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LIÇÃO 02 – A IGREJA NOS PRIMEIROS SÉCULOS

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LIÇÃO 2
A IGREJA NOS PRIMEIROS SÉCULOS
Texto básico: Atos 9.31

Introdução
A História da Igreja é comumente Dividida em Três Períodos:

a) PERÍODO DO IMPÉRIO ROMANO: Perseguições, Mártires, Pais da Igreja,


Controvérsias, Cristianização do Império Romano.

b) PERÍODO MEDIEVAL: Crescimento e Poderio do Papado, a Inquisição,


Monasticismo, Maometismo, e as Cruzadas.

c) PERÍODO MODERNO: Reforma Protestante, Grande Expansão da Igreja


Protestante, Larga Circulação da Bíblia Aberta, os Governos Civis libertam-se,
progressivamente da ingerência da Igreja e do Clero, Missões Mundiais,
Reforma Social e Fraternidade Crescente, etc.

Diante da abrangência do assunto e do espaço limitado para tratá-lo, nosso foco será
bem específico em alguns tópicos mais importantes. O aluno que desejar se
aprofundar, recomendamos o livro História da Igreja Cristã, enumerado na bibliografia
ao final desta apostila.

1 – PUREZA E PERSEGUIÇÕES
Você já leu o livro de Atos? Ali temos o início da igreja cristã, que cresceu
ultrapassando barreiras geográficas, religiosas e culturais, culminando com a chegada
de Paulo em Roma.

No início os cristãos eram vistos apenas como mais uma seita religiosa. Mas conforme
o movimento ganhou força, tornou-se ameaçador para o Império Romano, o que gerou
muitas perseguições.

Mas mesmo sendo muito perseguidos, os cristãos agiram como verdadeiras


testemunhas de Jesus. Mostravam por meio de seu comportamento contagiante e
conduta diferente uma vida que se pautava pela Palavra de Deus.

Eis alguns perseguidores dos cristãos na história:

• Nero - Em 64 d.C. ele colocou fogo em Roma e para desviar de si a culpa,


acusou os cristãos e mandou que fossem punidos. Milhares foram mortos de
maneira cruel, entre eles, Paulo e, possivelmente, Pedro. Dizem os
historiadores que os jardins de Nero eram iluminados com corpos de cristãos
em chamas banhados de betume.

• Domiciano (96 d.C.) – Ele organizou uma perseguição aos cristãos sob a
acusação de serem ateus, isto é, talvez por recusarem participar do culto do
imperador. A perseguição foi breve, porém violenta em extremo. Nesta época o
Apóstolo João foi banido para Patmos e surgiria o livro do Apocalipse que tem
como pano de fundo histórico esse contexto.
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• Trajano (98-117 d.C.) - A perseguição foi mais branda, porém quando os


cristãos eram acusados, sofriam castigo. Entre os que pereceram neste
reinado estavam, Simão, irmão de Jesus, bispo de Jerusalém, crucificado em
107 d.C., e Inácio, segundo bispo de Antioquia, que foi levado preso a Roma e
lançado às feras, 110 d.C.

• Marco Aurélio (161-180 d.C.) - Foi cruel e bárbaro, o mais severo depois de
Nero. Muitos milhares foram decapitados ou lançados às feras, entre os quais
Justino, o Mártir.

• Sétimo Severo (193-211 d.C) - Esta perseguição foi muito pesada, porém não
generalizada. O Egito e o norte da África foram as regiões que mais sofreram.
Em Alexandria muitos mártires eram diàriamente queimados, crucificados ou
degolados, entre os quais Leônidas, pai de Orígenes.

• Décio (249-251 d.C) - Decidiu-se, resolutamente, a exterminar o cristianismo.


Sua perseguição estendeu-se por todo o império, e foi muito violenta; multidões
pereceram sob as mais cruéis torturas, em Roma, norte da África, Egito, Ásia
Menor.

• Valeriano (253-26 d.C) - Mais severo do que Décio, visava destruir


completamente o cristianismo. Muitos líderes foram executados.

• Diocleciano (284-305 d.C.) - Foi a última perseguição imperial e a mais


severa; estendeu-se por todo o império. Durante dez anos, os cristãos foram
caçados pelas cavernas e florestas; queimados, lançados às feras, mortos por
todas as crueldades imagináveis. Foi um esforço resoluto, determinado e
sistemático por abolir o nome de cristão.

Apesar de ser duramente perseguida nos três primeiros séculos depois de Cristo, a
igreja colheu alguns benefícios desta situação:

• Era uma igreja mais pura – só os que haviam passado por uma experiência
com Jesus permaneciam firmes na perseguição.

• Era uma igreja que se espalhava1 – a perseguição fazia com que os cristãos
se espalhassem, de forma que tivessem mais contatos com outras pessoas e
assim pudessem falar de Cristo.

E assim, o cristianismo foi crescendo e chegou a um ponto em que os cristãos eram


metade da população do Império Romano2. Os cultos pagãos estavam vazios!

2 – REGILIÃO OFICIAL E PAGANISMO


Em 27 de outubro de 312, o Imperador Constantino, no decurso de suas guerras
contra os rivais para se firmar no trono, na véspera da batalha da Ponte Mílvia, viu no
céu, acima do sol poente a figura de uma cruz e sobre esta as seguintes palavras:
“Por este sinal vencerás”. Decidiu combater sob a bandeira de Cristo e ganhou a
batalha3.

1
Tiago 1.1 – 1 Pedro 1.1
2
Tertuliano (160-220) escreveu: "Nós somos de ontem e, todavia, enchemos o vosso império,
vossas cidades, vilas, ilhas, tribos, campos, castelos, palácios, assembleias e o senado".
3
Muitos historiadores afirmam que a suposta conversão de Constantino na verdade foi uma
hábil manobra política para se firmar no poder.
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Este fato mudaria o curso da história do cristianismo. Em 313 Constantino promulgou


o Edito de Milão no qual declarava o fim das perseguições aos cristãos e a restituição
de suas propriedades. Em 330, Constantino inaugurou a cidade de Constantinopla
transferindo a capital de Roma para a nova cidade4.

A partir época começaram a ser construídos os suntuosos templos e catedrais para


reunião dos cristãos.

Cristianismo nominal e paganismo


Mas o problema é que junto com a oficialização5 do cristianismo, com o tempo, tornou-
se obrigatório que cada cidadão fizesse parte da igreja. As conversões eram forçadas
e enchiam as igrejas de gente não regenerada.

Além disso, entrou para a igreja o espírito militar da Roma Imperial, tornando-a uma
organização política. Desta forma, a Igreja não havia conquistado o Império Romano,
mas o Império que deu a sua própria fisionomia à igreja.

Nos séculos seguintes, a Igreja se tornou uma instituição diferente da igreja


perseguida dos três primeiros séculos. Na sua ambição de domínio, perdeu e
esqueceu o espírito de Cristo.

Aos poucos a Igreja distanciava-se da pureza e simplicidade litúrgica do Novo


Testamento, que nos fala da adoração na liberdade do Espírito dentro dos parâmetros
da Palavra6.

Agora os apóstolos, os anjos e Maria passaram a ser adorados. O culto cristão pouco
a pouco se paganizou. Os desvios continuaram sem nenhuma resistência eficaz até a
Reforma Protestante no século XVI.

Veja alguns dogmas estabelecidos pela igreja Católica Romana no decorrer dos
séculos, fruto dessa paganização.

• Ano 304 - Os Bispos começaram a ser chamados de papa.


• Ano 310 - Introduzidas orações pelos mortos.
• Ano 320 - Começaram a acender velas.
• Ano 375 - Adoração de "santos" (ídolos).
• Ano 394 - Culto cristão e substituído pela missa.
• Ano 431-432 - Instituído culto a virgem Maria, mãe de Jesus.
• Ano 503 - Começa a existir o purgatório. Em 593 . Foi introduzida
• sua doutrina.
• Ano 606 - Supremacia papal.
• Ano 709 - Costume de beijar o pé do papa.
• Ano 787-788 - Adoração/culto as imagens de escultura.

4
E fez mais: favoreceu de todos os modos os cristãos; deu-lhes os principais cargos; isentou
ministros cristãos de impostos e do serviço militar; incentivou e ajudou a construção de igrejas;
fez do cristianismo a religião de sua corte; expediu uma exortação geral, a todos os súditos
para que abraçassem o cristianismo. Fez do domingo o dia de descanso oficial proibindo nele
trabalho ordinário e permitiu que os soldados assistissem os cultos nas igrejas. Com a
cristianização do império foram abolidos a escravidão, os combates de gladiadores, a morte de
crianças indesejáveis e a crucificação como gênero de pena capital.
5
Embora Constantino tomasse de fato essa deliberação, só se efetivou no reinado de Teodósio
(378-395)
6
João 4.23-24; Filipenses 3.3
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• Ano 830-840 - A Igreja começa a utilizar ramos e a "água benta".


• Ano 933-993 - Instituída a canonização de "santos".
• Ano 1074 - Instituição do Celibato.
• Ano 1090 - Introduzido o terço.
• Ano 1140 - Sete sacramentos.
• Ano 1184 - Inquisição. Efetivada posteriormente.
• Ano 1190 - Começam a conceder perdão e favores espirituais por dinheiro
(indulgências)
• Ano 1200 - A Ceia do Senhor e substituída pela hóstia.
• Ano 1215 - Instituída a Transubstanciação7.
• Ano 1216 - Instituída a Confissão.
• Ano 1316 - Introduzida a Ave Maria.
• Ano 1415 - O cálice que era da Santa Ceia ficou só para o clero.
• Ano 1439 - Decretado o purgatório.
• Ano 1476 - Começaram a cobrar "Missas de intenção"
• Ano 1546 - Introduzidos livros apócrifos na bíblia8.
• Ano 1854 - Anunciada conceição imaculada da virgem Maria.
• Ano 1870 - Declaram o papa infalível
• Ano 1950 - Ascensão da virgem Maria.

3 – OS PAIS DA IGREJA
Durante os primeiros séculos do cristianismo destacaram-se alguns líderes que
chamamos hoje de pais da igreja. Eclesiasticamente, os pais são aqueles que nos
antecedem na fé e, portanto, podem instruir-nos nela. São os teólogos de destaque
dos seis primeiros séculos.

Eis alguns deles9:

• Policarpo. 69-156 d.C. Discípulo do Apóstolo João e bispo de Esmirna. Na


perseguição ordenada pelo imperador, foi preso e levado à presença do
governador. Ofereceram-lhe a liberdade, se amaldiçoasse a Cristo, mas ele
respondeu: "Oitenta e seis anos faz que sirvo a Cristo e Ele só me tem feito
bem; como podia eu, agora, amaldiçoá-Lo, sendo Ele meu Senhor e
Salvador?". Foi queimado vivo.

• Inácio. 67-110 d.C. Discípulo de João e bispo de Antioquia. O imperador


Trajano, visitando essa cidade, mandou prendê-lo; ele mesmo presidiu ao
julgamento e sentenciou que Inácio fosse lançado às feras em Roma. De
viagem para esta cidade, escreveu uma carta aos cristãos romanos, pedindo-
lhes que não tentassem conseguir o seu perdão; ansiava ter a honra de morrer
pelo seu Senhor, dizendo: "As feras atirem-se com avidez sobre mim. Se elas
não se dispuserem a isto, eu as provocarei. Vinde, multidões de feras; vinde,
lacerai-me, estraçalhai-me, quebrai-me os ossos, triturai-me os membros;
vinde, cruéis torturas do demônio; deixai-me apenas que eu me una a Cristo."

7
Sobre transubstanciação, veja lição 12 da apostila.
8
Mais sobre o assunto na lição 06.
9
Alistar todos é quase impossível num espaço tão pequeno e nem é tão fácil classificá-los.
Mas esses nomes são apenas uma seleção dentro do grande exército de escritores que, por
toda uma frente ampla e complexa, deram à igreja sua primeira tentativa magnífica de tratar da
teologia.
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• Justino, o Mártir. 100-167 d.C. Nasceu em Neápolis, antiga Siquém, mais ou


menos quando João morreu. Estudou filosofia. Quando moço, assistiu a muita
perseguição movida aos cristãos. Converteu-se. Viajou vestido num manto de
filósofo, procurando ganhar pessoas para Cristo. Escreveu uma defesa do
cristianismo, que endereçou ao imperador. Um dos homens mais competentes
do seu tempo. Morreu mártir em Roma.

• Irineu, 130-200. Notável principalmente por causa de seus livros contra os


gnósticos. Morreu mártir.

• Orígenes. 185-254. O homem mais ilustrado da igreja antiga. Muito viajado,


escreveu muitos volumes, empregando às vezes até vinte copistas. Dois terços
do Novo Testamento estão citados em seus escritos. Viveu em Alexandria,
onde seu pai, Leônidas, sofreu martírio, depois na Palestina, onde morreu em
consequência de ser preso e torturado, no governo de Décio.

• Eusébio, 264-340, "Pai da História da Igreja"; bispo de Cesaréia, ao tempo da


conversão de Constantino; teve muita influência junto a este; escreveu uma
"História Eclesiástica" — desde Cristo, até ao Concílio de Nicéia.

• João Crisóstomo, 345-407, "o boca-de-ouro", orador inigualável; o maior


pregador dos seus dias; suas pregações eram expositivas; nasceu em
Antioquia, veio a ser Patriarca de Constantinopla; pregou a grandes multidões
na Igreja de Sta. Sofia; como reformador, caiu no desagrado do rei, foi banido e
faleceu no exílio.

• Jerônimo, 340-420, Traduziu a Bíblia para o latim, chamada Vulgata, ainda


hoje a Bíblia autorizada da Igreja Católica Romana.

• Agostinho. 354-430. Bispo de Hipona, no norte da África. Foi o grande teólogo


da igreja primitiva. Mais do que outro, moldou as doutrinas da igreja da Idade
Média. Quando jovem, brilhou por sua erudição, mas era devasso. Tornou-se
cristão por influência de Mônica, sua mãe, de Ambrósio, de Milão, e das
Epístolas de Paulo. Agostinho exerceu influência decisiva na formulação
doutrinária da Igreja com destaque a doutrina da Trindade e o reconhecimento
do cânon bíblico, defendendo a autenticidade dos 27 livros do Novo
Testamento.

CONCLUSÃO
O brasileiro não é muito adepto ao estudo da História. Por isso vive num presente
contínuo. Todavia, relembrar e analisar como o cristianismo propagou-se pelo mundo,
com seus acertos e desvios, nos torna mais conscientes da nossa responsabilidade
hoje perante a nossa geração.

Aplicação
A perseguição dos primeiros séculos fazia com que a igreja fosse mais pura, pois só
os verdadeiros cristãos permaneciam. E hoje, existe comodismo e crentes nominais
dentro da igreja?

Muitos deram a vida para que a mensagem de Jesus chegasse até nós. E nós,
honramos com nossas vidas a Jesus como aqueles homens e mulheres? Você está
realmente pronto para ter uma vida comprometida, uma vida caracterizada pela
fidelidade a Cristo Jesus?
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VERIFIQUE O SEU DESEMPENHO

Esse questionário é uma importante ferramenta para verificar o


seu desempenho. Se surgirem dúvidas ou inseguranças,
significa que você deve reler o conteúdo para fixá-lo melhor.

1. A Igreja Primitiva sofreu perseguições do Império


Romano. Podemos afirmar que tais perseguições foram
benéficas? Por que?
2. Cite três imperadores e quais perseguições infligiram
aos cristãos.
3. Explane como foi o processo de paganização da igreja.
4. Dos dogmas adotados ao longo dos séculos pela Igreja
Católica Romana quais chamam a sua atenção?
5. Dois Pais da Igreja apresentados, destaque três e
explique o motivo.

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