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1- Introdução
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Termo normalmente utilizado pelos operadores do direito para indicar uma ligação subjetiva entre os
agentes que cometeram o crime, configurando assim uma co-autoria ou participação.
exercício dessa política pública. Em uma das entrevistas com um promotor de justiça
é possível verificar essa relação:
Essa triagem por diversas instituições amplia a legitimidade das ações, afinal
de contas estamos falando de diversas análises sobre o mesmo fato, todavia, há
que se lembrar que todos estão imersos dentro de uma estrutura e compartilham
classificações e dispositivos sobre drogas, ou seja, quando supomos uma triagem
realizada – pelo delegado, depois pelo promotor e finalmente pelo magistrado –
estamos falando de um mesmo posicionamento tomado cumulativamente em
legitimidade. No fim estas instituições estão trabalhando em conjunto para operar
essa politica pública e seus operadores governamentalizam a racionalidade criada
por e pela proibição das drogas.
E o primeiro escalão de combate nessa guerra é o soldado, ou seja, o
policial militar, e de fato, os dados colhidos demonstram isso. Em todos os
processos analisados a prova determinante para diferenciar o usuário do traficante é
o depoimento dos policiais responsáveis pela prisão. E de fato, os dados coletados
demonstram isso. Em todos os processos analisados a prova determinante para
diferenciar o usuário do traficante é o depoimento dos policiais responsáveis pela
prisão.
No tráfico, nos crimes de tráfico como regra se dá 90 % dos casos com a
prova feita pela polícia, então se eu desautorizar, se eu partir de um
pressuposto que o policial militar estiver mentindo por alguma razão,
desarticula toda a sistemática probatória do crime de tráfico (Promotor de
Justiça). (SOUZA, 2015, p. 72)
Para Foucault (2008b), a política penal não tem apenas como princípio
interferir no mercado do crime, como também intervir na oferta do crime, procurando
reduzi-lo e limitá-lo por meio de uma demanda negativa cujo custo, jamais deverá
superar o custo desta criminalidade, cuja oferta se busca limitar. Como a sociedade
vai bem com certa taxa de ilegalidade e iria muito mal se procurasse reduzi-la, a
questão essencial da política penal não trata exclusivamente da punição dos crimes,
nem mesmo de quais ações devem ser consideradas como crime, mas sim do que
se deve tolerar como crime. (ROSA, 2014)
Embora as leis penais sejam abstratas, descrevendo condutas criminosas, os
operadores do SJC, que exercem o controle social através da punição agenciam
conforme os valores específicos do local que ocupa nesse campo simbólico. As
instituições que operam diretamente, ou seja, aqueles que exercem o direito de punir
dentro do SJC estabelecem um habitus que constitui sua maneira de perceber,
julgar e valorizar o mundo e conforma a forma de agir, corporal e materialmente. O
habitus segundo Bourdieu (2005) é composto pelo ethos que corresponde aos
valores em estado prático, não-consciente, que reagem a moral cotidiana; pelo héxis
que são os princípios interiorizados pelo corpo: posturas, expressões corporais, um
comportamento corporal não dado pela natureza, mas adquirido; e pelo eidos, um
modo específico de pensar, a apreensão intelectual da realidade, através da
construção de uma realidade fundada em uma crença pré-reflexiva no valor
indiscutível nos instrumentos de construção e nos objetos construídos.
3- Conclusão
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Artigo 28 § 2 da Lei 11.343/06
populações o elemento de periculosidade, assim com o espaço geográfico que
ocupam.
4- Bibliografia
MACHADO DA SILVA, L. A. Vida sob cerco: violência e rotnia nas favelas do Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
MATHEUS, G. Da favela ao cárcere: reflexões teóricas acerca do controle
social geo-urbano e a guerra às drogas. [s.l.] ISULPAR, 2014.