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CONTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL COM ÊNFASE NOS


ASPECTOS SOCIETÁRIOS, CONTÁBEIS E TRIBUTÁRIOS DA
SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO E SOCIEDADE DE
PROPÓSITO ESPECÍFICO
Antonio Fábio Mota Tristão(1)
José Maria Alexandre Silva(2)
RESUMO

O objetivo deste trabalho foi contribuir para o estudo e facilitar a compreensão dos aspectos
societários, contábeis e tributários no setor da construção civil, evidenciando as sociedades
especiais SPE e SCP. Utilizou-se de metodologia explorativa de abordagem qualitativa, com
dados coletados através de pesquisas em sites de órgãos governamentais e na legislação
publicada no Diário Oficial da União, relacionadas ao assunto. Entende-se por construção
civil a execução parcial ou total de uma obra já elaborada em um projeto de edificação. A
Sociedade de Propósito Específico é constituída por duas ou mais pessoas, físicas e/ou
jurídicas, e tem um objetivo específico e determinado. A Sociedade em Conta de Participação
é constituída por duas pessoas ou mais, desde que seja ao menos uma jurídica, dessa união
constitui-se a empresa, objetivando lucro comum.
Palavras Chave: Construção Civil. SPE. SCP. Contabilidade. Lucro Presumido.
ABSTRACT

The aim of this study was to establish a line of study in order to facilitate understanding of the
corporate aspects, accounting and tax issues in the construction industry, highlighting the
special societies SPE and SCP. We used the methodology literature of qualitative approach,
with data collected through surveys at sites of government agencies and legislation published
in the Official Gazette, related to the subject. It is understood by construction the partial or
total of the work already developed on a building project. The Special Purpose Company
consists of two or more persons, physical and / or legal entities, and has a specific goal and
determined. The unincorporated Participation consists of two or more persons, provided that
at least one legal union that constitutes the company, aiming to ordinary income.
Keywords: Construction. SPE. SCP. Accounting. Presumed Income.

1
Graduando em Ciências Contábeis na Faculdades Cearenses – FAC. Fortaleza-Ce. Brasil.
2
Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Ceará e Especialista em Contabilidade
Tributária pela Universidade Federal do Ceará.

SUMÁRIO: 1 Introdução; 2 Referencial teórico; 2.1


Construção civil; 2.2 Incorporação imobiliária; 2.3
Encontrando a diferença; 2.4 Sociedades especiais na
construção civil; 2.5 Princípios da contabilidade; 2.6
Aplicabilidade da contabilidade na construção civil; 2.7
2

Tributação na SCP e SPE; 2.8 Lucro presumido; 2.8.1


PIS; 2.8.2 COFINS; 2.8.3 CSLL; 2.8.4 IRPJ.

1 Introdução
Construção civil é o nome dado à execução de uma obra já elaborada em um projeto de
edificação, seja: prédio, edifício, casa ou de infraestrutura urbana.
Hoje no Brasil a atividade de construção civil é regulamentada pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT), e a parte de fiscalização dos profissionais fica a cargo do
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA). 1
A indústria da construção civil é um dos setores mais relevantes para a economia brasileira,
sempre batendo o PIB do ano, sobretudo nos últimos três anos, e que segundo o IBGE
emprega mais de 7 (sete) milhões de brasileiros, conforme ilustrado na figura n° 01.

Gráfico
Fonte: IBGE

Portanto sabe-se que há muito tempo o setor da construção civil é de suma importância para o
país, por isso em 2004 foi publicada a Lei n° 10.931, de 2 de agosto de 2004 que trata dentre
outras coisas do Regime Especial Tributário do Patrimônio de Afetação, esse regime vem
para fortalecer a industria da construção civil, propiciando crescimento constante do setor,
garantindo o emprego dos trabalhadores e estimulando mais contratações com carteira
assinada.
Com o presente trabalho busca-se contribuir para o estudo sobre as sociedades especiais na
construção civil, visto que a legislação brasileira é bastante complexa e de difícil
entendimento no que tange o setor de construção civil e seus agregados, este trabalho tem por
objetivo aprofundar de forma prática, a legislação societária, a contabilidade e o tratamento
tributário na construção civil, com ênfase nos regimes especiais, que são: Sociedade de
Propósito Específico – SPE e Sociedade em Conta de Participação – SCP. A metodologia será
pautada pelo método bibliográfico e qualitativo.
3

Atualmente para que se realize um estudo sobre qualquer assunto que envolva a legislação, é
preciso um tempo considerável de dedicação, pois nossa estrutura legal é bastante segregada.
Tendo em vista essa dificuldade, o presente trabalho aborda o assunto proposto de forma
integrada, trazendo em foco questões rotineiras, onde os questionamentos são tratados desde a
abertura da empresa, trazendo os processos de legalização da sociedade; passando pelas
possibilidades na hora de escolher o tratamento tributário que melhor se enquadra para a
companhia, evidenciando exemplos tributários; e por fim chegando ao lançamentos contábeis,
onde será mostrado as formas como a contabilidade pode ser feita em cada tipo de sociedade
aqui mencionada, trazendo alguns exemplos práticos.

1 Referencial teórico
2.1 Construção Civil
A construção civil pode ser dividida em duas partes: Obra de construção civil, que é
basicamente a construção de moradia, prédios comerciais e residenciais em condomínio ou
não. E obra de construção pesada, que é a construção de pontes, portos, aeroportos, túneis
dentre outros.
A Receita Federal baseia-se na Comissão Nacional de Classificação (CONCLA) para
definição de todas as atividades empresariais no Brasil, no caso da construção civil pode-se
observar que existem inúmeros códigos destinados ao setor e que em apenas uma das
classificações podem existir várias atividades da construção civil, como é o caso do código
4120-4/00 Construção de Edifícios.
2.2 Incorporação Imobiliária
A incorporação imobiliária é regida pela lei 4.591, de 16 de dezembro de 1964, essa
nomenclatura abrange o significado de uma atividade de construir ou promover a construção
de edificações e a comercialização total ou parcial do empreendimento.
Considera-se incorporador a pessoa física ou jurídica, comerciante ou não, que embora não
efetuando a construção, compromisse ou efetive a venda de frações ideais de terreno
objetivando a vinculação de tais frações a unidades autônomas, em edificações a serem
construídas ou em construção sob regime condominial, ou que meramente aceite propostas
para efetivação de tais transações, coordenando e levando a termo a incorporação e
responsabilizando-se, conforme o caso, pela entrega, a certo prazo, preço e determinadas
condições, das obras concluídas. 2
Na Comissão Nacional de Classificação (CONCLA) mencionado acima, o código referente à
incorporação imobiliária é o 4110-7/00 - INCORPORAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS
IMOBILIÁRIOS, onde se pode observar uma distinção entre construção civil e incorporação
imobiliária. Por isso é comum a confusão na hora de distingue quando se trata de construção
civil e quando se trata de incorporação imobiliária, tendo em vista que a primeira também
pode vender as edificações por ela construídas.
2.3 Encontrando a Diferença
O art. 30 somado ao art. 29 da lei 4.591, de 16 de dezembro de 1964 dá o entendimento
necessário para por fim nas dúvidas no momento de definir a atividade empresarial nesses
casos.
Art. 30. Estende-se a condição de incorporador aos proprietários e titulares de direitos aquisitivos que contratem
a construção de edifícios que se destinem a constituição em condomínio, sempre que iniciarem as alienações
antes da conclusão das obras. 3
4

Por fim considera-se incorporador a pessoa física ou jurídica que constrói ou manda construir
edificações, dividido-as em unidades autônomas de frações ideais do terreno e que promova a
venda de tais frações antes de iniciar a construção ou com a construção em andamento. Por
tanto se a venda for realizada após a conclusão das obras, enquadrar-se-á como construção
civil.
2.4 Sociedades Especiais na Construção Civil
Pode-se destacar 2 (dois) tipos especiais e distintos de sociedade no ramo de construção civil,
e cada uma delas é usada de forma diferente dentro da economia brasileira. Essas duas
sociedades são:

 Sociedade em Conta de Participação – SCP


 Sociedade de Propósito Específico – SPE
2.4.1 Sociedade em Conta de Participação – SCP
A SCP nasce quando duas ou mais pessoas, sendo obrigatoriamente pelo menos uma pessoa
jurídica, se unem sem constituir empresa, mas objetivando lucro comum, podendo ser em uma
ou mais operações de negócios. Esse tipo societário assemelha-se a uma associação, o que
realmente é, quando os sócios se reúnem celebrando o contrato entre si e nomeando um
representante, que se dará o nome de sócio ostensivo, geralmente tem o prazo de duração
limitado, no intuito de concluir uma obra, após a conclusão do objetivo a sociedade se desfaz.
O sócio ostensivo obrigatoriamente tem que ser uma pessoa jurídica, e será ele o representante
da sociedade perante os credores, decorrentes das transações da SCP e obrigações sociais
adquiridas no decorrer de sua existência, no entanto os demais componentes da sociedade são
corresponsáveis aos atos praticados pela SCP, ficando obrigados unicamente com o sócio
ostensivo pelas transações por ele efetuadas.
Esse tipo societário está previsto e regulamentado no novo Código Civil brasileiro nos artigos
991 a 996.
A Sociedade em Conta de Participação dispensa formalidades aplicadas à constituição das
demais sociedades, não necessitando o registro de seu contrato na Junta Comercial, onde seu
contrato social terá validade somente entre seus sócios. Caso seja efetivado o registro de seu
instrumento em qualquer órgão ou repartição, a sociedade não ganhará personalidade jurídica.
Conforme disposto no art. 994, § 2o do novo Código Civil brasileiro “A falência do sócio
ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo
constituirá crédito quirografário”.
2.4.2 Sociedade de Propósito Específico – SPE
Como o próprio nome sugere, a SPE é uma sociedade que tem um objetivo específico e
determinado, não podendo ser amplo e sem definição.
É constituída por duas ou mais pessoas, físicas e/ou jurídicas, onde diferentemente do que
acontece nas SCPs, a SPE tem personalidade jurídica própria, possui contrato social ou
estatuto social dependendo do caso, que é seu instrumento de constituição, e esse instrumento
tem que ser devidamente registrado na Junta Comercial, para posteriormente ser criado o seu
CNPJ.
5

A regulamentação da sociedade de propósito específico está previsto singelamente no art.


981, parágrafo único do novo Código Civil brasileiro, e apesar de não ser expressamente
qualificado no Código Civil, a SPE é abundantemente utilizada na economia brasileira e
aceita entre as empresas.
Pelo fato de não ter um ordenamento jurídico diretamente voltado para elas, esse tipo de
sociedade tem que se revestir de um tipo societário já existente no Brasil, podendo ser
Limitada (Ltda), regendo-se pelo novo Código Civil, Lei 10.406/2002, Sociedade Anônima
(S/A), regendo-se pela Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades Anônimas ou qualquer outro tipo
societário. A partir dessa definição é que se pode tratá-la juridicamente.
A SPE possui capital social próprio, que pode ser constituído e integralizado em dinheiro
(moeda nacional), em bens móveis e imóveis e em direitos, desde que se possa mensurar o
valor. A responsabilidade de cada sócio dependerá também da forma societária escolhida, se
limitada obedecerá ao (art. 1052, Lei 10.406/2002 – novo Código Civil) onde determina que a
responsabilidade é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela
integralização do capital social; se for constituída sob a forma de sociedade anônima seguirá o
(art. 1º da Lei 6.404/76 - Lei das Sociedades Anônimas) onde diz que a responsabilidade dos
acionistas será restrita ao preço de suas ações subscritas ou adquiridas. O mesmo ocorre com
a distribuição de lucros, que dependerá da forma societária escolhida.
Atualmente existe a SPE constituída exclusivamente por micro e pequenas empresas optantes
pelo simples nacional. O Estado criou essa modalidade para aumentar a competitividade das
MPEs, estimular a economia brasileira interna e dar um estimulo maior nas exportações das
pequenas empresas.
No entanto não foi sempre assim, segundo dados do SEBRAE, no início dos anos 2000, já se
discutia a necessidade de uma regulamentação para que as MPEs pudessem melhor se
organizar sob a forma de consórcios. Porém, esperava-se uma ampla reforma tributária, o que
não aconteceu.
Com a Lei Geral das MPEs (LC nº 123/06) o assunto ainda não estava pacificado, mas era
importante introduzir uma forma de associação que facilitasse às MPEs o acesso a mercados
nacionais e internacionais, redução de custos, divulgação e aumento da competitividade.
Estava previsto na Lei Complementar 123/2006, em seu art. 56, a possibilidade de
consorcio entre as MPEs, no entanto não resolveu, porque o artigo foi insuficiente para
sanar a complexa legislação brasileira, e todos os questionamentos advindos desta. Ainda
segundo dados do SEBRAE, alguns consórcios chegaram a ser constituídos, mas a
insegurança jurídica ainda era grande. Haviam vários problemas relacionados com falta de
personalidade jurídica, responsabilidade solidaria dos participantes nas questões
trabalhistas e de defesa do consumidor. 4

Para sanar o problema e resolver o impasse, resolveu-se alterar a LC 123/06, e isso foi feito
em 2008 pela Lei Complementar n° 128, excluindo a nomenclatura Consórcio Simples na Lei
Geral, passando a ser Sociedade de Propósito Especifico constituída exclusivamente de
MPEs optantes pelo Simples Nacional, conforme exposto no capítulo VIII, Art. 56, da
referida lei.
CAPÍTULO VIII
DO ASSOCIATIVISMO
Seção Única
Da Sociedade de Propósito Específico formada por Microempresas e
6

Empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional


Art. 56. As microempresas ou as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples
Nacional poderão realizar negócios de compra e venda de bens, para os mercados nacional
e internacional, por meio de sociedade de propósito específico nos termos e condições
estabelecidos pelo Poder Executivo federal.
§ 4º A microempresa ou a empresa de pequeno porte não poderá participar
simultaneamente de mais de uma sociedade de propósito específico de que trata este
artigo.5

Com a nova redação do artigo n° 56 da referida Lei, abriu-se um amplo mercado, para que as
MPEs pudessem atuar.

2.5 Princípios da contabilidade


O Conselho Federal de Contabilidade no objetivo de fundamentar a interpretação às Normas
Brasileiras de Contabilidade, instituiu por meio da Resolução CFC N°. 750 de 29 de
Dezembro de 1993 os princípios fundamentais de contabilidade.
Tal resolução instituiu os seguintes princípios:

 o da ENTIDADE
 o da CONTINUIDADE
 o da OPORTUNIDADE
 o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL
 o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA
 o da COMPETÊNCIA
 o da PRUDÊNCIA

No entanto, em junho de 2010 foi publicado no D.O.U. a Resolução CFC n°. 1.282 de 28 de
maio de 2010 atualizando o disposto na Resolução n°. 750/93, atualização esta necessária a
adequação ao processo de convergência às normas internacionais de contabilidade.
Esta reformulação resultou na mudança do nome PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE
CONTABILIDADE para PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE conforme exposto no artigo
1° desta mesma resolução.
Uma das mudanças trazidas pela resolução 1.282 foi a revogação do princípio da Atualização
Monetária. A partir de então os princípios passaram a ser:

 o da ENTIDADE
 o da CONTINUIDADE
 o da OPORTUNIDADE
 o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL
 o da COMPETÊNCIA
 o da PRUDÊNCIA

Resumidamente o “Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da


Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial”, portanto, esse princípio defende a
7

autonomia patrimonial, onde o patrimônio da sociedade ou instituição não deve se confundir


com o patrimônio dos seus sócios ou proprietários.

O Princípio da Competência determina que os atos e transações contábeis sejam reconhecidos


na contabilidade no período em que foram realizados, independentemente de ter recebido ou
realizado o pagamento, possibilitando assim a confrontação entre receitas e despesas.

2.6 Aplicabilidade da Contabilidade na Construção Civil


2.6.1 Contabilidade prática na construção civil em geral
A contabilidade das empresas que exercem atividade imobiliária é bastante semelhante à
contabilidade das demais empresas, mas vale salientar que cada obra executada pela
companhia deve ter sua escrituração segregada das demais. Embora haja semelhança, há
também diferenças, como é o caso da escrituração de construções em andamento, onde deve-
se abrir um grupo de contas no ativo circulante, subdividindo-se em várias contas, para apor o
registro de todos os custos da obra, como exemplificado a seguir:
Exemplo:
Grupo de contas CONSTRUÇÕES EM ANDAMENTO – Ativo Circulante

Contas Nome da conta

1.1.7 Construções em andamento


1.1.7.01 Obra ricardo c. Macedo
1.1.7.01.001 Salário e encargos
1.1.7.01.002 INSS
1.1.7.01.003 FGTS
1.1.7.01.004 Férias
1.1.7.01.008 Vale transporte
1.1.7.01.030 Terrenos
1.1.7.01.031 Tijolos
1.1.9.01.097 Imposto e taxa/ despesa de cartório
1.1.9.01.098 Fretes e carretos
1.1.9.01.099 Custos apropriados 6

Serão registrados neste grupo, a débito, todos os custos referentes a determinada obra, e a
crédito, transferindo os valores para o custo realizado, quando da venda da respectiva
unidade.
2.6.2 Contabilidade prática na SCP e SPE
Na Sociedade em Conta de Participação o sócio ostensivo tem a opção de escriturar as
operações da SCP juntamente com os seus livros ou em livros separados. No entanto, caso a
opção seja a contabilidade em conjunto este deve seguir algumas, tais como: segregar os
registros contábeis de uma empresa e da outra, criando contas de receitas e despesas
exclusivas da SCP, de modo a evidenciar os resultados separadamente, conforme segue:
Exemplo:
RECEITAS
8

Receitas de Vendas de SCP “Empreendimento Alfa”


(-) Deduções de Vendas de SCP “Empreendimento Alfa”

CUSTOS E DESPESAS

Custos de Vendas de SCP “Empreendimento Alfa”


Despesas Administrativas - SCP “Empreendimento Alfa”
Despesas de Vendas - SCP “Empreendimento Alfa”
Despesas Financeiras - SCP “Empreendimento Alfa” 7
A segregação de informações e operações acontece também nos demais grupos do plano de
contas, como é o caso do Patrimônio Líquido evidenciado a seguir:
Exemplo:
PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social Matriz – Empresa “A”


Capital Social SCP – Empresa “B”
Reservas de Lucros Matriz – Empresa “A”
Reservas de Lucros – Empresa “B”
Prejuízos Acumulados Matriz – Empresa “A”
Prejuízos Acumulados – Empresa “B” 8

A seguir está exposto a forma de contabilização da integralização do capital social,


considerando que a SCP possui dois sócios, A e B e que o capital é de R$ 100.000,00, sendo
30% integralizado em moeda corrente pelo sócio A, e 70% integralizado em um bem imóvel
pelo sócio B:
Exemplo:
INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL – SÓCIO A

D – Bancos conta movimento


C – Capital Social SCP – Sócio A
R$ 30.000,00
INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL – SÓCIO A
D – Imóveis (ANC – Imobilizado)
C – Capital Social SCP – Sócio B
R$ 70.000,00
O mesmo deve ser seguido pela SPE, que é uma sociedade autônoma e independente em
relação aos seus sócios, por tanto seus registros contábeis não devem se misturar às demais
contas dos sócios, devendo haver uma contabilidade separada e segregada para cada
empreendimento e o seu resultado não se confunde com o da administradora, onde deverá
destacar tanto os registros, como as demonstrações contábeis, evidenciando as operações de
cada uma delas.
2.7 Tributação na SCP e SPE
Os impostos e contribuições devidos pela Sociedade em Conta de Participação serão
recolhidos juntamente com os impostos devidos pelo sócio ostensivo, inclusive usando o
mesmo DARF, uma vez que a SCP não tem CNPJ próprio.
9

Desde 01 de janeiro de 2001 a SCP está autorizada a optar pelo regime de Lucro Presumido,
devido a INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF Nº 31, DE 29 DE MARÇO DE 2001,
conforme exposto em seu artigo 1°.
Art. 1º A partir de 1º de janeiro de 2001, observadas as hipóteses de obrigatoriedade de
observância do regime de tributação com base no lucro real previstas no art. 14 da Lei
nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, as sociedades em conta de participação podem optar
pelo regime de tributação com base no lucro presumido. 9
A opção da Sociedade em Conta de Participação pelo regime de tributação com base no Lucro
Presumido, não obriga a simultânea opção do sócio ostensivo pelo mesmo regime, e vive
versa.
Como amplamente demonstrado nos textos acima a Sociedade de Propósito Específico depois
de constituída adquire personalidade jurídica própria, portanto, se constitui de uma
individualidade, inclusive com a tributação destacada dos sócios que a constituíram, podendo
adotar qualquer regime tributário disponível a outras pessoas jurídicas, inclusive o lucro
presumido, o recolhimento dos impostos também serão em DARFs próprios.
2.8 Lucro Presumido
O lucro presumido é uma forma simples de tributação, que determina o cálculo dos impostos
e contribuições, todas as empresas podem fazer a opção pelo lucro presumido, excetuando-se
as impedidas, que pode ser por faturamento, a partir de 2014 limitado a R$ 72 milhões ou por
atividades impedidas, como por exemplo, os bancos comerciais. A opção pelo lucro
presumido se dá no pagamento da primeira quota do imposto devido e a apuração nesse
regime de tributação é trimestral, com encerramentos em 31 de março, 30 de junho, 30 de
setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário, vale ressaltar que uma vez feita a opção
pelo regime presumido, tal escolha é irrevogável e irretratável para por todo o ano-calendário.
Os impostos contemplados no lucro presumido são:
PIS
COFINS
CSLL
IRPJ
2.8.1 PIS
A contribuição para o PIS foi instituída por duas leis complementares, a nº 7, de 7 de
setembro de 1970 e nº 8, de 3 dezembro de 1970, essa contribuição incide sobre a receita
bruta auferida e sobre a folha de pagamento, por tanto são contribuintes do PIS sobre o
faturamento das pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela
legislação do imposto de renda, conforme art. 3° do decreto n° 4.520, de 17 de dezembro de
2002, e sobre a folha de pagamento as pessoas jurídicas sem fins lucrativos, conforme art. 9°
do mesmo decreto. A alíquota de tributação do PIS para as atividades em geral no regime do
lucro presumido é de 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento).
2.8.2 COFINS
A contribuição para a COFINS foi instituída pela lei complementar nº 70, de 30 de dezembro
de 1991, essa contribuição incide sobre o faturamento das pessoas jurídicas de direito privado
e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda, conforme art. 3° do decreto
n° 4.520, de 17 de dezembro de 2002. A alíquota de tributação da COFINS para as atividades
em geral no regime do lucro presumido é de 3% (três por cento).
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2.8.3 CSLL
A contribuição social sobre o lucro líquido foi instituída pela Lei 7.689, de 1988. Com a
publicação da Lei 10.684 de 2003, a base de cálculo da CSLL para as pessoas jurídicas
tributadas pelo lucro presumido a partir de 01 de setembro de 2003 passou a ser:

– 12% da receita bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços hospitalares,


transporte e construção civil;
– 32% para:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e transporte;

b) intermediação de negócios;

c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de


qualquer natureza.
Deverão ser adicionadas à base de cálculo da CSLL, os ganhos de capital e demais receitas
não compreendidas na atividade empresarial, tais como: rendimentos de aplicação financeira.
A apuração da CSLL é trimestral e sua alíquota é de 9% (nove por cento) sobre a base de
cálculo.
2.8.4 IRPJ
O imposto de renda pessoa jurídica foi instituído pela Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996.
A base de cálculo do IRPJ para as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro presumido é:
– 1,6% Revenda a varejo de combustíveis e gás natural
– 8% da receita bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços hospitalares,
transporte de carga e construção civil;
– 16% Serviços de transporte (exceto o de cargas) e Serviços gerais com receita bruta
até R$ 120.000/ano
– 32% para:

a) Serviços profissionais (Sociedades Simples - SS, médicos, dentistas,


advogados, contadores, auditores, engenheiros, consultores, economistas, etc.)
b) Intermediação de negócios
c) Administração, locação ou cessão de bens móveis/imóveis ou direitos,
d) Serviços de construção civil, quando a prestadora não empregar materiais de
sua propriedade nem se responsabilizar pela execução da obra (ADN Cosit
6/97)
e) Serviços em geral, para os quais não haja previsão de percentual específico.
Deverão ser adicionadas à base de cálculo do IRPJ, os ganhos de capital e demais receitas não
compreendidas na atividade empresarial, tais como: rendimentos de aplicação financeira. A
apuração do IRPJ é trimestral e sua alíquota é de 15% (quinze por cento) sobre a base de
cálculo.
11

A base de cálculo que exceder ao valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais) pelo número de meses do período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional de
imposto à alíquota de 10% (dez por cento).
Exemplo: Lucro Presumido
a) Receita de Serviços de Construção: R$ 600 mil – No trimestre (R’)
b) Receitas Financeiras: R$ 50 mil – No trimestre (R’)

OBS: Foi utilizado emprego de material.


Tabela n°. 01
Valores de Presunções e Alíquotas para Cálculo
BC Comércio BC Serviço Aliquota PIS 0,65%
LUCRO PRESUMIDO
CSLL 12% 32% 9% COFINS 3%
IRPJ 8% 32% 15%
Faturamento Impostos Mensais
COFINS
Mês Receita de Venda Rendimentos Rec. Bruta PIS (0,65%)
(3%)

janeiro 200.000,00 20.000,00 220.000,00 6.000,00 1.300,00


fevereiro 200.000,00 20.000,00 220.000,00 6.000,00 1.300,00
março 200.000,00 10.000,00 210.000,00 6.000,00 1.300,00

TOTAL 600.000,00 - 50.000,00 650.000,00 18.000,00 3.900,00


Impostos Trimestrais
Trimestre BC CSLL CSLL a Pagar BC IRPJ Adicional 10% Alíquota (15%) IRPJ a Pagar

1º Trimestre 122.000,00 10.980,00 98.000,00 3.800,00 14.700,00 18.500,00


Fonte: Elaborada pelo autor.

A tabela a cima traz o cálculo dos quatro impostos contemplados pelo lucro presumido. Onde
o PIS e o COFINS incidem mensalmente sobre a receita de vendas, e a CSLL e o IRPJ
incidem trimestralmente. A tabela apresenta ainda uma peculiaridade do IRPJ, o adicional,
que é apurado a um percentual de 10% sobre o excedente de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais)
de base de cálculo.

Considerações finais
Conclui-se que os presentes dados confirmam a importância do estudo da construção civil,
onde foram destacados os seus dois principais tipos de sociedades: SPE e SCP, voltado à área
da contabilidade. De acordo com os dados apresentados, observamos uma diferença entre
essas duas sociedades, onde a primeira possui personalidade jurídica própria, adquirida
através da união dos seus sócios e devidamente registrada nos órgãos de registro do comércio
(Junta Comercial). Já a segunda, observamos que não possui autonomia, sendo
intrinsecamente dependente do sócio ostensivo, tendo como particularidade o não registro do
seu contrato nos órgãos de registro do comércio (Junta Comercial), sendo assim, seu contrato
possui validade apenas entre os sócios.
Pôde-se observar a partir das informações demonstradas, que independentemente da opção
por fazer uma contabilidade em conjunto com a do seu administrador ou separada deste, os
registros contábeis, controles, demonstrativos e resultados devem ser expostos separadamente.
12

O trabalho apresentou que ambas as sociedades podem optar pelo lucro presumido, sendo
muitas vezes mais vantajoso, por ser uma forma simples de tributação. Embora tenha sido
evidenciado as formas distintas de recolhimento entre as sociedades, onde a SPE recolhe seus
impostos individualmente em DARF próprio e a SCP recolhe juntamente com os impostos do
sócios ostensivo, inclusive utilizando o mesmo DARF.

Referências
1
Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Constru%C3%A7%C3%A3o
2
Site: http://www.receita.fazenda.gov.br/
3
Site: http://www.receita.fazenda.gov.br/
4
Site: http://www.sebrae.com.br/
5
Site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm
6
Site: http://www.crc.ce.org.br/crcnovo/download/CONTABIL_DE_CONSTRU CAO_
CIVIL.pdf
7
Site: http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/sociedadecontaparticip.htm
8
Site: http://www.slideshare.net/liongkhoe/mb-sociedade-em-conta-de-participao
9
Site: http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/ins/2001/in0312001.htm

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