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um movimento em curso
Blog do Sociofilo
Apresentação
Neste texto, dedico-me não aos vários pós-coloniais, mas a uma de suas
linhagens, o chamado “giro decolonial” latino-americano. Importará, sobretudo,
notar como, na América Latina, a tradição cogniscitiva existente exigiu, a par
das demandas das novas subjetividades e da evidência da “racialização” da
subalternidade posta pelo pós-colonial, a consideração da longa trajetória do
pensamento marxista no continente e das lutas concretas aqui travadas pelo
direito à terra e aos frutos da terra por contingentes populacionais, não menos
em torno de um ideal de integração a se opor ao imperialismo do Norte.
Modernidade-Colonialidade-Decolonialidade
Nos anos 1960 e 1970, uma complexa rede de intelectuais no exílio latino-
americano deu especial vasão a um pensamento crítico e criativo que remontava
a ideais como os de Martí. Podemos mencionar a relevante Teoria da
Dependência, em verdade, teorias da dependência[1]; a Filosofia da Libertação,
Considerações Finais
Ao insistir nas ligações entre o lugar da teorização (ser de, vir de e estar em) e o
lócus de enunciação, estou insistindo em que os loci de enunciação não são dados,
mas encenados. Não estou supondo que só pessoas originárias de tal ou qual
lugar poderiam fazer X. Permitam-me insistir em que não estou vazando o
argumento em termos deterministas, mas no campo aberto das possibilidades
lógicas, das circunstâncias históricas e das sensibilidades individuais. Estou
sugerindo que aqueles para quem as heranças coloniais são reais (ou seja, aqueles
a quem elas prejudicam) são mais inclinados (lógica, histórica e emocionalmente)
que outros a teorizar o passado em termos de colonialidade. Também sugiro que
a teorização pós-colonial relocaliza as fronteiras entre o conhecimento, o
conhecido e o sujeito conhecedor (razão pela qual enfatizei as cumplicidades das
teorias pós-coloniais com as “minorias”). (MIGNOLO, 2003, p.165-6)
Referências
MARTÍ, José. Nuestra América. In: Leopoldo Zea, (Org.). Fuentes de la cultura
Latinoamericana. Tomo I. México: Fondo de Cultura Económica, 1993, p. 119-
127.
SANTOS, B. S. (Org.). 2006. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia
das emergências. In: ______. Conhecimento prudente para uma vida decente:
um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo: Cortez, p. 777-821.
Notas
[1] A história de Portugal, mesma exige uma nova versão do conceito geopolítico
de “sul” visto que Santos (2006) pauta seu discurso na
diferença/subalternidade da Ibéria em face do que se chama mais amplamente
de meta narrativa moderna.