solução semelhante àquela que se CI1C'OlltraV'1pre-
pelo objecto e pelo fundamento: - o objecto da. revista é o acórdão da Relação vista 110 art" 7Mo CPC/6.1. durante cuju vigência o Assento/STJ - ti/4/1965 (DG. I - 2H/511<J65ee
que decide do mérito da causa (art" 721°, n" I), isto é, que pronuncia uma '" BMJ 146; 325) determinou que "nos processos de jurisdição volunuirin ein que se faça a
condenação ou absolvição do pedido; - o fundamento específico do recurso de interpretação e aplicação de preceitos legais em relação a determinadas questücs de direito. a,'
respectivas decisões são recorríveis para" Tribunal Pleno. nos termos do artigo 7640 do Código
revista é a violação de lei substantiva (art" 721°, n° 2 I" parte). embora, aces-
de Processo Civil" (cfr. também STJ - 7/1211993. BMJ 432.30)). Actualmente. as decisões
soriamente. li recorrente também possa alegar a violação de lei processual proferidas nos pn.JcCSSQs de jurisdição voluntária C{)I)lbase em critérios legais' são rccorríveis
(art°s 72J 0.n" 2 in fine, e 722°, n° I). Note-se que, como a revista cabe do nostermos .geráis (cfr. art" 1411°, n" 2. que só exclui () recurso pura o Supremo tI:is decisões
acórdão da Relação sobre o mérito da causa (art° 7.21°, n" I), ela é igualmente proferidas Com base em critérios de discricionariedadc), pelo .quc não sejustificn aplicur-lhcs o
regime prescrito no arr" 678°, na 4. .
adniis$fvel da decisãoque conhece desse mérito no agravo em I" instância
(cfr, art" 753". 11"1) e que éimpugnada Com fundamento na violação de lei
substantiva (c:I"L Mt 721°, n'' 2).
O Esta revista ampliada cabe. nos termosgerais, de uma decisão da. Relação
sobre o mérito da causa (art" 72)°, n" I), mas contém um fundamento cspe-
o regime era diferente na anterior versão do Código de Processo Civil. na qual só cabia cífico: este não é qualquer violação da leisubstantiva, mas apenas. a contradição
revista do acórdão da Relação proferido em recurso de apelação (art" 1210• n" I. CPC/ti I), pelo da decisão proferida com a emitida por qualquer Relação sobre a mesma
que. SI.; a Relação conhecesse do mérito da causa no recurso de agravo em l" Instância. dessa questão fundamental de direito, excepto, claro está, se a orientação perfilhada
decisão cabia agravO em 2'instância (era 'isso que justificava 'I referência à violação de lei
00 acórdão for concordante com aquela que o Supremo fixuraantcricrrnente
xubxtantiva que consjuvu do art" 155°, n" 2. aI. b), CPC/61). Actualmente, um agravo em
l" instância pode ser seguido de urna rcvist •r. (art" 678°, n° 4). Como igualmente se compreende, o conflito jurisprudencial
deve verificar-se quanto à mesma questão fundamental de direito (cfr. art" 678°,
Assim, pode concluir-se que nãoéadmissfvel revista se I) acórdão da na 4), isto é, deve respeitar- ao mesmo problema jurídico com relevância
Relação não se pronunciar sobre O mérito da causa, isto é, se, por exemplo, determinante para a solução do caso concreto. Tal conflito é, porém. irrelevante,
esse tribunal tiver absolvido o réu da Instância, tiver mandado remeter o se tiver havido, entre o momento dq julgamento dó acórdão-fundamento c o
processo para o tribunal competente (neste caso, não cabe mesmo qualquer do acórdão recorrido, uma alteração legislari va que imponha urna diferente
recurso para () Supremo: art" 111°, n° 4) Ou para o tribunal. arbitra] ou tiver solução da mesma questão jurídica.
julgado a instância: extinta por deserção ou por impossibilidade ou inutilidade
supcrveniente da lide. A revista também não. é aplicável se, apesar de a Relação
se ter pronunciado sobre o mérito, o recorrente impugnara decisão com um 2. Revista diferida e dupla
fundamento exclusi vamente processual. Um afloramento desta regra encontra-
-se no art" 722°. na 3 I a parte. a. A revista é o recurso ordinário pelo qual se impugna uma decisão
de mérito da 2a instância com fundamento na violação de lei substantiva
b, Também cabe recurso de. revista do acórdão da Relação que esteja em (e, acessoriamente, na ofensa de lei processual). A revista.deve ser admisxível,
contradição crrm outro, dessa ou de diferente Relação, sobre a mesma questão por isso, sempre que um tribunal de 2" instância se pronuncie sobre o mérito
fundamental de direito e do qual não caiba recurso ordinário por motivo da causa e a decisão seja reC(;rrível. Como, em certos casos. essa decisão da
estranho h alçada do tribunal, salvo se a orientação nele perfilhada estiver de Relação se pode verificar depois do julgamento de um outro recurso (inclu-
acordo com a jurisprudência já anteriormente fixada pelo Supremo Tribunal sivamente, de uma outra revista) pelo Supremo, existem algumas situaçôes de
revista diferida e outras de segunda revista.
IIIlf1ug/1açiío das decisões 421
em VeZ de ter utilizado um critério de decisão exrraido de uma fonte que não mandar baixar o processof instância recorrida, para que esta realize o
pode ser enquadrada na lei definida no art" 721°,n° 3. Suponha-se, por exemplo, julgamento da matéria de facto em falta (cfr, também art" 730°, n" Il.
que o tribunal recorrido utilizou um regime extraído de um decreto-lei (que é
uma lei para efeitos doart" 721°, n° 3) e que o Supremo entende que o regime b. Quanto à posxibi lidadc de o Supremo confirmar a decisão recorrida
apropriado ao caso consta de uma norma consuetudinária (que não pode ser com base num distinto enquadrumento jurídico para o qual dispõe dos tactos
considerada lei nos termos do art" 72 í 0, n° J). O Supremo não está impedido suficientes, nada se encontra previsto na lei. Mas seria precipitada a conclusão
de aplicar ou de definir como aplicável esta norma consuetudinária. de que o Supremo pode realizar, sem quaisquer restrições, essa operação.
A selecção dos factos controvertidos sobre os quais incidirá a produção
de prová é efectuada tornando como critério as várias soluções plausíveis da
3.3, Modificação do fundamento questão de direito (art" 51 I", n" 1), pelo que é imaginável que as instâncias,
porque preferiram um determinado errquadramento jurídico do caso suh iudice,
a. O recurso de revista visa permitir o controlo da aplicação da lei aos
fuctosapuradox nas instâncias (cfr. art°!; 729°, rr's .I e 2). Se estes factos não tenham deixado de seleccionar (e, consequcnternente. de julgar) certos Iactos
alegados pelas partes. Além disso, essa opção pode ter afastado o tribunal de
justificarem a aplicação da lei que foi utilizada pela Relação ou se. não for
aceitãvel o entendimento que lhe. foi dado por este tribunal, a revista procede J instância de exercer os seus poderes inquisitórios
D e instqg6rio~ sobre
certos factos. Por isso, ainda que o Supremo disponha de todos os factos para
e ü decisão impugnada deve ser revogada. Mas há que considerar um caso
confirmar a decisão recorrida através deum outro fundamento legal, cabe-lhe
especial: também pode acontecer que o Supremo entenda. que a Relação violou
pelo menos verificar, antes de proferir essa decisão confirrnatór!a, se algum
a lei, mas, apesar disso, considere que a decisão recorrida deve ser confirmada
facto controvertido mas não julgado pelas instâncias pode obstar 11 utilização
com base num fundamento distinto. É o que SUCede quando o SUpremo, embora
rcconheçau falta de justificação do acórdão da Relação, encontra um outro do novo fundamento. Se tal suceder, o Supremo. seguindo o disposto no
art0729",nO 3, deve mandar baixar o processo 11 instância recorrida e solicitar-
fundamento pura decretar U' mesma condenação Ou absolvição no pedido.
-lhe o julgamento desse facto.
No enunciado deste problema estáimplfcita uma premissa que convém
explicitar. É ela a seguinte: se se. admite que o Supremo, apesar de reconhecer
a viulação da. lei cometida pela Relação, pode confirmar a decisão impugnada
4. Controlo sobre matéria de facto
utilizando Um. outro fundamento. então há que concluir que essa violação não
constitui um fundamento absoluto da procedência do recurso. A violação da a. O Supremo Tribunal de Justiça está vinculado aos factos fixados pelo
lei pode ser suprida pela confirmação da decisão recorrida com outro fun- tribunal recorrido (art" 729°, n° I), não podendo alterar a decisão deste quanto
damento. a eles (art° 729°, n" 2). Destas premissas pode deduzir-seque o Supremo não
O fundamento de que o Supremo se pode servir para confirmar a decisão conhece de matéria de facto e que a sua competência decisória não ~c estende
recorrida pode ser compatível com os factos apurados pelas instâncias; mas a esta matéria.
lambem pode acontecer que esses factos sejam 'insuficientes para a aplicação Importa especificar, no entanto, (i que se deve entender pela exclusão da
de qualquer outro regime jurídico. Suponha-se, por exemplo, que o autor da competência do Supremo sobre a matéria de facto. Ela não significa, como ~
acção invoca Simultaneamente a responsabilidade contratual e delitual do réu evidente, que o Supremo possa deixar de considerar os factos apurados nas
e que as instâncias nadá decidiram quanto aos factosrelativos àquela res- instâncias, porque é em função deles que deve decidir o caso concreto. O que
ponsabilidadc cnntratual; se o Supremo concluir pela inexistência de qualquer essa exclusão verdadeiramente significa éque o Supremo nãopode censurar a
responsabilidade delitual, esse tribunal está impedido, por falta de elementos apreciação da prova realizada nas instâncias e não pode investigar ou exigir a
de facto, de julgar a acção procedente com base na responsabilidade contratual. produção de prova sobre outros [actos. Mas daí não decorre que o Supremo
não possa controlar as decisões sobre a matéria de facto (na suu coerência;
hnpugnução das decisões 427
428 impugnação dos-decisões
constantes de convenções ou tratados internacionais (cfr. art" 8°, nOs2 e 3, CRP) LOTJ; art" 729°, nOs I e 2),sú nas condições gerais do controlo desse tribunal
ou emanadas dos órgãos de soberania, nacionais ou estrangeiros (cfr-art" 1°, sobre a matéria de facto pode ser apreciada a prova eventualmente realizada
1i I. CC).
0 sobre o direito estrangeiro (cfr. art" 348°, TiO I, CC).
Nas disposições genéricas emanadas dos órgãos de soberania " que
são, para o efeito, a Asscmbleiu da República e o Governo (cfr. art" 113°, o * 549(1) ZPO proíbe ti revista (um base na violação de direito estrangeiro •. mas
.1 doutrina" a jurisprudência alemãs têm construído inúmeras excepções a essa proibição:
cfr, Schack, lnternationalcs .Zivilvcrfuhrenxrecht ~ (München 1996).254 SL
r r
ImpHgnaçãO das decisões 429
430 liIWIl~I/()Çc70 das decisões
Por lei substantiva deve entender-se aquela que permite o proferimento o julgamento segundo a equidade também pode ser autorizado por disposição legal
(art" 4°, al.. a). ÇCl. fazendo a lei algum uso dessa faculdade (eír.. 1'. fi .•. ano, 2~3". 33<)°. n? 2.
de lima decisão de' procedência ou de improcedência, isto é, uma decisão de
437°, n" 1<4K\)". n° 1.496°. nó 3, 566°, n" }, R 12°, nO I. R830• n° I, 992°. n° J. \1\13.0. n° I.. I 15X",
condenação ou absolvição do pedido. Para essa qualificação não .releva nem 1)0 2, 1215°, nO· 2, !! 2016", n° .2. CC). Mas. todos estes casos 'iÔ permitem ao tribunal definir .ou
a localização do preceito, nem a eventual relevância processual da norma adaptar a consequência legal (isto é, não dispensama verificaçãode uma previsãnlcgal), pelo
substantiva. É por isso que, por exemplo, a norma que define aresponsabilidade que a 1Il1iili.~éda violação dessas disposições lega's seni rcalizad:i li ptó(>ó~it()do erro na CSllltllÍi;iill
civil do juiz perante as partes (art" 1083°, n° 11 éuma norma substantiva; o (cfr. injra, (iA. c.).
l
f r r r
Impugnação das decisões 433
434 ímpuglluçüo das decisões
de valor cucurnadosna lei não se identificam 1... 1 com os tactos quelhes servem de pedestal
subjectivo ou objectivo" ( I I col. dir. cl2 rol. esq). Esperar-se-ia, portanto, que /vntunes Vare/a,
coerentemente CQPl esta premissa. admitisse o recurso de revista sobre esses mesmos juízos. b. Uma delas é a que se verifica quando o Supremo aceita () regime
Mas isso nem sempre sucede. jurídico aplicado pelas instâncias, mas se confronta com a falta de factos
São IfI:s as I]íp<lteses analisadaspor AIIIIII/e.,· Vare/a. Uma primeira suuução é aquela que suficientes para aplicar a conseqüência legal ao caso concreto. Admita-se, por
se verifica "se, por delrús. da formulação do juízo de valor. existe qualquer regra de direito,
exemplo, que o Supremo reconhece que as instâncias aplicaram correcramente
explícita ou implícitu. a limitar o prudente arbítrio. do julgador' (12 col. esq.), Nesta
eventualidade (de queé CXCI)lpJ() o critério da primazia da. impressão tio .dcclarruãno que consta
o regime do contrato de compra e Venda, ma.s, apesar de as partes os terem
do urt' 2:\6'\ n" I,. CCl, cabe recurso de-revista com fundamento em erro na ;Jplic,IÇUO do critério invocado, deixaram de apreciar certos factos relevantes paran dCtel'n1inação
legal ( 11 col. cxq.) . Diferente é, contudn.vu solução para as dUM outras hipóteses. do preço da coisa. A situações deste género aplica-se o disposto !l() art? 729 h
,
Uma destas rerere-se· ups "casos emque, nã", havendo nenhuma regra de direito no sopé n° 3, pelo que o Supremo, depois de confirmar O reiJime usado nas instâneia$,
do juízo de valor, h lei éonfia a SUU aplicação .:10 prudente critério do julgador" (13 col. esq.).
deve mandar baixar o processo à 2" instância, para que esta amplie (ou mande
como acontece. pur exemplo, na apreciação dCuma cláusula penal como manifestamente
excessiva. "Nos casos deste tipo, em que a lei apela para Q bom senso ou o sentido de equi- a lá ih:-;tância arnpliar) o julgamento da matéria defacto.
dade dr julgudor, não (anUI COmO perito de leis, mas corno homem prudente, corno pessoa de
critério ou como indivíduo de rectos sentimentos, 1...1 não tem cabimento o recurso de revista"
c.. Particularmente problemáticas são as situaçõe» em que a estatuição da
( i;\ col. csq.). SrIOÓU"S ax justlücaçõcs apresentadas. para esta exclusão.- uma é li equiparação norma aplicada atribui ao julgador poderes de conformação da consequênciu
desses juizos :IS resoluções proferldns no, processos de jurisdição voluntária. e a respectiva jurídica. Isso sucede quando são Concedidos poderes discricionáriosao tribu-
inadn)issiblli<l,lde de recurso-para o Supremo (art" 1411°, n° 2): " uoutra é que "na estrita nal (como aconteoe no~proceSl)()$ dejurl$(jiçãbvolontátia, (Irt" 1410°) c qüando
aplicaÇã6 destes jtif1.oS de valor, de substância emocional. sentimentalou retórica, pode haver
lhe é permitido julgar segundo a equidade (efr,anoA03°, n" lia lei civil,
dureza, cnmplacêuciu, incoerência. flllta~kntzoabiIidade ou de xensibilidudc, mas não
propriamcnrecrro de interprerução ou dcupliçaçãp dequalquerregra do mundo lóg'ico ou
cfr.,v. s.. art''s 283",339°, n"2, 437°, n° 1,489°, n° 1,496°, n°.:l, 566",. n"
racional: c 56 ú vício 16gic,) desur espécie pode fundamentar (1 recurso de revista" (13 col. esq.). 8:126, n°r. 883", n" I, 992°, n° 3, 993", n° I, I 158°, n'' 2, 1215°,n° 2, e 2016"
Finalmente, Antunes \larelllanalisu.o problema du.adrnissibi lidade da revista quanto aos n" 2, te).
"juízos de valor radicudos no próprio terreno do direitovcorno o da conduta dolosu, aactuação Quando tl tribunal decide com base em poderes discricionários ou segundo
ncgflgcntc. li causa do dano, a causa adequada de certo prejuízo, li ofensa da boa fé, li dívida
ti equidade, sêrye-sê· de crirériosde deoisãonão norrnativos, porque a concessão
contraíducrn pr(IVCiIO CQmUm .docusal e tantos outros" (13 col, dir.). Também uuunto ti estes
juizos AIIIHlIl'S vnreta nega u.udtnissibilidade da revista, por seresta "a solução que melhor dessescritérics de julgamenW viSa perrnitiraeüosideraçãodas especialidades
corresponde ao espírito do sisterna vigente" e porque. "o artigo 72 J., n° 2 1... 1 coloca ao lado do do caso concreto, oi.lseja.,aaprox,imaçàod;l deCisão .às oircunsrâncias espe-
erro de interpretação Ou de determinação <la norma-substantiva aplicável, o erro na apli- cíficas desse caso. Por isso, a violação desses .crüêrios não pode-sererrquadradrt
cação da lei " não li deficiente. a incorrecta.tn injusta ou a desacertada aplicação dá norma"
na violação de lei substantiva tal comoesta Se encontradefinida TiO un" 711 a,
03 col.vdir.).
n" 3, o que, aliás, bem se compreende, Como a disçricicnariedade e a equida<i~
visam oproferimentode uma. decisão adequada às especialidades do caso
6,4, Erro sohrea cstatuição concreto, o Supremo. nãopcde cumprir, nessas situações, a sua tarefa de
harrnonização na interpretação e aplicação da lei, não só porque os critérios
a, Após a an41i~e de cada uma das modalidades do erro sobre a previsão
de decisão nâo são nôcmativo$, mllS também porque os crttérios utilizados são
(erro na qualífiçaçí10 e errQna subsunçâo), cabe agora apreciar O erro sobre a insuscepríveis de uniformizaçâo,
cstatuiçãovisto <Si o erro respeitante à aplicação aOC,\50 concreto da conse-
É neste enquadrarnentc que S'ç: deve entender amadmlssihifidade de
quência jurídica definida pela norma, Em princípio, a possibilidade de o tri-
recurso para o Supremo das resoluções, proferidas nos processos de jurísdiçãü
bUMI de revista conhecer deste erro sobre a estatuição não suscita quaisquer
voluntãria, segundocritérios de conveniência OL) oportunidade (art" 1411",
dúvidas. Se o tribunal recorrido determina Uma consequência jurídica distinta
n? 2), solução que, pelas razões expostas, também deve valer 'para as decisões
daquela que a norma aplicada define, isso constitui um erro de direito que,
tomadas segundo critérios de equidade. Mas esta conclusão não impede que
quando respeitar a urna lei substantiva enquadrável no art" 721°, n° 3, funda-
se deva admitir o recurscpara o Supremo, quer quanto à verificação das
mentaa revista, Mas algumas situações merecem urna consideração especial.
condições que permitem o uso dos critérios de discri cionariedude ou de
equidade (isto é, quanto ao preenchimento da previsão di, norma que o
r
III/pugnaçei" das decisões 437
438 lmpugnaçiio das decisões
A violação secundária de lei substantiva verifica-se quando o tribunal o direito probatório pode ser formal ou material; - o direito prohalóri~l
recorrido desrespeita, não ti próprio critéri« de decisão, mas uma norma relativa formal é aquele que respeita ao procedimento probatório, isto é, à apresentação
a esse critério, isto ti, uma norma secundária. Como já houve oportunidade de e modo de produção da prova; -o direito probatório material refere-se à
referir (cri'. SI/fim, I. 2. c.). a importância do reconhecimento desta violação delimitação do objecto da prova, à repartição do ónus da prova, adrnis- à
secundária reside em que ela permite a interposição do recurso de revista, sibilidade dos meios de prova e, finalmente, aos critérios de apreciação da
mesmo quando o critério de decisão utilizado pelo tribunal recorrido não o prova. Este direito probatório material de.ve Ser equiparado à lei substantiva
permitiria, cuja violação fundamentaa revista (cfr. art" 72]°, n" 2), dada a sua influência,
Um prime.irogrupo desta violação integra aqueles casos em que O directa (como acontece no caso do art" 516°) ou indirectavno conteúdo dá
recorrente invoca li ofensa de uma norma 'secundária que incide sobre a norma decisão sobre o mérito. As regras probatórias decorrentes dos contratos
aplicada pelo tribunal recorrido, como SUcede quando, por exemplo, o recor- probatórios (cfr, art" 34Y CC), embora pertencentes ao direito probatório
rente alega II inexistênoia. a invalidade QU a ineficácia desta norma. Num outro material, não são, pelo contrário, susceptíveis de fundamentar O recurso
grupo, incluem-se as situações em que a..norma violada incide, não sobre de revista, porque. não são enquadníveis rna noção de lei. constante do
uma outra norma, mas sobre um acto jurídico. Assim, embora a ofensa de uma art? 721°, n" 3.
estipulação negocia! não possa ser reconduzida à violação de lei substantiva A restrição da competência decisória do Supremo á matéria de direito
e, por isso, não possa fundamentar a revista (cfr. are 721°, nOs 2 e 3), este (art? 29° LOTJ; art? 729°, nOs I e2) implicaa impossibilidade de esse tribunal
recurso torna-se adrnissfvel se for invocada LI violação das regras sobre a sua se pronunciar sobre a matéria de facto. O art? 722", n° 2 1° parte, especifica
interpretação (quê constam dosart°s. 236 a 238" CC). 0
essa exclusão afirmando que o Supremo não possui competência pura controlar
o erro na apreciação das provas e na fixação dos factos materiais da causa, Estes
Snbre :» qualificação dn interpretação dos negócios jurídicos segundo .as regras dos erros respeitam a situações distintas: - o erro na apreciação da prova é Ô erro
art''s 2:16" a 23X CC corno matéria de direito e, portanto, como susceptível de fundamentar o sobre a adrnissibilidade e a valoração dos meios de prova; - no erro s~)bre a
recurso de revista, clr.. i'.. g., STJ - 23/10/1986, BMJ 360,609; STJ - :12/11/1989, BMJ 3llR, 332:
fixação dos factos podem distinguir-se duas modalidades: uma, que respeita a
STJ - 2/511991, I3MJ 407. 512: STJ - 11/6/1991. BMJ 408.512; STJ - 2612/1992, BM.J 414.
424: ST.1 -2M5IllJ'J2. 13MJ 417. 7.11: STJ· 1.111111992, BMJ421. 364; STJ - 29/4/1993. CJ/S uma actividade preparatória do julgamento da prova, é o erro na selecção dos
factos que integram o objecto probatório ou base instrutória; uma outra, que
<251 Clr. Castro Mendes. DPC 111,48: Ribeiro Mendes, Recursos c, 151 s.. se .refere a uma actividade posterior a esse julgamento, é o erro sobre as
presunções judiciais (ou ilações de facto),
tmpugnação das decisões 439
440 IOUJUgnqçiio dus decisões
Sobre a lncompetôncia 40 Supremo pata censurar à matéria de facto fixada pelas instâncias,
de" r, g .. 8T.I- 14/1111991 .. EMJ 411, 544; ST1 - 28/1/1992, 13M] 413. 554~ SIJ - 5/3/1992.
da situação concreta .. Se o Supremo se puder substituir às instâncias no julga-
13M} 415. 39.5; Sl'J - 26151191)2. BMJ 417. 734; $TJ - 15/10/1992. BMJ 4211. 46X; STJ-
2112/1992. BMJ 422;.273: STJ -21211993.CJ/S 93/1. 121.: STJ - 9!1211993. EMJ 432. 332: mento da matéria de facto, !;lle próprio deveapreciuressa matéria c aplicar li
STJ - 2gj('/ll)94. C1/S 94/2, 2~4, ela o regime jlltídíCo que julgue adequado (art? 729ó, n° t l, Porexemplo: a.s
instâncias não atribuíram o devido valor ptobat6do a um Certo dN:tlmetilo; o
Supremo deve reparar esse erro e julgar a causa, ccnxiderando o facH? provado
g,2. Erro na apreciação da prova por esse meio de prova.
Mas também pode acontecer que o Supremo não se possa substituir às
a. A fulla de competência do Supremo para censurar o errona aprecíaçã(}
instâncias, porque a prova do facto exige uma actividade que não pode ser
das provas e na fixação dos factos comporta as excepções previstas nourt' 722°,
desenVolVida perante ele; então o Supremo deve mandar baixar .0 processo à
n" '2 2' partc.a ofensa de uma disposição legal que exija certa espécie de prOVa
instâqCíá tecorddá (artO 729°; ÚO 3, aplicado por analogia). Se, por exemplo,
ou que fixe a força de determinado meio de prova. Estas excepções devem ser
a$instânéia~Consideraramiúdevidaníente pro\ladôum certQ facto eSe a prova
repartidas porcadã um doserros aeinra referidos.
do mesmo não pode ser reàUz.àd'l perante ó SUptemo attnvé~ de doClIrnentoS
A$sim, .l1Üâmbito do erro i1aÜpl'é6iaçao da prova, o Supremo pode
juntos ou a juntar, o Supremo deve mandar paixl.l.f o processo no tribJlnnl
CeJisur;.tr o julgarnento do tribunal recorrido sobrea matéda de facto quando
recorrido, para que neste se realize a prova necessárla;
este tenha desrespeüadoa exigêqciu de certa pr()Va, O que pode acontecer em
duas situações distintas: - o tribuna] reçorridü deu tomo provado Um. facto com
base num ;neiode prova distinto daquele que 11 lei exige (cfr, art" 65Y, n" 2;
8.3 .. Erro na .selecção lia base in,trut6d'j
cfr., v. g., art" 364°, n" r, CC);- o tribunal recorrido conslderonprovndo um
facto com fundamento num meio de prova que a lei não admite (cfr. v. g .• a. O erro na selecção decbjecto da prova é pasxível de censura pejo
art" .354" CC)ou que é ilícito (art" 5190, n'' 3)- Supremo em condições semelbantes à.~.do erra sopre ü.aptecíação da proV'l
A ceqsür4 do Supremo sobre a apreciação da matéria de facto realizada (art" 722",n° 2 2" parte), Aquele erro pode tradvzir-se. tantq na não inclusão
pelas in:$!ânciM tamMi11 éadníissÍ\iel quando tenha havido ofensa de uma de um fado no objecto da prova, isto ê, na erradaconsideraçâo de que um fat:tO
disposição legal que fixe à força de determmadorneio de prova (art" 722<i, não está carecido de prova, como na inclusão de umtacto naquele dbje(,:to, ou
na 22" parte). Essa ofensa verifica-se quando as instâncias atribuíram aomeio seja, nó erro sobre a necessidade de prova. Aamílise deste problema complica-
de prova um valor que ele não comporta ou deixaram de lhe conceder o Seu -se, porque a selecção de um facto para integrar o objecto da prova (ou abuse
valor legal. Exemplo da primeira situação é o caso de as instâncias consi- ii1strutória) depende quer do jufzo sobre a admissão por acordo do facto, quer
derarem yue estão vinculadas ao resultado da perícia, isto é, não respeitarem da apre.ci<l.çãoçia eventual prov« do mesmo.
d valor livre dessa prova (ar!" 591"; 389" CC), ouatribuírem a uma cota um Antes de avançar ()onvém acentuar UI11 ponto importante, Quando, neste
valor probatório equivalente à fé públlca (STJ - 10/2/1994, C11S 94/1., 59); contexto, se refere que o err() l1aselecçãp (ia b<l.seiostrutória pode resultar de
exelnplQ da segund"é a hipótese de as lrt$tâneJa$ nãoatri bufrern o valor um erro sobre a admissão por acordo, não se está a pensarnaquelas hipôtese»
de prova plena a um documenta autêmico (art° 371 ", n" 1\ CC; dr.STJ - em que o tribunal considerou admitido um facto irnpugrrado ou integrou na base
29/6/1993, CJ/$ 93/2, 17J; ST] • 26/4/1995. CJ/$ 95/'l.., 55) ou cQnSideratelu instrutória um facto não impugnado, mas apenas naquelas em que o fucro fui
provado um facto que é incompatlvel com a prova plena resultante de UI11 julgado como admitido ou não admitido com violação da exigência de um certo
documento autêntico (arr" 371°, n" I. CC; cfr. STJ • 15/4/1993, CJ/S 93/2, meio de prova ou do valor probatório de um desses meios. A relevância da
62; STJ -.29/611993, CJ/S 9312, 173; ST1 - L9/411995,CJlS 95/2,43), distinção destas $!tU"ções aseguinte:
é enquanto () juízo sobre se certo facto
alegado por uma das partes se encontra Impugnado, ou não. pela contruparte
P. Perante a detecção de um.erre na apreciação da prova, pode perguntar- constitui matéria de facto e, por isso, não pode Ser censurado pelo Supremo
-se qualé li decisão que o SUpremo deve torrtar. Tudódepende, segundo parece, (art'' 729°, n" 2;.dr., v. g., STJ - 27/411993, BMJ 426, 43~), uobservância da
exigêrkia de certa prova ou da força probatória de certo meio de provu 11<1
r
selecção dos factos admitidos pOI' acordo constitui matéria de direito e integra-
-se, portanto, na competência decisória do Supremo (art" 722°. n° 2 2' parte). parte. O problema consiste em determinar se esse preceito também é aplicãvel
quando o tribunal recorrido tenha exigido um meio de prova que não é exigível,
b. A nãoinclusão de um facto no objecto da prova, e, portanto, a con-
não tenha considerado suficiente o meio de prova que foi apresentado pela parte
sideração de que esse rücto não necessita de prova, pode resultar de um de três
ou tenha requerido uma prova que não era necessária c. por qualquer destas
juizos: o tribunal pode considerar que esse facto está admitido por acordo,
razões, não lenha julgado o Iacto admitido por acordo ou provado. A resposta
provado ou ainda dispensado de prova. Conseqüentemente, o erro sobre, a
deve ser positiva. Q principal argumento que pode ser invocado é o de que não
desnecessidadc da prova de um facto pode ter origem num erro cometido em
se encontra justificação para tratar de modo diferente o julgamento de um facto
qualquer destes juízos.
como 'admitido por acordo ou provadoquando ele não deveria ser considerado
Em concreto, as hipóteses adrnissfveis são as seguintes: - se o tribunal
Tomo tal e o julgamento de um fado coma não admitido por acordo Ou não
recorrido considerou o Iactoadmitido por acordo num caso em que a lei requer
provado quando o tribunal devia decidir o contrário. Assim, ao Supremo deve
para a sua prova um documento escrito (cfr. art?» 490°, n? 2, e 505°), verifica"
ser atribuída a faculdade de controlar, quer a falta do meio de prova legalmente
-se uma violação da prova legalmente, exigido e, portanto, um erro sobre a
exigido, quer o excesso de exigência relativamente ao meio de prova suficiente.
apreciação da prova; -se o tribunal recorrido julgou o facto provado com base
num meio de prova. diferente daquele que a lei impõe, há igualmente uma
8.4. Erro sobre presunções judiciais
ofensa do meio de prova exigível e, portanto, um erro na apreciação da prova;
- finalmente. verifica-se à mesma violação e o mesmo erro se o tribunal a. Como acima se referiu, o erro sobre a fixação dos factos materiais da
recorrido considerou que q facto estava dispensado de prova e esta dispensa Causa também pode incidir sobre as presunções judiciais báseaçllJsnQ~râCti)$
não é justificável (por exemplo: o tribunal qualificou um determinado apurados nas instâncias, isto é, sobre as. ilações extraídas desses fados com
facto como notório e, por isso, dispensou a sua prova (cfr. art" 514°, n° I), fundamento em regras de experiência, Importa analisarem que termos o
mas conclui-se que esse facto não pode ser considerado como tal: cfr. STJ - Supremo pode controlar as presunções judiciais utilizadas pelas instâncias.
29/11/1988, BMJ 381, 624). Assim, o erro sobre a desnecessidade da prova A incompetência do Supremo relativamente à matéria de facto implica.
traduz-se sempre num erro sobre a apreciação da prova. com as restrições constantes do art" 722°, n° 2 2' parte, que esse órgão não pode
controlara escolha ea decisão sobre essa matéria realizadas nas instãncius. Más
c. Também a inclusão de um facto na base, instrutória (e, portanto, a daí nada resulta quanto ao controlo pelo Supremo das presunçôesjudiciais
consideração de que certo facto necessita de prova) pode estar viciada por um utilizadas pelas instâncias com base nos factos considerados adquiridos. porque
erro respeitante ·quer à admissão. por acordo, quer à prova, quer ainda à dispensa ti inadrnissibilldade de alterar a matéria de facto nada pode significar quanto
da prova. As hipóteses agora admissíveis são as seguintes: - o tribunal .recorrido ao controlo sobre essas presunções. Quer dizer: quaisquer que sejam as
pode entender que certo facto não impugnado não pode ser considerado limitações quanto à alteração pelo Supremo da matéria de facto, essas restrições
admitido por acordo, porque ele não admite prova por confissão ou exige prova nada valem para o controlo das presunções judiciais. porque este torna como
documental (cfr. artOs 490", n° 2, e 505°); " o tribunal a quo pode considerar base a matéria.apurada nas instâncias e não envolve qualquer modificaçã» desta
que certo facto não se encontra provado, porque entende que ele só pode ser matéria.
provado por outro meio de prova; - finalmente, a selecção da base instrutória O afirmado é suficiente para demonstrar a inaceitabilidade tI,1 orientação
pode encontrar-se viciada, porque o tribunal recorrido exigiu a prova de um jurisprudencial que recusa qualquer controlo do Supremo sobre as presunções
facto que dela está dispensado. judiciais de que as instâncias se serviram para inferirem. com base nos factos
A solução de cada uma destas situações nãoé indiscutível. As excepções apurados, outros factos (contra qualquer controlo dessas presunções. cfr.. l'~ g.,
referidas no art" 722°, n? 2 2' parte, estão claramente pensadas para as hipóteses STJ - 12/11/1974, BMJ 241, 290;::: RLJ IQR (1975/1976).347 (COI11 anotação
em que o tribunal recorrido considerou provado um facto que exigia um meio discordante de Voz Serra); STJ - 17/1111994. BMJ 441. 284). Ainda que se
de prova com um valor probatório .superior ao daquele que foi apresentado pela considerasse que as presunções judiciais deveriam ser tratadas. quanto à possi-
bilidaéle do seu controlo pelo Supremo, coma a generalidade da matéria de
Impugnação das decisões 443
444 ---~------
!fI1)JIIg!1(IÇÜ() da.l· decisões
facto, haveria que concluir que, pelo menos, lhes seriam aplicáveis os poderes
gerais de controlo do Supremo sobre a matéria de faeto. decisória que lhe cabe quanto aos factos notórios (art" 514°, n° .I; cfr. supra,
4. b.).
Contra a possihilidade de censura pelo Supremo daxpresunçõe« judiciais usadas pelas
inslftn<'las .. cft,llll1íbém. s1.J - 7/12/1977. BM12T2, 152; S1J - 21/1J1I978, BMJ 281. 241,
51J- 15/6/1989, BMJ 3gg, 418:$.I'J - 22/611989,BMJ 388, .332: StJ - 61.3/]991, EMJ 405,
9. Violação secundária de direito probatório
322:STJ - :22/511991, UMJ 407, 2R8: STJ - 21/6/1994, I:3MJ 4pS, 390.
Este stundard mínimo quanto ao controlo das presunções judiciais 9.1. Violação de normas secundárias
pelo Supremo corrcxponde [\0 sentido. maíoritáriõ da Jurisprudência. Assim,
já $e entendeu que, NIl cOmo aRelaçaó pode alterar .,í decisão dü tribunal Na violação secundária de direito prcbatório (material) englobam-se
qe Ia instancüt se dllproce.$so C9nstarem todos 0$ elernerítos de prová situações de dois. ttposr« aquelas em que o controlo do SII]JJ'eI1l0 incidc, não
que serviram de baseuesse julgamento (art" 7 12°, n" J,. al. a»), também o sobre a observância pelas instâncias desse direito Pl'ObiJIÓt!tí, hü\ss\)brc o
Supremo pode verificar sea Relação usou adequadamente ou deixouindevi- respeito de normas secundárias relativas às regras probatórias; - aquelus em que
damenterle usar esses poderes de controlo sobre a coerência da presunção qCohtrolQ do Supremo recai sobre o uso ou não uso pela Relação dos se\is
judicialcom os factos apurados (assim, por exemplo, STJ - 19/1011994, CJ/S poderes cspecífic()s sobre a matéria de facto. Também aqui a principal
94/j. 277), vantugem da autonomização desta violação secundária reside em que ela.torna
admisstvel o recursode tevi~tu, mesmo quando este não seja viável atendendo
Sobre .a possihilidadc de oSuprerno conrrolara coerência das presunções judiciais com às regras probatõrías aplicadas.
os respectivos fados indiciãrios .. cfr, também STJ - W3/1991, BMJ 405, ;122; STl - 19/311991, lA violação secundária do direito probutório permite a Interpnsiçâo rle
13M.!405. 4i.t srr " 20!311991.BMJ 405,389; STJ - 12/1/1994, C.l/S 94/1, 31;STJ -
revista nas mesmas condições em que ela é admissfvel quandose verífiçu urna
1~/(j1l994. C!lS 94/2 .. 142.
Violação de lei substantiva. Sempre que esteja em causa a existênçia, <I valjdade
b. Igualnrenteimagináveis são situações nas quais a fixação de um facto ou a Gfiçáci.,\ de umanorma probarôrla, a revista é admissivel com o funda-
através de uma presunção judicial viola a exigênda de um certo meio de prova metHo de qUe Q ttibuMlrecotridoaplicou uma norma inexisrente, inválida (por
ou ofende a fOl'Çà probatótia deum desses meios, Pense-sei quantoà primeira inçonstitllciQnalidade, pot(lxemplb) ou. ineficaz (cfr. art" 721°, n° 2). Esta regra
situação • .I1O çaso em que, através da presunção, é inferido um facto que exige vale mesmo q,raI1do a norrnnprobatórinnãn for susçeptfyel de ser rcconduzida
prova documenta]: tal presunção é duplamt::nteilladmi~sível (dI', llrt~$ 35.1 o t\
à noção de lei çonstante c/9 arr" 72J 0, h" 3.
364", n' r,CC), Qu.aüto à violação do valor prob;Üório de um meio de prüvíi,
imagine-se que a presunção contraria um facto. que se encontra plenamente 9,2., Violaçãode contratosprobutórios
provado. Assim, quando a presunção judicial contraria a exigência de um certo
meio de prova. e quando ela ofende o valor probatório de um meio de prova, Tul corno sucede quanto aosrritérios de decisão que resultam dos negócios
há que admitira possibilidade da sua censura pelo Supremo (art" 722°, n" 2 subsrartrivos, também a. Vlolaç.ã() das disposições probatórias estabeleci das
2" parte). através de Um conttilto (eft,. art" 54Y CC) é insusceptível de fundamentar o
Segundo se-supõe, pode aijídà ttdrnitir-se uma outra possibifidade de recurso de revista, dãdo que essas disposições não podem ser enquadrados na
controlo do Supremo sobre cenas presunçÕes judiciais. Na verdade, algurna.s definição de lei do art" 721°, h" .3'. Mas à interptetação.ríexrex contratos
destas presunçõt\s. baseiam-se em regras de experiência que são conhecidas da probatóríos são aplicáveis. as regras legais que Vl\lemp,íra li gelierülidade dós
generalidade .da opinião pública e que, por isso, podem ser consideradas factos negócios jurídicos (anOs 23.69 a 2380 CC), pelo que, tal como acnntece til}
notórios. Relativamente a estas regras de experiência e às respectivas pre- âmbito. dos negócios materiais, também a violação daquelas normas na
sunções judiciais, há que reconhecer ao Supremo a mesma competência interpretação de UIJl contrato prohatório fundamenta a interposição do recurso
de revista (cfr. art" 72 ro; n" 1).
1-
Assente esta premissa, pode resolver-se a referida incompatibilidade. facto, Isto significa que o problema do controlo pelo Supremoda utilização pela
Perante aexclusão da aplicação do art° 712 ao recurso de revistá imposta pelo
0
Relação dos poderes sobre a matéria de facto se restringe verdadeiramente
urt" 726ó, está afastada qualquer atribuição ao Supremo dos poderes que são àquelas situações em que o Supremo não possui poderes próprios sobre essa
conferidos 11Relação, isto é, está excluída a possibilidade de o Supremo se mesma matéria.
substituir à Relação no Uso dos poderes que a esta são conferidos pelo art" 712 0
Mas não está afastada a hipótese de O Supremo possuir poderes próprios sobre c, A diferença entre o controlo pelo Supremo da decisão da Relação sobre
a matéria de facto: é exactamente essa a função específica do art" 729°, n° 3. a matéria de facto e o uso de poderes próprios sobre essa matéria hão é difícil
Os poderes conferidos pelo art" 729°, n° 3, ao Supremo devem ser entendidos de estabelecer. Quando o Supremo controla a decisão da Relação sobre aquela
matéria, do que se trata é de verificar se este tribunal excedeu os seus poderes
lmpugnação das decisões 447
441\ lmpugnaçiio das decisões
nessa área (cfr. STJ " 9/4/1992, BMJ 416, 5(6), isto é. se estavam preenchidas
as condições para o exercício desses poderes (cfr, STJ - 22/9/19119, BMJ 389, A solução do problema parece dever ser encontrada nos parâmetros da
446: STJ - 15/4/1993, BMJ 426,415). e se a Relação violou a solução legal competência do tribunal de revista sobre li matéria de direito (cfr. art" 29~
(como sucede se, por exemplo, no caso do art" 71.2°, n° I, a Relação tiver LOT1; art" 129°, nOs I e 2). Assim, se a Relação usou ou deixou de usar Os
anulado o julgamento, em vez de ter modificado a decisão da I a instância). Pelo poderes de alteração da decisão da laúistârjcia, a adrnissibilidadc do controlo
contrário. quando o Supremo usa os poderes atribuídos pelo art" 729°, n° 3, não pelo Supremo da decisão daquele tribunal decorre dos poderes que lhe sao
tem de verificar se estavam reunidas as condições para que a Relação pudesse conferidos no recurso de revista: este recurso tem por fundamento a violação
ter exercido os semelhantes poderes que lhe são concedidos pelo art" 712°, de lei (art"s 721°, n° 2, e 722°, n° I), como tal devendo entender-se qualquer
n° 4. mas upenas de se certificar se a decisão sobre a matéria de facto é erro (de direito) no LISO ou não uso dos poderes atribuídos à Relação para
insuficiente para permitir o julgamento da causa e se à deficiência não controlo do julgamento da matéria de facto.
é reconduztvel ã falta de alegação de certos factos pejas partes: o mesmo se Não interessa que estes poderes recaiam sobre decisões relativas à matéria
pode dizer, mutatis mutandis, do uso pelo Supremo dos poderes de correcção de facto; o que importá éque a urilização desses poderes está dependente da
do erro naapreciação da prova ou na fixação da matéria de facto (art" 722°; veri ficação de certas circunstâncias - como a suf'iciência dós elernentôs Iorne-
I;" 2). , cidos pelo processo para a decisão (art" 712°, nOJ, al. b)) e conduz a deter" s,
Quanto ao controlo exercido pelo Supremo sobre os poderes da Relação minadas soluções definidas na lei. Noutros termos: aapreciação da prova. é
referidos ii matéria de facto, a doutrina e, na sequência dela, alguma juris- matéria de facto e está excluída da.competência decisória do Supremo (excepto
prudência começaram por fixar, COI11 o argumento de que, se (J Supremo não no caso previsto no art" 722°, n° 2), mas as condiçõesque justificam a alteração
pode anular o julgamento do tribunalcolectivo, também não pode censurar a da decisão da I a instância são. matéria de direito e, por isso, são. susceptíveis
decisão da Relação de não () anular, as seguintes regras: se a Relação fez uso de ser apreciadas no recurso. de revista.
dos poderes concedidos pelo art" 712°, o Supremo pode controlara decisão-da
2' instância: se a Relação se absteve de usar esses poderes, não é admissível Sobre a possibilidade de censura pelo Supremo do uso pela Relação dos poderessobre
qualquer controlo pelo Supremo (cfr., v. g., STJ - 13/12/1984, BMJ 342, 361 = a matéria de facto. ctr. STJ - 2/10/ln6, BMJ 360, 514: STJ- 16/1119HlL BMJ 373. 41El:
STJ - 221911 ~89. BMJ 389, 446; StJ . 2\)/111198\), .81\1J 391, 514: 5TJ- 14/5IItJ<;)I. B.MJ 407.
= RL.l 122 ( 19891l9.90), 233: mais recentemente, STJ - 15/311994, BMJ 435,
406; STJ - )[7/1 \)91, BM1409; 681; STJ - 25I2tr993, C1/S 93/ L 263, .STJ - 14/1211\)<;)4.CJlS
750; STJ- J7n/l9~5,IrMJ 44.3, 270: sr; -
'.21/211995, CJ/S 95/1,96) (26)'. 94/3,173: STJ ·9/411~92. BMJ 416, 566; srr-
1511011992. 13M] 41()- 4óH; STJ -311I11992,
Entretanto, algumn jurisprudência ampliou esses poderes do Supremo à I3MJ 42L. 400: 5TJ- 26/1/l994,CJ/S 94/1. 59; SIj - 10/511995. CJ/S 95/2. 2H~.
siruacãoem que a Relação apreciou a questão é decidiu não dever usar esses
poderes, continuando; no entanto, .a entender que. se a Relação nem sequer d. Importa ainda acrescentar que.de acordo com a doutrina definida no
ponderou se devia usar os seus poderes; não há qualquer decisão desse Assento/STJ 10/94, de 26/5 (= BMJ 436, 15 = ROA 54 (1994 l. 623, com ano-
tribunal que possa ser controlada pelo Supremo (assim, STJ - 1/6/1993. BMJ tação concordante de M. Teixeira de Sousai, não é admissivel recurso para o
428, 505). Supremo do acórdão da Relação que revogue o saneador-sentença que conheceu
do mérito tla causa e que ordene, o prosseguimento do processo na I" instância.
Contraa admixsihilidade de qualquer controlo pelo Supremo do exercício pela Relaçãu Assim; a decisão da. Relação sobre a insuficiência da matéria de facto pura o
dos poderes sohrc.u 111,,(~ri:1de fucto, cf r., v. }i .• STJ- 3/4/1.991, BMJ 40ó, 5 10: SI J - 2/ IO!l9\) I,
conhecimento do mérito da causa no despacho saneador (cfr. urt" 510°, n° I,
UMJ 4.10.659: SIJ - 9/1/19<;)6, cí.s %/1, 37. defendendo que u não uso dos poderes pela
a1. b)) nâoé susceptívelde ser controlada pelo. Suprema (27) -,
Relação não pode ser controlado peloSupremo ..salvo se houver necessidade de ampliar a matéria
de facto. cír. STJ- 14/6/19\>5. CJ/S 95/2, 12.
,26} Na doutrina. cfr. Alberta dos Reis. Código de Processo Civil anotado V (Coirnbru 1\)52).
47.1 s.: Roc!riX}I('S IJ(lSIIJ.,.• Notas ao Código de Processo Civil 111(Lisboa i972). 337.
(2?I Sobre o problema, ctr. também Al1l11l1eS Vare/a. An. STJ - 6/6/I'IR6. RU 126 (1<;)'13/19\)4).
3 J ss ..
lmpugnaçâo das decisões 449
450 Impugnaçiin das decisões
a. Conjuntamente com a violação (primária ou secundária) de lei subs- Supremo relati vamente ao uso ou não uso pela Relação dos poderes próprios
sobre a matéria de facto (cfr. art" 712°) é igualmente extensível aos factos
tantiva, a revista pode fundamentar-se acessoriamente na violação de lei
processual (art?» 721°, n° 2 2a parte, e 722°, n" I). Isto significa que, segundo relevantes para a aplicação dessa norma processual.
um princípio de unidade ou de absorção, é interposto um único recurso - que
é a revista (cfr, art" 722°,11° I in.fine) - com dois fundamentos: um substantivo V. Agravo em 2" instância
e outro processual.
A admissibilidade da alegação de um fundamento processual na revista
encontra-se submetida, no entanto, dado o disposto no art° 722°, nOI, à regra I. Âmbito
do art" 754°, nOs2 e 3, no qual se consagra a inadmissibilidade de recurso para
o Supremo segundo o regime da chamada "dupla conforme", Assim. de.acordo a. O agravo em 2a instância possui um âmbito deuplicaçân residual
com o art" 754°, n')8 2 e 3, não é adrnissível recurso do acórdão da Relação perante os recursos de revista e de apelação (art'' 754°, na .Il. Dado que a revista
que confirme, ainda que por diverso fundamento mas sem voto de vencido, uma cabe dó .acórdão da Relação que conheça do mérito da causa (art" 721°, nOI)
decisão interlocutória proferida na la instância, excepto se o acórdão estiver e do qual seja interposto recurso Com fundamento na violação de lei substantiva
em oposição com outro. proferido no domínio da mesma legislação por (art" 721°, 1\°2), o recurso de agravo em 2" instância é adi1iissível nas seguintes
qualquer Relação, e não for conforme à jurisprudência fixada pelo Supremo. situações: - quando o àcórd40 da l<elàção nãoúpr(:cie o mérito da çaltsa (por
Compreende-se a aplicação deste regime ao fundamento acessório da revista: exemplo, quando a Relução absolva o réu da instânçiü com, fundamento numa
se esse fundamento não justifica a interposição de um recurso autónomo, então excepção dilatória. art" 493", n° 2); " quando l) acórdão da Relação conheça do
também a revista não o pode aceitar como fundamento, ainda que acessório. mérito da. causa, mas o recorrente pretenda impugnar essu decisão excíusi-
vamente com um fundamento processual (suponha-se, por exemplo, que o réu
b. A violação de lei processual invocada pelo recorrente pode ser, nos condenado na Relação deseja. apenas obter a 'sua absolvição da instância com
termos gerais, urna violação primária ou secundária. Aquela primeira violação fundamentotja incompotênetaabsolura do tribunal. artOs 493°, n" 2, c.494°,
pode decorrer de um erro sobre a previsão ou sobre a estatuição da norma aI. aj),
aplicada:- verifica-se um erro sobre a previsão se o tribunal recorrido quali-
ficou erradamente a situação concreta (por exemplo, qualificou como litis- Na anterior versão tio Código de Processo Civil, o campo de .aplic.a~iio du agravo em
2" instância era mais amplo. ChrTiIJ à revista só cabia doacórdão tia Relação proferido' }\lhre
consórcio voluntário um caso de litisconsórcio necessário) ou se subsume
recurso de apelação (cfr. art'' 71.1",n" J. t:J'C!61), Sê no agravo em I" iH,sr{u1d:rse tiveSSe
erradamenteu hipótese concreta (por exemplo, integrou na incompetência conhecido do mérito (cfr. art" 753", n" I , CPCf() I ), (J recurso interposto de,sa (Icei,"() era ü.llgr,IV()
relativa uma situação de incompetência absoluta); - existe um erro sobre a em '2' instância (art" 754ú, al. b), CPC/61). Ou seja, nessa versão, quando cru interpost» recurso
estatuição se o tribunal recorrido se equivoca na aplicação da norma processual de agravo em la instância. n rccurso seguinte era sempre (j·ügr~lvo em 211 insrância. Aeru •.tlmcnte.
(suponha-se, por exemplo, que o tribunal absolve o réu da instância em vez urn agravo ern Ili instância pode se~ seguido de urna revista. ~cll~lquch; se conhecer UO
mérito (art" 75"3". J1° I r c se o fundamento do recurso for li viotaçüo de lei substantiva (urt' 7~ I",
de remeter o processo para o tribunal competente). n"s I e 2).
Quanto aos factos relevantes para a aplicação da lei processual, há que
reconhecer que () Supremo possui, nos termos acima referidos, o poder de Em certos casos, a Relação funciona como tribunal de la instãncla: no
censurar o erro na apreciação da prova ou na fixação da matéria de facto, se âmbito civil, tal sucede quanto às acções de indemnização propostas contra
houver violação de uma norma que exija certo meio de prova ou que fixe a juizes de direito, procuradores da República e delegados do Procurador da
força probatória de um desses meios (art" 722°,n° 2). Esse tribunal possui
República e baseadas em actos praticados durante o desempenho dus suas
igualmente o poder de controlar a suficiência da matéria de facto para a funções (art" 41", na I, al, b), LOr.J; cfr, .art" 10830, liO I). Do acórdão da
aplicação de certa norma processual (art? 729", n° 3). O poder de controlo do Relação que conheça do objecto dessas. acções cabe recurso de ;lpelaçâl) pará
o Supremo (art? I090°; n° I), pelo que, dada a delirnitaçãn negativa do agravo
lmpugnação das decisões 451
452 lmpugnação das decisões
em 2·'instância perante a apelação (art" 754°, n° I), aquele agravo cabe apenas
das decisões que. naquelas acções, não se pronunciem sobre o mérito da gerais. Suponha-se, por exemplo, que a Relação confirmou a competência
causa, relativa do tribunal da acção; desta decisão .não hã recurso para Q SupremQ
(arr' 111 ", n" 4),excepto se ela for contrária. a um outro acórdão da Relação e
b. Como o agravo em 2' instância incide sobre decisões que não conhe- se, por isso, for possível recorrer para o Supremo para obter l\ uni forrni zação
cem do mérito (cfr.vart" 754°, n° 1), nem sempre é exigfvelassegurar-lhes um jurisprudencial (art" 678°, n° 4), . .
controlo pelo Supremo: é essa. a justificação para a exclusão. tmposta pelo Por fim, importa considerar uma outra excepção à irrecorribilidade imposta
art" 754", n"s '2 I ti parte e 3, da admissibilidade de recurso para Q Supremo do peloart" 754°, o" 2: segundo o estabelecido no art" 678°, n° 6, também é sempre
ucórdão da Relação que confirme, ainda-que por diverso fundamento mas Sem adrnissível recurso para cSupremo quando a decisão da Relação, apesar de
voto de vencido, li decisão inrerlocutória proferida na l." instância. O regime conforme COrri lj da I a instância, tiver contrariado ajurisprudência uniformizada.
nãovale. contudo, quurtdo.nos termos doart" 678°, nÓs 2. e 3, o recurso seja
admissivel independentemente dos valores da Causa e di! sucumbência da
parte. ? Controlo sobre matéria de direito
1\ exclusão de recursopara ü Supremo, dcrerminuda peloart" 754·, n'' 3. apenas dós A violação da lei processual. praticada pelo acórdão recorrido pode ser
a';!Írdãús cunfinnaíórios das Relações que 'irícidam sobre decisões intcrlocutórius (mas já não primária ou secundária e o erro cometido pelo tribunal recorrido pode incidir
daqueles que recaiamsobre decisões finais) conduz u. resultados POUC(} aceitáveis Se. por tanto sobre aprevisão da norma aplicada (erro na qualificação e erro na
exemplo. (t despacho saneador, que, se pronunciou sobrea legitimidade. (las partes, for confirmado subsunção), ccmosóbré asuà estatuição. A violação primária só é possível
pela Rclução. nãq há recurso para () Supremo; Il1lÍs se esse mesmo despacho tiver absolvido o
réu dainstância com base lia ilegitimidade das partes (cfr.ar.Ô 4930, na 2, e 4<)4", al, e», é relativamente a leis processuais que satisfaçam os requisitos impostos pelo
adrnisstvct recurso para n 5Upn!'11(1 da decisão confinrunórla da Relação. Não se vislumbra art" 721°, n" 3.
qualquer razão para tratar demodo diferente decisõesque .. embora com um conteúdo distinto,
se J)í'<iI1UndUI\l sührc o l1í6s1'\() objecto.
ri" 2 2' parte, permite, coma finalidade de sanar o conflito jurisprudencial, a. na, apreciação desse agravo, urna competência sobre a. matéria de facto mais
intcrposiçâo de recurso para o Supremo, salvo se oacórdão proferido corres- ampla duque aquela que lhe é reconhecida no recurso de revista, Esta obser-
ponder à Jurisprudência uniformizada (isto é. excepto se esseacórdão tiver vação parece desnecessária, mas é Indispensável pata uma correcta interpre-
seguidoesta jurisprudência e tiver sido o outro aeórdão de qualquer Relação tação do art" 762°, n° J.É que, através da remissão do art" 762(), n° I, para o
ou do Supremo-que a contrariou), Este reCUrSOpara.o Supremo estásubmetido, art" 749° e deste para outros preceitos e, norneadamente.jiara oarr' 712°, poder-
em pril1cípio,à regra da alçada (art0678", n" I), ou seja, só é admissivel quando -se-ia concluir que os. poderes que são atribufdos por este último preceito II
() valor da causa exceder a alçada da Relação (cfr.tart? 20°, n° I, LOTJ), mas Relação são igualmente. concedidos ao Supremoquando julga. um agravo em
isso nem sempre sucede, 2' instância. Todavia, dada a referida restrição na competência decisória do
O recurso que, no caso previsto no art" 754°, n" 2, pode ser interposto para Supremo, não é certamente assim.
Q Supremo dependede duas cireurtatâncias: " se ,o recurso para o Supremo Mas, se ao Supremo não podem Ser atribuídos, na apreciação do agravo
estiver excluído por razões estranhas à alçada do tribunal - isto é, se o recurso em 2a instância, mais poderes sobre a matéria de facto do que aqueles que lhe
for lnadmisxível por imposição legal -, só é possível recorrer nos termos do são reconhecidos no. paralelo recurso de revista, tlá também que aceitar que
art" 678°, n° 4; .: se não for esse O ,C,lSO, o recurso é adrnissível nostermos nenhum desses poderes lhe pode ser retirado no julgamento daquele agravo.
Isto significa que, apesar do silênciolegal, o Supremo, ao apreciar o agravo
r r r r r
2. Facros novôs
I. Elementos
Na instância de recurso só muito Iimitadarnenre podem ser invocados.
a. O objecto do recurso é constituído por um pedido e um fundamento. hictos nQvos,.isto é, factos que. por hão serem supervenientes ao encerramento
O pedido constsre rt(i solicitação de revogação da decisão impugnada eo da. discussão em la instância. poderiam (e deveriam) ter sido alegados até esse
fundamento nainvocaçãQ de um vlcio no procedimentoterrvo- in procedendo) momento (cfr, art" 506°, n° 3, al, é».
Apenas na eventualidade -de verificação
ou no julgamento (errar in iudicando), muito rara - de as partes acordarem nu alteração ou afnpliaçãü da c.aU~ü.de pedir
O pedido de revogação fundamenta-se num error in procedendo ou in (cfr, art" 2720) tal alegação será admissivel.
iudicando, mas importa salientar um aspecto especialmente importante. Para Para além esta. situação, só podem ser considerados no recurso. como
que o recurso seja procedente não basta que o tribunal ad quem verifique factos novos. aqueles .que dispensam a alegação das partes. É o caso dos factos
qualquer desses erros; é ainda indispensável que a decisão impugnada, di! conhecimento oficioso e funcional (art" 514°, n" 2), bem como dos factos
apesar de padecer do vfcio invocado pelo recorrente, não possa ser con- notórios (cfr. art" 514°,n" 1).
firmada por um fundamento diferente do utilizado pelo tribunal recorrido
(cfr. STJ - 13/2/1996, CJ/S96/1, 86). Por exemplo: o autor recorre da
absolvição da instância do réu com fundamento na sua ilegitimidade (art°s 493°, 3. Factos supervenientes
n" 1, e 494°, ul. .ej): o tribunal superior podeaceitar a falta de fundamentação.
da referida. ilegitimidade, mas, apesar disso, confirmar a absolvição da instância 3.1. Noção e incidência
com base na ineptidão da petição inicial (art''s 493°, na 2, eA94°, al. b) (sobre
.es[e problema, cfr. também infra; IV. 2.). Os factos supervenientes são, no contexto dós recursos ordinários. aqueles
que ocorreram ou foram conhecidos pela parte. depois do encerramento da
lmpugnução das deoisões 455
456 lmpugnação. das decisões
discussão em I' instância" ou seja, num momento em que a sua alegação jâ não
era admissfvel nela (cfr. art" 506°, n° 3, al, c»,
Este Último aspecto permite Naanálise da possível relevância dos factos supervenientes (ou seja,de
distingui-los; dos factos novos, que são factos que. POdiam ter sido alegados na factos posteriores ao encerramento da discussão) na instância de recurso e da
instância recorrida. Os factos supervenientes podem relevar no procedimento susceptibilidade, quanto à prova documental, da aplicação aeles do disposto
de recurso em duas situações: esses factos podem .integrar-se na marérla no art" 524°, n" 2, há que considerar <tuas hipótesesr ímportu averiguar se urna
considerada na instância recorridat esses factos podem respeitar a maté- decisão 'incorrecta (em relação aOS factos apurados até ao encerramento d;i
riuespecifica dos recursos. discussão) pode ser confirmada com fundamento em factos. supcrvcnientes e
~e a decisão correcta (relativamente aos mesmos factos) pode ser alterada com
base emidênticos Factos.
12, Admlssibilidadc de. alegação
Existe lll)1,) diferença quanto ao momento atéuo qual os documentos supcrvcnientcs podcm
a. Quurtto inos factos relativos a matéria especifica dos recursos, é ser apresentados 1i;1'instância de recurso: na apelação, esses documentos podem ser aprcseutadox
indiscutível à possibilidade da sua alegação na instância de recurso. Pense-se, até aos vistos dos juizes (art" 706°,1]° 2: sobre essesvistos, cfr. art" I07ó, n" J I: na revista J.!. IÜJ
por exemplo, nos façt()s necessãriosao reconhecimento a um terceiro dê agravo -C111 ·i a instância (e. segundo ·pare(e,~ também no agravo em 2:! inxtânci«). os documentos
legitimidade para recorrer (cfrvart" 680°, na 2) ou naqueles que implicam li supervcnientes só podem ser upresentados conjuntamente com as alegações ,(arl'\ 727" e 743Y•
"u':l) (!fil, É 'd partir dCSJC\!lH)f1)e"(OS que ,'CCOI1!li .'1 superveniência do documento para -ei'éiws
suspensão da instância pelo falecimento da parte. (art?s 216°, n? I,aI. a), e 277 0
)
di) recurso de revisão (art" 71 ia. al. el).
ou doseu mandatário (arlOs 276°, n" I, al. b), e 278 0
).
__ ~ -.:.f:':/2rl_1I::.ci'2.íi/-.:.i:.:(/:!.:ç(7(Í
das dn'isries 457
4S~ Inrl'ugl1nl"iio rias decisões
Convém observar que ainvocação do facto superveniente que determina processual desaparece por uma circunstância. que implica u inutilidade ~uPet"
a confirtnuçâo da decisã.o impugnada é uma faculdade da parte recorrida veniente da lide (cfr, art° 287~, al, e».
(ou seja, não corresponde a qualquer ónus), pelo que a não alegaçâo desse facto Sempre que ocorra qualquer fac.to supervenieutecorn relevância. para a
não está sujeita a qualquer pteclusãO,e que essa faculdade só pode s-er utilizada apreciação dos pressupostos process\.Iais,.çle não pode deixar de ser considerado
quando, segundo a interpretação proposta para o arr" 524", n° 2, a parte possa lia instância de recurso. Dado que OS pressupostos processuais deverãoestar
utilizar a prova documental. Urna das conscquências da alegação do facto preenchidos no momento do julgamento do recurso e que este 'pode ter por
supervcnientena instância de recurso é o âmbito temporal do caso julgado da objecto específico um desses pressupostos, o tribunal ad quetu deve considerar
detis(jç) confirmatóriu do tribunal ad quem: essecaso julgado só produz efeitos qualquer facto superveniente que seja relevante paraa suaapreeiação e parao
a partir da verifi.caçUodo facto supervenicnte. julgamento do recurso a ele respeitante.
Tal sucede mesmo nos recur$Qs·de revistél e ele agravo em instância •
isto é, nos recursos pendentes noSupremo -, apesar de, em regra. este rribu-
d. A soluçâo deve ser semelhante para a segunda das aludidas hipóteses:
.nul, não conhecer de matéria de facto (art" 29° LOTJ; art°s 729°, nOs I e 2, e
aquela quese refere à. possibilidade de alegação de factos supervenientesqur,
762°, n° I), Se o Supremo pode conhecer, por exemplo, da incapacidade ou
alteram uma decisão corrécta em face dos elementos apurados aréao encer-
ilegitimidade superveniente da partenurn recurso relativo ao mérito da causa
ramento da discussão, Se assim não se entendesse" o que se poderia funda-
e absolver o réu da instânciacom fundamento nessas excepções dilatórias
mentar na ulrcunstância de ús recursos não vísarcmalterar ou modificar
(cfr. art?s 494P, al"s. c) e e), e 493", nÓ 2), não se eomprecnderia que hii() o
decisões correctas -, haveria que admitir que, quanto 1\s obrigações duradouras
susccptfveis de ser alteradasem função de circunstâncias supervenienres,
pudesse fazer quando o pressupostoconstitui o próprio objecto do recurso.
estariaill1ediat:llnenleaberta a possibilidade de renovação da I" instância
(cfr. urt" 292°). Com a admissão da alegação desse rélcto superveniente, 4. Pedidos novos
visa-se evitar a exünção de urna instância que poderia selo imediatamente
A parte não pode formular em recurso pedidos novos, isto é, não pode
reaberta com base nesse Iucto.
pedir.no recurso algo de distinto do que pediu na instância recorrida. Ressalva-
Em conclusão: nos .recursos ordir1ârío~, pode ser alegado um facto -se a hipótese, de verificação muito rara, de,ls partes acordarem. e/TI
supervenicnte eapresenrudn a respectiva prova documental, tanto quando aquele l"instância, .a alteração ouampliação do pedido (art" 272°), bem como a
facto e esta prova conduzam 1\ confirmação da decisão i mpugnada, como situação em que o pedido de impugnação respeita a uma circunstância nova,
quandoimpliquem a sua revogação, como, por exemplo, a nulidade do acórdão recorrido (artOs. 668°,n° l . 716",
n" I, e 752", n" 3),
IllIpug/WÇÜO das decisões 459
4()O fllIf!u,qn(/ç[ío dos decisões
5. Lei nova
factos. Se a solução resultante da lei nova ou da lei interpretativa não se integrar
a. Pode suceder que entre o proferimento da decisão recorrida e o naquelas que eram plausíveis no momento daselecção da matéria de faCIO
julgamento do recurso entre ern vigor uma lei nova que regula a matéria da (cfr. art°s 508°"A, n° I. aI. e), 508°-8, n" 2, e 511°, n" I), pode mesmo suceder
causa ou que interpreta a lei aplicada na decisão impugnada. Coloca-se então que os factos tenham sido alegadose, "por aquele motivo, não tenham sido
aquestão de saber se o tribunal ad quem deve julgar o recurso segundo a lei seleccionados. Perante situações como a descrita, o processo <leve baixar à
nova ou o sentido fixado pela lei interpretativa. instância onde seja possível averiguaro facto relevante (cfr., quanto ao recurso
A resposta é. afirmativa, dentro, claro está, das condições referidas nos de revista, o art" 729°, n" 3).
art."s 12° e 13"ec. Assim, a lei nova sobre as condições de validade, substancial
ou formal, de quaisquer factos ou sobre os efeitos de factos só abrange, em
regra, os factos novos (art" 12°, n° 2 \" parte, CCi, pelo que não é aplicável às 11. Âmbito.
decisões dos processos pendentes. Pelo contrário, a lei. nova que-dispõe
directamente sobre oconteúdo de certas relações jurídicas, abstraindo dos factos
que lhes deram origem, abrange as próprias relações subsisterues à data do I. Delimitação
início da sua vigência (art" ]20, n" 2 2' parte, te). pelo que deve ser aplicada
às decisões dos processos pendentes. Mesmo que assim não se entenda, sempre o âmbito do recurso é triplamente delimitado. Antes do mais, esse âmbito
haverá. que concluir que, se os efeitos definidos pela lei nova operarem ex leg«. é determinado peloobjecto da acção e pelos eventuais casosjulgados formados
li aplicação desta lei à situação jurídica apreciada naacção se verificará 11é\ instância recorrida. Dado que o direito português consagra () modelo do
automaticamente no momento do trânsito em julgado da decisão. recurso de reponderação, o âmbito do recurso encontra-se objectivamente
Quanto à aplicação de lei nova retroactiva ao julgamento do recurso, limitado pelas questões colocadas ao tribunal recorrido (STJ " 2~/21J993,
importa referir que ela dependê dó tipo de acção declarativa pendente. Se esta C.r/S 93/1 ,150), pelo que, em regra, não é possível solicitar ao tribunal adqueni
for uma acção de mera apreciação ou de condenação, em princípio os efeitos que se pronunciesobre uma questãoque não se integra no objecto da causa
ligados aos factos invocados nessas acções (nomeadamente. à sua causa de tal como foi apresentada na ]' instâ~cia. É claro que o recurso ordinário
pedir) já se pruduzirarn. pelo que esses efeitos não são abrangidos por uma lei também não pode incidir sobre matéria sobre a qual se formou caso julgado,
nova dotada de rctroactividade ordinária (cfr. art? 12°, n" I 2' parte, cci Em pelo que se, por exemplo, transitou em julgado a decisão da la instância que
contrupartida, se a acção pendentefo.r uma acção constitutiva, os efeitos só se Hão atendeu a arguição da ineptidão da petição inicial, nenhum tribunal de
produzirão com a sentença definitiva. pelo quenunca importa ressalvá-los na recurso pode voltar apronunciar-se sobre essa excepção dilatória (cfr. STJ -
aplicação de uma lei nova retroactiva (cfr. art° 12°, nOI 2a parte, CC). 4/2/1993, CI/S 93/1, )37).
Dentro do objecto do processo e COm observância dos casos julg,ad.os
Pode discutir-se qual a lei que deve-ser upiicudu pelo tribunal cul qU('J/1 se O recorrente formados na acção, o âmbito do recurso delimita-se objectivamente pela
impugnar apenas tona parte dudecisão (ctr. ar/os 684°. nOs 2 I' pane c 3)·. pois que não parece
pane dispositiva da sentença que for desfavorável ao recorrente (arr' 684°,
aceitável que uma mcsmu, decisão possu ser proferida segundo leis distimas. O respeito pelo caso
julgado que incidc sobre" parcela da decisão nu" impugnada e' a 'impossibilidade de () aungir n" 2 2a parte) O\) pelo fundamento ou facto em que a parte, vencedora decaiu
pur IllI1a; lei retroactiva ou interprcuuivá (cfr. an"s 1.2°: 11" I 2' parte, e 13° CC) e, por maioria (art" 684°-A. nOs I e 2). Quer dizer: o objecto do recurso não é sequer a
de .razão. por umn lei não rctrouctiva. impede que essa pane da decisão possa ser afectada pela totalidade dá decisão, mas apenas o que nela for desfavorável ao recorrente ou
lei nova C a ucccsstiria coerência entre as diversas partes du decisão obsta ;1 aplicação desta. recorrido, o que, aliás, implica que o tribunal de recurso não pode apreciar a
mcsm« lei, Em suma, nessa hipótese. o· tribuna! superior deve julgur o recurso segundo ,a lei
antiga,
parte da decisão que não foi impugnada.
Finalmente, o âmbito do recurso pode ser limitado pelo próprio recorrente.
b. Problemático é o caso em que o tribunal superior não pode aplicar a Sempre que a parte dispositiva da sentença contenha decisões distintas sobre
lei nova ou decidir com o sentido fixado pela lei interpretativa por falta de vários objectos, o recorrente pode restringir o recurso a qualquer delas
(art? 684°; n° 21 à parte). Se, por exemplo, o autor apresentou uma cumulação
I '
As regras acabadas de enunciar quanto aos fundamentos de facto não b. Mais frequentes são as situações em que o recurso é subsidiário
valem para os fundarncnros de direito, isto é, para as qualificações jurídicas relativamente à procedência do recurso interposto pela parte contrária.
O art° 684°-A, n° I, contém um exemplo legal desta hipótese: a parte que
I.
I'
§ 6°.
da ilPtOc$\Jfíciôl'Ida do processo, segundo o qual ~\aparência valecorno realidade
PrCSSUPQstos processuais até, se avçdguar seefecrivatnente eJil corresponde aqualquer realidade i3~J.
2, Prcssupostox gerais
a. Além dos pressupostos processuais específicos, na instância de recurso mérito é favorável 11parte que seria benef'iciada com .0 preenchimento do
também devem estar preenchidos os pressupostos geral s. Quanto ao seu con- pressuposto que (eventualmente) falta. A aplicação deste critério conduz aos
trolo pelo tribunal de recurso, há que considerar duas situações. Esses pres- seguintes resultados: - se o autor tiver recorrido de uma decisão de irnpro-
supostos podem constituir o próprio objecto do recurso, isto é, airnpugnação cedência, o tribunal pode confirmar essa decisão, ainda que entenda que falta
pode incidirsobre uma decisão relativa a esses pressupostos (por exemplo; um pressuposto. processual favorável ao réu, mas não pode revogá-la exubstituí-
o tribunal de J" instância absolveu o réu da instância por ilegitimidade do autor "la por uma decisão condenatória sem verificar o preenchimento elos pres-
(ünOs 493", n" 2, c 494°, al. e»; o autor pode recorrer dessa decisão e suscitar supostos favoráveis ao demandado; - se o réu tiver interposto recurso de urna
a reâpreciação da legitimidade das partes no tribunal de reclIIso).Mas, ainda decisão de procedência..o tribunal ad q~tem pode tev()gá-lü,llie.si.'rlO que falte
que esses pressupostos não constituamo objecto elo recurso, o tribunal ad um jiressuposto Favorável ao réu, mas não pode confirnui-lusem o preen-
quem. pode sempre apreciar aqueles que forem de conhecimento oficioso chimento dos pressupcstqs favoráveis ao autor,
(cfr. art" 495°) e absolvero réu da instância com base na falta de qualquer deles A supressão da apreciação prévia dos. pressupostos processuais
(cfr, art° 493°, n° 2). Pode assim dizer-se que os pressupostos de conhecimento estabelecida no art" 28'8°, n° 3.2a parte, determina, em concreto, que, se o tri-
oficioso constituem um objecto implícito do recurso, porque o tribunal ad quem bunal recorrido tiver absolvido o réu do pedido e o tribunal superior verificar
pode npreciã-Ios em qualquer recurso. a falta de um pressuposto favorável a essa parte, nada o impede deconflrmar
Em qualquer destes casos, ou seja, tanto na hipótese em qUe::o objecto do aquela decisão de mérito, pois que não seria razoável absolver o ré li dü instância
recurso é um pressuposto processual geral, como na eventualidade e'11 que o com o fundamento de que não estã preenchido um pressuposto favorável a. essa
tribunalsupcriotpMe controlar um pressuposto de conhecimento oficioso, este mesma parte, Se, porexemplo, o tribunal verificaru falta de interesse pro-
tnbuna] hão deve ocupar-se desse pressupüstO se a decisão sobre o mérito puder cessual, mas entender que a decisão de absolvição do pedido deve ser
ser favorável à parte que benefici<jria cornoseu preenchimento: é a solução confirmada, deve manter esta decisão de improcedência. O mesmo vale para
imposta pelo art" 288°, n" 3 2' parte. É por isso que, se estiverem simul- o recurso de uma decisão de procedência interposto pelo réu na situação em
taneamente pendentes uma apelação relativa à decisão de mérito desfavorável que falta um pressuposto processual favorável ao autor: o tribunal nunca pode
no autor c um agravo relativo à decisão sobre os pressupostosprocessuais substituí-la por uma decisão de improcedência sem previamente se preencher
interposto pelo réu, o art" 710", n" J (aplicável à revista ex vi do art" 726°). esse pressuposto,
determina que este agravo só deva ser apreciado se a decisão sobre o mérito b, Se tiver sido interposto recurso de agravo de urna decisão.deahsolviçã«
r1.âofor confirmada. Suponha-se, por exemplo, que o réu agravou do despacho da instância proferida no tribunal de, ] "instância (çfl'.art° 733°) rege,em,
saneadorque reconheceu a legitimidade das partes (cfr. art" 733°) e que o autor princípio, o disposto no art" 753°, rio La Relaçãü só pode conhecer do mérito
apelou da decisão de improcedência da çüusa (cfr, art" 6910, na I); segundo o da causa se Yevogar a decisâo recorrtda, isto ~, se considerar que estão
disposto no art? 710°, na 1;. O tribunal ed quem só se ocupa do problema da preenchidos todos 0$ pressupostos processuais necessários para esse conhe-
legitimidade processual se a absolvição do pedido não for confirmada, o que cimento. Mas há que. entender que esse. conhecimento também épossfve] se o
mostra que a confirmação ele uma decisão de mérito favorável ao réu recorrido tribunal, nos termos do art" 288°, n" 3 2a parte, puder dispensar a apreciação
pretere (ou permite deixar em aberto) a análise daquele pressuposto processual. prévia do pressuposto processual, o que sucede sempre que a. decisão sobre ()
Se o rribunal tiver conhecido do mérito rla causa e se só tiver sido mérito possa 'ser favorável à parte cujos interesses seriam acautelados C(l!11 o
interposto recurso dessa decisão, há que averiguar em que. condições o tribu- preenchimento do pressuposto.
nal ad quem sé pode pronunciar sobre esse mérito (confirmando ou revogando O mesmo não pode ser afirmado quanto ao recurso de agravo-em
a decisão recorrida) se (altar um pressuposto processual geral. O critério con- 2a instância interposto da decisão de absolvição da instância proferida pela
tinua a ser, dado o abandono da apreciação prévia (los pressupostos processuais Relação (de art" 7550, na 1). Como O Supremo não se pode substituir ao
estabelecido no arr" 288.°, n" 3 2' parte, o ele averiguar se a decisão sobre o tribunal recorrido no conhecimento do. mérito (como resulta da exclusão do
art" 753 da remissão efectuada pelo ar t" 762°, n" I), aquele tribunal não pode
0
ImlJ/lgi/ilção das decisões 479
480 lmpugnação das decisões
espécie de recurso, pode entender-se que o tribunal peranteo qual foi interposto
e o patrocínio judiciário obrigatório do recorrente (art? 326• n° I, al. c)). Quanto
o recurso indevido deve mandar seguir os termos da reclamação apropriada
à possibilidade de o tribunal superior conhecer do mérito do recurso numa
(assim, RE - 9/l11l995, CJ 95/5, 282): obtém-se desta forma a sanação dessa
situação em que esses pressupostos não se encontram preenchidos, há que
falta de interesse processual.
verificar, segundo o critério subjacente à desnecessidade da apreciação prévia
dos pressupostos processuais estabelecida no. art" 288°, n" 3 2' parte, se aqueles b. A decisão recorrida pode ser tanto uma decisão final, CQ\1l0 uma
pressupusto« sâo disponíveis c, em caso afirmati vo, se a sua falta não prejudica decisão interlocutória. A recorribilidade das decisões interlocutórias apresenta
a parte que ·scria beneficiada com a sua verificação. vantagens e inconvenientes; ela revela-se útil, se o tribunal de recurso vier' a
Relativamente fi competência do tribunal superior. a competência mate- revogar a decisão recorrida, porque, nesse caso, a. irnpugnação permite evitar
rial e hierárquica são certamente indisponíveis. pelo que não é irnaginável que
as repercussões da decisão impugnada na acçãopendenje: mas .se ti tribunal
um tribunal material Ou hierarquicamente incompetente se possa pronunciar de recurso confirmar a decisão recorrida, o recurso pode contribuir parautrasar
sobre a procedência ou improcedência do recurso. Mas o mesmo não pode ser o andamento e decisão do processo. A adrnissibilidade do recurso das decisões
dito dacumpctência tcrritorial do tribunal ad quem: a parte protegida COm essa interlocutórias deve merecer, assim, alguma ponderação.
competência (que, aliás, só pode respeitar a uma das Relações) é certamente o
Q direito português não contém qualquer regime expresso sobre o recurso
recorrido, pelo que, ainda que esse tribunal não seja territorialmente com- das decisões interlocutórias. Mas Pode dizer-se que O prevê de uma formá
petente, nada impede que ele possasubstituir a remessa do recurso para o indirecta, pois que dessas decisões, quando recorríveis, cabe recurso deagravo
tribunal competente (artOs 111 ", n" j, e 114°,n° 2) por uma decisão sobre a em la (arr's 691° e 733°) Ou em 2" instância (arr's 721°, n? 1, c 754°, J1" I).
improcedência da impugnação. É, assim, na regulamentação do agravo que há que buscar as soluções que
Quanto ao patrocfnio judiciário obrigatório do recorrente (cfr. art" 32°,
procuram equilibrar as vantagens e os inconvenientes do recurso das decisões
u" I. al. c), há que verificarse o tribunal ad quem pode decidir sobre o mérito interlocutórias.
do recurso a favor dessa parte •. Se assim suceder, esse tribunal pede considerar Esse equilíbrio manifesta-se, desde logo, na exclusão de recurso para o
o recurso procedente e revogar a. decisão recorrida, pois que a falta de Supremo do acórdão confirmarório da Relação proferido.eem voto de vencido,
mandatário judicial em nada prejudicou a defesa dos interesses da parte. sobre uma decisão interlocutória (art" 754°, nOs 2 e 3). Essa busca de equilíbrio
também se pode observar no regime do momento de subida do agravo: sempre
llI. Recorribilidade da decisão que os agravos subam imediatamente (cfr. artOs 7340 e 756°). dá-se prevalência
às vantagens do recurso das decisões rnterlocutorias; pelo contrário. sempre que
I. A Ierição geral os agravos tenham subida diferida (cfr. art''s 735" e 757"), visa evitar-se as
desvantagens da recorribilidade dessas decisões.
a. A recorribilidade da decisão pressupõe o esgotamento de outras
eventuais formas de impugnação, corno é o caso da reclamação (cfr., .1'. g., c. A recorribil idade das decisões Inex istentes pode levantar algumas
dúvidas, podendo talvez pensar-se que, como esse vício obsta a que a decisão
í
posição de qualquer recurso. Mas, segundo parece, não é esta a melhor solução, dispêndio da actividade dos tribunais e abstrai-se da importância da decisão
É verdade que a sentença inexistente, se permanecer como tal, não pode para as partes (em especial, para o eventual recorrente) eda relevância dos
produzir quaisquer efeitos, mas importa verificar se o recurso pode ser urilizado fundamentos da sua impugnação. Assim, segundo esse critério, é comple-
para sanar esse vício .. Assim, se, por exemplo, a inexistência da decisão resulta tamente indiferente que o fundamento do recurso seja a violação de um
da falta de poder jurisdicional da entidade extrajudicial que a proferiu ou se princípio processual (como, por exemplo, oda igualdade das partes ou o do
a decisão não comporta qualquer conclusão, não é possível interpor qual- contraditório) ou a não aceitação pela decisão de uma jurisprudência constante.
quer recurso. Mas a inexistência proveniente, por exemplo, da pronúncia do
tribunal colectivo sobre factos que só podem ser provados por documentos
(cfr. art" 646°, nO 4) pode ser impugnada em recurso. 3. Valor dasucumbência
Quanto às decisões nulas da Relação (cír. art''s 663°, 716°, n° I, e 752° .•
n" 3). n50 há quaisquer dúvidas: - se a decisão recair sobre o mérito da causa, 3.1. Aspectos gerais
dela cabe recurso de revista como se a sentença não comportasse esse Vício.
isto é, a espécie do recurso não é afectadapela nu] idade da decisão recorrida a . Ainda que () valor da causa seja superior à alçada do uibunul que
(cfr. arte 722°, n° I); - qualquer que seja o conteúdo da decisão, dela cabe proferiu a decisão" o recurso não é adrnlssfvel seo valor da sucumbência do
agravo em 2" instância se o fundamento do recurso for exclusivamente a sua recorrente não exceder metade dessa alçada (art°67l:\°, n" I I" parte).
própria nulidade (cfr, art'ts 722°, n° 3, e 75SO, n" I. aI. a). Portanto. nos tribunais de í" instância, o valor da sucurnbência tem de exceder
250 contos e, na Relação, tem de ultrapassar 1000 contos (ctr. art° 200, n" I.
LOTJ). Assim, se, por exemplo, o autor pediu a condenação do réu no
2. Valor da causa pagamento de 5000 contos e o tribunal condenou em 4900 contos. o autor não
pode recorrer para tentar obter a condenação do réu na totalidade do montante,
A recorribilidade da decisão depende, relativamente ao valor, da con-
porque o valor da sucurnbência (100 contos) não lho permite: se.lio mesmo
jugação de dois factores: é i ndispensável que o valor dá causa seja superior à
exemplo, o tribunal de I' instância tiver condenado o réu eJ114500 contos, o
alçada do tribunal de que se recorre (sobre esta alçada. cfr. art" 20°, n" i, LOTJ)
autor pode recorrer para a Relação; mas desta não pode interpor recurso IX\1'tl
e, além disso. é necessário que o valor da sucumbência do recorrenteseja o Supremo.
superior II metade da alçada desse tribunal (art" 678", n° I I" pane). Assim, Por aplicação analõgica do disposto no art" 67l:\°, n? 3, há que entender
atendendo ao valor da causa. é sempre possível recorrer nos processos
que a decisão relativa ao valor da sucumbênclu é sempre rccorrlvelcom o
ordinários (cfr. art" 462'\ n" 1 la parte) e nunca o é nos processos sumaríssirnos
fundamento de que ela excede metade do valor da alçada do tribunal recorrido.
(clr. art" 462°, n° I 2a pane in finev; quanto aos processos sumários, os recursos
Se, por exemplo, a Relação considerar o recurso Inadrnissível porque o
só são adrnissíveis naqueles cujo valor exceder a alçada do tribunal recorrido
montante da sucurnbência não excede metade do valor da alçada do tribunal
(cfr. art" 462°, nOs I 2a parte e 2),
de I' instância, essa decisão é sempre recorrível.
As limitações à interposição do recurso em função do valor da causa e da sucurn-
b. Nem sempre é possível determinar o valor da sucumbência da parte.
bência da parte também condicionarn o recurso per saltum da I' instância para o Supremo:
cfr. art" 725", n" I. Tal impossibilidade verifica-se quando o autor formula um pedido 'ilfquido
(cfr, arfo 471°, n" 1. alas b) e cj), porque, neste caso, não se pode quuruificar o
Esta exclusão da recorribilidade pelo valor da causa encontra a sua prejuízo que. a parte teve com a decisão proferida. Nesta hipórcxc - estipula
justificação na proporcíonalidade entre aquele valor e a suficiência e adequação ° art" 678°, n" I 2' parte «, ovalor da sucurnbência é irrelevante para aferir a
da actividade dos tribunais. Nesta perspectiva abstracta e formal, parte-se do adrnissibilidude do recurso e esta rica dependente apenas do valor .da causa.
princípio de que as causas de maior valor são aquelas que justificam um maior Uma mesma impossibilidade de quantificar o valor da sucumbência. é
frequente nalguns incidentes, nominados ou inorninados. Assim, por exemplo,
/IIII'Ugl/lIÇ(/O das decisões 483
4R4 Impugnação das dcclsões
b. Em certas eventualidades, o recurso baseia-se em fundamentos c. Também se encontram situações em que. apesar de o valor da causu
absolutos, isto é,em fundamentos que tornam o recurso admissivel inde- ou da sucurnbência da parte permitir a interposição do recurso. ele está
pendenterncnre do . , valores da causa e da sucurnbência, Assim. é. sempre legalmente excluído. Assim, por exemplo, qualquer que seja o valor da causa.
admissfvel recurso das decisões proferidas contra jurisprudência uniformizada não é admissivel recursode agravo do acóulão da Relação que confirme, ainda
que por fundamento diverso mas sem voto de vencido, a decisão intcrlocutórin
IlI/pUlilla('üú das da;.wies 487
4HH lmpugnação das decisôes
n"· 5. ci'12 4"·. Também na legitimidade para recorrer se observa a ocrrclntividade que
caracteriza o Interesse processual (3XI. Se a uma. das partes for reconhecido um
interesse em recorrer. isto é"um interesse em obter a tutela decorrente da
IV. Legltimldade para recorrer procedência do recurso, à contraparte é automaticamente atribúido um interesse
em contradizer, ou seja, um interesse em evitar O prejuízo resultante daquela
procedência.
I. Necessidade de tutela
1.'''' Sobre. esta opção, clr.. por exemplo. Hiig}, Die Beschwer ais Rechtsmitrelvoruusxctzung im c. Sempre que o Ministério Público seja parte principal na acção
schweizerischcn und im dcutschen Zivilprozessrechr (Zürich 1975), 102 ss.: Rosenherg /5,.I1IF(lh/ (cfr. art" 5". n" I, LOMP), a sua legitimidade para recorrer afere-se, sem
/Colf'I'(/ld. Zivilprozessrccht I'; (Münchcn 1993). RIO -ss..
quaisquer especialidades, nos termos gerais. ALém disso, ao Ministério Público
I.<{" Ctr. Castro Mendes, DPC 111. 16; Ribeiro Méndó, Recurso; 2. 163.
,.17, Assim. por exemplo. H{(II,., Zur "Beschwcr" im Rechtsmiuelvcrfuhrcn des Zivilprozesscs. também incumbe recorrer sempre que a decisão seja efeito de conluio das partes
FS Fricdrich Lcnt (Müncheu I Berlirt 1957·); 5 ·s.; Bcttermann, Dic Beschwer ais Rechtsmittel-
voraussctzung im dcutschen Zivilprozeíl, ZZ!> 8'2. (1969 ,. 27.
Cfr, M. Tcixeira de
(.1X) S(lII.w .. As partes. o objecto e a prova 1It1 acção dcclarariv; (Lis.bt>a
1995), 98 s ..
r
no. sentido de fraudar a lei ou lenha sido proferida com violação de lei expressa
(art" ]°,11" 1, ul.i m), LOMP; cfr. art" 1102°; n° 2). b. O mesmo critério é.uplicável ao réu, sempre que este tenha formulado
um pedido principal c um pedido subsidiário e o tribunal só tenha reconhecido
No filllhi.{üdo recurso para () Tribunal Constltuciunal. n recurso do Ministério Público é este último. A situação verifica-se necessariamente sempre que li réu tenha
obrigutório sempre que o tnbunul » qlj(J tenha recusadoa aplicação de '"11a norma consuuue de
curnulado, na sua oposição, a defesa por irnpugnação. com a defesa por excep-
I.:0I1VCf'l4âü ·tntcJ'nacjonal~ de acro legislutivo ou de decreto regulamentar corn Jundurnento na sua
iucoustitucionnlidadc ou .ilegulidudc (art' 280", nÓ :L CRP: art" 7'2", n° 3. LTC; art" 3", n!>2,.
ção peremptória (cfr, art" 487°, n° 2), dado que esta última, que pressupõe a
LÜM'P), bem como quando esse tribunal tenha aplicado norma j,\ anteriormente julgadu aceitação dos factos articulados pelo autor, é subsidiária perante aquela primeira
inconstiruciunal ou ilegal pelo Tribunal Constitucional oupela Comissão Coustitucioual ou tenha (a excepção só pode ser procedente se a Impugnação forirnprocedcntc). Assim,
recusado a uplicução de norma constante de neto legixlurivn com fundnmento lia SWI conrraricds •.de há que reconhecer legitimidade, pata recorrer ao réu que foi absolvidodo pedido
com urna convenção internacional (lua tenhu aplicado em desconformidude.cont o anteriormente
com fundamento, não na inexistênoia ele qualquer vinculnção do réu perante o
decidido sobre a qucstüo [ido Tribunal Constitucional (art°·n°. n" ~. LTC).
autor, mas na excepção peremptória deduzi da,
Uma idêntica subsidiariedade também Sê pode verificar entre a defesa por
1.2. Lcgitimidudc formal c material .impugnação ou ,<1 invocação de uma excepção peremptória. e a dedução de um
pedido reconvencional. Admita-se que. o réu invocou o pagamento da dívida
.<L Em regra, a legitimidade material coincide com alegitirnidade formal,
alegadapelo autor e que, para ti hipótese de improcedência dessa excepção
dado que aparte prejudicada pela decisão é aquela que não obteve em jutzo
.peremptória, reconvencionoua compensação do crédito do autor COI1l um
aquilo que pediu 01.1 requereu. O arr" 680°,. n9 I, ao referir-se à parte, vencida,
contracrédiro próprio (cfr, art' 274Q, n° 2, al. b) J a parte): se II tribunal não
inculca que ~tlegitimidade ali recursum é aferida pela improcedência do pedido
aceitar aquele pagamento e declarar a extinção do crédito .do autor por
ou requerimento da parte. Assim, por exemplo, essa legitimidade 6 reconhecida
ccmpensação, o réu possui legitimidade parq rec;orret da decisão,
ao autor que pediu a condenação do réu no cumprimento de uma prestação e
A maior parte. dos casos agora em análise enquadra-se na legjtirrtidade t(d
que não a obteve; tem legitimidade para.recorrer o réu que invocou um direito
recursum relativa aos fundamentos da decisão que está .implicitamente
de retenção sobre a colsu reivindicada (cfr. art" 754~ CC) que não foi
'consagrada no art" 684°-A, n° 1. Sempre que o tribunal considera procedente
reconhecido pelo tribunal, tendo aquela parte sido condenada a restituir a coisa
o pedido formulado pela parte, mas só aceita o fundamento subsidiário
.litigjosa.
invecndo por ela, há que reconhecer a essa parte legitimidade para. interpor
Unja outra situação de coincidência entre a legitimidade formal ea
recurso (Clut6nOmo ou subordinado) daquela decisão. Diferente 6 a situação
material verifica-senos casos em que é pelo pedido formulado pela parte que
quando os Iundamentos são invocados como alternativos ouquando o autor
se afere se a decisão proferida lhe é desfavorável. É o que sucede se a parte
apresenta um concurso de pretensões: se Q. tribunal considera procedente o
formular um pedido principal e um pedido subsidiário (cfr, art" 469°, n" I) e o
pedido formulado com qualquer'dos fundamentos alrernativos invocados
tribunal apenas considerar procedente este último: a decisão só é desfavorável
pela parte, não lhe pode ser reconhecida qualquer legitimidade ad recursuin.
ti parte atendendo à improcedência do pedido principal. Suponha-se, por
A decisão que aceita um dos vários fundamentos alegados pela parte
exemplo, que o autor apresenta, como pedido principal, o reconhecimento c,ltl
corrcsponde Inteiramente ao seu pedido: o de o tribunal considerar a acção
propriedade sobre uma coisa e, como subsi(üário,asu3 declaração como
procedente, improcedente ou inadmissível com base em qualquer desses fun-
usufrutuário dessemesmo bem: o reconhecimento do autor como usufrutuário
damentos.
não é uma decisão que, em abstracto, lhe seja desfavorável; ela só o é. por
comparação como pedido principal (que é o de reconhecimento da propriedade
plena). Portanto, nesta hipótese, .a legitimidade (lei recursum é apreciada
1.3. Lcgi timidadematerial
simultaneamente pelo critérioformal (porque a decisão não corresponde ao
pedido principal) e material (porque, por esse motivo, não é a decisão mais. a. Nem sempre, contudo, a legitimidade formal coincide com a legiti-
favorável à parte). midade material. Em certas hipóteses, a legitimidade ad 1'('('1//'.1'11111 ê apreciada
exclusivamente pela legitimidade material. o que significa que é irrelevante
IIIIIitlgl1uçc70 das decisões 491
492 Impugnação das decisões
Pode ainda discutir-se se, neste caso, a parte, apesar de não poder
recorrer da sentença homologatória da confissão, desistência ou transacção previstos na legislação processual civil portuguesa corno recursos de repon-
(cfr.artO 300ó, n" 3) por motivos respeitantes ao mérito, pode impugná-la com deração. Mas a contradição .é aparente. O que está afastado é a possibilidade
fundamento na falta de Um pressuposto processual de conhecimento oficioso. de alegar factos novos, como fundamento do recurso e não a faculdade de
A resposta deve ser negativa. É certo que as partes não podem dispor desses invocar factos supervenierites que relevam para a aferição dos pressupostos
pressupostos processuais, mas, tal como o demonstra a renúncia ao recurso processuais (cfr, supra, § 5". I, :3.3.), nomeadamente aqueles que. constituem
(cfr. arr" Mil"), podem impedir o seu controlo por um tribunal superior, Uma uma causa de extinção da legitimidade para recorrer. Assim, se, por exemplo,
idêntica restrição surge quando o autor desiste do pedido, O réu O confessa ou depois de ·interpor o recurso, O réu realiza a prestação a que fora condenado
as partes celebram uma transacçâo(40). na decisão recorrida; esse recorrente perde o interesse ern recorrer e a instância
de recurso deve extinguir-sepor inutilidade superveulcrrte (cfr. art" 21\7°,
al, e}).
2, Adequação do recurso
-se, por exemplo, que () tribunal, em ver. de condenar o réu no pedido formulado verificar se alguma excepção dilatória obsta efectivamente ao conhecimento de
pelo autor, o absolve da instância; o autor pode recorrer invocando que o réu mérito da causa e só depois, caso tal não suceda, averiguar se o réu pode ser,
deveria ter sido condenado no pedido e o réu pode impugnar a decisão alegando como pretende o autor, condenado no pedido,
que deveria ter sido absolvido do pedido,
Mas. nexta hipótese, há que considerar uma especialidade. Se qualquer das Dada a dispensa da apreciação prévia dos pressupostos processuais que se encontra
estabelecida nas condições previstas no art" 2&8', n'.3 2' parte. o tribunal lIIi quem pode proferir
punes agravar da decisão de absolvição da instância, o art" 753°, n° I, determina uma decisão de absolvição do pedido-ainda que falte um pressuposto. favorável ao réu,
que a Relação. se entender que a tal nada obsta. pode apreciar o mérito da
causa. o que lhe permite proferir tanto uma condenação no pedido no recurso
interposto pelo réu, como uma absolvição do pedido na impugnação deduzida 3. Recurso subordinado
pelo autor. Portanto, () recorrido não necessita de recorrer para obter a decisão
de mérito Iavonivel que poderia alcançar num recurso próprio, embora com essa
3.1. Justificação
omissão prescindâ de invocar as suas razões e fundamentos. Esta situação
cOhstilui.assim, uma excepção à proibição dá re.fórriwtio in peius. Se ambas as partes ficarem vencidas numa mesma. decisão, cada urna delas
tem legitimidade para recorrer. Nesta eventualidade, pode suceder que cada
parte interponha recurso da decisão ou que nenhuma delas o faça, hipótese em
2. Recurso independente
que a decisão transita em julgado. Mas também pode acontecer que cada parte
A legitimidade recíproca atribui a cada uma das partes a possibilidade de reaja de modo distinto; uma delas conforma-Se com a decisão c não recorre; á
recorrer da. parcela da decisão que lhe é desfavorável. A interposição desse outra impugna-a através do recurso,
recurso pode ser realizada dentro do prazo e nos termos gerais: fala-se. então Nesta última hipótese, a justiça processual e a igualdade das partes
de recurso independente (art" 682°. nOs 1 2" parte e 2 la parte). Admita-se que, justi ficam que se admita queu parte, que inicialmente se conformara com a
numa acção de dívida, ó réu é condenadó em metade da quantia pretendida pelo decisão e que foi surpreendida coma interposição do recurso pela contraparte,
autor: cada parte (que é sií11Ultaneahlente vencedora e vencida) pode interpor possa, ela própria, interpor recurso da decisão, mesmo que já tenhadecorrido
um recurso, autónomo daquele que é interposto pela contraparte, no prazo geral o prazo geral dessa interposição (cfr. art° 685°~ n° I). A este recurso que é
(cfr., nOllleadamente. arr' 685°, n° I) e dentro dos condicionalismosgerais interposto depois da interposição do. recurso pela contraparte chama-se: recurso
(designadarnentc. quanto ao valor da sucurnbência da parte, art" 678°, n" I). subordinado (art° 682°, nO$ 1 2' parte e 2 2a parte).
Nesta situação, os recursos são autónomos entre. si, isto é, nenhum deles O recurso subordinado sempre dependente
é da subsistência e admis-
é influenciado pelas vicissitudes que afectem o outro. Se, por exemplo, uma sibilidade do recurso principal. É por isso que o recurso subordinado caduca
das partes desistir do recurso (cfr, art" 681°, n" 5), isso em nada contendo com sempre que o recorrente desista do recurso principal ou o tribunal nãopossa
a pendência do recurso interposto pelá outra, É evidente, no entanto, que, como tomar conhecimento do seu objecto (art° 682°, n" 3). Compreende-se queassim
ambos os recursos incidem sobre a mesma decisão (ainda que sobre partes seja: se o recurso subordinado só é interposto porque a contraparte recorreu
distintas dela'), a sua autonomia não pode permitir que o tribunal ad quem da decisão, ele não deve manter-se se o recurso principal não subsistir ou não
profira decisões divergcnte~ sobre aspectos comuns a ambos. Se. por exemplo, puder ser julgado. quanto ao seu mérito.
u causa de pedir invocadu na acção for um contrato celebrado entre as partes,
o tribunal superior não pode considerar, num dos recursos, que esse. contrato 3.2. Admissibilidade
é válido e, no outro, que ele é inválido.
Apesar da autonomia entre os recursos, pode suceder que exista lima a. Em regra, o recurso principal e o recurso subordinado só podem ser
determinada ordem na sua apreciação. Se, por exemplo, o réu for absolvido da interpostos da mesma decisão, ou melhor, de partes distintas de uma mesma
instância e ambas as partes recorrerem. o tribunal ad quem deve começar por decisão. Mas, segundo parece, nada obsta à admissibilidade da inrerposição
lmpugnaçiio das decisões 497
498 lmpugnuçõo das decisões
desses recursos quanto a decisões distintas, quando entre estas se verifique uma
relação de prejudicialidade, isto é, quando uma delas for prejudicial em relação contraparte recorre da fracção da mesma decisão que lhe é desfavorável: neste
ü outra. caso, deve admitir-se que, apesar da restrição inicial do recurso, a parte pode
Suponha-se, por exemplo, que o autor cumula o pedido de reconhecimento interpor recurso subordinado da parcela restante tia decisão que 1"0i impugnada
da propriedade sobre um imóvel e o pedido (dependente) de indemnização pela pela contraparte. Tal como a renúncia ao recurso não exclui () recurso subor-
ocupação indevida do imóvel e que o tribunal considera procedente aquele dinado, também a exclusão inicial do recurso não pode áfastá-Io se a contrapartc
primeiro e improcedente este último. Perante esta situação, ambas as partes impugna a mesma decisão.
podem recorrer: o autor pode impugnar a improcedência do pedido dependente
e o réu pode recorrer da. procedência do pedido prejudicial. Pode então per- c. O recurso subordinado deve ser interposto dentro dos 10 dias subse-
guntar-se se, caso algum destes recursos seja interposto, a parte recorrida pode quentes -à notificação do despacho que admite o recurso principal (art" 6X2°,
recorrer subordinadamente do pedido em que ficou venci da, isto é, se o réu n" 2 2a parte). Se o recurso for interposto depois do recurso da parte contrária,
pode interpor recurso subordinado da procedência do pedido prejudicial e o mas dentro do prazo normal da. suainterposição (cfr., nomeadamente, art" 685",
autor recorrer subordinadamente da improcedência do pedido dependente. n° I},é lima questão de interpretação da vontade da parte saber se () recurso é
A relação de prejudicialidade existente entre as decisões determina que, interposto como independente ou subordinado.
em caso de procedência de (apenas) um dos pedidos cumulados, se possa
considerar que se verifica não tanto a procedência ou improcedência de dois
objectos distintos, mas mais uma procedência ou improcedência parcial de um 3.3. Apreciação
objecto mais amplo. Esta circunstância justifica a admissibilidade da inter-
As decisões sobre o recurso principal e o recurso subordinado têm de ser
posição de um recurso subordinado relativo a um dos pedidos integrados numa
harmónicas e compatíveis, ou seja, não pode haver decisões contraditórias sobre.
relaçãc de prejudicialidade,
cada uma das parcelas da decisão que é impugnada em cada um desses recursos.
b. O recurso subordinado é admissível sempre que o for o recurso prin- Nesta matéria, a regra é a seguinte: o tribunal deve apreciar em conjunto (J
cipal, mesmo que o valor da sucurnbência da parte não exceda metade do valor recurso principal e o recurso subordinado. porque ambos têm os mesmos
da alçada do tribunal recorrido (art° 682°, n° 5). Assim, se, por exemplo, o autor fundamentos de procedência ou de improoedência, Admita-se, por exemplo, \.lHe
pedir a condenação do réu em 2500 contos, O tribunal de I' instância o condenar o autor pediu a cendenação do réu no pagamento de uma cena quantia
em 2300 contos e o demandado recorrer dessa decisão, o. autor pode recorrer pecuniária; o tribunal condena ° demandado apenas numufrucção desse
subordinadamente da absolvição do réu em 20D contos, apesar de este montante montante; cada parte pode recorrer do quantitativo em que foi vencida (que.
não exceder o valor legal da sucumbência (cfr. art° 678°, na J). Esta irrelevância quanto ao autor, é o que falta para a procedência total do pedido e, quanto ao
do montante da sucurnbência da parte para a admissibilidade do. recurso. réu, é o montante em que foi condenado); o tribunal deve conhecer con-
subordinado encontraa sua justificação em razões de justiça processual, pois juntamente do recurso subordinado e do recurso principal, pois que não pode
que, se uma das partes pode recorrer do aspecto da decisão que lhe é. dar provimento ao recurso do autor (isto é, condenar o réu na totalidade do
desfavorável, é compreensível que a outra possa solicitar a apreciação do montante) sem apreciar a excepção de pagamento invocada pelo demandado e
tribunal superior sobre a parcela restante do objecto do processo. não pode considerar procedente o recurso desta parte (e, portanto. absolvê-lo
Salvo declaração expressa em contrário, a renúncia ao recurso não. obsta do pedido quanto ao montante em que foi condenado) sem julgar improcedente
à interposição do recurso. subordinado (art° 682°, n° 4). Isto é: mesmo que a o recurso do autor (relativo ao quantitativo. em que o réu não fora condenado).
parte tenha renunciado ao recurso, tal não significa, em regra, a impossibilidade Se o autor cumular vários objectos que se encontram numa relação
de recorrer subordinadarnente da decisão. A esta hipótese deve equiparar-se de prejudicialidade ese for interposto um recurso subordinado, a ordem .de
aquela em que, havendo Várias decisões, o recorrente excluiu do recurso uma apreciação dos recursos pelo tribunal ad quem. deve observar aquela que é
decisão em que fora parcialmente vencido (cfr. art" 684°, n" 3), mas a imposta pela relação de prejudicial idade, Assim, mesmo queo pedido preju-
dicial tenha sido impugnado no recurso subordinado, é por este que deve
Impugnação das decisões 499
500 lmpugnução das decisões
beneficiar de uma decisão favorável, O que essa renúncia impede é que o não
recorrente possa assumir, nos casos em que a lei o prevê (art" 683°, rr's 4 (!.5), litisconsórcio voluntário, assenta realmente num Iitisconsórciounitarie entre
a posição de recorrente principal. aquelas partes,
Uma das situações .de aproveitamento do recurso interposto por um dos
litisconsortes decorre da chamada adesão ao recurso. que se encontra prevista
2.2. Casuismo
no art° 683°, n"2, al. a): o recurso interposto aproveita aos não recorrentes que,
a. O recurso interposto por uma das partes aproveita aos seus compartes na parte em que o interesse seja comum, dêem a sua adesão ao recurso. Esta
no caso de o litisconsórcioser necessário (art° 683°, n° I). Assim. além de ser adesão pode realizar-se por meio de requerimento QU de subscrição das
admissfvcl {I interposição do recurso por qualquer dos litisconsortcs, 9 seu alegações do recorrente até ao intcio dos vistos para julgamento (art" 683",
julgamento aproveita aos lirisconsortes não recorrentes. O mesmo regime vale .n° 3; sobre esses vistosvcfr. artOs 707°, rio I, 726"., 752°, n" 1. e 762°, n° I) e
pura a coligução necessária. com ela o interessado faz sua a actividade já exercida pelo recorrente e aquela
A regra estabclecida no art" 68.3°,n" 1. possui. no entanto, um âmbito de que este vier a exercer (art" 683°, n" 4· I" pane). Assim, por exemplo, um credor
aplicação mais restrito do que o seu sentldo literal. Com efeito, a decisão sobre ou um devedor conjunto pode aderir ao recurso interposto por um outro
o recurso interposto por um único dos litisconsortes necessdriosnãoaproveita credor ou devedor, o que lhe assegura poder vir .a beneficiar de uma decisão
sempre nos outros litisconsorres, pois que tal exp:!tisãQv~riflca-se. apenas na favorável ao recorrente.
medida do Jnteressc comum entre essas partes, Sé, )JQr exemplo, um dos A finalidade especifica da adesão ao recurso égarantiru extensão do caso
devedores conjuntos demandados invocar a compensação contra o autor julgado da decisão do tribunal superior numa situação em queo não recorrente
(clr. an"274°. h" 2. ul. b) I" parte) e recorrerda decisão desfavorável, a decisão não poderia beneficiar dela. Por isso, essa adesão só é possível na parte em
do tribunal superior não se estende. aos demais litisconsortes. Podem até queo interesse seja comum ao recorrente e ao aderente (urt" 683°. nó2, al. aj),
configurar-se. algun» casos em que, dada a oposição entre os Interesses dos pois que este aderente só pode beneficiar de uma decisão favorável se o
litisconsortcs, a regra do art" 6R3°., n" J. é necessariamente inaplicável: pense- fundamento desta lhe for extensível. Assim, por exemplo. um devedor conjunto
-se. por exemplo, no litisconsórcio necessário (natural, art" 28°, n" 2) entre os pode aderir ao recurso interposto por um outro devedor se o fundamento da
comproprietãrios na acção de divisão de coisa comum ena impossibilidadede irnpugnação BC relacionar com a constituiçãodo crédito, mas .não se for relari vo
Q recurso favorável a um deles beneficiar qualquer dos outros Iitiseonsorres à compensação invocada pelo devedor recerrentetque é uma excepçâopessoal).
(o que sucedeé que. pelo contrário, essa decisão prejudica esses litisconsortes). Corrtudo, mesmo que O fundamento do reqlt'sü sejacomüma todas as
Assim, para que, numa situação de Iitisoonsórcio necessário, se possa compartes, a adesãõ não é admissfvel ern relação à partcque renunciou <)0
verificar o aproveitamento pelas demais compartes do recurso interposto por recursotart" 681°, nOs. I é 2).
um dos litisconsortes, é indispensável que exista um interesse comum a todos Oaderenie pode passar, em qualquer momento, à posição de recorrente
eles. Noutros termos. o art" 683°, n" I. não se refere a lodo O Iitisconsórcio principal e exercer, nessa qualidade, actividade própria (art" 683", n° 42· parte);
necessário, mas apenas aquele que é. unitário. se o recorrente desistir do recurso (cfr. are 68 I 0, n° 5), o aderente deve ser
notificado dessa desistência para que possa seguir com (J recurso como
b. Não havendo Iitisconsórçio necessário em nãoexistindo mesmo qual- recorrente principal (art" 683°, n" 4 3" parte).
quer Iitisconsórcio entre as partes veneidas (como SUcede .se a. pluralidade for
A posição dos udcrentcs.uo recurso é idênticaà do recorrente principal. pelo que, se turcm
constituída por uma parte principal e uma parte acessória), os efeitos do recurso vencidos, suo IQdQS responsáveis pelas custas do processo: STJ "2011 <)<)4. EM.! 435, 710.
estendem-seàscompartes não recorrentes nas situações referidas no art? 6$3°,
n" 2. Também esta extensão pressupõe um interesse comum entre o recorrente c, Os efeitos do recurso também aproveitam àquele que tiver um interesse
e as compartes não recorrentes, pelo que o aproveitamento dos efeitos que depende essencialmente do interesse do recorrente (urt" 683", 11" 2, al. b).
da decisão do recurso prevista no art" 683°. n" 2, embora referenciada ao Esse sujeito pode ser umlttisconsorte do recorrente: suponha-se. por exemplo,
que a acção e
proposta contra o devedor e o fiador (cfr. aJt064ló., n° I, CC);
III/pllgnoçllo das decisões 503
504 lmpugnação das decisões
despejo instaurada contra o locatário (cfr. art" 335°, na I), O recurso interposto admite, excepto no caso de Iitisconsórcio necessário, que o recorrente exclua
por este aproveita àquela parte acessória (sobre a extensão do caso julgado ao do recurso, no requerimento de interposição, algum ou alguns dos vencedores.
assistente. cfr, art" 34.1"). . Portanto, na hipótese de litisconsôrcio voluntário, 'O recorrente pode restringir
o âmbito subjectivo do recurso a alguns dos litisconsortes vencedores. Con-
d. Por fim, os efeitos da decisão do tribunal de recurso estendem-se aos tudo, esta regra comporta importantes 'excepções no âmbito do litisconsórcio
devedores sol idtí"rios não recorrentes sempre que o fundamento da írnpugnaçâo unitário.
seja comum a. todos eles (art° 68)°, n? 2, alo cl). Dado que a dívida é solidária, Subjacente a todas elas está uma distinção entre <,IS hipóteses em que o
essa extensão é necessária para evitar que o credor possa exigir dos devedores objecto do 'recurso é divisívelpelos vários litisconsortes e em quê, por isso, ti
não recorrentes a totalidade do crédito, A mesma solução decorre do estabe- uma restrição subjectiva dos recorridos corresponde urna limitação objectiva
lecidono art" 522° Cc, porque qualquer devedor solidário - ainda que não tenha do recurso e aquelas em que esse objecto não divisível e essa dupfu restrição
é
sido demandado na acção- beneficia do caso julgado favorável a outro devedor. não é admissivel, Se, por exemplo, o credor demandar dois devedores conjuntos
e a acção for julgada improcedente; aquele autor pode excluir do recurso um
A doutrina tem defendido quê. nn caso di: solidariedude activa. a decisão do recursn daqueles devedores, porque pode restringi-ia ao montante pelo qual o recorrido
interposto por UI11 dos credores não se comunica. ao, outros credores que com ele tiverem é responsável. Mas essa exclusão não é admissfvel se [ai restrição objectiva não
proposto :í acção '~II. Esta posição não parece compatível COJl1 () disposto 110,,,'1" 53 I o cc. pois
for possível.
quc. se ocredornão demandante beneficia do casojutgudo fuvorável ao credordernundantc, não
'c percebepor que rnorivo esse benefício não se verifica se Q credor tiver proposto a acção, mas. É o que sucede, por exemplo, no caso de solidariedade, activa (lu passiva.
não tiver rccorridn U:l dcelsüo destuvorável, Suponha-se gue dois credores solidários instauraram conjuntamente a acção de
cobrança do crédito (cfr, art? 5 Ir, rio 2, CC) eobtiveram a condenuçãc do
e. Convém recapitular às eventualidades de extensão dos efeitos do devedor; se este recorrer da sua condenação, não pode excluir nenhum dos
recurso aos não recorrentes. Hã que distinguir essencialmente duas situações: credores dernandantes, porque não pode extinguir aquela solidariedade. Pela
- !1<lS hipóteses :de Iitisconsórcio necessário unitário (art" 683 na I), de depen- 0
, mesma impossibilidade de restringir o âmbito objecfivo do recurso 'através da
dência de interesse (art" 683°, na 2, al. bj) e de solidariedade (arr" 683°, n" 2, exclusão de um dos vencedores, o credor que propôs a acção contra o devedor
al. c)). essa extensão é automática, pelo que a decisão recorrida nunca transita e o fiador (cfr. art064 1°, na I, CC) não pode interpor recurso da decisão
em julgado relativamente às partes às quais for extensível o caso julgado da absolutória apenas contra um dos demandados. A regra é, portanto, a.seguinte:
decisão de recurso; - nas demais hipóteses de existência de um interesse a exclusão de uma parte vencedora não é possível quando entre os rcc(lrddos
cornum, a decisão recorrida só não transita em julgado quanto às partes que se constituir um litisconsórcio unitário.
aderirem ao recurso (art" 683°, na 2, al, aj).
b. Também nas situações em que existe uma relação de prejudicialidade
entre os pedidos' formulados por ou contra Os vários litisconsortes são impostas
,~II Cf •.. Custro Mcnth:», DPC 111, 26 n. 23: Riheiro·Mel/lh'.\": Recurscs ". 171 n. I: Noronlut algumas limitações quanto à restrição subjecri va do recurso. Nestes casOs,a
su-a,« Pluralidudc das partes na fase dos recursos em processo civil (Coirnbra 1981 l . parte pela qual ou contra a. qual foi formulado o pedido dependente nunca pode
.'iX s',.. ser a única recorrida, isto é, se o recorrente quiser recorrer contra essa parte
tem também de o fazer contra a parte que formula ou contra a qual é fonnulado
r r r f r
lmpugnação das decisões 505
506 IlI1{1ugnaçfio
-----"-
dos d{'ci,l'!les
o pedido prejudicial. Se, por exemplo, o autor pede contra um réu a anulação
ou a declaração de nulidade de um negócio e contra um outro a entrega da coisa VlI. Intervenção de terceiros
que foi objecto desse negócio é se o tribunal não considera procedente nenhum
dox pedidos, o aU1Q!" não pode dirigir o recurso apenas contraaquele último
réu, porque não se pode discutir o dever de entregatndependentemeure da ,I. Intervenção activa
validade daquele negócio. Se aqueles pedidos tiverem sido formulados por
doi, autores distintos e se ambos forem julgados procedentes, o réu não pode a. A intervenção de um terceiro que assume a posição de recorrente pode
recorrer apenas contra () autor do pedido de entrega da coisa, pois que aquele verificar-se numa das, seguintes modalidades: o terceiro pode intervir quer para
demandado não pode questionar esse dever e, simultaneamente, aceitar a se àssociãr.num recurso pendente, ao recorrente QU recorrentes" quer para .ele
invalidade do negócio, próprio interpor o recurso,
A intervenção de um terceiro cem a intenção de se a~$()çiar a Um
Este último exemplo merece 11111 esclarecimento suplementar. O que se afirma pressupõe recorrente não encontra qualquer previ são especffica na regulamentação
que o dcruandudo não 4 ucsti 011 li o dever de' entrega da coisa por um motivo independente da dos recursos, pelo que é necessário analisar o regime geral da iutervcn-
invalidudedo neg(kio, Por' exemplo: admita-se que o demandado aceita.a invalidadc do negócio, ção de, terceiros (art"s 320" a 359°). Dados os vários limites temporuis
rnus opi\c.c<HlIra o dever deentrega da coisa, um direito de retenção (cfr, art" 7540 CC): .neste
caso, esse réu pode discutir apenas com () autor do pedido de entrega da coisa a existência de
Impostos nas di versas modalidades desta intervenção (cfr.url°s 322", n° I
tuldireito de retenção. Mas isso é ~(ssiÍ1i,CXâc!ámeJ\te porque ti objecto do recurso é Independente 2" parte, 326°. n° 1, 329°, n° I, 331°, 342°, n'' 2, e 347"), elasó podeucou-
da relação de prcjudicialidudeenrre os pedidos formulados. tecer na modalidade de intervenção espontânea Jitiseonscreial (art"s 320°,
al, a), e 322°; n" I 1" parte) e de inletvençãó de assistente (arlOs 335", n' L e
c. As situaçücsde Iiti soonsércio recíproco (ou seja; as, eventualidade 336°, n° I l.
em qlle o Iinsconsórcio origina oposições recíprocas .entre osIitisconsortes)
também fogem à regra geral sobre a, plural idade de recorridos (cfr. art" 684", bvEspecífico da tramitação dos recursos é a udrnisxihilidade de um
n" I). Admita-se, por exemplo, que um dos comproprieráriosInstaura uma terceiro intervircom a finalidade, não de se associar uumrecorrente. mas de
acção de divisão de coisa comum contra os dois outros eornproprietãrios; ele próprio interpor O recurso, Essa, possibilidadeencontra-se prevista no
se um destes não ficar satisfeito coma divisão realizada pelo tribunal e art" 680°, n° 2, que define as condições em que é concedida legitimidade a
recorrer da deei!ião, o recurso devessr interpostocontra o autor da acção e o terceiros para recorrerernde uma decisão. Este terceiro que interpõe () recurso
outro réu, éalguém que, não sendo parte na causa, pOsSUI um interesse justificado na
O mesmo acontece nas situações de, cumulação subjectiva subsidiária impugnação da decisão réç(irrídlj, lJHISa sua imervenção nãü pode ser aÇ0I11-
pas~iVil( cfr. art" 31 ~-B}, Se o réu principalfor condenado, os recorridos devem panhada da, apresentação de qualqüernovo objecto (e, IlÚillçadal1Wlllç, de
ser tanto o autor, como o réu subsidiário; se for este a parte condenada, as qualquer 'novo pedido) na instância de recurso.
partes recorridas devem ser o autor e o réu principal. Isso éussirn, porque o Como o terceiro recorrente, não era parte na acção, a sua legitimidade
réu recorrente (o príncipal ou o subsidiário) está interessado em demonstrar que ad recursum. não pode ser aferidupelo critério formal (cfr, supra, IV, 1.1,),
nada deve ao autor, o que pode implicar a prova de que o verdadeiro devedor porque esse terceiro nada pedira ou requerera <Interiormente .. O urt" 680°, n° 2',
éo outro demandado. define ocrirério material pejo qual se afere a legitimidade para recorrer do
terceiro+exrexujeito tem de ser alguém que seja directa e efectivamente
d. Se os vencedores forem urna parte principal e a respectiva parte prejudicadn pela decisão, isto é,que seja abrangido pelo caso julgado de filha
acessória, também está sempre excluida a hipótese de o recurso ser interposto decisão que lhe seja desfavorável por afectar os seUs direitos PU ,intetesse~
contra esta parte acessória. A justificação desta inadmissibilidade é simples: é (cfr. STJ - 7/12/1993. BMJ 432. 298). Tal é o caso, por exemplo, da parte
que a parte acessória nunca pode tornar-se parte recorrida, seja, só ou acom- substituída, dado que esta é atingida pelo caso julgado da decisão proferida
panhada daparte principal. contra o substituto processual (cfr., 1'. g" art° 271°, n'' 3),e do sócio que
pretende recorrer da sentença que declara nula ou anula uma deliberação
lmpugnação das decisões 507
508 lmpugnação das decisões
social, porque também ele é abrangido pelo respectivo caso julgado (art" 6 í 0,
n° I, eSC). dere necessário à defesa do interesse público ou dos interesses da parte assistida
(art" 334°, n° 3).
Se () terceiro for () adquirente da coisa ou direitc litigioso. durante a pendência da causa
(cfr, art" 271 O). -ti sua .intervenção corno recorrente é uferida pelo critério do art" 680", n" 2. e
dispensa o incidente de habilitação, Mas. C0l110 o substituto processual e a parte substituída não 2. Intervenção passiva
podem permanecer conjunta c simultaneamente. na acção, a interposição de recurso pela, .parte
substituída implica a saída do substituto processual da causa. No procedimento ele recurso é admissível a inrervençâo púncipal Iiris-
consorcial espontânea de urnterceiroque vem ocupar a posição de recorrido
Podelmuginar-sea existência de vários terceiros directa e efectivamente (art°s 320°, al. a), e 322°, n" I), bélt1 corno a intervenção de urna parte <iéess.clri'l
prejudicados pelá decisão. Todos elespodem. interpor um único recurso, se do recorrido (art°s 335",no 1, e 336°, n" I). Apesar de adrnisxívei», estas
entre eles se puder configurar um litisconsórcio ou urna coligação (43). intervenções possuem, no entanto, pouca ou nenhuma expressãopratica, porque
elas só sé.justificam quando o caso julgado desfavorável Iorextcnsfve! a esses
c. Problema complexo é o que se refere à Influência da. interposição do terceiros.
recurso Pelo terceiro na posição das panes ttão recorrentes e, nomeadamente, Igualmente admissfve] é a intervenção do adquírenre da coisa Oll
no trâli~ito ern julgado da-decisão recorrida em relação Í:I. elas. Parece haver que direito litigioso, mediante habilitação, para ocupar ti posição do trans:miienle
distinguir i)UlIS situações, consoante O objecto do recurso seja subjectivamente (cfr. art°2}1 D, n" I injinev, que era. o seu substituto processual. Completamente
divisível ou indivisível, isto é, conforme o carácter simples ou. unitãrlo do precludida esta qualquer modalidade de intervenção provocada (cft,a{t"s3260,
Iitisconsórcio que se verificaria se o terceiro fosse comparte na acção, Neste nOI, 331°, n" I, e 347", n° I).
último case), o recurso interposto pelo terceiro aproveitanecessariamenteaos
não recõrrentes: se. por exemplo, um sócio não dernandante recorrer da 'sen-
tença que considerou lrnprocedentea acção de anulação ou de declaração de VIU. Competência dó tribunal ad quem
nulidade da deliberação social, o Caso julgado da decisão de, recurso não pode
deixar dese estender aos autoresnão recorrentes. No entanto, se o objecto do
I. Competência hierárquica
recurso for subjectivarnenre divisível, isto é, se asituação do terceiro recorrente
puder ser definida sem interferir na dos não recorrentes. a t1ecí~ãÇl de recurso
O~ recursos ordinárips são interpostos.rem regra, para o tribunal de hie-
só pode beneficiar estes últimos se, por .analogia com o disposto no art" 683°,
rarquia imediatamente superiorao tribunal recorrido. Assim, as Relações têm
n" 2, aLa). .elcsuderirem ao recurso interposto pelo terceiro.
competência hierárquica para conhecer dos recursos interpostos das decisões
proferidas pelos tribunais de la instância (art041°. n° I, al. a), LOT); l~n°710,
d. o afirmado quanto li intervenção de um terceiro que assume a posi-
n" 2) e o Supremo Tribunal de JU~liça é lnerarquicamentecootpereme para
ção de recorrente vale igualmente para a parte. acessória que recorre da
conhecer dosrecursos que são interpostos das decisões das Relações (urt" 28''.,
decisão (artÔ 680°. n" 2 111 fine). Mas quando esta parte for o Ministério n" 3, aI. a), LOTJ:. art" 72ó, n" 2 la parte).
Público. existe uma regra especial, que se justifica pela circunstância de
Em certos casos, admite-se um recurso per saituin da I a' instância para o
esse órgão, ao contrário do assistente particular, não cuidar de interesses
Supremo. Tal é possível quando, o valor da causa for superior ;1 alçada da
própriostcfr. art" 3'35°, n° I), ITÜl$ dos interessesgerais e da parteassistida
Relação (ar. art" 20°. n° I. LQTi) e as partes, nas suas alegações. suscitarem
(efr. art" 6° LOMP): êpqr isso que () MinistérioPúblico, quando intervém
apenas questões de direito e não houver agravos retidos que elevam subir
acessoriarnenle na acção, tem. legitimidade pata. recorrer, sempre que Q consi- imediatamente à Relação (art" 725°, n" I).
t~~! Assim. Noronha Silveiru, Pluralldade, 25 L Sobre as situações de impedimento do juiz espccfficas do tribunal de recurso, cfr. an" 122",
nO I. ,li", e) e 1).
J r r
J 11l11llglll/çdo das decisões 509
510 lmpugnação das decisões
2. Competência material
IX. Patrocínio judicíário
a. Segundo as regras de competência material, os recursos de decisões
proferidas no âmbito do processo civil são da competência da secção cível das
Relações (art°s 39°, n" ] ,e 4]°, n" l, al. a), LOTJ) e das secções cíveis do Nos recursos, o patrociniojudiciário é sempre obrigatório (art" :\2°, n" I.
Supremo (art''s 21°, n° I, e 28°, n° 3, aI. a), LOTJ). Isto significa que os tribunais aI. c); c fr. também art" 1409°, n° 4). Se O recnrrenterrão constituir advogado,
superiores funcionam sempre como tribunais de competência especializada. o tribunal, oficiosamente ou a requerimento da parte contrária, notificá-lo-á para,
o constituir dentro de prazo certo, sob pena de não ter seguimento o recurso
b. Relativamente à determinação do tribunal absolutamente competente (art" 33°). Se o vício afectar o recorrido, falta apenas um pressuposto de actos
para apreciar a acção, existe um desvio quanto ao tribunal que é materialmente processuais, cuja conseqüência é a ineficácia dos actos praticados por essa parte:
competente para conhecer do respectivo recurso. Se a Relação tiver julgado (art" 33°).
incompetente o tribunal judicial por a causa pertencer ao âmbito da jurisdição
administrativa e fiscal, o recurso destinado a fixar o tribunal competente
deve ser interposto, não para o Supremo, mas para o Tribunal dos Conflitos
(art" lO?", n" 2; cfr. STJ - 12/711994, BMJ 439, 254).
3. Competência territorial
PROCEDIMENTO DOS RECURSOS b. As especialidades dos recursos ordinários no processo sumário constam
ORDINÁRIOS do art" 792°, aplicando-se a esses recursos, em tudo o mais, o regime esta-
belecido para o processo ordinário (art" 463°, n° I). No processo sumaríssimo.
sempre que seja admissível recurso ordinário nos termos do art" 678°, n° 2, cabe,
recurso de agravo em Ia. instância (art" 800 0
);nas outras situações em que o
§ 7".
recurso seja admissivel independentemente do valor da causa (o que sucede nos
casos referidos no art" 67.80, n"s 5 e 6), a espécie do recurso determina-se nos
Fases do procedimento termos gerais e, se O recurso adequado for a apelação, aplica-se-lhe, por força
da remissão efectuada pelo art° 463°, n° I, as especial idades previstas no
art" 792°,
I. Enunciado
c. Nos processos especiais aplica-se, em matéria de recursos ordi-
AU'amitação dos recursos ordinários comporta as seguintes fases: fase da nários, o regime previsto para o processo sumário (art" 463°, na 3 proérnio:
interposição. fase da expedição, fase da preparação do julgamento e, por fim, cfrvart" 792°). Esta regra comporta, contudo, as seguintes exc-epções: '. se o
fase do julgamento. valor da causa excedera alçada da Relação (cfr.vart'' 200, n? L, LOTl), são
admissíveis recursos para O Supremo como em processo ordinário (art? 463 0
,
Relativamente i, versão do Código de Processo Civil anterior aos Decretos-Leis n° 3, aI. aj); - se, por forçada lei, se seguirem, a partir de certo momento, os
n"s :i2lJ-A/95. de 12112. e I X0/96. de 25/9. a tramitução actual dos recursos ordinários apresenta
termos- do processo ordinário (cfr. artOs 952°, n" I; 1017", n° 1.1029", n" 1,
lima diferença significativa quanto ao momento das alegações das partes. Enquanto naquela
versão. a~ alcgayilcs dos recursos de apelação e de revista eram apresentadas. em regra. no 1030°, n" J, 1071 o,n° 1, 10880, n° I, lI08°, na 3, 11320, n"3, 1387°,. nO2, 1408°,
tribunal ad '11/('11I (cfr. art"s 6\)lJ". n" I. 705 e 725 CPC/61).
0 0
na nova versão, as alegações na 1, e 1417"-A), aplica-se i.ntegralmente o regime de recursos deste processo
são sempre apresentadas no tribunal (( '1"0 (cfr. an''s 69Xo. n" 2. 726°. 749" e 762°. n" I l. (art? 463°, n" 3, al. h)),
Conscqucntcmcutc. na nova trumitucão dos recursos. ordinários. as alegações não constituem. em
si mesmas. qualquer fase autrinoma.
§ 8°.
11. Regulamentação legal
n. Interposição do recurso
2. Prazo
efectuar (art" 667", 11° 2 2" parte): este recurso deve ser interposto no prazo
definido no art" 685°. n" L c. Se nada obstar ao recebimento do requerimento de interpcsição do
recurso e se não houver que o converter naquele que for o adequado, o recurso
c. O prazo de interposição do recurso subordinado -isto é, do recurso que interposto é admitido pejo tribunal aquo, Este despacho de admissãorrão é
é interposto pela parte recorrida - é de la dias a Contar da notificação do vinculativo para o tribunal superior (art" 68T, n" 4), no qual o relator
despacho .que admite o recurso da parte contrária (art" 682°, n° 2), pode voltar a apreciar essa mesma matéria (clr. art°s 7000, n° I, al. b), e
701°).
Quanto à determinação pelo tribunal a quo dos efeitos da interposição do
IH. Despacho Iiminar recurso (ou seja, quanto à indicação do efeito suspensivo ou devolutivo
produzido por essa interposição), há que considerar cada uma das espécies de
recursos ordinários: - na apelação Interposta em processo ordinário, () tribunal
I. Conteúdo
nada declara, porque esse recurso possui, em princípio, efeito suspensivo
a. Sobrc .o requerimento de interposiçüo de 'recurso recai um despacho (art" 692°, n° I) e o efeito devolurivo só é atribuído mediante requerimento do
liminar do tribunal (( <//10. E,~se despacho pode ser de indefcrirnento, de recorrido (art°s 692°, n" '2, e 693°, n° I): - na apelação interposta em processo
conversão ou de admissão do recurso interposto. sumário ou sumarfssimo e nos processos especiais (cfr, art" 46j6, nOs fé 3). o
Além destas funções. uo despacho lirninar pode ainda ser atribuída uma tribunal deve declarar o efeito devolutivo ou suspensivo (att0791°)~ - na revista,
outra: se Os ausentes, incapazes ou incertos não puderem ser representados o tribunal deve indicar oficiosamente o efeito suspensivo ou devolutivodo
pelo Ministério Público - porque este representa a parte contrária (cfr. art" 16°, recurso (cfr, art" 724°, n° 2); - nos agravos. deve declarar-se não só o efeito
n" 2) ()U porque II representante legal daqueles se opõe a essa representação do recurso.unas também se ele sobe imediata. ou diferidamente e. no primeiro
(art" 5<>; n° :lo LOMP) -. cabe ao juiz solicitar ao Conselho Distrital da Ordem caso, sé sobe nO!5próprios autos Ou em separado (art°s 741" e 759°).. O efeito
dos Advogados. 110 despacho. que defira O requerimento dc interposição do do agravo é definido pelos arr's 7409 e 758°, o momento da sua subida é
recurso. a nomeação de udvogado que os represente (art" 698°, n:~ I). Esta determinado pelas re!?ras queconstamdos aflos 734°; 735", 756° e 757" e o
nomeação torna-se necessária, dado que 1)OS recursos opatrocínio judiciário é modo dessa subida rege-se pelas regras dos art°s 736° a 739°, 756°c 757°
sempre obrigutório (te,", art" 320, n° I. ,11. c»). (cfr. infra, § 9°. HI. 3. e 5., IV. 3. e 5.).
o despacho que admireo recurso e lhe Iixa o efeito- não tem de ser Iundumcntudo:
RP -1'lfllI9lJ5, CJ 0511.236. 2. Irnpugnação
b. O requerimento de interposição deve ser indeferido quando a decisão a. O despacho lirninar do tribunal« quo é susceptível de ser impugnado.
recorrida não admita recurso. este tenha sido interposto fora de tempo ou o O regime desta impugnação é, no entanto, distinto consoante o conteúdo desse
requerente não tenha legitimidade para recorrer (art" 687°. n? 3 I a parte). Mas despacho.
se tiver havido erro na espécie de recurso - isto é, se o recorrente tiverindicado
um recurso diferente daquele que é o adequado -, o tribunal deve convertê-lo b. Do despacho que não admita o recurso ou que o retenha (isto é, que
no recurso que considere ..ser o apropriado (art" 687°, n" 3 2" parte), não aceite a sua subida .imediata), pode o recorrente reclamar parao presidente
O art° 687°, n" I. exige que ü recorrente indique a espécie de recurso. mas do tribunal que seria cornpetente para conhecer do recurso (art" 688°, n° 1).
h,\d~1se prevê quanto às consequências da falta dessa indicação. Parece dever Portanto, se o recurso for interposto de uma decisão de I instância, a
A
entender-se quc, por aplicação analógica do disposto no art" 687", n° 3 2" parte, reclamação é dirigida ao presidente da Relação que seria competente para o
o tribunal deve suprir essa falta do recorrente. e determinar a espécie adequada apreciar; se o recurso for interposto de um acórdão da Relação, a reclamação
de rec LI rso. deve ser dirigida ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça. Se, em vez
de reclamar, a parte interpuser recurso do despacho de indeferimento ou de
r {" r r
lmpugnação das decisões 517
518 /1IIp.l.lgl/açüo dos decisões
cír. art" 725°. n" 4. ou, se houver resposta da corrrrúparte. no prazo de S dias contados .dusuu
apresentação (art 24°, n° 2, ce1).. As consequências
Ó
do não pagamento dessa
A reclamação deve ser apresentada na secretaria do tribunal recorrido, taxa constam do art" 28° CCJ e. na hipótese de subsistência do incumprimento,
dentro de 10 dias a contar da notificação do despacho que não admitiu .ou que do art" 14°, n'' 2, PL 329-A/95, de 12/12. Importa ter presente que () valor dos
reteve o recurso> devendo O recorrente expor as razões que justificam a recurso', para efeito de custas é o da sucumbência. sempre !jue esta seja
admissão ou a subida imediata do recurso e indicar as peças de que pretende dcterrni uável (art" I 1° CCJ l, e que essa taxa de justiça é de um quarto da devida
certidão (urt" 688'" n" 2). A reclamação é autuada por apenso e apresentada logo a final (art" 23°, n° I, ccii
a qual, nos recursos, é, em regra, metade da
ao juiz ou ao relator do tribunal a quo, que pode reparar ou manter o despacho constante da tabela (art" J 8 n" 2. CCJ).
Q
,
c. O despacho que admita o recurso, fixe a sua espécie (como apelação, 1.2. Processo ordinário
revista ou agravo) ou determine o efeito que lhe compete (efeito suspensivo
a. Em processo ordinário, a apelação produz, em regra, efeito suspensivo
ou devolutivo) só pode ser impugnado nas alegações dás partes (art" 6Hr,
(art° 692°. n" I), pelo que a parte vencedora não pode executar a decisão
n° 4).
recorrida durante a pendência do recurso. Mas esta parte não tem de se
conformar sempre com esse efeito suspcnsivo e com a inadrnisxlhihdadc dessa
lillllUglia("l7u das decisôes 519
520 lmpugnução das decisões
execução. pois que. em certos casos, pode requerer. nos 10 dias subsequentes
à notificação do despacho que admita a apelação (cfr. art" 687°, J1° 3). que lhe à instauração da execução se oferecer uma caução que "Cubra os prejuÍczos
seja atribuído efeito devolutivo (arr's 692", lio2 proémi~),e 693", nOI )...Perante eventualmente causados ao apelado pela falta de execução imediata da decisão.
e!ise requerimento, o tribunal (I quo deveouvir oapelante (arr? 694°. n° I), Se a parte vencedora tiver obtido a concessão do efeito devolutivoese, na
decidindo em seguida sobre o efeito a atribuir à apelação. O apelante só pode sequência disso, ela tiver instaurado a correspondente execução, ao apelante
reagir contra a atribuição do efeito devolutivo nas alegações (art" 694". n° 2; resta ainda a possibilidade de obter a sua suspensão através da prestação de
cfr. art" 69R". n° 2). o que significa. que contra ela não é admisstvel nem uma caução (art" 47", n" 4). A cauçãn püOt; sei' prestada por meio de deposito
rcclnrnaçâo. nern recurso autónomo, em dinheiro, títulos de crédito, pedras oumetais preciosos, pu por penhor.
O apcladntisto é. u parte vencedora) pode requerer que àdecisão recorrida hipoteca ou fiança bancária (art" 623°, nO I, ÇC) e O respectivo procedimento
seja concedido O efeito devolutivo nos seguintes casos: - quando a sentença encontra-se, regulado no art° 988°.
se funde em escrito assinado pelo réu (art0692". n" 1, al. a». mesmo que seja
Se Q, réu tiver sidocondenado nurna quantia líquida c no que se vier aliquidur em CJ(eclrçtló
um título executivo que retire o interesseprocessual Ü eS$n parte (cfr. ar!" 449°,
de sentença (cfr. art" tí61 ", '~. 2),. o valor da caução que- 'essa parte deve prestaré apenas r)
n" 2. ai. c»; - quando a sentença ordene demolições, reparações ou outras equivalente ao montante da quantia líquida: RL - 14/2/1996, CJ 96/ i; 171, Mas se a parte tiver
providências urgentes (art° 692°, .n° 2, aI. bj); - quando a decisão arbitre si. do' condenada em juros. a caução: deve 'incluir aqueles quese vencerem até ir. data da xua
alimentos, fixe ;\ contribuição do cônjuge para as despesas domésticas ou prestução: RL -, 12/111994. CJ 94/1. HiO. A caução deve ser prestada sem coudiçôes, de modo
u poderser executada irnediatamcme: I{L - 26/10/1994. CJ 94/4. 172.
çondene em htdemnizaçao cuja satisfação seja essencial para garantirosustento
Ou habitação do .lesado {art" 692", n" 2. al, cj): - finalmente. quando a suspensão C. Em v.ez de requerer a atribuição de efeito .devolutivo ü apelação
da execução di} decisão recorrida seja. susceptível de causar ao apelado prejuízo (cfr. art"s 692°, n° 2 proérnio, e 693°, nOI) ou se não puder obter zsse
considerável (art" 692°. nOl. aI. d) ia parte), o quê. contudo. não é o caso efeito, o apelado pode, nos lermos do art" 693°, n° 2, requerer, nos 10 dias
quando os danos resultantes do retardamento da execução da sentença se $~Ibseql.leritesà notificação do despacho que admita aapeluçãc (cJr.artO 687".
encontramdcvidnmente acautelados com acondcnsção do devedor 005 res- n" 3) ou que Yecuse a atribuição do efeito devoluti V~). que (1 apelante
pcctivos juros legais (RP - 25/6/1980, BMJ 298. 3(5). prestecaução, excepto s~ O crédito já. estiver garantido por hipoteca judicial
A justificação para a atribuição de efeito devolutivo à apelaçãonestas (cfr. art'' 710°,11° I, CC). ISJo é. o apelado, mesmo que não possa obter aquele
situüÇÔés encontra-se quer num fundamento da decisão que indicia, com efeito devolutivo (porque (ião ~(! encontra preenchida nenhuma dashipóteses
grul1dêprübahilidade,a procedência da acção (art? 692°, n° 2, al, a). quern» previstas no, art" 692°, n° 2). pode garantir, através decnu~iío requerida ao
urgência da. execução e da satisfação dos interesses do apelado (art" 692", recorrente, o direito reconhecido na decisão impugnada. O procedimento. da
n" 2, al"s b), <:') c d). Mas como, em todo o caso, se trata da execução de uma prestação desta caução encontra-se regulado, por força da remissão doart" 990°.
decisão impugnada e. portanto, de urna.execução provisória, o apelado (isto é, nosart"s 98 J ó .<1 987~..
o exequcnte) nunca pode ser pago sem prestar caução (art" 47" .. n° ). Com a
prestação desta caução visa-se evitar que, na hipótese de a decisão executada Rcqucrlda e obtida' a caução pelo apeludo nos termos do ,arrQ 69J", n" 2. () recorrente p\l!l~
obter ti SlW extinção -se for absolvido nu 2' 'instãncia. embora da decisão haja recurso para o
vir li ser revogada no recurso dela interposto. o exequente, que foi pago pelo
Suprcmot S'T! - JOI.I Jlt99:1, CJlS 9JI3. 115: a doutrinu adequada purecexcr a contrãriu (ali!!s
crédito exequcndo, nãotenha meios para restituir ao apelante executado o que defendida no voto de vencido do Cons, Figueired» di' Smwl): essa caução é, independente do
recebeu indevidamenje, efeuo devolutivouu suspensivo di) recurso interposto, pelo que nãusc Ihc deve apliearu
regi'Q'c do :arl' 47". n"2, 2' parte. e. PQr .isso, ela. deve manter-se até ao prolcrimcnio du.decisão
b, Perante a concessão dó efeito devolutivo. à decisão apelada, o apelante definitiva,
pode reagir de duas maneiras distintas, Ele pode evitar a execução imediata da
decisão com fundamento 110S prejuízos consideráveis causados à parte
1.3, Processosumário
vencedora se, quando for ouvido (cfr. art" 694°, n" I), se mostrar disposto a
prestar caução (an" 692", n" 2, al. d) 2a partej.Tst« é, <) recorrente pode obstar a. A apelação interposta em processo sumário tem eleito devolutivo.
excepto se a decisão decretar a restituição do prédio com base na invalidado
r r r r f', r r r r r r r r r
foi reconhecido na decisão recorrida através da prestaçãode caução pelo o agravo ela deci$ão que manda cancelar os registes dos direitos reais que
apelante, eaducarncorn a venda executiva (art" 888°); • agravos a que li lei atribua
hnpugnução das decisões 523
524 lmpugnação das decisões
expressamente O efeito suspcnsivo (art" 740", rio 2, .11. e); cfr., I'. g .• art"s 154",
n" 6. c IR6°. li" l)~ - finalmente, agravos a que o juiz fixe o efeito suspensivo Durante a pendência da revista, quando esta não tenhu xuspenso a
mediante solicitação d(j agravante no requerimento de interposição do recurso execução Instaurada ou a execução tenha sido proposta usando. como. título
por reconhecer. depois de ouvir o agravado. que a execução imediata do executivo o. acórdão da Relação, o. exequente não pode ser pago sem a prestação.
despacho é susceptível .de causar ao agravante prejuízo irreparávcl Oll de. difícil de caução (art" 47°, n" 3). Durante essa pendênç'ia,o recorrente (ou seja. o
reparação (art? 74()". nOs 2, aI. d), e 3). Nesta última hipótese e nas condições executado) pode obier a suspensão da execução através du prestação de uma
referidas, os interesses do agravante (e possível executado) prevalecem sobre caução li favor dó recorrido (art" 47°, n" 4).
os do agravado te eventual exequente).
c. Ao ci)i)trlÍI'io do l(PC sucede na apelação e com excepção ela. situação 4. Agravo. em 2" instância
prevista no ãrt" 74{)",./lOs 1. ul, d). e 3, a fixação do efeito do agravo ê realizada
Quanto ao efeito da interposição do agravo. em 2" instância, importa
oficiosamente pelo tribunal nopróprio despacho llrninar (art" 741" 2a parte).
distinguir entre os agravos que são interpostos de lima decisão da qual. se não
As partes podem reagir nas alegações contr» à fixação desse efeito pelo tribu-
fosse o fundamento exclusivamente processual invocado pelo recorrente,
nalícfr. an" 743°, nOs J e 2).
caberia revista (cfr. árt"s 721°, n° I, e 755°, n° I) e todos OS demais. Quanto
àqueles primeiros, compreende-se que o seu regime seja semelhante ao da
Em .ccrroscuso«, H I~i IIXtH.::Xr"rcssaIl1Cllte·o eleito devolutivo ao agravn em 1:\ instânciu:
clr. J 1:'. O") J.. c 1)53u• n" :L
~Iri~~
revista: só têm efeito suspensivoem questões sobre :o estado. das pessoas
(art" 7:58°., n° 2), pelo que, quando a decisão impugnada tiver carácter patti-
monial, ela é Imediatamente exequível (art" 47°,no i). Quanto ,lOS últimos, o
3. Revista seu regime é decalcado da regulamentação sopre o agravo em I a instância
(art" 758°, .n° I; cfr.art" 740°).
A revista só tem efeito suspenxivo em questões sobre..o estado ,d,IS
pessoas' (;,rtO 7230) -como é, por exemplo, uma acção de divórcio ou de
investigaçâo de paternidade -. O que significa que, na generalidade das V~ Alegações
acçõex patrit'l)oniais,. a revista, possui efeito devoluti vo, Assi m, por exemplo,
a. revistu jnterpostu do acórdii<)da Relação que conheceu do estado de
fulênciu tem efeito meramente devolutivo (Assent(J/STJ- 291411992, DR, I. Aspectos corrnrns
l-A - I 1/6/1992).
Compreende-se. que asstrn deva ser. Sempre que a Rel:lçuo tenha
1.1. Generalidades
confirmado a sentença recorrida, a revista é o segundo recurso interposto de
unia decisãp com {) mesmo conteúdo. pelo que. apesar de ti apelaçãoter, ern a. O recorrente deve apresentar, sob pena de deserção do recurso, urna
regru. efeito.suspensivo (cfr. art" 692°, n? IJ,nã'o sejustifica continuar a obstar alegação na qual indique-os fundamentos por' que pede a alteração ou a
à execução deumudccisão que foi confirmada pela Relação. Em contrapurtida, anulação da decisão récorcida (arfo 690°,n03 I e 3; sobre essa deserção,
se o ucórdão da Relação revogou a sentença da J' instância, O efeito devolurivo cfr, também art" 29lo, n" 2). O .Ministério Públicoestá dispensado deste ónus
da revista significa que os efeitos dessa decisão se repercutem imediatamente de alegação quando recorra por imposição da lei (art" 69()O" n" 6), porque, nesse
na execução instaurada com base riaqueh; sentençu: como os efeitos daquela caso, não lhe é ex igível que encontre sempre razões de discordância perante a
decisão rcvogutóriu são contrários 'aos da sentença executada. o urt" 47". n" 2 decisão proferida.
2u parte, i 111 põe a suspensão (se a revogação for total) ou modificação (se esta
for parcial) da execução pendente. Sendo interposto agravo dC'lIlTI acórdão da Relação c juntu ao requerimento de iuterposição
unru peça processual em que se dãopor inteiramente reproduzidas as alegaçõe» proferidnx pcrunrc
{ r 1- f r r r r r
lmpugnação das decisões 525
526 Impllgl1açc7o .t!_l_l.\_'
_d_l'_c_i._I'l_'(_"\_· ~
a Rdüção, ri Supremo não pode; conhecer do recurso. se, dentro do prazo concedido à pane. !)
recorrente nüouprcscnrur qualquer alegação. nem requerer que seja aproveitada alegação junta
em qualquer outra fase: STJ - 31/1 Ol1.989, 3MJ 390, 387. Sobre oprazo de apresentação das
na determinação da norma aplicável, a norma jundicaquedcvia ler sido
ulcguções, de Cill1:<70 da Silv«. Prazos para entrega de processo confiado e de alegações-de aplicada (art" 690°, nO 2, aLe». A especificação dos fundamentos do recurso
recurso, CJ95/1. 9 5S,. pelo recorrente destina-se a delimitar o seuobjecto (cfr. art" 684°, n" 3)e é
expre~sITo do dever de litigânçia de boa fê, em especial da proibição de dedução
A deserção do recurso por falta dealegações do recorrente julgada é de pedido cuja falta de. fundamento não podia ser ignorado pela parte (art? 4566,
pelo juiza quo (artÓ 690", O" 3J,que pode ser o relator da Relação (7000, n° I, n" 2, ai. a».
al. e)),. caso em que,$e oreçqçrente quiser irnpugnar essa decisão, deve Se as conclusões faltarem, forem deficientes, ob!:icur<í~,complexas ou se
reqOerer, nos termes do art" 700°, n° 3, que a conferência se pronuncie sobre delas não constarem as especificações exigidos pela lei, o relator do tribunal
a rll<líêria(cfr. STJ "7/6/19H3, BM] 328,51.1). superior deve convidar o recorrente a apresentá-Iaxcompletti-las, esclarecê-las
ousintetizã-las, sob pena de não se conhecer do recurso na parte afectada
b. As partes devem realizar o pagamento da taxa de justiça Inicialno (art°s 69(J', nO 4 ]·partê, '700°, n~l, ai. b) 2" parte, e 701°, n" 1). A iniciativa
prazo de 10 dias a contar da apresentação das alegações e, nescasos de recírrsos do cónv.ite ao aperfeiçoamento das41eg4Ções tambêin pode pertencer a qualquer
com subida diferida, da sua apresentação no recurso dominante ou da dcsjuizes-adjurnos (art" 690.0, 1i 4 2a parte), Apresentadas as tlOvüs(\legaçô.(;~,
0
declaração dointeresserta subida do recurso retido (art" 24", n° I, al, c), CCl). o recorrido é notificado para responder no prazo de 10 dias ,lO adiiarnerrto pu
Essa taxa tê, em princípio, igual a um quarto da devida a final (art'' 23°, n° J, esclarecimento do recorrente (art°690°, n" 5),
CCJ), que, por sua vez, metade da constante da tabela (art° 18°, n° 2, CCJ).
é
O valor dOS recursos para efeito de custas é: o da sucumbência.iquando esta o recorrente. convidado a complctur asconclusões (la xua úlegt\ção, n~(f[lq(leaJlr~se.lita(
for determlnãvel (artOllO CCJ); se o não for; o valor do recurso é o da nova ükgtlçãü que cxorbite doâmbiro daanterior: STJ 10/1 1i19K9. 13M! 39 L 3\10.
respectiva cnusatsobre o valor da causa para efeito de custas, cfr, arr's Só, 6°,
7°, J O"e J 2° CCJ). As concl usões dasalegações podem ainda padecer de um outro vício: essus
Se alguma das partes não pagar aquela taxa de justiça, a secretaria conclusô.espodern extravasar das razões invocadas no corpo das alegações. isto
notifica-H para, em 5 di.as,ptoéeder ao ~eu pagamenlo,comacrésdrno de é, podemnão ter {]ualqucrcorrespondência com o afirmado nessa parte. das
unia taxa SanCiOnl\tqria de rgual mojrtante, mas nãoinferior a I DC nem supe- alegaçõe&,CQlno () art" 690", n" 4, só prevê, a. bot'recçITo das pníprias conclusõe«
rior a 5 UC (an° 28° CCJ), Se, após esta notificação, a parte permanecer (e não d<t Parte di;lalegaçõe.s que a antecede). e corno aquele v(ciq s6seria
in4dimplente,o juiz aplica-lhe uma multa entre um triplo e um décuplo da corrigido mediante a ampliação destas alegações, p,lfece dever: entender-se que
quantia em dívida, desde que não exceda 20 UC (art" 14°, n'' 2, DL 329-A/95, o recorrente não podeser convidado a al11plilHas e que não se considera
de 12/12). impugnada a parte respectiva da decisão recorrida (çtr, STJ - 21I1 O/I YY3,
CJtS 93/}, 81),
b. Se houver agravos retidos (ou seja, agravos que não tenham subido
imediatamente), o agravante, ao apresentar as alegações no recurso dominante do despacho ou reparação do agravo: se aquele juiz omitir está apreciação. o
(isto é, no reCUI"SOque determina a subida dos agravos retidos), deve especificar, relator do recurso no tripunal superior manda baixar o processo para que
nas. conclusões, quais os que mantêm interesse (art" 748°, n" I). Se o não fizer, O despacho sejA sustentado (lu o agravo reparado (art° 744°, ri" 5). Este regime
o relator convida a parte a indicá-los no prazo de 5 dias, sob comi nação de se não se estende ao agravo em 2" instância (cfr. art? 76o°,no I),
entender que desiste dos agravos retidos (art" 748°, n" 2).
2. Conseqüências.
4. Revista
Se o. JUIZ aquO .sustentar (1 despacho - isto é, confirmar a decisão
À apresentação das alegações na revista aplica-se o preceituado acerca do impugnada -,i pcde unandar junta.raoprQccssl) as certidões que entenda
recurso de apelação (dr. art" 698°, nOs 2, j e 4), cabendo ao relatar da Relação necessáriase o processo é remetido em seguida ao tribunal superior (art° 744°,
as funções cometidas ao juiz li quo na regulamentação deste último (art" 724°, n° 2). Se', pelo contrário, reparar o agravo - Ou seja, revogar Ou modificar a
n" I). Com as alegações, as partes podem juntar os documentos supervenientes decisão recorrida -, o agravado pode requerer. dentro de 10 dias a contar da
(art° 727°), à que também vale certamente para os. documentos cuja, necessidade notificação do despacho de reparação, que o 'agravo suba ao tribunal superior,
de junção resulte do. julgamento realizado no acórdão recorrido, para que este aprecie a questão sobre a qual recaíram. os dois despachos opostos
(o despacho recorrido e o de reparação) (art" 744°, n9 3). A este <lgr<lVt1
interposto pela parteinicialmenteagravada c()sIUIl1,\ chamar-se sub-agravo-e
5. Agravo em 2a instância
entende-se 4!1,e ele tem o rnesrnoregi me desupida do ugravo que (l pro-
vQCOUI4.lI,
Depois da notificação às partes do despacho que admite o agravo em
2" instância, segue-se, quanto Ú suas alegações, o regime estabelecido para Ó Se O despacho
recorrido tíversido executado, asua reparação implica
agravo em la instância (art'ts 760°, nOs I e 2, e 743°, nOs I e 2), Também no a extinção da execução (art° 47°, n° 2 I" parte, apl icado analogicamente), Por
agravo em 2 instância, o recorrente
8
deve especificar, nas conclusões das essa razão, deve ser junta ao processo· principal certidão do novodespache
aleguçõex do recurso dominante, os agravos retidos 'quemanlêm interesse (urt" 744°, n" 4).
(artOs 761°, n° li e 748°, n" 1). Se o agravo não subir Imediatamente, ficam
suspensos os termos dô recurso posteriores à apresentação das alegações
(art" 761 o,n° I), § 9".
Fase da expedição
VI. Despacho de sustentação
I. Função da fase
I, Previsão
A fase da expedição engloba os actos respeitantcs à subida do recurso do
No agravo em ,a instância, depois de findos os prazos das alegações das
tribunal li quo para o tribunal ud quem, Esta subida encontra-se prevista, quanto
partes, a secretaria, após autuaras alegações do agravante e do agravado com
à apelaçãn..no art" 699° (aplicável 'à revista eX.Ti do art" 724°. n° 1'), quanto ao
as respectivas certidões e documentos, faz os autosconclusos ao juiz, para que
agravo em la instância, no art" 744", 1,° 2, e. quanto aoagravo etn 2" instância,
este sustente o despacho ou repare o agravo (art" 144°, n° I}. A Relação nunca
nos arr's 760° e 761"; n" J.
aprecia o agravo sem .que o juiz aquo se tenha pronunciado sobre a sustentação
(4li Castro. Mendes. ppç 111. 199 e 20().
Illlflugnuçüo d(!s decis!ies 531
532 Impugnação das decisões
mérito (cfr. art? 691°) e estas são normalmente decisões finais, a ape-
lação deve subir imediatamente, porque depois da sua interposição nada do sinal e, numa segunda acção proposta após. aquela ter.sido conxidcruda improcedente por se
mais deve ser praticado no processo e, por isso, a sua subida nada tem a ·tcr julgado que f\>i o autor que não cumpriu aquele contrtuo. se pcdc .a rest ituiçã» UÜ prcstuçüo
aguardar. efectuada com fundamento na nulidade do mesmo contraio.
Sobre previsões específicas de subida imediata da apelação. cfr. art°s IOI4°-A. n" 4. e Pelo contrário. a decisão sobre um objecto dependente não constitui caso
105J". n" 2 2' parte. julgado quanto ao respectivo objecto prejudicial. Se, por exemplo, o devedor
c o credor litigam quanto a Um aspecto relativo à garantia real do crédito, a
b. A única previsão legal genérica sobre o momento de subida da apelação decisão proferida sobre esse objecto nada define quanto ao próprio crédito,
refere-se a um caso em que a decisão sobre o mérito não é final e em que, por
isso, se abre a opção entre a sua subida 'imediata ou diferida. O art° 695°, d. Relações sinalagmáticas também podem fundamentar a atribuição do
n° I, dispõe que a apelação interposta do despacho saneador que decida do valor de caso julgado a certos fundamentos de facto da decisão. Assim, se, por
mérito da causa (ctr. art° 510°, n" I, al. b »), mas não ponha termo ao processo exemplo, o autor pede a condenação do réu na entrega. do automóvel comprado,
(ou seja, de despacho saneador que conheça parcialmente do mérito da causa), a validade do contrato de compra e venda não pode ser questionada na acção
apenas sobe a final, isto é, depois do proferimento da decisão final do processo. em que o vendedor pede o cumprimento da .prestação sinalagrnática, isto é, o
Admite-se, no entanto, que, se a decisão recorrida for cindível relativamente pagamento do preço; se, por exemplo, o réu invoca a nulidade do contrato
às questões que subsistam para apreciação, a apelação suba imediatamente e alegado pelo. autor, não pode, com Fundamento nesse mesmo contrato, pedir,
em separado, quando alguma das partes alegue, em qualquer estado do numa acção posterior, a condenação do autor a realizar a prestação sina-
processo, que a retenção da apelação lhe causa prejuízo considerável (art" 695°, lagrrrática dele emergente; se numa acção se definiu que occntruto-promessa
n° 2 I" parte). é nulo, os réus dessa acção não podem requerer, num processo posterior, a
A parte que sofre este prejuízo pode ser o recorrente ou o recorrido, execução específica do mesmo contrato-prorncssa (STJ - 24/9/1992, BMJ 419.
conforme o conteúdo condenatório ou absolutório da decisão impugnada e o 648).
efeito da apelação interposta (cfr., quanto a este último aspecto, art0695°, Uma observação importa aluda fazer nesta matéria: avlnculação aos
n'' 2 2a parte), Suponha-se, por exemplo, que o autor curnulou dois pedidos fundamentos Tia. hipótese derelaçõe:s ~íilaIHgmátic;ls é independente da
(cfr. art" 470°, n° I) e que um deles foi julgado procedente no despacho invocação da cxceptio 11(}/t adimpleti rontractus (art? 428°, n° I, CC) pelo réu
saneador (cfr. art° 51 O~, n" I, ai. bj); se o réu apelar dessa condenação e se demandado na primeira acção. Com efeito, a nãoalegação dessa cxcepifão
esse recurso tiver efeito suspensivo (cfr. art°s 692°, n° I, e 792° la parte), precludc, quando muito, a possibilidade de o réu condenado recusar a realização.
o autor recorrido tem interesse em que a questão da procedência desse da 'prestação enquanto a parte contrária não efectuar a que lhe cabe.ou oferecer
pedido seja rapidamente resolvida, para que, sendo a decisão recorrida o seu cumprimento simultâneo. mas não lhe retira-o direito it cuntruprcstação,
confirmada, possa executar o demandado; se pelo contrário, a apelação Ou seja. a falta de alegação dessa excepção não implica a extinção dà relação
tiver efeito devolutivo (cfr. artOs 692°, na 2, 693°, na I, e 792° I" parte) sinalugmática entre as prestações,
e se o autor tiver instaurado a correspondente execução com base. na
decisão recorrida (cfr. art" 47°, n" I), é o apelante que tem interesse em e', Duvidosa é a hipótese de. o CqSO julgado 'incidir sobre UIl1i,1 acção
pôr-lhe termo. Se, no mesmo exemplo, um dos pedidos curnulados tiver parcial, que é uma acção em que foi formuladoum pedido parcial. isto UI)1 é,
sido julgado improcedente no despacho saneador e o autor apelar dessa pedido que não esgota a pretensão ou o direito do autor. Parecem ser as
decisão, é este recorrente que tem interesse em apressar o julgamento do seguintes as melhores soluções para essa eventualidade; - se a acção foi
recurso, porque é a essa parte que interessa a revogação da decisão de considerada procedente, a protecção dos interesses do demandado justifica que
improcedência. o caso julgado só abranja a parcela apreciada, nada ficando decidido (em termos
de procedência ou improcedência) quanto ao restante; - se a acção foi julgada
improcedente, essa improcedência estende-se, com fundamento numa relação
Eficácia da composição 583 584 .Eficácia do comnosição
o caso julgado incide sobre uma. decisão que apreciou uma questão ,'O) Sobre (1 enquadrameut» da preclusão, cfr. /\l1t6nili .1m'!' Brandiio, Cuso julgado. c preclusão,
Dir. 69 (1937).290 ss. e 70 (I,'·HR), <)X SS.; Cnstn: Mendes, Caso julgado e ucessão. Dir, lOS
concreta. O momento de referência do caso julgado não é, todavia, aquele em
(1973).62 ss.,
Ejicúcia da composição 585 534 lmpugnuçdc: das decisõcs
,.5, Ctr. Alben:» (/(IS Reis. (PC VI. 111: Castr» Mend« s. ])PC 111. 174. geral dos agravos em la instância (art° 923°, n° I, al. b); sobre estes últimos,
cfr. arr's 734° e 735°).
lmpugnação dOI decisões 537
538 IIIIP/lR/WÇlÍO dos decisões
o agravante que não apelou da sentença homologatória da partilha (cfr. art" 1382°) pode I. Opções
requerer a subida .do agravo do despacho que não considerou pagas as tornas: RC - 212/1993,
CJ 93/1. 3D.
Quanto ao modo de subida, a opção consiste 01.11 estabelecer urna subida
nos próprios autos Ou em separado. Ou seja, num caderno próprio. A opção só
4. Revista se coloca verdadeiramente quanto. às decisões interlocutórias, porque, rclati-
varnente às decisões finais, nada j mpede a sua subida nos próprios uu tos.
Perante a ausência de qualquer regulamentação legal sobre o momento de Quanto às decisões interlocutórias. a escolha sobre o modo de subida é
subida da revista, vale para esta o regime estabelecido para a apelação, porque condicionada fundamentalmente pelo efeito (intruproccssual) suspensivo que
também aquela é interposta de decisões sobre o mérito (art" 721°, n° I), que se pretende atribuir ao recurso: os recursos que SObem imediatamente e nos
são, normalmente. decisões finais. A regra deve ser, pois, a subida imediata próprios autos. produzem necessariamente esse efeito suspensivo (cfr. art" 740°,
da revista. n" I). porque nada fica no tribunal (/ quo que permita a continuação do
processo.
Impugnação rim decisões 539
540 1/1'If1U!in(/~'ão da.i- decisões
-----------------
2. Apelução
in [ine). Mas se o recurso dominante subirem separado. .0 agravo retido deve
Na llvsênCitl de qualquer previsãoespecífica, deve entender-seque o sublr igualmente em separado.
recurso de apelação sobe nos próprios autos. Como esse recurso é normalmente
interposto de decisões finais (art" 691°, n" I), nada justifica que o próprio b. o agravo interposto do despacho que indefira limlnarrrrente uma
processo não possa ser enviado ao tribunal superior. providênciacautelar ou que não a. decrete sobe imediatamente nos próprios
autos do procedimento cautelar (arr' 738°,. n° I, al. .a»). Contudo. o agravo do
Prevendo a subida da apçlação nos próprioxautns.xf)', o
.anos I 14°·A.. 0° 4 .. e J053". nÓ2
despacho que ordene a providência cautelar sobe imediatamente, mas em
2'; parte. .
separado (artO 738°, n" J ,a!. aj), o que parece justificar-se pela necessidade de
Exceptua-se desta regraa apelação interposta do despacho saneador que permitir a execução da providência no tribunal de la instância. Também sobe
não ponha termo ao p()cesso: esta apelação, quando qualquer das partes em separado o recurso interposto do despacho que ordene o levant;u)JêntO da
justifique o seuinteresse hü sua subida Imedlata, sobe em separado (art" 695", providência (art" 738°, 0"2).
11°2). Esta subidu.cm separado justifica-se pela necessidade de não suspender
Sobem em separado os 'recursox dos despachos posteriores àquele. que ordenou a
a marcha do processo na I" instância.
providência cautclar: RI' - 1IIIO/li)94, BMJ 440, .550.
I _ I ' I I
I ' I I I I
às funções do relatar, vale para todos os 'recúrsos ordinários (clr. MO:; 726°,
749" e 762°, n° L). .
1. Recebimento
2. Competência do relator
O recebimento do recurso no tribunal ad quem é registado em livro próprio
(art" ]70 LOSJ), Ao relato r compete deferir lodos os termos do recurso até final (art" 700°,
n° Iproémio), mesmo aqueles que se verifiquem depois do seu julgamento.
r
lmpugnação das decisões 545
546 lmpugnação das decisões
L Generalidades
3. Competência da conferência
Após a distribuição do processo, Q relator deve apreciar se o recurso é o
a. Sempre que a parte se considere prejudicada por qualquer despacho próprio.jse deve manter-se o efeito que lhe foi atribuído, se as partes devem
do relator, que não seja de mero expediente, pode reclamar para a conferência
ser convidadas a aperfeiçoar asconclusões das suas alegações ou se alguma
(art° 700°, n" 3 la parte); o relator deve submeter a questão à conferência, depois
circunstância obsta ao conhecimento do seu objecto (art" 700°, n° I). Corres-
de ouvida a parte contrária (art" 700°, n° 3 2a parte). A reclamação é decidida
pendendo a cada uma destas tarefas, o relator pode lavrar um despacho de
correcção, de aperfeiçoamento OlJ de. saneamento.
lmpugnução das decisões 547
548 Impugnarão das decisões
a . Dadas li, remissões que constam dos artes 7490 e 762.°, n° I, o regime
pode abranger. por isso, tanto a espécie do recurso interposto, como o momento,
definido no art" 702°, n° I, para a. mudança de apelação para ugravotambérn é
o modo c o efeito desse recurso.
aplicável à modificação inversa (de agravo em la instância pane apelação e de
agravo em za
instância para revista, ou. apelação}.
2.2. Apelação C revista
b, Relativamente ao momento de subida, o· reJator pode .considerur que
a. O relator do recurso de apelação pode entender que o recurso próprio um agravo em La instância que subiu 'imediajamente deve te)" subida diferida
é o agravo: nesse caso, ouvirá, antes de decidir, as partes, no prazo de 10dias, (artrs 700°, (lo I. a1. b). e 749"). De igual faculdade go~àQ relátor no agravo
processando-se os termos subsequentes conforme a espécie que venha a ser em 2a instância (art"s 700°, n° I, al. b), 749" e 762°,0° 1),
julgada adequada (art" 702°, n° I). Se a questão da espécie do recurso tiver sido
levantada por qualquer das partes nas suas alegações, o relator ouvirá somente c. O relator também pode alterar o modo de subida do agravo. Se o agravo
a parte contrária que não tenha tido a oportunidade de responder (art" 702°, eml a instância tiver subido em separado, quando devesse subir nos próprios
n" 2). Este regime é aplicável à revista (art" 726"). autos, o tribunal ad quem deve requisitar ao tribunal a quo OS autos (art" 751°,
n" I). Inversamente, se o relator decidir que o agravo que subiu nos próprios
b. Se o relator entender que deve alterar-se o efeito da apelação - isto é,
autos deveria ter subido em separado, o tribunal notifica as panes para
modificar (1 efeito devolutivo ou suspensivo erradamente atribuído a esse
indicarem as peças necessárias à instrução do agravo (cfr, art" 742", n"s 2 e J),
recurso (ctr, aJ1"s 692°, n? I, e 792°) -, ouvirá. antes de decidir, ambas as partes
que serão autuadas com as alegações (art" 751°, n° 2 I' 'parte'); em seguida, Os
(art" 703°, n° I l, excepto se a questão tiver sido suscitada por alguma delas na
autos principais baixam à I a instância (art" 75 )0, n° 2 2a parte). Este regime é
sua alegação, situação em que só deve ouvir a parte contrária (art° 703°, n° 2).
aplicável, com as necessárias adaptações, ao agravo em 2" instância (art" 762°,
Se à apelação, que tiver sido recebida com efeito meramente devolutivo,
n° I).
for atribuído efeito suspcnsivo , o apelante (portanto, o réu condenado e
executado) pode requerer que seja expedido ofício para ser suspensa a execução d. O efeito suspensivo ou não jsuspensivo sobre ;.\ marcha do pro-.
cesso concedido ao agravo em I" instância pode 'sei' corrigido pelo rolator
(
(cfr. art°s.700", n" L aI. bl) em duas situáções distintas. ESsa alteração pode
corrig ir um efeito erradarnenre atribuído ao agravo pelo tribunal a quo 4.2. Sanação ele excepções dilatórias
0
(art" 741 ). Por exemplo: o tribunal recorrido atribuiu ao agravo uni efeito
suspensivo quando lhe devia ler fixado um efeito não suspensivo. Aquela P(j(1esuceder que Q Telat()r verifique a, falta deum pressuposto processual
modifictlção também pode ser consequência da mudança realizada pelo rela- que seja sa.náveL Nesta situaç1io, cabe-lhe providenclar. mesmo oficiosamente.
tor quanto ao modo de subida do agravo (art°s 700°, na L.al. b.l, e 701°, na 1). pela sua sanação, determinando os actos necessários à regularização da instância
Por exemplo: () agravo subiu imediatamente, em separado e com efeito de recurso (altOs 265°, n" 2, e 700°. n" I, al. a). Suponha-se que o recorrente
devolutivo: se lhe for determinada a subida nos próprios autos. o efeito passa não. está representado por mandatário judicial: porque nos reCUTS()sP (JütroCÍniq
a ser suspensivo (cfr. art" 740°, na I). A alteração do efeito do recurso é [udtciário é sempre obrigatório (art" 32". n" I, al, c), o relator deve notificar
comunicada pela Relação ~ I' instância, pari! que nesta se prossiga oususpenda essa parte para con~tituir <idvogadü (ál't" 33°).
a tramitação da causa. Este regime é extensível, com as modificações Se o juiz li quo não tiversolicitadq ao Conselho Di~\r.ital da Ordem de
necessárias, ao agravo em 2" instância (art" 762°, na I). Ady(jgado~ a nOiMação de advog1\do 40S ausentes •.irrcapazes e incertos que não
possanl ser tepresentados pelo Ministério Público (cfr. art" 698°, n" I ,. incumbe
A!) relato!' proceder a essa solicitação.
J. Despacho de aperfeiçoamento
o relator pode convidar o recorrente a aperfeiçoar as conclusões das suas 4·,3. Remessa. do processo
alegações, sempre que elas sejam deficientes, obscuras, complexas ou não
respeitem o conteúdo legalmente exigido (artvs 700°, n? 1, al. b l,e 70 I o, n'' I a, A Relação conhece ofici.üKl1merite da il1.<;ÜI11petêllCiarelatlvaque se
in fine). Este convite não é irnpugnável, porque é proferido no uso de um poder vçrífit.íi (aliás, mui!o raramente) quando o recurso forJnterposto para uma
discricionário (cfr. art" 679°). Rela.ção di ('crerite daquela fi que está hierarquicamente subordinado o tribunul
Se o recorrente não ti ver especi ficado, nas conclusões do recurso recorrido (art"s 110 n° I, al. a), e 88
0
, A parte recorrida também pode arguir
0
).
dominante, quais Os agravos retidos que mantêm interesse (cfr. art°s 748b. essa incompetência territoriul no prazo de 10 dias a contar da pr1me.Ua
na I. e 761°, n° I), () relator deve convidá-lo a proceder a essa indicação, sob notificação que lhe for feita ou da primeira intervenção gl)e tenhü no processõ
comi nação de, não o fazendo, se entender que desiste desses agravos (art'x 7480, (art" I 14", n° I). Quanto acoi'npetênciâ funcional pm-a conhecer dessa
n° 2, e 761 n, na I). incompetência, elapertence.ae relato)' (e uãüà çú[1ferê·ncia), porquea sua
apreChlça() é realizada num iI':wldented,\i.nstâxíÇia de recurso (cfr. arr's lO/r.
I 10°, 11 10. e 114". n" 2) e o relator tem competência para conhecer desses
4, Despacho de saneamento
incidentes (art" 70Cr, na r. al, f)).
Se a incompetência for arguida pelo recorrido. o recorrente pode responder
4.1. Generalidades em alegação subsequente, apresentada.no prazo de 10 dias após Ü nJltíficüção
da entrega da alegação daquela parte (a!'tós 114°. nó Z,e 109 ri" 2), Se orela-
0
,
I .
r r
2. Inscrição em tabela
I
1 l
tmpugnação das decisões 557
558 lmpugnação das decisões
uniforrnizuda, mas entende não dever seguir a sua orientação; - esse recurso é
igualmente adrnisxível quando aquele tribunal se recusa aplicar a jurispru- IH. Conteúdo do julgamento
dência uniformizada por considerar que o caso concreto não lhe é subsurnível.
Assim, se o valor da causa não exceder a alçada dos tribunais de la instância
(cfr. art° 20°. n° I, LOTJ), a decisão que contraria a jurisprudência uniformizada I. Forma e mérito
ou que entende que ela não é aplicável ao caso concreto é sempre recorrível
o despacho do relator que admitiu o recurso (cfr. artOs 700°, n" I, al. b),
para a Relação e, se esta confirmar a decisão recorrida, é sempre admissivel
e 701°) resolveu, embora sem carácter vincularivo para a conferência, a questão
recurso para o Supremo; se o valor da causa exceder a alçada da I" instância
da admissibilidade do conhecimento do seu objecto. Assim, o tribunal supe-
(cfr. art" 20°. n" I. LOTJ), é admissivel recurso, nos termos gerais (cfr. art° 678°,
rior pode pronunciar-se, emprincípio, sobre a procedência ou improcedência
n° I). para a Relação e, se esta proferir um acórdão contrário à jurisprudência
do recurso, isto é, pode, revogar Ou confirmar a decisão recorrida, Mas isso não
uniformizada ou se considerar que ela não é aplicável, pode sempre recorrer-
é suficiente para.assegurar essa apreciação, porque há que considerar a hipótese
-se para () Supremo.
de o tribunal ad quem conhecer oficiosamente de uma excepção dilatória que
determina a absolvição do réu da instância (cfr, artOs 493°, n° 2, 494° e 495°).
4.3. Resolução do conflito Esta decisão de forma pode ser proferida através de qualquer das modalidades
de julgamento (sumário, ordinário e ampliado) do recurso.
Segundo -o disposto no art" 678°, n° 4, é sempre admissível recurso para
o Supremo, a ser processado nos termos previstos para o julgamento ampliado,
do ucórdão da Relação que esteja em contradição com outro, dessa ou de 2. Apelação
diferente Relação, sobre a mesma questão fundamental de direito e do qual não
caiba recurso ordinário por motivo estranho à alçada do tribunal, salvo se a 2.1. Julgamento de direito
orientação nele perfilhada estiver de acordo com a jurisprudência unifor-
mizada pelo Supremo, Preenche as condições previstas neste preceito o a. A decisão do recurso de apelação segue o modelo de substituição, o
acõrdão da Relação proferido sobre uma questão de competência relativa que se concretiza nas seguintes regras: -ajnda. 'que a Relação declare (lula ,1
e contraditório com outro dessa ou de diferente Relação sobre a mesma sentença proferidana I" instância (cfr. art? 668°, n° I), isso não impede que
mate ria; da decisão da Relação sobre essa competência não há recurso para conheça do objecto. da apelação (art" 715"', n° I), pelo que esse tribunal declará
o Supremo (art" I I 1°, n° 4), mas, se o acórdão da Relação for contrário a nula a decisão recorrida e, simultaneamente, conhece do objecto da apelação;
outro proferido sobre essa mesma matéria e não corresponder a qualquer - do mesmo modo, se O tribunal .de la instância tiver deixado de conhecer de
jurisprudência uniformizada, pode recorrer-se para o Supremo (mesmo que certas questões, designadamente por considerar a sua apreciação prejudicada
a decisão da Relação seja conforme com a da I" instância: cfr: art° 754°, pela solução dada a outras, a Relação, se entender que a apelação procede e
n° 2). que nada obsta apreciação
.à daquelas e se dispuser para tal dos elementos
Este recurso tem um fundamento específico, que é a verificação de urn necessários, pode conhecer dessas questões no mesmo acórdão em que revogue
conflito de jurisprudência entre dois acórdãos das Relações (cfr. art° 678°, a decisão recorrida (art" 715", n° 2). Neste caso, o relato!', antes de proferira
n? 4). Portanto, o recorrente tem o ónus de indicar o acórdão contraditório decisão, deve ouvir cada uma das partes peloprazo de 10 dias (art" 715",
proferido por qualquer outra Relação (o chamado acórdão-fundamento), pois n° 3).
que só ele torna udmixsível a solicitação da resolução daquele conflito pelo
Supremo. O recurso é admissível no âmbito da revista (art°s 678°, n° 4, e b. Se, conjuntamente corri a apelação, estiverem pendentes agravos que
732°-A) e do agravo em 2" instância (art" 762°, n° 3) e o seu procedimento éo com ela tenham subido (cfr. art° 735°, n° I), esses recursos são julgados pela
previsto no art" 732°-8. ordem da sua interposição (art" 710°, n° I I" parte). Mas os agravos só são
providos quando a infracção cometida tenha Jnfluido no exame ou na decisão
Irnpugnação das decisões 561
562 linpugnação das decisões
al, bj); - por fim, se o recorrente apresentar documento novo superveniente, termo ao processo".
que, por si só, seja suficiente para destruir a prova em que se baseou a decisão
impugnada (urt" 712°, n" I, aI. c». Se estiverem pendentes vários agravos, eles são apreciados pela ordem da
A Relação decide segundo o modelo de cassação na situação prevista no sua interposição (art" 752°, lJo 2 I"parte). Se esses recursos tiverem subido com
art" 712°, n° 4 I a parte: se não constarem do processo todos os elementos o agravo interposto da decisão que tenha posto termo ao processo, a Relação
só lhes dará provimento quando a infracção cometida possa modificar essa
lmpugnação das decisões 563
564 Intpugnação das decisões
a. No recurso de revista, o Supremo julga segundo o modelo de subs- a, O agravo em 2a instância pode ser julgado segundo o modelo de
tituição, porque aplica aos factos fixados pelo tribunal recorrido o regime cassação ou de substituição. Sempre que a Relação tenha deixado de conhecer
jurídico que julgue adequado (art" 7299, n° 1). O Supremo não pode, em regra, do objecto do recurso pela falta de um pressupostcespecífico (a recorribi lidade
alterut à decisão das instâncias sobre a matéria de facto (art? 729°, n° 2; da decisão e a legitimidade ad. recursunú, o Supremo revoga a decisão no caso
de art" 722", ri" 2), rria.s pode mandar baixar o processoà 2~instância quando de entender que o motivo-não procede e manda que a Relação conheça, pelos
entenda que a decisão de facto deve ser ampliada, de molde u constituir base mesmos juizes do referido objecto (are 762", n" 2): neste caso. o Supremo
suficiente para a.decisão de direito, ou que ocorrem contradições ria decisão utiliza o modelo cassatório ele julgamento (cfr. STJ - 23/4/1996, CJ/S 96/1,
sobre a matéria de facto que inviabilizam a decisão jurídica do litígio (art" n9°~ 167). Se nãofor esse o caso (suponha-se, por exemplo, queo Supremo se deve
n" .3; cfr. mIO 730°). pronunciar sobre urna multa ou indemnização imposta pela I a instância e
confirmada pela Relação), o Supremo deve julgar segundo o modelo de
b. Quanto à apreciação pelo Supremo da nulidade do acórdão da Relação, substituição: é o que se pode inferir da remissão do art" 762°, n" 1, para o
há. que distinguir duas situações: - se oacórdão da Relação for nulo. por art" 74<)° e deste para o regime da apelação (cfr ..aTI~ 715", 1)°2).
contradição entre os fundamentos ea decisão (cfr. arr's 668<\ n" I, aI. e), e 716°; Aquela solução também vale para o caso de a Relação confirmar (l
n° I), por condenação em quantidade superior ou em objecto diverso do absolvição da instância proferida pela Ia instância e de Q Supremo entender
pedido (cfr. ar!"s 668°, n~ I; al. e), e 716", n" 1),por excesso de pronúncia que deve revogar essa absolvição: dado que, no agravo em 2" instância, a
(cfr, art°s668°, n° I, aJ.. d) 2' parte, e 716°, n" I) ou por ser lavrado contra regra é .anão substituição do Supremo às instâncias na apreciação do mérito
o vencido ou sem o necessário vencimento (clr. ~lrtOs716°, n° J, e 717°), o da causa, corno se pode concluir da exclusão do art" 753" da remissão efec-
Supremo supre a nulidade, •.declara em que sentid()adeçisão deve.considerar- tuada pelo arr' 762°,n° J, o Supremo, depois de revogar o acórdão da Relação
-se modificada e conhece dos outros fundamentos do recurso (art" 7J I 0, n~ I)., que confirmou a absolvição da instância proferida pela la instância, deve
ou seja, o. 'supremo decide segundo o modelo de substituição; - se, pejo mandar baixar o processo à Relação, para que esta conheça do mérito da
contrário, proceder qualquer outra nulidade do acórdão da Relação, o Supremo
causa.
manda baixar o processo para que. se faça a reforma da decisão anulada
(art? 731°, n° 2), isto é, o Supremo decide segundo o modelo de' cassação, b. Sea Relação tiver decidido que o tribunalonde a acção foi instaurada
podendo ser interposta nova.revistada decisão que vier a ser proferida pela é material ou hierarquicamente incompetente, o Supremo deve decidir qual o
Relação (an° 731°, n° 3). tribunal competente (art° 107", n° 11" parte). Exclui-se ahipótese de a causa
Esta diferença de regimes tem corno justificação a circunstância deo pertencer ao âmbito da jurisdição administrativa ou. fiscal, porque então o
próprio Supremo poder substituir a decisão nula (cfr.vart" 731°, rr" I) ou desó recurso do acórdão da Relação deve ser interposto para o Tribunal dos Conflitos
(art" IOr, n" 2; cfr. STJ - 12/7/1994, BMJ439,254).
(
I
I. Nulidades
2, Outros vícios
V.Formalidade.s complementares
Depois dó julgamento dnfecurso e se do acórdão proferido não foI'
interposto qualquer recurso. o processo baixa à la, instância (arlOs 719", 726°',
752". nÓ 3, e 762°, n° I).
Eficácia da composição 567
568 Eficácia da composição
5. Situações plurilocalizadas explícito, isto é, obtido mediante um processo adequado, como o que se
encontra regulado nos arr's 1094° a 1102°.
a. O caso julgado, porque é um valor processual de uma decisão, é regido
pela lei do Estado de origem, sendo por está lei quese determina quando é
quea decisão adquireesse valor no ordenamenro em que foi proferida (3\
11. Efeitos
O reconhecimento desse valor numa outra ordem junídica e, em especial, numa
.acção nela instaurada depende, por seu turno, da respectiva lex fori. Ou seja,
os efeitos do CllSO julgado de uma sentença estrangeira são equivalentes àqueles i. Efeitos processuais
que são realizados. na ordem interna, por uma senten~a nacional.
Está equivalência destina-se a evitar que a decisão estrangeira produza no a. Apó» O proferimento de uma decisão judicial, verifica-se aexrinção do
Estado do rcconhenimentoefeitos. processuais que são desconhecidos das poder jurisdicional do juiz (are 666°, nOs le 3), o que significa que o tribunal
sentenças proferidas nesta ordem jurídica. Pense-se nos limites objectivosdo não pode, motu proprio, voltar a pronunciar-se sobre a matéria apreciada. Desta
caso julgado. Se. por exemplo, a decisão estrangeira produzir, no Estado de exrinção decorrem dois efeitos; - um efeito negativo, que é a insusceptibilidade
origem, valor de caso julgado quanto às questões prejudiciais nele apre- de o próprio tribunal que proferiu a decisão tornar ;1 iniciativadcu modificar
ciadasc se. no Estado do reconhecimento, esse efeito 'for desconhecido ou revogar; - um efeito positivo, que é a vinculação desse tribunalà decisão
(como 'sucede no direito português, art" 96°, n° 2),.a concessão do exequatur por ele proferida. .
à decisão estrangeira não envolve o valor de 'caso julgado sobre essas Mas .a extinção do poder jurisdicimral não obsta a que ,I dccisãq sejLI
questões. Impugnada pela parte interessadaperante o próprio tribunal ou perante um tri-
Algo de. diferente parece dever entender-se, todavia, quanto aos limites bunal de recurso; pejo contrário, a admissibilidade dessa impugnação pressupõe
subjectivos docasu julgado de uma decisão estrangeira reconhecida num outro que o juiz esgotou a possil» Iidade, de se pronunciar sobre a questão decidida,
Estado. dado que estes limites são definidos por normas materiais. Excluído porque Só podem ser Impugnadas decisões definitivas. É a essa impugnação
esui queos limites subjectivos do caso julgado da decisão reconhecida possam que se vem opor O trânsito em julgadoda decisão, O caso julgadorealiza. por
ser apreciados pela lex causae determinadapelas normas de conflitos do Estado isso, os seguintesefeitos: - um efeito negativo, que se traduz naInsuscep-
do-reconhecimento, porque, se essa Ieié irrelevante para a concessão do tibilidade de qualquer tribunal {mesmo, pcrtanmaquele.quc.decidiu) s.e voltar
éxequatur; também não pode relevar para a delimitação subjectiva do caso a pronunciar sobre a decisão proferida; - urnefejto positivo, que resulta (hl
julgado; mas não é desrazoavel pensar que esses limites subjectivos devem ser vjnculação do tribunal que proferiu a decisão e, eventualmente, de Outros
aferidos no Estado do reconhecimento pela lei aplicada na .resolução do tribunais ao que nela foi definido ou estabelecido. Estes efeitos caracterfsticos
litígio i-ll. Por exemplo: para determinar se um devedor solidário fica abrangido do caso julgado são os seus efeitos processuais.
A descoberta da dupla função do Caso julgado foi realizada por F. r. Keller. que disi.i~glliu
,,) cr-. Schack, Intcnuuionalcs Zivilverfahrensrecht i (München 1996)', .3{)6; Linke,lnter- entre uma função positiva. 4Ue ctlOsisk na vinculação (to resultado do processo, " um efeito
nutinnulcxZivilprozellrecht ~ (Kíil!i 1995). lJ6. negativo. que se traduzna consumpção da actio: cri'. Kcller, Ueber Lius Cuntestationund Unhei!
(.ÍJ Clr. Schack, 1111. Zivi)VR ~.·356: Liuk«, lnt. ZPR 2 •. 139. nach classischem RõrnischcmRechr. (Zürich 1827); 2:21.
Ejicáciu da composição 573
574 Eficácia da composição
n'' I, estabelece que, havendo duas decisões contraditórias sobre o mesmo CC); o caso julgado da sentença de divórcio marca o momento da dissolução
objecto, vale aquela que primeiramente transitar em julgado. Este princípio da do casamento (art" 1789°, n° I, te).
prioridade do trânsito em julgado é lgualrnenreaplicável, por força do disposto
no art" 675". 11° 2, às. d\:cisoes que, num mesmo processo, versem sobre.a Sobre outrosexemplos do efeito normativ» do caso julgado. cfr, .ur("s ~2l)""A. 1]" 4, R45°.
mesma questão concreta (efr., v.. g., STJ - 21711992, EMJ 419, 626; STJ - n° 2, 20()2°~D. n" J. CC; art? 142°, nO 4. CSC
10/111995, CJ/S9511. 24). Por isso, se tiver sido interposto recurso dasegunda
decisão, o mesmo tem necessariamente de improccder, dada a vinculação do
tribunal e das partes ao caso julgado da. primeira decisão(RC ~ 6/12/1994, UI. Caso julgado material
BMJ 442, 266; RC ·20/12/1994, BMJ442, 265).
clvel tendente :i obter a iudemnizaçâo pelo rnesmofucto. ainda que proposta também contra a : 4. Relações de concu rso
mesma scgurudora".
MX: STJ - 1.1/10/1992. BM.I 420. 507: RC - 11/1/1')<)4. BMJ 433. 1'>16:RC - 3/5/1994. BMJ Quanto ao âmbito da preclusão que afecta o réu, há que considerar
417.5<)2: RC - I xii 0/1<)94. BM.l440. 55.~: STJ - '.!I5/1996. C.l/S %12. 55. Visu-sc agora proceder
que lhe incumbe o ónus de apresentar toda a defesa na contestação (art° 48'\)°,
Ü sistclllatiza~~o das xiurações em que se justifica atribuir () valor de caso julgado aos
tuudnmcnn», da decisão. n° I)., pelo que a preclusão que o atinge é independente do Caso julgado; ficam
precludidos todos os factos que. podiam ter sido invocados como fundamento
Importa acrescentar, no entanto, que essas relações de prejudicial idade ou dessa contestação. tenham ou não qualquer relação com a defesa apresentada
sinalagmáticas s(Í podem conduzir à extensão do caso julgado aos fundamentos e, por isso, com aquela que foi apreciada pelo tribunal. Suponha-se que oautor
da decisão quando o processo no qual ela foi proferida fornecer às partes, pelo alegou a prescrição do credito do autor e não invocou o seu pagamento; a
menos, as mesmas garantias que lhe são concedidas no processo em que é alegação deste último está definitivamente precludida, pelo que essa parte não
invocado o valor vinculativo daqueles fundamentos. Em concreto, os funda- pode pretender a sua apreciação nurrta outra acção com O fundamento de que
mentos apreciudos num processo ordinário podem ser vinculativos num o tribunal da causa .anterior só desatendeu a prescrição invocuda.
processo sumário ou sumarísximo, mas a sua apreciação num processo sumário
ou sumarfxxirno não é vinculativo num posterior processo ordinário ou sumário. Sobre- a preelusão. ctr. tanibémSTi - 6/10/1972 .. BM.I 220. 136; R P - I ~nIl977, C.I.
77/1, 103: RP - 18/5/1977, CJ 77/4. H49: RC - 7/6/1994. 3MJ 4Jg. 559.
respectivamente. Esta regra mais não é do que uma extensão do princípio de
que as provas produzidas num processo não valem numa outra causa que
oferece maiores garantias às partes (art" 522°, n" I), pois que, se, nessas
c. A preclusão incideigualmente sobre as qualificações jurídicas que o
objecto alegado pode comportar e que não foram utilizadas pelo tribunal, Se,
circunstâncias, aquelas provas não possuem qualquer valor extraprocessual,
por exemplo, a parte arguiu, num processo, a nulidade de um cláusula con-
também os fundamentos a que respeitam não podem valer fora do respectivo
processo. tratual, não pode invocar, em processo posterior, a conversão da mesma
cláusula (art° 293 CC; StJ - 20/6/t 984, BMJ 338, 347).
0
vcnicntes ao seu trânsito em julgado. modo, se demonstra pelo disposto no art" IOSO CC, dado que este preceito
(121 Sobre o âmbiro subjectivo do caso julgado, embora com UI1l cnquadrameruo muito distinto
do seguido nesta exposição. cfr. A/berro dos Reis. Eficãcia do caso julgado em relação li terceiros,
1111 Clr, M. Teiseiru d« S,iiIS({. As partes, o objecto e u prova na acção declarativa (Lisboa 1995), BFDUC 17 (194011941).206 ss ..
164 s..
r
entre dois Ou mais sujeitos (131. Portanto, as razões absolutas são aquelas que
admite que determinados incertos que aparecem posteriormente possam pre- podem ser alegadas pelo titular do direito (absoluto) contra qualqueroutro
terir os herdeiros e demais interessados reconhecidos como curadores defi- sujeito. ou, numa formulação processual, são asque valem C()If\O causa qe pedir
nitivos. tanto contra o sujeito que foi demandado. como contra qualquer outro even-
tual demandado.
o processo de justificação da ausência é um exemplo típico dos processos que são
propostos contra 'incertos: cfr. art? i 103°. n° I. Sobre o âmbito subjectivo do caso julgado nas
Razão absoluta não significa, todavia, vinculação sirnultâneu de todos
ucções contra réus incertos, cfr. Pault» Cunha. Do caso julgado. em acções propostas contra os sujeitos e eficácia erga omnes do respectivo caso julgado. pois que nada
incertos, Dir. ()l)(19.'\7), IlJ4 ss. e 226 5S.; Alberto dos Reis, Valor das sentenças proferidas impõe que uma razão absoluta invocadacontra um sujeito implique uma
contra incertos. RLJ 80 (I ~47J IlJ4S), 65 ss.: A/berto dos Reis, Caso julgado - Acção contra vinculaçãcnão só desse demandado, mas também de quaisquer terceiros.
pexsoasincertux. RLJH7 (i 95411955), 379 5S.; ctr. também RI.. - 301111986, BMJ 360. 645;
O direito absoluto é aquele que se baseia numa razão absoluta e não o que.
RE - 121711<)')0,CJ 90/4, 279.
uma vez reconhecido em juízo, é oponível erga OIJ!IU'S. Assim. não existe
b. Porque, ao analisar o âmbito subjectivo do caso julgado, se coloca o qualquer contradição entre a natureza absoluta do direito apreciado em juizo
problema da eventual vinculação de terceiros, convém referir que, nessa e o seu reconhecimento inter partes (ou seja, entre a natureza absoluta do
questão, muito depende da própria situação jurídica apreciada e dos efeitos que direito e a eficácia relativa do caso julgado), nem existe qualquer irnpli-
ela pode produzir em relação a esses terceiros. Por isso, importa diferenciar cação necessária entre aquela característica do direito e a eficácia absoluta do
as hipóteses em quê o 'caso julgado só pode atingir terceiros se eles ficarem caso julgado.
directamente vinculados daquelas outras em que é suficiente uma eficácia
meramente reflexa do caso julgado" 2, Eficácia reflexa
Isso depende, normalmente. do objecto apreciado. Assim, por exemplo,
enquanto a obrigação imposta ao adquirente da coisa litigiosa de a restituir ao a. .Além da eficácia inter partes - que o caso julgado possui sempre -, o
autor reivindicanre (art° 271'\ n° 3) só é concebível através de uma vinculação caso julgado também pode atingir terceiros. Tal sucede através de uma de duas
directa ao caso julgado, já a oponibilidade erga omnes do caso julgado de uma situações: a eficácia reflexa dó caso julgado e a extensão do caso julgado ri
acção de estado. (arló674°) - que) em ptincípiovnão se traduz para terceiros na terceiros. Aquela eficácia verifica-se quando a acção decorreu entre. todos \l!;
constituição, rnodificação ou extinção de qualquer' situação jurídica - se basta interessados directos (quer activos" quer passivos) e, 'portanto, esgotou os
com umaeficâcia meramente reflexa. É, por exemplo, àquela eficácia directa sujeitos com legitimidade para discutir a tutela judicial de lima situação jurí-
(para as partes e para terceiros) que o arr' 57° se refere ao equiparar o âmbito dica, pelo que aquilo que ficou definido entre os legítimos contraditores (na
subjectivo da exequibilidade da sentença condenatóriaao do respectivo caso expressão do art° 2503 § único, CC/1867) deve ser aceite porqualque.r
Q
,
de uma posição jurídica incornpatfvel com a definida na sentença não fica privado de a fazer
impugnação da paternidade - e que, por isso, são interessados indirectos -não valer em juízo <17,.
são abrangidos pelo âmbito subjectivo do caso julgado se não tiverem sido
demandados (art?» 1S 19°, n° 2, 1873° e 1S46°, n° 2, CC). Dado o carácter d. Como se afirmou, a eficácia reflexa do caso julgadorealiza-se sempre
excepcional dessas disposições, esses sujeitos são os únicos que não ficam que as partes da acção sejam todos os interessados direc(os.É uma situação
submetidos à eficácia reflexa do caso julgado se não tiverem sido demandados frequente na área contratual, dado que nelaas partes da acção coincidem
naquelas acções. normalmente com todos os contraentes. Por exemplo: o recorrhecirnento da
Além da necessidade da demanda de todos os interessados directos qualidade de arrendatário que é obtida numa acção instaurada contra o locador
(art° 674° 2' parte), a eficácia erga omnes do caso julgado das acções de estado é oponível a terceiros (STJ - 9/12/1988, BMJ 382,471), porque a acção correu
também depende - aliás, muito discutivelmente, pois que se trata de uma entre todos os interessados directos - o locador e o locatário.
situação de revelia inoperanre (art" 485°, a!. c» - de que nelas tenha sido Só excepcionalmente, tendo sido demandado o interessado directo. () caso
deduzida oposição, isto é, tenha havido contestação relativa ao mérito da causa julgado da decisão não produz o correspondente efeito reflexo. Um exemplo
(art" 674° 3 parte). Sê existirem vários demandados,
3
basta que qualquer deles dessa situação excepcional encontra-se no art? 305°. n° 3. CC: a falta de
tenha contestado a acção 1.15). al.egação da excepção de prescrição pelo devedor demandado ea consequente
condenação desse sujeito não afectam O direito de os
seus credores invocarem
Considerando que o regime Constante do arr" 1819° CC (aplicável à investigação da essa mesma prescrição (art" 305°, n° I. CC).
paternidade e.\' vi doart" 1873· CC) acautela suficientemente os direit~is que podem ser afectados
pelasentença de reconhecimento da maternidade, li RP. 511211985, CJ 85/5,184 entendeu que No STJ· 1/2/1995. CJ/S 95/j decidiu-se que a sentença. que. na acção entre o promitcntc-
() caso julgado de urna acção deinvesrigação de paternidadé é oponível a umdonatário não -cornprador e () prornitcnte-vendcdor, declara a existência, de um direito de retenção a
demnndado, ITieS!TIO que não tenha havido oposição, favor daquele primeiro. não constitui caso julgado contra o credor hipotecário c Iundumentou-
"se a decisão na prevalência (que, ulias, se julgou indexejúvel) desse di rdto sobre aquela hipoteca
A exigência que o art" 674° 2 parte faz quanto à demanda de todos os
3
(de. art" 159°.. n? 2. CC). A exclusão do efeito reflexo do caso julgadp ~ muito di scutfve].
interessados directos-é aflorarnento de um princípio geral: o de que a eficácia
erga omnes do caso julgado da acção de estado depende da presença em juízo,
tanto na parte activa, como na passiva; de todos os interessados directos, O que 3. Extensão a tercei ros
resulta. daquele preceito, com esta interpretação extensiva quanto à.legjtimidade
das partes; é quea verificação de que a acção não correu 'entre todos os sujeitos ·J.l. Generalidades
legitimados (activae passivamente) é Suficiente para obstar à eficácia absoluta
do respectivo caso julgado, por impossibilidade de se lhe reconhecer o efeito A extensão do caso julgado a terceiros caracteriza-se pela vinculação
reflexo. Assim, se, por exemplo, entre dois pretensos cônjuges for apreciada a directa desses sujeitos. Ao contrário da eficácia reflexa - que vincula qualquer
validade do (pretenso) casamento entre ambos e se, posteriormente, se vier a sujeito a aceitar aquilo que foi definido entre todos os interessados dirccios >,
verificar que, afinal, uma dessas panes não é o verdadeiro cônjuge, isso implica a extensão do caso julgado implica uma vinculação de interessados (directos
quea decisão proferida não vale erga omnes, porque rião se pode verificar o ou indirectos) à constituição, modificação ou extinção de uma situação
efeito reflexo do respectivo caso julgado. subjectiva própria. Quer dizer: na eficácia reflexa, trata-se de impor erga ouin C.\·
o resultado de uma acção que decorreu entre todos os interessados directos. isto
o
exemplo é apresentado. mas não resolvido, por Manue! de Andrade (16'; Alberto dos Reis é, entre todos os sujeitos com legitimidade processual para nelaparticipar: na
procura resolvê-lo aceitando, algo contraditoriamente. que a sentença tem eficácia. erga omnes, extensão a terceiros, estabelece-se a vinculação de certos interessados ils
mas que. com base numa interpretação restritiva dos terceiros referidos no art° 674°. o titular conseqüências e efeitos de uma decisão .
.115) Assim. Alh eno dos N,'i.v. Código de Processo Civil anotado V (Coirnbra 1952), 186 s.. 117, Alberta do.• Reis. CPC V. 11l5.
(11;1 Manuel di' Andrad«. Noções Elementares de Processo Civil 5 (Coimbra 1979),315 s..
596 Eficácia da composição
Eficácia da composição 595
Entre os. herdeiro" Icgitilllúr10S (que podem impugnar por direito próprio.rem vida do
autor da.sucessão. p~ negócios realizadospor este em seu prejuízo, art" 24:2 ria 2, CÇ)
0
,
3.5. Registo da acção
cesse autor não há identidade dexujcitos para efeitos de caso julgado: RC • 13/4119R5,
CJ li5/2. 66. '
Através do registá da acção obtém-se a oponibilidade do caso julgado a
terceiros. O registo da acção (a que se refere, noâmbito predial, o art'' 3°,
3.3. Substituição processual n" I, CRegP) implica que o caso julgado é openívele terceiros que haja 1T1
adquirido ou constituído, na pendência da acção ou mesmo antes dela, um
o caso julgado formado na acção em que intervém como parte o substituto direito incompatível com o reconhecido na decisão transitada, Assim, por
processual é extensível à parte substituída. É o que sucede com a vinculação exemplo, o registo da acção de declaração de nulidade ou de anulação de 11m
do adquirerne da coisa ou direito litigioso (art" 27 1°, n" 3~cfr., v. g., RC- negócio jurídico que. respeite a bens imóveis, ou a móveis sujeitos a registo,
20/4/J })93, CJ93/2. 52). a. extensão do caso julgado favorável nas situações obsta à prevalêncja dos direitos adquiridos sobre os mesmos bens, a título
ele solidariedade {anOs ~22° e $31 ° CC),o 4ptpveiptnenlo do caso julgado oneroso, por terceiro de boa fé,seaqúele registo for anterior ao registo desta
favorável pelo credor de uma prestação indivisíveí (art" 538", n° '2, CC) ea aquisição (alto 291°, n° L ÇC; cfr. STJ • 417/1980. BMJ 299.218; STJ -
extensão do caso julgado favorável ao devedor formado na acção entre o credor 29/1111983, BMJ 331, 565); o registo da acção de execução espectfica do
eo fiador (art" 635°, n" 2, CC). O mesmo pode ser afirmado da oponibilidade contrato-promessa instaurada pelo promitente-comprador torna oponível o
aos SÔCIOS da sentença que declara nula ou anula uma deliberação social
r r
598 Eficácio da composição
C/inícill da composição 597
Discute-se se, quando () contruto-promessa não possui eficácia real. li registo da acção de 2.. Enunciado
execução específica produz esse mesmo efeito relativamente a uma transmissâo realizada
para um terceiro untes da proposirura da acção (an° 413" CCr contra, cfr. RL - 23i2/i9X9. a, Os recursos extraordinários são a revisão e a oposição de terceiro
CJ KlJll. 133: RI. ~ 51111990, C.I 9011. 1.5!{: STJ- 12/311991. Dir, 124 (1992), 441 (com (art" 676°, n° 2 2" parte). A revisão pode ter por fundamento vícios 1/1 iudicando
unotaçãudiscordantc de OI/II'li" Telles: ctr. também Galvõo Telle»; Registo de acção judicial ou in procedendo. Integram-se 110S vícios j» ludicando: - ti prática pelo juiz
(Sua rclcvânciu processual c substuruivu). Dir. 124 (1992), 495 ss.): STJ - 8151i991. ROA
(art" 369° CP), concussão (art" 379 CP) 0
da causa dos. crimes de: prevaricação
52 (llJlJ:!). I X3 (C()Jl1 anotação discordante de Oliveiru A.\'Cel/SC10 c Paula Costa. e Silvn); 'STJ ..
15/311.lJ<)4. CJ/S lJ411. 15X= RLJ 127 ( 1994/1lJ95),.212 (com anotação concordante dcAlllleidll ,e corrupção (peita ou suborno, ares 372° e 373°. n° I, CP) (arr" 771°, al, a) (IXI);
Costa). - a. falsidade de, documento, de depoimento ou de declarações dos peritos
(are 771°, al, b));-a superveniência de documento essencial (art" 771°, aI. c);
Na hipótese de transmissão
da coisa ou direito litigioso realizada por uma cfr. art" 5'24°); , a declaração de nulidade ou anulação da confissão, desistência
das partes durante a pendência da causa, o registo da acção também assegura ou transacção (art" 771 o,al~s d) e e); GÍr. are 30 I 0); - a contradição com deci-
aoponibilidade do caso julgado ao adquirente que não chega li intervir na acção são anterior (art" 771°, al, g): cfr, art? 67Sd}, São vícios in procedendo:
(urt? 271 '', n? J). É ainda aquele registo que garante li oporribilidade a terceiros - a falsidade de;atto judicial (art" 771°, aI. b); .. ~lfalta ou nulidadeda citação
do caso julgado de uma acção de preferência legal (cfr. STJ - 20/6/1969, BMJ do réu. (artO771°,.al.O; cfr. art°s 195°e 198o)cjYJ.
18.8. 164 =RLJ 103 (1970/ 1971). 468 (com anotações concordantes de Va;;:
Sobre a superveniência do documento C'.)!l\O 'fundamento dn 'revisãn. cfr. RL . 51:21J 91\0.
Serra e AI/ll/II!':\' Vare/a»), C1 HO/l. 230; RE - 2:111011980, BMJ Jt)3, 28S:RP -·19/5119g6, cr H6/J, 240; ST,I - 911119X7,
BM1 363,. 422;RC - 15fJ 21!992, CJ 921.5. 72: snbre.a declaração de nulidade ou anllla,~" «la
comissão. desistência ou transàcção, cfr. STJ - 20/10/198;3. BMJ 330. 41D: sobre a tulra
§ 3". ou nulidade da cirução, cfr. 'RL - 5/5/i978. CJ 78/3. 919:R.L - 121711978. CJ 7X/4, 131'6:
RL - 7/11/19'78., CJ 78/5.1533: R.L - 13/2/1992, CJ 9211. 157: STJ - 2611/1lJ95. UMJ 443. 314.
Note-se que a sentença que decretou a adopção também pode ser revisu; ~()111Iundumentu numa
Impugnação do CáS() julgado das circunstâncias previstas no urt" i9900; nOs I e 1.. te: 'i1s,Ul1, Castra Mendes 1M, Tcisritu
de 50".1'<1; Direito du Família (Lisboa 199011991 l. 417.
I. Função
simulação (art" 780°, n° I: cfr. RC - 21/6/1994, cr
94/3, 38), tendo legitimidade
para interpor esse recurso aquele que tenhasido prejudicado com a decisão
proferida no processo simulado (art" 77'8°, nOI infine; (2m.
Os recursos podem ser ordinários Ou extraordinários' (art" 676°, n" 2): os
ordinários .constituem meios de impugnação de decisões ainda não transitadas !I~) Sobre o problema daqualificação do juiz corno funcionário nos termosdo art" JX6° CI'.
em julgado: Os extraordinários são meios de irnpugnação de. decisões, ainda que cfr, Leal-Henriques / Sima S(/lIIOS, Código Penal! (Lisboa 1\1%). 1234.
já transitadas, quando °
processo ou a decisão se encontrem afectados por vícios 119i Sobre o recurso de revisão. cfr. Cândidu Pires, O recurso de revisão em processo civil.
BMJ 134 (l'l64),ZI SS.; Ribetnr Mendes, Recursos em Processo Civil;' (Lisboa 1994). 303 ss ..
cuja gravidade justifica que se sacrifique a segurança resultante do caso julgado
(2\li. Apesar de desactualizado perante I> direito positivo. ruas mamendo grande interesse.
à justiça devida à situação apreciada, Estes recursos comportam-se como
di', Paulo Cllnha,.Sirtllllaçao processuul.e anulação do caso julgado (LiSO"il 19;15); sobre (l
verdadeiras acções. com um duplo objectivo: () primeiro é o de verificar II recursode oposição de terceiro, clr: Ribeiro Mendes, Recursos " 3(J9 ss.,
existência de algum vício na decisão transitada ou 110 processo a ela, conducente
Eficáci« dá composição 599
julgado e se profere a decisão que substitui a decisão anterior (artOs 776° c 77~o,
!1° 1 l.
602 Acçãoesecutiva
Acção executiva 601
apenas os poderes que são funcionalmente característicos de cada um desses (nem, consequenrcmente. está submetida aos requisitos' de) art" 470")., porque n valor económico
direitos subjectivos, importa referir que os direitos de monopólio encerram os de cadu um dox pedidos I\I~ apreciação (1IJ de conxtituiçãn, por uni, ltido.. c de condcnuçã«, por
poderes de gozo, de fruição e. de disposição de um bem (cfr., v, g.; art" 1305° outro) não é autónomo do outro pedido cumulado c não aprexenta uma utilidade económica
distinta daquele (cfr, urt" 305°. n" I), Pode acontecer que seja o valor do pedido prejudicial (de
CC), no direito a uma prestação contém-se uma faculdade de exigir a prestação
apreciação ou constitutivo) o determinanrc para o valor da acção de condenação. Uut exemplo:
ao devedor e um correspondente poder de adquirir a. prestação realizada e., por
604 Acção executiva
ACÇ1/O executiva 603
aos tribunais para. a .delesa dos direitos e interesses legítimos (art" 20°, n" I, pagamento rateado dos seus créditos (art°s 209" e 2 J 4" CPEREF), dudo que o
CRP). passivo do devedor é maior que o seu activo (art".]o CPEREF). O processo de
Nestes termos, é nítida a diferençaentre a acção de condenação e a acção
executiva. Enquanto, naquela primeira, o autor requer o proferirnento de uma (1) Gerhardt: Grundbegriffe desVnllstrcckungs- und lnsolvcnzrcchts (Stpttgart·/lkrlin I K(ilnl
I Mainz 1985), 4: "1.,.1 im Erkenntnisvcrf'ahren wird vcrhundclr (und cruschicdcn) .. im
decisão de condenação do réu no cumprimento de uma prestação, nesta última
Vo) lstreckungsvcrfahren wird gchandelr".
o exequenté promove, com o recurso ao ias imperii do tribunal, a realização ("' Sobre o âmbito do processo civil, cfr. M. Teixeir« de Sousa. Introduçãu ao j1mccsso civil
coactiva de uma prestação através de certos actos materiais relativos à prestação (Lisboa 1993 l. 14.
(como, por exemplo, a entrega judicial da. coisa devida) ou sobre o património
,- r:
I r
contra uma penhora ilegal .. o que também encontra reflexo no âmbito dos
falência orienta-se, por isso, por um princípio de distribuição das perdas dos
embargos de terceiro definido nos arr's 351 ", n" I" e 352".
credores.
Se for penhorado um crédito do executado sobre um terceiro (art" !\56°j. este devedor não b. O direito a uma prestação, quando reduzido a uma faculdade de
se torna parte na acção executiva e mantém-se corno terceiro perante essa acção, mas são-lhe. exigência da prestação que é correlaliva de um poder de aquisição dessa mesma
imposursulgumas obriguçõcs (art" a5(í": n" 2). Se esse. devedor não contestar a existência do prestação, designa-se por pretensão IJ). A pretensão contém uma faculdadede
crédito (art" ~~.X") ou não alegar que a sua obrigação eSI~ dependente de uma prestação do
executado (Íslo é. do seu credor) (art" 859°), é obrigado a.depositar. logo que: a dívida se vença,
exigir uma prestação e esta pode consistir nUI11 comportamento activo pu
a respectiva importância na Caixa Geral de Depósitos (art" 860°., n° I). omissivo.
Sendo o. objecto da acção exeçuriva uma pretensão (reconhecida, por
b. Em certas circunstâncias, é. admissível considerar o próprio executado exemplo, numasentença etmdenatória), estapretensão mantém J1essa acção
terceiro perante a execução. Isso é possfvel' sempre que etista uma limitação todas as características .do seu regime substantivo .. É por isso que não se pode
da responsabilidade patrimonial do devedor (quer legal; anos 825",827°.e 828°" instaurar uma execução relativa a uma pretensão ainda não vencida c não
quer convencional, art" 6026 cq
e sejam atingidos na execução bens que, em exigível (art° 802°) e é também pela mesma razão que lhe são oponívcis todax
virtude dessa limitação, não o devam ser. ES~á .era a solução constante do asexcepçõ~&peremptórias, desde que não se encontrem precludidas pela
art° W37", n° 2 2' parte, CPC/67, mas a reforma atribuiu 'a esse executado omissão lI;1 sua invocação na acção condenatória antecedente (art" g 1.30, ál.gj),
uma outra forma de reacçãocontra essa penhora ilegal: a oposição à penhora
(art"s 863°-A, alas b) e c), e 864°-B ). Isto significa que deixou de se. considerar ()l Sobre a pretensão e 11 sua decomposição nesses elemcntnsvcfr. M. 7'!'ÍX(:il'lI li" S(I(/Sl!.
I ,
r
610 Aq.'iili executivu
Acçüo executiva 609
documentada respeitasse a quantias determinadas nú a entrega de coisas fungíveis: agora.xegundo se se verificar uma das situações em que a secretaria pode recusar o rccc-
·a nova redacção do art" 46°. al. e), esses documentos são títulos executivos quando se refiram a bimento da petição inicial (arr" 7° DL 404/93; sobre os motivos dessa recusa.
qualquer obrigação, exccpio uquelu caju 'liquidação não possa ser realizada por mero cálculo cfr. art° 474"). Se o requerido deduzir oposição. ouse se frustrar li notificação
aritmético (clr. arte g05'').
por via postal, o secretário judicial apresenta os autos à distribuição; depois
desta, os autos.são conclusos ao juiz, o qual, se o estado do processo o permitir;
Ao contrario do que sucede em alguns ordenamentos jurídicos estran- designará, desde lugu, o dia para julgamento, observando-se a rrumltação
geiros, no direito português il sentença (mesmo a arbitral) proferida por um
estabelecida para o processo surnaríssimo (art" 6°. n° 2, DL 404/93; sobre ~s~ú
tribunal português {ou por um tribunal arbitral em Portugal) é título executivo tramítação, cfr. artOs 795" e 796°).
sem necessidade de qualquer exequatur (artOs 4r, n° I, é 48°, n° 2), Às
sentenças são equiparados os despachos e quaisquer outras deçisões 04
actos de autoridade judicial que condenem nocumprimento de uma obrigação 4. Exequibilidade intrínseca
(art" 48°, na I).
A exequibilidade intrínseca é uma concretização da accionabilidadc da
Quanto it eficácia executiva das sentenças, idênticos ao regime' português são alguns pretensão, pelo que não pode ser configurada como um pressuposto processual:
ordcnumeruos lutinos, corno o brasileiro (art° 584, n" I. CI>Ç). o espanhol (arj" 919 LEC) e o
uma das situações típicas de não accionabilidade da pretensão é a prescrição,
argentino (cfr. I'. g., art" 497 do Cádig» Procesal Civil y Comerçiai de la Provincia de Buenos
Aire.i').Pelocolllrário. 'a aposiçãode uma Cláusula executória é cxigida pelo direito alemão que constitui uma excepção peremptória (artO 493", n" 3). Essa exequibilidade
(~ 725 ZPO) c italiuuo (art" 475 Ccp.c.), é, na realidade, uma condiçãoprocessualde procedência, ou seja, urna condição
da qual. depende a Gonces5ÃO da. tutela jttti~diciü(lal, que, no casoconctet«, é
é. Através do processo de injunção, introduzido e regulado pelo Decreto- a execução da prestação 01. Ela é 'uma característica respeitailte ~ próprta
Lei n° 404193, de ) 0/12, pode igualmente obter-se um título. executivo. Esse pretensão. OU melhor, a um dos seus elementos, que é a faculdade de exigira
processo tem por finalidade conceder força executivaao requerimento destinado prestação .. Portanto, faltandoa exequibilidade intrínseca, falia igualmente cssa
a obter o cumprimento efectivo de obrigações pecuniárias decorrentes faculdade e, em consequência, a. pretensão. Isso juxtifica que uma acção
de contrato cujo valor nãoexceda metade do valor da alçada do tribunal executiva cujo objecto seja uma pretensão intrinsecamente incxequívcl deva ser
de I'instância (art" I" DL 404/93; sobre essa alçada, cfr. art° 20°, n° I, considerada improcedente (enão meramente inadmissível l.
LOTJ). A tefetid,l excepção de prescriçi'ío extingue a faculdade. de exigência da
O pedido de injunçãoé apresentado na secretaria do tribunal que seria prestação e, portanto, a exequibilidadeintnnseca, mas, em contrapurtida, não
competente para a acção declarativa com o mesmo objecto (art" 2°; n" I, atinge o poder de aquisição da prestação, dado que, apesar desSl\ prescrição. o
DL 4()4/9:3). No requerimento de injunção, o requerente deve expor Os factos credor continua a possuir um títulode aquisição de qualquerprestação quc. s(;':jrr
qye fundamentam a sua pretensão, juntar os documentos comprovativos, se os realizada voluntariamente pelo devedor: é o que resultado art" 304". n~ 2, cc.
houver, e concluir pelo pedido da prestação a efectuar (art" 3° DL 404/93). Mas a exequihilidudc intrínseca também é afectada por uma excepção que
Recebido o pedido, o xecretário judicial notifica o requerido, por carta.registada atinge oprõprio poder de aquisição da prestação; é o caso. por exemplo. da
com aviso de recepção, devendoremeter igualmente cópia da pretensão é dos nulidade da venda de um imóvelpor escrito particular (att~s 875<\ e 220" CC)
documentos juntos, indicar o objecto do pedido e demaiselementos úteis à ou da nulidade da dívida proveniente de jogo ilícito (~~rt()s1245" e 2.94" eC).
compreensão do mesmo e ainda referir O último dia do prazo para a oposição A exequibilidade intrfnscca nunca éautônoma, por isso, da existência de um
(art? 4" DL 404/93). título de aquisiçâo (Ia prestação.
Se ti requerido não se opuser no prazo de. 7 dias a contar da notificação
(art" 6°, n° I, DL 404/93), o secretário judicial apõe a fórrnula.executória no m Sobre às condições processuais de procedência, cfr, M. Teixeira ti" Sonsa .. lmrodução. 73;
requerimento. de injunção (art" 5" DL 4(4193). Só o poderá deixar de fazer, se. M. Taixeira di' Sonsa. Aspectos rnetodulógicns' c didácticos do Direito Ptoccssua] Civil. Rfl)
35 (1994 l, 372 s..
() pedido não. se adequar às finalidadesespecfficas do processo de injunção é,
6J2 Acção executiva
AiFlo executiva 611
/, .,.
(
'.
.• '
I
•• <>:
. ','
[
_:~/
. t
l
r r r ,- í
todas as outras execuções (art" 4.650, na 2).. que são ,1$ seguintes: - as execuções
3. Forma do processo baseadas numa sentença condenatória de uma quantia líqúida; - as execuções
cujo tÍl~1I0 executivo liejá uma sentença de condenação numa quantia ilíquidu,
a. O prOCeSMJ executivo pode ser COmum ou especial (art" 460°, nOI).
que possa ser liquidada pelo próprioexequente (cfr. arr" 805°. na I l·.
O processo executivo comum ésubsidiáriõ, pois que só é aplicável quando
à pretensão exequenda não corresponda qualquer processo executivo especial Se uma parte da ooriguçãc for .ilíquidu e nu Ira líquida. pode executar-se imcdiaramcntc
(art" 460 na 2). 0
,
esta última (art" g I (lo •. n" 1-). Neste caso, ti forma de liquidação ÚO montante il'íqldtl",,".irre\cvahl'é
Como processo executivo. especial regulado no Código de Processo Civil para a determinnção da Iormu, de processo.
deve mencionar-se a execução por alimentos (artos 1118° a 1121 "-A). Além
desse processo especial. encontram-se previstos nalguma legislação avulsa c. As formas da acção executiva comum são típicas. ou melhor. e~tijQ
(jutrp~ processos executivos especiais: a execução por custas (artOs 116" a 123 0
submetidas a uma tipicidade taxativa, Desta tipicidade rGwll;1111duas COnM~-
CCJ) é exemplo. de urna execução especial para pagamento de quantia certa; a quências. Antes do mais, ela significa que não há a possibilidade de criar outras
execução do mandado de despejo (artOs' 59' a 61° R:AU) constitui exemplo de formas de processo executivo comumalém daquelas que se encontrurrr esta-
uma execução especial para entrega de coisa certa. belecidas na lei. Essa tipicidade também Implica que toda e qualquer execução
para a qual não esteja prevista uma forma especial tem de se incluir numa das
o art" .'"' DL J2l)-Afl)5 revogou a venda e adjudicação de penhor (an', 1008".a 1[) 12°' formas processuais previstas na lei, cpeJo que, .qualquer que seja o título
CPC/(j 1) c a posse OU entrega judicial (lI'ri'", 1044° a 1()51o CPC/61 l. executivo e a prestação que nele se eontémvaexecução terá de se enquadrar
na execução para pagamento de quantia certa. paracntregâ de coisa certa O!.1
b. E evidente a necessidade de adequar a actividade do tribunal à exe-
para prestação de facto.
cução específica ou não específica da prestação.rporque Os actos desti nados à
realização da própria prestação não são os apropriados à liquidação de um valor
pecuniário sucedâneo da prestação não cumprida. Atendo a isso. a lei distribui
4. Regime aplicável
as formas do processo por cada uma das modalidades da execução segundo a
prestação referida no título executivo: existem, assim, execuções para paga- Ao processo de execução s'50 subsidiariarnente aplicáveis, com as neces-
mento de quantia certa, para entrega de coisa certa e pata prestação de facto sárias adaptações, as disposições reguladoras do processo de declaração. que
(art° 45 n~ 2).
0
•
se mostrem compatíveis com a natureza da acção executiva (ar!" 466°, n" I).
A forma da acção executiva comum pode ser ordinária ou. sumária Quanto à regulamentação própria do processo executivo, há que considcrur,
(art" 465"). A distinção baseia-se em dois elementos: o título executivo utilizado antes cio mais, as suas disposições gerais (art?» 80 l" a 810').
pelo exequente e a Iorma de liquidação da obrigação ilíquida (se a houver, No âmbito da regulamentação cio processoexecutivo, a execução .ordi nári a
naturülmentc). A forma ordinária éaplicável sempre que o titulo executivo não para pagamento de quantia certa (arr's 811 a 92,3°) é <J fo.rma de execução que
0
Ior uma decisão judicial (art° 465 tio I, al. a») ou for uma decisão judicial cuja
0
,
é tomada como paradigma para todas as demais. As suas disposições são
liquidação' não possa ser realizada pelo exequente (art" 465 n° I, ai. b).
0
,
r r í f
\ r c r
a. A acção executiva visa a realização coactiva de uma prestação ou de 2. Execução para entrega de coisa certa
um seu equivalente pecuniãrio. Nela não se procura uma decisão sobre um
direito controvertido, mas a.efectiváção de uma prestação que está documentada A acção executiva comum correspondente à ripologiu da execução
num título executivo (art" 4.5°, 1)° 1) e que, segundo a força prcbatória desse específica. directa -a execução para entrega de coisa certa (art''s 928 a 932°)
0
documento autêntico ouparticular «mos. 3730 .e 376" CC),é considerada - comporta somente, duas fases: a fase da verificação da pretensão exequcnda
existente c não cumprida.Esta finalidade da acção executiva reflecte-se na sua ,ea fase do cumprimento da prestação. Naquele primeira fase, o tribunal
tramitução. certifica-se do. preenchimento das condições gerais da acçãü executiva (como
Nas tipologias da acção executiva comum, a execução específica directa a exequibilidade da, pretensão e aexigibilidade da prestação) e dOI; seus
só tem uma concretiznção - a execução para entrega de coisa certa, (arr's 9280 pressupostos processuais e procede-se à citação do executado para efectuar li
a 9J2°). São essencialmente razões pragmáticas que determinam O carácter
entrega da coisa ou opor-se à pretensão do exe<juenle (art" 928°, n° I), Na fase
restrito dessa regularnel1taçãp: se o devedor não entregou a coisa devida e essa do cumprimento da prestação, tomam-se as diligências necessárias (incluindo
aindase encontra no seu património, nada mais há a efectuar do que desapossar a busca) à entrega, efectiva ou simbólica, da coisa ao exequente (art" 930°).
o devedor c investir o credor na posse dessa mesma coisa (art0827° CC;
art" 930"}.
A diferença rnarcante entre a execução para entrega de coisa certa 3. Execução específica indirecta e não específica
(execução específica directa) e todas as demais (execução para pagamento de
a, A execução específica indirecta e a não específica destinam-se à
quantia certa, execução para prestação de facto e execução para entrega de coisa
obtenção deum quantitativo pecuniãriocorn O qual o devedor é directamente
certa convertida em execução para ressarcimento) reside no seguinte: enquanto
pago Ou ressarcido (art''s 81r CC) 0\.1 pode custear a realização do facto oua
naquela pode proceder-se à tradição da posse sobre a. coisa, todas as demais
Acçl70 executiva 619
62() AC'çlio executiva
demolição da obra realizada ilicitamente (artOs R28° e 829° CC). Este quan- A acção executiva termina com as operações destinadas ü obtenção
titativo é liquidado mediante a alienação de bens do devedor (art" 81]0 te, efectiva da prestação (ou do seu equivalentepecuniario): éa fase da sL\tisfação
urt? 821 ",DO J) ou de um terceiro garante (art" 818 CC; 821°, n" 2). Esses bens
0
da prestação exequenda, A satisfação total do crédito do cxequcnte através d<i
podem seraquelesque estão onerados com uma garantia real (consignação de quantia liquidada na vencia executiva depende da hierarquia do seu créc1itp hil
rendimentos, penhor, hipoteca, privilégio creditório ou direito de. retenção), graduação efectuada em conjunto com os créditos dos demais credorescon,
portanto pens sobre os quais o exequente tem direito ti ser pago compreferência garantias reái, sobre 0$ bens penhorados, pois que o crédito do exequente não
sopre os credores comuns (art" 6Ü4õ, n" 2, CC), ou bens indi terenciados do prevalecesobre o crédito de um credor cujagarantia seja anterior à penhora
devedor, quando o exequente não for titular de nenhum direito real de garantia (arr's 6tJ4°, n° 2, e 822ô, n" J, tC;ártOs 865", n" I,e 873.°, n" 2). Assim, se,
sobrebens doexecutado. Neste último caso, o património do devedor funciona por exemplo, o crédito do E:xequente for' de 10.000 contos, 'o do credor com
como. garantia geral da obrigação de prestar (art" 60 1° CC). hipoteca anterior à penhora for de IS.QOO ç;ontps e a venda dormóve] ponho-
nulo (e hiporecado) render apenas 20.000 contos, o exequellle rceebesomcnte
b. A trurnitação das acções executivas referidas à execução específica 5,000 contos, pois o pagamento dos 15.0.00 contos do credor reclamante ter\)
,preferência sobre o seu crédito (art°s 6049, n" 2, e 822°, n° I, CC; arte'!, ~6Y.
indirecta c à execução não específica; inicia-se com a verificação dascondições
n° I, e 873°; n° 2J.
e dos pressuposjos da [(ÇçãQ executiva ou com a discussão dessascondições
ou ,desse~ pre.s$!Jpostos (cfr, anOS J 1°_A), se o executado seopuser à execução
com fundnmento 11() seu não preenchimento (cfr. arí''s RI2ó a RJ9 Ó
). Ea fase
~ :.\1'.
du yerifí(\lçao da pretensão exequenda.
Segue'~e ü desapossamento do devedor de determinados bens (aqueles Pr()ceSSO executivo
cuja venda Ibr suficiente para o pagamento da dívida ou a realização do
quantitaflvo requerido ou aqueles sobre os quais incide a garantia real). Esse.
desaptlssamcnto decorre de umacto de penhon; (arr's 821" e 835"), queatri bui
1. Função jurídico~econó!llica
ao credor cxequente uma preferência no pagamento através do produto da venda
dos bens (are 822", n" I, CC). Este momeQto datramitação da acção executiva
podc.scrdcslgnado COIl)O fnsé da constitulção da garantia patrirnonial (ou .du L Realização dá prestação
cfecuvação dessa garantia, se anteriormente à acçãoexecutiva o exequente já
possuía um direito real degaranria). o processo ex.ecutivo faculta ao exequente a satisfação da prestação que
Após a penhora dos bens do devedor, procede-se normalmente it sua venda o executado Mo .cUTrypriuvdluJ)tarian:íente (art" 4';' n9 3). Esse processo procura
(art" 886°, n° l.), poi's que éatravés do produto obtido comessa alienação atribuir auexequente.a satisfação do seu interesse patrimonial ou de um
que é sarisfeita ~i pretensão do exequente (ou o seu equivalente monetário) equivalente pecuniãtio, utilizando, se necessári«, meios coactivos contra o
(art" 872°, n" I). A fase correspondente é, por isso, a da real ização do aetivo pattimónío do devedor (como a penhora e a vendade bens),
patrll1lonial,a qual preenche uma função algo complexa. Segundo orcgirne Dlferenremente do processo declarativo de çondcnação, o r)fOcessp
dessa venda forçada, o bem penhorado é alienado Iivre de quaisquer ónu~ pu executivo não visa impor um dever de cumprimento de limá prestaçã«, ma.~
limitações, oque implica que se extinguem todos os direitos reais de garantia obter a realização coáctiva de. uma prestação não cumprida. Como o dever de
de outros credores sobre os bens vendidos (art" 824°, n" 2, CC), Isto conduz prestar que se executa esta corpórizado num título executivo (art" 45°. n" Il, a
i\ necessidade de facultar a esses credores a intervenção na acção executiva trami ração do processo executi vo orlenta-se pri rnordial mente ,para a satisfação
para aí reclamarem os seus créditos e serem pagos segundo a preferência efectiva do direito do exequente e só .adrlJiJe a discussão da exixtênciaou
resultante do seu direito real de guràntia (anOs 864 n° I, al, b), 865", n° I, e
0
, validade da pretensão exequenda num processo declarativo incidentul da
873°, UO 2). execução - os chamados embargos de executado (cfr., v, g., ,trtOs S 12" ü819").
r r f
este requeira a separação de bens (art" 825 n° l).Qualquer dos cônjuges deve
Q
,
2. Racionalidade económica: condições externas requerer, dentro de 15 dias, a separação de bens. oujuntar certidão comprovativa
da pendência de acção em que a separação já tenha sido rcqucrida, sob pena
a. No processo executivo, I)á que observar certas regras de racionalidade de a execução prosseguir nns bens penhorados (art" 825", h" 2). ApCl1SadQ (J
económica, que lhe permitam atingir mais fácil e celerernente .á sua função requerimento ou junta .a certidão, a execução ficasuspenxamé à partilha; se,
jurídico-económica, isto é, que contribuam para optimizar os seus resultados por esta, 08 bens penhorados não couberemao executado, podem ser nomeados
econórnicos (Xl. São vários os aspectos respeitantes a esta finalidade da acção outros que lhe tenham cabido (art" 825°, n'' 3).
executiva. Eles podem ser distribuídos por condições externas, se se referem
a circunxtâncias. extraprocessuais, e internas, quando respeitam a factores
proeessu[tls. 3. Racionalidade económica: condições internas
b. Uma das alterações importantes trazidas pela reforma da legislação a. Um dos principais factores internos de garantia da racionalidade
processual civil foi a nova redacção dada Pelo art" 4°, n" 1, DL 329~A/95 ao económica do processo executivo refere-se à identificação dos bens suscepüveis
art" 1696°, n° 1, CC, da qual resultou a supressão da moratória forçada de que deser penhorados {91. O art" 837°-A define UI11 dever de colaboração (anto oo
beneficiava o cônjuge do executado. Segundo a versão agora revogada do tribunal com o exequente, como do exeeutadoccr» Q tribunal e o exéql1ehJe,
art? 1696°, n" J, oc, pelas dívidas da responsabilidade do cônjuge executado Em cumprimento daquele dever do tribunal. 'incumbem a este órgão algumas
respondiam Os SeUS bens Próprios e, subsidiariamente, a sua mcação nos bens diligências inquisitórias (art? 837"-A, n° 1): uma destas é a faculdade de
comuns, mas, n.est~ ~~\So! Q cutnprimentosõ era.exigfvel depois de dissolvido, determinar a prestação de informações relativas a dados quese encontrem na
declaradq nulo ouanuladoocàsàmento ou depois de decretada a separação disponibilidade de serviços administrativos e que se refiram à identificação;
judicial de. pessoas e bens ou a simples separação judicial de bens entre as residência, profissão e entidade empregadora ou queperrnitam O apuramento
cônjuges. Coma revogação da rncratória forçada pretendeu-sê, sem dúvida, da situação patrimonia! do executado (art'' 519"-A, h" í ) .. Com ornêsutó
aumentaras hipóteses de o exequente obter a satisfação efectiva.do seu crédito objectivc deidentlfíC;lçtlO dos valores pChhorávels, o Mt" 861 "-A, j)" 2,
sobre. a cônjuge, embora sacrificando, em alguma medida, os interesses dá estabelece que a instituição detentora do dépósil(l bancátíü pCllh(jmQPeSt~
famfli«. obrigada a.comunicar ao tribllnal o saldo da COI)ta Ou comas qul,'l tbrelll objecto
de penhora,
Embnr.;t ü lei não o estabeleça, .há que considerar tuci lamente. revogadoo art" I O" eCOnl, Quanto. ao dever de colaboração do executado (art" 83r-A, n° 2), ele
que dispensava a moratória quando fOSSe exigido de qualquer dos cônjuges o cumprimento de concretiza-se na proibição de ocultar um bem com o objectivo de () subtrair à
UI1lU pbrigüção emergente de um lido de cornércio.iCorn a supressão da.moratória na nova versão.
penhora, o que. o sujeita, além da condenaçãocomo litigante de má fê, .<1
do art" J 696'\ n° J, ee, pode dizer-se que se generalizou o regime que CrU especfflco das dívidas
comerciais. responsabilidade criminal (art" 850", n'' 2). Esta última é a que correspondejí
prática do crime de desGarhiJlho ou destruiçãode objectos colQcüdm; sQb Q
Na nova redacção-do art" 1696", n" 1, cc
foí suprimida a moratória, mas poderpriblico (art" :355° C)3), pelo qué nenhuma das ~üÍJçõespl"evistas na lei
continua a estabelecer-se que, pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de para essa situação possui carácter compulséri».
um dos cônjuges, respondem os bens próprios desse cônjuge e., subsidia-
riamente, a sua rneação nos bens comuns, pelo que o exequente nãoestá inibido b. Após a penhora dos bens, é indispensável assegurar a sua conservação
de, na falta de bens próprios do cônjuge executado, nomear à penhora bens epermnnência no património do executado. Aquela primeira preocupação
comuns dos cônjuges. Só que, nesse caso, incumbe-lhe o ónus de, conjun- justificao depósito dos bens penhorados (artOs S39° e 84i<!), o qual, além da
tamente COm essa nomeação, pedir a citação do cônjuge do executado, para que
(9) NUIJHl perspectiva de direito cornparudo. cfr. C!i')ogliú, L'mdividuazione tki b~lli da
pignorarc, RDP 47 (1992), 101 ss..
IHICJr. !{i!?";r(! Mendes; Processo executivo e economia, SJ 1992/2.51 SS..
624 Acçüo executiva
Acçãoesecutivu 623
desses mesmos bens, porque issoconstituiria lima violação do direito de pro- CP), às sanções correspondentes à litigância de má fé (art" 850u, n° 2; sobre
priedade do executado (ou do terceiro) constitucionalmente garantido (art" 62°, estas consequências, cfr. art" 457°), o devedor do crédito penhorado, que faltar
I1 I, CRP). É o recurso a esse ius imperii pelo exequente que justifica que a
U
conscientemente à verdade, incorre na respcnsabilidade do litigante de má fé
sua "propriedade" sobre a pretensão exequenda possa prevalecer sobre o direito (art" 856", n° 4) e, se esse devedor contestar a sua existência, são n(ltificad(ls,
de propriedade. do executado (ou do terceiro) sobre Os bens que são afectos à para compurecerern no tribunale esclarecerem essa dúvida, ele própriQ.o
realização coactiva da prestação, pois só 'esse ius imperii permite subordinar o exequente e o executado (art" 858", 11° I).
direito de propriedade 00 executado (OU do térceiro) ao direito à prestação do
exequentc,
2. Disponibilidade privada
634 ACç"lioexecutiva
Acção executiva 633
faz-se a apreensão do objecto deste (art" 856°, n" 6); - a penhora de direitos
existência de factos irnpeditivos QU exnnuvos de conhecimento oficioso
'incorporados em títulos de crédito realiza-se mediante a apreensão deste"
(de art"sR II "-A, n° I i al, c), e 820°) e se, nessa e em qualquer outra, execução,
'(art" 857", n° I J.
não houver oposiçã« do executado, o tribunal não averigua sequer se a
Na execução para entrega de coisa certa pretende-se a efecrivação.deste
prestação exequenda realmente existe.
dever. A essa entrega são aplicáveis, Com as necessárias adaptações. as
. Essa formal ização da acção executiva não i mpede alguma relevância
disposições referentes à. realização dapenhora, podendo ainda proceder-se às
concedida à discricionariedade do tribunal (cfr., v. g., art''s 824°,n"s 2 e 3,83&°,
buscas e outras diligências necessárias quando o executado não fizer volun-
n° 6, 886"-A, nOs 1 e 2, e 898°, nÓ 2). Mas essa discricionariedade é mani-
tariamente a entrega da coisa (art" 930°).
festamente excepcional, o que mostra que o processo executivo se orienta, em
regra, pejo princípio da legalidade do conteúdo da decisão. b. A execução para prestação de facto coloca alguns problemas especiais,
desde logo porque o devedor não pode ser coagido li praticar o facto tnemo
potest praecise cogi ad factunú, isto é, a execução não pode recair sobre a
3. Coacção ptópria.acção Ou omissão do devedor. Mas isso não impedeque o cxcquente
possa utilizar meios cornpulsóriospura obrei: o factodevido. Esse meioé LI
a. A realização efectiva da prestação pode implicar o uso de cenas
sanção pecuniária compulsória preVísH\ no ).lrtO~29°~A Cc, Nas obrigações de
medidas de coacção sobre o executado ou terceiros. Estas medidas carac-
prestação de facto infungfvel, salvo nas que exijam especiais qualidades
terizam-se por implicarem a Imposição de certas sanções ou o uso da força para
científicas ou artísticas dó obrigado, o tribunal pode, a requerimento do. credor,
remover resistências e são instrumentais da finalidade específica da acção
"Condenar o devedor no pagamento de uma quantia pecuniária por cada dia de.
executiva. que éasutisfação efectiva de uma pretensão.
atraso no cumprimento ou por cada infracção, conforme se mostrar mais
NaeXeCLlçã() para pagumerrtode, quantia certa, São várias as medidas de
conveniente às .circunstância do caso (art" 829°-A, n'' I, eC).
coacção relacionadas com aefeetivação da penhora. Dentro das medidas de
NM há dúvida de que, face ao disposto nos anos 933", n° I infin«. e 941",
caráctersancionntório. podem referir-se as seguintes: - li ocultação e a sone-
n" I, li sanção pecunlaria compulsória fixada num anterior processo declarativo
gação de bens penhorãveis originam várias sanções (art° 850°, rr's 2 e 3); - se
pode ser executada na própria execução para prestação de tacto. Mais duvidoso
o depositário dos bens penhorados não os apresentar sem justificação, é
é saber se ela tambémpode ser requeridanuma acção executiva pendente.
ordenado o arresto de bens próprios, sem prejuízo do respectivo procedimento
A resposta nãopode 'ser uniforme. Se o prazo para a prestação não estiver
criminal (ün° 8546, n" 2; cfr: art" 355"CP); - o mesmo regime vale para
determinado no' títuloexecutivo, o exequente deve indicar aquele que reputa
o proponerue da aquisiç,ão de bens vendídos que não deposite o seu preço
suficiente para a sua realização (art" 9399, n° I ),.podendo aproveitar essa
(anos R9fO e 8986, n° H: - o devedor do crédito penhorado, que não cumpra a
situação, segundo parece, para pedir a fixação pelo. tribunal de uma sanção
obrigação, pode ser executado por ela (art" 860°, n° 3); - o exequente ou O
pecuniâria compulsória porcada dia de atraso no cumprimento 0..\ prestação
credor graduado, que lenha adquirido bens pela execução e que não deposite
a quantia em dívida, será executado por esse montante (art0887°, na 3); • O
(art" 829°:.A; n° I,CC). Mas seesse prazo se ençqntr(ll' fixado no t.ft~I1o
executivo, o art" 933°" n° 1, nãoprevêa concessão ao executado dequalquer
adquirente dos bens na venda executiva pode executar o detentor que não os
prazo suplementar para arealização oua omissão do facto, pelo que não
entregue voluntariamente (art" 90 I0),
faz sentido atribuir ao exequente a faculdade de requerer qualquer sanção
Outras medidas possuem um acentuado carácter executivo; - se o deposi-
pecuniária compulsória.
tárío encontrar di ficuldades em tomar conta dos bens penhorados, pode requerer
que urnfunciorrãrio judicial se desloqueao local da situação desses bens, a fim
de lhe fazer a entrega efectiva, para a qual, se necessário, pode ser requisitada 4. Centralização
por esse funcionário o auxílio da força pública (artOs 840°, nOs I e 2, e ·850°.
O processo executivo português é um processo centralizado no tribunal.
n° I): ~ a penhora de móveis realiza-se através da sua apreensão efectiva
A esse órgão compete toda a actividade de natureza executiva, bem como a
(art" 848°, nOs I e 5); - quando Q. crédito penhorado estiver garantido por penhor,
640 Acção executiva
Acçül} eX('CU1;\'(/ 639
devedor pode não ser suficiente para garantir a satisfação de rodas (lspre~tações
de julgamento dos respccti vos processos incldentais, O funcionário judicial que a que o executado se encontra vinculado, Se se atribui uma prevalência absoluta
efectiva a penhora «trtOs!5329, n" 1, 840", 848°, n'' 2.849", n" 2, e 850°, n" 3) aos interesses do exequente, preme ia-se. o credor mais rápido, mas também
OUa er1trega judlcial da coisa (art" 930°) não goza de suficicntaauronamia aquele que mais atendeu aOS seusinteresses e menos aos do executado e dos
orgânica ou funcional perante o tribunal para poder ser tbnsÍderado um órgão demais credores, Se, pelo contrário, se aceita que todos oscredores possam
daexecução,
concorrer, em simultâneç, ao património dodevedor, respeita-se a par conditio
AJg~~lnl~l~ordens .íurídic·~lS estrangeiras cunsugram 'um sistema descentralizado. no qual credito rum, mas penaliza-se o.credor que: procurou iohter legitimamente
assume cspccia! impMlrllidú um ·órgão de cxecuçãd distinto do tribunal. Assim, no direito ale- (e tão-só) a satisfação da sua. prestação, Também aqui há. queproceder a uma
'não, os puderes executivos ..estão distributdos por diferentes órgão»: ao executor judicial ponderação destes 'interesses antagónicos,
*
«(;,'richisl'lJ//:i(!/II'F, 7:'iJ ZPO) compete a execução sobre bens móveis por causa de créditos
Qualquer destas ponderações de interesses apresenta uma especialidade,
pccuniúrius (~·.xj)g ZPO) <.111 execução para entrega de lima coisa (§* 883 a Rtl5 c 897 ZPO);
ao tribunal dn CXCCUÇãll (V,,//slreck1/l(~.rge";chn (no qual, na maior parte dos casos. actua. em
que. acentua marcadarnente a sua delicadeza, É que em qualquer delas
sübsrilüiçüouc urn juiz, üm atll1iinistr,,,Jorjudicial (R"clIISl'flt'ger)), compete a apreciação de confrontam-se exclusivamente diferentes. interesses privados, e não - como
pedidos, ohicc\Côc, c reclamações Tela!ivas ti execução (§ 766 ZPO), a execução sobre crédito» frequentemente sucedenoutras situações - interesses públicos e privados.
e outros direitos putrimoniuis (~* 82H' ss. c H:'i7ZPO) e sobre bens irrróvei»(* ! da GI'.,('t~ iiber Daí que a, hierarquização dos interesses conflituantes seja particularmente
dit·.LII'l/Il!j.í".f'C"'steíg,ij'lllfg -((11'/ dic Zwwlg.I"I'N\I',dtllligJ. a recepção do juramento do manifesto de
melindrosa e nem sempre tenha merecido a mesma. resposta em diferentes
bens rcallzatlu pelo devedor teidesSIlIIlIil'he' (J.[/i'l/bttfllllg.VI'l'/"sichert1l1S, ~ B99 ZPOi é ainda a
rcali/.aç.ã" do nuciu entre os credores (*§ R72. sS.7;PO), épocas históricas e em vários ordenamentos jurídícos.
Ponderação de interesses
I, favor creditoris
a, AexeclJção visa a satisfação efectiva. da prestaçãoexequendu, pelo que
I. Gencralidades não pode admirar que, patààtillgir' essa finalidade, a.lei conceda uma. especial
importânciaàposiçâo do e')(equentecc dos outros credores que-venham \Í intervir
Na acção executiva confrontam-se, com particular intensidade, os na execução (cfr., art"s 864°, n° l,a1, b), e 86~0, n° I), SUo vário» os preceitos
interesses d(j exequente c do executado, dado que a efecíivaçãoda pretensão legais que estão imbuídos desteji:IVoi' creditoris.
doexcquerue se verifica. em muitas situações, à custa do patri mónio do Assim, o recebimento dos embargos -de executado não suspende, çrn
executado, A satisfução dos interesses do exequente traduz-se num empobre- princípio, a execuçãotart" 818°, n" I), o exequente e os credores reclamantes
cimento do executado (mas também, naturalmente" na supressão deum pas- beneficiam .dealguns efeitos corninatórios plenos (art''s 807°, n"l, e 868°,
sivo), Embora a finalidade específica daacção executiva exija que. Os Interesses n° 4), qualquer deles pode requerer à adjudicação de bens (art'' 8756, nOs I
do exequentcprevaleçam sobre os do executado, compreende-se que o sacriffcio e 2), o exequente pode requerera consignação de rendimentos (artÓ879Q
,
imposto a este último não deva exceder o estritamente indispensável à. n° I), a falta de pagamento pelo executado de qualquerdas prestações acordadas
satisfação da pretensão do exequente e não possa deixar de considerar as suas importa o vencimento imediato de todasas restantes (art" 884°; cfr. art? 1Sl °
necessidades. básicas. Quer dizer: a natural e necessária prevalêrrcia dos CC), o exequente, que adquirir bens pela execução, pode ser dispensado de
interesses do excqucnte não dispensa uma ponderação dos interesses atendfveis depositar parte do preço (art" 887°; n° I) e, no processo sumário pura-pagamento
do executado. de quantia certa e na execução para entrega de coisa certa baseadas em
Os interesses dei exequente e dos demais credores do executado nem sentença, a faculdade de nomear bens à penhora pertence exclusivamente ao
sempre sâo harrnonizávcis, nomeadamente porque o património penhorado do
r r {
nas Ordenações Filipinas. (3,86.23 e 24), nas quais se estabelece a impeuhorabitidadc Ull "que a
É ainda o mesmo princípio que justifica que, no processo executivo, não cada é necesstirio para seu serviço e uso, conforme a qualidade de suas pcssous.rpnsro que outros
devam ser v~i1did()~ n1<lh bens (lo que os estritamente necessários para proceder bens não tehham";lião se devendo.penhorar os "bois de arado. que tiverem osLavrudores, e
lhes forem necessárlos pata lavrarem as terras c herdades, nem as sementes que ttverern..« lhes
à liquidação da dívida do executado. É por isso que o art" 886°-B, n" I, dispõe
f9fC,IJlucccssãrias 'pilra semear",
que oexccuiado pode requerer a sustação da execução logo que oproduto dos
bens vendidos seja suficiente para o pagamento das despesas da execução, dó
b. A irnpenhorabilidade pode. ser absoluta.velativa ou parcial: é. absoluta,
crédito do exequente e dos credores com garantia-real sobre os bens já
se os bens nunca podem ser penhorados; é relativa, se os bens só são
vendidos. A mesma razão Justifica que, tendo havido traccionarnento do prédio
penhoráveis em certas condições; é parcial, se os bens podem, em parte, ser
penhorado, o executado possa requerer que venda se inicie por algum dos
ã
2, Pluralidade de execuções
Estu intervenção destina-se a permitir que esses credores oponham ao
exequerue, na própria execução instaurada por este, as preferências hgadns às O princípio da prioridade da penhora vale .igualmentenahipótesc, de haver
garantias reais que possuem sobre os bens penhorados (art" 604°, n° 2, CC) e mais de uma execução sobre os mesmos bens, Neste caso, susta-se a execução
que Ihesperrnitern ser pagos. com preferêneia a qualquer outro credor, através €:1Jlque a penhora tiver Sido posterior e faculta-se ao exequcnte a possibi lidade
do produto. da verrda rlesses bens (at~Os 865°, n" I, e 87Jo,no 2) ou da de reclamar o respectivo crédito no processo ern que ~l penhora seja mais antiga
adjudicação destes (arr" 875", n° 2). A prioridade dessas garantias reais (~rtO 871",n" I)" Na execução sustada, oexequenre pode desistir da penhorá
determi na-se pela dat;.í da sua constrruiçãoe .a sua anterioridade perante a relativa aos bens apreendidos no outro processe e nomear outros em .SU<l substi-
penhora afere-se, quanto aos bens sujeitos a registo, através da realízação deste tuição. (art" 871°, nOJ}, o que implica O termo da susp€:nsão daexecução,
(art" 838°, n'' 4), Exceptua-se o caso 'em que os bens do executado tenham sido
previamente, arrestados, hipótese em que a anterioridade da penhora se reporta
ti data do arresto farf° 822°, nÓ2. CC),
É ainda o mesmo princípjo da prioridade que justifica que. se qualquer
credor reclamante requerer ü. renovação dll. execução extinta (art0920°, n° 2),
ela só prossiga quanto aos bensxobre OS quai~ incide a sua garantia real
(urr" 920°, li" 3), Isto é, também neste caso vale a regra segundo a qual os
credores reclamantes só podem ser pagos pelo produto da venda dos bens sobre
{)s quais possuem a garuntia real e de acordo coma prioridade definida por esta.
Tudo isto demonstra que o direito executivo português ~e orienta pelo
princípio da prioridade. embora esta última beneficie não.sô o exequenteccom«
qualquer credor com garantia real sobre os bens penhorados, Por isso, a regra
da par condicio creditorum tem mais relevância como critério de distribuição
das perdas na acção fulimenjar (cfr, art" 209° CPEREF) do que como critério
de satisfação d~)s vãrioscredore« na acção executiva singular.
Quanto riS relaçõcx entre () cxcquente e·os demais credores do executado. importa referi"
a. declaração da inconstitucionalidadc do .art" 300°;. nO I. CPTdb na partccrn que estabelece o
regime de impónhorahilidade total dos bens nntcrionnente 'penhorados pelas repartições d~
IIm!n,as em execuções Iiscais <Tç - 451/95 «()17/1995). OR. I-A - 3/8/1995), dndo que esse
preccitr: l'tll; \.t credor comum correr o risco (desproporcionudo) de ver'totalmente rrustrada a
salÍsf"çãü do seu crédito: di', também Te - 494/94 (I2/7/1994). OR. IJ. - 17112/1994. 12792 ""
=FlMJ 439 .. 135: TC- 516194 (271911994),. DR. 11~ 15/11/1994, 12693= 13MJ 439. 100,
CPEREF), É por isso que () .art" 870° estabelece que qualquer credor (mesmo
que não tenha intervindo na acção executi va) pode obter a suspensão da
execução se mostrar que foi requerido o processo especial de recuperação
da, ernpres« ou de falência do executado.
r r r r r r r r
650 Abreviaturas
Ahreviaturas 649
111.
2. PlIhiicid ude das audiências ., . 53 O NOVO REGIME 00 DIREITO PORTUGUÊS
3. Acesso ;)OS autos " .......•.. 55 SOBRE A COMPETÊNCIA INTERNACIONAL LEGAL
VU. Direito li prova ,........•. 56
I. Consagração ..............•..................................•.................• '........•..•..;;•..... 56 * 1°..'Observações preliminares " ; ,•..•" .•.·,··· ·•..,..·,.., ·····..· . 91
2. Limites .............................•.............. ,.••.............•..,.•..•.•.......;.." . 57 J. Pinalidade .doestudo ...................................................•............... , , ,.. 91
§ 3°..Novo modelo processual, ,.,., .....•" ...................................•...................... 58.. í L Âmbito do regirrre ..........•..•....................................................................... ". 91
I. Premissas, gerais .........•.....•.................... _.........•............................................ 58 * 2Q• Competência i ruernacional . 92
92
I. Bases ideulógicus " . 58 I. Função .......•.... ,...................•................ ,............•............................................
2. Condições 'sociais ............................................................•......................... 60 I. Normas de conflitos " , , ' . '92
3..Legitimação processual .......................•.........•..• ,-.,............•.. ,............•. 60 2. Normas de recepção . 93
11. Cooperação inrersubjecriva ........•. ,......" ..........•........••..................•................ 62 11.. Limites ,.........•...•.........•.•........
, . 94
J. Generalidades ...............•... " •.........•.•......,...•..•.....••............................... 62 ~ 3°. Regime, instituídos: observações gerais ,.........•................................... 95
2. Posição das partes ......••••.•, ;.......•..., , . 62 r. Convenção de Bruxelas e 'de Lugano ,.............•·,.•..· i.·••·.'..•..·•·.•·i·.·..····· . l!)'
[ ,
666 Ílldice geral
Índice geral 665
I. Enunciado , . 36l)
li. Conteúdo da !iemença................................................................................ 352 2.Aplicação ............................•...............•................................................. 372
í •. Conteúdo
formal ,...................................................................... 352 J I. Finalidades dairnpugnação ' , , ,.., , . :>73
2. Conteúdo material ......•. " ....................................•.............. , ",... 352 l. Recursos ordinários e reclamações . 373
3. Custas e procuradoria ,..................... 353. ..2. Recursos -extráordinários . 375
3" I. Parte responsável 353 §·2° .. Direito à impugrração ..•.....•, ,., ...•..,....•.....•....•... ,.. ,•• 'r •••••••••••••••••• , •••••••••••••••• 376
3.4. Custas de parte e procuradoria .,........................................... 355 I. Direito ao recurso . 376
:l.3.. Contagem e pagamento "................................ 356 I. Consagração . 376
111. Conteúdo dojulgamento 357 2. Dever do tribunal recorrido ' . ?'7l)
L. Excepções dilutórias .c....................... 357 3110
1.1. Generalidades ,., ,....•...•..•.................. , , -i- .•..••.•• ,..... 357 n. ExtÀ~nb;~~l:.:::::::::::'::::.:::::::::::::::::::::::':::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::': :lHO
1.2. Ocorrências supervenicntcs , ,..................................... 357 2. Genérica . 380
1.3. Ordem de julgamento 359 3. Casuística , . 381
2. Âmbito do juJgnmento........................................................................ 3.61 '111. Renúnciaã impugnação .......•" ......•..... ;.•..;,." ...•..•. " ..,..••...., ......•..•..... ,.;•...••. 382
IV. Formalldadescompleruentares ,..................................................... 362; I. Noção , . :lH2
'2. Condições gerais , . 383
Capítulo IIJ 3, Efeiros , . 384
Processo sumãrio 4. MOdalidades •.••.•, ",. "'.; ••,..•.\'.•••..).••,., ..•.,,,,, ...•' .•..••....,•....." ...••...., .•...•.', 385
e surnarfssimo I Y. Caducidade daimpugnação , . 386
*ll". Proccssosurnario , , " .............................•. ,..........• ,..... 36J V. Aplicação da lei no tempo ......•...................................................................... 387
l . Reclamações ,....................................................•...................... 38.7
L gcgilneaplkávél ,."' ....•.•.,,,.............•. '......•........ ,, .......•, ..•.......•.... ,................. 363
Ir. Especialidades 363 2. Recursos' ordinários ,•.•.•.•.....•......" ..••.••..•..... ! •••..•.••.••.•" •••.•.•••..••. ,...•..•• :lln
I. Fase dos urticulados 363 3. Recursos exrraordinãrios , ,..•.,.."'''''''.' 389
2. Fase da condensação , , , ",... 364
Capítulo 11
3. Fase dainstrução .••""." .....• ,., (•.... ,•...,....•...., ,...•.... , ,.. ,., , .' 364
Recursos ordinários
4. Fase. da audiência ..final......................................................................... 36:4
5. Fase da sentença ,. 365 § ]0. Generalidades "' . 3'0)0
§ 9°. Processo sulI1urí.~sim!),.,., ....•................................•.. · , ..·.., , ,......... 3'65, I. Enunciado dos recursos . :WO
I. Regime aplicável............................................................................................ 365 '1. Slstematização da lei " ••........,.........•.. ,....•...•••........................ 390
11. Espccialtdades "..................... 366 2. Recursos nu' I" instânciu '............•......•..•...••.......... ,.•..... ;.i•••••' •.•.... , 391
I. Fase dos articulados 366 3. Recursos na, 2,' instância ......•................................................................. 391
2 .. Fase da audiência final,.............................................. ...............366 4. Recurso para o TribunalConstirucionul " 391
3. Fàsé da sentença ,,, ,.....•..•..........
,..................................................... 367 5. Bn'Q rra.espécie do recurso ..•.......•................•............................... " . 393
JI-. Finalidades dos recursos ..........•...•..................•..•.................... ,........• ' . 393
VlI. I. Recursos casuísticose normativos . 31)3
A IMPUGNAÇÃO 2. Recursos de reponderação e de reexame . 395
DAS DECISÕES JUDICIAIS 3. Recursos globuis e restrito» .•.................... " " ,..•........ 31)7
4. Recursos de cassação. c de substituição ,,,, .. ,, ......•.. , ....•.... ,..•... ,.. 4()()
. 432
~dQ ::-:-:-:-:::::-:-:-::=:.:-:-:~:::'.~~::::-:.:.:::::-::~.-·-473·
11. Apreciação ,,, , ,.....•........,,,.,,...... 4T!r
6.4.Erro sobre a estatuição ................•.........•.....•.... ,...............•.... 435
1-, Pressupostos específicos .,., , , , , ,,, ,, ,.. , ' 473
7. Violaçã« secundária de leisubstantiva ..•..... " , ..•............... ,., . 431 2. Pressupostos gerais __ ,................. 477
j{, Violação primtiria de. dlrcitoprobarório ..........................•................ 438
'3. Pressupostos especiais __ 479
X.I Erros sobre matéria de facto . 438
111. Recorribilidade dadecisãoi.c. ·,....•........•......•..
, __
.....•...,.,__
,.,...... 479
X.2. Erro na upreciação da prova , " . 439
I. Aferição geral ,................•... , ,.•...., r •••••••••••••••.••••••• , __ • __ ••••••••••• 479
H.3, Erro nuselecção da baseinstrutória .....•.,.,...•..........•............. 440
X,4. Erro sobre presunções judiciais . 442
672 índice geral
57l:> 4. Reg'i 111 e aplicável, , , ,.,' ,,, .•.... " .•............, •..•.
;•.....,.............• 616
2.. Decisão , .
3. Fundamentos de 'facto ,..............................•........... 579 n. Trumitação da acção executiva ..............................................• , , . 617
I. Execução específica c 'não espccítica , . 617
4. Fundamentos de direito .................•....•.•...........•.... , . 583
111. Limites temporais ." ..........•............ , ,.•........., ,.•..........., . 583 2. Execu<';:Jo para .eHtrí';gade coisa certa . 618
I. Generalidades , . 5$3 3. Execução específica 'indirecta e não específica ....•... , ,....•.. " .., . 6111
2. Preclusão ...................................................................................•.•... , . 584 §' 3". Processo executivo , ,., , ,.•, , " . 620
3, Caducidade e substituição ...........•....•............ ,........................•......••..-, 586 I,Função jurfdico-económica , , . 620
IV. Limites subjectivos , ,.•......•........•....................................•... ,.. , , s. 588 I. Rculização da prest<;l\i'ãp., ,,, ...•............ , ,, ,, . 620
I. Eficácia inter lh/r/e.\" 588
............................•...............................................• ,2. Racional idade económica: condições externas •... d •••••..••••••••••••••••• ,. 621
2. Eficácia reflexa . 590 3,Racionülidade económica: condições interna" " . 612
1 Extensão à terceiros •..•.., ,...•...•...........................................•..........•.. 594 1), Posição IJO ordenarucnto jurídico " . 624
3. I .Óent;ralidade~ .•..••••.........•...........•....•.••.................... , . .594 I. lnstrumentalidade ................•... , ,......•......•...,' ...•....... ,., ,. 624
3.2. Identidade jurídica . 5,95 2. bin~ílt) de execução , , , . M(l
3.3. Substituição processual ,....................................•.... 595 2~..1. Configuração , ,...•...,."..: ,..•,...•...., , , , . 616
3.4. Prejudicialidãde .... d ••• " ••••••••• , •••.••••••••••••••••••••. 596
,.••.' ••• ·, ••. ··"" ••. c •••• 2.2 -, Interesse processual , . 62K
3.5.Registo da acção ·.,,··.'.·."..i", ·.·,···,.··.·· ·•..·· ··,· · ',...•.. 596 3.. Monopólioestadual ···.··· · ···· ,..·.·····
..·..................•'...•.•
i,••• e'i",'" 62X
~ 3". Impugnação do ca~o julgado ., , , " " " .•. 597 tu. Princípios processuais ." ", .•...,.., " . 629
I. Recursos extraurdinários . 597 I. Cooperação intersubjectiva ...........•...................... "............• ' ,., ..•.... 620
I. Função ..,•......•... ,...•......... ,.........•..•.................... ,........•..•...................." ..,. 597 2. Disponibilidade prlV<l9<.l .. ,•... ,••....... ,., .. ,., .......................•.....•............... 630
2. Enunciado .........•...... " ......•.....•......, ,..•....•.•............ " .....•........•.•. ,.........•..•. 598 '2.1.Âmbito geral , , ,., ' . 63()
11. Fases da. tramiração " " . 599 2.2. Gradusexecutiouis .,..•....,..........•........., ,. . 6:11
2.:). Negócios processuais ...............................................................•. 6:13
IX. 3. Igualdade .dus partes .. , ", , ........•,.. , '., ,., ,.. (J}.j.
Abreviaturas . 649