You are on page 1of 9
O AINDA INDISPENSAVEL Diretto ECONOMICO* Gilberto Bercovici 504-0 Anos INoIsrensAveL Distro EcoNOwIcO Cada perfodo histético possui sua prépria consciéncia das estreitas rela~ ‘Gdes entre direito e economia. O modo de produgao capitalista’, destaca Eros Grau, um modo essencialmente jurfdico, ou seja, 0 direito ¢ um elemento constitutivo deste modo de produgio. O direito do modo de produsio capi~ talista é racional e formal, caracterizando-se pela universalidade abstrata das, formas juridicas e pela igualdade formal perante a lei, refletindo a universali- dade da troca mercantile buscando garantir a previsio e a calculabilidade de comportamentos. O direito é também uma condigio de possibilidade do sistema capitalista, nfo é um elemento externo, O mercado no € uma “or- dem espontinea”, natural, embora o discurso liberal sustente essa visio, mas é ‘uma estrutura social, fruto da histéria e de decisdes politicas e juridicas que servem a determinados interesses, em detrimento de outros. A reflexio sobre 0 direito econémico propriamente dito surge apenas com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Isto nao significa que 0 direito econdmico esteja vinculado apenas a0 declinio do liberalismo ou & intervengio® do Estado, A questo € muito mais complexa, pois a especifi- cidade do direito econ6mico diz respeito, como afirma Clemens Zacher, 2 emancipagao de formas tradicionais do pensamento juridico. Todas as difi- culdades em identificar 0 objeto e as relagdes do direito econdmico geram a simplificagio de sua caracterizagio como mais um “ramo” do direito ou como um conjunto de normas ¢ instituigdes juridicas que regulam ¢ diri- gem o processo econdmico, perdendo assim, segundo Vital Moreira, a es- 1 aaa concepgdes de stems econdmica e de modo de produ wilizadas neste taba Iho, vide Antonio Jo Avelas NUNES, Os Sktomas Econdmicos, emp, Coimbra, Coimbra Ed, 1994, pp. 10-14 e 24.25 2 Anttinio Jost Avelis NUNES, Nogéo € Objecto da Economia Police, Coimbra, Livraria ‘Aimedina, 1996, pp. 68.70; Eos Robeto GRAU, “O Direto Posto e © Direto Pressuposta” in 0 Direto Posto © 0 Direto Pressuposo, 5* ed, Sto Paulo, Malheios, 2003, p. 65; Eros Roberto GRAU, *O Direito do Modo de Predugso Capialita« a Teoria da Regulacio" in © Drreto Posto © 0 Dirto Pressupeto cit, pp 118-126 e Dimi DIMOU, “Fundaren- tagio Consitucional dos Pracestoe Econdmicos: Relexdes sobre o Papel Econdmico do Direto” in Ana Lucia SABADELL; Dimi DIMIOULIS & Laurindo Diae MINHOTO, Diet Social, Regiagao Econdmica ¢ Cri do Estado, Rio de Janeiro, Revan, 2006, pp. 127-138 Sobre a ordem juries do capitalisme, vide, especialmente, Vital MOREIRA, 4 Orden Juridica do Captalsme, 3° ed, Coimbra, Centslha, 1978, pp. 67-131. Para um levantamen to de vii eolas que debatem as clades ene dato e economia, vide Norbet REICH, Mark und Recht Theor und Pass dee Wieschafrechs In der Bundesepublk Deutschland, ‘Newwied/Darmsiat, Luchterhand, 1977, pp. 29-64. Sobre 0 debate em tno da natura Jundica do mercado, vide Natali IRT, LOrdine Ciundico del Mercato, 4 ed, Roma, {terza, 2001 © Marthe TORRE-SCHAUS, fa) sur Canttuction Jorciue de la Catégorie dde Marché, Pais, .G.},, 2002. 3. Sobre 0 caritrideolgico da expresso “intervene 30 do Esato", vide ros Roberto CRAU, A Ordem Ezondmica na Consitucao de 1988 (nterprtacdo e Crtica), 8 ed, S30 Paulo, Malheiras, 2003, pp. 62-65 e 82-83. Neste trabalho, a utliza insimament, come singrimo de “auiag30 do Estado”. Gusearo Beecovi - 505 pecificidade do direito econémico, que vem de sua historicidade. O direito econdmico 86 pode ser compreendido no contexto em que surgit e, neste contexto, esti vinculado também a idéia de constituigo econémica'. Justamente por surgir em um contexto de crise ¢ de revisio dos métodos juridicos tradicionais, o direito econdmica tem enormes dificuldades em set classificado como mais um “ramo” do direito. A divisio do direito em “ramos” especializados é fruto do positivismo juridico do século XIX ¢ a adogio do chamado “método exclusivamente juridico”. O sucesso da concepgio de direito romano-burgués e do paradigma cien- co formalista ¢ privatista da escola de Savigny coincide com o triunfo da burguesia, no mais revolucionsria, na Europa. A razo juridica burguesa era considerada inerente & forma juridica. A Escola Historica, a partir de 1840, praticamente abandona as suas explicagdes histéricas ¢ organicas ¢ se preocu- pa com a construco de um sistema de direito privado que garanta a calcula~ bilidade e a racionalidade do direito. A construgio do direito é entendida como abstrata ¢ formal. A Pandectistica busca reaproximar os juristas ale- mies da legislagio, seguindo a concepsio de ciéncia juridica de Savigny, mas abandonando sua visto unilateral contriria lei. O direito legislado passa a ser entendido também como fruto da evolugio historica da experiéncia juti~ ica. O passo final para a construco do sistema de direito alemo vai ser dado com o primado da l6gica formal da chamada Jurisprudéncia dos Conceitos (Begrifjurisprudenz). Os conceitos so entendidos como modelos formais dotados de coeréncia légica interna, que constituem a base do dircito objetivo dos institutos. A. tarefa do jurista € vincular o direito objetivo (jnstitutos) ao direito formulado (normas), com o sistema jurfdico ultrapassando, assim, a ‘mera vigéncia das normas emanadas pelo legislador. Como afirma Walter ‘Wilhelm, 0 método exclusivamente juridico jé esté formulado ¢ configurado de forma completa na metade do século XIX*. 4 Clemens ZACHER, Die Enstchung des Wischatsrechts in Deutschland: Wheschafsrecht, Witschefsvealamgsecit und Winschatvertsnng in der Rechtswissenschat der Weimaret Republi, Bsin, Deke & Humblet, 2002, p. 1320 e Vial MOREIRA, Economia ¢ Constu: Para 0 Conceta de Contacto Econémica, 2 ed, Coimbra, Coimbra Ed, 1979, pp. 63-65 Vide, snd, Heine MOMNHAUPT, “Zum Veal und Dilog zwischen Valkowirschalehre Und’ Rechtswiscenschaf. im 1 Jabibundert in Jean Frangols KERVEGAN & Heinz MOHNHAUPT lors), Wirtichat und Winschatheorien in Rechtpeschiche und Pibsophiey Feonomie et Thsones Economiques en Histor dy Dro t en Philosophie, Frankur-am-n, ‘or Klostermann, 2004, p. 137. Sobre a cetalidade da ila de constuican economia, vide também Dime! DIMOU, “Fundareniago Constucional dos rocesios Feonémicos: Retlexdes sobre o Papel Econteico do Direto™ ct, pp. 121-122. 5 ide, por todo, Fabio Kander COMPARATO, °O Indispensivel Direto Econémico", Revs ta dos Trbunais 1 353, So Pavlo, RT, margo de 1965, pp. 25-26, 6 Waller WILHELM, Zor jurstichen Methodenlshre im 19. fahshundert: Die Merkunft der 506 O Arnon InowseensAves. Diteito Econdwico Neste processo, que é também o da consolidaso do constitucionalismo, Giovanni Tarello destaca as similaridades entre a codificago do direito priva- do € a codificagio constitucional. A concomitancia de ambos os processos ppermitiria que a atvidade do jurista passasse a ser uma atividade téenico- ‘cognitiva, nao mais pritico-valorativa, O jurista se tornou um téenico, muito mais do que um politico. Esta tecnicizagao da profissio juridica, segundo ‘Tarello, acabou desresponsabilizando o jurista politicamente”. Nao por aca- 0, a idéia de um direito politico vai ser paulatinamente substituida e neutra~ lizada por um direito constitucional, nogio originisia do século XIX. Inserida neste movimento, foi criada a cadeira de ‘droi¢ constitutionnel” na Universida- de de Paris, pela ordenanga de Guizot de 22 de agosto de 1834, assumida pelo italiano Pellegrino Rossi. A partir de entio, 0 uso da expresso ‘droit constitutionnel” se tornou mais freqiiente e, aos poucos, substituiu a expres- sho ‘trie politique’, em um esforgo de “juridificagao” da discipline Embora nfo tenha sido publicista, Savigny influenciaré fortemente a cons~ trucio do direito piiblio e da teoria juridica do Estado, especialmente a partir da obra de Carl Friedrich von Gerber e, posteriormente, de Paul Laband. Sua ‘metodologia juridica vai permitir que se reconduza 0 poder politico no terreno cspecificamente juridico, em conformidade com os modelos do direito privado. A teotia juridica do Estado, assim, nasce da doutrina juridica dominante no século XIX, com a transposigio do método juridico de Savigny e da Pandectis- tica do direito privado para o direito piblico. Os publicistas alemies, que, pos- tcriormente, iro influenciar seus colegas no resto do continente europeu, buscam. compreender toda a esfera da politica e sua dindmica em formas juridicas, par- tindo do pressuposto de uma identificagdo organicista entre Estado e Vol, sem conflitos. 5 uma estratégia deliberada de contengio da deciséo politica com a elaboracio de um modelo de Estado perfeitamente juridico, entendido como ‘Mchade Paul Labands aus der Pevatrechtswissenschaf, Frankfurt am Main, Vittorio Klostermann, 1958, pp. 70-87 « 121-128; Franz WIEACKER, Prvatrechtspeschichte der [eure unter besondbrer Bercksichigung der deuschen Entwicklung, rimpr. da * ed, Gottingen, Vandenhoeck & Ruprecht, 1996, pp. 389-402 e 430-443 ¢ Ems Wollgang BOCKENFORDE, "Die Historische Rechtschule und das Problem der Geschiehichkeit des Rech" in Recht Stan, Freteit ~ Studien zur Rechtsphilowophie, Suatstheort und Verassungsgeschiche,Frankfut am Main, Sulvkamp, 1991, pp. 23-26. 7 Giovanni TARELLO, storia dela Cua Giuridica Modema: Asiolusmo e Codicaziane dol Dino, rstampa, Bologna, II Mulino, 2000, pp. 22-26 8 Nelion SALDANHA, Formagio da Teoria Cansttuctonal, 2 ed, Rio de Jancito, Renovar, 2000, pp. 119-120. 9 Pellegrino ROSS), Cours ce Orit Constiatonnel ~ Frofess ala Faculté de Dra de Pas, Paris; Librairie d@ Guilaumi, 1886, vol. |, pp. LULL, LXIV e 69, Vide também Jean” Louis MESTRE, “Les tmplos Intin de FExprestion ‘Dro Consitalonnel, Revue Fangae de Drot Constiasionnel« 55, Paris, PUR, 2003, pp. 471-472, Gupexr0 Bercovcs-507 dotado de personalidade jurfdica. A personalidade juridica do Estado dé coe- réncia ¢ credibilidade a todo o sistema de diteito pablico. O Estado é soberano ¢ limitado a0 mesmo tempo”. A teoria européia do final do século XIX é uma teoria estatalista¢ libe~ ral de direitos ¢ liberdades fundamentais. A visio comum de Estado de direito era a da tutela dos dircitos e liberdades a partir do direito positive estatal. A idéia predominante na doutrina politica européia do século XIX era a da supremacia da lei. A lei era entendida como proveniente da Nacio, representada no Parlamento. A lei garantia os direitos e deveria ser obede- ida também pelo Estado, personificagao juridica da Naso", que se confi- gurava em Estado de Direito, ou seja, o Estado que obedece ao direito posto por este mesmo Estado, A questo da unidade politica estava resolvi~ da. Os direitos, entio, se fundam no ato soberano de auto-limitacio do Estado (Selbstuerpflichtung des States), ou seja, 20 criar 0 direito, o Estado obriga-se a si mesmo e, ao se submeter ao direito, também se tora sujeito de direitos ¢ de deveres". O direito administrativo prevalece, em um pro- cesso de despolitizasto ¢ cientificizacao, sobre a ciéncia da administracio, especialmente a partir da figura central, na Alemanha, de Otto Mayer". O 10 Walter WILHELM, Zur jrisischen Metherlenlcbre im 19. jarhundert cit, pp. 17-69; mst Wollgang DOCKENFORDE, “Die Historische Rechisschule und das Problem der Geschichtlchkeit des Rechts” cit, pp. 23-27; Mauriaio HORAVANT,“Savigny la Sense Dino Pubblico del Dicannovesimo Secolo” in La Scienza del Dirt Pubbice: Datne delo Stato della Costturione ra Oto ¢ Novecento, Milano, Gite, 2001, ol ly pp. 3. 2; Mauriio FIORAVANT, “Il Dibatito sul Metodo e la Cosruzione ell Tests Clues elo Stato" in La Scienza del Ditto Pubblico cit, wl. 1. pp. 2363 « Diver JOUANIAN, Une Hise deb Pens Jrdique en Allemagne (1800-918): Idealism ee Conceptual ‘chez les Jurstes Alemands du Xe Siete, Paris, PUF, 2005, pp. 35 6 208206 11 Vide, por todos, Adhémar ESMEIN, Elements de Oro Consttuionnel Francais et Comparé, 6" ed, Pals, Srey, 1914, ps 12 Anténio Manuel HESPANHA, Culando a Mao Invisivel: Diets, Estado © tet no Uberaismo ‘Monérquico Portugues, Coimbra, Almedina, 2004, pp. 196-196, 13, Georg JELLINEK, Allgemeine Statslehre, reimpr. da 3* ed, Darmstadt, Wissenschatliche Suchgesellchat, 1960, pp. 169-172, 182-183, 367-975 ¢ 380.99, 14 Michael STOLLEIS, Geschichte des afentichen Rechs in Deutschland, Miinchen, Verlag CH, Beck, 1992, vol. 2, pp. 403-410 e Michael STOLLEIS, "Die Entstehong, dee Interventionstaates und das afenliche Recht” in Kansttution und intervention: Staion {2 Geschichte des eentichen Rechts im 19, Jahrhundert, Frank am Win, Suhrkarsp, 2001, pp. 263-275, Apesar de todas as mudangas ocorridas no decorter do seule KX 6 ieto adminisrativo continua preso aos mestnos modes iberais do século KIX, conce bbendo o Estado como um inimigo. Nests temos, fundados na tsSo Estado sociedad (emercad), a Gnica trea do diet adminsvativo parece sr, para imonsa malo dos administrativistas, a defesa do individuo conta 0 fstado. Ci tras Roberto CRAU, -O {tado, a Liberdad o Diteito Adminisratvo” in © Ditto Posto e 0 Direto Presuposto Cit, pp. 257-264, Além do direto adminisatvo, na dito tbutaia também preveces, ainda, a mesma mentaidade. Vide, neste sentido, Jost Maria Arruda de ANORADE, Inter pretasdo da Norma Tributéia, S30 Paulo, MP Ealtora, 2006, pp. 101-113, 508 - © Anon Inorsrenshvet Ditto Econowco sufrigio é entendido como exercicio de uma fungao publica, ¢ a forga da lei tornava desnecessério qualquer controle de constitucionalidade™’. O discurso liberal do século XIX, ao negar as vinculagées entre direito € economia, impossibilitava o discurso sobre umn direto econémico™, No entan- to, além de terem ocortido virios debates sobre as relagles direito ¢ economia, pode-se afirmar que comegou 2 se estruturar no final do século XIX, com as transformagdes advindas da revolugio industrial, uma espécie de, na expressio de Michael Stolleis, “Wirschaftsrecht avant la lettre”, muito marcado pela crise € mudangas do direito privado tradicional e focado em tomo da empresa”, Deste modo, Heinrich Lehmann, 20 escrever, em 1913, 0 ensaio “Grundlinien des deutschen Industrierechts”, talvez. tenba sido apenas o pioneiro na ordenagio do material de uma discussio que jé vinha ocorrendo na ‘Alemanha hé algum tempo. Lebmann tinha na indiistria e na economia industrial 0 centro de suas preocupagies e buscava nelas a possibilidade de alteragio do direito privado tradicional, com a proposta de criagio de uma nova disciplina juridica em torno da idéia de indkstria. Lehmann propée, assim, a compatibilizagio entre interesses publicos e privados tendo em vista a tarefa de organizagio da nova economia industrial Com a Primeira Guerra Mundial, os Estados envolvidos sio obrigados a se reestrutura,justificando a ampliagio dos poderes do executivo em todos 1s paises. Ampliagio esta que, em principio, era provis6ria”, com base em 15 Mawiaio FIORAVANTH, Appund a Stora delle Costuzion’ Moderne: Le bert Fondamerta, 2 ed, Torino, C. Giappichell Edtore, 1995, pp. 116-131 16 Vial MOREIRA, Economia & Constucio ci, pp. 58.59. Vide também Ein Rudolf HUBER, Wirschatsvewatungsecht, 2 ed, Tabinge, IC 8. Mohs Paul Seek), 1953, vol, pp. 37. 17 Michael STOLLEI, Ceschichte des afentichen Rechts in DeutseMland cit, 1999, ol. 3, pp. 226228. Vide, ainda, Clemens ZACHER, Die Faistehung des Witschatsrechts ia Deuischland cit, pp. 20-23. Para as discusses sobre as elagbes dietoleconomia desen- volvidas pela Escola Historica da Economia alema (Historischen Schule. der Nationalikenomie), envolvendo autores como Friedrich List e Gustav Schmelle, vide Heinz MOHNHAUPT, "Zum Verhalnis und Dialog zwischen Voliswinsehatdohve und Rechiswisenschaft im 19. Jashundert™ cit, pp. 132-161. Um outro exemplo de ator do séeulo XIX preocupado com as vinculagies ene economia editeta € Lorenz von Sti, ‘Vie, nese sentido, ulien FREUND, “Poltique et Economie selon Lorene von Stein in Roman SCHNUR (org), Steat und Geselschat: Studien aber Lorenz van Stein, Bein, Duncker & Humblt, 1978, pp. 125-147 18 Ems Rudol! HUBER, Winschafsverwaltungsrecht ct, vol 1, pp. 4-5; Michael STOLLETS, Geschichte des efenticten Rech in Deutschland ci, vl. 3, p. 227 « Hendrik SANDMANN, Die Fasuckung von Begrf und inhale des Wirchaferecht Gorch de Rechtwisenecha ‘er Weimarer Republik, Frankfurt ar MalnNew York, Peter Lang, 2000, pp. 21-25, 19 Herbert TINGSTEN, Les Peis Powvos: Expansion des Powous Couverementaux Pendant ec Ages la Grande Cuore, Par, Libaie Sock (Publiations du Fonds Descartes), 1934, Pp. 7-8 e Domenico LOSURDO, Demecrazia 0 Sonaparismo: Tonto « Decadenza Del Sulrapio Universal, Torino, Bolla Boringher, 1993, yp. 160-162 e 227-333, Gnsenro Bercowia - 509 leis extraordindrias de delegacio de plenos poderes, propostas em virtude da situasdo de emergéncia nacional acarretada pela guerra. Os plenos pode- res, € a mobilizagio militar e econémica deles decorrente, modificaram 2s relagdes entre executivo ¢ legislativo, ao contririo do que ocorria tradicio- nalmente com o estado de sitio. No entanto, a extenstio dos poderes de excesio foi muito além do pretendido, com as necessidades impostas pela cconomia de guerra, as delegacdes de plenos poderes ¢ a militarizagéo do estado de sitio, o que ocasionou, especialmente no tiltimo periodo do con- flito, uma ditadura de fato. Com a crise da Primeira Guerra Mundial, 0 estado de sitio € os plenos poderes passaram, segundo Rossiter, de institui- oes repressivas a instituigdes preventivas”. ‘Como primeira “guerra total” da hist6ria, a Primeira Guerra Mundial exige ‘uma mobilizagio nunca antes vista de todas as forgas econdmicas e sociais dos paises envolvidos para o esforco bélico. Eraa organizago do quese convencionou chamar de “economia de guerra”. O direito, segundo Vital Moreira, € progressivamente chamado a cobrir zonas cada vez mais extensas da vida econdmica”. E do periodo da guerra o livro de Richard Kahn, Rechisbegriffé des Kriegswirtschaftsrecht, de 1918, em que se trata de um direito econémico da guerra. Ou seja, para Kahn, o direito econémico ¢ um direito excepcional, de guerra, voltado para a organizagio da economia de guerra. Além da énfase na centralizagio econdmica e no planejamento, também era preocupagao de Kahn, e de outros autores, como Ernst Heymann (cujo livro, Die Rechtsformen der militérischen Kriegswirtschaft als Grundlage des neuen deutschen Industrierechts, € de 1921), ambos provenientes do direito civil, as mudangas profundas 20 Herbore TINGSTEN, Les Pleias Rowvots cit, pp. 15:57; Clinton ROSSITER, Consitational Dictatorship: Crisis Goverment in the Modem Democracs, reimpe, New trunswckondon, Transacion Publishers, 2002, pp. 91-116; Hans BOLDT, Rechisast und Ausnahmesustond: ne Studie Uber den Blagerungezutand als Ausrahmne stand des birgetichen Revhstates im 19. Jahrhunden, Berlin, Duncker & Humblot, 1967, pp. 23 # 195-210 e Michael STOLLEIS, Geschiche dex Ofentichen Rechts in Deutschland cit, vol. 3, pp. 57-61 21 Vital MOREIRA, A Orndem Jurisica do Captalimo ch, pp. 86-97 & 121-131. Vide tambo Fabio Konder COMPARATO, “O indispensivel Dieta Econdmico® ci, pp. 15-16. Sobre © Intervenconismo esata, "economia de guera", gerado pela Primera Guerra Mundi vie John Maynard KEYNES, “O Fim do ‘LalsezFare™ in Tarnés SZMIRECSANY oro Maynard ey Sto Paulo, Aica, 1984, p. 118; Benard CHENOT, Organisation Economique de Vat, ed Pars, Daloz, 1965, pp. S16 Gen BRUGGEMEIER, Enehong des Rechts im organisierten Kaptazmus: Materaien 2um Winschaftirecht, Frankfurt Main, Syndikat, 1977, vol. I, pp. 84-80; Michael STOLLEIS, "Die Enistehung des Inceveronsiates und das ofenliche Recht” cit, pp. 276-280; Regina ROTH, Stat und Wirschatt. im Eston Wellkrieg: Krlegsgeselechaften als Krlegewicischalliche Steuerunsinsrumente, Belin, Duncker & Humblot, 1997, pp. 28-39 «120-390 e Clemens ZACHER, Die Enttehung de Witschafrechts in DeutcBland cit, pp. 24-34. 22. Emst HEYMANN, Die Rechiformen der miltaichen Kriegewitschaf as Grandlage des neven deutschen Indusvievechs, Matbutg, N- G. Ehversche Veragsbuchhandlung, 1921, bp. 23:73 © 132-156 310-OAinoa InpispensAvel DiRETO ECONOMICO softidas por virios setores do diteito privado e a preponderiincia cada vez maior, desde a guerra, do direito pablico. Como nfo seria mais possfvel uma volta 20 passado, estes autores sugerem solugées intermediérias, como um direito ‘econdmico apenas de guerra ou um direito industrial. Apés a derrora militar na guerra, a revolusio também chega & Alemanha, ‘com a composigao espontinea de conselhos de trabalhadorese soldados, disp tados por social-democratas ¢ comunistas, ea queda da monarquia. O govemo republicano provissrio do partido social-democrata (SPD) aceita os conselhos ‘como estruturas transitéria, que deveriam dar lugar assembléia nacional cons~ fituinte”, Vitoriosos os social-democratas, o campo teérico da esquerda alema ser dominado pelas concepgdes de Rudolf Hilferding. © capitalismo finan~ ceito de Hilferding é visto como o desenvolvimento da teoria marxista no sen tido da concretizagio de sua estratégia revoluciondria no contexto do processo de concentragdo ¢ centralizacao do capital. Seria uma aplicagio de Marx a his- {ria concreta do inicio do século XX. Sua preocupasiio com 0 papel do Estado dante dos conglomerados legitima a atuasio da social-democracia alema. Em bora se apdie em Lassalle, ao destacar 0 Estado como o érgio consciente da sociedade, Hilferding destaca sempre a diferenga entre as tarefas democritico- burguesas ¢ as tarefas profetirias da revolugio, embora ache posstvel implantar © socialismo pelo movimento de massas demoerético, no apenas pela via revo- lucionria*®. Com a supressio da livre concorséncia pela concentragio de capi- tal, a dominagao burguesa passa a necessitar de um Estado politicamente poderoso para garantir 0 mercado nacional ¢ se expandir em busca de novos mercados. Os conglomerados, assim, representariam o interesse do capital pelo fortalecimento estatal, unificando o poder econdmico e aumentando seu poder de pressio perante o Estado™. Para Hilferding, a tarefa do proletariado € a luta 23, Eis HEYMANN, Die Rechsfonnen der mitinachen Kregevitschah als Gundlge des neven euschenIndusierechs ep. 623 156-227; Michal STOLLES, Gosche des eichen Rechts in Deutschland cit, val. 3, pp. 65.71; Hendrik SANDMAN, Die Entwicklung von Bega und Inhalt des Wischafrechts durch de Rechiswiseneca in der Weimaer Ropu cit, pp. 27-28, 50-51 @ 94-95 « Clemens ZACHER, Die Entehung des Witschafireens in ‘Deutchnd cit, pp. 4-38, Sobre a crise do dc privad,iniciada ho final do séclo XK tomada expla com a era, vide Franz WIEACKER,Priauechtsgeschichte der Newaot ct, Dp. 543.557 « 619-625 e Franz WIEACKER, Dirto Brvato e Soci! Indusisle, Napoli, EdizoniScientliche laine, 1903, especialmente pp. 45-72, 24 Rupert EMERSON, State and Soverelgty in Modern Germany, reimpr, Wespot, Hyperion Pres, 1979, pp. 217-228, 25 Cora STEPHAN, “Geld- und Statsheorie in Hillerdings ‘Finanzkapta’: Zum Verhltns von bkonomischer Theose und poiischer Sategie”, Cevelichat~ Botrige aur Maraschen Theorie 2, Frankfur-am-Mai, Subekamp, 1974, pp. 112-119, 26 Ruch HILFERDING, Das Finanzkapital, reimpe. da 2* ed, Franktut-am-Main, Euoptische Vetlagsansalt, 1973, vol. 2, pp. 406-407, 453-857 e 460-462 Guserto Bercovicr- 511 pela desapropriagio da oligarquia que controla o capital financeiro, atuando por meio do Estado, que deve ser controlado pelos trabalhadores como meio de encerrar com sua exploragio econdmica. Assim, 2 conquista do poder politico pelo proletariado é condigdo de sua emancipacio econémica”. Deste modo, apés a guerra, o objetivo para a social-democracia, segundo Hilferding, € tomar Estado e organizar o capitalismo para implantar a democracia econdmica e iniciar a transi¢ao no rumo do socialismo”. Neste contexto de ebuligéo social, o resultado seri uma alteracio pro- fanda nas estruturas constitucionais ¢ estatais. A. constituigo de Weimas, de 1919, no representa mais a composigio pacifica do que jé existe, mas lida com conteiidos politicos ¢ com a legitimidaide, em um processo conti niuo de busca de realizagio de seus contesidos, de compromisso aberto de renovagiio démocritica, que visava a emancipacio politica completa ea igual- dade de direitos, incorporando os trabalhadores ao Estado. Nao ha mais constituigées monoliticas, homogéneas, mas sinteses de contetidos concor~ rentes dentro do quadro de um compromisso deliberadamente pluralista. ‘A constituigio € vista como um projeto que se expande para todas as rela~ 50es sociais. O conflito ¢ incorporado ao texto constitucional, que néo re- presenta mais apenas as concepg6es da classe dominante, pelo contrizio, toma-se um espago onde ocorre a disputa politco-juridica”. Com a constituicgdo de Weimar e seu “Estado econémico” (‘Wirtschaftstaat’), para Ernst Rudolf Huber, a posiséo privilegiada do direito econémico teria se consolidado™. Afinal, j4 em 1919, Walter Rathenau afirmava que ‘a Economia é nosso destino” (“Die Wirtschaft ist unser Schicksal”). Para ele, a partir da guerra, o Estado precisaria se pronunciar 27 Rudolf HILFERDING, Das Finanzkapial cit, vol. 2, pp. 503-507. 28 Rudolf HILFERDING, Die Aufgaben der Soxaidemotratc in der Republik, Bedi, Protooll Sozlaldematetisches Pateitag Kiel 1927, 1927, pp. 2, 7-11, 14 © 20.21. Vide, ainda, Cilbero BERCOVICI, Consito @ Estado’ de Excorz0 Pormancnte: Aualidade de Weimar, Rio de Janeiro, Azougue Editorial, 2004, pp. 51-6. Para um levantamento do pensamento ds autres vinculatos 2 social democraciasobve o dro econdmico e 0 “direto social” (Soziareehe), vide Clemens ZACHER, Die Ensttung des Wirechaterchts im Deutschland Cit, pp. 142-149 185-188 29° Detlev J. K. PEUKERT, De Weimarer Republik: Krisratve der Hasschen Modem, rim, Frankiut am Main, Sublamp, 2002, pp. 47-52, 6061, 133-137 e 269 e Gilberto BERCOVIC) CConstugao © Estado de Excegio Permanente ct, pp. 25-50. principal inovaco das nowas onstituigBes S80 08 ditetos socials. Vide Boris MIRKINE-GUETZEVITCH, les Nowell: Tendances du Droit Constetionnel, Pais, Marcal-Giard, 1931, pp. 35-43, 85-108 e 112 115; Fabio Konder COMPARATO, A Afmacio Hitrca dos Dietos Humanes, Si Paulo, Saraiva, 1999, pp. 180-190 ¢ Carlos Miguel HERRERA, “Estado, Constituclon y Derechos Sociales”, Revista Derecho de! Estado nt 15, Bogot, dezembo de 2003, pp. 82-85. 30 mst Rudolf HUBER, Winschafsverwaltungsreche ct, vol. 1, pp. 67 '512- O Aina Inpisrensaver DiRT ECONOMICO politicamente cada vez mais sobre a economia, que deixa de ser privada para se tornar um problema de toda a comunidade (“Gemeinwirtschaft?), com 0 objetivo final da democracia ¢ da igualdade**, Desde o periodo imediatamente posterior a Primeira Guerra Mundial, hé, assim, um debate doutrindrio gigantesco em torno das concepgses de ireito econémico. Meu objetivo, aqui, nao é fazer um levantamento destas distintas visdes”, mas tratar das mais influentes ou comuns, visando desta~ car a contribuigio dos autores brasileios neste tema. Durante o periodo de Weimar, nos meios juridicos privatistas, o civilista Justus Withelm Hedemann utilizaré a expresso “direito econémico” (‘Wirtschafisrecht’) pela primeira vez como uma nova disciplina juridica. ‘Nio se trata mais de uma disciplina transitéria ou excepcional, como 0 Aireito de guerra, e nfo € uma disciplina limitada & organizacio da economia em torno da indistria. E uma nova concepsio do papel do Estado e do ireito em relagio A economia, entendendo a dimensio econémica como clemento de especificidade do direito contemporneo. Para Hedemann, 0 dircito econdmico nao pode ser limitado a um tradicional “ramo” do direito, mas tem um papel que transcende as vis6es juridicas limitadas, sendo imprescindivel para compreender todo o sistema juridico™. ‘Também com uma visio ampla de direito econdmico, 0 francés Gérard Farjat o entende como uma disciplina que ultrapassa as categorias juridicas ‘tradicionais, abrangendo o objeto de virios “ramos” clissicos do direito. Desta forma, 0 direito econémico nio seria pablico ou privado, mas teria surgido justamente da decadéncia desta dicotomia™, 31 Heinz MOHNHMAUPT, “Zum Verhalnis und Dialog zwischen Volkswinschafslehee und Rechtsisenscatt im 19. ahrhunden” ci, pp. 129-131 « Clemens ZACHER, Die Etthung es Wirschatsrechts In Deutschland cit, pp. 42-47. De Walter Ratheray, vide, ene ‘outros, texto "Die neve Gesellschaft in Schriften und Reden, Frankturtam-Maln, 5, Fischer Verlag, 1964, pp. 278-358. Sobre poltica econdmica do perado da Repablica {be Weimar (1918-1933), marcado elas crises profundas do primeito por guerra © da grande depressio mundial de 1925, vide Ger BRUGGEMEIE, Entwicklung det Rechts ‘rganbierten Kapltalsus cit, vol. 1, pp. 283-290 e Theo BALDERSTON, Eeongmics and Polcs inthe Weimar Repub, Cambedge, Cambsidge University Pres, 2002. 32, Levantamento ese, lis, que j fi feito de mancira bem exaustiva por Modesto Cavalhost fem seu lito Modesto CARVALHOSA, Diteto Econdmico, $0 Paulo, RT, 1973, 33, Justus Wilhelm HEDEMANN, Oeusches Witschatrecht: fin Grandes, Beto, Junker und Dtinnhaupe Verlag, 1938, pp. 14-16. Sobxe Hedemann, vide FSbio Konder COMPARATO, 0 Indispensivel Dieo Econdmico” cit, pp. 18-18; Hendrik SANOMANN, Die Enoiclong von Begriff und inalt des Wirschaforechts durch cle Rechtswiksenschaft in der Weimarer Republik cit, pp. 32-33, 8-61, 100-102 « 115-118 + Clemens ZACHER, Die Fnstehung ‘des Wieschaftsrechs in Deutchland cit, pp. 53-56, 69-70, 182-185, 295-296 « 320-321 34 Gérard FARIAT, Ore Economique, Pais, PLE, 1971, pp. 9-21 ¢ 379.429. Em sentido proxi ‘mo, vide os esa de Mario Longo," Dirito del ézanomia nella Recente Datina”« "Per Guserro Bercova -513 No Brasil, o magistétio pionciro de Washington Peluso Albino de Souza defende que a autonomia doutrinal do direito econémico como um “ramo” do diseito™ nao surge do objeto de suas normas (intervengio estatal, empresa, etc), ‘mas da qualidade econdmica dessas normas (principio da economicidade)*: ‘Direito econtmico €0 ramo do diveito que tem por objeto a regulamentaio da polt- tea ecomimica e por sujite 0 agente gue dela participe. Commo tal é um conjunto de rnormas de contetido econémico que assegura a defsa e harmonia dos interesses indivi dduais ecoletivas, de acordo com a ideologia adotada na ordem jurtdica. Para tanto, uutiliza-se do ‘principia da economicidade” ™. A axtonomia do direito econémico, inclusive, estaria formalmente assegurada pelo disposto no artigo 24, Ida Cons- tituisio de 1988%, que elenca o direito econdmico como uma das matérias de ‘competéncia concorrente entre a Unio e os demais entes da federacdo. Simbes Patricio também defende a autonomia do direito econdmico como “ramo” jurfdico, dada a necessidade de uma redefinicao juridica dos novos equilibrios de poder entre o Estado e os demais agentes econdmicos, advindos do aumento qualitativo da intervensio estatal na economia e de seus objetivos de transformar ou adaptar o sistema econdmico. Em sua opinido, o direito econdmico deve ser estruturado como a disciplina juridi- tuna Costuzione del Dito del"tconomia: Spun Problematic", ambos publiados o fo ‘atlo LONGO, Sage Cre a Ointt de eanoms: Problem di Pate Cencae iano, Gis, 1965, pp. 37-80, Cabal de Moncada crea a concepiao de Fras amano ae fi definigso de dro econinico revela uma auncla de consid Capay deine 2a 9 que realmente seria o dreio econdmico. Cr. lus 5. Cabral de MONCADA, Dito Econsmico, 2 ed, Coimbra, Coimbra Ei, 1988, pp. 1011. Inimeror autores vio etsy, oma Fata, que o dreito econdmico teria superado a ditingso clistca sete peice? ire privao, Vide, por exerplo, Washington Peliso Albina de SOUZA, Primes titas de Ditto Econdmico, ed, 389 Paulo, Ut, 1994, pp. 2627 © 5-92} Sides PATRICIO, Invodusio a0 Dieto Econémico, Lisboa, Mista das Fnangas, 1982, Pp. 6774 35. Washington Peluso Albino de SOUZA, Prieta Linhas de Dreto Econémico ct, pp. 40 7, No mesmo sentido, enendendo 0 ieito econtmica como um novo “rane? do Aireto, vide Ricardo Antonio Lucas CAMARGO, Breve Intoducio ao Direto Economic, Poo Alege, Sergio Amoni Fabs Editor 1993, pp. 9-16 6 37-58. 36 A economicidade, para Washington Peluso Albino de Souza, 6 um instumento hermentutico que indica a medide do econdmico determinada pela valragan juris, Vala jrdca ea que eta conomaa pela police scone do sade, de scondo «com a ideologia consitucionalmente adotads. Cr Washington Peluso Albino de SOUZA, Primeras Linas de Direto Econdmico ct, pp. 28-31 ¢ Washington Peluso Albino de SOUZA, Teoria da Constuicio fcondmics, Belo Horizonte, Del Rey, 2002, pp. 297.310 37 Washington Felso Albino de SOUZA, Prineias Litas de Direto Eeondmic cit, p. 22. 38 Washington Peluso Albino de SOUZA, Prineas Unhas de Dteto Econdmice ct, pp. 23 24-6 46-47, Washington Peluso Albino de SOUZA, Tova da Constuaa Econdinie ct p. 205-263 e Ricardo Ania Lucas CAMARGO, Breve Intoduco ao Dirt Fcondmico ‘i, pp. 7-8. Vide, ainda, Eros Roberto GRAU, A Orden Economica oa Cansuigte de 1986 cit, p. 130. extca desta posicao € feta por Dimitn Dimouls, para quem 2 ‘existincia ou ndo do diseto econtmico ndepende do letslador, mas € Uma queso de teora geal do diet, C. Dimi! DIMOULS, “Fundamenagdo Conditional dos Poca sor Econdmmicos: Reflexes sobre o Papel Econtmico do Dito” ct, pp. 119-120, 514-0 Amos InoisrensAvet DigeiTo ECONO cea que estuda as normas que regulam a organizagio da economia (sistema e regime econmicos), a condugio ou controle da economia pelo Estado e os centros de decisio econémica ndo-estatais”. ; Com uma visio mais restrita, varios autores, vinculados ao direito privado, entendem o direito econdmico como um “droit des affaires’, uma eae moderizasio do direito comercial clssico, como Joseph Hamel e Claude ‘Champaud, Para Flame, 0 divéito exondmico deve reger a vida econémica especialmente a produ ecrculago de rquezas, consistindo em um alargs- mento do direito comercial. E, segundo Champaud, 0 conceito bisico em tor no do qual o diteito econémico deve se organizar é o de empresa, Trata-se, no fundo, de uma espécie de continuidade das visbes de Lehmann e de Heymann sobre o “dicito industria”, justficada pela superasao do capitalismo mercantl pelo capitalismo industrial ou monopolista®. O eurioso & que esta superasio cde uma forma de organizagio do sistema captalista por outra ser justamente uum dos prinipaisargumentos para diferenciae 0 dircito econémico, produto do capitalismo avangado, do direito comercial. 7 Privilegiando o enfogue das relagdes entre agentes econdmicos privados, a concepgio de Geraldo Camargo Vidigal é préxima & do “droit des affaires’, en- tendendo como direito econémico propriamente dito 0 “direto da organizacio dos mercados' “aiiplina juin de avidadesdesenvolvidas nos mereados, wi- sondo a organizt-los soba inspiragdo dominante do interese social". Bate “dirito da orgunizagio dos mercados" nto se situaria nem no direito ptblico, nem no privado, 20 contririo das outras dus disciplins que Vidigal descreve como também engiobadas sob 0 nome “dreto econdmico”, que sio 0 direito admi- nistativo econdmico (sm autonomiacentfice) 0 ito do planejamento” disciplina de direito ptblico que tenderia a se afirmar autonomamente’ Boa parte dos autores, integrando uma vertente em muitos aspectos majoritiria até hoje, entende o direito econdmico como o dircito da intes~ vengio estatal na economia, denominando-o direito piblico econdmico ou eto Econimco ct, 9p 5-60. 39°. Sines PATRIA, Itai 2 0 om 40 Ch Jongh HAMEL & Gaon (AGARDE, Tat de Dro Commer, Pa, Dale, 1954 soir. ta i tnt Ne NCQUEMIN uy SAN, eDatenom, 3 ed, Paris, PUF, 1982, pp. 56-60 e Modesto CARVALHOSA, Direito coats Pe 188-189 ¢ 224-228. Para uma perspectiva do “direito industrial* no Brasil, a int ANTUNES, Pio ar As Razbes ca niin rived, Econo- NES, Povo soo ge de thee Dio, S80 Plo, ld bushy EARDUSP 1973. nal sti ap VO eed Ge edn do 7 {2 Cont e Cano MDIGAL, Tora ora do Dre onic 2-60, Vid caer seal concn, de Es fat GRAV, Boner: de Dito Ernie Paulo, RT, 1981, pp. 32-39. Guseero Bercower-515, ireito administrativo econdmico. Nao se trata, portanto, de um direito geral da economia, mas do direito especial da intervengaio estatal no domi- nio econémico®. Para alguns destes autores, 0 diteito econdmico, como direito administrativo econdmico ou como diteito piiblico da economia, sequer feria autonomia cientificaY. A grande referéncia do direito administrativo econdmico é Ernst Rudolf Huber, que, escrevendo em 1932, entende o direito administrativo econémi- co como o direito puiblico da organizasio econdmica®. O direito econémico no pode ser um método de observacio de todo 0 diteito, como defendia Hedemann, pois isto seria uma visio economicista do diteito. Para Huber, em sentido amplo, o direito econdmico € o direito das relagdes econdmicas e, em sentido concreto ¢ preciso, o direito das relages econdmicas da moderna sociedade industrial. Nao um direito da economia livre de mercado, mas uma disciplina critiea que deve sempre levar em conta 0 conflito entre a liberdade individual e o compromisso coletivo, revelando-se, portanto, como uum direito dinamico. Huber entende, assim, o direito econdmico como um “direito do conflito” (*Wirtchafisrecht als Konflittsrecht, fundado neste con~ fronto entre liberdade individual e compromisso coletivo, ambos principios constitucionais, mas euja resolugao caberia & Administracdo Piblica, como executora das decisdes econdmicas fundamentais, Huber escreve no perfodo final da Republica de Weimar, buscando sis- tematizar as manifestagées de decisio econémica por parte do Estado. Ele ‘busca enfrentar uma situaso em que, seguindo a visio schmittiana sobre as 43 Vie, por exempi,o cisco fanets Bernard CHENOT, Cigentatian Economique de at ct ide, sindo, Peter BADURA, Wrschatsversing und Wrscatsvenvalang. Eh exmplnschee Leiaden, 2 ed, Tobingen, JCB. Mohr (Paul Slebeck, 2005, pp. 57; Aes IACQUEMIN & Guy SCHRANS, Le Droit Economique cit, pp. $3.56, ean Phlippe COLSON, Drott Publ Economique, 3¥ ed, Pats, LGD, 2001, pp 15-26 e Lue S, Cabal de MONCADA, Diet condmico i, pp. 12-15 39-76. No Bra, Albena Venanci Filho adets» concep de CChenot. Cf. Alben VENANGI Filho, A Interver¢zo do Estado no Dominio onémico: O Direto Ribico Ecanémico no Bas, Rio de Janel, El FGV, 1968, pp. 6271, Vide, snd, ‘cents coletneas de Cals Avi SUNDFELD (coord), Dato Admisteive Econémico, Sia Paul, Malheiros, 2000, e de fst Eduardo Marine CARDOZO; foto Eduardo Lopes QUEROZ {& Marcia Walguia Batista dos SANTOS (ors), Cano de Dito Adminitrative Econo, 3 vols, $40 Paulo, Malheiros, 2006. Para a erica desta visto de crete econdmico, vide Washingon Peluso Albino de SOUZA, Pimelas Likes de Dito Econdmto ot, pp. 809 & J. Simoes PATRICIO, invedugso a0 Diet Feondmice ck, pp 34-39, 44 Massimo Severo GIANNINI, Dito Pubblco del! conama,reimpr. da 3 ed, Bologr, i! ‘Mulino, 1999, pp. 15-20 e José Euardo Martins CARDOZO; Joo Eduard Lapes QUEROZ 4 Marcia Wsigitia Batista dos SANTOS, “ured in Jost Eduardo Marine CARDOZO, Joo Eduardo Lopes QUEIROZ & Marcia Walquita Batista dos SANTOS Tonge), Curse de Dircto Adminstatve Ecandmico ci, va. 1, pp. 19-26 45° Emat Rudolf HUBER, Winschafeverwaftungsreet cit, vol. 1 pp. 17-18 47.3, 46° Cinst Rudolf HUBER, Winschatevermatungseeht cit, wel. 1 pp. 7-12 516- O Anos Inospensiver Digsto Econdwico relagées entre politica ¢ economia (o “Estado Total”), 0 Estado era fraco perante as forgas econdmicas, embora continuasse intervindo. Para tanto, Huber propde um Estado que garantisse o espago da iniciativa privada, integrando as atuag6es individuais no real interesse pablico, ou, na expres sio de Carl Schmitt, um “Estado forte em uma economia livre””. Eros Roberto Grau vai além da concepgio do direito econdmico como “ramo" do direito, entendendo-o como um método de andlise do direito, a partir da compreensio do direito como parte integrante da realidade social ¢ incorporando essa realidade e o conflito social na andlise juridica', destacan- do suas possibilidades transformadoras, ou, como afirma Dimitri Dimoulis, seu “carter contrafitico”. De um modo geral, 0 direito, segundo Dimoulis, possui “caréter contrafitico”, com sua finalidade de modificar ou transformar a realidade. Mesmo quando quer preservar o status quo, o direito contrafi~ tico, pois demonstra a vontade de manutengio daquelas estruturas, inclusive contra as novas tendéncias ou limitagbes da realidade. No caso do direito econémico, que explicita as relagées entre direito © economia, o carter con- trafitico fica evidente, pois ele s6 fz sentido se contrariar determinados fatos ou tendéncias, sob pena de ser desnecessério. F esta influéncia entre direito e ‘economia é reciproca, afinal, 0 direito é produzido pela estrutura econémica, ‘mas também interage com ela, alterando-a”, E é neste mesmo contexto de entender o direito econdmico além da visio tradicionalista dos “ramos” do direito que Fabio Konder Comparato, em seu influente ensaio “O Indispensdvel Direito Econdmico”, entende o direito eco- nomico como o diseito que instrumentaliza a politica econdmica: “O nove direito econémico surge como 0 conjunto das téenicas juridcas de que langa mito a Estado contemporineo na realizagao de sua politica econdmica™. Para Compa- 47 Michael STOLLEIS, Geschichte des tfentichen Rechs in Deutschland cit, vol. 3, pp. 22- 230.e Heine MOHNHAUPT, "Zur Verlinis und Dialog zwischen Voliswinschaslehre ‘nd Rechswissenschaft im 19. lahehundent” cit, pp. 131-132. Ainda sobre Huber, vide Hendrik SANDMANN, Die Entwicklung von Bago und Inhalt des Wirschafsrechs derch the Rechswssenschal in der Weimarer Republic, pp. 1AS-1A7 e Clans ZACHER, Die Tnetehung des Witschafarects in Deutchland el, pp- 250-281, Para as concepgtes de Crt Schmit sobre 0 “Estado Tota” sobre 0 papel do Esado no dominio econdmico, vide Gilbeno BERCOVICL, Constiuicia e Estado de fxcerso Permanente cit, pp. 93-107, 48 Eros Roberto GRAL, A Order Econémica na Consttucso de 1988 cit, pp. 130-132. Vide também alesis JACQUEMIN & Guy SCHRANS, Le Drot Economique cit, pp. 87-91 Dimitt DIMQUL, “Fundamentagso Consiucional dos Procesios Econdmicos: Reflexes sabre 0 Papel Econtmico do Direkt cit, p. 121 49. Eros Roberto GRAU, “O Direto Posto e 0 Direto Presuposto” ci, pp. 44-59 e Dimi DIMOULIS, *Fundamentagso Constitaconal dos Procestos Econdmicos: Reilexdes sobre ‘© Papel Econémica do Ditelto™ ci, pp. 125-127 e 138, 50 Fibio Konder COMPARATO, “O Indispensivel Direito Econémico” cit, p. 22. Vide, ainda, Guvexr0 Bercovie -517 rato, 0 direito econdmico visa atingir as estruturas do sistema econémico, buscando seu aperfeigoamento ou sua transformagao. E, no caso de paises como o Brasil, a tarefa do direito econémico é transformar as estruturas eco- némicas ¢ sociais, com o objetivo de superar o subdesenvolvimento®. Este € 0 “desafio fartadiano”, explicitado por Celso Furtado av livso Bra~ sil: A Construsao Interrompida: "Na ligica da ordem econémica internacional emergente parece ser relativamente modesta a taxa de crescimento que corresponde a0 Brasil. Sendo assim, 0 proceso de formagio de um sistema ecomémico jd ndo se insoreve naturalmente em nasso destino nacional. O desafio que se coloca @ presente geragao é portanto, duplo: ode reformar as esruturas anacrémicas que pesam sobre 4 sociedade e comprometem sua estabilidade, ¢0 de resistir as forcas que operam no sentido de desarticulagdo do nosso sistema econémico, ameagando a unidade nacio~ nal”. A tarefa do Estado brasileiro €, portanto, a superagio do subdesenvol- vimento, da sua condigao periférica®. E, para isto, & necessévio reestruturar ¢ fortalecer 0 Estado, sob uma perspectiva democritica e emancipatéria, ¢ nio desmontar 0 aparato estatal, como vem ocorrendo no Brasil desde 1994. A. ros Roberto GRAU, A Ordem Econdmica na Consuiuicio de 1988 ct, pp. 132-133. Para 2 ertiea deta concepgto, por entender ser muito rest, vide Dimi OMOULS, "Funda tmentapio Conuconal dos Pocen Econo Rell ste © Papel #0 do Direito” cit, p. 120. oa 51, Fabio Konder COMPARATO, “O Inpenivl Dino Ecndinio” cit, pp. 202. 52 Cabo FURTADO, Brat A Constugioitertompide, ed, Ro de Jano, Par « Ter 1982, p13 retertca cot ob de Co Fuad extn po: Fanci de ive: "Farad convetese = forte taro =n semigo co Bas. ng, ese fon, peniou 9 Bras nia ser os temor Tuscana trancxco de CLIVEIRA, “A Navegasso err n ania de OLVERA lrg) Clo Rata ole Ox rans Geis Soca, vl 33, Sto Pau, Aes, 1983, 1. Ain reo “deo fala Vide Gibeto UERCOVIC, Devguliaces hegre, Eada Conga, 380 Pal, Mak Uimarad, 2003, pp. 3-44 53 Cabo FURTADO, Rue invodifto 20 Detroit: Engi Ie, 2 Sto Pal, Cla Ed Naclonal, 1981, pp. 23:0" Adal GURWIER, “inca de ad Panera Cia A, evs eo OPAL 3 Sul CHP, abl de 1507, pp. 204265 « 21. Vide ann Geo BERCOM,“O Eade Prac do Desel ‘ent n Contig Ecndice © Deenvoirent: Una eure part co Cont {ode 190, Sn Paula, Mala, 200, pp 45:68. Sobre a recs de una wna intino-amercane do Estado, vide lost Lite FIOR, "Para ura Erica da Tosa Lato. ‘Americana do Exo" in Em Buca do isnt Pedi fron Cries sobre a Fs Cie dd, Rd nna al, 95, yp. 10 «iba HCO Faia Tera da Contig ra Pei do Captaono: Brews lndagnes Cea Anio Jat Aes NUNES & Jaco Neon de Manda COUTIREO los Dilgos Consttuconas: Besos to dene, Renova 2005, 9p. 269-290. 54 Jos Lt HOR, “Reforma ou Suess © Olena Eaagico do Stor Public Basle” in Em Busca do Diseno Perdido ct, pp 113-11 «lose lus HOR, “Por una Econesa Poltica do tao Sram ém ca do Disenso Perdido ct pp. 156159, Para una tndlseeopecicn do Esto bral «do impact da sito dentmnads “Relea do Code, ste Wardey Gutheme dos SANTOS © Erevan rab Yat Dpto do Clintefnmo Concenvado, Rio de Janel, Chulizagao Braslla, 2006 {518 -O Anos INoisrnshvet Dito EcoNowco questo da nio retomada do desenvolvimento no Brasil est ligada & crise do Estado brasileiro. Sem uma reflexio sobre o Estado brasileiro, como deve ser estruturado e quais deve ser os seus objetivos, nao € possivel abordar temas como planejamento®, politicas puiblicas ou desenvolvimento. desefio da reestruturagio do Batado no Brasil envolve, assim, uma refle- xo sobre os instrumentos jurdicos,fisais,financeiros ¢ administrativos neces~ sitios ou’ disposigio do Estado para aretomada do projeto nacional de superacio do subdesenvolvimento, Ou sea, é uma tarefa preponderantemente do direito econémico%, com sua caracteristica, denominada por Norbert Reich, da “dupla instrumentalidade” (‘doppelte Instrumentalitat des Wirtschaftrechis": a0 mes- ‘mo tempo em que oftrece instrumentos para a organizagio do processo econd- ‘ico capitalista de mercado, o direito econémico pode ser utilizado pelo Estado como um instrumento de influéncia, manipulago e transformagio da econo- ‘mia, vinculado a objetivos socizis ou coletivos, incorporando, assim, os confltos enire a politica ¢ a economia 55 A ltertura juriicabrasicca sabe planejamento nao ¢ muito ana. Vide, por exempo, Fabio Konder COMPARATO, *O Indspensdvel Direlto Econtmico" cit, pp. 22-23; Washingion ‘ino Peso de SOUZA, ‘Dirito Feondmico do Plangamento” in Estudos de Drea Ezone- nico, Selo Horizonte, Movieerio Edtval Faculdade de Dircko da UFMG, 1986, vol 2, pp. Tae; aoe Roberto GRAU, Plansjamento Econémic e Regra Juric, 830 Paulo, RT, 1978; Fabio Konder COMPARATO, “Um Quadro lstitconal para © Desenvolvimento Democrat 0" in Hilo JAGUARIBE 2 a, Bri, Sociedade Demoerdtica, ed, Rio de Janet, José ‘Olympio, 1986, pp. 393-432; Fabio Konder COMPARATO, “Planer 6 Desenvolvimemt: a PorspectiveIntiieional” ip Para Viver a Dempocaca, Sao Paul, Brasliense, 1988, pp. 83> 123; Fabio Kander COMPARATO, “A Orgnizagso Consituconal da Fung3o Planejada” in Ricardo Antdnio Lucas CAMARGO org), Desenvalvimento Econémico e Intervengao do ‘ado na Orden Cansttcinal- Ess frccas en Hornenagem ao Professor Washington Pala Albino de Sours, Pano Alege, Serio Antonio Fbiis Ed, 1995, pp. 77-93 e Gilboro BERCOVIC, "0 Plansjmenta« a Consign de 1980" in Consitlo fenmica © Doser vahimenta ci, pp. 68-06, 56 Aminha concepgto nao busca a recuperagio da eragao de un novo ramo, 0 “deta do desenvohimenio’, dfendida na década de 1960 por Roger Cranger, que estavainserida ‘ht proposta de "madermizago” fu sea, eropeizagto do diet dos pales recém torn dor Independentes dae antigae poténcias colonais européias. Vide Roger GRANGER, “Pour un Droit du Développement dans le Pays Sous Oéelopps” in Di Ars de Conferences Agrigation ~ fudes de Drow Commercial ofetes a Joseph Hamel, Pars, Dalloz, 1961, pp 60-68, 57 Norbert REICH, Maré und Recht cit, pp. 6466. Vide também Eros Roberto GRAU, “O Direto do Modo de Producso Captalsta a Teorla da Repulse20" cit, pp. 126-127. No Brasil ainda, destaco a posgto de Mario Gomes Schapiro, que uliza 2 idéin de "dupla inerumental dace do direio sconémico” de Reich em conjunto com elementos extatdos Eros Grau Peter Evans. Vide Maro Gomes SCHAPIRO, Poca Indust! e Dicpina de {Concorrncla Pas Reformas de Mercado: Uns Avaliacto Insutwcznal do Ambien de In ‘agia Tecnolgpica, mimeo, $30 Paulo, Faculdade de Diveto da USP (Dissenaga0 de Mestad}, 2005, pp. 46-49 ‘Gusearo Bercove- 519 Para repensar as bases e estrutura do Estado brasileiro, ndo se pode dei~ xar de levar em considerago a questio central da atualidade: a prevaléncia das instituigoes demoeriticas sobre 0 mercado e a independéncia politica do Estado em relagao a0 poder econdmico privado, ou seja, a necessidade de © Estado ser dotado de uma sélida base de poder econdmico préprio®. O fandamento desta visio, consubstanciada no texto constitucional vigente, € © de que nao pode existir um Estado democritico forte sem que sua forca também seja ampliada do ponto de vista econdmico, para que ele possa enfrentar os interesses dos detentores do poder econdmico privado. Afinal, seguindo a sintese de Hermann Heller, a partir do fim da Idade Média, 0 poder politico lutou para ganhar autonomia em relagio ao poder religioso. Esta luta, desde o inicio do século XX, vem se travando contra o poder econémico privado”. Diante de tamanhas tarefas e desafios, é ainda indis- pensivel o direito econémico. 58 A literatura nacional ¢ omisa a este respeito. A excero lea cargo da tse de Alberto ‘Moniz da Rocha BARROS, O Poder Econdmico do Exado Contemporaneo @ seus Refexos no Dio, mimeo, Si0 Paulo, Faculdade de Direto da Universidade de S80 Paulo, 1953 59° Hermann HELLER, "oliieal Power” in Gesammate Schrier, 2 ed, Tobingen, C.. Mohr (Paul Siebeck), 1992, vol. 3, pp. 39-80.

You might also like