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Técnicas e estratégias aplicadas em
orientação e mobilidade com o uso da
bengala: ambientes internos e externos
Caro(a) cursista,
OBJETIVO
A U L A 2 - TÓ P I C O 1 21
TÓPICO 1
Técnicas básicas adotadas em
orientação e mobilidade com o
uso da bengala
OBJETIVO
• Conhecer as técnicas básicas de orientação e
mobilidade com uso da bengala longa
Olá cursista,
Considerando o exposto, responda: com que idade você acredita que a criança
possa iniciar o desenvolvimento de sua orientação e mobilidade? A bengala deve
ser inserida ao cotidiano dela em que período da vida? Se você respondeu que a
criança deve ser estimulada a desenvolver as habilidades de orientação e mobilidade
desde o colo da mãe, você acertou! Contudo, em relação à bengala, na forma
como a conhecemos, não será introduzida de imediato, através de procedimentos
sofisticados. Ela deverá ser apresentada por meio de atividades lúdicas, com
instrumentos denominados de pré-bengala, conforme veremos a seguir.
1. VIVÊNCIA PRÉ-BENGALA
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Procedimentos/Orientações
• Ofereça ao aluno cego brinquedos similares à bengala longa para que ele
os explore e realize suas primeiras aproximações com a bengala.
Procedimentos/Orientações
• Em ambiente familiar ao
VOCÊ SAIBA? aluno, você pode indicar
O tamanho da bengala que ele posicione a bengala
vai depender de vários em um canto de parede
fatores, como altura ou móveis na posição
da pessoa, tipo físico, estilo de marcha,
levemente diagonal. O aluno
tempo de reação ao tocar obstáculos.
deve certificar-se que a
Inicialmente, são tomados como base
a medida do solo até a extremidade bengala está bem segura,
inferior do osso denominado esterno. sem risco de cair. Ela pode
Com o tempo e a prática, observamos ser também pendurada
que a escolha do tamanho da bengala em cabides, no caso dela
vai depender das características gerais
possuir elástico na parte
do indivíduo e, especialmente, da sua
preferência. superior (cabo).
Esta técnica possibilita ao aluno andar com auxílio do guia vidente portando a
bengala de forma a não interferir na marcha, obtendo informações importantes
para sua segurança e reconhecimento do ambiente. Vejamos os procedimentos
dessa técnica.
Procedimentos/Orientações
• O aluno cego e o guia assumem a posição básica de guia vidente. Lembra?
Estudamos essa posição na disciplina “Técnicas e estratégias pedagógicas
aplicadas em orientação e mobilidade I”?
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• A forma para segurar a bengala, nesse caso, deve ser “em forma de lápis”.
4. TÉCNICA DIAGONAL
Procedimentos/Orientações
SAIBA MAIS!
Uma variação desta técnica possibilita a marcha na direção desejada
com o máximo de precisão e proteção. Nela a bengala permanece
em uma posição similarmente a da técnica “Diagonal”,como um
prolongamento do braço e da mão, segurada por qualquer uma
das mãos. A ponteira da bengala é mantida no sentido oposto ao cabo, rastreando
a parede ou meio fio, configurando-se, dessas formas, como técnica “Diagonal com
Rastreamento”.
5. TÉCNICA DE TOQUE
Procedimentos/Orientações
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• A mão deve ficar com o dorso Figura 6: Técnica de toque
voltado para fora. O aluno deve
acolher a bengala e o dedo
indicador deve permanecer
estendido acompanhando o
segmento dela. Os demais
dedos devem formar um arco
em torno dela.
pontos (direita e esquerda) com uma abertura um pouco maior que a largura
dos ombros, favorecendo a proteção do aluno.
Esta é uma estratégia que possibilita à pessoa com deficiência visual locomover-
se de forma segura, explorando precisamente todo o percurso que antecede
sua marcha, identificando pequenos batentes, aclives e declives, além de tipos
de pisos, objetos e obstáculos. Técnica bastante utilizada com a bengala com
ponteira de roller (rolamento), embora, também, seja utilizada com qualquer outro
modelo. Vejamos os procedimentos dela.
Orientações
• A ponteira da bengala
deve tocar o chão de
forma coordenada com o
ritmo da marcha, ou seja, Fonte: DEaD/IFCE (2017)
a bengala, em diagonal,
deve sempre apontar para o lado oposto ao pé que se encontra à frente
durante a caminhada (exemplo: pé direito à frente, bengala à esquerda do
corpo, figura 8).
• A ponta da bengala deve deslizar, sem perder o contato com o chão, para
os lados direito e esquerdo com a amplitude de abertura um pouco maior à
largura dos ombros, similarmente à técnica de dois toques.
7. TÉCNICA DE VARREDURA
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Procedimentos/Orientações
Procedimentos/Orientações
Esta técnica tem como objetivo possibilitar a pessoa com deficiência localizar,
de forma segura, portas, trincos ou puxadores, com auxílio da bengala.
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Procedimentos / Figura 12: Localização de portas
Orientações
• Indique ao aluno, ao
contatar uma porta
por intermédio da
ponteira da bengala,
a aproximar-se dela
com a bengala na
vertical.
• A bengala deve
ser movimentada
verticalmente para
direita e esquerda
para localizar
batentes, trincos e Fonte: DEaD/IFCE (2017)
• Mantendo a bengala na vertical, o aluno deve abrir a porta com a mão livre
e proceder a passagem. Para esta passagem, pode-se utilizar a técnica
diagonal.
• Após a passagem pela porta, o aluno deve fechar ou soltar (no caso de
portas automáticas) a porta e seguir o trajeto, utilizando a técnica que
preferir.
Procedimentos/Orientações
• Em seguida, ele deve segurar com uma mão o corrimão, e com a outra a
bengala. Ela deve estar na posição vertical, com empunhadura em forma
de lápis (ou escrever) (figura 13).
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• Para a descida, Figura 14: Descida de escada e posição da bengala
o aluno deve
segurar a bengala
à frente do corpo,
de forma a cruzá-
lo, utilizando a
técnica diagonal
(figura 14).
• De acordo
com o nível de
segurança do
aluno, este realiza
maior ou menor Fonte: DEaD/IFCE (2017)
exploração dos
degraus, podendo usar a bengala em deslize em todos os degraus ou
apenas suspensa, descendo com pés alternados ou não.
• Ao identificar o término dos degraus, o aluno deve fazer uma breve varredura
no local. Em seguida, deve enquadra-se e prosseguir a caminhada com a
técnica que melhor convier.
Após a aprendizagem das técnicas básicas, o aluno está preparado para iniciar
vivências mais especializadas e/ou em espaços abertos. No próximo tópico,
estudaremos sobre travessia de ruas e outras técnicas mais especializadas que
favorecem a autonomia dos nossos alunos com deficiência visual. Vamos lá!
Caro(a) cursista,
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1. ÁREAS DE TRÁFEGO DE PEDESTRES
Procedimentos/Orientações
Procedimentos/Orientações
• No caso de travessia
Figura 17: Localizando a botoeira
de ruas em locais com
semáforos sonoros, oriente
o aluno com deficiência
visual a identificar o meio
fio e a realizara técnica
de enquadramento. Em
seguida, o aluno deve
realizar o reconhecimento
da área por meio da
técnica de varredura.
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• Acionado a botoeira, o aluno deve voltar a se enquadrar no sentido desejado da
travessia, que deve acontecer segundos após o toque do “bipe” do semáforo,
como forma de proteger-se de veículos que por ventura possam avançar o
semáforo (figura 18).
Esta técnica, por ser realizada em espaço aberto, demanda muita atenção por
parte da pessoa com deficiência visual. São utilizadas diversas informações
sensoriais para que haja o reconhecimento do ambiente, como odor do
combustível; sons característicos de um posto; presença do vento, por ser
um espaço amplo e aberto; textura do piso e linha guia que percorre o espaço
entre o estabelecimento e a calçada.
Procedimentos/Orientações
• A solicitação de ajuda de um
vidente em ambientes como
o posto de gasolina também
auxilia na segurança do aluno.
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Procedimentos/Orientações
• O final da escada será identificado pelo aluno através da mão que segura o
corrimão e mais precisamente pela bengala, quando ela encostar no limite
da esteira.
Esta técnica permite que a pessoa com deficiência visual faça uso do elevador
com o máximo de segurança e de forma independente. Nela, utilizam-se
informações, como o som que indica a chegada do elevador no andar, além
do ruído da porta ao se abrir. Vejamos quais os principais procedimentos desta
técnica.
Procedimentos/Orientações
• Ao entrar, o aluno
deve buscar e apertar
o botão do andar
desejado, que em
geral tem a inscrição Fonte: DEaD/IFCE (2017)
em Braille (figura 21).
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• Para descer, o aluno deve colocar a bengala à frente e realizar a varredura,
antes de sair com a técnica que mais se adaptar ao ambiente (figura 22).
Procedimentos/Orientações
• Informe ao aluno a marca e tipo do carro que está conhecendo. Ele deve
estabelecer as primeiras noções através do toque com a mão na lataria,
identificando o seu tamanho, a localização das portas, as partes dianteira e
traseira, os faróis, lanternas, retrovisores e outras partes do veículo.
• Ao localizar a saída do
cinto, o aluno deve colocá-
lo.
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7. TESTES DE REORIENTAÇÃO
Este teste pode ser aplicado ao aluno como forma de identificar seu desempenho
quanto a sua orientação no espaço e mobilidade em ambientes internos e
externos, fazendo uso das mais diversas técnicas aprendidas durante as aulas
de OM. Ele deve ser realizado quando o professor identificar que o aluno se
encontra em condições de mobilidade independente.
Vale ressaltar que esse teste é mais uma forma de observação. Além disso, ele
possibilita ao aluno maior segurança em si por ocasião de caminhadas com
auxílio da bengala. Vejamos os procedimentos desse teste a seguir.
Procedimentos/Orientações
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SAIBA MAIS!
De acordo com o IBGE (2010), há mais de 6,5 milhões de pessoas
com deficiência visual. Desses, 6.056.654 possuem baixa visão.
Essas pessoas possuem dificuldades para enxergar, mesmo que
façam uso de lentes de refração ou após tratamento cirúrgico. Você
se lembra, de que estudamos esse conceito quando estudamos na
disciplina “Deficiência visual - sistema e função visual”, no módulo I?
Pois bem, pessoas com baixa visão relatam que algumas vezes são incompreendidas
por indivíduos videntes quando fazem uso dos direitos que lhes são garantidos enquanto
pessoas com deficiência visual, como assentos preferenciais e outros. Pessoas que
desconhecem a baixa visão afirmam estarem fazendo uso indevido desses direitos por
não serem cegos. Assim, com
o objetivo de conscientização
Figura 25: Bengala verde da sociedade sobre a realidade
da baixa visão foi lançada a
campanha “Bengala verde”.
Através dessa campanha,
pessoas com baixa visão passam
a usar a bengala longa na cor
verde, diferenciando-as das
pessoas cegas. Quer saber mais?
Confira mais informações no link
http://www.gruporetina.org.br/
Fonte: DEaD/IFCE (2017) bengalaverde.htm
REFERÊNCIAS 47