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Manual de terapias cognitivo

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Patrícia Picon
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
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Resenha

Resenha

Manual de terapias cognitivo-


comportamentais
Keith S. Dobson (org.)
Porto Alegre, Artmed, 2006, 2ª edição

Patrícia Picon*
* Mestre em Epidemiologia, Harvard University, Boston, EUA. Doutora em Psiquiatria, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto
Alegre, RS. Professora adjunta, Faculdade de Medicina, Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), Porto Alegre, RS.

Keith. S. Dobson, PhD, é professor titular e diretor como dos avanços na avaliação da eficácia de seus
de Psicologia Clínica do Departamento de Psicologia modelos de intervenção, como menciona em seu
da Universidade de Calgary, em Alberta, Canadá. É prefácio. O editor salienta a importância das inovações
pesquisador nas áreas de depressão e psicoterapia das psicoterapias cognitivo-comportamentais e refere
cognitivo-comportamental, com mais de uma centena que o livro reflete esse crescimento. O objetivo da obra
de publicações. No presente livro, por ele organizado, é o de abordar as terapias cognitivo-comportamentais a
uma versão atualizada da primeira edição de 1988, partir de uma perspectiva teórica, fugindo do modelo
Dobson reúne os trabalhos de 23 autores da área da de livro em que os transtornos psiquiátricos servem
psicoterapia cognitivo-comportamental. Os autores como organizador para a exposição de tratamentos
são provenientes de renomados centros acadêmicos diferenciados. A idéia é a de explorar o crescimento dos
dos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. Entre eles, vários modelos cognitivo-comportamentais,
podemos destacar Aaron T. Beck e Robert J. DeRubeis, fornecendo um arcabouço conceitual atualizado aos
da Universidade da Pensilvânia; Albert Ellis, do leitores interessados.
Instituto Albert Ellis de Terapia Comportamental Dobson considera como psicoterapia cognitivo-
Racional-Emocional de Nova York; Larry E. Bleutler, comportamental aquela intervenção que se baseia no
Roslyn Caldwell, Joan Davdson T. Mark Harwood e modelo mediacional, ou seja, em que uma mudança
Jacqueline B. Persons, da Universidade da Califórnia; cognitiva deva mediar ou levar a uma mudança
Windy Dryden, da Universidade de Londres; e Kirk R. comportamental. Destaca que algumas psicoterapias
Blanstein e Zindel V. Segal, da Universidade de têm enfoque mais cognitivista, outras mais
Toronto. comportamentalistas, mas que todas buscam
Como pesquisador e clínico no campo das mudanças adaptativas e que a avaliação de resultados
psicoterapias cognitivo-comportamentais, Dobson segue sendo fundamental. Dobson reconhece a
teve a oportunidade, nas últimas duas décadas, de considerável resistência para a implementação de
testemunhar o crescimento da riqueza clínica, assim práticas psicoterápicas de base empírica, mas apóia o

Correspondência: ppicon@terra.com.br.
Copyright © Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul – SPRS

342 – Rev Psiquiatr RS. 2007;29(3) Rev Psiquiatr RS. 2007;29(3):342-343


Resenha

atual movimento de utilização de critérios empíricos pacientes. Assim, recomendações relacionadas à


para indicação das diferentes psicoterapias cognitivo- freqüência e à duração do tratamento, o grau de
comportamentais. direcionamento, o foco em sintomas ou pensamentos
A primeira parte do livro trata de questões esquemáticos e a atenção a cognições quentes
conceituais e tem cinco capítulos: fundamentos (carregadas de emoção) poderiam ajudar a aumentar os
históricos e filosóficos das terapias cognitivo- efeitos da terapia cognitiva.
comportamentais; avaliação cognitiva: processos e Na segunda parte do livro, temos seis capítulos
métodos; a formulação de caso cognitivo- que descrevem as terapias de autocontrole, de
comportamental; cognição e ciência clínica: da resolução de problemas, cognitivo-comportamental
revolução à evolução; e a integração entre as terapias para crianças, racional-emotiva, cognitiva e variedades
cognitivo-comportamentais. O capítulo cinco foi de construtivismo em psicoterapia.
escrito por Larry E. Beutler, T. Mark Harwood e Roslyn Segundo Abreu & Roso, as concepções
Caldwell, que discorrem basicamente sobre as cognitivas construtivistas pressupõem que o trabalho
diferentes abordagens ecléticas das psicoterapias da significação encontra-se, primeiramente,
cognitivo-comportamentais. Os autores descrevem o subordinado à influência das emoções, e não à dialética
ecletismo casual como a abordagem mais praticada, da razão. Nessa concepção teórica, o funcionamento
porém a menos sistematizada. Referem que o da mente não só reflete o mundo exterior, mas também o
integracionismo teórico é amplamente praticado, mas, transpõe, atribuindo significados que, muitas vezes,
por ser muito abstrato, encontra dificuldades para não são originários do estímulo em si. Assim, a
proporcionar orientação clara e prática para a realidade interna será vista como fundamentalmente
implementação de protocolos de tratamento. O derivada do modo como cada individuo sente
ecletismo sistemático, por outro lado, pode sofrer por emocionalmente o mundo, e não só como o concebe de
ser limitado e muito ateórico. No transcorrer do maneira racional. No construtivismo, as emoções
capítulo, os autores propõem que os fundamentos encontram um papel mais central e precedem a
teóricos e práticos das psicoterapias cognitivas e construção racional da percepção do mundo e de si
cognitivo-comportamentais, em particular a terapia mesmo que o sujeito tem, como preconiza a teoria
cognitiva de Aaron Beck e seus seguidores, cognitiva desenvolvida por Aaron Beck, onde as
proporcionam a estrutura teórica e a plataforma de emoções são derivadas dos padrões de pensamento
técnicas necessárias para desenvolver intervenções que, pautados nas crenças, direcionam a maneira como
ecléticas estratégicas e passíveis de mensuração. as pessoas interpretam as situações a que estão
A terapia cognitiva foi desenvolvida por Aaron expostas2.
Beck, na Universidade da Pensilvânia, no início da Nesta segunda parte do livro organizado por
década de 60, como uma psicoterapia breve, Dobson, os capítulos são escritos ou pelos
estruturada, orientada para o presente, para a idealizadores das diferentes abordagens cognitivo-
depressão, direcionada para a resolução de problemas comportamentais, como Aaron Beck e Albert Ellis, ou,
atuais e para modificar comportamentos disfuncionais. ainda, por destacados conhecedores de cada uma
Desde então, Beck e seus seguidores vêm adaptando dessas terapias. Todos os capítulos trazem revisões
com sucesso essa terapia para um conjunto abrangentes, que incluem, além de aspectos históricos,
surpreendentemente diverso de populações e a descrição de modelos teóricos, principais técnicas e
desordens psiquiátricas, mantendo seus pressupostos resultados de pesquisas de eficácia, com dados
teóricos básicos1. atualizados.
No referido capítulo cinco do livro organizado por
Dobson, seus autores salientam, ainda, a necessidade
de ampliar a especificidade dos procedimentos das Referências
psicoterapias cognitivas e cognitivo-comportamentais,
através de uma maior integração dos mesmos a 1. Beck J. Terapia cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed;
1997.
dimensões como o nível de limitação, resistências, 2. Abreu CN, Roso M. Psicoterapias cognitiva e construtivista: novas
estilos de enfrentamento e nível de perturbação dos fronteiras da prática clínica. Porto Alegre: Artmed; 2003.

Rev Psiquiatr RS. 2007;29(3) – 343

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