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O

CONTAR – Linguagens e Educação Básica s livros desta coleção adotam como

Políticas
Publicações:
princípio a parceria entre o ensino

Claudianny Amorim Noronha


Tatyana Mabel Nobre Barbosa
superior, a pós-graduação e a educação
Este livro integra a coleção CONTAR – Linguagens e Educação Básica e foi

públicas
Linguagens e práticas escolares: básica. Nosso objetivo é fomentar canais
leitura, literatura e escrita desenvolvido no âmbito do Programa Observatório da Educação na Universidade
Tatyana Mabel Nobre Barbosa Federal do Rio Grande do Norte. O Programa tem o financiado da Coordenação
interinstitucionais que resultem em produções
Claudianny Amorim Noronha
(Org.)
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e, a partir de edital
de leitura científicas e escolares, de um lado, importantes para
a formação inicial e continuada de professores e

Ensino e aprendizagem da matemática:


público, aprovou os projetos “Leitura e escrita: recortes inter e multidisciplinares o que saber para um professoras e, de outro, para a transposição didática
no ensino da matemática e da língua portuguesa” (edital 038-2010) e “Lingua- e reflexão acerca das práticas pedagógicas.
Educação básica e formação
Claudianny Amorim Noronha gem e desenvolvimento sustentável: integrando ciências, língua portuguesa e
novo fazer na escola
Tatyana Mabel Nobre Barbosa matemática” (edital 049-2012), cuja parceria resulta no conjunto das publicações Pretendemos, com isso: apoiar a iniciação na
(Org.)
desta coleção. pesquisa e na produção científica sobre o ensino e

o que saber para um novo fazer na escola


Políticas públicas de leitura
Leitura e ensino de matemática: a aprendizagem por professores da rede pública e
contribuições para a prática escolar
Tatyana Mabel Nobre Barbosa  e  Claudianny Amorim Noronha fomentar a inserção crítico-reflexiva nas práticas
Pablo Jovellanos dos Santos Lima
Claudianny Amorim Noronha escolares por pesquisadores.

Leitura e ensino de matemática: propostas


Desse modo, os diferentes temas desta coleção
didáticas e avaliação para a prática escolar
Pablo Jovellanos dos Santos Lima convergem para grandes campos em interface –
Claudianny Amorim Noronha estudos das linguagens, educação básica, políticas
públicas e ensino da matemática e da língua
Políticas públicas de leitura: o que
saber para um novo fazer na escola portuguesa. Ao mesmo tempo, os livros aqui
Tatyana Mabel Nobre Barbosa publicados autorizam os sujeitos da escola diante
Claudianny Amorim Noronha
do dizer acerca do seu próprio fazer, e também
Itinerários oficiais da leitura: políticas pretendem refletir sobre as alternativas de melhoria
públicas e repercussões na educação básica da formação e da prática profissional.
Maria da Conceição Rêgo de Araújo
Tatyana Mabel Nobre Barbosa
Esperamos que a leitura desses livros apoie a
Cartografia da produção textual: livros divulgação do conhecimento científico-escolar,
didáticos, gênero do discurso, políticas e
como binômio legítimo para uma produção que
indicadores
Lucila Carvalho Leite se pretende democrática e comprometida com os
Tatyana Mabel Nobre Barbosa ISBN 978-85-425-0354-8 avanços socioeducativos.

Memórias de leitura: cartografia das


vozes sociais de professores
Ester Cavalcanti da Silva Araújo 9 788542 503548
Maria da Penha Casado Alves
Políticas
públicas
de leitura
o que saber para um
novo fazer na escola
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz

Vice-Reitora
Maria de Fátima Freire Ximenes

Diretora da EDUFRN
Margarida Maria Dias de Oliveira

Editor
Helton Rubiano de Macedo

Supervisão Editorial
Alva Medeiros da Costa

Conselho Editorial | UFRN


Sathyabama Chellappa
Ricardo Oliveira Guerra
Enilson Medeiros dos Santos
Jones de Andrade
Antonio Sérgio Araújo Fernandes
Humberto Hermenegildo de Araújo
Maria da Conceição Ferrer Botelho Sgadari Passeggi
Tânia Cristina Meira Garcia
Ângela Luiza Miranda
Andrea Câmara Viana Venâncio Aguiar
Emerson Moreira de Aguiar
Marcos André Varela Vasconcelos
Rodrigo Pegado de Abreu Freitas
Maria Aniolly Queiroz Maia

Coleção
CONTAR – Linguagens e Educação Básica
EDUFRN

Coordenação da coleção
Tatyana Mabel Nobre Barbosa | Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Claudianny Amorim Noronha | Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Tatyana Mabel Nobre Barbosa
Claudianny Amorim Noronha

Políticas
públicas
de leitura
o que saber para um
novo fazer na escola

Natal, 2014
Grafia atualizada segundo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990,
que entrou em vigor no Brasil em 2009.

Capa: Ivana Lima


Editoração eletrônica: Ivana Lima

Revisão de ABNT: Verônica Pinheiro da Silva

Revisão da Língua Portuguesa: Cristinara Ferreira dos Santos

Revisão científica: Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha

Assessor Técnico: José Correia Torres Neto

Impressão e acabamento: Impressão Gráfica e Editora LTDA

Catalogação da publicação na fonte. Bibliotecária Veronica Pinheiro da Silva – CRB/15-692

Barbosa, Tatyana Mabel Nobre.


   Políticas públicas de leitura : o que saber para um novo fazer na escola/ Tatyana
Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha. – Natal: EDUFRN, 2014.

   122 p.: il. – (Coleção CONTAR – Linguagens e Educação Básica)

  ISBN: 978–85–425–0354–8

   1. Educação básica. 2. Políticas públicas de leitura. 3. Documentos regula-


mentadores. 4. Práticas escolares de leitura. I. Noronha, Claudianny Amorim.
II. Título.

 CDU 37.01
B238p

Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou duplicada sem a autorização expres-
sa das organizadoras.

Av. Senador Salgado Filho, 3000, Lagoa Nova


Natal-RN, Brasil 59.078-970
Tel.: (84) 3215-3236
Fax: (84) 3215-3206
Editora da UFRN edufrn@editora.ufrn.br
Impresso no Brasil, 2014.
Apresentação da Coleção
Esta coleção visa divulgar a produção de conhecimento realizada na
interface entre duas importantes instituições formadoras: a escola
e a universidade pública.

A partir dessa perspectiva, a Coleção CONTAR – Linguagens e


Educação Básica focaliza produções referentes às áreas de conhe-
cimento consideradas fundamentais como campo de pesquisa e do
currículo da educação básica. O objetivo é contribuir para o avanço
da formação docente inicial e continuada, assim como para a qua-
lificação das práticas pedagógicas desenvolvidas no espaço escolar.

Nesse sentido, o conjunto das publicações desta Coleção se orga-


niza em dois eixos intercambiáveis: a reflexão científica acerca das
práticas de ensino e de aprendizagem desenvolvidas na educação
básica e os produtos didáticos resultantes do contexto escolar, fun-
damentados teórico-metodologicamente. Com isso, valoriza-se a
reciprocidade entre os saberes acadêmicos e escolares e a relação
de horizontalidade interinstitucional.
Coleção
CONTAR – Linguagens e Educação Básica

EDUFRN
Coordenação da coleção
Tatyana Mabel Nobre Barbosa | Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Claudianny Amorim Noronha | Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Conselho científico
Adair Mendes Nacarato | USF Maria da Conceição Sgadari Passeggi | DFPE/UFRN
Ana Santana Souza | UFRN Maria da Penha Casado Alves | DLET/UFRN
Iran Abreu Mendes | DPEC/UFRN Maria das Graças Soares Rodrigues | DLET/UFRN
Claudianny Amorim Noronha | DPEC/UFRN Maria Estela Costa Holanda Campelo | DFPE/UFRN
Eleny Gianini | UFCG Maria José Gadelha | SME
Lucrécio Araújo de Sá Júnior | DPEC/UFRN Marta Maria de Araújo | DFPE/UFRN
Marcos Aurélio Felipe | DPEC/UFRN Tatyana Mabel Nobre Barbosa | DPEC/UFRN
Margarete Ferreira do Vale de Sousa | SME Telma Ferraz Leal | UFPE
Margarida Maria Dias de Oliveira | UFRN

Conselho pedagógico
Aline Regina Alves de Moura | SEEC – SME
Ana Raquel Severiano Silva | SME
Luanna Priscila da Silva Gomes | SEEC
Lucila Carvalho Leite | SEMEC
Márcia Maria Soares Rodrigues da Câmara | SME – SEEC
Maria da Conceição Rêgo de Araújo | SEEC
Maria José Lobato | SEEC
Pablo Jovellanos dos Santos Lima | SEEC - SEMEC

Parceria
Esta publicação resulta da parceria entre dois Observatórios da Educação da UFRN (CONTAR – PPGED,
PPGECNM; PPGEL; Ed. 038/2010 e Ed. 049/2012), ambos financiados pela CAPES | INEP e coordenados
pelas professoras Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha.

Organização:

Apoio:
Prefácio

“A leitura é um direito de qualquer cidadão, uma ati-


tude de democracia que promove a emancipação pes-
soal e social, que estabelece hoje um novo horizonte
para sonharmos outros sonhos possíveis. Postergá-la
para amanhã implica, tão somente, acomodar o verbo
que pulsa na consciência, requisitando expressão.”
Manifesto por um Rio Grande do Norte de Leitores

E
sta obra, de autoria das professoras Tatyana Mabel Nobre Bar-
bosa e Claudianny Amorim Noronha, chega num momento
dos mais apropriados. De Norte a Sul do país têm-se buscado
construir práticas de mobilização, articulação, formação e troca de
experiências entre professores e outros atores sociais, tendo em vista
políticas públicas de formação de leitores, a partir, sobretudo, do
protagonismo das bibliotecas das escolas, bibliotecas comunitárias e
bibliotecas públicas. Esses espaços, quando vivos, são reconhecidos
pelo potencial de democratização do acesso ao livro.
Em “Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo
fazer na escola” as autoras oferecem subsídios, por meio de um
conjunto de informações e do mapeamento dos principais docu-
mentos gestados nos últimos anos, que são fundamentais para a
construção e defesa dos projetos pedagógicos das unidades de en-
sino, em sintonia com as políticas nacionais da área.
Aqui, a proposta é contribuir para a ampliação dos repertórios
dos professores, cada vez mais envolvidos, na última década, em
distintas inciativas que tomam a leitura enquanto prática social,
gestada desde as unidades escolares. Porém, um desafio permanece:
gestores públicos ainda enxergam a biblioteca como se fosse luxo,
quando deveriam percebê-la como um equipamento de fundamen-
tal importância para garantir o direito da população de acesso à
cultura escrita.
Assim, verifica-se que o arcabouço dos Marcos Legais e dos pro-
gramas de leitura, realçados nesta publicação, envolve, sobretudo, a
convocação para a criação de bibliotecas nas escolas, composição de
acervos qualificados e formação de professores mediadores de leitu-
ra para que articulem as políticas de promoção da leitura das suas
escolas com os respectivos projetos político-pedagógicos. Neste
sentido, o projeto de cada unidade de ensino passa a contribuir com
a construção de políticas de estado. Afinal, é da natureza da escola,
o papel fundamental de democratizar o acesso à cultura escrita.
Convém destacar que diante de tão significativo conjunto de
documentos, mapeados neste livro, envolvendo programas, leis e
decretos, cabem algumas indagações: por que será que o estado
brasileiro negligencia direitos, embora os oficialize nas letras? Por
que será que há tantas escolas sem bibliotecas, sem bons acervos e/
ou sem profissionais que promovam a leitura? Por que o papel da
biblioteca da escola é secundarizado, embora a maioria dos alunos
e suas famílias tenham limitadas chances de acessarem aos livros
por outras vias?
No Brasil, os indicadores educacionais, certamente, são agrava-
dos pelo déficit de bibliotecas e de projetos sistemáticos de promo-
ção da leitura e escrita. Apesar da Lei Federal 12.244/10 estabelecer
o ano de 2020 para que todas as escolas públicas e privadas do país
disponham de bibliotecas, sabe-se que ainda é uma meta distante
de ser alcançada, sem falar que, onde elas existem, com raras exce-
ções, ainda são organizadas em espaços improvisados, apresentam
infraestrutura precária e em parte delas há reduzidas propostas de
formação de leitores. É comum a carência de acervo e/ou de profis-
sionais qualificados para fazerem a gestão do espaço e a mediação
de leitura, uma realidade que, para ser alterada, requer informação
e o engajamento de muitos na luta pela garantia de direitos.
No Brasil, os documentos oficiais, os programas, as leis, os mate-
riais de formação dos professores e aqueles para leitura no contexto
escolar se consubstanciam na concepção de que ler é uma prática
social e, ao mesmo tempo, ato dialógico pessoal. Ao ler, o leitor
produz sentidos e, amalgamado pelo contexto em que vive, pela
sua história e experiências, constrói a realidade, na relação com
o texto e com os outros. Isso posto, embora se configure como
tarefa das mais desafiadoras, as políticas públicas de promoção
da leitura, do livro e da biblioteca se materializam, à medida
em que os professores fazem a mediação de processos capazes
de contribuir para o desenvolvimento de uma relação positiva
das crianças, dos jovens e adultos com o texto escrito, indepen-
dentemente do suporte.
O caso da leitora Ana Beatriz – então aluna da Escola Estadual
Hegésippo Reis, localizada em Natal – de 11 anos, é emblemático.
Há cinco anos ela fez uma declaração que bem ilustra o relevante
papel da biblioteca: “Quando a professora pede para eu ler um
livro, eu me comporto como aluna e quando venho aqui para a
biblioteca, escolho um livro e leio o que eu quero, me comporto
como eu mesma.” Ana Beatriz explicita a autonomia de leitora que
se constrói na frequência assídua à biblioteca da escola, sem as
amarras das tarefas escolares. Evidencia os efeitos de um projeto
pedagógico que, efetivamente, ajuda a formar leitores. Para ela e
tantos outros, bibliotecas bem cuidadas, com acervos e professo-
res qualificados não são luxo, mas sim uma necessidade.
Guardo comigo um outro depoimento que reforçou, definiti-
vamente, a importância que dispenso à biblioteca da escola. Não
faz muito tempo, ano de 2009, ouvi de Samuel Augusto (9 anos),
também da Escola Estadual Hegésippo Reis, a seguinte declaração:

Aprendi a ler e a gostar de ler, assim: eu via a pro-


fessora Evania ler aqui na biblioteca e achava mui-
to bonito, muito mágico. Ai um dia eu cheguei
para a professora, lá na sala de aula, e disse assim:
professora, eu não quero mais ler só pelas figuras,
eu quero ler do jeito que a professora Evania lê pra
gente. Eu quero ler pelas palavras. Aí eu come-
cei a me esforçar para descobrir o que as palavras
estavam dizendo e a professora me ajudou, e eu
aprendi a ler as palavras.

O menino Samuel Augusto explicitou uma proposta de bi-


blioteca que jamais pode ser compreendida como superior e
tampouco inferior ao trabalho com o livro e a leitura que é
implementado nas salas de aula. Ambas se complementam e
dialogam na tarefa de democratizar o acesso à cultura escrita.
Samuel jogou luzes sobre a relevância do trabalho qualificado
que é desenvolvido pelo professor mediador de leitura, o docen-
te que atua, de forma competente, viva e criativa na biblioteca
da escola. Ele fala da figura da professora que faz a diferença
na vida dos estudantes, por meio do seu ofício, exercido num
espaço pedagógico legítimo: a biblioteca.
Porém, excetuando-se os casos exemplares, não são todos
os gestores públicos que enxergam o papel fundamental da
biblioteca da escola. Ainda predomina a ideia equivocada de
espaço secundário, descartável, menos importante do que as
salas de aula, de pouca ou nenhuma contribuição a oferecer
para o projeto educacional da unidade de ensino. Tanto é assim
que o país necessita de excessivo número de documentos para
balizar as ações na área.
Julgo de um atraso sem precedentes as tentativas de desqua-
lificar a biblioteca, em detrimento de se investir para fortalecê-
-la, tornando-a espaço vivo, dinâmico, movido por um projeto
de formação de leitores, por uma programação voltada para
toda comunidade escolar. Infelizmente, não são raras as tenta-
tivas ou até mesmo o desmonte de experiências bem sucedidas,
amparado por alegações esdrúxulas, nada convincentes.
De tão comum, virou uma preocupação o tratamento que al-
gumas secretarias de educação dispensam ao professor que exerce
a sua docência na biblioteca da escola, ajudando a formar leitores.
Esses professores têm sido penalizados com a subtração de di-
reitos por estarem em docência na biblioteca, ainda que seja de
escola. Infelizmente, há secretarias que punem os professores em
atividades nas bibliotecas, quando, por exemplo, não lhes garan-
tem todos os direitos e as conquistas da categoria do magistério.
Para iniciar um novo fazer na escola, como sinaliza esta pu-
blicação, a imagem do docente em atividades na biblioteca da
escola precisa ser reconstruída. Alguns gestores públicos e ou-
tros desavisados persistem com a ideia de que são profissionais
improdutivos, justamente porque o conceito de biblioteca que
carregam difere daquele da biblioteca que o menino Samuel
Augusto frequentou.
Urge que as políticas públicas nacionais de fomento à leitura,
ecoem não somente na escola, mas em toda sociedade, como
bem apontam as autoras. A formação do leitor é uma das mais
urgentes, justamente pelos reflexos em todas as áreas de conhe-
cimento, por ser valorosa para a trajetória acadêmica e para a
vida. O poder da escola é indiscutível. As estatísticas apontam
que nelas já estão quase a totalidade das crianças e adolescen-
tes em idade escolar, sinalizando que o acesso foi praticamente
universalizado. Entretanto, carece que a escola seja capaz de
cumprir o seu papel social de promover as aprendizagens e for-
mar o cidadão do tempo vivido.
A formação de leitores(as) precisa ser um compromisso do
poder público, da iniciativa privada e de toda sociedade. Deste
modo, é oportuno que se dissemine o conteúdo deste estudo
das professoras Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny
Amorim Noronha.
Natal-RN, 7 de outubro de 2014.
Profa. Dra. Cláudia Santa Rosa
Lista de Abreviaturas e Siglas

Educação de Jovens e Adultos EJA

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE

Câmara Brasileira do Livro CBL

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES

Fundação da Biblioteca Nacional FBN

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IDEB

Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística IBOPE

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP

Instituto Pró-Livro IPL

Ministério da Educação MEC

Plano Nacional do Livro e da Leitura PNLL

Plano Estadual do Livro e da Leitura PELL

Plano Municipal do Livro e da Leitura PMLL

Programa Internacional de Avaliação de Estudantes PISA

Programa Nacional da Biblioteca da Escola PNBE

Programa Nacional do Livro Didático PNLD

Programa Nacional do Livro Didático para o ensino Médio PNLDEM

Projeto Político-Pedagógico PPP

Sindicato Nacional dos Editores de Livros SNEL

Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica SAEB

Secretaria de Educação a Distância SEED

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNESCO


Sumário

Apresentação
1 | Por que estudar as políticas públicas nacionais
de fomento à leitura, ao livro e à biblioteca? 19

2 | O que estudar das políticas públicas nacionais


de fomento à leitura, ao livro e à biblioteca? 29

3 | Documentos, programas e leis com diretrizes e


orientações para implementação das políticas públicas
nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar 37

Política Nacional para a Biblioteca Escolar 49

Plano Nacional do Livro e da Leitura 59

Política Nacional do Livro 73

4 | Materiais para formação dos


professores como mediadores de leitura 81

Pró-Letramento 83

5 | Materiais para leitura no contexto escolar 89

Programa Nacional do Livro Didático 91

6 | Para iniciar um novo fazer na escola 101

7 | Afinal, o que podem as políticas


públicas nacionais de fomento à leitura? 109

Referências 114

Quem somos 121


15

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


Apresentação1

E
ste livro analisa as políticas públicas nacionais de fomento à
leitura, ao livro e à biblioteca, particularmente aquelas que,
mesmo não sendo voltadas diretamente à educação, têm
repercussão significativa na escola. Ao mesmo tempo, trazemos
orientações para propor novas práticas para o espaço escolar.
Nesse sentido, focalizamos as principais políticas elaboradas
na última década e meia, momento em que ganharam ainda
mais importância os sistemas de avaliação e indicadores de
aprendizagem nacionais e internacionais e quando se fortaleceu
o papel do Estado nas políticas de leitura.
Como sabemos, as políticas públicas estão longe de ser consi-
deradas como objetos pertinentes à formação inicial e continuada
de professores, mesmo aquelas dirigidas à educação básica, que
interessam sobremaneira à prática desses profissionais. O espa-
ço tímido das políticas públicas da educação nos currículos de
formação docente é uma realidade que se repete também nas
práticas escolares. Ou seja, a escola ainda carece, de modo geral,
de reflexão e crítica acerca dos documentos, programas e marcos
regulamentadores dirigidos ao fomento à leitura. A consequência

1
 Parte desta produção resultou do módulo Políticas públicas nacionais de fomento à leitura: re-
flexões e práticas escolares, referente ao componente A leitura em programas e projetos de ensi-
no do curso Mediadores de Leitura (Secretaria da Educação Básica, Ministério da Educação,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa PROFOCO | Centro de Educação),
oferecido para 750 professores da rede pública nos municípios de Natal e de Currais Novos do
Rio Grande do Norte em 2013. Esta publicação se beneficiou das contribuições dadas pelos
cursistas e ministrantes do módulo, nos encontros de planejamento, em que explicitavam suas
expectativas de discussão acerca das políticas públicas e as respectivas repercussões destas na
educação básica, o que nos permitiu reelaborar a versão inicial e produzir duas publicações: a
edição final do referido módulo (no prelo) e este livro.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


16 disso é o alheamento dos profissionais da educação dessa discus-
são, seja no processo de criação das políticas, seja na elaboração
de práticas reflexivas que usufruem (ou que podem usufruir) das
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

ações direcionadas às escolas por via do conjunto de políticas de


fomento à leitura, ao livro e à biblioteca.
Nosso objetivo com este livro é contribuir com a discussão
e divulgação tão necessárias, quanto, ainda, raras e, ao mesmo
tempo, oferecer parâmetros mínimos para que a escola desen-
cadeie práticas engajadas num projeto sistemático de leitura, a
partir da transposição e crítica às políticas públicas nacionais.
Desse modo, além de discutirmos os principais documentos
e marcos regulamentadores que respondem pela execução e
normatização das políticas nacionais de interesse da leitura no
espaço escolar, também apresentamos proposições de trabalho
para a escola.
As pesquisas de que resultou este livro permitiram nos de-
parar com uma infinidade de políticas direcionadas à leitura,
ao livro e à biblioteca. Algumas direcionadas especificamente
à educação básica. Mas focalizamos aqui apenas aquelas refe-
rentes à educação básica ou que, mesmo de âmbito mais geral,
tenham significativo impacto educativo.
A grande quantidade de políticas, no entanto, embora dis-
poníveis, principalmente, em sites governamentais, a partir dos
seus documentos correspondentes, é de difícil busca e acesso,
sendo, portanto, incompatível com a necessidade de democra-
tização de suas informações. Será necessário ao profissional da
educação muitas horas de busca para saber quais as principais
políticas de leitura e seus documentos correspondentes, tendo
em vista a dispersão de informações e o grande volume de leis,
decretos, planos e programas.
Assim, embora não pretendamos que esta publicação se
constitua num conjunto de todas as referências aos documen-
tos relativos às políticas públicas nacionais dirigidas à leitura

Apresentação
no espaço escolar ou que nele repercute, certamente, ajudará os 17
profissionais a conhecer alguns desses documentos de referência
e iniciar suas análises.

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


Elaboramos categorias de análise para melhor compreender
os objetivos, natureza e tipos de documentos normatizadores
dessas políticas. Entendemos ser este um resultado significativo
das nossas análises, uma vez que apresenta uma cartografia que
ajuda a elucidar as suas principais diretrizes. A necessidade de
ampliação das pesquisas e de publicações na área nos exigiu
iniciar por uma abordagem mais global, a fim de contribuirmos
com a identificação e análise de seus elementos estruturantes e
de suas principais diretrizes, abrindo caminhos de investigação
para temas mais delimitados. Por isso, ficaram de fora de nossa
discussão as políticas públicas de leitura dirigidas a segmentos
ou situações educativas específicas, como a alfabetização e o
ensino médio, que, em nosso entender, pela complexidade dos
temas, além do volume de políticas que reúnem, já mereceriam
uma publicação específica.
Esperamos, assim, subsidiar a ampliação do repertório dos
profissionais da educação, bem como levantar temas de pesquisa
e, com isso, permitir a qualificação do ensino, da aprendizagem,
da produção científica e da gestão das práticas escolares dirigi-
das à leitura, além de fundamentar os processos reivindicatórios
no que concerne à melhoria das condições de trabalho, à crítica
às políticas e à sua devida implementação.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


1
Por que estudar as políticas públicas
nacionais de fomento à leitura,
ao livro e à biblioteca?
21

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


V
ocê conhece os programas e projetos oficiais voltados
ao fomento à leitura no contexto escolar? Conhece
os marcos legais que orientam a política de leitura na
educação básica? Na sua escola, o Projeto Pedagógico retoma
esses materiais ou neles se baseia para elaborar a proposta para
a formação de leitores?
Essas são algumas das perguntas que servirão como base
para este livro. Conhecer as políticas públicas nacionais dirigi-
das à educação básica voltadas à leitura significa:

■■ Ter acesso aos seus principais documentos orientado-


res e regulamentadores: a relevância que os sistemas de
avaliação e os indicadores de aprendizagem tiveram nas
duas últimas décadas – como Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes (PISA), Índice de Desenvolvi-
mento da Educação Básica (IDEB), Sistema de Avaliação
da Educação Básica (SAEB) – induziram à ressignificação
das práticas educacionais. Somam-se, ainda, os novos
paradigmas de ensino da língua que influenciaram sobre-
maneira as concepções de leitura e de leitor desde então.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


22 É nesse cenário que são criadas ou fortalecidas algumas
políticas públicas nacionais de fomento à leitura direcio-
nadas à educação básica que, juntas, respondem por um
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

contexto específico de políticas de valorização da leitura,


do livro e da biblioteca.

Nesse sentido, focalizamos os principais documentos,


programas e marcos legais referentes ao fomento à leitura
na escola, ou que nela repercutem, criados desde então,
por entendermos que respondem significativamente pe-
los sentidos atribuídos e esperados da leitura como objeto
cultural em prática no espaço escolar.

■■ Formar repertório para participar da criação, execução


e crítica dessas políticas: embora os indicadores tenham,
sistematicamente, apontado uma realidade preocupante
para o Brasil acerca da aprendizagem da leitura e sejam
crescentes as políticas nacionais que a fomentam, esse tema
ainda necessita repercutir nos currículos de formação do-
cente inicial e continuada, bem como na produção cientí-
fica. Ou seja, a valorização das políticas públicas nacionais
direcionadas à educação básica e, mais particularmente,
aquelas referentes à leitura, ainda carecem de estudos, de
modo a se constituírem num repertório para a prática dos
profissionais da educação e para a pesquisa na área.

Como resultado disso, temos instaurado um ciclo vicioso,


retroalimentado pelos seguintes elementos: a falta desse
repertório nos currículos referentes à formação docente,
a necessidade de ampliar a produção científica na área, a
participação ainda tímida dos profissionais da educação nos
processos de criação dessas políticas e a ausência de profis-
sionalização na gestão dessas políticas no espaço escolar.

Por que estudar as políticas públicas nacionais


de fomento à leitura, ao livro e à biblioteca?
Desse modo, partindo dessa problemática, pretendemos 23
favorecer a iniciação dos professores num repertório im-
portante à pesquisa e à prática escolar, apoiando-se nas

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


políticas nacionais de fomento à leitura como objeto.

■■ Participar da formação e da consolidação de práticas


de leitura na escola: para nós, esse aspecto é resultado
dos dois fatores anteriormente discutidos. Obviamente,
não se pode atribuir a formação de uma cultura leitora
apenas ao acesso e conhecimento das políticas públicas
e à construção de um repertório fundamentado em aná-
lise e crítica acerca da temática. A produção científica na
área de leitura é vasta e inclui outros temas importantes
de serem considerados para sua valorização no espaço
escolar e fora dele como prática cotidiana e democrática.
Mas o olhar para as políticas públicas nacionais de leitura
e sua possibilidade de gestão não podem ser ignorados,
a fim de se pensar de modo articulado o livro, o leitor, os
espaços de leitura, os mediadores e apoiar a disseminação
de práticas pertinentes à formação leitora.

Assim, considerar as políticas públicas nacionais de fomen-


to à leitura, ao livro e à biblioteca escolar é, como vimos, mais
do que conhecer uma suposta burocracia da educação. Trata-se,
portanto, de um repertório político-educacional fundamental
às diferentes dimensões da formação profissional e do trabalho
pedagógico. O acesso às referidas políticas por intermédio dos
diferentes documentos que as consolidam deve, ainda, ser toma-
do como gesto simbólico de apropriação pelos profissionais da
educação acerca das diretrizes oficiais e normatizações referentes
ao seu trabalho. E isso não é pouca coisa, se considerarmos o
apartamento histórico entre uma dimensão conteudista e, por-
tanto, de mais prestígio, e outra pedagógica na formação docente.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


24 Mas, para conhecermos a fundo a importância da apropria-
ção pelos profissionais da educação sobre as políticas públicas,
é necessário entendermos que:
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

[considera-se política pública] [...] uma ação


constante do Estado. Não é uma campanha, não
é um evento nem pode ser apenas uma série de
acontecimentos espaçados pelo tempo.[...] uma
política nacional de leitura é uma ação do Esta-
do, [...] mobilizadora e articuladora de experiên-
cias governamentais (de todos os níveis: federal,
estadual e municipal) e privadas, que estabeleça
prioridades, disponibilize recursos orçamentários,
linhas de crédito e demais fontes de financiamen-
to, e invista em programas coordenados capazes
de multiplicar seus efeitos, a fim de possibilitar os
benefícios dessas ações e de toda população (PS-
ZCZOL, 2008, p. 13-14).

A definição se acerca de elementos fundamentais: ação do


Estado, caráter perene, indução de práticas, articulação de di-
ferentes esferas do poder público, garantia orçamentária e de-
mocratização dos benefícios. E esses elementos deixam ainda
mais clara a importância do Estado como principal fomentador
das práticas, dos espaços e sujeitos leitores. Só o Estado, para
Ezequiel Theodoro, é capaz de dar essas garantias de modo mais
universalizado à população:

Por que estudar as políticas públicas nacionais


de fomento à leitura, ao livro e à biblioteca?
25
Ainda que a sociedade civil deva se mobilizar
no sentido de criar projetos e programas de leitu-

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


ra para determinadas comunidades, entendo ser
responsabilidade dos governos o desenvolvimen-
to e a implementação de políticas que venham a
promover, de forma concreta e objetiva, a leitura
em sociedade. Políticas que levem em conta as
condições dos cidadãos para a produção da leitura
(escolarização, disponibilidade de tempo, energia
física, acesso aos escritos etc.) bem como a in-
fraestrutura para que a leitura se realize (bibliote-
cas e centros de leitura, com gente especializada
e manutenção para o seu crescimento no tempo)
(SILVA, 2010, p. 158).

Portanto, minimizar a importância do Estado nesse sentido


seria relegar à leitura um espaço menor na gestão pública. O que
é necessário é exatamente o oposto: que o fomento à leitura se
firme como compromisso acima dos programas de governo e
com peso de política estatal, sob força de lei. E foi exatamen-
te isso que assistimos na última década. A grande quantidade
de marcos regulamentadores, programas e planos permitiram
assegurar o Estado como responsável principal pelo fomento
de uma cultura leitora, livre de voluntarismos e pensada para
toda uma nação.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


26
Diário de formação – I
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

Elaboração do diagnóstico

Para este primeiro momento, sugerimos que


você elabore um diagnóstico acerca da relação en-
tre as políticas de leitura e sua realidade escolar.
O objetivo é que você inicie a observação, análise
e o registro acerca das repercussões das políticas
públicas nacionais de fomento à leitura na sua es-
cola e possa, em seguida, tecer críticas e alterna-
tivas fundamentadas nas práticas desenvolvidas.
Visamos, com isso, potencializar a dimensão de
ensino-aprendizagem da leitura e da gestão das
referidas políticas na escola.
Nesse sentido, sugerimos três ações:
a)  Analisar se o Projeto Político-Pedagógico
faz referência a algum dos documentos
oficiais de fomento à leitura: a menção ou
omissão dos documentos referentes às po-
líticas deve servir como um dos dados para
depreender acerca do envolvimento da escola
com as orientações oficiais de fomento à leitu-
ra. É importante que se observe também como
o Projeto Político-Pedagógico se apropria des-
ses documentos e como lhes atribui sentido.

b)  Pesquisar como a biblioteca, ou os demais


espaços de leitura, se beneficiou das políticas
específicas a esse destino: observe o acervo
da biblioteca e identifique os financiadores das

Por que estudar as políticas públicas nacionais


de fomento à leitura, ao livro e à biblioteca?
27

obras existentes; procure informações sobre a

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


qualificação do profissional responsável por
esse espaço e sobre a existência de projetos de
leitura desenvolvidos nesses ambientes.

c)  Investigar se o corpo docente e os gestores


conhecem as políticas nacionais de leitura e
como delas fazem uso nas suas práticas pro-
fissionais: sendo esse um levantamento inicial,
selecione uma pequena amostra para a inves-
tigação, como, por exemplo, apenas os profes-
sores de uma dada disciplina ou ano de ensino.
Esse levantamento será importante para, pos-
teriormente, você saber como poderá envolver
os colegas em projetos coletivos para estudo,
bem como para ações conjuntas consoantes ou
críticas às políticas de leitura.

Utilize seu diário para registrar suas impres-


sões iniciais sobre os elementos aqui sugeridos
para observação e análise. É importante que, dian-
te da proposta aqui apresentada, você realize apon-
tamentos sobre como você e sua escola podem se
beneficiar do conhecimento acerca das políticas
e dos materiais oficiais existentes e disponíveis a
respeito da leitura no contexto escolar.
Seus registros serão ponto de partida para futu-
ras contribuições na área de leitura em sua escola,
como elaborações de planos, projetos e demais do-
cumentos orientadores.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


2
O que estudar das políticas
públicas nacionais de fomento
à leitura, ao livro e à biblioteca?
31

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


A
o analisar os documentos, programas e marcos regu-
lamentadores, observamos que as políticas públicas
nacionais de fomento à leitura se organizam em três
grandes conjuntos, de acordo com os seus objetivos, nature-
za e público a que se destina. Desse modo, elaboramos os três
conjuntos que seguem como possibilidade de categorizar as
políticas públicas nacionais de leitura:

a)  Documentos, programas e leis com diretrizes e orien-


tações para implementação das políticas públicas nacio-
nais da leitura, do livro e da biblioteca escolar: destina-
dos aos órgãos e instituições públicas, definem as políticas
e normas gerais a serem implementadas e orientam todas
as ações públicas referentes ao fomento à leitura.

b)  Materiais para formação dos professores como me-


diadores de leitura: tratam-se de documentos específi-
cos, destinados a atender um dos pontos das políticas de
leitura: a formação docente.

c)  Materiais para leitura no contexto escolar: são mate-


riais de gêneros e usos diversos, tendo em comum o apoio
às práticas de leitura no contexto escolar, visando atender
um dos pontos das políticas: o ensino-aprendizagem.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


32 Cada um desses conjuntos responde, respectivamente, por
uma dimensão estruturante das políticas públicas de leitura –
a apresentação de diretrizes nacionais para o trabalho com a
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

leitura, orientações para a formação docente e prática escolar


– e é formado por vários documentos: leis, decretos, materiais
didáticos, planos e publicações em geral. Assim, diante desse
universo, selecionamos para análise e sugestões de trabalho
apenas alguns daqueles documentos referentes a cada conjun-
to, os quais foram elaborados especificamente com finalidade
educativa, cujas orientações geram repercussões significativas
na escola. Nosso objetivo não é discutir cada um deles, mas
apresentar as grandes linhas das políticas públicas, analisar al-
guns daqueles documentos, programas, projetos e materiais que
são fundamentais à escola, oferecer as referências para facilitar o
acesso e busca dos referidos documentos e apresentar reflexões
dessas políticas para a prática escolar.
Segundo Eliana Yunes (2010), o crescente esforço na criação
e implementação de políticas públicas de leitura, conforme assis-
timos nos últimos anos, num cenário em que o Estado assumiu
um papel relevante, responde por novas perspectivas para o país:

Eis que esperamos até o século XXI no Brasil


para que educação e cultura, sob responsabilida-
de assumida pelo Estado, entendendo que só uma
rede social que articule escola, biblioteca, família
e valorize a leitura como bem fundamental, pode
efetivamente contribuir para que haja índice de
desenvolvimento humano compatível com o eco-
nômico que atingimos (YUNES, 2010, p. 154).

O que estudar das políticas públicas nacionais


de fomento à leitura, ao livro e à biblioteca?
Nesse sentido, os três conjuntos de documentos que re- 33
presentam uma cartografia sugerida para as políticas públicas
nacionais de leitura de interesse da escola devem atender ao

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


projeto mais amplo de educação do país que envolve os dife-
rentes sujeitos e espaços de leitura. Não é, portanto, inócuo este
estudo, nem as proposições para o trabalho na escola, uma vez
que a valorização da leitura implica em buscar equidade entre
desenvolvimento econômico e formação, a qual tem na escola
um espaço fundamental.
Assim, partindo desses documentos como fontes de análise,
nosso propósito é discutir:

■■ A existência de coerência entre os diferentes conjuntos


de documentos constitutivos das políticas de leitura:
nesse sentido, analisaremos como esses documentos
sinalizam itinerários oficiais da leitura no contexto es-
colar em suas dimensões linguística, didática e política.
A ciência desses elementos é fundamental, por permitir
aos profissionais da educação a compreensão acerca do
que é oficialmente incentivado para o seu trabalho com
a leitura, uma vez que dessas concepções derivam as
orientações de financiamento à valorização do livro e da
leitura, as concepções presentes no acervo distribuído nas
bibliotecas, nos materiais de formação docente e didáti-
cos, por exemplo. Sem ciência acerca desses elementos,
os professores perdem a visão global das orientações na-
cionais determinantes ao fomento à leitura e, obviamen-
te, relevantes às suas práticas de ensino e de gestão dos
projetos e programas de leitura na escola.

■■ Como cada um desses conjuntos se estrutura interna-


mente: ou seja, quais os grandes propósitos e finalidades
de cada um desses conjuntos de documentos orienta-

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


34 dores e regulamentadores. Ao observar os elementos
que valorizam o fomento à leitura, é possível analisar
as repercussões no contexto escolar: para os espaços de
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

leitura, para os mediadores de leitura e para a formação


de leitores. Com esse mapeamento, os profissionais da
educação poderão fazer melhor uso dos recursos, ma-
teriais disponibilizados, gerir de modo mais adequado
as ações relativas a essas políticas, bem como elaborar
crítica às suas concepções.

■■ Quais aspectos valorizam e como contribuem para o


fomento à leitura na educação básica: partiremos de
análises que deem conta de compreender como situam a
escola como uma das agências responsáveis pela forma-
ção de leitores, como compreendem o papel da biblioteca
escolar e do seu acervo e, finalmente, como apoiam a
formação de leitores e dos mediadores de leitura.

Esses são aspectos que nos permitem compreender em que


medida o conjunto das políticas está devidamente articulado
com o projeto de educação para o país. Além disso, compreen-
demos que essas análises subsidiam os professores para suas
práticas, gestão e ampliação do repertório para os processos
de criação de novas políticas. Com base em nossos objetivos
de estudo, analisaremos os três conjuntos de documentos, leis,
decretos, materiais e programas, buscando sempre apontar pos-
sibilidades de transposição didática e de crítica aos documentos
regulamentadores.

O que estudar das políticas públicas nacionais


de fomento à leitura, ao livro e à biblioteca?
35

Diário de formação – II

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


Pesquisar as fontes

Nossa proposta é viabilizar a busca inicial pelos


documentos constitutivos de cada um dos con-
juntos de políticas supracitados. É importante que
você observe os caminhos necessários para acessar
cada um desses documentos, a dificuldade de bus-
ca e a existência de eventuais meios de divulgação.
O objetivo é que você possa criar seu próprio
material de consulta e, além dessas fontes, recolher
possíveis resenhas, artigos e textos que analisem as
políticas nacionais de leitura. Nós sugerimos que
realize a busca física, a partir dos materiais exis-
tentes em sua escola, especialmente na biblioteca
escolar; e virtual, a partir de sites governamentais.
Realize seus registros como parte constitutiva
do seu diário e descreva todas as suas dificuldades
de busca, acesso e de leitura. Esse registro é impor-
tante para se refletir sobre a democratização dessas
informações e a disponibilização desses documen-
tos aos profissionais da educação.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


Documentos, programas e leis

3
com diretrizes e orientações para
implementação das políticas
públicas nacionais da leitura,
do livro e da biblioteca escolar
39

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


E
sse conjunto reúne um universo amplo de documentos
que registram as políticas nacionais de fomento à leitura.
Trata-se de gêneros variados e com propósitos diversi-
ficados, mas que têm em comum o fato de responderem pelas
grandes diretrizes das políticas nacionais de leitura. São o que
poderíamos denominar de materiais estruturantes e sob os quais
os demais conjuntos – materiais para formação dos professores
como mediadores de leitura e materiais para leitura no contexto
escolar – se fundamentam.
O quadro a seguir, retirado de Araújo (2014), sistematiza
os documentos principais desse primeiro conjunto de políticas
nacionais e apresenta um descritor para cada um deles.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações


para implementação das políticas públicas da leitura, do livro
e da biblioteca escolar
Documentos e
Descrição
Programas
Diretrizes elaboradas pelo governo federal que
PCN orientam a formação das políticas curriculares
para o ensino da leitura.
O Programa Nacional Biblioteca da Escola
(PNBE) fornece obras e demais materiais
para as bibliotecas das escolas públicas, com
vista à democratização do acesso às fontes de
PNBE
informação, ao fomento à leitura e à formação
de alunos e professores leitores e ao apoio à
atualização e ao desenvolvimento profissional
do professor.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)
40 é o maior programa de políticas públicas para o
fomento à leitura no país. Compreende coleções
de livros didáticos destinadas aos alunos da
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

educação básica, cujo objetivo é subsidiar o


trabalho pedagógico dos professores. Após a
avaliação das obras, o Ministério da Educação
(MEC) publica o Guia de Livros Didáticos com
PNLD1 resenhas das coleções consideradas aprovadas.
O guia é encaminhado às escolas, que escolhem,
entre os títulos disponíveis, aqueles que melhor
atendem ao seu projeto político-pedagógico.
O PNLD também atende aos alunos que
são público-alvo da educação especial. São
distribuídas obras didáticas em Braille de língua
portuguesa, matemática, ciências, história,
geografia e dicionários.
Conjunto de políticas, programas, projetos,
ações continuadas e eventos empreendidos pelo
Estado e pela sociedade para promover o livro, a
leitura, a literatura e as bibliotecas no Brasil. Sua
finalidade básica é assegurar a democratização
PNLL
do acesso ao livro, o fomento e a valorização da
leitura e o fortalecimento da cadeia produtiva
do livro como fator relevante para o incremento
da produção intelectual e o desenvolvimento da
economia nacional.
Leis e decretos – a partir
Descrição
da década de 1990
Dispõe sobre a extinção e dissolução de
Lei nº 8.029, de 12 de
entidades da administração pública federal, e dá
abril de 1990.
outras providências.
Lei nº 9.610, de 19 de Altera, atualiza e consolida a legislação sobre
fevereiro de 1998. direitos autorais e dá outras providências.
Lei nº 10.402, de 8 de
Institui o Dia Nacional do Livro Infantil.
janeiro de 2002.
Lei nº 10.753, de 30 de
Institui a Política Nacional do Livro.
outubro de 2003.

1­ Em
função de ser um importante programa de distribuição de livros, o PNLD figura também
no conjunto de políticas referentes aos materiais para leitura no contexto escolar.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
Dispõe sobre a contribuição para os
Programas de Integração Social e de 41
Formação do Patrimônio do Servidor Público
Lei nº 10.865, de 30 de
e a Contribuição para o Financiamento
abril de 2004.

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


da Seguridade Social incidentes sobre a
importação de bens e serviços e dá outras
providências.
Lei nº 10.994, de 14 de Dispõe sobre o depósito legal de publicações, na
dezembro de 2004. Biblioteca Nacional, e dá outras providências.
Lei nº 11.264, de 2 de Confere ao município de Passo Fundo o título
janeiro de 2006. de Capital Nacional da Literatura.
Lei nº 11.899, de 8 de Institui o Dia Nacional da Leitura e a Semana
janeiro de 2009. Nacional da Leitura e da Literatura.
Lei nº 12.192, de 14 de Dispõe sobre o depósito legal de obras musicais
janeiro de 2010. na Biblioteca Nacional.
Lei nº 12.244, de 24 de Dispõe sobre a universalização das bibliotecas
maio de 2010. nas instituições de ensino do país.
Confere ao município de Taubaté, no estado
Lei nº 12.388, de 3 de
de São Paulo, o título de Capital Nacional da
março de 2011.
Literatura Infantil.
Altera os arts. 5º, 68, 97, 98, 99 e 100, acrescenta
arts. 98-A, 98-B, 98-C, 99-A, 99-B, 100-A,
Lei nº 12.853, de 14 de 100-B e 109-A e revoga o art. 94 da Lei nº 9.610,
agosto de 2013. de 19 de fevereiro de 1998, para dispor sobre a
gestão coletiva de direitos autorais, e dá outras
providências.
Decreto nº 519, de 13 Institui o Programa Nacional de Incentivo à
de maio de 1992. Leitura (Proler) e dá outras providências.
Decreto nº 520, de 13 Institui o Sistema Nacional de Bibliotecas
de maio de 1992. Públicas e dá outras providências.
Decreto nº 7.084, de 27 Dispõe sobre os programas de material didático
de janeiro de 2010. e dá outras providências.
Decreto nº 7.559, de 1º Dispõe sobre o Plano Nacional do Livro e
de setembro de 2011. Leitura (PNLL) e dá outras providências.
Aprova o estatuto e o quadro demonstrativo dos
Decreto nº 7.748, de 6
cargos em comissão e das funções gratificadas
de junho de 2012.
da Fundação Biblioteca Nacional.

Fonte: Araújo (2014, p. 103-105).

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


42 Como se vê, o quadro elaborado por Araújo (2014) a partir
da nossa categorização dessas políticas apresenta dois grandes
subconjuntos de documentos: um deles constituído por progra-
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

mas e o outro pelos marcos legais. Cada um deles, respectiva-


mente, apresenta as seguintes finalidades e princípios de ações:

■■ Planos e programas: (i) orientações curriculares, focali-


zando abordagens teórico-metodológicas para o ensino de
conteúdos, formas de avaliação da aprendizagem leitora;
(ii) programas que asseguram a distribuição de materiais
diversos para a leitura, fomento à biblioteca e espaços de
leitura com foco na escola; (iii) fundamentos para os Pla-
nos Nacional, Estadual e Municipal do Livro e da Leitura.

■■ Marcos legais (leis e decretos): (i) ações de divulgação da


leitura (promoção do dia da leitura e de cidades polos de
ações nesse sentido); (ii) ações de caráter administrativo
(regulamentando funções gratificadas de profissionais, di-
reitos autorais, aquisição e depósito de obras); (iii) ações
de caráter educacional (criação de bibliotecas, regulamen-
tação de programas educacionais de fomento à leitura).

Com base nisso, entendemos que os marcos legais


supracitados se organizam da seguinte forma, de
acordo com suas finalidades:

Documentos que regulamentam as políticas para


gestão da leitura e do livro como objetos culturais:

LEI Nº 10.753, DE 30 DE OUTUBRO DE 2003.


Institui a Política Nacional do Livro.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
43
LEI Nº 10.865, DE 30 DE ABRIL DE 2004.
Dispõe sobre a contribuição para os Programas de

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


Integração Social e de Formação do Patrimônio
do Servidor Público e a Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social incidentes
sobre a importação de bens e serviços e dá outras
providências.

LEI Nº 8.029, DE 12 DE ABRIL DE 1990. Dispõe


sobre a extinção e dissolução de entidades
da administração pública federal, e dá outras
providências.

LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.


Altera, atualiza e consolida a legislação sobre
direitos autorais e dá outras providências.

LEI Nº 12.853, DE 14 DE AGOSTO DE 2013. Altera


os arts. 5º, 68, 97, 98, 99 e 100, acrescenta arts. 98-
A, 98-B, 98-C, 99-A, 99-B, 100-A, 100-B e 109-A e
revoga o art. 94 da Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de
1998, para dispor sobre a gestão coletiva de direitos
autorais, e dá outras providências.

LEI Nº 10.994, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2004.


Dispõe sobre o depósito legal de publicações, na
Biblioteca Nacional, e dá outras providências.

LEI Nº 12.192, DE 14 DE JANEIRO DE 2010.


Dispõe sobre o depósito legal de obras musicais
na Biblioteca Nacional.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


44
DECRETO Nº 7.748, DE 6 DE JUNHO DE 2012.
Aprova o estatuto e o quadro demonstrativo dos
cargos em comissão e das funções gratificadas da
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

Fundação Biblioteca Nacional.

Documentos que regulamentam as políticas de


divulgação da leitura e do livro:

LEI Nº 10.402, DE 8 DE JANEIRO DE 2002.


Institui o Dia Nacional do Livro Infantil.

LEI Nº 11.264, DE 2 DE JANEIRO DE 2006.


Confere ao município de Passo Fundo o título de
Capital Nacional da Literatura.

LEI Nº 11.899, DE 8 DE JANEIRO DE 2009.


Institui o Dia Nacional da Leitura e a Semana
Nacional da Leitura e da Literatura.

LEI Nº 12.388, DE 3 DE MARÇO DE 2011.


Confere ao município de Taubaté, no estado
de São Paulo, o título de Capital Nacional da
Literatura Infantil.

Documentos que regulamentam as políticas de


valorização da leitura e do livro nos contextos
educativos:

LEI Nº 12.244, DE 24 DE MAIO DE 2010.


Dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas
instituições de ensino do país.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
45
DECRETO Nº 520, DE 13 DE MAIO DE 1992.
Institui o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


e dá outras providências.

DECRETO Nº 519, DE 13 DE MAIO DE 1992.


Institui o Programa Nacional de Incentivo à
Leitura (Proler) e dá outras providências.

DECRETO Nº 7.084, DE 27 DE JANEIRO DE


2010. Dispõe sobre os programas de material
didático e dá outras providências.

DECRETO Nº 7.559, DE 1º DE SETEMBRO DE


2011. Dispõe sobre o Plano Nacional do Livro e
Leitura (PNLL) e dá outras providências.

Fonte: Todos os documentos podem ser consultados na íntegra em:


Legislação... (2013).

As políticas de leitura, regulamentadas a partir desses dois


subconjuntos de documentos – referentes aos planos, programas
e marcos legais –, têm, basicamente, duas orientações interdepen-
dentes: assegurar o fomento e a prática de formação de leitores
no contexto escolar e apoiar a gestão da administração pública.
Cada um desses documentos e as especificidades políticas
pelo quais respondem teve e tem repercussões diferenciadas na
rede de ensino. Os programas supracitados são mais amplamen-
te conhecidos pelos profissionais da educação e, dentre eles, o
PNLD e o PCN estão mais presentes na constituição das práticas
escolares. O PNLD em função da cultura escolar de centralidade

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


46 do livro didático nas práticas de ensino e de aprendizagem e da
distribuição para todas as escolas da rede de ensino pública; e
o PCN pelo grande trabalho do governo para sua elaboração
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

e, posteriormente, para divulgação das novas orientações cur-


riculares em todo o Brasil, tendo sido retroalimentado pelos
avanços das ciências da linguagem – no caso dos PCN de língua
portuguesa, por exemplo.
O PNLL e o PNBE são programas que respondem de forma
mais estrutural pelas políticas de leitura. Seu impacto na educação
como sistema depende muito da articulação com a gestão muni-
cipal e estadual, a partir de suas respectivas secretarias, a não ser
por ações mais pontuais, como a distribuição de livros, periódi-
cos, dicionários e demais obras complementares para o acervo
das bibliotecas e espaços de leitura. A elaboração, por exemplo,
dos planos estaduais e municipais de educação, um requisito das
políticas construídas a partir do PNLL, não pode prescindir da
gestão local e, como sabemos, essa é, muitas vezes, uma relação
de tensões entre a escola, as secretarias e o poder federal.
As leis e decretos referentes às políticas de leitura são notada-
mente menos conhecidas e acessadas pelos professores do que
os programas citados anteriormente. Essa realidade se explica,
em parte, pelo modelo de formação docente adotado majorita-
riamente pelas instituições de ensino superior que, muitas vezes,
desprestigia a gestão e as políticas públicas como conhecimentos
necessários à formação e atuação dos profissionais da educação.
E é nesse sentido que o trabalho de Araújo (2014) traz
contribuições, a partir da elaboração de uma cartografia para
compreendermos os elementos-chave constitutivos das políti-
cas que fomentam a leitura. Identificar isso é fundamental, se
considerarmos o apartamento desse saber da formação e prática
do profissional da educação.
A leitura desse primeiro conjunto de documentos nos per-
mite concluir que as políticas apontam para as seguintes dire-
trizes para o fomento à leitura, ao livro e à biblioteca:

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
■■ Existência de dois grandes eixos orientadores de fo- 47
mento à leitura, sendo um que circunscreve a leitura e
suas práticas no espaço escolar; e outro que pensa sua

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


repercussão como elemento social e que, portanto, estaria
não somente sob a responsabilidade da escola. Mais que
isso: estaria sob a responsabilidade do Estado.

■■ Universalização do acesso ao livro e à leitura, pressu-


posto de todos os documentos como mecanismo de me-
lhoria da qualidade de vida, como bem cultural e como
possibilidade de desenvolvimento local.

■■ Integração entre as políticas dirigidas à leitura na edu-


cação básica e na formação docente, a fim de se favore-
cer a criação de documentos, como os PCN, que possam
não somente apoiar as práticas escolares de leitura, como
induzir a formação docente.

■■ Existência de diretrizes articuladas para o ensino e a


aprendizagem da leitura referente à escolaridade bá-
sica obrigatória, circunstanciadas particularmente nos
PCN e que contribuíram significativamente para repen-
sar a leitura como objeto de ensino e de aprendizagem
da 1a à 8a séries. Essa articulação permitiu pensar a for-
mação do leitor de modo contínuo, menos fragmentada,
estabelecendo diretrizes coesas entre os diferentes anos
e repercutiu na elaboração das diretrizes curriculares e
nos planos estaduais e municipais da leitura e do livro.

■■ Fomento à leitura além do espaço escolar, como forma


de garantir a formação do leitor ao longo da vida e em
diferentes contextos.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


48

Diário de formação – III


Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

Planejando ações para a escola

Neste capítulo, você conheceu um pouco das gran-


des diretrizes das políticas nacionais de leitura: seus
planos, programas e marcos legais; suas finalidades,
estruturação e objetivos específicos.

É hora de retomar o diagnóstico inicial acerca do


engajamento da escola com as políticas nacionais de
leitura e a pesquisa sobre os diferentes programas e
marcos legais. A partir disso, você pode desencadear
um trabalho mais coletivo na escola.
Nesse sentido, sugerimos:

a)  a formação de um grupo de trabalho para so-


cializar o diagnóstico realizado e materiais pes-
quisados;

b)  procure reconhecer as expectativas gerais da


escola em relação às atividades de leitura;

c)  registre suas ideias para elaboração de projetos


e ações mais pontuais, sem se preocupar ainda
com a viabilidade dessa ação. Esses registros
serão importantes para que você levante temas
possíveis para elaboração de trabalhos futuros.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
Política Nacional para a Biblioteca Escolar 49

O Programa Nacional Biblioteca da Escola é um dos mais

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


pertinentes dentro do contexto do conjunto de Documentos,
programas e leis com diretrizes e orientações para implementação
das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca,
uma vez que representa um conjunto de ações fundamentais
para o fomento da leitura e acesso ao livro na escola. Para ana-
lisá-lo, discutiremos as orientações oficiais acerca da biblioteca
escolar à luz dos seus programas e diretrizes.
Mas a necessidade de uma política específica para a biblio-
teca escolar existe justamente pelo histórico de precariedade do
seu acervo, infraestrutura e usos. Para Ezequiel Theodoro, essa
realidade muito comum no Brasil, encontra apoio numa relação
de interesses de domínio sócio-político-cultural que privilegia
uma minoria da nossa população, mantendo o status quo:

[...] iniciar um movimento a favor da formação e


dinamização de bibliotecas [...] é, fundamental-
mente, uma tarefa maior ou mais abrangente de
natureza política. Trata-se de uma reação crítica
dos agentes sociais frente ao enquadramento da
grande maioria da nossa população no círculo
da ignorância e do atraso. Nesses termos, a parca
quantidade de bibliotecas (escolares ou não) nas
diferentes regiões brasileiras cumpre uma finali-
dade muito clara: impedir que grandes parcelas
da população possam, pelo acesso aos acervos e
pela leitura, qualificar as suas decisões e ações para
atuação em sociedade (SILVA, 2009, p. 190).

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


50 Por isso, a discussão acerca do PNBE é indispensável, tendo
em vista ser o programa que responde de modo particular sobre
esse espaço de leitura fundamental à formação do leitor e às
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

rotinas de leitura na escola.


Nesse sentido, partiremos das seguintes perguntas, que vi-
sam direcionar os questionamentos acerca da biblioteca esco-
lar para a realidade dos profissionais da educação: no Projeto
Político-Pedagógico da sua escola, quais as ações previstas di-
recionadas ao fomento da leitura e à formação de leitores que
incluem a biblioteca escolar com base nos programas oficiais
existentes? Sua escola já foi beneficiada pelos programas oficiais
de apoio a bibliotecas escolares?
Esses questionamentos são importantes para que se busque
conhecer e analisar as políticas públicas com repercussão na
formação de leitores na escola e, assim, incluir os professores
como críticos e colaboradores desses projetos oficiais.
Para desencadear a discussão referente às políticas para o
fomento à biblioteca escolar – criação de bibliotecas, aquisição
e ampliação de seu acervo, orientação sobre a organização e
utilização desse espaço –, nos basearemos nos seguintes docu-
mentos oficiais: a Lei n° 12.244, de 24 de maio de 2010, que
define esse espaço e torna obrigatória a existência de bibliote-
cas em todas as instituições de ensino do país; os documentos
orientadores do Programa Nacional Biblioteca da Escola; e
demais materiais produzidos pelo Ministério da Educação
que orientam os profissionais acerca das políticas direcionadas
à biblioteca escolar.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
A Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010 51

A Lei define, em seu Art. 2o, que biblioteca escolar é “a cole-

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


ção de livros, materiais videográficos e documentos registrados
em qualquer suporte destinados à consulta, pesquisa, estudo
ou leitura.” (BRASIL, 2010a) e torna obrigatória a existência
de bibliotecas em todas as instituições de ensino. Além disso, o
parágrafo único daquele mesmo artigo institui o total mínimo
de títulos por aluno e determina o prazo de dez anos, desde a
criação da Lei, para que os sistemas de ensino desenvolvam
iniciativas que possibilitem cumprir o que se estabelece.
Outro fator preponderante da Lei está na exigência do cum-
primento das Leis nº 4.084, de 30 de junho de 1962, e nº 9.674, de
25 de junho de 1998, que asseguram que as bibliotecas escolares
devem contar, para seu funcionamento, com o profissional biblio-
tecário. Essa medida oferece não apenas o tratamento mais ade-
quado a atividades da biblioteca e ao seu acervo, como também
assegura a destinação de funcionários exclusivos a essa função.
A Lei representa um ganho significativo, tendo em vista que:
mobiliza políticas para a criação de bibliotecas; determina o
acervo mínimo; trata da distribuição de livros e do seu aces-
so. Embora pareça óbvia a existência de bibliotecas em escolas
da rede básica, veremos que os números indicam que ainda
estamos distantes dessa realidade, e leis como essa ajudam as
comunidades locais e profissionais da educação a reivindicarem
a garantia do cumprimento de seu direito.
As políticas para o livro, a leitura e a biblioteca, manifestam-
-se em programas governamentais. A seguir, discutiremos um
programa específico, voltado para a biblioteca escolar: o Pro-
grama Nacional Biblioteca da Escola.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


52 Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE)
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

O que é o PNBE? É um programa desenvolvido


desde 1997 pelo Ministério da Educação (MEC),
cujo objetivo é promover o acesso à cultura e o in-
centivo à leitura nos alunos e professores por meio
da distribuição de acervos de obras de literatura,
de pesquisa e de referência.

Aonde chega o PNBE? O PNBE atende, com dis-


tribuição de livros de forma universal e gratuita,
todas as escolas públicas de educação básica cadas-
tradas no Censo Escolar, compreendendo escolas
públicas do ensino fundamental e de educação
infantil, de turmas regulares ou de Educação de
Jovens e Adultos.

Que tipo de material é distribuído pelo PNBE? O


programa desenvolve ações voltadas para a avalia-
ção e distribuição de materiais bibliográficos de três
categorias: obras literárias, contemplando textos em
prosa (novelas, contos, crônicas, memórias, biogra-
fias e teatro), em verso (poemas, cantigas, parlendas,
adivinhas), livros de imagens e livros de história em
quadrinhos; periódicos de conteúdo didático e meto-
dológico para as escolas da educação infantil, ensino
fundamental e médio; e obras de cunho teórico e
metodológico que visam apoiar a prática pedagógica
dos professores da educação básica.

Fonte: Elaborado a partir de consulta a <http://portal.mec.gov.br/index.


php?option=com_content&view=article&id=12368&Itemid=574>. Acesso
em: 5 jan. 2013.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
Criado em 1997, por meio da Portaria Ministerial no 584, 53
de 28 de abril, e financiado com recursos consignados no orça-
mento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


(FNDE), o PNBE tem um papel importante para o desenvolvi-
mento da política de incentivo à leitura que trata da disponibi-
lização permanente de acervos bibliográficos de diferentes gê-
neros às escolas. Esse acervo passa por um processo de escolha
e seleção, mediante edital previamente divulgado.
A disponibilidade de um acervo variado nas bibliotecas das
escolas possibilita maior acesso do cidadão em relação aos livros
ou outros meios de informação e comunicação que compõem
esse espaço de leituras, mas não garante que essas pessoas se
tornem leitores.
Nesse sentido, o objetivo do programa de distribuir livros
encontra como alguns dos seus grandes desafios: falta de polí-
ticas locais de fomento à leitura, precariedade da estrutura das
escolas, falta de projetos de impacto em rede para a qualifica-
ção profissional e de subsídio do trabalho do professor como
formador de leitores.
Segundo dados apresentados pelo movimento Todos pela
Educação (2013), que usou como base o Censo Escolar de
2011, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira, para cumprir a Lei Federal n°
12.244, que vigora desde 2010, o Brasil precisa construir 128
mil bibliotecas escolares, o que daria a difícil missão de erguer,
em média, 39 espaços por dia, em unidades de ensino públicas
e particulares.
O maior déficit se encontra nas escolas públicas. Os dados
revelam que, das 128 mil bibliotecas que ainda não existem,
113.269 deveriam ser construídas em escolas municipais, esta-
duais e federais. Ou seja, 34 por dia até 2020. Hoje, apenas 19%
das escolas municipais apresentam biblioteca, principalmente,

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


54 as de educação infantil. No caso da rede estadual, a situação é
um pouco melhor, e essa taxa sobe para 59,6%.
Além de infraestrutura, outro desafio consiste na contra-
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

tação e formação dos profissionais da escola, a fim de que eles


conheçam o acervo do PNBE que chega às instituições de ensino
e tenham condições de realizar um trabalho eficaz.
O conhecimento dos profissionais da educação sobre a exis-
tência dos livros e das coleções presentes na biblioteca, a falta
de políticas públicas locais para o fomento à leitura na rede de
ensino, a contratação de bibliotecários e a formação adequada do
mediador de leitura estão dentre os grandes desafios para a imple-
mentação das bibliotecas e seu devido uso nas rotinas escolares.

Sobre os impactos da distribuição de livros


e os desafios às práticas de leitura na escola

A fim de aprimorar as políticas de distribuição de livros e de


fortalecimento da biblioteca escolar, o Ministério da Educação
realizou, em 2005, uma pesquisa em quase duzentas escolas.
O objetivo era compreender quais os impactos da distribuição
dos livros nas práticas docentes. A pesquisa foi realizada por
meio de grupos focais e entrevistas com os seguintes sujeitos:
gestores da escola, agentes de biblioteca, estudantes, professores,
pais e comunidade.
Apesar da diversidade de realidade entre alguns municípios
pesquisados, de forma global, a realidade da leitura se repete na
maioria das escolas, segundo apontou a pesquisa.
As práticas construídas em torno dos espaços de leitura, a
visão dos sujeitos e as deficiências das políticas públicas em
conseguir articular formação docente para a mediação leitora
somam-se para a construção coletiva de representações relati-
vamente consensuais sobre a leitura e o espaço escolar.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
Nesse contexto, surgem como problemas-chave na escola: 55

■■ o desprestígio da leitura e sua desvinculação das ativida-

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


des curriculares nas diferentes áreas de ensino;

■■ a visão ainda muito presente acerca de um ideário eru-


dito de repertório de leitura para se considerar os alunos
como leitores proficientes;

■■ a precariedade dos espaços de leitura, seja em relação


à infraestrutura e ao acolhimento desses espaços, seja
em relação ao tratamento dado ao acervo: cuidados de
manutenção, catalogação dos títulos, estabelecimento de
procedimentos e estímulo à frequência dos empréstimos.

Nesse sentido, Tânia Rösing também destaca os problemas


que vivenciam as bibliotecas escolares:

O espaço que abriga materiais capazes de dispo-


nibilizar um pouco de conhecimento acumu-
lado ao longo da história da humanidade aos
leitores em formação é tratado com descaso,
sem nenhuma prioridade, desconsiderado no
processo de construção curricular [...], distan-
ciando a escola brasileira das instituições simi-
lares existentes nos países desenvolvidos. [...]
(RÖSING, 2005; p. 214).

A autora segue apontando novos cenários e demandas para


a biblioteca escolar, os quais incluem: a dinamização do acervo;
a interação de vários profissionais e de professores de diferentes

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


56 áreas; a valorização de conhecimentos teóricos e práticos; o aces-
so, a divulgação e a construção de novos conhecimentos; a neces-
sidade de um novo perfil de profissional, capaz de liderar práticas
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

de leitura; a utilização da biblioteca para construir práticas co-


letivas de transformação do processo de ensino-aprendizagem.
Tais conjuntos de elementos revelam a necessidade de qua-
lificar as políticas públicas dirigidas à biblioteca escolar, não só
com a inclusão de outras ações que contemplem a formação
docente, mas, a partir do acompanhamento, assessoramento e
da avaliação contínua da criação, reestruturação e mobilização
de novas práticas de leitura viabilizadas pela escola. Além disso,
é fundamental o engajamento da escola num projeto de leitura
próprio, articulado às políticas oficiais, de modo que contemple
sua realidade curricular, o contexto sociodiscursivo dos alunos
e as práticas de leitura partilhadas em seu grupo de origem.

Afinal, de quem é a responsabilidade?

Como vimos, as políticas públicas são importantes para a


realidade escolar. Ao mesmo tempo em que devem ser elabo-
radas a partir das necessidades e dos avanços sociais, elas reper-
cutem no cotidiano da escola, seja da forma desejada ou não.
No entanto, não se deve creditar apenas às políticas públicas
de âmbito nacional voltadas à biblioteca escolar toda a respon-
sabilidade acerca da realidade de leitura na escola. A respon-
sabilidade deve também ser atribuída a gestões públicas locais
– estaduais, municipais e aos gestores escolares (incluindo-se
os professores, que também são sujeitos na gestão escolar). Se
de um lado a disponibilização do livro não é garantia de leitura,
de outro, tê-lo significa um amplo investimento federal, mas
que não prescinde do plano de leitura estadual, municipal e de
políticas geradas e gestadas na própria escola.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
57
Diário de formação – IV

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


Quais os impactos do PNBE em sua escola?

Ainda em referência à pesquisa realizada pelo


Ministério da Educação em 2005, realizamos uma
síntese, cujos resultados podem ser consultados a
seguir. Ao ler, procure registrar como cada um dos
elementos pode ser observado em sua escola, per-
mitindo comparar os resultados encontrados nas
escolas de todo o Brasil com a sua:

a)  Distribuição dos livros: nesse aspecto, a pesqui-


sa apontou a falta de registro nas escolas sobre o
recebimento dos livros; alteração do destinatário
dos livros; desconhecimento, pelos professores, do
acervo recebido; o total de livros nem sempre era
adequado ao total de alunos.

A partir desses elementos, reflita e registre como a


distribuição de livros pelo PNBE é vista na sua escola.

b)  Espaços e práticas de leitura: a pesquisa apresen-


tou os seguintes resultados: os espaços são marca-
dos pela precariedade, mais fortemente observada
nas escolas estaduais do que nas municipais; o uso
desses espaços é predominantemente realizado
para cumprir trabalhos das aulas, referentes aos
conteúdos escolares, demandando, principalmen-
te, o uso dos livros didáticos; o uso dos espaços
não se efetiva de forma engajada em projetos cole-
tivos; nem todas as escolas dispunham de espaços
de leitura; os espaços de leitura são, muitas vezes,

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


58 usados para “reforço escolar”, reproduzindo a ló-
gica da sala de aula; apenas algumas bibliotecas
eram abertas à comunidade local; foi observada
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

grande expectativa dos familiares acerca do hábito


de leitura dos filhos; havia esforço das escolas para
desenvolver atividades de leitura (feiras, semanas
de leitura, etc.); foi constatada falta de pessoal para
trabalhar nas bibliotecas e havia muitas situações
de profissionais reaproveitados de outras funções.

Como os espaços e as práticas de leitura da sua escola


foram influenciados/modificados pela distribuição de
livros pelo PNBE? Registre os elementos para compor
seu diário, refletindo acerca dos impactos do PNBE na
sua escola.

c)  Acervo: sobre o acervo das escolas, foi cons-


tatada grande precariedade; dificuldade de ob-
tenção de informações sobre o uso dos livros
distribuídos individualmente aos alunos; subu-
tilização do acervo; política escolar de restrição
de uso dos livros; sacralização do livro; desco-
nhecimento da escola e comunidade acerca de
quem financiava os livros; falta de catalogação
e disponibilização adequada dos livros para uso
e empréstimo; reconhecimento do livro didáti-
co como pertinente para a formação curricular,
em detrimento dos demais acervos, compreen-
didos como complementares/opcionais.

Com base na situação explicitada pelas demais esco-


las do Brasil acerca do acervo das bibliotecas, analise
a situação do acervo da sua escola e registre suas ob-
servações acerca dos impactos do PNBE.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
Plano Nacional do Livro e da Leitura 59

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


Analisar o Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), a
partir das suas diretrizes e dos seus marcos legais, compreender
sua relevância e seu impacto na rede pública de ensino e identifi-
car suas matrizes de referência são fundamentais para colaborar
no processo de elaboração, implantação e acompanhamento dos
planos estaduais e municipais da leitura e do livro, assim como
no Projeto Político-Pedagógico da escola.
Partiremos de uma questão mobilizadora para a construção
da reflexão crítica relativa aos impactos do PNLL na sua escola
e na rede de ensino: como as reuniões de planejamento, o Pro-
jeto Político-Pedagógico, o planejamento de cada professor e os
projetos de leitura desenvolvidos pelas Secretarias de Educação
retomam os princípios-chave do PNLL ou podem tê-lo como
um norteador?
A partir dessa reflexão e da discussão sobre o PNLL, visa-
mos contribuir para o estabelecimento de uma interface entre a
realidade da escola e a rede de ensino, buscando entender como
esse plano e as ações que o compõem podem contribuir para a
construção e consolidação de uma cultura leitora.

O que é o PNLL?

A luta pelo livro, pela leitura e por bibliotecas foi retomada


nos dois mandatos do Presidente Lula e desenvolvida a partir
de uma parceria entre o Ministério da Cultura e o da Educação,
que criaram, em 2006, o PNLL. Atualmente, regulamentado
por meio do Decreto n° 7.559, de 1º de setembro de 2011, em
conformidade com a Lei n° 10.753/2003, que instituiu a Política
Nacional do Livro, o PNLL se consolida como a mais ampla e

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


60 bem-sucedida política nacional dirigida à leitura no Brasil. O
PNLL é uma iniciativa que agregou esforços interministeriais
para a execução das políticas públicas fundadas no acesso ao
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

livro e na formação de leitores, como ações de cidadania, inclu-


são social e desenvolvimento.
O conjunto de ações induzidas pelos marcos legais significa
um impacto relevante para a rede do livro e da leitura no Bra-
sil: mercado editorial, profissionais responsáveis pela criação
do livro, escolas e seus sujeitos (gestores, professores, alunos,
comunidade escolar), a sociedade civil, a relação cultura e edu-
cação e a articulação com as demais ações e políticas públicas
existentes, contributivas ao fomento da leitura.

Como se estrutura o PNLL?

A conexão entre quatro grandes eixos responde pelas linhas


de ação do PNLL. São eles:

PNLL

Democratização Formação de Valorização Valorização


do acesso ao livro mediadores para institucional da institucional da
o incentivo à leitura leitura e o leitura e o
incremento de incremento de
seu valor simbólico seu valor simbólico

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
Articulados, esses eixos contribuem para que as ações, coor- 61
denadas por diferentes esferas (estados, municípios, ministérios,
empresas e outros) desenvolvam-se em sinergia, considerando

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


elementos fundamentais à leitura que, muitas vezes, foram ne-
gligenciados em políticas anteriores.
O acesso ao livro como objeto cultural é um dos respon-
sáveis pela difusão dos conhecimentos de uma sociedade, im-
portante como fonte de informação, ficcional e de fruição. Por
isso, seu acesso permite aos leitores experiências e práticas de
leitura cada vez mais diversas. Mas um livro carece de leitores
e mediadores de leitura. Para isso, precisamos de profissionais
qualificados, capazes de articular seus conhecimentos para
viabilizar ações institucionais no âmbito escolar, que não de-
pendam de voluntarismos e trabalhos episódicos. O fomento ao
mercado, ao mesmo tempo em que pode estimular a produção
intelectual, responde pela ampliação das publicações, tiragem e
diversidade das obras, o que ajuda a garantir o acesso ao livro,
ponto inicial das ações do PNLL.

Planos Estadual e Municipal


do Livro e da Leitura

Para execução das políticas nacionais voltadas ao


livro e à leitura, é necessário um movimento articu-
lado local, por meio do Plano Estadual do Livro e da
Leitura e do Plano Municipal do Livro e da Leitura.
Assim, reunimos algumas informações básicas
sobre o PELL e o PMLL, a fim de que se possa buscar,
também, o engajamento com os Planos de Leitura
localmente elaborados.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


62
“É no município que a democratização do
acesso ao livro e o fomento à leitura, enquanto
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

condição para a inclusão social e o exercício


pleno da cidadania, poderá propiciar a me-
lhoria nos indicadores de desenvolvimento
humano e socioeconômicos. Assim, o prin-
cipal objetivo a ser alcançado com a imple-
mentação dos Planos Estadual e Municipal do
Livro e da Leitura – PELL e PMLL – será o de
conquistar um lugar de destaque para a leitu-
ra e o livro na agenda política e orçamentária
de estados e municípios: planejando ações e
estabelecendo metas que garantam sua imple-
mentação e sua continuidade como política
de Governo.” (BRASIL, 2014; p. 10).

“A concepção, elaboração, execução e avalia-


ção do plano [PELL, PMLL] deve envolver,
durante todo o tempo, pessoas e entidades de
todas as regiões, de todas as classes sociais,
de todos os níveis de escolaridade e de dife-
rentes instâncias administrativas dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário.” (BRASIL,
2014; p. 12).

Dentre os passos elencados para a criação do PELL


e do PMLL, constam: a) o envolvimento de dife-
rentes pessoas e entidades, corresponsabilizando a
todos, por meio da criação de um Grupo de Traba-
lho (GT); b) levantamento de pesquisas e diagnós-

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
63
ticos locais que referenciem a situação de leitura da
sua realidade e elaboração de um documento-base

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


para orientar as primeiras discussões do grupo; c)
os PELL e o PMLL devem se fundamentar nos se-
guintes princípios: práticas socioculturais diversas; a
biblioteca como dínamo cultural; a leitura concebida
como construção de sentidos, a partir das diversas
linguagens e tecnologias; o impacto das políticas de
leitura na Educação de Jovens e Adultos, assim como
o atendimento aos sujeitos com necessidades espe-
ciais; o respeito aos programas e às ações já existentes
e sua integração à esfera administrativa; valorização
dos autores e do mercado editorial local; avaliação
contínua dos planos.

Embora não tenhamos o objetivo de orientar a ela-


boração do PELL e do PMLL, é importante se ter co-
nhecimento sobre como eles são propostos; procurar
saber na sua localidade como estão sendo viabilizados;
contribuir com elementos da sua realidade escolar e
buscar garantir que o PELL e o PMLL considerem a
realidade leitora da sua escola.

Fonte: Elaborado a partir de Brasil (2014).

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


64 O que faz o PNLL

Vejamos como as ações no âmbito do PNLL se distribuem


Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

nestes quatro eixos:

Democratização do acesso

Consiste: na implantação de novas bibliotecas


escolares, incluindo aquisição e distribuição de li-
vros em diferentes suportes tecnológicos; no forta-
lecimento e na consolidação do sistema nacional de
bibliotecas públicas, transformando-as em unidades
orçamentárias; no fomento à criação de espaços va-
riados de leitura, de modo a atender o usuário em
diferentes localidades do seu cotidiano (ônibus,
vans, peruas, trens, barcos, etc.); em tronar gratuita
a distribuição de livros e em melhorar o acesso; em
incorporar o uso de tecnologias de informação e co-
municação, a fim de facilitar o acesso à informação
e viabilizar outras linguagens e outros suportes para
a produção do conhecimento.

Fomento à leitura e à formação de mediadores


Responde pela capacitação dos profissionais para a
mediação de leitura, incluindo a utilização dos meios
da educação a distância. Essas atividades envolvem as
universidades e as parcerias estaduais e municipais.
Objetiva criar editais para estimular projetos sociais de
leitura, pesquisa na área, a participação institucional
dos sujeitos, com financiamento e premiação das ações.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
65
Valorização institucional da
leitura e de seu simbolismo

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


Realização de campanhas e criação de políticas
para institucionalização dos programas e projetos;
realização de fóruns, de modo que sejam assegura-
dos marcos legais em benefício da leitura e do livro;
valorização e incentivo à publicação e divulgação.

Fomento à cadeia criativa e produtiva do livro

Linhas de financiamento para gráficas, editoras,


distribuidoras e livrarias e para a edição de livros;
programas governamentais de aquisição que consi-
derem toda a cadeia produtiva e os interesses das
práticas sociais de leitura no país; apoio à publicação
de novos autores; maior presença no exterior da pro-
dução nacional literária, científica e cultural.

Em que se apoia a concepção de leitura do PNLL

Para atingir seus objetivos, podemos considerar que a for-


mulação do PNLL articula a leitura a cinco frentes: leitura e
sociedade; leitura e linguagem; leitura e educação; sujeitos, es-
paços e práticas de leitura; políticas públicas voltadas à leitura.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


66

Leitura e
Sociedade
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

Políticas
Públicas Leitura e
de leitura Linguagem
A leitura para

o PNLL

Sujeitos,
espaços e Leitura e
práticas Educação
de leitura

Leitura e sociedade: se baseia na noção de cidadania como


elemento fundamental para garantia de uma sociedade demo-
crática, crítica e com respeito à diversidade cultural. Além disso,
o desenvolvimento da competência leitora da sociedade em ge-
ral reflete no incremento intelectual e profissional do cidadão,
contribuindo para a inclusão social, economia e o desenvolvi-
mento do país.

Leitura e linguagem: o PNLL compreende a leitura como pro-


cesso de construção de sentido, considerando-se os diferentes
códigos, meios e linguagens tecnológicas. Nesse conjunto, po-
demos incluir a literatura, tomada no PNLL como viabilizadora
da verticalização do leitor, da ampliação do seu repertório, além
da ênfase na fruição.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
Leitura e educação: no âmbito da educação, o PNLL considera 67
três aspectos: a Educação de Jovens e Adultos, a atenção às ne-
cessidades educativas especiais e os meios educacionais. Embora

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


suas ações atendam desde o leitor na educação infantil, a preo-
cupação com a EJA é derivada dos índices altos referentes ao
analfabetismo, o que, obviamente, tem implicações nas políticas
de leitura. O acesso a livros por pessoas com deficiência é outra
preocupação que se apoia em tradução e outras estratégias de
disponibilização e acesso.

Sujeitos, espaços e práticas de leitura: uma das preocupações


do PNLL é a de equacionar o mercado com as possibilidades de
consumo e fomentar variadas estratégias de acesso e produção,
gerando impacto na cadeia produtiva, criativa e leitora. Nesse
contexto, a biblioteca aparece como um dínamo cultural, difuso-
ra de informações e de fruição, centro de cultura e em sintonia
com as tecnologias da comunicação e informação. Assim, tanto
os livros como o espaço e a maneira como estão organizados e
disponibilizados revelam concepções e práticas.

Políticas públicas de leitura: para o PNLL, há três frentes para


se pensar as políticas públicas: por meio do acesso à informação
do contexto local e internacional no âmbito da leitura; a elabo-
ração de projetos a curto, médio e longo prazo; e a articulação
interministerial, particularmente entre o Ministério da Educa-
ção e o da Cultura, voltando-se a todos os níveis de ensino. Para
isso, está nas suas diretrizes a perspectiva de avaliação contínua,
a fim de remodelar e ajustar o Plano para a melhor obtenção e
melhores resultados.

Sem se isolar em nenhuma das esferas, a concepção de leitu-


ra do PNLL pretende dar conta, como prática de linguagem, da
produção e ação crítica no mundo, respondendo pela inserção
do PNLL na sociedade e na comunidade escolar.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


68
Outras ações voltadas ao
fomento e avaliação da leitura
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

■■ Programa de Formação Continuada de Pro-


fessores das Séries/Anos Iniciais do Ensino
Fundamental (Pró-Letramento) nas áreas de
Alfabetização e Linguagem e de Matemática.

■■ Acesso às novas mídias: destaque para as ações


realizadas por meio da Secretaria de Educação a
Distância, como os programas TV Escola e Mí-
dias na Educação.

■■ Concurso Literatura para Todos: para ampliar


o acesso ao livro para jovens e adultos.

■■ Programa Nacional do Livro Didático para o en-


sino Médio e também inovação em outras ações,
como os programas do livro em Braille, os livros
para a educação indígena, os livros utilizados no
programa Brasil Alfabetizado.

■■ O Portal dos Periódicos da CAPES e a janela do


“Domínio Público” na página do MEC.

■■ Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu-


cacionais Anísio Teixeira desenvolve trabalho
com levantamento permanente de indicadores,
estatísticas e avaliações sobre o universo da edu-
cação básica e as bibliotecas escolares.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
69
■■ Prêmio Vivaleitura, que visa reconhecer e pre-
miar boas experiências de formação de leitores.

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


■■ O Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica e o PISA, sistemas de avaliação que contri-
buem para diagnóstico da aprendizagem da leitura.

■■ Programa Nacional de Incentivo à leitura/Proler


(Fundação Biblioteca Nacional – FBN / MinC) foi
o primeiro programa do governo federal para o
fomento da leitura, criado por meio do decreto nº
519 da FBN. Suas ações ocorrem na sede, situada
no Rio de Janeiro, e por intermédio de Comitês
conveniados à Fundação da Biblioteca Nacional
e existentes em todo o Brasil. Dentre outros obje-
tivos, o Proler visa: formação de rede nacional de
incentivo à leitura, formação de agentes de leitura,
assessoria e criação de bibliotecas.

Conheça alguns marcos legais e ações


institucionais importantes para o PNLL

■■ LEI n° 10.753, DE 30 DE OUTUBRO DE 2003: decreta


e sanciona a Lei da Política Nacional do Livro.

■■ VII Conferência Ibero-americana de Cultura Cocha-


bamba, Bolívia, 2 e 3 de outubro de 2003: Ministros da
Cultura e Chefes de Delegação firmam a Declaração de
Cochabamba, na qual solicitam à Cúpula de Chefes de
Estado e de Governo Ibero-americano para declarar 2005
o Ano Ibero-americano da Leitura.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


■■ XIII Conferência Ibero-americana de chefes de Esta-
70
do e de Governo Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, 14
e 15 novembro de 2003: reitera o propósito de seguir
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

fortalecendo a Comunidade Ibero-americana de Nações


como foro de diálogo, de cooperação e de concentração
política. 23 chefes de estado assinaram o documento.

■■ Ata da reunião de posse da Câmara Setorial do Livro e


Leitura realizada dias 5 e 6 de dezembro, na Biblioteca
Nacional, no Rio de Janeiro: foi enfatizada a necessidade
de a Política Nacional do Livro ser constituída por um
conjunto de ações, projetos e programas que tanto devem
constar das diretrizes básicas dessa Política quanto do
Plano Nacional do Livro e Leitura.

■■ Portaria Interministerial n° 1.442, de 10 de agosto de


2006: o Governo da República Federativa do Brasil subs-
creveu a “Declaração de Santa Cruz de la Sierra”, durante
a XIII Conferência Ibero-americana de Chefes de Estado
e de Governo dos 21 países signatários da Organização
dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência
e a Cultura (OEI), durante o Ano Ibero-americano da
Leitura – o Vivaleitura.

■■ Portaria Interministerial n° 1.537, de 31 de agosto de


2006: institui os membros para compor a esfera admi-
nistrativa do PNLL.

■■ Documentos de diretrizes iniciais do PNLL, dezem-


bro de 2006: aprovou o texto final do PNLL que vigorou
integralmente até sua reedição em dezembro de 2010.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
■■ Portaria Interministerial n° 1.442, de 10 de agosto de 71
2006: fica instituído o Plano Nacional do Livro e Leitura
(PNLL).

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


■■ Portaria Interministerial n° 1.537, de 31 de Agosto de
2006: indicação de membro para o conselho diretivo e
secretaria executiva.

Todos os documentos na íntegra podem ser consultados em


Marques Neto (2010).

Diário de formação – V

A escola como uma comunidade leitora

O PNLL se fundamenta em princípios partilhados


pela UNESCO para considerar a existência de uma
comunidade leitora. Assim, o objetivo da atividade
é analisar se o seu contexto educacional, de acordo
com os padrões da UNESCO adotados pelo PNLL,
constitui-se numa comunidade leitora.
Seu registro deve ser feito em seu diário de for-
mação, como elemento fundamental para que você
possa amadurecer as ideias sobre projetos de leitura
registradas a partir do diário de formação anterior.
Assim, considere os cinco elementos listados a seguir,
registre sua avaliação a respeito de cada um deles e
elabore uma síntese em seguida, tomando sua esco-
la, a rede de ensino a que se vincula, a comunidade
de pais e responsáveis pelos alunos como objetos de
suas reflexões.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


72
a)  O livro deve ocupar destaque no imaginário
nacional, dotado de poder simbólico e valoriza-
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

do por amplas faixas da população.

b)  Devem existir famílias leitoras, de modo que


as velhas e novas gerações se influenciem mu-
tuamente e construam representações afetivas
em torno da leitura.

c)  Deve haver escolas que saibam formar leito-


res, valendo-se de mediadores bem formados e
de múltiplas estratégias e recursos.

d)  Deve ser garantido o acesso ao livro, com a


disponibilidade de um número suficiente de bi-
bliotecas e livrarias, entre outros aspectos.

e)  O preço do livro deve ser acessível a grandes


contingentes de potenciais leitores.

Uma vez tendo realizado sua análise a partir dos


aspectos supracitados, será possível elaborar projetos
para sua escola que atendam aos critérios da UNES-
CO e ajudem a fortalecer aqueles aspectos que têm
se mostrado mais frágeis.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
Política Nacional do Livro 73

Analisar as diretrizes nacionais que constituem a Política

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


Nacional do Livro e estabelecer as articulações com o con-
texto escolar são ações fundamentais para conhecermos essa
importante política de fomento à leitura e suas repercussões
na educação básica. Visamos discutir em que medida a escola
está implicada nas políticas oficiais dirigidas ao livro e ampliar
a visão acerca das demandas e ações atribuídas e esperadas da
escola em função, especialmente, das diretrizes gerais da refe-
rida política e das orientações para difusão do livro.

Em que consiste a Política Nacional do Livro

A Política Nacional do Livro está instituída a partir da Lei no


10.753, de 30 de outubro de 2003. Suas diretrizes gerais estão
organizadas, basicamente, em torno de três grandes eixos e,
todos eles, com repercussão na escola:

Fortalecimento
do mercado
editorial
O livro como
objeto de
cultura

Fomento
à leitura

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


74 Quanto ao livro como objeto de cultura, a Lei destaca sua
relevância na produção de conhecimento, na pesquisa social e
científica, além da promoção da qualidade de vida.
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

Sobre o fomento à leitura, as diretrizes indicam: a garantia


do acesso e uso do livro, incluindo o público de leitores com
necessidades especiais; o estímulo à autoria e à criação de es-
paços de leitura.
Outro aspecto focalizado é o fortalecimento do mercado
editorial, que se refere à criação de pontos de venda e livre cir-
culação do livro no Brasil; apoio às etapas produtivas e comer-
ciais (editoração, difusão, distribuição); e fomento ao mercado
internacional.
Do ponto de vista educacional, considerar o livro como obje-
to de cultura e constitutivo do patrimônio nacional concede-lhe
o status de fonte fundamental para o conhecimento escolar. Esse
reconhecimento oficial deve responder pelo desencadeamento
de práticas docentes e políticas locais de ensino que privilegiem
o acesso e uso do livro.
Ao mesmo tempo, sinaliza a necessidade de criação e con-
solidação dos espaços de leitura e ampliação do acervo nas es-
colas, a fim de subsidiar as diferentes atividades que podem ser
realizadas para a leitura do livro e em sua decorrência: leitura
pública, práticas de leitura nos espaços escolares, atividades de
encenação de textos literários, pesquisas em acervos físicos e
virtuais, dentre outros.
Por isso a preocupação da Lei em focalizar também o fortale-
cimento do mercado editorial. É a partir de políticas públicas nes-
sa direção que se pode, efetivamente, viabilizar o acesso, garantir a
ampliação do acervo dos espaços públicos de leitura e o incentivo
à publicação, circulação, distribuição e divulgação de obras.
Se de um lado o conjunto das diretrizes induz a criação de
espaços de leitura, ampliação de acervo, acesso e práticas de
leitura nas escolas, do outro, sua realização precisa ser alimen-

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
tada por projetos locais (da escola, das secretarias municipais 75
e estaduais) comprometidos com a ruptura da visão distorcida
de que o livro, por si, é garantia de leitura.

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


Mas, afinal, o que é um livro?

A Lei nº 10.753, de 30 de outubro de 2003, considera uma


diversidade de materiais como livros ou equiparados: fascícu-
los, materiais avulsos, roteiros de leitura, álbuns, atlas geográfico
publicados em quaisquer suportes.
A importância do livro também é destacada no item II do
Art. 1o, em que este é indicado como “meio principal e insubs-
tituível da difusão da cultura e transmissão do conhecimento,
do fomento à pesquisa social e científica, da conservação do
patrimônio nacional, da transformação e aperfeiçoamento so-
cial e da melhoria da qualidade de vida”. Apesar de reconhecer
que há outros gêneros e suportes de informação, a Lei afirma o
livro como essencial e prioritário.

CAPÍTULO II

DO LIVRO

Art. 2o Considera-se livro, para efeitos desta Lei, a


publicação de textos escritos em fichas ou folhas, não
periódica, grampeada, colada ou costurada, em vo-
lume cartonado, encadernado ou em brochura, em
capas avulsas, em qualquer formato e acabamento.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


76
Parágrafo único. São equiparados a livro:
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

I – fascículos, publicações de qualquer natureza que


representem parte de livro;

II – materiais avulsos relacionados com o livro, im-


pressos em papel ou em material similar;

III – roteiros de leitura para controle e estudo de li-


teratura ou de obras didáticas;

IV – álbuns para colorir, pintar, recortar ou armar;

V – atlas geográficos, históricos, anatômicos, mapas


e cartogramas;

VI – textos derivados de livro ou originais, produ-


zidos por editores, mediante contrato de edição ce-
lebrado com o autor, com a utilização de qualquer
suporte;

VII – livros em meio digital, magnético e ótico, para


uso exclusivo de pessoas com deficiência visual;

VIII – livros impressos no Sistema Braille. [...]

Fonte: Brasil (2003, grifos nossos).

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
A importância da escola na difusão do livro 77

Dentre as ações que devem ser implementadas para a difu-

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


são do livro, algumas interessam, particularmente, à escola e
às bibliotecas escolares, como agências formadoras, espaços de
leitura e de acervo:

II - estimular a criação e execução de projetos voltados para


o estímulo e a consolidação do hábito de leitura, mediante:
a)  revisão e ampliação do processo de alfabetização e lei-
tura de textos de literatura nas escolas;

b)  introdução da hora de leitura diária nas escolas;

c)  exigência pelos sistemas de ensino, para efeito de auto-


rização de escolas, de acervo mínimo de livros para as
bibliotecas escolares (BRASIL, 2003).

Como se vê, as orientações oficiais são mecanismos impor-


tantes que podem incentivar práticas de leitura já valorizadas
pela escola, ou induzir ações consideradas pertinentes à for-
mação leitora e que ainda não foram plenamente difundidas
na rede de ensino.
É importante, no entanto, que a escola reconheça o seu papel
como real executora das ações incentivadas pelo governo, pois
o acesso a livros ou recursos tecnológicos não é suficiente para
garantir a formação de leitores competentes.
O documento, de modo global, visa regulamentar uma po-
lítica de incentivo à rede produtiva (editores e profissionais do
mercado editorial, etc.), criativa (autores) e responsável pela for-
mação de leitores (escolas, bibliotecas escolares e demais espa-
ços de leitura) com a facilitação para publicação, difusão, acesso,
aquisição de acervo eimplementação de práticas de formação.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


78
Diário de formação – VI
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

Pesquisa e reflexão sobre as políticas públicas locais

Embora o objeto do nosso livro sejam as políticas


públicas nacionais de fomento à leitura, não pode-
mos deixar de reconhecer o caráter fundamental das
políticas locais – municipais e estaduais. Como sabe-
mos, a promulgação de leis que estabelecem políticas
públicas voltadas para atender aos direitos constitu-
cionais e às demandas atuais do povo não cabe ape-
nas ao governo federal. Os governos do estado e do
município também devem estabelecer suas políticas.
Assim, é importante que licenciandos, professo-
res, demais profissionais da educação e pesquisadores
reflitam sobre algumas questões:

■■ Quais os documentos regulamentadores exis-


tentes em seu estado e município que orien-
tam as políticas de leitura?

■■ Há vinculação das políticas locais – municipais


e estaduais – com as orientações nacionais?

■■ Você já participou de alguma atividade promo-


vida pelas esferas locais, como Secretaria de
Educação do Estado e/ou Município, em que
leis, decretos, planos, programas e referenciais
foram objeto de discussão?

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
79

■■ Além das políticas públicas locais, quais são as

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


instituições, institutos, organizações não gover-
namentais e parceiros da rede privada que atuam
em seu estado ou município desenvolvendo pro-
jetos de apoio à leitura? Procure pesquisar quais
são suas ações e reflita sobre elas.

■■ Como essa conjuntura – que compreende as ações


das secretarias de educação, dos documentos re-
gulamentadores das políticas públicas locais e dos
demais organismos não governamentais – influen-
cia na elaboração e implementação dos Planos Es-
taduais e Municipais da Leitura e do Livro?

Realize sua pesquisa para refletir acerca das ques-


tões supracitadas e faça seus registros em seu diário.
A partir daí, é possível construir um repertório míni-
mo que lhe permitirá se colocar como agente crítico
na formulação e implementação dos Planos Munici-
pais e Estaduais da Leitura e do Livro, bem como dos
demais documentos orientadores das políticas locais
de fomento à leitura.

Você sabia que...

■■ A Lei Henrique Castriciano – Lei nº 9.105, publi-


cada em 9 de junho de 2008 – estabelece a Polí-
tica Estadual do Livro do Rio Grande do Norte.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


80
■■ O município de Natal também tem uma lei que
institui a Política Municipal do Livro. Trata-se
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

da Lei no 6.299, publicada em 6 de outubro de


2011. Essa Lei, baseada no contexto local, insti-
tui o dia 30 de dezembro, dia do aniversário de
Câmara Cascudo, como o “Dia Municipal do Li-
vro e da Leitura”, a ser comemorado em todas as
bibliotecas, escolas públicas e privadas de Natal,
compondo o calendário de eventos municipais.
Além disso, essa Lei decide questões orçamen-
tárias para manutenção do acervo e dos padrões
mínimos de qualidade das bibliotecas públicas
sob a jurisdição do Poder Executivo Municipal
e institui o Prêmio Literário Cidade do Natal,
com edição anual, para promoção da literatura
do município, cuja premiação ocorrerá sempre
durante a Feira ou o Festival do Livro.

Documentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação


das políticas públicas nacionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar
4 Materiais para formação dos
professores como mediadores de leitura
83

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


C
onhecer os materiais utilizados para a formação docente
nos permite compreender os pressupostos e orientações
sugeridas para o trabalho na escola. A partir de uma
leitura mais analítica desses materiais é possível levantar os ele-
mentos para sua crítica e usos mais adequados ao espaço escolar.

Pró-Letramento

São vários os materiais existentes para atendimento às polí-


ticas públicas direcionadas à formação docente para a formação
de leitores, conforme destaca Araújo (2014) em quadro da sua
dissertação em que mapeia a existência de menção aos elementos
constitutivos das práticas de leitura nos referidos documentos:

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

84

MATERIAIS PARA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES COMO MEDIADORES DE LEITURA1

Orientações sobre leitura


CATEGORIAS
Gêneros e|ou
Concepção Concepção Práticas suportes Leitura Espaço Mediador Concepção
de leitura de leitor de leitura de textos literária de leitura de leitura de livro
privilegiados
PCN (1ª a 4ª série) ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ X X
PCN (5ª a 8ª série) ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ X ✓ X

PNBE – Por uma


política de formação ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
de leitores

PNBE – Biblioteca
✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ X
na escola
Pró-letramento –
alfabetização de ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
linguagem

Materiais para formação dos professores como mediadores de leitura


Fonte: Araújo (2014, p. 177).
_____________________
1 Os
símbolos X e ✓ significam, respectivamente, que o documento não apresenta orientações na referida categoria ou que apresenta. No seu estudo, Araújo (2014), dentre os
PCN analisados, focalizou apenas os da área de língua portuguesa.
Alguns desses materiais são produções do MEC e outros 85
foram realizados em parceria com universidades, institutos e
centros de estudos. Alguns se constituem em programas de

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


formação e outros como materiais de divulgação. Embora seja
um universo grande, maior, inclusive, do que indica o próprio
quadro, abordaremos aqui apenas o Pró-Letramento, pela re-
levância que assumiu na formação docente.
O Pró-Letramento é um programa de formação continuada
de professores para a melhoria da qualidade de aprendizagens da
leitura, da escrita e da matemática nos anos/séries iniciais do en-
sino fundamental, que funciona a partir de uma articulação entre
o Ministério da Educação, universidades e sistemas de ensino.
O programa é realizado pelo MEC, em parceria com univer-
sidades que integram a Rede Nacional de Formação Continuada
e com adesão dos estados e municípios. Podem participar todos
os professores que estão em exercício nas séries iniciais do en-
sino fundamental das escolas públicas.

De que trata o material do Pró-Letramento e como


contribui para a formação do mediador de leitura

O material do Pró-Letramento foi elaborado por dez univer-


sidades e se constitui por dois volumes: o volume de Alfabetiza-
ção e Linguagem e o de Matemática. Aqui, discutiremos apenas
o primeiro, tendo em vista seus objetivos e sua centralidade na
leitura como objeto.
O volume de Alfabetização e Linguagem está organizado
a partir dos seguintes fascículos:

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


86 Fascículo 1. Capacidades Linguísticas: Alfabetização e Letra-
mento: este fascículo discute sobre alfabetização, letramento e
ensino de língua e apresenta as principais capacidades a serem
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

desenvolvidas pelos alunos nos anos iniciais da escolarização.

Fascículo 2. Alfabetização e Letramento: Questões sobre Ava-


liação: este fascículo discute a questão da avaliação por meio de
estratégias de avaliação formativa e continuada.

Fascículo 3. A Organização do Tempo Pedagógico e o Pla-


nejamento do Ensino: dá-se especial atenção às práticas de
leitura e escrita na rotina escolar, recuperando e desenvolvendo
a noção de letramento.

Fascículo 4. Organização e Uso da Biblioteca Escolar e das


Salas de Leitura: este fascículo debate a importância da biblio-
teca escolar ou da sala de leitura, sua organização e suas possi-
bilidades de uso. Também se analisam diferentes modalidades
de leitura e a diversidade de suportes de textos.

Fascículo 5. O Lúdico na Sala de Aula: Projetos e Jogos: neste


fascículo, é possível ver alguns exemplos de jogos e brincadeiras.
Em todos eles, os alunos colocam em prática habilidades dire-
tamente relacionadas à língua portuguesa: na produção de um
almanaque e em atividades lúdicas de leitura e escrita.

Fascículo 6. O Livro Didático em Sala de Aula: Algumas Re-


flexões: apresenta questões relacionadas ao uso do livro didático
de alfabetização e de língua portuguesa em sala de aula.

Fascículo 7. Modos de Falar / Modos de Escrever: neste fas-


cículo, discutem-se modos de falar e modos de escrever, bem
como a integração entre essas duas práticas e as suas relações
com a aprendizagem da escrita.

Materiais para formação dos professores como mediadores de leitura


Algumas conceituações tratadas nos fascículos são funda- 87
mentais para a formação do professor como formador de lei-
tores: a noção de letramento, conforme tratada no material,

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


ratifica a necessidade de uso das habilidades de leitura e escrita
em práticas sociais e, nesse sentido, a essa noção se articula a
concepção de alfabetização.
A leitura é pensada a partir da valorização da cultura es-
crita, viabilizando a leitura de textos diversos e permitindo ao
aluno o contato com diferentes gêneros, suportes e esferas de
comunicação. A aplicação da sua conceituação se estende desde
capacidades necessárias ao processo de alfabetização até aquelas
referentes às práticas sociais letradas.
As práticas escolares de leitura são pensadas de modo a se
desenvolver atitudes favoráveis, saber decodificar, ter fluência
de leitura e compreender textos.
Outro aspecto abordado no material acerca da leitura é a
organização do tempo e a necessidade de prestígio das práticas
de leitura na rotina escolar. Para isso, o material também discute
a biblioteca e os demais espaços de leitura como fundamentais
na formação de uma comunidade leitora.
Nesse sentido, como se vê, o material propicia a discussão
de um conjunto de elementos fundamentais para se pensar a
leitura no currículo e nas dinâmicas escolares. Sua divulgação
e seus usos em formação continuada podem ser assinalados
como destaque pela grande difusão que conseguiu obter. O Pró-
-Letramento, embora não focalize apenas a leitura como objeto
da formação, a situa diante de outras práticas e questões de
interesse escolar e permite pensá-la associada à organização do
tempo, dos espaços escolares, da avaliação, bem como a práticas
de escrita e de alfabetização, apenas para citar alguns elementos.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


88

Diário de formação – VII


Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

Leitura crítica de outros


materiais para formação docente

Como vimos, há outros materiais constituti-


vos do conjunto das políticas públicas de fomento
à leitura que se direcionam aos profissionais da
educação. Alguns têm mais o caráter de difusão
de informações, outros para a formação docente.
Nesse sentido, sugerimos que realize a leitura
desses materiais e procure construir um quadro, si-
nalizando quais os objetivos e contribuições de cada
um deles para o repertório do docente como for-
mador de leitores. Você também pode acrescentar
outros materiais não mencionados no quadro, mas
que sejam dirigidos aos docentes e constitutivos das
políticas públicas nacionais de leitura.

Materiais para formação dos professores como mediadores de leitura


5 Materiais para leitura no contexto escolar
91

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


E
studar os programas e materiais concernentes às políticas
de apoio à leitura para contextos de transposição didá-
tica é fundamental para que possamos compreender os
elementos priorizados no ensino e se o conjunto de objetivos
valorizados nas grandes diretrizes, leis, decretos e nos mate-
riais para formação docente encontram, no contexto escolar,
correspondência.

Programa Nacional do Livro Didático1

Desse modo, analisaremos o Programa Nacional do Livro


Didático, visando compreender sua relevância e seu impacto na
rede pública de ensino. A opção pelo PNLD é em função de ser
o programa com maior inserção nas escolas e reconhecimento
entre os professores. Além disso, é uma oportunidade para que
possamos ter ciência e discutir as suas diferentes dimensões,
públicos contemplados e livros distribuídos. Livros que serão
a grande referência de leitura nas práticas escolares, em função
de uma cultura da centralidade do livro didático no ensino-
-aprendizagem escolar.

1
 O PNLD figura também no primeiro conjunto de políticas, conforme organizamos – docu-
mentos, programas e leis com diretrizes e orientações para implementação das políticas na-
cionais da leitura, do livro e da biblioteca escolar. Sua abrangência o torna um programa que,
não apenas oferece as grandes diretrizes, como responde pelo maior investimento público na
educação, com a distribuição de livros didáticos para toda a rede pública.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


92
O que é o PNLD

O Programa Nacional do Livro Didático é um programa do


Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

governo federal, Ministério da Educação e Fundo Nacional da


Educação, cujo principal objetivo é prover as escolas públicas
de ensino fundamental e médio com livros didáticos e acervos
de obras literárias, obras complementares e dicionários.
Considerado um dos maiores programas de distribuição
de livros do mundo e o mais antigo dos programas voltados à
distribuição de obras didáticas aos estudantes da rede pública
de ensino brasileira, iniciou-se, com outra denominação, em
1929. O Programa Nacional do Livro Didático do MEC é exe-
cutado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
e responsável pela distribuição gratuita de livros para mais de
30 milhões de alunos da rede pública, do ensino fundamental e
médio, nas modalidades regular e Educação de Jovens e Adultos,
incluindo estudantes com necessidades educacionais especiais.
As ações incluídas nesse programa possibilitam, entre outros
benefícios, a democratização do acesso a fontes de informação,
o fomento à leitura e à formação de alunos e professores leito-
res, o desenvolvimento intelectual e cultural de estudantes e
professores e o apoio à atualização e à prática do professor, por
meio da distribuição de um rico e variado acervo bibliográfico.
Regulamentado, atualmente, pela Resolução no 42, de 28 de
agosto de 2012 (alterada pela Resolução no 22, de 7 de junho
de 2013), o programa envolve uma ação articulada entre os go-
vernos federal, municipal e estadual, universidades, institutos
de pesquisa, editoras, alunos e professores.
Para participar do PNLD, as escolas federais e as redes de
ensino estaduais, municipais e do Distrito Federal devem fir-
mar um termo de adesão específico, disponibilizado pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação.
A distribuição das obras ocorre de forma periódica, execu-
tada em ciclos trienais alternados em relação ao nível de ensi-

Materiais para leitura no contexto escolar


no. Assim, a cada ano, o FNDE adquire e distribui livros para 93
todos os estudantes de um dado nível de ensino (anos iniciais
do ensino fundamental, anos finais do ensino fundamental ou

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


ensino médio), com exceção da educação infantil.
Com vistas à acessibilidade, também são distribuídos livros
aprovados e escolhidos no âmbito do PNLD, nas versões em
texto digital falado, convertido por meio da tecnologia Mec-
Daisy2, e em Braille3, possibilitando atender estudantes com
necessidades educacionais especiais.

Algumas ações do PNLD

Em conformidade com a Resolução no 42, de 28 de agosto


de 2012, o PNLD prevê a distribuição dos seguintes materiais:

Para escolas do ensino fundamental:

I – livros didáticos, seriados e consumíveis: para 1º ao 3º ano,


abrangendo os componentes curriculares de Letramento e Al-
fabetização e Alfabetização Matemática;

II – acervos de obras literárias: para alfabetização na idade


certa em salas de aula de 1º ao 3º ano;

III – acervos de obras complementares: para uso corrente em


salas de aula de 1o ao 3º ano, abrangendo as áreas do conheci-
mento de Linguagem e Códigos, Ciências Humanas e Ciências
da Natureza e Matemática;

2 Conjunto
de programas que permite transformar qualquer formato de texto disponível no
computador em áudio.
3 
Sistema de leitura com o tato para cegos.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


94 IV – livros didáticos, seriados e reutilizáveis: para 2º ao 9º ano,
abrangendo os componentes curriculares de ciências, história e
geografia, podendo haver um volume de âmbito regional do 4º
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

ou 5º ano para cada uma das duas últimas disciplinas;

V – livros didáticos, seriados e reutilizáveis: para 4º ao 9º ano,


abrangendo os componentes curriculares de língua portuguesa
e matemática;

VI – livros didáticos, seriados e consumíveis: para 6º ao 9º ano,


abrangendo o componente curricular de Língua Estrangeira
(inglês ou espanhol);

VII – acervos de dicionários: para uso em salas de aula de 1º ao


9º ano, com tipologia adequada para cada faixa etária.
Fonte: Resolução no 42, de 28 de agosto de 2012 – MEC/FNDE.

Para as escolas do ensino médio:

I – livros didáticos, seriados e reutilizáveis: para 1ª a 3ª série,


abrangendo os componentes curriculares de língua portuguesa,
matemática, história, geografia, biologia, química e física;

II – livros didáticos, seriados e consumíveis: para 1ª a 3ª série,


abrangendo o componente curricular de Língua Estrangeira
(inglês e espanhol);

III – livros didáticos, em volumes únicos e consumíveis: abran-


gendo os componentes curriculares de filosofia e sociologia;

IV – acervos de dicionários: para uso em salas de aula de 1ª a


3ª série, com tipologia adequada para esta etapa.
Fonte: Resolução no 42, de 28 de agosto de 2012 – MEC/FNDE.

Materiais para leitura no contexto escolar


Observe que, pela Resolução mencionada, o acervo do en- 95
sino fundamental é bem mais rico, em variedade de obras, que
o do ensino médio, considerando, além dos livros didáticos e

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


dicionários, comuns aos dois níveis de ensino, também as obras
literárias e obras complementares, que, vale ressaltar, incluem
aquelas primeiras.
Entretanto, o documento prevê no § 5º do Art. 1º que para o
atendimento de objetivos, segmentos, modalidades ou públicos
específicos, poderão ser constituídos programas derivados do
PNLD, por meio de resoluções próprias, com normas e condições
adequadas a tais situações. Esse artigo possibilita que outros ma-
teriais e ações que visem à distribuição de acervos bibliográficos
que possam enriquecer a qualidade do ensino e da aprendizagem,
no âmbito desse programa, possam vir a ser incluídos.
Nessa perspectiva, destacamos cinco ações que visam à for-
mação do leitor, por meio da distribuição, no âmbito do PNLD,
não apenas de livros didáticos, como também de obras de dife-
rentes gêneros textuais, com fins didáticos, no âmbito de pro-
gramas distintos desenvolvidos pelo MEC.
Como principal ação do PNLD, destacamos a distribuição
de livros didáticos que, atualmente, atende todo o universo de
estudantes de escolas da educação básica dos sistemas públicos de
ensino. Essa é a ação do PNLD mais conhecida pelos professores.
O Programa Nacional do Livro Didático para a Educação
de Jovens e Adultos (PNLD EJA) provê, com livros didáticos,
estudantes e professores dos ensinos fundamental (anos iniciais
e finais) e médio da modalidade Educação de Jovens e Adultos
(EJA) das entidades parceiras do Programa Brasil Alfabetizado
(PBA) e das redes de ensino da educação básica. O programa
atende ao que estabelece a Resolução no 51 (MEC/FNDE), de
16 de setembro de 2009.
O Programa Nacional do Livro Didático Campo (PNLD
CAMPO) é voltado para a distribuição de livros didáticos espe-

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


96
cíficos às escolas públicas que possuam segmentos de aprendiza-
gem, classes multisseriadas ou seriadas dos anos iniciais do ensino
fundamental e que estejam situadas ou que mantenham turmas
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

anexas em áreas rurais. Assim como o PNLD EJA, o material


didático do PNLD Campo compreende alfabetização matemá-
tica, letramento e alfabetização, língua portuguesa, matemática,
ciências, história e geografia e deve considerar as especificidades
do contexto social, cultural, ambiental, político e econômico para
o qual é destinado. A Resolução do MEC/FNDE que dispõe sobre
o programa é a de no 40, de 26 de julho de 2011.
O Programa Nacional do Livro Didático Obras Comple-
mentares (PNLD OBRAS COMPLEMENTARES) prevê a dis-
tribuição de acervos destinados a turmas de 1o ao 3o ano do en-
sino fundamental, ciclo de alfabetização. Essas obras têm como
objetivo ampliar o universo de referências culturais dos alunos
nas diferentes áreas do conhecimento, assim como contribuir
para ampliar e aprofundar suas práticas de letramento no âm-
bito da própria escola. As obras complementares contemplam
diferentes gêneros textuais, a exemplo de livros de divulgação do
saber científico, obras didáticas, biografias, livros instrucionais,
livros de cantigas, parlendas, trava-línguas, jogo de palavras,
livros de palavras, livros de imagens e livros de histórias.
O Programa Nacional do Livro Didático Alfabetização na
Idade Certa (PNLD ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA)
é uma ação do MEC, ligada ao Pacto Nacional pela Alfabetiza-
ção na Idade Certa (PNAIC), que compreende a aquisição de
materiais didáticos, literários e tecnologias educacionais, entre
outras, destinada aos alunos do 1º, 2º e 3º anos do ensino fun-
damental, matriculados nas escolas públicas que integram os
sistemas de educação que aderiram ao pacto. As obras adqui-
ridas, assim como as complementares, contemplam diferentes
gêneros textuais, tais como: textos em verso – quadra, parlenda,
cantiga, trava-língua, poema, adivinha –, textos em prosa – con-
tos, clássicos da literatura infantil, pequenas narrativas, textos

Materiais para leitura no contexto escolar


de tradição popular, fábulas, lendas e mitos – e livros ilustrados 97
e/ou livros de imagens para crianças.
O Programa Nacional do Livro Didático Dicionários

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


(PNLD DICIONÁRIO) contempla a aquisição e distribuição
de acervos de dicionários da língua portuguesa destinados aos
alunos da educação básica da rede pública de ensino.
Dentre as ações do PNLD mencionadas, trataremos de duas
as quais consideramos que podem contribuir para o entendi-
mento e a utilização das demais, de forma adequada e condi-
zente com a realidade de atuação do cursista: a escolha e leitura
do livro didático.

O livro didático: escolha e leitura na escola

Ainda nos deparamos com a subutilização dos recursos di-


dáticos no processo de ensino-aprendizagem. O livro didático é
um desses recursos que, embora habitualmente seja o principal
e mais utilizado pelos professores, tem a eficácia do seu uso
comprometida.
Para essa etapa, é necessário o empenho de diferentes su-
jeitos, das secretarias de educação e da escola: gestores, equipe
técnica, pedagógica e professores.
Além disso, cabe à secretaria incentivar a participação ativa
dos professores, no prazo e na forma definidos pelo Ministério
da Educação, bem como colaborar para a divulgação e análise
do guia de livros didáticos, como instrumento que possibilita
um melhor conhecimento das obras avaliadas.
A participação do corpo docente e dos dirigentes na escolha
do livro didático permite a aquisição de obras mais adequadas
ao contexto escolar, às metodologias de ensino e aos conheci-
mentos previstos no projeto pedagógico da escola e nas suas
metas de ensino-aprendizagem.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


98 A utilização adequada do livro didático deve ser pensada
em, pelo menos, duas perspectivas, a saber: o zelo pelo estado
físico da obra e a sua exploração didática.
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

Essa preocupação se deve, principalmente, ao fato de o livro


ser reutilizável por pelo menos três estudantes, à medida que a
aquisição é trienal, e a quantidade adquirida ser feita na pers-
pectiva da reutilização. Dessa forma, a reposição anual é feita de
forma parcial, para substituir aqueles porventura danificados, ou
não devolvidos, e para cobrir eventuais acréscimos de matrícula.
Nesse sentido, a secretaria da educação, os professores e ges-
tores devem se empenhar em desenvolver ações que visem à
orientação quanto à conservação das obras e à devolução delas
pelo estudante que a utilizou.
Quanto à leitura, trata-se de um tema mais complexo. Sabe-
-se que a cultura escolar brasileira, de modo geral, tende a con-
fundir currículo e planejamento com o livro didático, delegan-
do a este o papel de substituto dos dois elementos anteriores.
Apesar da existência de outros livros também distribuídos pelo
MEC às escolas, o livro didático ainda é tomado como principal
meio de acesso ao texto, além de centralizar e induzir as práticas
de leitura majoritariamente adotadas.
Além desses aspectos, não se pode esquecer seu caráter frag-
mentário na difusão dos textos, bem como o fato de recortar
o texto de seu meio de divulgação original, elementos que têm
significado importante para as práticas de leitura exercidas e
para a formação do leitor. Por isso, escolher o livro didático
como fonte única de leitura na escola é comprometedor dos
seus próprios objetivos didáticos.

Materiais para leitura no contexto escolar


99

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


Diário de formação – VIII

Usos do livro didático

Considerando nossas observações, registre em


seu diário um relato de como você faz uso do livro
didático no seu contexto escolar. Procure analisar,
ponderar e fazer a crítica, apontando as razões e
consequências pedagógicas do modo como o livro
didático é adotado na sua prática docente.
Considere, ainda, as observações realizadas sobre o
Pró-Letramento, selecione um dos seus fascículos para
leitura e estabeleça uma comparação entre as orienta-
ções fornecidas no material para o trabalho com a lei-
tura na escola e o que está por você sendo viabilizado.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


6 Para iniciar um novo fazer na escola
103

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


A
pós a discussão acerca das principais políticas nacionais
de valorização da leitura, do livro e da biblioteca esco-
lar, propomos alguns parâmetros para a construção de
um instrumento de avaliação, crítica, elaboração e intervenção
nas atividades de leitura da escola e, nesse sentido, retomaremos
os encaminhamentos-chave discutidos anteriormente.
A utilização desse instrumento deve servir como orientadora
ao professor para acompanhamento e aperfeiçoamento perma-
nente da análise e aplicação das políticas de leitura nacionais no
âmbito da sua escola. Com isso, visamos contribuir com uma
das metas das políticas nacionais: formar os educadores como
mediadores de leitura e como agentes no acompanhamento da
elaboração e implantação dessas políticas em suas escolas, seus
estados e municípios.
Muito do que foi discutido anteriormente deverá ser aqui
retomado para a elaboração desse instrumento orientador, a
fim de se elaborar um material para uso contínuo pelo professor
no contexto escolar.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


104
Políticas de Leitura:
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

avaliação, crítica, elaboração e intervenção

Diagnóstico – como é na minha escola?


Consulte a atividade realizada no Diário de
formação I e procure retomar os elementos para o
diagnóstico da leitura na sua realidade escolar. A
síntese elaborada permitirá reunir elementos para
um diagnóstico inicial.
Procure centrar-se nos pontos-chave referentes
à situação das políticas e práticas de leitura desen-
volvidas na escola. Procure ser descritivo e crítico.
Isso ajudará na elaboração das propostas de trabalho.

Temática central – o que eu irei focalizar?


Para a escolha dessa temática, observe o que é,
realmente, prioritário para a sua escola atender em
termos de política de leitura. Justifique sua escolha
com base na realidade escolar, nas suas possibilidades
de desenvolvimento desse trabalho futuramente, e se
apoie nos documentos aqui referenciados.
Um bom começo é retomar o Diário de forma-
ção V. Nele, observe que você realizou um levanta-
mento, a partir dos critérios internacionais estabe-
lecidos pela UNESCO, para verificar se sua escola e
seu entorno se constituem numa comunidade leitora.
Esse material será importante para se pensar em es-
tratégias e propostas locais que possam solucionar as
dificuldades encontradas.

Para iniciar um novo fazer na escola


105
No entanto, é importante considerar que uma
proposta de avaliação e fomento à leitura na escola

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


não envolve apenas um sujeito. Por isso, sua temá-
tica, assim como os objetivos e formas de execução,
demandará o envolvimento de diversos outros atores.
Assim, desde o princípio da elaboração desse ins-
trumento, procure partilhá-lo e concebê-lo junto à
comunidade escolar.

Objetivos gerais e específicos – o que eu pretendo


com esse instrumento de avaliação e intervenção
na realidade de leitura na escola?
Embora muitos problemas e desafios ligados à lei-
tura possam ter sido diagnosticados em sua escola,
nos objetivos, você deverá focalizar apenas aqueles
referentes à temática para a proposta por você es-
colhida. O instrumento não pretende dar conta de
todos os problemas referentes à leitura, mas àqueles
elegidos por você como prioritários.
Nesse sentido, retome os Diários de formação II
e III, a fim de observar, respectivamente, o que os do-
cumentos sugerem e o que surgiram como primeiras
ideias de trabalho. Também é importante que você
retome os Diários de formação IV, VI, VII e VIII,
a fim de buscar na análise inicial acerca do impacto
do PNBE, das políticas locais, dos materiais para for-
mação docente e do PNLD na sua escola, elementos
para selecionar e tracejar seus objetivos.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


106

Formas de execução das políticas de leitura na es-


cola – passo a passo para implementar a proposta
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

Elenque todas as ações que deverão ser realizadas


para atender aos objetivos; estabeleça o cronograma
para execução e informe a metodologia de realização
do conjunto de ações. Para isso, considere a realidade
da sua escola e também as orientações das políticas
locais – como o PELL, o PMLL e eventuais referen-
ciais curriculares, projetos políticos-pedagógicos e
documentos regulamentadores municipais ou esta-
duais. É importante que o trabalho com a escola es-
teja em sintonia com as políticas locais e, ao mesmo
tempo, sirva de base para elas.

Formas de avaliação da proposta – como avaliar


esta proposta continuamente?

A proposta de avaliação e fomento à leitura deve-


rá ter instrumentos de avaliação próprios, de acordo
com o que se objetiva atingir. No entanto, conside-
ramos que alguns elementos são básicos:

a)  observar se o desenvolvimento da proposta


está em consonância com as políticas nacionais;

b)  verificar se o PMLL e o PELL, assim como


o Projeto Político-Pedagógico das escolas e
Referenciais Curriculares estão atendendo às
necessidades específicas de leitura da sua rea-
lidade escolar;

Para iniciar um novo fazer na escola


107

c)  reunir informações, dados e propostas elabo-

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


rados a partir da sua experiência para subsi-
diar esses documentos locais;

d)  acompanhar o envolvimento do grupo e os


impactos que a proposta está representando
para a comunidade escolar;

e)  listar as dificuldades encontradas e procurar


discuti-las com os gestores e demais integran-
tes/interessados na proposta;

f)  elaborar relatórios sintéticos acerca do proces-


so de implementação da proposta e comparar
com o diagnóstico inicial, a fim de analisar a
evolução, as dificuldades perenes e os desafios
emergentes.

Com a sistematização desses elementos básicos,


consideramos que se têm os primeiros encaminha-
mentos para pensar os desdobramentos das políticas
de leitura nacionais.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


7 Afinal, o que podem as políticas públicas
nacionais de fomento à leitura?
111

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


C
omo sabemos, o Brasil vive uma contradição, evidencia-
da em sua história da Educação e constatada por meio
de todos os sistemas de avaliação da aprendizagem. De
um lado, conforme Rosa e Oddone (2006), o país se destaca
pela grande produção editorial, tem um quantitativo de edi-
toras considerável, incluindo mais de uma centena de editoras
universitárias, e um mercado forte, particularmente em função
do financiamento dos livros didáticos pelo governo federal. De
outro, de acordo com a pesquisa Retratos da leitura no Brasil
(2012), ainda tem índices muito preocupantes em relação à mé-
dia de livros lidos pela população. Entre o mercado e os leito-
res muitas políticas públicas nacionais têm sido historicamente
criadas (ROSA; ODDONE, 2006). No entanto, os resultados
ainda são pontuais e localizados e não conseguiram vigor su-
ficiente para alterar o quadro e se expressar de modo positivo
nos diferentes sistemas de avaliação oficiais.
Vários fatores estão implicados no desafio de fazer ler no
Brasil, especialmente quando se trata do papel da escola nesse
sentido: formação docente adequada, formação e contratação
de bibliotecários, condições de trabalho, envolvimento e va-
lorização dos mediadores de leitura parentais, valorização da
leitura e do livro como objetos culturais, acesso ao livro, espa-
ços de leitura adequados, a biblioteca escolar como espaço de

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


112 convergência da comunidade com a escola, o lugar da leitura
no currículo escolar, além de um ideário de exclusão social, que
tem na leitura uma prática de privilégio.
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

Essa conjuntura, obviamente, não será ressignificada e trans-


formada apenas pela escola, embora ela tenha um papel funda-
mental e seja uma das instituições a quem cabe, formalmente,
o ensino, a aprendizagem e as práticas contínuas de leitura.
Embora tenham sido nosso foco principal, as políticas públi-
cas nacionais de fomento à leitura não são apenas políticas da
educação. Como vimos, muitos marcos legais visam à gestão
da leitura nas instituições públicas, desoneração fiscal e pro-
gramas de fomento à leitura que extrapolam o espaço escolar,
dentre outras. Nesse sentido, o desenho das políticas públicas
nacionais de leitura situa a escola como uma das agências, e
alguns documentos que regulamentam essas políticas induzem
a parceria com outras instituições e órgãos. Esse deve ser um
aspecto importante para balizar as práticas escolares, com a
atenção especial pelos seus Projetos Políticos-Pedagógicos.
O cenário da leitura no Brasil tornou férteis os temas de
pesquisa na área. Ao consultar o banco de teses e de dissertações
da CAPES em agosto deste ano, assinalando “todos os cam-
pos” (título, resumo, palavras-chave, etc.), há mais de quatro mil
ocorrências de publicações para “leitura”; mais de quinhentas
ocorrências para “letramento” nas mesmas condições de busca
e apenas duas ocorrências para “políticas de leitura”. Esse é um
demonstrativo de que, apesar de os indicadores de aprendiza-
gem apontarem a leitura como um desafio distante das metas e
dos níveis de aprendizagem esperados, da quantidade crescente
de políticas públicas, documentos e marcos regulamentadores
da leitura, do livro e da biblioteca, a produção científica na área
ainda está longe de apresentar resultados específicos acerca des-
sas políticas públicas como objeto. Embora o banco de teses
e dissertações da CAPES não represente a totalidade do que
se pesquisa no Brasil, não pode ser desconsiderado, tendo em

Afinal, o que podem as políticas públicas nacionais de fomento à leitura?


vista a vinculação dos grupos de pesquisa e programas de pós- 113
-graduação a essa agência.
Temos, então, um campo aberto para investigação e, com ele,

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


seus desdobramentos, como a ampliação do repertório dos profis-
sionais da educação em relação a essa temática, a fim de qualificá-
-los para a crítica político-pedagógica às políticas públicas, permi-
tindo-os serem agentes multiplicadores e criadores dessas ações.
As categorizações que apresentamos visavam proporcionar
um caminho possível para compreender os grandes objetivos
das políticas de leitura. Conforme vimos, eles se estruturam em
três grandes pilares que aqui apresentamos como proposição,
mas podem ser ampliados, conforme sejam analisadas mais
políticas públicas de interesse além da escola. O volume de do-
cumentos exige mais pesquisas e mais divulgação, a fim de que
os profissionais da educação possam dispor de outras leituras
sobre as políticas, tenham inteireza da sua evolução histórica
para poderem situar o atual cenário diante de um contínuo,
compreendendo suas rupturas e coerências históricas.
Por ora, entendemos que há muito a fazer e, embora modesta,
esta publicação contribuiu com a disseminação das informações-
-chave sobre algumas das principais políticas de fomento à leitura,
ao livro e à biblioteca, refletiu sobre seus objetivos principais e
sobre suas repercussões na educação básica, assim como permitiu
aos professores se iniciarem na pesquisa sobre a própria prática,
por meio, principalmente, do Diário de formação.
Como vimos, as políticas direcionadas à leitura, ao livro
e à biblioteca são fundamentais como objetos de análise e de
crítica. Se conhecê-las não soluciona os diferentes problemas
ligados à leitura no Brasil, ignorá-las ratifica a subutilização dos
recursos e a impossibilidade de realizar um trabalho em rede,
seja para sua implementação, seja para crítica. E é nesse sentido
que esperamos ter contribuído para divulgação, indicação de
referências para acesso e iniciação das reflexões acerca de suas
repercussões no espaço escolar.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


114 Referências

ARAÚJO, Maria da Conceição Rêgo de. Políticas públicas


Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

nacionais de fomento à leitura e suas repercussões para


a educação básica. 2014. 265f. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

BRASIL. Lei nº 4.084, de 30 de junho de 1962. Dispõe sobre


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Oficial da União, 2 jul. 1962. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1950-1969/L4084.htm>.
Acesso em: 31 mar. 2014.

______. Lei nº 9.674, de 25 de junho de 1998. Dispõe


sobre o exercício da profissão de Bibliotecário e determina
outras providências. Diário Oficial da União, 26 jun. 1998.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
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______. Lei no 10.753, de 30 de outubro de 2003. Institui a


Política Nacional do Livro. Diário Oficial da União, 31 out.
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Biblioteca da Escola (PNBE): leitura e bibliotecas nas escolas
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Referências
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Básica. Literatura na infância: imagens e palavras.
Elaborado por Aparecida Paiva et al. Brasília: MEC; SEB,

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


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universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do
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Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


116 ______. Ministério da Educação. Ministério da cultura.
Plano Nacional do Livro e da Leitura. 2010b. Disponível em:
<http://www.odai.org/img/producto2s/docs/enlace138.pdf>.
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

Acesso em: 31 mar. 2014.

______. Decreto nº 7.559, de 1º de setembro de 2011. Dispõe


sobre o Plano Nacional do Livro e Leitura - PNLL e dá outras
providências. Diário Oficial da União, 5 set. 2011. Disponível
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Acesso em: 31 mar. 2014.

______. Resolução nº 40, de 26 de julho de 2011. Dispõe


sobre o Programa Nacional do Livro Didático do Campo
(PNLD Campo) para as escolas do campo. Disponível em:
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______. Pró-Letramento: Programa de Formação


Continuada de Professores dos Anos. Secretaria de Educação
Básica. Brasília: Ministério da Educação; Secretaria
de Educação Básica, 2012. (Séries Iniciais do Ensino
Fundamental. Guia Geral).

______. Resolução/CD/FNDE nº 42, de 28 de agosto de


2012 (Alterada pela Resolução nº 22, de 7 de junho de 2013).
Dispõe sobre o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)
para a educação básica. Disponível em: <http://www.fnde.gov.
br/fnde/legislacao/resolucoes/item/3758-resolução-cd-fnde-
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Referências
______. Resolução no 22, de 7 de junho de 2013. Altera o § 117
3º do art. 6º da Resolução nº 42, de 28 de agosto de 2012, e o
§ 4º do art. 1º da Resolução nº 51, de 16 de setembro de 2009,

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


que dispõem sobre o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD) para a educação básica e a educação de jovens e
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Instituto Pró-Livro. Guia para implantação e produção dos
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FAILLA, Zoraia (Org.). Retratos da leitura no Brasil 3. São


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Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


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118
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PORTARIA Interministerial, nº 1.442, de 10 de agosto de


2006. In: MARQUES NETO, José Castilho (Org.). PNLL:
textos e história. São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2010.
p. 97-99. Disponível em: <http://gestaocompartilhada.pbh.
gov.br/sites/gestaocompartilhada.pbh.gov.br/files/biblioteca/
arquivos/plano_nacional_livro_leitura_-_textos_historias_.
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PSZCZOL, Eliane. O papel do Proler em uma Política


Nacional de Leitura. In: SILVA, Ezequiel Theodoro da (Org.).
Leitura na escola. São Paulo: Global: ALB – Associação de
Leitura do Brasil, 2008. (Leitura e Formação).

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Lei nº 9.105, de 9 de junho de 2008. Dispõe sobre a criação
da Política Estadual do Livro no Estado do Rio Grande do

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


Norte e dá outras providências – Lei Henrique Castriciano.
Disponível em: <http://www.al.rn.gov.br/portal/_ups/
legislacao//Lei%20Promulgada%209.105.pdf>. Acesso em: 4
jan. 2013.

ROSA, Flávia Goullart Mota Garcia; ODDONE, Nanci.


Políticas públicas para o livro, leitura e biblioteca. Ciência
da Informação, Brasília, v. 35, n. 3, p. 183-193, set./dez.
2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v35n3/
v35n3a17.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2013.

RÖSING, Tania. Dinamizando a biblioteca, ressignificando a


escola. In: RÖSING, Tania; BECKER, Paulo (Org.). Leitura e
animação cultural. 2. ed. Passo Fundo: UPF, 2005.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. Biblioteca escolar: da gênese


à gestão. In: ZILBERMAN, Regina; RÖSING, Tania (Org.).
Escola e leitura: velha crise, novas alternativas. São Paulo:
Global, 2009. (Leitura e Formação).

______. Da necessidade somatória de energias para


enfrentar a problemática de leitura no Brasil. In: MARQUES
NETO, José Castilho (Org.). PNLL: textos e história. São
Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2010. 340p. Disponível
em: <http://gestaocompartilhada.pbh.gov.br/sites/
gestaocompartilhada.pbh.gov.br/files/biblioteca/arquivos/
plano_nacional_livro_leitura_-_textos_historias_.pdf>.
Acesso em: 31 mar. 2014.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


120 YUNES, Eliane. Era uma vez a leitura. In: MARQUES
NETO, José Castilho (Org.). PNLL: textos e história. São
Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2010. 340p. Disponível
Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola

em: <http://gestaocompartilhada.pbh.gov.br/sites/
gestaocompartilhada.pbh.gov.br/files/biblioteca/arquivos/
plano_nacional_livro_leitura_-_textos_historias_.pdf>.
Acesso em: 31 mar. 2014.

Referências
Quem somos 121

Tatyana Mabel Nobre Barbosa: graduada em Licenciatura

Políticas públicas de leitura: o que saber para um novo fazer na escola


em Língua Portuguesa e Literatura pela Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (2000), mestre (2002) e doutora (2005)
em Educação. Atualmente, é professora do Departamento de
Práticas Educacionais e Currículo – Centro de Educação e do
Programa de Pós-Graduação em Educação. Possui experiência
na área de Educação, com ênfase em educação e linguagem, ma-
teriais didáticos, ensino de língua portuguesa e educação básica.
Coordena projetos no âmbito da Coordenação de Aperfeiçoa-
mento de Pessoal de Nível Superior e do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.

Claudianny Amorim Noronha: possui graduação em Edu-


cação Básica pela Universidade do Estado do Pará (2000), mes-
trado e doutorado em Educação pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (2003 e 2006, respectivamente), ambos
com pesquisa na linha Educação Matemática. Atualmente, é
professora adjunta do Departamento de Práticas Educacionais
e Currículo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) e atua como Diretora de Desenvolvimento Pedagógico
da Pró-Reitoria de Graduação, professora do Programa de Pós-
-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática e do
Programa de Pós-Graduação em Educação na mesma institui-
ção. Faz parte do CONTAR – Grupos de Estudos em Ensino
de Matemática e Língua Portuguesa. Orienta e desenvolve pes-
quisas na área de matemática, com ênfase em educação mate-
mática, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de
matemática e formação de professores que ensinam matemática.

Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha


Este livro foi produzido como volume
integrante da Coleção CONTAR –
Linguagens e Educação Básica. Tiragem: 500 exemplares.
Impresso pela Impressão Gráfica e Editora LTDA
Natal/RN, novembro de 2014.
O
CONTAR – Linguagens e Educação Básica s livros desta coleção adotam como

Políticas
Publicações:
princípio a parceria entre o ensino

Claudianny Amorim Noronha


Tatyana Mabel Nobre Barbosa
superior, a pós-graduação e a educação
Este livro integra a coleção CONTAR – Linguagens e Educação Básica e foi

públicas
Linguagens e práticas escolares: básica. Nosso objetivo é fomentar canais
leitura, literatura e escrita desenvolvido no âmbito do Programa Observatório da Educação na Universidade
Tatyana Mabel Nobre Barbosa Federal do Rio Grande do Norte. O Programa tem o financiado da Coordenação
interinstitucionais que resultem em produções
Claudianny Amorim Noronha
(Org.)
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e, a partir de edital
de leitura científicas e escolares, de um lado, importantes para
a formação inicial e continuada de professores e

Ensino e aprendizagem da matemática:


público, aprovou os projetos “Leitura e escrita: recortes inter e multidisciplinares o que saber para um professoras e, de outro, para a transposição didática
no ensino da matemática e da língua portuguesa” (edital 038-2010) e “Lingua- e reflexão acerca das práticas pedagógicas.
Educação básica e formação
Claudianny Amorim Noronha gem e desenvolvimento sustentável: integrando ciências, língua portuguesa e
novo fazer na escola
Tatyana Mabel Nobre Barbosa matemática” (edital 049-2012), cuja parceria resulta no conjunto das publicações Pretendemos, com isso: apoiar a iniciação na
(Org.)
desta coleção. pesquisa e na produção científica sobre o ensino e

o que saber para um novo fazer na escola


Políticas públicas de leitura
Leitura e ensino de matemática: a aprendizagem por professores da rede pública e
contribuições para a prática escolar
Tatyana Mabel Nobre Barbosa  e  Claudianny Amorim Noronha fomentar a inserção crítico-reflexiva nas práticas
Pablo Jovellanos dos Santos Lima
Claudianny Amorim Noronha escolares por pesquisadores.

Leitura e ensino de matemática: propostas


Desse modo, os diferentes temas desta coleção
didáticas e avaliação para a prática escolar
Pablo Jovellanos dos Santos Lima convergem para grandes campos em interface –
Claudianny Amorim Noronha estudos das linguagens, educação básica, políticas
públicas e ensino da matemática e da língua
Políticas públicas de leitura: o que
saber para um novo fazer na escola portuguesa. Ao mesmo tempo, os livros aqui
Tatyana Mabel Nobre Barbosa publicados autorizam os sujeitos da escola diante
Claudianny Amorim Noronha
do dizer acerca do seu próprio fazer, e também
Itinerários oficiais da leitura: políticas pretendem refletir sobre as alternativas de melhoria
públicas e repercussões na educação básica da formação e da prática profissional.
Maria da Conceição Rêgo de Araújo
Tatyana Mabel Nobre Barbosa
Esperamos que a leitura desses livros apoie a
Cartografia da produção textual: livros divulgação do conhecimento científico-escolar,
didáticos, gênero do discurso, políticas e
como binômio legítimo para uma produção que
indicadores
Lucila Carvalho Leite se pretende democrática e comprometida com os
Tatyana Mabel Nobre Barbosa ISBN 978-85-425-0354-8 avanços socioeducativos.

Memórias de leitura: cartografia das


vozes sociais de professores
Ester Cavalcanti da Silva Araújo 9 788542 503548
Maria da Penha Casado Alves

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