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NOTAS P/ DIAGRAMAÇÃO:

Arte p /1ª- capa mesma da capa do vídeo


Miolo com 24 p. - 6 folhas de A4 dobradas
Adequar tamanho da fonte e das imagens conforme sequência abaixo.

1. APRESENTAÇÃO
As ações do Projeto Comunidade da Laranjeira: Cultura e Memória Quilombola no Baixo Sul da
Bahia buscam a valorização e o fomento de ações culturais do universo das heranças africanas,
tomando como referência as expressões indenitárias da comunidade quilombola da Laranjeira,
no município de Igrapiúna.

Com base na Lei Orgânica da Cultura da Bahia (12.365/11) o projeto trabalha com a dimensão
simbólica, a partir da memória dos saberes e dos modos de fazer. Conforme previsto no
Decreto 4.887/03 a comunidade quilombola da Laranjeira é uma comunidade rural dotada de
relações territoriais singulares expressas em suas tradições e práticas culturais ancestrais:
danças e cantos tradicionais (Zabelinha e Enrolador), manifestações peculiares da comunidade
da Laranjeira; artesanato (à base de palha da costa e piaçava) e práticas agrícolas estabelecidas
na relação entre cultura e meio-ambiente.

Os dispositivos legais citados apontam para a necessidade da formulação de projetos que, ao


valorizarem e difundirem a memória e a cultura afro-brasileiras, estejam alinhados às políticas
públicas de Estado. Ao promover as expressões culturais das comunidades quilombolas, os
seus conteúdos servirão de apoio ao ensino de história e cultura afro-brasileiras. As atividades
do projeto possuem um caráter estruturante, em relação à consolidação de políticas públicas
nas áreas da cultura e da educação no município de Igrapiúna, e multiplicador, especialmente
quanto às parcerias envolvendo órgãos estaduais e municipais com vistas a provocar a reflexão
sobre a influência da cultura de matriz africana na formação sociocultural do território Baixo
Sul, o que contribui para o reconhecimento dos quilombolas como sujeitos históricos e para a
valorização das suas formas de pensamento.

2. COMUNIDADES DE QUILOMBO
Tradicionalmente, a palavra a quilombo significa local de refúgio de escravizados fugidos
durante os períodos colonial e imperial do nosso país. Como dizia os documentos coloniais,
“um agrupamento de cinco ou mais negros fugidos”. Atualmente esse conceito de quilombo
foi modificado pois, segundo a Associação Brasileira de Antropologia, é considerado quilombo
toda a comunidade rural que reúna descendentes de escravizados, vivendo da cultura de
subsistência (ex: farinha) e na qual as manifestações culturais (ex: zabelinha e enrolador)
tenham uma ligação com a sua trajetória histórica.

A palavra, de acordo com os estudiosos do assunto, tem sua origem do quimbundo, uma das
inúmeras línguas faladas na área cultural bantu do Centro-Sul do continente africano, mais
especificamente na atual Angola, significando inicialmente local de pouso ou de refúgio.

Devemos entender o reconhecimento oficial das comunidades quilombolas com um fator


decisivo no processo de luta pelo acesso e permanência na terra. As comunidades quilombolas
contemporâneas podem solicitar ao Governo Federal o reconhecimento oficial, pela Fundação
Palmares. O título de propriedade da terra e o acesso a projetos de sustentabilidade,
preservação e valorização dos seus patrimônios histórico-culturais são previstos na
Constituição Federal (arts. 214 a 216).

O Decreto n. 4.887/2003, concedeu o direito à auto atribuição como um critério para a


identificação das comunidades quilombolas, com base na Convenção 169 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT).

Os remanescentes de quilombo são grupos que possuem relações territoriais e culturais


específicas, mediante uma ancestralidade de matriz africana relacionada, com dito acima, com
critérios de autodeterminação. Mesmo que os modos de vida africanos não tenham sido
preservados intactos nessas comunidades elas expressam, através dos seus saberes e fazeres,
os valores antepassados que são recriados conforme as condições históricas e sociais atuais,
tais como conhecimento etnobotânico, artesanatos, danças e cantigas.

3. FUNDAÇÃO PALMARES
Fundada em 22 de agosto de 1988, foi a primeira instituição pública do nosso país criada com a
missão de preservar e promover a cultura afro-brasileira. A Fundação é ligada ao Ministério da
Cultura (MinC) e emite a certificação que reconhece os direitos das comunidades quilombolas
e dá acesso aos programas sociais do governo federal.
A entidade teve seu Estatuto aprovado pelo Decreto nº 418, de 10 de janeiro de 1992 cujo
preceito constitucional direciona-se aos reforços à cidadania e à memória dos grupos
formadores da sociedade brasileira, além de fomentar o direito de acesso à cultura e à ação do
Estado na preservação das manifestações afro-brasileiras. No artigo 1º, da Lei que a instituiu,
lê-se: "promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da
influência negra na formação da sociedade brasileira."
O artigo 215 da Constituição Federal de 1998 assegura que o "Estado garantirá a todos o pleno
exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a
valorização e a difusão das manifestações culturais populares, indígenas e afro-brasileiras, e de
outros grupos participantes do processo civilizatório nacional".
Passos da Certificação:
 Abertura do processo no INCRA;
 Estudo da área – Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID);
 Portaria estabelecendo os limites das terras quilombolas;
 Decreto Presidencial visando a desapropriação privada;
 Notificação e retirada dos ocupantes;
 Emissão do Título de Propriedade Coletiva para a comunidade.

4. QUILOMBO DA LARANJEIRA
A comunidade da Laranjeira, situada na zona rural do município de Igrapiúna - Território Baixo
Sul da Bahia, possui certidão de auto reconhecimento concedida pela Diretoria de Proteção ao
Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares – MinC, por força da Lei 7.668/88 e
do Decreto 4.887/03 que regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento,
delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades
dos quilombos.
A comunidade está registrada no Livro de Cadastro Geral n. 006, Registro n. 511, fl. 20, nos
termos do Decreto supramencionado e da Portaria Interna da Fundação Cultural Palmares n.
06, de 01 de março de2004, publicada no Diário Oficial da União n. 43, de 4 de março de 2004,
Seção 1, fl 07. Foi declarante do processo a Associação dos Pequenos Agricultores da
Laranjeira e Região (CNPJ/MF n. 02.699.341/0001-22), tendo como seu presidente, no período,
o senhor Martinho Conceição da Silva.

Hoje a comunidade conta com luz elétrica, abastecimento de água, escola municipal, casa de
farinha e posto de saúde.

5. PATRIMÔNIO CULTURAL

O patrimônio cultural da comunidade é preservado nos seus saberes e fazeres. Os modos de


viver, a relação com o meio ambiente e as criações artísticas, como a Zabelinha e o Enrolador,
garantem o exercício dos direitos culturais. É importante reconhecer essas manifestações
como fio condutor de memórias entre gerações. A Zabelinha e o Enrolador, conjunto de
danças e cantigas típicas do Baixo Sul, foram preservados na comunidade de Laranjeira através
da memória dos seus mais antigos moradores. Atualmente, as manifestações culturais são
trabalhadas por alunos e professoras da Escola Municipal Idalina nos conteúdos da disciplina
Cultura e Identidade.

6. Bibliografia Consultada

ARRUTI, J. M. P. A. Mocambos: Antropologia e História do processo de formação quilombola.


Bauru-SP: edusc, 2006.
BRASIL. Constituição Federal, 1988.
SILVA, E. R. da. Comunidades remanescentes quilombolas no Brasil: construção identitária,
desafios e perspectivas na luta pela regularização de seus territórios. Projeto História, São
Paulo, n. 56, pp. 378-392, maio-ago, 2016.
GOMES, F. dos S. Mocambos e quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil. São
Paulo: Claro Enigma, 2015.

7. ANEXOS
FOTOS

Senhor Martinho Conceição da Silva


Foto: Fernanda Lemos Pinto

Confecção de Esteira (Sras. Maria Benedita e Maria Domingas Conceição)


Foto: Fernanda Lemos Pinto
Arquitetura Tradicional Quilombola
Foto: Fernanda Lemos Pinto

Placa de Identificação da Comunidade de Laranjeira


Foto: Fernanda Lemos Pinto
Artesanato Quilombola (Piaçava e Palha da Costa)
Foto: Fernanda Lemos Pinto

Artesanato Quilombola (Fibras Vegetais)


Foto: Fernanda Lemos Pinto
Escola Municipal Idalina – Laranjeira / Igrapiúna
Foto: Fernanda Lemos Pinto

Senhor José Francisco de Oliveira – o mais antigo morador de Laranjeira


Foto: Fernanda Lemos Pinto
Plantando o amanhã – conhecimento etnobotânico quilombola
Foto: Fernanda Lemos Pinto

Posto Municipal de Saúde – Laranjeira


Foto: Fernanda Lemos Pinto
Casas da comunidade (Infraestrutura Urbana)
Foto: Fernanda Lemos

Alunas da Escola Idalina participantes da Oficina de Cultura Quilombola


Foto: Fernanda Lemos Pinto
Manifestação Cultural de Laranjeira – Zabelinha
Foto: Fernanda Lemos

Produção de Farinha (Senhor Benedito Caroba)


Foto: Fernanda Lemos
Casa de Farinha – Laranjeira
Foto: Fernanda Lemos
ANEXOS

MAPA BAIXO SUL DA BAHIA

FONTE: GOOGLE MAPS


COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS DO TERRITÓRIO BAIXO SUL DA BAHIA
MUNICÍPIO / DATA PORTARIA CERTIFICAÇÃO D.O.U.

CAIRÚ
Vila Monte Alegre – 12/5/2006
Torrinhas – 13/12/2006
Cajazeiras, Prata e Rua do Fogo – 7/2/2007
Galeão – 13/3/2007
Batateira – 6/7/2010
CAMAMU
Jetimana – 5/3/2008
Barroso – 5/3/2008
Garcia – 5/3/2008
Porto do Campo – 5/3/2008
Ronco – 5/3/2008
Tapuia – 5/3/2008
Pedra Rasa – 5/3/2008
Pratigi – 5/3/2008
Acaraí – 5/3/2008
Pimenteira – 10/4/2008
IGRAPIUNA
Laranjeira – 12/6/2006
Sapucaia – 17/6/2011
Amba – 2/2/2015
ITACARÉ
João Rodrigues – 2006
Porto do Oitizeiro – 12/5/2006
Água Vermelha – 12/5/2006
Fojo – 12/5/2006
Santo Amaro – 13/12/2006
Serra de Água – 6/7/2010
Porto de Trás – 27/12/2010
ITUBERÁ
Ingazeira – 5/6/2005
Lagoa Santa – 8/6/2005
São João de Santa Bárbara – 12/5/2006
Brejo Grande – 7/6/2006
Curral de Pedra – 7/6/2007
Cágados – 13/3/2007
MARAÚ
Empata Viagem – 20/1/2006
São Raimundo – 12/5/2006
Terra Verde e Minério – 12/5/2006
Barro Vermelho – 13/12/2006
Quitungo – 13/12/2007
NILO PEÇANHA
Boitaraca – 19/4/2005
Jatimane – 19/4/2005
TAPEROÁ
Lanmego – 5/3/2008
Miguel Chico – 5/3/2008
Graciosa – 5/3/2008
Pedra Branca do Riacho do Ouro – 24/5/2013
VALENÇA
Novo Horizonte – 5/3/2008
Sarapuí – 5/3/2008
Vila Velha do Jequiriçá – 5/5/2009
Arueira – 5/5/2009
Buraco Azul – 5/05/2009
Jaqueira – 5/5/2009
Sapé Grande – 5/5/2009
Candimba – 2/2/2015
Rio Vermelho – 2/2/2015

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