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XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA

20 a 23 de Julho de 2015, Porto Alegre (RS)

GT25 - Segregação social, políticas públicas e direitos humanos

Onde moram os perigosos?

Aknaton Toczek Souza – Universidade Federal do Paraná - UFPR


Pablo Ornelas Rosa – Universidade Vila Velha – UVV
Giovane Matheus Camargo – Instituto de Ensino Superior do Litoral Paranaense -
ISULPAR
Onde moram os perigosos?

1- Introdução

O consumo de substâncias psicoativas é algo comum em todos os


continentes e ao longo da história, e embora não se possa negar eventuais
proibições e restrições ao seu consumo no caminhar histórico, somente no século
XIX é que começa a se delinear uma política global de proibição das drogas. No fim
do século XIX surge nos Estados Unidos da América o Anti-Saloon League, um
empreendimento moral que visava o fim do que entendiam serem os piores males
daquela sociedade: a prostituição, os jogos de azar e o álcool (ROSA, 2014). Esse
empreendimento moral tem sucesso ao proibir o consumo e produção de bebidas
alcoólicas nos EUA, situação que agravou questões econômicas, políticas e sociais,
ampliando a violência, organizações criminosas, corrupção entre outros (ROSA,
2014).

Uma das características do empreendimento moral (BECKER, 2009) é a


tentativa de salvar, proteger e melhorar a vida de alguns, assim, pode-se dizer que
esses empreendimentos atuam na esfera política através de uma biopolítica em
defesa da vida e da sociedade (FOUCAULT, 1999, 2008; ROSA, 2014; SOUZA;
MORAES, 2014). Para que um empreendimento moral opere é necessário que ele
fale sobre e pelo outro, estabelecendo – a partir de sua moral – qual vida o outro
deve levar, o que é adequado, saudável, belo, limpo, correto, bom. Essas mesmas
estratégias seguiram nas políticas antidrogas ao longo do séc. XX de diversas
formas, mas todas elas encabeçadas por empreendimentos morais.

Mas é somente no início da década de 70 que a política antidrogas assume


um caráter belicoso quando o presidente estadunidense Richard Nixon declara
guerra às drogas. Importante que se diga que antes da década de 70 havia
repressão e controle do consumo de substâncias consideradas ilícitas, no Brasil, por
exemplo, existia um controle policial/judicial dos usuários (BATISTA, 2003), todavia,
esse controle era mais esparso e menos militarizado. Porém, com a declaração de
Nixon se abre um período de caça às bruxas que perdura até hoje, com
consequências diversas, entre elas, gostaríamos de pontuar a segregação,
marginalização e a violência física e simbólica através da punição e encarceramento
em massa. Todas essas consequência derivam diretamente da política antidrogas
que tem seu fundamento em empreendimentos morais que se utilizam de diversos
saberes para sustentar sua posição moral do que é melhor para os outros (ROSA,
2014; SOUZA, 2015).

A atuação da política antidrogas é fundada em posições morais,


preconceitos e estigmas que são reiterados e reiteram a política antidrogas. O
consumo de droga é visto como um elemento de periculosidade e desintegração
social, relacionado a cortiços, guetos e favelas, locais que passam a ser o foco
dessa política pública, e atuar nessas localidades acaba por reiterar os estigmas
relacionados a essas populações que legitima e reitera essa mesma política pública.

Assim esse artigo propõe refletir sobre o exercício do controle social


realizado pelo Sistema de Justiça Criminal – SJC – sobre indivíduos e comunidades
suspeitas com o uso e comercio de drogas ilícitas. Utilizando para isso três
pesquisas qualitativas, que embora possuam objetos diversos são comuns na
análise do exercício do controle social no âmbito das drogas. O material empírico
coletado nessas três pesquisas contará com análise das prisões feitas em flagrante
de tráfico de drogas, o local dessas prisões; as representações socais dos juízes e
promotores sobre a questão das drogas (SOUZA, 2015); e a genealogia das drogas
(ROSA, 2012) que permitem pensar o exercício de um controle social perverso
(MORAES; KULAITIS, 2013) que não só mascaram e reforçam estigmas e
preconceitos, mas também desenvolvem sociabilidades (MACHADO DA SILVA,
2008), sujeitos e sujeitados.

2- “Traficante aqui sempre é da favela”

São imensuráveis as ramificações e implicações sociais de uma política


pública tão ampla como a política antidrogas. Trata-se de uma política pública
desenvolvida ao longo de anos através de diversos saberes instituídos através de
uma luta econômica, política e simbólica que institui uma racionalidade sobre as
drogas que acaba por ser governamentalizada pelo senso-comum e transcrita nas
formas jurídica/médica como verdades. E ainda, essa política pública é exercida
sobre indivíduos e sociedades de forma desproporcional, sendo muito mais intensa
e extensa com alguns indivíduos e grupos sociais particulares. É esse exercício que
nos interessa, principalmente para refletir sobre o processo de identificação e
seleção de traficantes de drogas pelo SJC.
É preciso ressaltar que a cruzada moral contra as drogas utilizou – como
toda boa guerra – de intensa propaganda que coloca a droga no centro das mazelas
sociais, tornando-se responsável pela criminalidade, desestruturação social e
formação de guetos. Os saberes nessa cruzada acabam por considerar os usuários
de drogas como seres fracos, doentes, com debilidades mentais que com a menor
abstinência não hesitariam em cometer o mais bárbaro dos crimes. O traficante de
drogas por outro lado é visto como um criminoso completo, explorador, violento,
sujeitando esses infelizes a miséria do vício e a degradação social completa. Em
ambos os casos existe uma demonização das drogas, exceto de algumas que são
autorizadas pelos saberes medicinais, todavia, esses mesmos saberes acabam por
configurar toda uma linguagem e simbolismo incorporado as práticas cotidianas
através de um senso-comum que por vezes maquia de uma aparente cientificidade
para justificar a demonização às drogas, que podemos chamar de senso-comum
douto.
A “zumbificação” dos usuários de crack é um exemplo dessa linguagem
incorporada ao senso-comum, assim como, os mitos oriundos da política
proibicionista, como “maconha é a porta de entrada das drogas pesadas” ajudam à
população e governamentalizar a racionalidade de guerra às drogas, que acaba por
tolerar e apoiar políticas de repressão e violência como formas de contenção desses
“perigos sociais”.
O perigo social, assim como a noção de elementos ou locais perigosos, são
categorias simbólicas, ou seja, não são descrições ontológicas, mas representações
construídas com base no senso prático, o senso comum. Assim, mesmo o traficante
e o usuário são elementos simbólicos, pois sua identificação depende da
representação daquele que precisa identificar: o operador do SJC. No caso da
legislação brasileira isso se torna ainda mais evidente, pois na lei 11.343/06 não
estabelece critérios objetivos para a identificação de usuários e traficantes,
permitindo – legalmente – a seleção por critérios subjetivos, e ainda mais,
estabelecendo como um dos critérios as condições sociais do agente.
Ora, com a associação histórica das drogas com criminalidade, pobreza,
periferia e “desestruturação social”, não poderíamos esperar outra forma de seleção
dos perigosos traficantes. As bases informativas dessa política pública são fundadas
em uma moralidade que procura estabelecer um padrão de normatividade que está
além da questão das drogas. Estas – as drogas – são apenas um motivo a mais
para construção da imagem de um sujeito perigoso. Por isso, não necessariamente
o usuário de drogas é visto como um sujeito perigoso, todavia, um usuário de drogas
pobre e periférico é tido como um perigo à ordem pública. A noção da
periculosidade e do traficante associada a questões relacionadas à pobreza e
periferia – aqui envolvendo aspectos culturais – é governamentalizada pela
sociedade, inclusive por outros sujeitos envolvidos com drogas, mas que conseguem
manter sua prática em segredo.
Em uma pesquisa, ainda em desenvolvimento, sobre estratégias dos
usuários de drogas em uma sociedade proibitiva. Um dos entrevistados cultiva
maconha em áreas livres, em meio a bosques e matagais – prática chamada
nativamente de guerrilha – com outros amigos, através de um processo elaborado
divido em várias partes e com divisão de tarefas, preparação de mudas,
deslocamento, plantio e cuidado até a colheita. Em uma das entrevistas ao
questioná-lo sobre eventuais problemas que teve com a polícia ao longo de sua vida
como usuário, respondeu que nunca havia sofrido nada, pois não se parece com
traficante, e ao explorar ainda mais essa questão, disse que sua vestimenta “normal”
e não de “traficante” é que faria a diferença. No fundo, sem saber, o entrevistado
estava descrevendo um dos processos fundamentais de compreensão do processo
de seletividade do SJC que é a construção e reiteração de estigmas sociais. Entre
as descrições do que seria se vestir igual traficante foi citado: boné de aba reta e
calças largas. Mas independente a isso, entrevistado reconhece que a seletividade,
governamentaliza (FOUCAULT, 2008) ela – pois ele não consegue descrever
exatamente o que está dizendo, apenas identifica alguns sujeitos se vestem como
traficantes, ou seja, entende o estigma – e se aproveita dessa seletividade para
manter-se em segredo, é necessário ressaltar que o entrevistado não considera sua
prática tráfico de drogas.
É possível pensar as políticas proibicionistas antidrogas como uma estrutura
objetiva que ao mesmo tempo distribui recursos matérias, mas também forma um
sistema de classificação, esquemas mentais e corporais que funcionam com
padrões simbólicos para as atividades práticas – condutas, pensamentos,
sentimentos e juízos – dos agentes sociais (WACQUANT, 2012). Porém “existe una
correspondencia entre las estructuras sociales y las estructuras mentales, entre las
divisiones objetivas del mundo social (...) y los principios de visión y división que los
agentes les aplican” (BOURDIEU, 2012, p. 36). Por isso que o praticante de
guerrilha, como um sujeito imerso na política proibicionista antidrogas, embora reaja
através de estratégias e com um engajamento político contrário a proibição, possui
entre suas representações e classificações elementos de estigmas, preconceitos e
mitos que estruturam a atual política antidrogas.
Através das reflexões de Durkheim e Mauss (2000) sobre as formas de
classificação das sociedades primitivas, posteriormente ampliada por Bourdieu
(2012), podemos sustentar que as categorias de compreensão são representações
coletivas e as representações individuais, ou esquemas mentais subjacentes, estão
modelados a partir de uma estrutura social (WACQUANT, 2012). Os esquemas
mentais não são outra coisa que a incorporação das estruturas sociais, assim, a
exposição dos indivíduos a uma política antidrogas, induz ao indivíduo a um
conjunto de disposições e classificações duradoras que internalizam a necessidade
do entorno social. Podendo nessa realidade ser capturada tanto a inercia quanto a
resistência, pois a correspondência entre as estruturas sociais e mentais cumprem
funções políticas cruciais, pois os sistemas simbólicos e de classificação não são
simplesmente instrumentos de conhecimento, mas também instrumentos de
dominação (WACQUANT, 2012, p. 38) e também de resistência.
Por isso o traficante, assim como a noção de violência urbana, são “uma
construção simbólica que destaca e recorta aspectos das relações sociais que os
agentes consideram relevantes, em função dos quais constroem o sentido e
orientam suas ações” (MACHADO DA SILVA, 2004, p. 58). As características
simbólicas que a representação coletiva – e dos operadores do SJC – utilizam para
identificar o traficante “possui um significado instrumental e cognitivo, na medida em
que representa, de maneira percebida como objetivamente adequada a
determinadas situações, regularidades de fato relacionadas aos interesses dos
agentes nestes contextos” (MACHADO DA SILVA, 2004, p. 58). No mesmo
movimento que permite os operadores do SJC identificar o traficante, o perigo, o
suspeito, assinala aos operadores os modelos mais ou menos obrigatórios de
conduta, contendo assim tanto uma dimensão social quanto subjetiva. As
representações coletivas sobre as drogas construídas através de empreendimentos
morais, que articulam saberes que permitem classificar e estabelecer dispositivos, é
finalmente concretada em uma política pública que institucionaliza essas relações
estabelece as referências – que ao se institucionalizarem – constroem uma
obrigação normativa de comportamento que é subjetivamente aceito pelos
operadores.
A noção foucaultiana de governamentalização permite pensar nesse
movimento, pois é através da junção de uma razão de Estado, fundamentada em
uma legislação que supostamente visa garantir o bem estar da população através do
SJC, e de uma razão governamental, que incide concomitantemente sob os
indivíduos e toda a população através da governamentalização de verdades
proferidas por empreendedores morais; que veremos a ascensão de políticas
proibicionistas repressivas, refletidas nos discursos dos operadores do direito que
certamente não ponderam profundamente sobre as suas condutas e
posicionamentos, resultando na insensibilização diante da miséria e na
criminalização da pobreza.
Em uma pesquisa (SOUZA, 2015) realizada em Ponta Grossa, Paraná sobre
as representações dos juízes e promotores sobre os indivíduos envolvidos com
drogas para refletir sobre o processo de classificação de traficantes e usuários, fica
evidenciado na análise das representações desses operadores – e também de seus
assessores e estagiários – um rol de argumentos e classificações que lhes permitem
identificar o perigoso do não perigoso através de elementos e esquemas mentais
oriundos do processo de empreendedorismo moral que estabeleceram um padrão
simbólico para as práticas relacionadas às drogas. Esse padrão orienta uma
racionalidade do Estado e uma governamentalização dessa racionalidade pelos
operadores.
Os operadores do SJC são vários – polícias, juízes, promotores de justiça,
advogados, defensores públicos, entre outros –, todavia, todos operam conforme a
estrutura estabelecida, embora cada instituição aja de uma forma, tenha interesses e
capitais simbólicos próprios, muitas vezes com políticas e entendimentos contrários,
todos são unidos em torno da política proibicionista. E quando tratamos dos
operadores que aplicam diretamente as políticas antidrogas – principalmente
policiais, juízes e promotores –, ainda que com instituições, orientações, estratégias
e posicionamentos diversos existe uma certa “unidade desígnios e vontades”1 no

1
Termo normalmente utilizado pelos operadores do direito para indicar uma ligação subjetiva entre os
agentes que cometeram o crime, configurando assim uma co-autoria ou participação.
exercício dessa política pública. Em uma das entrevistas com um promotor de justiça
é possível verificar essa relação:

A polícia trabalha com o Ministério Público, tem diligências, tem o contato


que o advogado não tem. Então quando você vai para o juízo, a prova sobre
o crivo do contraditório e da ampla defesa, uma coisa dita pela polícia,
encampada pelo promotor, então já vai para o juiz com uma tendência de
legitimar (Promotor de Justiça 1). (SOUZA, 2015, p. 59)

É preciso lembrar que além da relação profissional, existe um


compartilhamento do espaço funcional do fórum entre juízes e promotores, o que
possibilita uma maior interação: “Normalmente o juiz e o promotor concordam, e a
relação deles era..., eles conversavam sobre o processo, perguntavam o que um
achava, às vezes o promotor ia à sala do juiz e perguntava: “oh eu tô achando isso,
isso e isso, e você acha”? (Estagiário 1). (SOUZA, 2015, p. 59)

Essa triagem por diversas instituições amplia a legitimidade das ações, afinal
de contas estamos falando de diversas análises sobre o mesmo fato, todavia, há
que se lembrar que todos estão imersos dentro de uma estrutura e compartilham
classificações e dispositivos sobre drogas, ou seja, quando supomos uma triagem
realizada – pelo delegado, depois pelo promotor e finalmente pelo magistrado –
estamos falando de um mesmo posicionamento tomado cumulativamente em
legitimidade. No fim estas instituições estão trabalhando em conjunto para operar
essa politica pública e seus operadores governamentalizam a racionalidade criada
por e pela proibição das drogas.
E o primeiro escalão de combate nessa guerra é o soldado, ou seja, o
policial militar, e de fato, os dados colhidos demonstram isso. Em todos os
processos analisados a prova determinante para diferenciar o usuário do traficante é
o depoimento dos policiais responsáveis pela prisão. E de fato, os dados coletados
demonstram isso. Em todos os processos analisados a prova determinante para
diferenciar o usuário do traficante é o depoimento dos policiais responsáveis pela
prisão.
No tráfico, nos crimes de tráfico como regra se dá 90 % dos casos com a
prova feita pela polícia, então se eu desautorizar, se eu partir de um
pressuposto que o policial militar estiver mentindo por alguma razão,
desarticula toda a sistemática probatória do crime de tráfico (Promotor de
Justiça). (SOUZA, 2015, p. 72)

Na maioria dos processos são os policiais militares que realizam a apreensão,


muitas vezes em situações controversas, durante a madrugada, com invasão de
casas, geralmente através de denúncias anônimas, em alguns casos feitas até
mesmo por transeuntes anônimos. Mesmo que em alguns processos os advogados
ou o acusado informem situações de violência policial e abuso de autoridade, o
depoimento dos policiais continua sendo o fundamento para a prisão, conforme
podemos ver na entrevista:
Promotor de Justiça: Faz parte da repressão ao crime, a policia tá fazendo
ronda ostensiva, se depara com um crime, um crime de execução
continuada como o crime de tráfico, então autoriza sem mandado entrar o
policial na casa do pretenso traficante. É uma sistemática que está
compatível com a legislação em vigor, e é função primordial da polícia,
mesmo sem investigação prévia. A PM está fazendo uma ronda se depara,
naquele momento com uma situação irregular, e ela tem o dever de agir,
sob pena até de recorrer em prevaricação, então..., claro que há uma linha
tênue entre essa atuação e o abuso de autoridade. (SOUZA, 2015, p. 72)

Por isso nota-se no processo uma estratégia de argumentação do ministério


público e do juiz para legitimar a palavra dos policiais, afinal é a conversão da
palavra dos policiais em prova que legitima e permite a condenação por tráfico de
drogas. Sem o policial militar é impossível a guerra ao tráfico, o juiz e o promotor
trabalham para dar legitimidade ao exercício “militar”, ao transformar sua fala em
prova e ao transformar o indivíduo em inimigo à ordem pública por ser um traficante.
E mais ainda, existe uma complacência com a violência perpetrada na guerra, afinal,
guerra é guerra, uma tolerância por parte da sociedade (MACHADO DA SILVA,
2008) e pelas outras instituições do SJC.
Claro eu tenho policiais que depois eu fico sabendo que ele usou de
violência. Mas ele não usou de violência para fazer o flagrante. O cara é
pego no comercio, pego entregando a droga, usa de violência às vezes
depois de encontrar a droga. O cara dá um safanão bem dado: “e ai você
vai entregar quem tá vendendo”. Ele não podia ter feito isso, ele sabe que
não podia. Agora é aqui para frente, mas daqui para trás a prova é valida,
ele fez o flagrante, eu tenho documentado, a droga foi encontrada lá
(Promotor de Justiça 3). (SOUZA, 2015, p. 117)
As políticas públicas exercidas através da repressão e da punição
necessitam de operadores que perpetrem diretamente essa violência. E para tal é
necessário construir todo um arcabouço normativo que permita essa ação, que torne
todos os atos legítimos juridicamente. A construção legislativa e a interpretação das
leis através de jurisprudências são o suficiente para estabelecer um padrão
normativo que torne os atos dos operadores legítimos. Como o rol de antecedentes
criminais anexado ao atestado de óbito para transformar um cidadão morto pela
polícia em um auto de resistência, dando legalidade e legitimidade às mortes
efetuadas pela polícia (ZACCONE, 2015). No caso das drogas, estamos falando da
necessidade de se criar uma prova que de legitimidade a prisão preventiva e
eventual condenação futura, para isso temos a fé pública e a supremacia do
interesse público:
Entrevistador: uma coisa que eu acho interessante é o discurso que se usa
para dar legitimidade a fala do policial. Noto isso em vários textos do
Ministério Público e dos Juízes, argumentando da validade o depoimento da
polícia.
Promotor de Justiça 1: Por que é uma premissa, a gente trabalha com um
silogismo (premissa maior, premissa menor e conclusão), o policial é um
agente do Estado, presumisse que a atuação dele seja dentro da lei, logo o
que ele fala é lícito.
Entrevistador: é aquela questão da fé pública?
Promotor de Justiça 1: é, exatamente, tem a questão da fé pública. E a
própria construção não se dá de uma construção do promotor ou do juiz. A
lição é do direito administrativo, a presunção de veracidade do poder
público, é um princípio do direito administrativo, não se trata de uma
construção do poder público, do juiz ou do promotor. Tem um monte de
advogados, que estão na qualidade de defensores que “blá blá blá”. Tá mas
espera é um princípio do direito administrativo, tá convalidado isso. A
supremacia do interesse público é o primeiro e o segundo é a presunção de
veracidade dos atos públicos. Claro que é uma presunção que você pode
prova em contrário, mas é uma presunção e é por isso que você tem que
considerar o depoimento do policial. Não da para você descartar o
depoimento do policial, acabou a repressão ao tráfico.

Os indivíduos – sejam eles operadores, operados e mesmo aqueles que


conseguem manter em segredo seu desvio – que estão sujeitos à estrutura da
política proibicionista compartilham não apenas as classificações, disposições e
representações coletivas, que podem ser agenciadas de incontáveis modos, mas
também interesses e estratégias conforme sua posição nesse campo de batalha.
Nessa luta política que envolve tantas instituições, saberes, verdades, capitais
simbólicos variados, temos como discurso central e hegemônico a proteção da vida
e a defesa da sociedade contra os perigos das drogas. Ao menos esse é o discurso
central que justifica a proibição e a guerra às drogas, todavia, se olharmos para as
representações dos operadores do SJC e para outros dados como o perfil
socioeconômico dos traficantes presos seja em Ponta Grossa (SOUZA, 2015), no
Rio de Janeiro (ZACCONE, 2007) ou em Paranaguá (MATHEUS, 2014), vemos que
a questão não são as drogas e as eventuais consequências à saúde pública pelo
seu consumo, ou seja, não se trata de um perigo, mas de perigosos.
A grande questão dessa política pública é o controle de grupos – populações
(FOUCAULT, 1999) – sociais considerados como perigosas, os problemáticos,
marginais à ordem social vigente. As drogas são o elemento que permite transformar
o sujeito, o grupo, a sociedade e o espaço geográfico que ocupam em um problema
criminal, de segurança pública – militarizada –, transformando todas as questões
sociais em uma questão de lei e ordem através do SJC. A construção problema
social e um sujeito perigoso, inimigo da ordem que deve ser combatido a qualquer
preso permite criar um símbolo que unifica os medos e temores sociais em um
sujeito “simbólico”.
O traficante passa a ser um símbolo, que existe independente do sujeito e
da droga. Um símbolo construído por um empreendimento moral que organizou
diversos saberes e discursos para estabelecer um padrão de normatividade
interessante a uma razão de Estado. Uma razão neoliberal que se preocupa com a
lei fundada na ideia de que um sistema penal só funciona de forma efetiva se puder
pressupor uma legislação boa, que acaba sendo intensificada e incorporada como
verdade através da utilização de termos econômicos decorrentes da mensuração
dos custos do combate àquilo que se caracteriza como crime. Assim, o discurso
penal utilizado pela perspectiva neoliberal estadunidense pressupõe cálculos de
utilidade decorrentes da minimização de custos referentes ao controle sobre as
consideradas práticas criminais.

A lei é a solução mais econômica para punir devidamente as pessoas e


para que essa punição seja eficaz. Primeiro, vai-se definir o crime como
uma infração a uma lei formulada; logo, não há crime e é impossível
incriminar um ato enquanto não há uma lei. Segundo, as penas devem
ser estabelecidas, e estabelecidas de uma vez por todas, pela lei.
Terceiro, essas penas devem ser estabelecidas, na própria lei, de acordo
com uma gradação que acompanha a gravidade do crime. Quarto, o
tribunal penal doravante só terá uma coisa a fazer: aplicar ao crime, tal
como foi caracterizado e provado, uma lei que determina de antemão
que pena o criminoso deve receber em função da gravidade do seu
crime. Mecânica absolutamente simples, mecânica aparentemente óbvia,
que constitui a forma mais econômica, isto é, menos onerosa e mais
certeira, para obter a punição e a eliminação das condutas consideradas
nocivas à sociedade. A lei, o mecanismo da lei foi adotado no poder
penal, creio eu, no fim do século XVIII, como princípio de economia, no
sentido ao mesmo tempo lato e preciso da palavra “economia”. O homo
penalis, o homem que é penalizável, o homem que se expõe à lei e pode
ser punido pela lei, esse homo penalis é, no sentido estrito, um homo
œconomicus. E é a lei que permite, precisamente, articular o problema
da penalidade com o problema da economia (FOUCAULT, 2008b: 341).

Toda a série de deslocamentos referentes à transição do homo œconomicus


ao homo legalis, ao homo penalis e, finalmente ao homo criminalis decorrem de uma
análise econômica não apenas do crime, mas da criminalidade. A necessidade e a
gradação da punição, bem como a aplicação efetiva da lei penal, só passaram a ser
dotadas de sentido na medida em que a punição deixou de operar por meio do ato
tido como criminoso, passando a operar através do próprio indivíduo em decorrência
de seu ato que deveria ser utilizado como exemplo aos outros possíveis “infratores”.
Este equívoco entre a forma de lei que define uma relação com o ato e a aplicação
efetiva da lei só pôde se tornar efetivo, do ponto de vista econômico, ao visar o
indivíduo. (ROSA, 2012)

O símbolo do traficante é criado nessa perspectiva através dos sujeitos que


são tidos como um problema para a ordem econômica. Este símbolo é reproduzido e
reproduz toda a política pública antidrogas, não é por outro motivo que na análise de
diversos processos na cidade de Ponta Grossa pelo crime de tráfico de drogas onde
os suspeitos estavam preso preventivamente, o perfil socioeconômico dominante é
de pessoas com baixa escolaridade, sem trabalho formal, moradores de periferias e
usuários de drogas. Em outra pesquisa em Paranaguá verificou-se que as prisões
em flagrante de tráfico de drogas ocorrem todas em regiões periféricas, próximas
aos manguezais, e as duas únicas prisões efetuadas dentro da cidade foram na
própria delegacia de polícia. E entre os diversos bairros onde foram realizadas as
prisões em flagrantes, vários não constam nem no mapa da prefeitura da cidade.

Em pesquisas que estão em andamento é possível estabelecer perfil do


preso por tráfico de drogas em Paranaguá, que assim como em Ponta Grossa, são
pessoas com baixa escolaridade, moradoras de periferia, sem trabalho formal e
usuárias de drogas. Ainda em Ponta Grossa, o número de mulheres presas
preventivamente na cadeia Pública Hildebrando de Souza pelo crime de tráfico de
droga é superior a 90%, em um último levantamento chegou a 96%. Mais de 70%
das presas não possuem o “ensino fundamental” completo, apenas 15% tinham
registro em carteira de trabalho e 50% se declararam usuárias de drogas e apenas
5% residiam em região central.

Essa regularidade no perfil dos suspeitos presos por tráfico de drogas é um


reflexo da governamentalização dos operadores do SJC, que governamentalizam
uma razão de Estado enquadrada em modelo biopolítico no qual é necessário
proteger e otimizar a vida. Nesse processo, no ímpeto de proteger a vida e defender
a sociedade, classificam e identificam os riscos sociais a uma vida vetusta, não
tardando para populações inteiras entrarem nessas classificações, engendrando
uma tentativa de controle desses riscos através da sua eliminação, sempre é claro
em defesa da sociedade.
A aplicação penal por meio da economia de mercado, fundamentada no
liberalismo, conseguiu alcançar os maiores sonhos de toda a ciência política do
século XVIII, possibilitando que o direito fosse construído e aplicado inteiramente a
partir de cálculos de utilidade. Não obstante, foi preciso manter o problema do homo
œconomicus que, ao ultrapassar as barreiras expostas pelo problema das formas da
estrutura jurídica, reduziu a criminalidade e a delinquência à esfera econômica.
(ROSA, 2014)

Como o código penal não realizava nenhuma definição substancial, qualitativa


e moral do crime, os neoliberais o trataram basicamente como tudo aquilo que fosse
passível de ser punido pela lei, caracterizando todo ato criminoso como crime. É
interessante observar que tanto a teoria do capital humano quanto à conduta
criminosa possuem objetivos bastante similares, amparados na obtenção de
resultados decorrentes do investimento em ações perpassadas por situações de
risco. (ROSA, 2014)

(...) o criminoso não é, de forma alguma, marcado ou interrogado a partir


de características, morais ou antropológicas. O criminoso não é nada
mais que absolutamente qualquer um. O criminoso é todo o mundo, quer
dizer, ele é tratado como qualquer outra pessoa que investe numa ação,
que espera lucrar com ela e aceita o risco de uma perda. O criminoso,
desse ponto de vista, não é nada mais que isso e deve continuar sendo
nada mais que isso. Nessa medida, vocês percebem que aquilo que o
sistema penal terá de se ocupar já não é essa realidade dupla do crime e
do criminoso. É uma conduta, é uma série de condutas que produzem
ações, ações cujos atores esperam um lucro, que são afetadas por um
risco especial, que não é simplesmente o da perda econômica, mas o
risco penal ou ainda o risco da perda econômica que é infligida por um
sistema penal. O próprio sistema penal lidará portanto, não com
criminosos, mas com pessoas que produzem este tipo de ação. Em
outras palavras, ele terá de reagir a uma oferta de crime (FOUCAULT,
2008b: 346).

Para Foucault (2008b), a política penal não tem apenas como princípio
interferir no mercado do crime, como também intervir na oferta do crime, procurando
reduzi-lo e limitá-lo por meio de uma demanda negativa cujo custo, jamais deverá
superar o custo desta criminalidade, cuja oferta se busca limitar. Como a sociedade
vai bem com certa taxa de ilegalidade e iria muito mal se procurasse reduzi-la, a
questão essencial da política penal não trata exclusivamente da punição dos crimes,
nem mesmo de quais ações devem ser consideradas como crime, mas sim do que
se deve tolerar como crime. (ROSA, 2014)
Embora as leis penais sejam abstratas, descrevendo condutas criminosas, os
operadores do SJC, que exercem o controle social através da punição agenciam
conforme os valores específicos do local que ocupa nesse campo simbólico. As
instituições que operam diretamente, ou seja, aqueles que exercem o direito de punir
dentro do SJC estabelecem um habitus que constitui sua maneira de perceber,
julgar e valorizar o mundo e conforma a forma de agir, corporal e materialmente. O
habitus segundo Bourdieu (2005) é composto pelo ethos que corresponde aos
valores em estado prático, não-consciente, que reagem a moral cotidiana; pelo héxis
que são os princípios interiorizados pelo corpo: posturas, expressões corporais, um
comportamento corporal não dado pela natureza, mas adquirido; e pelo eidos, um
modo específico de pensar, a apreensão intelectual da realidade, através da
construção de uma realidade fundada em uma crença pré-reflexiva no valor
indiscutível nos instrumentos de construção e nos objetos construídos.

Os habitus não designam simplesmente um condicionamento, designam,


simultaneamente, um princípio de ação. Eles são estruturas (disposições
interiorizadas duráveis) e são estruturantes (geradores de práticas e
representações). Possuem dinâmica autônoma, isto é, não supõem uma
direção consciente nas duas transformações. Engendram e são
engendrados pela lógica do campo social, de modo que somos os
vetores de uma estrutura estruturada que se transforma em uma
estrutura estruturante.
(...) Ele contém em si o conhecimento e o reconhecimento das /regras do
jogo/ emum campo determinado. O habitus funciona como esquema de
ação, de percepção,de reflexão. Presente no corpo (gestos, posturas) e
na mente (formas de ver, de classificar)da coletividade inscrita em um
campo, automatiza as escolhas e as ações em um campo dado,
“economiza” o cálculo e a reflexão. O habitus é o produto da experiência
biográfica individual, da experiência histórica coletiva e da interação
entre essas experiências. (THIRY-CHERQUES, 2006, p. 33-34)

O habitus é tanto individual quanto coletivo, é a interiorização da objetividade


social, das representações coletivas reproduzidas através de um complexo
arcabouço de técnicas, instrumentos e instituições organizadas por saberes que se
relacionam em forma de rizomas, mas que assumem um estatuto de verdade –
legítima – ao se colocarem como ciência, medicina e direito. No caso das drogas
(ROSA, 2014) os saberes orientados por um forte cunho moral, etnocêntrico e
racista (FOUCAULT, 1999) empregado em empreendimentos morais (BECKER,
2009) sedimentam uma verdade que articula a moral, medicina e o direito através da
construção de estereótipos vinculados, grupos e populações consideradas perigosas
a uma determinada ordem (SOUZA, 2015), uma razão de Estado. Essas verdades
acabam por ser reproduzidas e institucionalizadas e operadas em forma de um
sistema, que compartilha uma representação coletiva, que identifica os sujeitos
envolvidos com drogas segundo um critério estereotipado que identifica grupos e
sujeitos perigosos.

3- Conclusão

Existe um ethos entre os operadores do SJC que identificam a


periculosidade do sujeito segundo os critérios estereotipados construídos pela
política probicionista antidrogas (ROSA, 2014), sendo a droga algo secundário
nesse processo. O usuário de droga visto como um doente e um criminoso em
potencial perde sua periculosidade se possuir um perfil socioeconômico mais
elevado (SOUZA, 2015). Em diversas entrevistas com juízes e promotores de justiça
é reconhecido por eles o processo de seletividade do SJC, todavia, compreendido
como algo natural, pois “algumas pessoas são mais difíceis de prender”, ou que “ter
um suporte familiar” é o que evitaria o usuário de cometer crimes. Essa mesma
lógica opera entre os policiais que comportam em seu ethos a noção do criminoso,
do inimigo a ser combatido segundo critérios estereotipados mudando inclusive seu
héxis e sua atuação conforme o perfil do sujeito (SÁ; NETO, 2012). Na realidade até
mesmo a lei 11.343/06 traz entre seus artigos os seguintes elementos para
identificar se a droga era para uso pessoal ou tráfico: “às circunstâncias sociais e
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente2.”

O eidos que compõem o habitus dos operadores do SJC é estabelecido por


saberes que constroem e classificam segundo um critério de periculosidade mais
próximo do sujeito do que do ato. O faro ou instinto policial que permite identificar “a
atividade suspeita” é constituído por um elemento semelhante ao “eu sei quem está
mentindo” do juiz ou do promotor de justiça. Ambos operam segundo critérios que
identificam o perigo em características ressaltadas pela propaganda das guerras as
drogas. Sendo assim, conforme a construção e a reprodução de um ideário sobre as
drogas que relaciona a periculosidade de seu comercio e uso a fatores de grupos e
populações consideradas como inimigas de uma ordem Estatal que é
institucionalizada e institui operadores que governamentalizam a razão de Estado
que propõem a exclusão desses grupos conflitantes. O habitus desses operadores
faz com que o sentido de suas ações práticas reconheça em certos grupos e

2
Artigo 28 § 2 da Lei 11.343/06
populações o elemento de periculosidade, assim com o espaço geográfico que
ocupam.

A representação do traficante é tão abstrata quanto a do perigoso,


agenciada conforme os valores estabelecidos ao longo do tempo no campo do SJC.
Tem mais relações com os sujeitos do que com o ato, assim como o traficante que
possui uma “cara”, tendo pouca relação com a droga. Mais do que um espaço
geográfico os perigosos moram na estrutura simbólica que reproduz e
institucionaliza os valores, classificações e saberes que permitem identificar o
perigo. E no processo que estabeleceu a proibição das drogas (ROSA, 2012),
intimamente ligado a moral e a certa normatização da sociedade, onde o perigoso –
antes chinês, mexicano, negros, irlandeses, outros imigrantes e povos originários –,
assim como o traficante, é sempre da favela.

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