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Instituto Politécnico de Santarém

Escola Superior de Educação de Santarém


3º Ano da Licenciatura em Educação Social (Pós – Laboral)

5º Semestre/Ano Letivo – 2011/2012

Recensão Critica

“19 Argumentos para Reconst(ruir ) a Escola


Pública Portuguesa”

Ano Lectivo – 2011/2012


Data de Entrega – 13.01.2012
Docente – Dr. Manuel Santana Castilho
Discente – Ana Catarina Tavares Simões Correia nº 090243014
Recensão Crítica

“19 Argumentos para reconst(ruir) a


Escola Pública Portuguesa”

Trabalho elaborado na Unidade Curricular de Legislação Social, no 3º ano da Licenciatura


em Educação Social Pós-Laboral.

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“Por que foi que cegou a Ministra da Educação, Não sei, talvez
um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que
penso, Diz, Penso que não cegou, penso que está cega, Cega que
vê, Cega que, vendo, não vê”.

Reescrita livre de um passo de Ensaio sobre a Cegueira, de José


Saramago1

1
Cit in http://www.fcsh.unl.pt/~cceia/images/stories/PDF/educare/cegueira.pdf, consultado em 30-12-
2011

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O presente documento tem como primordial objetivo a elaboração de uma recensão
critica sobre a Obra “ 19 Argumentos para Reconst(ruir ) a Escola Pública
Portuguesa”, cujo autor é Luis M. Aires, que disserta sobre o tema “educação”.
Com ele tenho a pretensão de analisar e expor as ideias do autor de uma maneira sucinta
e objetiva, que são nada mais, que ideias sobre o atual estado da educação em Portugal.
Esta obra está dividida em dezanove argumentos devidamente fundamentados em que o
autor, com um forte poder de argumentação, critica duramente o ensino em Portugal.
Estes indícios são um manifesto daquilo que o autor entende que está divagado na
educação Portuguesa, avançando hipóteses viáveis de reconstrução da mesma que, no
entender do autor, ajudará a iniciar um processo de renovação cívico, bem como, um
novo sistema educacional organizado em Portugal. A partir desta abordagem o autor
pressupõe a discussão da temática, “…convidando o leitor a fazer uma viagem pelas
ideias”( Nuno Crato, prefácio), esperando que este trabalho se torne num ponto de
partida para a discussão fundamentada e séria, cada vez mais necessária, sobre
educação.

Referência Bibliográfica da Obra

Aires, Luís M. (2011). 19 Argumentos para Reconst(ruir ) a Escola Pública


Portuguesa.1ª ed., Lisboa: Editora Sílabo. ISBN 978-972-618-636-6.

Dados Biográficos do Autor

Luís M. Aires, é um homem com uma sólida formação científica, biólogo de formação e
vocação, é membro do Centro de Investigação em Educação da Faculdade de Ciências
da Universidade de Lisboa.
Sendo professor há vinte anos e tendo lecionado em diversas escolas secundárias,
conhece aprofundadamente as politicas introduzidas no ensino nas últimas décadas.
É autor de mais de doze livros na área da Biologia e da Didática das Ciências Naturais,
entre os quais alguns tiveram mais sucesso. É autor de Uma História da Matemática,
publicada em 2010 pela Sílabo, de Conceitos de Matemática, publicado em 2008,
também pela Sílabo, e colaborou na obra coletiva Fazer Contas Ajuda a Pensar?,
Publicada pela Porto Editora para a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Doutorou-se em ciências da educação, dando-lhe uma nova autoridade, autoridade essa,
que se junta ao seu vasto conhecimento da escola.

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Aires não é apenas mais um autor crítico, este conhece por dentro todas as doutrinas e
orientações educativas referentes ao nosso país.

Explicitação Objetiva do Assunto

Aires, acompanhando a administração do sistema educativo nas últimas décadas,


compila um conjunto de ideias que acredita serem uma boa resolução para o método
educacional atualmente instaurado em Portugal.
Nesta obra está subjacente a educação como temática, em que autor a divide em seis
capítulos, sendo que o primeiro fala sobre o Sistema de Ensino, com base em sete
argumentos, sendo eles, Programas, Metodologia, Inicio da Escolaridade, Ciclos de
Escolaridade, Turmas, Organização Horária e Tutela.
O segundo capítulo, o País, contem o monólogo e o argumento País.
Relativamente ao terceiro capítulo, o autor menciona os Alunos, argumentando os seus
direitos, Procedimento Disciplinar e Avaliação.
Os Professores, formam o quarto capítulo e, nele os argumentos sugerem a Formação
Inicial, acesso à Carreira, Avaliação, Formação Continua, Fim de Carreira e Sindicatos.
Já o quinto capitulo menciona os Manuais Escolares e, por ultimo, mas não menos
importante, o Argumento Final.
SISTEMA DE ENSINO
Argumento 1 – Programas: Neste primeiro argumento, o autor faz uma dura crítica ao
Ministério da Educação quanto às ideologias filosóficas sobre a educação em Portugal e
às formas de ensino “ Não fossem dogmáticos, os intervenientes instilariam algo valioso
e de impacto no sistema educativo. Assim, apenas podem vangloriar-se de um
exercício… fútil.” (Aires, 2011).
Para o autor, a escola ensina determinadas teorias não se preocupando em mostrar como
fazer uso prático dessas mesmas teorias, afirmando que … “tais escolas não são
concebíveis” (Aires, 2011, pp18), assim, a filosofia da escola pública é vaga, bem como
as linhas orientadoras dos professores pouco claras e com efeitos negativos. O que aqui
esta em causa não é um documento elaborado com uma série de fichas de trabalho (por
exemplo de matemática) com uma quantidade diversa de situações problemáticas, mas
sim, ajudar o aluno a compreender o porquê daquela sequência de exercícios de um
forma concreta simples e útil, através de manuais com uma linha de fundamentação

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coerente para ensinar todos os tópicos da matéria com uma abordagem bem definida em
que o professor terá sempre a última palavra.
Argumento 2 – Metodologia: Aires, defende que o ensino deve ser praticado de acordo
com o funcionamento do cérebro “Os alunos de hoje merecem uma educação exemplar
baseada na atual investigação sobre o cérebro. Isto não pretende sugerir que tudo o que
os professores e as escolas fizeram até aqui estava errado, mas sim que temos nova
informação … que pode melhorar a educação” (Aires, 2011, pp. 27).
Enumera também uma série de metodologias de acordo com certos princípios e valores
cientificamente fundamentados, tais como: permitir que os alunos projetem,
investiguem, apresentem; não dê respostas mas que faça perguntas; proponha resoluções
de problemas; peça para aprender; aprendizagens na base do movimento corporal:
manipular, escrever, mexer-se, entre outros…
É de fato deveras importante que, o docente, possa descobrir estratégias que possam ser
compatíveis com o cérebro, pois ajudará os alunos a aprender melhor que anteriormente.
Argumento 3 – Inicio da Escolaridade: Este argumento baseia-se essencialmente no
início de escolaridade, em que Aires sustenta que o inicio da escolaridade deveria
acontecer mais tarde (sete anos) e alargar o pré-escolar para dois anos (cinco aos sete
anos) “… devemos ponderar um arranque da escolarização aos sete anos de idade (…)
alargando a experiência pré-escolar para dois anos…” (Aires, 2011, pp.33).
Considerando que se deve dar à criança a oportunidade de amadurecer, a aprendizagem
académica inicial deverá ser aligeirada por meio de atividades simples e lúdicas,
cultivando e desenvolvendo a sua auto estima, confiança, autonomia e capacidade de
iniciativa, o autor afirma ainda que, “quando uma criança inicia o primeiro ano do
ensino formal sofre o risco de um forte sentimento de inferioridade e incompetência.
Que não o ignoremos.” (Aires, 2011, pp. 34)
Argumento 4 – Ciclos de Escolaridade: Este argumento é um pouco a continuação do
anterior, assim, a intensidade pedagógica atual, insiste na repetição de diversas matérias
em anos letivos diferentes, sendo a quantidade superior à qualidade de conhecimentos.
Conforme Aires, com um 1º ciclo de cinco anos, o 2º ciclo abrangerá as idades de doze
a catorze anos, terminando a escolaridade obrigatória com os três anos do 3º ciclo, os
professores e alunos poderão construir um trabalho com tranquilidade e enriquecimento
curricular. “assim, numa nova escola, haveria disciplinas obrigatórias, como língua
portuguesa, matemática, inglês, educação física, talvez filosofia e formação cívica, e
outras de frequência livre, organizadas em módulos semestrais.” (Aires, 2011, pp. 39).

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Relativamente às provas de aferição e exames intermédios nacionais, “ as primeiras
aferem e os segundos examinam, essencial e indignamente, o controlo emocional dos
alunos e a desigualdade de condições de aprendizagem.” (Aires, 2011, pp. 41), o autor é
completamente contra, para ele, este tipo de avaliação é injusta, existindo uma série de
outras formas – ao nível da organização do sistema de ensino, do papel da família e
comunidade, do funcionamento das escolas e do trabalho e avaliação na sala de aulas.
O autor refere ainda que, todos os alunos devem poder aprender o mesmo que os outros,
mas não é necessário aprender exatamente o mesmo e não da mesma maneira. Este
apenas defende o exame de acesso ao ensino superior “ os únicos exames ou provas de
conhecimento que moralizam o sistema escolar são os de acesso ao ensino superior,
dada a natureza especifica deste nível académico, a de formação profissional elistica”
(Aires, 2011, pp. 43”
Argumento 5 – Turmas Sobre turmas.Neste argumento, o autor argumenta que cada
turma deve ter o mínimo de alunos possível a fim de possibilitar aos alunos um ensino
de qualidade a todos “o expoente máximo é poder estar debruçada junto de uma criança
e com ela interagir calmamente (…) é possível… com turmas mais pequenas” (Aires,
2011, pp.45)
Argumento 6 – Organização Horária Aires argumenta que os últimos ministros
defendem que os alunos devem ficar na escola até os pais chegarem, uma ideia que,
considera completamente descabida e errada. Este defende que os alunos devem passar
menos tempo na escola e aulas com um horário mais leve, concentrando os alunos em
atividades paralelas na escola ou fora dela. Defende outro tipo de aulas, que convide à
participação dos alunos em atividades formativas paralelas mas igualmente valiosas.”
Uma diminuição do número de horas letivas por semana no 2º e 3º ciclo possibilitaria
subtrair algumas aulas às fases de menor rendimento do dia de trabalho” (Aires, 2011,
pp.49).
Por consequência, o autor critica também os professores de substituição, alegando que,
os alunos perante um professor que não conhecem, vêem as aulas de substituição como
um castigo, contudo, Aires expõe a ideia de que as aulas de substituição deverão ocorrer
somente à segunda falta de um professor e de um modo proveitoso, sendo estes
distribuídos por um clube, biblioteca, artes ou pesquisas documentais. No 3º ciclo, o
aluno teria a possibilidade de recusar a substituição, sendo esse fato comunicado ao
encarregado de educação.

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Argumento 7 – Tutela Este argumento baseia-se numa crítica à Ministra da Educação,
em que diz que a educação é sujeita a outros interesses (económicos, partidários e
pessoais) o modelo de educação é assim desadequada às novas realidades sociais e às
perspectivas de desenvolvimento nas próximas décadas.
Aires dá o nome de «painel» a um possível misto de assembleia e painel, neste estariam
disponíveis mecanismos para a oposição ao governo poder intervir na agendo do
mesmo, de modo a protegê-lo da demagogia.
O painel delegaria, assim, noutros intermediários as funções de: criar um gabinete de
planeamento e inovação educativa, recursos e meios necessários para a realização de
metas de aprendizagens, criar um departamento de estudos. Desapareceriam assim
alguns níveis intermediários como é o caso das DRE.
Este painel funcionaria enquanto não aparecesse uma melhor solução.
PAIS
“ Muitos pais são rudes e mal – educados, além de inábeis na educação dos seus filhos”
(Aires, 2011, pp. 57), o sistema de ensino falhou com eles e agora falha com os seus
filhos, porém, o autor refere que, ser pai é difícil, apenas se deseja o melhor para os seus
filhos, mais expõe que, não é culpa dos pais a escola que ainda vigora em Portugal.
Argumento 8 – Pais Neste argumento, Aires compõe que, para um comportamento
menos próprio por parte de um encarregado de educação deverá ser aplicado um
processo simples mas célere e, uma pena mais grave para quem agrida fisicamente um
professor, o oposto se apõe, quando existe um docente com um comportamento
reprovável face a pais.
Argumento 9 – Direitos Os direitos dos alunos passam por uma educação ponderada,
adequada, rigorosa e um papel ativo na construção do bem comum. Têm direito a um
ensino adequado de acordo o atual estado cultural.
ALUNOS
“ Têm o direito – para aprender e amadurecer – a ser penalizados, de forma equilibrada
mas exemplar, por incumprimento dessas responsabilidades” (Aires, 2011, pp. 65). Os
alunos têm direito a professores, funcionários auxiliares e a uma direção de escola que
suporte o seu crescimento ético, devem ser ajustados pela escola nesse sentido, isto se a
família não o conseguir. A educação dos jovens pressupõe regras e valorização da
autoridade que conduzirá a um ambiente escolar humanizado onde impere o respeito
pelo ritmo de aprendizagem de cada um, só assim terão a oportunidade de conhecer os
seus erros bem como estar dispostos a superá-los.

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Argumento 10 - Procedimento Disciplinar Este argumento refere os comportamentos
indesejados, sendo que a lista extensa por comportamento inadequado poderá ser
mantida, no entanto, o mais eficaz passa sempre pela prevenção.
Argumento 11 – Avaliação Neste argumento o autor expõe a sua ideia sobre a avaliação
dos alunos. Defende que a avaliação tem de deixar de ser vista como o “…consumidor
de um produto final” (Aires, 2011, pp.71) mas sim um parceiro no processo de
formação com conhecimentos uteis pela resolução de problemas com soluções novas e
criativas. O objetivo da avaliação é garantir que os alunos aprenderam para que os
professores possam planificar melhor a instrução “a avaliação não é o fim da
aprendizagem, mas um dos seus mais significativos catalizadores.” (Aires, 2011, pp.71).
Aires indica diversas formas alternativas de avaliação de acordo com as necessidades
dos alunos, podem estas ser formais ou informais, as formais através de registos dos
professores dando o feedback aos alunos, informal quando o professor através de
conversas dá de imediato o feedback aos alunos, promove a confiança ou competência
mal-intencionada. Assim, o feedback específico permite saber se aluno deve ou não
mudar de direção, bem como, fazer o feedback eles próprios através da reflexão e auto
avaliação. “Conseguir uma boa avaliação é desafio difícil mas sedutor. Ultrapassa-se
com a prática e… perseverança. Com um espirito sintonizado numa nova cultura
escolar” (Aires, 2011, pp75)
PROFESSORES
Argumento 12 – Formação Inicial O autor faz um relato de dois professores, com
diferentes maneiras de ensinar, que no seu entender, são maus professores. Defende que
não é a experiência que faz um bom professor mas sim a preparação que este adquire,
valorizando e pondo em prática essa mesma formação. De acordo com um ensino
compatível com o que se conhece do funcionamento do cérebro, ter-se-ia cursos de
mestrado com disciplinas para reforçar essa mesma preparação, tais como:
neurobiologia, psicologia cognitiva, do desenvolvimento e educacional, também a
sociologia, investigação educacional e a ética profissional seis ou sete disciplinas no
total, sendo que o mestrado ocupará o último ano do mestrado.
Argumento 13 – Acesso à Carreira “Os professores são os guias morais do país”
(Aires, 2011, pp 83), sendo que a tarefa de ensinar deve estar nas mãos dos melhores.
Um bom professor deve ter uma carreira bem estruturada, bom senso, bom desempenho
e motivação para a progressão, mas tudo isto não é satisfatório. Aires, defende que para
aceder à carreira, um professor deve ser submetido a uma qualificação mínima

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instituída: licenciatura e mestrado com um mínimo de quinze valores. Também um
candidato com 18 valores de média deve passar por uma prova geral escrita que vise
testar os conhecimentos gerais bem como disciplinas relevantes [as que foram
mencionadas no argumento anterior]. Um fator de peso será também a entrevista,
conduzida por psicólogos educacionais, onde se verificará qual o grau de inteligência e
motivação emocional por parte do candidato.
Argumento 14 – Avaliação A atual avaliação dos professores passa por uma série de
mecanismos entre eles a observação das aulas e a elaboração de um relatório de auto
avaliação, este obrigatório. O relatório pretende registar a contribuição do professor
para a satisfação dos objetivos e limites da escola. O professor deverá facultar ao
avaliador toda a planificação das disciplinas bem como os instrumentos avaliados na
avaliação dos alunos. “ a escala de cotação desses parâmetros é discreta, permitindo
apenas os valores 3 (insuficiente), 6 (regular), 7 (muito bom) e 10 (excelente)” (Aires,
2011, pp 88).
Aires, faz uma breve abordagem a este sistema avaliativo, começando pela auto –
avaliação, em que refere que o relatório poderá ser enviesado segundo o interesse do
próprio professor, contudo Aires, não propõe o término do referido relatório pois
acredita na sua utilidade em organizar e sistematizar informação ao avaliador.
“ … quanto devemos confiar nos resultados observacionais de uma aula que correu
mal?” (Aires, 2011, pp 89), o autor defende que não é de bom senso avaliar uma aula,
pois nem sempre uma aula corre como planeada, por diversos fatores… assim é muito
mais justo para um professor ser avaliada a planificação de uma aula, pois permite ao
avaliador perceber como o professor domina os parâmetros considerados importantes.
“ Quando um docente atinge um grau próximo da excelência num certo parâmetro, que
valor atribuir? Oito ou dez, que o nove não está disponível? Bem…, se o avaliador tiver
uma relação de amizade com o avaliado, a escolha será óbvia.” (Aires, 2011, pp91), na
prespetiva do autor, todo o cuidado é pouco, por isso é preciso agir com inteligência e
brio profissional dada a elevada complexidade da função. O avaliador nunca deverá
pertencer ao mesmo agrupamento que avalia, pois a neutralidade e imparcialidade são
fundamentais, aqui estará patente o possível enveziamento de resultados.
Argumento 15 – Formação Contínua O autor menciona a formação contínua como
uma falha para o ensino público, pois ainda vai muito de encontro aos interesses dos
formadores, ao contrário dos centros de formação que se preocupam com os professores
elaborando um plano que se adapte às necessidades de cada um.

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Visto a tutela ter como obrigatória a formação contínua deveria ser mais pró - ativa do
que tem sido até então, traçando metas e objetivos e fazendo-os cumprir por parte dos
centros e professores, organismos facilitadores que permitissem a implementação do
plano traçado, estabelecendo parcerias institucionais bem coordenadas com
universidades e empresas bem como recrutando os melhores formadores.
Argumento 16 – Fim de Carreira “Quando devem os professores terminar a sua
carreira” (Aires, 2011, pp 99), este argumento baseia-se essencialmente na reforma dos
professores. Aires, reprova a idade da reforma ser tão tardia pois o envelhecimento é
constituído por perda de aptidões físicas e mentais, impaciência, falta de concentração e
de memória. Sendo que ensinar subentende um certo nível de empatia entre quem
aprende e quem ensina, a empatia será maior em proporção à diferença de idades entre
professor e aluno.
“Imagina prémio mais justo, para aqueles que mais se destacaram ao longo de 40 anos
de trabalho, que a assessoria à direção de uma escola?” (Aires, 2011, pp 100), é de
louvar um professor com mais de 40 anos de serviço ser convidado para a direção de
uma escola e terminar a carreira de uma forma mais digna do que confrontar alunos e
professores com o chamado “choque de gerações”.
Argumento 17 – Sindicatos Nesta argumentação o autor começa por afirmar que nunca
foi sindicalizado, desvalorizando um pouco o papel dos sindicatos perante o Ministério
da Educação. Para a reformulação da tutela educativa é necessária a criação de uma
Ordem dos professores, pois esta é mais poderosa e credível “Não vemos os médicos,
engenheiros ou advogados a manifestarem-se na rua” (Aires, 2011, pp 101) “… não é
com um armamento ligeiro (berros e cartazes) que faremos frente à artilharia pesada do
ministério da Educação.” (Aires, 2011, pp 101).
Aires, defende que qualquer problema que haja com os professores é um problema que
abrange toda a sociedade, o que os professores necessitam é de uma organização
defensora dotada de meios financeiros e estratégicos que possua poder decisivo perante
os políticos, autarquias, pais, sistema de saúde, artes e cultura.
Existindo uma Ordem profissional, os professores poderão ocupar-se com mais
tranquilidade do seu trabalho sabendo que estão em mãos idóneas que zelarão pelos
seus interesses.
MANUAIS ESCOLARES
Argumento 18 – Manuais Escolares Neste argumento o autor defende a elaboração de
sebentas à medida de cada escola, julga ser uma boa alternativa aos manuais escolares,

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visto também serem mais baratos. Segundo o ponto de vista de aires “ a utilidade dos
manuais escolares reduzir – se – à significativamente. Subsiste o papel de colocar nas
mãos dos alunos diversos textos de leitura e trabalho num único volume.” Refere
também a importância da internet onde consta vários artigos embora coloque algumas
dificuldades na tradução e adaptação dos textos para a língua portuguesa. Será também
de mencionar que os professores ao se reformarem aos 60 anos poderão produzir
materiais didáticos, fichas de trabalho e apresentações em PowerPoint. Serão uma
alternativa viável e credível aos manuais escolares, respeitando sempre a programação
nacional de conteúdos.
ARGUMENTO FINAL
Argumento 19 – Argumento Final Reprovar ou não reprovar eis a rev (s) olução
(Aires, 2011). Apresentando-se como um bom conhecedor da realidade escolar
portuguesa, Aires defende que deve ser abolida a reprovação até ao fim do «2º ciclo» (8ª
ano de escolaridade), alegando que o tempo na escola vivido entre os 12 e os 14 anos
destina-se a apoiar o desenvolvimentos moral e emocional dos jovens dessa idade,
altura em que formam uma identidade sexual, definem valores e ideais, entendem
melhor o ponto de vista dos outros e solidificam as suas capacidades de interação social.
É necessário fazer emergir tendências académicas e capacidade de liderança, fazendo
com que os alunos se envolver em atividades comunitárias, sendo importante a inclusão
dos alunos em projetos dentro e fora da escola, estes devem ser motivados e elogiados.
É de facto muito pertinente a criação de atividades intelectuais que despontem na
adolescência, para que desenvolvam processos cognitivos, usem a imaginação e
adquiram capacidades para resolver problemas.
“A escola tem a responsabilidade de apoiar o progresso e estabilização do
desenvolvimento cognitivo dos 12 aos 15 anos de idade, onde o desempenho em cada
(mau) passo pode comprometer o que se lhe segue” (Aires, 2011, pp 115),
consequentemente, uma boa escola pública é a que desperta interesse, auxilia e orienta,
assim, o melhoramento da escola leva ao fim a reprovação.

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Análise Critica

“Tenho consciência que esta obra é imperfeita e inacabada” (Aires, 2011, pp 119)
Nesta obra o autor faz uma crítica à escola pública portuguesa e aos seus métodos de
ensino, é essencialmente um manifesto que tem como objetivo dar visibilidade a
algumas experiências sociais relacionadas com o sistema educacional formal. Embora a
considere inacabada, decide pô-la em circulação, pois no seu entender, é urgente e
prioritário. É assim, o resultado de uma investigação exaustiva, em que Aires apela aos
que defendem esta causa, bem como, aos inevitáveis críticos.
Aires, expõe uma «escola» idealizada por si, onde impera o respeito, a responsabilidade
e o profissionalismo; a sensibilidade e apoio aos problemas dos jovens, o reajuste dos
currículos adaptando-os às idades correspondentes. Nesta «escola» os alunos aprendem
e os professores fazem-se ouvir, existe um espirito aberto onde a partilha e os debates
predominam.
É sem reservas morais que o autor considera desnecessário o atual desempenho do
Estado nacional em matéria educativa, afirmando excessiva, inconsequente e
contraditória, dando como exemplo, a reprovação, “Chumbar um rapaz duas vezes no 7ª
ano, por exemplo, equivale a decretar uma saída para breve no ensino regular” (Aires,
2011, pp 115), o que se aprende entre os doze e os quinze anos é muito vago e pouco
determinante para o futuro dos alunos, e como relata “ Pessoalmente, não me recordo do
que aprendi nesses anos…” (Aires, 2011, pp 114) está aqui patente a debilidade do
sistema educativo e do seu modelo de gestão das escolas.
Aires, defende um ensino compatível com aquilo que se conhece sobre o
funcionamento do cérebro, ou seja, os conteúdos programáticos devem ser elaborados
para que se adaptem a cada aluno tendo em conta as suas diferenças e limitações,
embora todos possam aprender produtivamente dentro dos limites considerados
saudáveis.
Fazendo um breve enquadramento sobre a educação atual e corroborando com Licínio
C. Lima (1986-2006), a Lei de Bases do Sistema, criada em 1986, estabelece o quadro
geral do sistema educativo, que garante a formação de todos os jovens na vida ativa.
A mesma Lei, visa também uma nova constituição do sistema educativo, que
compreende a educação pré-escolar, a educação escolar e a educação extra – escolar,
onde autonomia das escolas e a sua gestão participativa são expressamente afirmadas.

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Tem como objetivo reparar problemas estruturais bem como ultrapassar atrasos e
estagnações que remontam ao séc. XIX.
Subentende-se então, que Portugal, atravessa uma fase muito complicada, o estado
evidencia cortes orçamentais, sendo que a nível da educação e, contrariamente à Lei de
Bases, estão patentes diversas greves e manifestações, não só por parte dos professores
mas também por muitos jovens alunos que se vêm obrigados a frequentar a escola até ao
12º ano (atual escolaridade obrigatória).
Estas medidas educativas instituídas pelo Estado só têm vindo a reunir um conjunto de
fatores que fomentam a discordância na educação portuguesa.
Aires, refere então que existem métodos que promovem a memorização, a resolução de
problemas e a colaboração. Com efeito, os professores devem ajudar os alunos a
alcançar objetivos, transmitindo-lhes o que precisam saber permitindo uma avaliação
autêntica e clara.
Do ponto de vista de Aires, gastasse mais em educação do que a maioria dos países
europeus e, ainda assim somos dos países com taxas mais altas de abandono e insucesso
escolar. É fundamental investir numa educação de qualidade, em que o objetivo seja
fazer funcionar mais eficazmente o sistema instaurado e refletir sobre o que se poderá
melhorar em Portugal a nível de educação.
“… na educação, tal como na vida, não é o sucesso alcançado que nos define como
pessoas; é o caminho que nos permite percorrer para lá (tentar) chegar.” (Aires, 2011,
pp 117).

Contributos da Obra

É sem dúvida uma obra bastante pertinente, pois “obriga” a quem a lê ou analisa refletir
sobre um tema tão essencial na nossa sociedade. A educação tem um papel
indispensável para o desenvolvimento do ser humano, pois o que aprende se reflete nos
rendimentos individuais.
Assim, através da educação, do acesso à cultura, da interiorização de valores e através
de outras variadas formas, a escola tem vindo a formar as crianças e jovens para a sua
inserção na sociedade.

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Esta obra é um contributo para uma reforma no sistema educativo, com novas
perspetivas de trabalho e tarefas que contribuam para a construção de alicerces
consistentes em contexto social e educativo.

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Referências Bibliográficas

 Aires, L. M. (2011). 19 Argumentos para Reconst(ruir ) a Escola Pública


Portuguesa.1ª ed., Lisboa: Editora Sílabo. ISBN 978-972-618-636-6;

 A Educação em Portugal. Consultado no sitio


http://inclusaoaquilino.blogspot.com/2009/01/educacao-em-portugal-1986-
2006-alguns.html, em 12-01-2012;

 http://www.fcsh.unl.pt/~cceia/images/stories/PDF/educare/cegueira.pdf,
consultado em 30-12-2011.

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