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FACULDADE DE DIREITO
COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO
DISCIPLINA: Direito Financeiro
PROFESSOR: Antônio de Moura Borges
PRIMEIRO QUESTIONÁRIO
Nesse sentido, nas palavras de Regis Fernandes Oliveira, a atividade financeira do Estado
é: “a arrecadação de receitas, sua gestão, fiscalização e a realização do gasto, a fim de atender às
necessidades públicas”.
2ª. Quais são as principais teorias destinadas a explicar a atividade financeira do Estado?
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Figuram entre as principais teorias da atividade financeira do Estado as teorias: (a) do
consumo; (b) da troca; (c) da produção; (d) do preço; (e) do cooperativismo; (e) da luta de classes;
(f) da repartição dos encargos públicos e da (g) soberania.
Já a teoria da troca concebe a atividade financeira como uma troca entre Estado e
indivíduos, troca esta em que estes entregam parte de seu patrimônio em forma de tributos e
recebem os serviços correspondentes à esta entrega em atividades estatais. Trata-se de uma teoria
inconsistente, pois não há de se falar em equivalência entre os tributos e os serviços prestados
pelo Estado, até porque, considerando o princípio da igualdade, o Estado não considera o quanto
cada indivíduo contribuiu ao fornecer os serviços. Em verdade, são aqueles com menor
capacidade contributiva que mais se beneficiam e desfrutam dos serviços estatais.
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pessoas pagam preços diferentes pelos que recebem, não há como afirmar que todos recebem os
serviços a preço de custo.
A análise da teoria da luta de classes excede a atividade financeira per se, considerando
também as influências orquestradas tacitamente por ela. Identificando uma classe detentora do
poder político, que se beneficia da organização financeira do Estado. Esta teoria é criticada por
desconsiderar o princípio da capacidade contributiva, basilar no sistema tributário. Distorções à
parte, busca-se sempre o sistema mais justo possível, observando os princípios que regem a
atividade financeira.
Ainda, a teoria da repartição dos encargos públicos é quase auto-explicativa. Entende que
o Estado presta seus serviços necessários às demandas públicas, e cada um contribui como lhe
diz respeito, podendo todos desfrutar igualmente dos serviços disponibilizados.
Por último, mas não menos importante, a teoria da soberania entende que o Estado decide
através do povo que elege seus representantes. Em assim sendo, a população deve respeitar as
leis, inclusive as tributárias, para que seja cumprido o princípio da legalidade, base principal desta
teoria.
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A extrafiscalidade consiste num conceito amplo segundo o qual mecanismos tributários
são empregados não apenas para fins arrecadatórios, mas também para incentivar e/ou inibir
comportamento, a fim de promover medidas de natureza econômica e social, ensejando valores
constitucionalmente contemplados. Nesse sentido, múltiplos instrumentos podem ser empregados
para imprimir caráter extrafiscal a um tributo, a seletividade de alíquotas, a concessão de isenção
e de incentivos fiscais, bem como técnicas de progressividade e regressividade.
Este, por sua vez, é a disciplina jurídica que regula a atividade financeira do Estado,
tratando dos princípios e normas que a regulam. Ao estudar as necessidades públicas, buscar e
sintetizar as normas espalhadas por todo o ordenamento, o direito financeira disciplina a atividade
financeira estatal (arrecadação, administração e gasto de dinheiro) visando o bem comum.estuda
a atividade financeira do Estado sobre o ponto de vista normativo, não apenas sobre o ponto de
vista estático do ordenamento jurídico, mas sob o ponto de vista dinâmico também, isto é, das
relações que surgem entre o Estado e os indivíduos em relação aos atos de instituição e cobrança
de tributos ou outras modalidades de receitas e realização das despesas.
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7ª. Defina receita pública e destaque as suas principais fases evolutivas.
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São receitas correntes aqueles que servem para sustentar a manutenção e o funcionamento
de atividades administrativas. Em regra, as receitas correntes são receitas efetivas; elas aumentam
o patrimônio público. Podem ser o resultado da atividade arrecadatória do Estado e da atividade
empresarial/comercial pública.
10ª. Como ocorre a exploração pelo Estado dos bens pertencentes ao seu patrimônio?
A definição do Código Nacional Tributário acerca de tributo pode ser encontrada no seu
artigo 3o.:
"Art. 3o Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
O doutrinador Regis Fernandes Oliveira chama a atenção para uma distinção importante:
tributo não é o pagamento, mas a obrigação de dar dinheiro aos cofres públicos, que deve ser feita
em pecúnia, e não pode funcionar como sanção para ato ilícito. Apenas pessoas de direito público
competente podem exigi-lo e o sujeito passivo é obrigado ao pagamento.
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a) Imposto (145, I, CF): espécie de tributo que independe de uma atividade do Estado, a
obrigação decorre da força da lei. A enumeração dos impostos é exaustiva, de forma que só
podem ser instituídos outros por emendas à Constituição. Impostos diretos são aqueles em
que o contribuinte arca com o ônus dos tributos. Ex.: IR. Impostos indiretos são aqueles em
que o contribuinte transfere o ônus do tributo para o consumidor. Ex.: ICMS. O princípio da
seletividade é obrigatório em relação ao IPI, mas é facultativo em relação ao ICMS. De
acordo com o critério da pessoalidade, há o critério dos impostos pessoais e reais. Impostos
pessoais levam em consideração aspectos da pessoa do contribuinte. Ex.: IR. Impostos reais
não levam em consideração aspectos da pessoa do contribuinte.
b) Taxas (art. 145, II, CF): esse tributo tem vinculação direta com a atividade do Estado.
Podem ser cobradas em razão do exercício do poder de policia e de prestação efetiva e
potencial do serviço público, especifico e divisível. Ex.: taxa de esgoto, de iluminação.
c) Contribuição de melhoria (art. 145, III, CF): também é vinculada a uma atividade estatal
específica, mas sua ligação é indireta. É uma espécie tributária cujo fato gerador é a oba
pública, ou seja, decorre do custo da obra pública que gerou valorização imobiliária.
d) Empréstimo compulsório (art. 148, I e II, CF): são tributos que apenas podem ser
decretados pela União por lei complementar para atender a despesas extraordinárias em casos
de calamidade pública, guerra ou sua iminência ou ainda investimento público de caráter
urgente e relevância nacional.
e) Contribuições especiais (art. 149 e 195, CF): é uma modalidade de tributo cujo critério de
identificação baseia-se na finalidade da criação do tributo (art. 149 CF/88), sendo necessária
a vinculação da receita que deu causa a sua criação. A Contribuição Especial é criada por
meio de lei ordinária e a competência legislativa para sua criação é da União, excetuando nos
casos em que o estados, os municípios e o Distrito Federal adotem regime de previdência
própria podendo assim criar a contribuição especial para tanto. Podem ser (i) sociais, (ii) de
intervenção no domínio econômico e (iii) de interesse de categoria profissional ou econômica
(corporativas)
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Segundo o STF e sua Súmula n. 545 “preços de serviços públicos e taxas não se
confundem, porque estas, diferentemente daquelas, são compulsórias e tem sua cobrança
condicionada a previa autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.” Além disso,
a taxa decorre do serviço prestado pelo Estado. Quando ele é concedido é que cobra-se o preço.
13ª. Defina despesa pública e exponha a sua concepção moderna, em cotejo com aquela do
período clássico da ciência das finanças.
Houve um grande avanço do período clássico das finanças para a concepção moderna de
finanças, com a divulgação da obra do inglês John Mayne Keynes (década de 40-50). De acordo
com a concepção clássica das finanças públicas, a receita tem a finalidade de cobrir os gastos
essenciais do Estado. De acordo com a concepção moderna, é a despesa que faz a receita. Isto é,
vê-se com o que é necessário gastar para definir quanto se deve tributar. Ainda, para a concepção
moderna, o Estado deve redistribuir riquezas, concorrendo com a iniciativa privada. O Estado
deve realizar despesas que sejam úteis não apenas do ponto de vista econômico, mas também da
coletividade.
A despesa pública consiste no uso efetivo que o Estado faz de seus bens e recursos para
ocorrer às necessidades normais e materiais da vida civil política. Para Regis de Oliveira ela é a
aplicação da arrecadação feita pelo Poder Público em “fins previamente traçados”, contanto que
seja de interesse público. Segundo Aliomar Balleiro, ela é a aplicação de certa quantia, em
dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente dentro de uma autorização
legislativa para execução de fim a cargo do governo. Seus elementos constitutivos são divididos
entre elementos: (a) de natureza econômica; (b) de natureza jurídica; (c) de natureza política.
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população e (c) acréscimos de territórios. A partir do início do século XX as constituições
começaram a organizar que os Estados interviessem no domínio econômico (Constituição do
México de 1917 e de Weimar de 1919). O crescimento progressivo começou com a 1ª G.M.
Há autores que dizem que a licitação (art. 37, XXI, da CF) é também requisito de validade
da despesa pública. Mas existem os casos de dispensa e inexigibilidade de licitação (Lei 8.666).
O chefe do Executivo realiza despesas chamadas extraordinárias, para as quais não há autorização
prévia do legislativo por meio de MP (de acordo com a CF) ou Decreto (de acordo com a Lei)
para crédito. Tem que haver imediata ciência ao P. Legislativo.
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menos, na transformação do patrimônio estatal. Podem ser conceituadas como aquelas que
contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital.
Quanto à competência constitucional, as despesas públicas podem ser (a) federais; (b)
estaduais e (c) municipais.
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