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29/11/-1 - 20:53

Automação em caldeiras Tratamento de água – Parte 1

Do início do século até os dias de hoje, as pesquisas para o tratamento de água para caldeira desenvolveram-se
muito. Aqueles métodos arcaicos, utilizando telhas entre outros artefatos, foram substituídos por produtos
devidamente analisados e exaustivamente testados. Os equipamentos e instrumentos para o processo de
tratamento da água da caldeira também acompanharam esse progresso. Este artigo foi desenvolvido a partir de
materiais de fornecedores e estudos de tecnologias como a Osmose Reversa.
É necessário dar uma especial atenção à água destinada às caldeiras para que elas tenham um bom funcionamento
e longo tempo de vida útil. De um modo geral, a água contém impurezas como matéria orgânica, compostos
minerais em suspensão ou dissolvidos e gases. Assim, uma água que apresenta boas qualidades para uso doméstico
ou para alguns processos industriais pode não apresentar boas características para emprego nas caldeiras. Neste
artigo, serão apresentadas informações sobre as impurezas que a água pode apresentar, quais são os problemas
que o tratamento inadequado da água traz e como deve ser esse tratamento.

Composição da água

A água é, em geral, um excelente solvente para substâncias inorgânicas e orgânicas. É também um bom meio de
transferência de calor, para processos de aquecimento e resfriamento. Por esse motivo, a água é essencial em
muitos processos industriais como meio de aquecimento, resfriamento e transporte de resíduos.

A água na sua forma líquida é encontrada na natureza sob duas condições:

-águas de superfície (mares, rios, lagos e lagoas);


-águas subterrâneas.

As águas de superfície são instáveis, apresentam altos teores de STD (sólidos totais dissolvidos) e SS (sólidos
suspensos), elevados teores de matéria orgânica e temperatura variável. As águas subterrâneas, por sua vez, são
estáveis, apresentam menores teores de sólidos em suspensão e de material orgânico, e têm temperatura constante.
Do ponto de vista químico, a água é um composto cuja molécula é formada por dois átomos de hidrogênio e um de
oxigênio, ou seja, H2O.

Impurezas da água

A água, como todo elemento da natureza, apresenta uma série de impurezas, entre as quais podem ser citadas:

-gases dissolvidos como o oxigênio, o dióxido de carbono e o gás sulfídrico, cuja solubilidade na água diminui -com
o aumento da temperatura da solução;
-sólidos em suspensão;
-sólidos dissolvidos.

Existe uma infinidade de substâncias que podem estar dissolvidas na água, dependendo da origem de sua captação.
As principais impurezas que podem estar contidas na água e que, se não forem removidas, podem afetar a
qualidade da água da caldeira são: os sulfatos, a sílica, os cloretos, o ferro, o gás carbônico, a amônia, o gás
sulfídrico, o oxigênio dissolvido, etc.

Os sulfatos (SO4-2), geralmente de cálcio (Ca), sódio (Na) e magnésio (Mg), apresentam concentração na faixa de
0,5 a 200 ppm. O grande inconveniente para as caldeiras é a precipitação de sulfatos insolúveis, cuja solubilidade
diminui com o aumento da temperatura.

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A unidade ppm (parte por milhão) indica o teor de determinado soluto em uma solução. Essa unidade é
equivalente a mg/litro, ou 1g/1000 l.

A sílica (SiO2--) está presente normalmente como ácido silícico (H4SiO4) e na forma de silicatos solúveis (SiO4-4)
em concentrações variando de 01 a 100 ppm. Nas caldeiras, isso pode gerar incrustações bastante duras, de difícil
remoção. Sua solubilidade no vapor aumenta com a pressão da caldeira, podendo provocar depósitos em
superaquecedores e nas palhetas de turbinas.

Os cloretos (Cl-) quase sempre estão presentes na forma de cloreto de sódio (NaCl), de cálcio (CaCl2) e de
magnésio (MgCl2), em concentrações bastante variáveis, desde 10 até 250 ppm. A corrosividade de um meio está
associada à concentração de cloretos. Até certos tipos de aços inoxidáveis são afetados pelo cloreto. O ferro (Fe)
geralmente está presente como bicarbonato de ferro (Fe(HCO3)2), em concentrações variáveis, podendo alcançar,
embora raramente, os 100 ppm. Muitos problemas estão associados com a presença de ferro na água. A formação
de depósitos e óxidos em caldeiras e linhas de distribuição pode se dar em água com altos teores de ferro. Uma
particularidade deste depósito é a sua porosidade, permitindo que produtos corrosivos se concentrem sob estes
depósitos, provocando rápida corrosão. O manganês apresenta os mesmos inconvenientes do ferro.

O gás carbônico (CO2) encontra-se dissolvido na água bruta superficial, em teores que variam de 2 a 15 ppm.
Também se origina da decomposição de bicarbonatos. O principal problema é a corrosão em tubulações de ferro e
cobre, preferencialmente nas linhas de retorno de condensado.

A amônia (NH3) apresenta-se, algumas vezes, dissolvida na água bruta em concentrações que podem variar até 20
ppm. Às vezes, pode estar combinada na forma de compostos orgânicos. A amônia corrói o cobre (Cu) e suas ligas,
presentes em condensadores.

O gás sulfídrico (H2S) provoca corrosão nas superfícies metálicas e pode estar presente na água de alimentação por
conta desta absorvê-lo do meio ambiente. Provoca também a decomposição do sulfito de sódio (Na2SO3) e a
contaminação do sulfito de sódio por sulfeto (Na2S).

O oxigênio dissolvido (O2) está presente em teores máximos de 10 ppm. Sua presença é bastante prejudicial aos
equipamentos, uma vez que é corrosivo ao ferro e ligas de cobre. Sua remoção é necessária quando a água se
destina à alimentação de caldeiras. No processo corrosivo, o oxigênio atua como despolarizador catódico,
mantendo as reações em andamento.

O oxigênio pode ser removido, dependendo das condições de pressão da caldeira, por meio da injeção de produtos
químicos (sulfito de sódio e hidrazina, por exemplo), ou com a instalação de desaeradores ou, em muitos casos,
com a combinação de ambos.

Conseqüências das impurezas da água

A água é um dos principais insumos para o funcionamento de uma caldeira. Para que o desempenho do
equipamento seja o melhor possível, é necessário que a água seja previamente tratada, a fim de ter suas impurezas
retiradas.

Os sólidos em suspensão, por exemplo, podem causar a formação de depósitos nos trocadores de calor e nas
caldeiras. Eles podem provocar, também, uma ação erosiva que irá causar desgaste das superfícies metálicas em
pontos isolados dos equipa-mentos, uma vez que a erosão retira o filme protetor formado pelos agentes
anticorrosivos. Se a concentração de sólidos dissolvidos na água exceder o coeficiente de solubilidade, existe o
perigo potencial da formação de depósitos nas paredes dos equipamentos. Quando o tratamento da água da
caldeira é inadequado, esses fatos trazem conseqüências como a corrosão, a incrustação e o arraste.

Corrosão

Corrosão é a deterioração de um material, geralmente metálico, decorrente da ação química ou eletroquímica dos
agentes contaminantes existentes na água. Ela pode ser acelerada como resultado do ambiente no qual esta água é
captada, e pode ser associada ou não a esforços de natureza mecânica.

A corrosão pode ter várias causas. Ela pode ser, entre outras, eletroquímica, galvânica ou bimetálica, por oxigênio,
por aeração diferencial ou por concentração diferencial. Na caldeira, a corrosão é resultado do ataque provocado
pela água e substâncias agressivas nela existentes. As substâncias mais comuns que causam a corrosão nas
caldeiras são: oxigênio e outros gases dissolvidos na água, sais (cloretos de cálcio, magnésio, etc.) e ácidos.

O grau de corrosão que esses agentes causam depende de fatores como:

-tipo de metal;
-condição da superfície metálica;

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-grau de deposição sobre o metal;


-temperatura;
-concentração de oxigênio;
-pH;
-sólidos suspensos;
-sólidos e gases dissolvidos;
-contaminantes no retorno de condensado, se houver.

O efeito da corrosão é o desgaste progressivo que reduz a espessura da parede dos tubos, podendo provocar sua
ruptura no final. É importante notar que a corrosão não fica restrita somente à caldeira; pode ocorrer também nas
linhas de vapor e de retorno de condensado.

Incrustação

A incrustação é um conjunto de formações cristalinas que se depositam na superfície dos tubos. Ela é resultante de
compostos que antes estavam em solução com a água e, se não forem removidos, provocam uma redução na taxa
de transferência de calor nos locais nos quais se formou o depósito.

Isto ocorre porque a condutividade da incrustação é muito menor que a do material dos tubos e tem efeito isolante.
Conseqüentemente, a temperatura do lado oposto ao da incrustação atingirá valores que podem afetar a resistência
mecânica do tubo e causar sua ruptura.

As substâncias mais comuns encontradas na água e que provocam incrustação são os carbonatos de cálcio,
compostos de magnésio, sulfato de cálcio, sílica e silicatos, fosfatos, compostos de ferro e cobre. Dizemos que uma
água apresenta dureza, quando a mesma apresenta sais de cálcio e magnésio. Em função da dureza da água, será
determinado o tipo de tratamento para cada aplicação.

As incrustações podem ainda ser aumentadas se a água contiver sílica em suspensão. A sílica forma incrustações
muito resistentes, praticamente impossíveis de serem removidas.

Para um perfeito controle que evite a solidificação dos elementos que formam as incrustações, independentemente
das descargas de fundo determinadas pelo laboratório, o operador poderá realizar uma descarga de fundo para
remover os sólidos a cada 4 horas.

Os depósitos causam uma série de problemas que interferem no desempenho do equipamento. São eles:

-redução ou perda da capacidade de transferência de calor;


-perda de produto devido a operação deficiente;
-parada de equipamento;
-aumento da demanda de água e do custo de bombeamento;
-elevação dos custos de manutenção;
-redução da vida útil do equipamento;
-redução do poder dos inibidores de corrosão.

As incrustações e outros depósitos devem ser controlados por meio da limitação de concentração das substâncias e
materiais formadores de depósitos. Isso é conseguído por meio de tratamento com produtos químicos, tais como:

-agentes quelantes: EDTA (ácido etilenodiaminotetracético);


-polifosfatos;
-ésteres de fosfatos;
-fosfonatos;
-dispersantes.

Arraste

O arraste é a passagem de água em uma mistura entre a fase líquida e a gasosa, junto com o vapor para o
superaquecedor e o sistema de distribuição de vapor, carregando também sólidos em suspensão e material
orgânico. Essa mistura geralmente contém materiais insolúveis, prejudiciais ao processo.
Este fenômeno pode ocorrer por razões mecânicas ou químicas. As razões mecânicas podem ser provocadas por
danos no aparelho separador de vapor, pelo nível de água elevado, pelas condições de carga excessiva ou projeto da
caldeira.

As razões químicas podem ser a presença de carbonato de sódio, sulfato de sódio, cloreto de sódio, matéria
orgânica (óleo, graxas, etc.) ou sólidos em suspensão.

A tabela 1 apresenta o resumo dos problemas causados nas caldeiras pela água.

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T.1 – Problemas causados nas caldeiras pela água.

Indicadores analíticos de condições de utilização

Há vários indicadores que determinam as condições de utilização de uma determinada água na caldeira. Eles são:
pH;

-alcalinidade;
-condutividade;
-solubilidade;
-saturação;
-supersaturação/precipitação;
-dureza total.

Grau de acidez

O pH indica o grau de acidez ou da alcalinidade de uma solução. Ele é um indicador das características de
deposição ou dispersão da água de alimentação da caldeira. A determinação do pH indica a concentração de íons H
e OH presentes na solução.É a grandeza que indica o caráter ácido (H), alcalino (OH) ou neutro de uma água
(figura 1).

F.1 Grau de acidez

Alcalinidade

A alcalinidade é a capacidade de neutralizar um ácido. A água permite a neutralização ou redução de suas


características ácidas. Esta propriedade é devida à presença de hidróxidos (OH), carbonatos (CO3) e bicarbonatos
(HCO3) na água de alimentação. A alcalinidade inadequada pode provocar incrustação e liberação de CO2, além da
formação de espuma.

-A alcalinidade pode ser medida como:


-Alcalinidade total: carbonato + bicarbonato + (hidroxila)
-Alcalinidade parcial: hidroxila + ½ carbonato
-Alcalinidade hidróxida: hidroxila.

Condutividade

A condutividade é a capacidade que a água tem de conduzir a corrente elétrica. A água pura não é um bom
condutor de eletricidade, porém se forem dissolvidos nela sais ou outros materiais (dissociados ou ionizados), a

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capacidade da água para conduzir a corrente elétrica aumenta. A maior ou menor facilidade com que a corrente
atravessa uma solução depende do número e espécies de eletrólitos. Quanto mais próximo do zero o valor da
condutividade, menor a quantidade de impurezas (unidade = mho . cm-1) presentes na solução.

Solubilidade

Solubilidade é a capacidade de uma substância se dissolver em outra. As impurezas presentes na água podem ter
seu grau de solubilidade modificado, dependendo de fatores tais como o aumento do pH, que reduz a solubilidade
do CaCO3 e de outros componentes que contribuem para problemas no tratamento de água. A redução do pH, por
sua vez, aumenta a solubilidade da maioria dos solutos na água. A única exceção é a sílica em caldeiras. A tabela 2
mostra a classificação da dureza total.

T.2 – Classificação da dureza total.

Ciclos de concentração

Os ciclos de concentração auxiliam no controle da formação de incrustação, na conservação da água, na limitação


dos efluentes e na redução de custos resultantes do tratamento químico. O número de ciclos de concentração é a
relação existente entre a concentração de um componente na fase líquida do sistema e desse mesmo componente
na alimentação.

Em outras palavras, o número de ciclos de concentração é a medida do grau com que os sólidos dissolvidos estão
sendo concentrados. Os parâmetros mais usados nos ciclos de concentração são os cloretos, os sólidos totais
dissolvidos e a sílica. Por exemplo: um teor de sílica na água de alimentação de 20 ppm contra um teor de sílica na
água da caldeira de 50 ppm pode significar que há contaminações no processo, ou que a descarga de fundo não está
sendo realizada.

Bibliografia

BUCKMAN Lab. Ltda. Introdução ao tratamento de águas industriais. Por Luiz W. B. Pace. Campinas, 1997.
TECNIPLAS TUBOS E CONEXÕES LTDA – Estudo para implantação de OSMOSE REVERSA SPIRAX SARCO –
Sólidos Totais Dissolvidos
Curso de tratamento de água ministrado na PETROBRÁS

*Oiriginalmente publicado na revista Mecatrônica Atual - N 15 - Abr/04

Copyright © 2013 Editora Saber Ltda. Todos os direitos reservados.

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