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04/05/2018 A nova geração de economistas

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04/05/2018 - 05:00

A nova geração de economistas


Por Cristiane Barbieri

Guilherme Lichand, eleito pela revista de tecnologia do "MIT" como um dos maiores
inovadores com menos de 35 anos, é professor na Universidade de Zurique
Foi em um "summer job", como são chamados os empregos durante as férias universitárias no exterior, que Guilherme
Lichand encontrou o que buscava. O economista, hoje com 32 anos de idade, sempre quisera trabalhar com políticas
públicas e estava no primeiro ano do doutorado em Harvard, em 2012, quando resolveu passar seus três meses livres
trabalhando para o governo de um Estado brasileiro que precisasse de um pesquisador treinado. Acabou no Rio Grande do
Norte e, em sua última missão, deveria avaliar se o programa Leite Potiguar, que chegava a 150 mil famílias, era eficiente.

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"Pedi os dados para a análise e descobri que não existiam", diz. Sem recursos para pesquisa de campo, apresentou uma
solução que havia visto quando trabalhara no departamento de redução da pobreza e gestão econômica do Banco Mundial:
o uso de SMS e celulares para coleta de dados.

Era algo que estava sendo utilizado em países da África, mas que poderia ter um resultado ainda melhor no Brasil, graças
ao uso massivo dos celulares. Com dois amigos, criou uma solução engenhosa, na qual o beneficiário que respondesse à
pesquisa ganharia créditos de celular pré-pago. Conseguiu 150 mil respostas em três semanas, a um custo de menos de R$
http://www.valor.com.br/imprimir/noticia_impresso/5500943 1/6
0,50 por usuário. As descobertas aumentaram a qualidade
04/05/2018 do programa
A nova geração de eeconomistas
levaram-no a um patamar de eficiência muito
maior. Nascia ali a MGov, startup que oferece ferramentas de gestão de políticas públicas e rendeu a Lichand o
reconhecimento como um dos jovens com menos de 35 anos mais inovadores da América Latina, pela revista "MIT
Technology Review".

"Tento não só impactar políticas públicas como sonhava lá atrás, quando ainda era estudante de graduação na FGV, como
da minha perspectiva de acadêmico, aproveito para fazer pesquisas que tenham alguma relevância", afirma ele, que hoje é
professor-assistente na da cadeira de bem-estar e desenvolvimento infantil na Universidade de Zurique.

Lichand está longe de ser um caso isolado. Há hoje toda uma geração de jovens economistas brasileiros ganhando destaque
no mundo acadêmico internacional de primeira linha. Apesar de não haver dados oficiais, é uma percepção generalizada
que existe um número crescente de profissionais com menos de 40 anos fazendo pesquisa de ponta e dando aulas nas
principais universidades tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Eles se destacam em rankings acadêmicos, merecem
respeito de seus pares e avançam nas fronteiras da economia.

"Quando eu entrei no mestrado em Princeton, em 2005, havia muitos argentinos nas principais universidades nos Estados
Unidos, mas só o [José Alexandre] Scheinkman de brasileiro", diz Rafael Dix-Carneiro, 39 anos de idade, professor-
assistente de economia da Universidade de Duke. Hoje, é fácil contar mais de 20 nas top 10.

Thomas Fujiwara, professor em Princeton, pesquisou o efeito que a implantação das


urnas eletrônicas teve nas políticas públicas
Não é de hoje que as principais faculdades de economia do Brasil têm registrado aumento no número de estudantes que,
por meio delas, procuram fazer seu mestrado ou doutorado no exterior. Na FGV-EPGE, do Rio, por exemplo, dez alunos
faziam doutorado ou cumpriam parte da grade curricular no exterior, no ano passado. Dez anos atrás, eram apenas dois.
No Insper, 12 alunos foram enviados nos últimos cinco anos. "Temos na economia, há décadas, a tradição de cursar o
doutorado no exterior", diz Dix-Carneiro. "O que talvez seja novo é que, agora, estamos ficando, em vez de voltar para o
Brasil."

É uma concorrência com a qual as universidades brasileiras têm dificuldade em competir. "Se alguém tem pretensão de ser
pesquisador em qualquer área, o Brasil é um lugar muito limitante para fazer carreira", diz Lichand. "É um país
relativamente pobre e pesquisa custa muito dinheiro para um ciclo bastante lento." Logo que terminou o doutorado, ele
teve alguns convites para voltar ao Brasil. "Mas além do departamento de economia em Zurique ser três vezes maior do que

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os que eu encontraria no Brasil, meu pacote inicial de verba
04/05/2018 de geração
A nova pesquisade era o equivalente a R$ 500 mil", diz. "No Brasil,
economistas

seriam R$ 10 mil por ano. Faço uma pesquisa cara, com viagens ao Malaui, à Costa do Marfim, à República Dominicana, ao
próprio Brasil, com contratação de pesquisadores de campo. Onde eu teria mais chances de ser bem-sucedido?"

Além da questão financeira, os jovens economistas enxergam outros benefícios em permanecer no exterior. "A exposição a
um ambiente de pesquisa diverso, com alunos com ideias e histórias completamente diferentes é muito bacana e difícil de
replicar no Brasil", diz Joana Naritomi, de 36 anos, professora-assistente da London School of Economics (LSE). "Como os
alunos aceitos para doutorado no exterior são selecionados no mundo inteiro, é natural que sejam mais bem preparados e
ambiciosos nos projetos."

Por mais que a academia no Brasil tenha ampliado seu escopo, e a tecnologia diminuído distâncias, o país ainda sofre com
o ambiente de pesquisa restrito. "Tive chances boas de voltar, mas para um pesquisador em início de carreira, ir para o
Brasil é se isolar muito cedo", diz Renato Gomes, professor-assistente da Escola de Economia de Toulouse. "Academia é
um exercício comunitário, e é preciso conhecer as pessoas que vão julgar seu artigo, saber o que os outros estão pensando,
estar próximo às discussões, participar dos congressos." O resultado, no caso, é prático. Aos 37 anos, Gomes tem trabalhos
importantes publicados com Jean Tirole, Nobel da economia em 2014. No fim do ano passado, ele ganhou uma bolsa de
EUR 800 mil do Conselho Europeu de Pesquisa para financiar seus estudos na área de economia industrial.

Esse canto irresistível do além-mar, que poderia representar apenas uma fuga de cérebros do Brasil, de certo modo acaba
beneficiando o país. Dificilmente o vínculo com as origens é rompido, e não é incomum encontrar acadêmicos que colocam
o Brasil entre os focos de suas pesquisas. "Não sei se meu cérebro foi drenado, mas estou drenando recursos de lá de fora e
canalizando para fazer pesquisa aqui", diz Lichand, que estava no Brasil no fim de abril.

Renato Gomes, 37 anos, professor da Universidade de Toulouse, tem trabalhos


importantes publicados com Jean Tirole, Nobel da economia em 2014
Outros pesquisadores usam os recursos de maneira parecida. Thomas Fujiwara, professor-assistente de economia na
Universidade Princeton, por exemplo, pesquisou o efeito que a implantação das urnas eletrônicas teve nas políticas
públicas, por causa da facilidade que esse tipo de voto trouxe à população de não alfabetizados do país. "Acabamos gerando
conhecimento sobre o que está acontecendo no Brasil", afirma Fujiwara.

Já Joana estudou, durante seu doutorado em Harvard, questões sobre sonegação fiscal típicas de países em
desenvolvimento. Numa parceria com o governo do Estado de São Paulo, ela usou técnicas econométricas clássicas para
analisar milhões de dados administrativos e entender como o consumidor pode ajudar o governo a combater a sonegação,
no caso via ICMS. Na LSE, além desse tema, ela tem se debruçado sobre como diferentes mecanismos de seguro-
desemprego podem aliviar o impacto da perda de uma vaga formal. "Meu foco é 90% Brasil, sempre com acordo de
cooperação com governos", diz ela. "Imagino que se eu estivesse aí dando aula, talvez meu impacto fosse maior, mas o tipo
de pesquisa que consigo fazer, com recursos disponíveis pelo fato de eu estar fora, talvez seja uma forma diferente de
contribuir."

Na verdade, a contribuição tem sido um pouco mais ampla e a própria LSE reconheceu isso. No ano passado, Joana
ganhou o prêmio Excellence in Education da escola, concedido a professores que contribuem de forma especial para o
ensino dentro da faculdade. Ela criou um curso de mestrado que combina as principais teorias e métodos empíricos de
microeconomia do setor público, com foco nos desafios enfrentados por países em desenvolvimento, onde o Estado tem
menos capacidade de captação de recursos e implementação de políticas públicas.

"Cursos de economia pública são, geralmente, focados em contextos mais desenvolvidos [como os EUA e a Europa] e os de
desenvolvimento costumam não focar os temas a economia pública", diz ela. "Combinei duas literaturas que geralmente
não conversam, e os alunos gostaram bastante." Ela também ganhou dois prêmios internacionais importantes, em 2016 e
2017, para pesquisas de excelência na área de economia pública, concedidos a pesquisadores com menos de 40 anos.
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A amplitude do espectro de áreas a serem pesquisadas também
04/05/2018 é outrodeponto
A nova geração que atrai esses jovens economistas. "Quando
economistas

eu estava no Brasil, tudo era macroeconomia, e as pessoas eram obcecadas pela inflação", diz Gomes. "Essa era uma das
razões que faziam me sentir meio deslocado: eu sabia que existiam assuntos fascinantes na microeconomia, e ninguém
dava bola." Segundo ele, até hoje no Brasil o macroeconomista tem prestígio maior.

Silvia Barcellos, da University of Southern California, estuda os efeitos da educação


na saúde das pessoas e como sua tomada de decisão na área de seguro saúde causa impactos
"A economia vive um momento muito interessante", afirma Leonardo Bursztyn, de 35 anos de idade, professor-assistente
do Departamento de Economia da Universidade de Chicago. "O campo está muito mais amplo, com novos tópicos e temas
a serem estudados, usando métodos estatísticos e modelagens para temas que antes economistas não estudavam. Em
várias universidades, o curso de graduação é o mais popular."

Um dos economistas mais renomados de sua geração, Bursztyn recebeu em 2016 o Alfred P. Sloan Fellowship, concedido
anualmente a oito jovens economistas de grande potencial. Atualmente na 11ª colocação no ranking dos jovens
economistas da Repec (Research Papers in Economics, o levantamento mais respeitado da área), Bursztyn mistura
economia comportamental, política econômica e desenvolvimento em suas pesquisas. "Busco descobrir como decisões de
escolarização, consumo, investimento e mercado de trabalho são afetadas pelo ambiente social das pessoas", diz ele. "Como
os cidadãos são influenciadas pelo julgamento de seus pares e pela pressão social."

Bursztyn descobriu, por exemplo, que jovens de baixa renda evitam oportunidades que podem ajudá-los na carreira porque
não querem ser vistos como nerds. Ou, estudando alunos de MBA, que mulheres solteiras evitam ações e oportunidades
que poderiam impulsioná-las na carreira porque criarão uma aparência de muito ambiciosas e assertivas, e os homens não
gostam desses traços. Seus estudos tiveram repercussão na mídia internacional. "São normas sociais que afetam decisões
em mercados importantes", afirma ele, que realiza experimentos em países tão diferentes quanto Brasil, EUA, Paquistão,
Arábia Saudita e Vietnã. "Mas há perguntas que são mais específicas de países emergentes, como a preocupação do gasto
para o ganho de status: é o tipo de consumo para 'tirar onda' ou impressionar para ser aceito."

A mudança no escopo dos estudos, para ele, está ligada ao momento histórico. "Os economistas que vinham estudar fora,
décadas atrás, cresceram com problemas macroeconômicos e isso foi associado à economia", diz. "À medida que eles
diminuíram em importância relativa, os pesquisadores passaram a estudar problemas micro, de forma crescente, empírica
e aplicada e abraçaram outros campos que afetam as decisões econômicas, como antropologia, psicologia e ciência
política."

Para Fujiwara, que estuda a intersecção da economia com a política, a fronteira é bem mais ampla. "Tento entender vários
aspectos do mundo que não são a inflação e a política monetária", diz. Silvia Barcellos, pesquisadora da University of
Southern California (USC), por sua vez, estuda os efeitos da educação na saúde das pessoas e como sua tomada de decisão
na área de seguro saúde causa impacto nelas. Ela e o marido, Leandro Carvalho, da USC, fizeram mestrado e doutorado em
Princeton e trabalharam no "think tank" Rand Corporation, também na Califórnia. Ele se dedica a temas como a tomada de
decisão na pobreza e a entrada, a carreira e a saída de jovens em gangues de tráfico de drogas. Gomes pesquisa temas como
o impacto das milhagens de cartões de crédito ou dos "marketplaces" de viagens na economia e na vida das pessoas.

Lichand, que também é diretor de pesquisas do Centro para o Bem-Estar e o Desenvolvimento Infantil (CCWD, da sigla em
inglês), da Unicef, estuda - e tenta promover algum impacto - assuntos tão diferentes quanto normas sociais nocivas, como
mutilação sexual em meninas e monitoramento de bebês e mães para reduzir a mortalidade infantil usando "wereable
technologies", roupas ou acessórios de alta tecnologia, com dados coletados por um corredor de drones. Passando,
inclusive, por pais da rede pública paulista que, ao receber dois SMSs por semana sobre o desempenho escolar de seus
filhos, veem as chances deles irem ao ensino médio subir em três pontos percentuais.

"Economistas estudam a alocação de recursos e ter alguém estudando o desenvolvimento infantil dentro da perspectiva de
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04/05/2018 A nova geração de economistas

Joana Naritomi, de 36 anos, professora-assistente da London School of Economics


(LSE)
investimento no capital humano faz todo o sentido", diz Lichand. A cadeira que ocupa em Zurique foi criada em uma
parceria entre a universidade, o governo da Suíça e a Unicef. "Eles queriam um professor dedicado a entender se suas
políticas de fato estavam entregando o máximo de retorno por dólar investido", afirma. "Tento gerar evidências sobre os
mecanismos fundamentais por trás desses investimentos." Como entender se criar uma linha de crédito para educação vale
à pena em lugares muito pobres. "Muitos experimentos mostram que a pobreza gera vieses comportamentais de foco no
curto prazo", afirma. "Como o investimento no capital humano dos filhos tem só custos no curto prazo, mostrei com dados
que os efeitos psicológicos gerados pela pobreza distorcem a visão sobre esse retorno." Portanto, a linha de crédito não é o
jeito mais eficiente de resolver o problema.

Dix-Carneiro, por sua vez, pesquisa sobre como a exposição à competição externa afeta o mercado de trabalho. "Os
economistas em geral defendem que a abertura comercial e o livre-comércio geram ganhos de produtividade, e os
trabalhadores que eventualmente perderem seus emprego migrarão ou conseguirão se recolocar em outros setores", diz.
Usando a base de dados brasileiros - o único país emergente no qual é possível seguir trabalhadores individuais ao longo da
carreira entre empregos, setores e regiões -, ele constatou que os efeitos das aberturas econômicas são permanentes tanto
nas economias locais quanto na vida das pessoas. "Os afetados ficam no desemprego muito tempo e se recolocam apenas
no mercado informal", diz ele. "Não há uma migração efetiva atrás de recolocação e a informalidade aumenta nas regiões
afetadas." Financiada pela National Science Foundation, a agência de fomento à pesquisa do governo americano, a
pesquisa foi premiada pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Pode-se entender, pela conclusão da pesquisa de Dix-Carneiro, outra realidade à qual esses jovens pesquisadores estão
expostos: não há, no exterior, o embate entre economistas de esquerda e de direita, como no Brasil. "Tem uma linha
mainstream, uma espécie de corrente principal de pensamento, que acaba se consolidando numa forma de abordar
questões econômicas", diz Célio Hiratuka, coordenador-geral da pós-graduação do IE-Unicamp. "O movimento de
questionamento é feito por parte dos próprios alunos, buscando conhecimento econômico que possa responder a questões
concretas, como a crise dos subprime, totalmente fora do radar da teoria tradicional."

Rafael Dix-Carneiro, 39 anos de idade, professor-assistente de economia da


Universidade de Duke
De todo modo, a crítica metodológica ao uso de dados e da econometria está fora do radar dessa nova geração. "No exterior
existem diferentes visões, mas elas são menos fundamentalistas do que no Brasil", diz Silvia. "Aqui também há discussões
seriíssimas sobre o tamanho do Estado, com diferentes posições políticas, mas a linguagem é a mesma. Isso facilita o
debate porque o diálogo, na ciência, é fundamental."

Fujiwara cita como exemplo "O Capital no Século XXI", livro que tornou o economista Thomas Piketty uma celebridade.
"Ele coletou dados e mostrou o crescimento da desigualdade de renda e riqueza e não há economista, independente do
espectro, que não olhe para isso e diga que é uma contribuição importante", afirma. Segundo ele, há questionamentos
sobre as políticas que devem ser adotadas para resolver o problema, mas não sobre o método. "A divisão entre esquerda e
direita nos EUA tem a ver com a crença de que falhas de mercado [e falhas de governo] são mais importantes", diz Lichand.
"Já no Brasil, me parece que a divisão entre 'esquerda' e 'direita' tem a ver com outras coisas... tipo 'devemos prejudicar o
empresário em favor do pobre?', o que, honestamente, é uma discussão ridícula e que nunca vi nos EUA ou na Europa."
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No exterior há mais de uma década, esses jovens economistas
04/05/2018 A novadizem
geraçãonão ter tomado a decisão de emigrar por causa de
de economistas

crises econômicas no Brasil. Academia, ainda mais em universidades de ponta e altamente competitivas, é uma vocação e
uma carreira de longo prazo, que não pode ser almejada por eventuais fugas de cenários recessivos. Porém, em outra esfera
do conhecimento, essa mobilização tem sido claramente notada: a do ensino médio. Entre 2015 e 2018, o número de
alunos do Colégio Bandeirantes, de São Paulo, que aplicaram para a graduação no exterior, por exemplo, aumentou 30% e
o de aceitos aumentou 160%. Só no ano passado, foram 115 aceitações. "Por causa da conjuntura econômica e política do
país, os pais têm se mostrado mais propensos a investir nos filhos lá fora", afirma Deborah Mason Pontual,
subcoordenadora do departamento internacional do Bandeirantes.

Apesar de distantes geograficamente, essa mesma conjuntura é motivo de preocupação para os jovens economistas, que
consideram o cenário econômico menos preocupante do que o político. "Tenho certo medo do que pode acontecer com
relação a essa insatisfação com o status quo e a classe política", diz Bursztyn. "Nos EUA, muita gente que tinha ideias
xenófobas e racistas saiu à luz quando [Donald] Trump começou a ganhar força. Temo que algo parecido possa acontecer
no Brasil."

Para Fujiwara, mais do que candidatos bons ou ruins, a preocupação são as instituições. "Somos uma democracia de 30 e
poucos anos que é jovem o suficiente para não ter tradição e longa o bastante para que a memória coletiva sobre a não
possibilidade de eleger seus representantes se perca." Todos, sem exceção, esperam que não haja a eleição de um populista,
à direita ou à esquerda. Mas sem certeza de nada. Afinal, viveram - e sofreram - de perto a eleição de Donald Trump e a
vitória do Brexit, mesmo contra todas as projeções.

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