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BENICIA RAUBER

ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO


ARTERIAL SISTÊMICA EM PACIENTES ASSISTIDOS
POR UM PROJETO DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

Novo Hamburgo, 2009


BENICIA RAUBER

ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO


ARTERIAL SISTÊMICA EM PACIENTES ASSISTIDOS
POR UM PROJETO DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em
Enfermagem pelo Centro Universitário
Feevale.

Orientadora: Prof. Ms. Kelly Furlanetto

Novo Hamburgo, 2009.


BENICIA RAUBER

Trabalho de Conclusão do Curso de Enfermagem com título Adesão ao


tratamento medicamentoso da Hipertensão Arterial Sistêmica em pacientes
assistidos por um Projeto de assistência domiciliar submetido ao corpo docente
do Centro Universitário Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau
de Bacharel em Enfermagem.

Aprovado por:

____________________________________
Orientadora: Prof. Ms. Kelly Furlanetto

____________________________________
Prof.

____________________________________
Prof. Ms.

Novo Hamburgo, dezembro de 2009.


DEDICATÓRIA

Com carinho dedico a todos que me auxiliaram


e que caminharam comigo
me incentivando e apoiando
todo este tempo de estudo.
AGRADECIMENTOS

Gratidão é reconhecer a importância daqueles que contribuíram para que


este sonho se tornasse um trabalho real.

A Deus que me deu a vida, saúde e forças. Sem sua luz e graça nada seria
possível.

Aos meus pais e irmãos pelo apoio.

As irmãs da Congregação de Santa Catarina pelo incentivo e prece.

Ao centro Universitário Feevale pelas oportunidades oferecidas.

Aos professores e colegas, pela amizade.

As colegas de trabalho principalmente a Enfermeira Sandra e Vânia, pelo


apoio e confiança.

A querida orientadora professora Kelly Furnaletto, pela arte de ensinar com


carinho de mãe e Sabedoria.

Aos pacientes hipertensos que aceitaram fazer parte do meu estudo para
poder concluir esta etapa.

Enfim, a todos que de alguma forma me ajudaram para que hoje pudesse
estar aqui.
O perfeito aproveitamento do dia de hoje
é a melhor preparação para o
dia de amanhã.
(Carl E. Holmes)

Só é útil o conhecimento
que nos faz melhores.
(Sócrates)
RESUMO

A Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença cardiovascular, que acomete


indivíduos que não sabem o quanto é importante e necessário o tratamento da
mesma. Este estudo teve como objetivo verificar o conhecimento, identificar o perfil
sócio demográfico e a adesão ao tratamento medicamentoso da HAS, através da
Escala de Morisky, em pacientes que frequentam um Projeto de Assistência
Domiciliar, da Região do Vale dos Sinos/ RS. A coleta de dados foi realizada através
de um instrumento, contendo 18 questões referentes ao tema, durante os meses de
setembro e outubro de 2009. A amostra foi composta de 110 pacientes, a maioria do
sexo feminino, de etnia branca, casados, com escolaridade e renda mensal baixa. O
presente estudo revelou que uma parcela destes indivíduos não aderem ao
tratamento medicamentoso, pois algumas vezes esquecem de tomar os fármacos e
outros param de tomar a medicação quando se sentem piores. A hereditariedade foi
significante, quando relacionada aos pais e irmãos. Conclui-se, então, que é
fundamental a abordagem por parte da equipe multiprofissional, para que os
indivíduos possam esclarecer dúvidas, aderir e entender o processo do tratamento
medicamentoso adequado, controlando assim a HAS.

Palavras chave: Hipertensão Arterial Sistêmica; Tratamento Medicamentoso e


Assistência Domiciliar.
ABSTRACT

Systematic Arterial Hypertension (SAH) is a cardiovascular disease that affects many


individuals who do not know how important treatment is. This study aims to verify
previous findings, identify the social demographic profile and the effectiveness of
treatment for SAH by using the Morisky Scale in patients in Vale dos Sinos/RS’s
home assistant project. The data was collected through an eighteen-item questioner
administered from September to October 2009. The sample size was 110 patients,
the majority of whom were white married females with a basic education and a low
monthly salary. This study has shown that a significant portion have not adhered to
the treatment methods. Some have forgotten to go to the pharmacy, while others
have stopped taking their medication when they have felt poorly. Heredity is a
primary indicator, particularly immediate relatives. Therefore, it is fundamental to
have a multidisciplinary team that can answer patient’s questions in order to ensure
that they understand and follow the proper medical treatment necessary to control
SAH.

Keywords: Systemic Arterial Hypertension; Medical Treatment and Home Care.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Sexo .................................................................................................... 40

Figura 02: Etnia .................................................................................................... 40

Figura 03: Idade ................................................................................................... 41

Figura 04: Escolaridade ....................................................................................... 42

Figura 05: Renda ................................................................................................. 44

Figura 06: Tempo de conhecimento sobre a doença ........................................... 46

Figura 07: Tempo que o paciente faz uso da medicação para HAS com
acompanhamento do Projeto ............................................................................... 47

Figura 08: Você segue corretamente as orientações dadas pelos médicos ou equipe
de Saúde para o tratamento da sua hipertensão ................................................. 49

Quadro 01 – Motivos pelo qual o paciente parar de tomar medicação ................ 52


LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Classificação da Pressão ................................................................... 17

Tabela 02: Dados demográficos da população .................................................... 45

Tabela 03: Questionamentos sobre HAS – História familiar ................................ 48

Tabela 04: Questões relacionadas á orientações do tratamento ......................... 51

Tabela 05: Algumas vezes você se descuida de tomar seus remédios ............... 53

Tabela 06: Quando você se sente bem/ melhor, você deixa de tomá-los? .......... 55

Tabela 07: Quando você toma os seus remédios e se sente pior, você deixa de
tomá-los?.............................................................................................................. 56
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACS: Agentes Comunitárias de Saúde

AVE: Acidente Vascular Encefálico

CNS: Conselho Nacional de Saúde

CEP: Comitê de Ética e Pesquisa

DAC: Doenças Arteriais Coronariana

HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica

IC: Insuficiência Cardíaca

IECA: Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina

IR: Insuficiência Renal

IVP: Isquemia Vascular Periférica

MAPA: Medida Ambulatorial da Pressão Arterial

NaCl: Cloreto de Sódio

OMS: Organização Mundial da Saúde

PA: Pressão Arterial

PAD: Pressão Arterial Diastólica

PAS: Pressão Arterial Sistólica

RS: Rio Grande do Sul

TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

PSF: Programa Saúde da Família


IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

1 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 15


1.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA......................................................... 15
1.2 CLASSIFICAÇÃO DA HAS .............................................................................. 16
1.3 EPIDEMIOLOGIA DA HAS............................................................................... 17
1.4 FATORES DE RISCO ..................................................................................... 18
1.4.1 Fatores de risco não modificáveis ......................................................... 19
1.4.2 Fatores de risco modificáveis ................................................................ 20
1.5 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E COMPLICAÇÕES DA HAS.......................... 25
1.6 TRATAMENTOS DA HAS ............................................................................... 26
1.6.1 Tratamento não medicamentoso ........................................................... 26
1.6.2 Tratamento medicamentoso .................................................................. 28
1.6.3 Adesão ao tratamento ............................................................................ 29
1.6.4 Escala de Morisky .................................................................................. 32
1. 7 ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL ........................................................... 33
1. 8 ASSISTÊNCIA DOMICILIAR ........................................................................... 35
2 MÉTODO............................................................................................................. 38
3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .................................................. 40
CONCLUSÃO........................................................................................................ 58
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 60
APENDICES .......................................................................................................... 66
Apêndice A – INSTRUMENTO DE COLETAS DE DADOS ……………………… 67
Apêndice B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ......... 68
ANEXOS................................................................................................................. 70
ANEXO A – TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS .......... 71
ANEXO B – AVALIAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA COMITÊ DE ÉTICA 72
EM PESQUISA – CEP…………………………………………………………………..
INTRODUÇÃO

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e a doença cardiovascular são de


grande interesse para a saúde pública, por ser considerada um problema devido sua
magnitude, risco e dificuldade de controle, são largamente conhecidos como fator de
risco para o desenvolvimento de outras doenças cardiovasculares. (CAVALINI;
CHOR, 2003)

Segundo os estudos realizados pela Sociedade Brasileira de Hipertensão


(2006), cerca de 25% das mortes ocorridas por doença arterial coronariana são
causadas por hipertensão arterial sistêmica.

Conforme Lemos et. al., (2006), a hipertensão é uma doença de fácil


diagnostico e sua medida sistemática dentro da estrutura do Programa de Saúde da
Família (PSF) pode determinar níveis satisfatórios de identificação de doentes. Os
grandes desafios a serem enfrentados nesse campo residem na implementação de
medidas terapêuticas, medicamentosa ou não, objetivando uma adequada adesão
ao tratamento.

A falta de adesão ao tratamento anti-hipertensivo é o maior desafio para


todos que trabalham e investigam esta área. Como a HAS é uma doença
multifatorial, que envolve orientações voltadas para os vários objetivos, seu
tratamento requer o apoio de diferentes profissionais da saúde além do médico
(LESSA, 2006).

Para o controle da hipertensão arterial, a adesão dos indivíduos ao


tratamento é imprescindível, devendo ocorrer medidas terapêuticas indicadas sejam
elas medicamentosas ou não. Seguir a dieta, realizar mudanças no estilo de vida e
acatar as recomendações médicas e da equipe de saúde se fazem necessário.
14

O profissional enfermeiro deve atuar ativamente em parceria com os


pacientes e equipe multiprofissional em busca de estratégias educacionais
adequadas para redução das múltiplas complicações ocasionadas pela HAS.

O interesse por este estudo surgiu no momento que o Projeto de Assistência


Domiciliar iniciou seus trabalhos, na região do Vale do Rio dos Sinos/RS, no qual
nos deparamos com vários problemas vivenciados pela equipe multiprofissional junto
à comunidade em questão. Inúmeras pessoas cadastradas e acompanhadas neste
Projeto de Assistência Domiciliar demonstram ter um nível de escolaridade e renda
muito baixo. Supondo a falta de conhecimento sobre patologias entre elas a HAS
diminuído a adesão ao tratamento medicamentoso e qualidade de vida.

Realizou-se então um estudo quantitativo, descritivo, com delineamento


transversal, com a finalidade de identificar a adesão ao tratamento medicamentoso
para HAS.

O objetivo maior deste estudo foi identificar a adesão ao tratamento da


hipertensão arterial sistêmica (HAS), através da Escala de Morisk; o seu
conhecimento sobre a patologia e o perfil sócio demográfico dos pacientes
cadastrados e assistidos pelo Projeto de Assistência Domiciliar.

Partindo dos objetivos propostos deste estudo construiu-se um instrumento


de coleta de dados, um formulário, o qual foi preenchido pela própria pesquisadora
contendo 18 questões objetivas e subjetivas e de escolhas múltiplas. A coleta de
dados foi realizada no momento da visita domiciliar no período de Agosto/Setembro
de 2009, onde foram abordados 110 pacientes cadastrados e assistidos pelo Projeto
de Assistência Domiciliar.
15

1 REFERENCIAL TEÓRICO

Para fundamentar este estudo serão abordados os seguintes capítulos:


Hipertensão Arterial Sistêmica, Classificação da HAS, Epidemiologia da HAS,
Fatores de risco, Manifestações clínicas e complicações da HAS, Tratamentos da
HAS, Abordagem multiprofissional e Assistência domiciliar.

1.1 Hipertensão Arterial Sistêmica

Segundo Gyton (1998), pressão arterial é denominada pela pressão que o


sangue exerce no interior das artérias, podendo variar conforme a quantidade de
sangue encontrada dentro do vaso sanguíneo, da elasticidade e calibre do mesmo e
também variando conforme a força da contração do coração.

Conforme Baptista (2005), durante um ciclo cardíaco normal, a pressão


sanguínea atinge um pico, seguido de uma queda. O pico de pressão máxima
(pressão sistólica) ocorre durante a sístole, quando o ventrículo esquerdo bombeia
sangue para o interior da aorta. A queda da pressão (pressão diastólica) ocorre
durante a diástole, quando os ventrículos relaxam. A pressão diastólica é sempre a
pressão mínima exercida sobre as paredes arteriais.

Um nível satisfatório de pressão tem finalidade de promover um fluxo de


sangue adequado que permita ao organismo de oxigenar, se alimentar e fazer todas
as trocas metabólicas necessárias à manutenção da vida. A pressão arterial pode
sofrer alterações contínuas, dependendo de atividades físicas, emoções, posições e
horários em que é feito o registro. (PUPPIN, 2002).

O indivíduo com uma pressão arterial acima de 135mmHg por 85mmHg pode
considerar-se como uma pressão arterial anormal, entretanto, essa pressão deve
16

apresentar este valor ou maior por três medidas pela manhã e três à noite durante
cinco dias. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Segundo Franscischetti (2005), no idoso, a hipertensão arterial se apresenta


de duas maneiras: forma combinada, que é a hipertensão sistólica (PAS >
140mmHg) e diastólica (PAD > 90mmHg) e a hipertensão sistólica isolada (PAS >
140mmHg e PAD < 90mmHg). Corroborando Smeltezer e Bare (2006), afirmam que
uma vez que, a pressão arterial elevada é identificada no indivíduo, deve ser
acompanhada, já que a hipertensão é uma condição para o resto da vida.

O aumento de pressão arterial depende da influência da predisposição


genética e fatores ambientais, embora Mano (2006), ainda não seja totalmente
conhecido como estas interações advem. Sabe-se, entretanto, segundo o mesmo
autor, que a hipertensão é acompanhada por alterações ligadas ao sistema nervoso
autônomo simpático, renal, do sistema renina angiotensina, além de outros
mecanismos humorais e disfunção endotelial. De tal modo à hipertensão procede de
várias alterações estruturais do sistema cardiovascular que tanto amplificam o
estímulo hipertensivo, quanto originam dano cardiovascular.

Corroborando Bloch et. al., (2006), afirmam que a HAS contribui


significativamente para uma elevada mortalidade cardiovascular em todas as regiões
do país. Apesar da medida da pressão arterial ser um método diagnóstico simples,
não-invasivo e de baixo custo, estudos epidemiológicos tem mostrado que muitos
hipertensos desconhecem a sua condição. Embora exista um vasto arsenal
terapêutico para o tratamento da hipertensão, apenas um terço dos hipertensos em
tratamento tem seus níveis tensionais controlados.

1.2 Classificação da HAS

Segundo a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), os valores


que permitem classificar os indivíduos adultos acima de 18 anos, de acordo com os
níveis de PA são descritos conforme a Tabela 1.
17

Tabela 1 – Classificação da pressão arterial


Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no
consultório (> 18 anos)
Classificação Pressão sistólica Pressão
(mmHg) diastólica (mmHg)
Ótima < 120 < 80
Normal < 130 < 85
Limítrofe 130-139 85-89
Hipertensão 140-159 90-99
estágio 1
Hipertensão 160-179 100-109
estágio 2
Hipertensão ≥ 180 ≥ 110
estágio 3
Hipertensão ≥ 140 < 90
sistólica isolada
FONTE: Sociedade Brasileira de Cardiologia: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial
(2006).

Quando as pressões, sistólica e diastólica, estão em classes diferentes, a


maior deve ser utilizada para a classificação da pressão arterial. Considerar
intervenção de acordo com fatores de risco maiores e comorbidades. (IV
DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2004).

1.3 Epidemiologia da HAS

Segundo o Ministério da Saúde (2008), e a V Diretriz Brasileira de


Hipertensão Arterial (2006), há uma prevalência elevada de hipertensão arterial na
população brasileira. Há algo em torno de 30 e 40 milhões de hipertensos no Brasil,
cerca de 26% da população geral adulta, variando conforme o estudo e a localidade
pesquisada de 22,3 até 44%.
18

No período de março de 2007 a março de 2008, cerca de 29.658 pessoas


apresentaram HAS, somente no Rio Grande do Sul, sendo 10.311 homens e
19.347 mulheres. (BRASIL, 2008).

Corroborando Franscischetti (2005), afirma que a prevalência de hipertensão


em mulheres é, em linhas gerais, parecidas à que se observa em homens,
acometendo, em média 30% a 40% das mulheres negras e aproximadamente, 20%
das brancas. A prevalência aumenta consideravelmente com a idade, aproximando-
se de 80% em mulheres com mais de 70 anos, incluindo nesse percentual os casos
de hipertensão sistólica isolada.

Segundo dados do Instituto Nacional de Seguridade Social, a HAS e a


Doença Cardiovascular ocupam o segundo e o quarto lugares, respectivamente, de
exames médico-periciais que geram afastamento temporário ou definitivo do
trabalho. (BRANDÃO et. al., 2003).

Conforme Mano (2006), o índice de prevalência de hipertensão varia numa


mesma população de determinada origem conforme ocorrem migrações, portanto o
ambiente é um importante fator determinante. A urbanização, os hábitos sociais e a
atividade profissional são determinantes maiores.

1.4 Fatores de Risco

Segundo a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), os fatores


de risco associados à HAS podem ser considerados em dois grupos com fatores de
risco não modificáveis e modificáveis.
19

1.4.1 Fatores de risco não modificáveis

Podemos destacar como fatores de risco não modificáveis; Idade, Sexo,


Etnia, Hereditariedade, entre outros.

a) Idade

Os autores Pessunto e Carvalho (1998), afirmam que a idade é considerada


como um fator de risco importante que contribui para o aparecimento da HAS,
devido às alterações na musculatura lisa e no tecido conjuntivo dos vasos, como
consequência do processo de envelhecimento. Em ambos os sexos, a freqüência da
hipertensão cresce com o aumento da idade.

Contribuindo Timby (2007), diz que a pressão sanguínea, tende a aumentar


com a idade devido à arteriosclerose, um processo em que as artérias perdem sua
elasticidade e ficam mais rígidas, e a aterosclerose, um processo em que as artérias
estreitam devido a depósito de gordura. A freqüência com que tais condições
ocorrem depende também da hereditariedade.

A pressão arterial aumenta linearmente com a idade. Em indivíduos jovens, a


hipertensão decorre mais frequentemente apenas da elevação na pressão diastólica,
enquanto a partir da sexta década o principal componente é a elevação da pressão
sistólica. O risco relativo de desenvolver doença cardiovascular associado ao
aumento da pressão arterial não diminui com o avanço da idade e o risco absoluto
aumenta. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

b) Sexo

A hipertensão arterial ocorre com mais frequencia no sexo masculino, porém,


as mudanças de hábito das mulheres, essa freqüência tem diminuído. As mulheres
que fumam e fazem uso de anticoncepcional, com mais de 30 anos, são as mais
atingidas. No homem ela aparece depois dos 30 anos e na mulher, após a
menopausa (PESSUNTO E CARVALHO, 1998). Corroborando com esta idéia a V
20

Diretriz Brasileira e Hipertensão Arterial (2006), afirma que estimativas globais


sugerem taxas de hipertensão mais elevada para homens até 50 anos e para
mulheres a partir da sexta década.

c) Etnia e Hereditariedade

Segundo Borenstein (1999), a prevalência de hipertensão arterial na raça


negra está entre as maiores do mundo. Comparados aos brancos, os negros,
apresentam hipertensão arterial mais precocemente e com níveis de pressão muito
mais elevada.

As mulheres afrodescendentes, segundo a V Diretriz Brasileira de


Hipertensão (2006), possuem um risco para desenvolver hipertensão de até 130%
em relação às mulheres brancas. Existem relatos científicos de uma predisposição
hereditária e familiar para hipertensão arterial, atribuída à herança genética comum.

Siqueira et. al., (2003), afirmam que o risco da doença aumenta nos casos em
que se apresenta em parentes de primeiro grau, porcentagem elevada entre os
membros da família e precocidade da manifestação da doença.

1.4.2 Fatores de risco modificáveis

Podemos citar fatores de risco modificáveis, como sendo, os fatores


Socioeconômicos, Dietas, Etilismo, Sedentarismo, Obesidade, Tabagismo e
Anticoncepcional.

a) Fatores Socioeconômicos

Segundo Castro et. al., (2005), o estado de saúde de um indivíduo pode ser
influência do meio em que vive, por suas relações sociais, bem como, por suas
condições sócio-econômico-culturais, sendo precisamente indicado por sinais
fisiológicos, entre eles a pressão arterial.
21

Os segmentos sociais mais pobres, conforme Franscischetti (2005), são os


que possuem maior prevalência de hipertensão e também de complicações como
acidente vascular. As regiões rurais apresentam menor prevalência de hipertensão
em relação à metropolitana. Contribuindo Gus et. al., (2004), dizem que o papel de
baixa escolaridade, tanto na prevenção da HAS, como no seu conhecimento,
confirmam a existência da relação entre a desigualdade social e a desigualdade em
saúde.

O nível socioeconômico mais baixo está diretamente relacionado aos fatores


de risco para elevação da pressão arterial, além de um maior risco de lesão em
órgãos alvos e eventos cardiovasculares. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE
HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Corroborando Castro et. al., (2005), afirmam que a condição socioeconômica


pode ter influência multifatorial na hipertensão. No mundo do trabalho, a hipertensão
arterial sistêmica é mais encontrada entre os trabalhadores não especializados, que
ganham menores salários, dos setores secundários e terciários da economia. As
pessoas menos favorecidas não possuem acesso a informações, não tendo
conhecimento sobre a hipertensão.

b) Dietas

O excesso de consumo de sódio contribui para a ocorrência de hipertensão


arterial. Povos que consomem dieta com reduzido conteúdo deste tem menor
prevalência de hipertensão e a pressão arterial não se eleva com a idade. Em
população urbana brasileira, foi identificada maior ingestão de sal nos níveis
socioeconômicos mais baixos. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL, 2006).

Conforme Frandischetti (2005), a quantidade necessária de sódio para o


equilíbrio homeostático é de 500mh/dia, equivalente a 1,25g de NaCl (sal de
cozinha), o que é muito aquém da ingesta habitual em nosso país, que varia em
torno de 10 á 16 g/dia. A resposta da redução da pressão arterial à restrição de sal
22

depende de diversos fatores, entre eles a sensibilidade individual ao sal, a idade do


paciente, o valor inicial da pressão arterial e a intensidade da restrição.

Para Borenstein (1999), a ingestão de sódio na dieta, tem demonstrado uma


relação direta com o aumento da pressão arterial. O consumo exagerado de
gorduras (gordura animal) pode elevar os lipídios no sangue, o que caracteriza a
elevação da gordura do sangue. O colesterol é uma cera presente nos alimentos de
origem animal. Ainda para o mesmo autor, os triglicerídeos são gorduras
provenientes de uma dieta rica em carboidratos, como os açúcares refinados ou
industrializados, e da alta ingestão de álcool.

c) Etilismo

Segundo Moreira (2005), muitos estudos confirmam que a associação entre o


consumo crônico de álcool e a elevação dos níveis tensionais, especialmente da
pressão sistólica, faz a prevalência de hipertensão. Corroborando Borenstein (1999),
afirma que a ingesta excessiva de álcool é um importante fator de risco de
hipertensão arterial e de acidente vascular cerebral. Indivíduos que consomem
bebida alcoólica devem ser orientados a limitar a ingesta diária mais que 30ml de
etanol, o que equivale a 720ml de cerveja, 300ml de vinho e 60ml de whisky.

Conforme a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), o efeito do


consumo leve a moderado de etanol não está definitivamente estabelecido. Estudo
observacional indica que o consumo de bebida alcoólica, fora de refeições, aumenta
o risco de hipertensão, independente da quantidade de álcool ingerida.

Corroborando Pessunto e Carvalho (1998), declaram que o aumento das


taxas de álcool no sangue eleva a pressão arterial lenta e progressivamente, na
porção de 2mmHg para cada 30ml de álcool etílico ingeridos diariamente, sendo
que, quando suspenso, as cifras revertem. Os mesmos autores ainda afirmam que,
quando há redução de consumo de álcool, ocorre também redução no abandono do
tratamento farmacológico.
23

d) Sedentarismo

Segundo Borenstein (1999), relacionado à hipertensão arterial, pode-se


afirmar ser o sedentarismo um importante fator de risco, ou facilitador da doença.
Contribuindo Frandischetti (2005), afirma que o risco de desenvolvimento de HAS
em indivíduos sedentários é em torno de 20% a 50% e já se encontra estabelecido
que a atividade física regular promove redução da pressão arterial sistólica e
diastólica, independente da redução do peso, em indivíduos normotensos e
hipertensos.

O sedentarismo aumenta a incidência de hipertensão arterial, apresentando


um risco aproximado de 30% maior de desenvolver a doença. (V Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2006). Corroborando Borenstein (1999), fala que
o sedentarismo contribui decisivamente para o desenvolvimento da hipertensão
arterial.

e) Obesidade

Segundo Borenstein (1999), o excesso de peso tem mostrado uma grande


relação com o risco da hipertensão arterial, por vários mecanismos, entre eles a
causa sobrecarga cardiovascular, em decorrência de um débito cardíaco
aumentado, que contribui para elevar a pressão arterial sistólica.

O excesso de massa corporal é um fator predisponente para hipertensão,


podendo ser responsável por 20% a 30% dos casos de hipertensão arterial; 75% dos
homens e 65% das mulheres apresentam hipertensão diretamente atribuível a
sobrepeso e obesidade. Apesar do ganho de peso estar fortemente associado com o
aumento da pressão arterial, nem todos os indivíduos obesos tornam-se hipertensos.
(V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPRETESÃO ARTERIAL, 2006).

f) Tabagismo

A pressão arterial e a frequencia cardíaca se elevam durante o ato de fumar.


O uso prolongado de nicotina não se associa a maior prevalência de hipertensão. O
24

tabagismo colabora para o efeito adverso da terapêutica de redução dos lipídeos


séricos e induz resistência ao efeito de drogas anti-hipertensivas. (III CONSENSO
BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 1998).

Segundo Moreno Júnior et. al., (2005), o aumento dos níveis de pressão
arterial e da frequencia cardíaca que acompanha o tabagismo é proporcional aos
índices de nicotina consumidos por dia. O risco associado ao tabagismo é
proporcional ao número de cigarros fumados e à profundidade da inalação. Portanto,
os hipertensos que fumam devem ser repetidamente estimulados a abandonar esse
hábito por meio de aconselhamento e medidas terapêuticas de suporte específicas.
(CADERNO DE ATENÇAO BÁSICA HAS, 2006).

g) Anticoncepcional

A hipertensão é duas á três vezes mais comum em usuárias de


anticoncepcionais orais, especialmente entre as mulheres que possuem mais de 35
anos e obesas. (V DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).
Corroborando Frandischetti (2005), os primeiros estudos epidemiológicos, realizados
com os contraceptivos orais que ainda continham doses elevadas de estrogênio e
progestágeno, demonstraram que a pressão arterial sistólica e diastólica se elevava
em média 3 a 5mmHg, respectivamente, e que aproximadamente 5% das mulheres
desenvolviam hipertensão.

Atualmente a maior preocupação, quanto à elevação da pressão arterial


induzida pelos contraceptivos, reside no desenvolvimento de hipertensão arterial
persistente, que se associa com frequencia a pré-maturidade da doença
cardiovascular. (FRANDISCHETTI, 2005).

O aparecimento de hipertensão arterial durante o uso de anticoncepcional oral


impõe a interrupção imediata da medicação, o que, em geral, normaliza a pressão
arterial em alguns meses. (V DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL, 2006).
25

1.5 Manifestações Clínicas e Complicações da HAS

Conforme Borenstein (1999), nem sempre quem tem pressão alta apresenta
alguma sintomatologia. Por isso, a hipertensão é chamada de “Assassina
silenciosa”. Corroborando com esta idéia Puppin (2002), relata que na maioria das
vezes a hipertensão arterial não ocasiona sintomas, razão pela qual sua verificação
periódica se faz necessário do ponto de vista da prevenção.

Para Brunner e Suddarth (2002), os hipertensos podem apresentar-se


assintomáticos, permanecendo, assim, por muitos anos. Entretanto, as
manifestações clínicas específicas que aparecem, geralmente, revelam lesão
vascular com as manifestações específicas, relacionadas aos órgãos irrigados pelos
vasos afetados.

Segundo Lessa (2006), a pressão arterial sistêmica quando descontrolada,


pode ocasionar o Acidente Vascular Encefálico (AVE), Doença Arterial Coronariana
(DAC), Insuficiência Cardíaca (IC), Insuficiência Renal (IR) e Isquemia Vascular
Periférica.

Os principais sinais e sintomas podem ser: dor de cabeça, na nuca ou região


occipital ou por toda cabeça, principalmente no período matinal, podendo melhorar
durante o dia com ou sem medicação; zumbido no ouvido parecido com o som que
se escuta na concha de mar, escotomas cintilantes, sinal mais freqüente verificado
nas emergências e pronto-socorros dos hospitais. (PUPPIN, 2002).

O autor Borenstein (1999), cita outros sintomas que podem surgir como:
palpitação (taquicardia); tontura (lipotimia); inchaço nas pernas (edema); pequeno
sangramento espontâneo, em geral no nariz (epistaxe); agitação e insônia; cansaço,
dispnéia e intolerância aos esforços.
26

1.6 Tratamentos da HAS

Segundo a V Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (2006), pode-se dividir


o tratamento da HAS em duas grandes direções: Tratamento não medicamentoso e
medicamentoso. O tratamento, tanto farmacológico quanto não-farmacológico.
Conforme Campos e Leite (1990), têm como finalidade prevenir a morbidade e a
mortalidade. O objetivo principal dos tratamentos é a diminuição lenta e progressiva
da pressão arterial, para abrandar os sintomas e diminuir as complicações.

1.6.1 Tratamento não medicamentoso

Conforme Borges (2005), o tratamento não medicamentoso da HAS deve


compor de planejamento, diagnóstico apurado, verificação da presença de fatores de
risco, avaliação do comprometimento de órgãos-alvo e da presença de
comorbidades. A redução almejada da pressão arterial deverá ser lenta e gradual, a
fim de evitar quedas tensionais que possam acarretar hipofluxo em órgãos vitais.
Uma análise conjunta com as condições socioeconômicas irá determinar qual será a
melhor opção terapêutica objetivando-se, especialmente, boa adesão à prescrição.

O principal objetivo do tratamento não medicamentoso é diminuir a morbidade


e a mortalidade cardiovascular por meio de modificações do estilo de vida que
favoreçam a redução da pressão arterial. (III CONSENSO BRASILEIRO DE
HIPERTENSÃO ARTERIAL, 1998).

Conforme Borenstein (1999), o tratamento não medicamentoso visa reduzir os


níveis pressóricos para valores inferiores a 140mmHg de pressão sistólica e a
90mmHg de pressão diastólica. Reduções de pressão arterial para níveis inferiores a
130 por 85mmHg são recomendadas para situações específicas, como em pacientes
de alto risco cardiovascular, principalmente com microalbuminúria, insuficiência
cardíaca, comprometimento renal e na prevenção secundária de acidente vascular
cerebral. Nos pacientes com diabetes a pressão alvo é inferior a 130 por 80mmHg.
27

Conforme Timerman et. al., (2000), as modificações no estilo de vida


compreendem a base do tratamento da hipertensão arterial e devem ser instituídos
em pacientes de qualquer idade, pois mesmo os idosos têm benefícios e podem até
diminuir a quantidade de fármacos quando estiverem em uso. Entretanto, mesmo
com seu custo baixo e grande impacto, essas medidas não são estimadas por
muitos médicos e muitas vezes não seguidas pelos pacientes. O tratamento não
medicamentoso também reduz a pressão arterial e, quando associado ao uso de
medicamentos, pode melhorar a eficácia do tratamento.

O autor Borenstein (1999), afirma que a alimentação é a base para uma boa
saúde. No tratamento da hipertensão, esta deve ser equilibrada, com reduzido teor
de sódio, baixos níveis de gordura, principalmente a saturada, e restrição ao açúcar
industrializado (açúcar refinado). Deste modo, são combatidos importantes fatores
de risco, como a obesidade, a dislipidemia (alteração das gorduras do sangue) e as
alterações do metabolismo da glicose, que, em conjunto, constituem a síndrome
plurimetabólica1.

Para Pessunto e Carvalho (1998), o exercício físico contribui na redução da


obesidade e para a prevenção de doenças coronarianas promovendo um estilo de
vida saudável. Também auxilia na preservação da independência de pessoas
idosas, melhorando o funcionamento do organismo, reforçando o coração, músculos,
pulmões, ossos e articulação. A atividade física regularmente melhora a condição
física e a saúde do coração.

O exercício físico aeróbico regular reduz a pressão arterial sistêmica em torno


de 3,84mmHg e a pressão arterial diastólica em torno de 2,72mmHg, independente
da redução de peso, sendo que, é mais significativa em hipertensos do que em
relação a normotensos. Todo exercício físico deve ser orientado por programas de
reabilitação cardiovascular e individualizado e só iniciado com níveis tensionais
controlados. (FRANDISCHETTI, 2005).

1
Conhecida também como metabólica, dismetabólica ou síndrome X, trata-se de um conjunto de sinais clínicos
e/ou laboratoriais, acompanhados ou não de sintomas decorrentes de anormalidades metabólicas.
28

Os autores Pessunto e Carvalho (1998), dizem que há necessidade de uma


intervenção educativa mais esclarecedora, já que as atividades: física, de lazer e
recreação são recomendadas para o tratamento da hipertensão arterial e para a
prevenção de complicações.

1.6.2 Tratamento medicamentoso

O objetivo primordial do tratamento da hipertensão arterial é a redução da


morbidade e mortalidade cardiovascular do paciente hipertenso, aumentadas em
decorrência dos altos níveis tensionais e de outros fatores agravantes. Os agentes
anti-hipertensivos a serem utilizados devem promover a redução não só dos níveis
tensionais como também a redução de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais.
(CADERNO DE ATENÇÃO BÁSICA HAS, 2006).

Conforme Borges (2005), o esquema medicamentoso deve ser individualizado


e com o objetivo de atingir os níveis de PA inferiores a 140/90mmHg. Reduções
abaixo de 130/85mmHg podem ser úteis em situações específicas, como em
pacientes diabéticos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tratamento


medicamentoso deve ser iniciado em pacientes classificados como de risco elevado
ou muito elevado, ou seja, hipertensos com pressão arterial sistólica (PAS) ≥
180mmHg pressão arterial diastólica (PAD) ≥ 110mmHg. Hipertensos com PAS
entre 140mmHg e 179mmHg ou PAD entre 90mmHg e 109mmHg, com três ou mais
fatores de risco ou lesões de órgãos alvos ou diabetes associados. (MACIEL e
MARIN NETO, 2005).

O medicamento anti-hipertensivo deve: ser eficaz por via oral; ser bem
tolerado; permitir a administração em menor número e possível de se tomar
diariamente, com preferência para posologia de dose única diária; iniciar com as
menores doses efetivas preconizadas para cada situação clínica, podendo ser
aumentadas gradativamente; devendo ser levado em conta que quanto maiores as
29

doses, maiores serão as possibilidades de efeitos adversos. (CADERNO DE


ATENÇÃO BÁSICA HAS, 2006).

Ainda conforme o Caderno de Atenção Básica (2006), é necessário respeitar


o período mínimo de quatro semanas, salvo em situações especiais, para aumento
de dose; instruir o paciente sobre a doença hipertensiva, particularizando a
necessidade do tratamento continuado, a possibilidade de efeitos adversos dos
medicamentos utilizados, a planificação e os objetivos terapêuticos e considerar as
condições socioeconômicas.

O esquema anti-hipertensivo instituído deve, evidentemente, manter a


qualidade de vida do paciente em padrões adequados, de modo a estimular a
adesão do paciente às recomendações médicas. (CADERNO DE ATENÇÃO
BÁSICA HAS, 2006).

Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2001), os anti-hipertensivos


podem ser classificados como Diuréticos; Vasodilatadores diretos, Inibidores
adrenérgicos, Antagonistas dos canais de cálcio; Antagonistas do receptor da
angiotensina II, Inibidores da enzima conversora da angiotensina.

Conforme Borges (2005), às drogas anti-hipertensivas, deve se dar


preferência inicialmente aos diuréticos tiazídicos ou aos antagonistas dos canais de
cálcio (nitrendipina e felodipina), pois esses medicamentos tiveram sua eficácia
comprovada no controle da pressão arterial e na redução da morbi-mortalidade.
Outros medicamentos podem ser iniciados como primeira opção, considerando as
comorbidades. Deve-se iniciar com doses baixas e aumentá-las progressiva e
lentamente.
30

1.6.3 Adesão ao tratamento

Segundo Wetzel Júnior e Silveira (2005), para o controle da hipertensão


arterial, a adesão ao tratamento é imprescindível. Seu conceito refere-se ao grau de
cumprimento das medidas terapêuticas indicadas, sejam elas medicamentosas ou
não, com o objetivo de manter a pressão arterial em níveis normais.

Em outra definição, os mesmos autores colocam que a adesão, pode ser


caracterizada como a extensão em que o comportamento do indivíduo em termos de
tomar o medicamento, seguir a dieta, realizar mudanças no estilo de vida e
comparecer às consultas médicas, coincide com o conselho médico ou de saúde.

Conforme Maciel e Marin Neto (2005), a baixa adesão à terapêutica anti-


hipertensiva é alarmante. Os principais fatores determinantes são: a característica
assintomática da doença e a impossibilidade de cura na quase totalidade dos casos.

Segundo Wetzel Junior e Silveira (2005), a falta de adesão ao tratamento anti-


hipertensivo continua sendo um dos maiores problemas na área da hipertensão
arterial. Como a hipertensão arterial é uma doença multifatorial, que envolve
orientações voltadas para vários objetivos, seu tratamento requer o apoio de
diferentes profissionais da saúde, além do médico. Ressalta-se a importância da
participação da equipe multiprofissional no atendimento ao hipertenso.

Para Oigman (2006), a definição tradicional de adesão refere-se à situação na


qual o comportamento do paciente corresponde ao conselho do médico ou de
saúde, avaliada pelo comparecimento às consultas marcadas, às tomadas das
prescrições ou pelas mudanças do estilo de vida. O problema da adesão começa no
momento que o médico escreve a receita. A chance é baixa do paciente não cumprir
nada. Contudo, a taxa de descontinuação, medida seis meses após a primeira
prescrição, é bastante elevada, encontrando-se mais de 50% dos pacientes não
ingerindo qualquer medicamento.
31

É importante salientar que um número substancial de pacientes hipertensos


acaba abandonando o tratamento depois de alguns meses, em função de vários
fatores ligados a problemas financeiros ou de falta de informação sobre a
importância da manutenção do tratamento pelo resto da vida. (CADERNO DE
ATENÇÃO BÁSICA HAS, 2006).

Para avaliar as razões da não-adesão ao tratamento, a Organização Mundial


de Saúde, em seus estudos, encontraram diversos motivos citados por pacientes,
entre eles: indivíduos que não tomavam a medicação por esquecimento, alguns
referiram outras prioridades. Outros conforme o mesmo estudo, escolheram por
tomarem dosagem menor que a prescrita, declararam falta de informação, alto custo
da medicação, efeitos indesejável da mesma, falta de sintomas. Alguns desses
indivíduos só tomavam a medicação quando a pressão apresentava-se alta, alguns
alegavam a falta de vontade para tratar a doença e também, entre outros motivos,
como relacionamento inadequado com a equipe de saúde. (GUSMÃO e JÚNIOR,
2006).

Conforme Frandischetti (2005), a falta de conhecimento sobre as metas de


pressão arterial, tanto sistólica como diastólica, a serem atingidas pela terapia anti-
hipertensiva, a complexidade do tratamento, o custo da medicação e o nível
educacional do paciente, são questões diretamente relacionadas à adesão ao
tratamento farmacológico e não-farmacológico. As mudanças no estilo de vida são
extremamente difíceis de serem seguidas por longo tempo, especialmente a
restrição de álcool e de sal na dieta.

O mesmo autor ainda comenta que uma boa adesão ao tratamento tem sido
associada com um bom controle da pressão arterial, sendo que os níveis pressóricos
também sofrem influências de outros fatores, como idade, gravidade da doença,
estilo de vida e acompanhamento mais rigoroso.

A IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), afirma que a


aquisição do conhecimento é fundamental, mas é apenas o primeiro passo para a
adesão. A implementação efetiva das mudanças é lenta e, por dependerem de
medidas educativas, necessitam de continuidade. Devem ser promovidas por meio
32

de ações individualizadas, elaboradas para atender às necessidades específicas de


cada paciente, e de ações coletivas de modo a ampliar o campo de ação e
apresentar a melhor relação custo-benefício, podendo, assim, ser mantidas em
longo prazo.

Prevenir e tratar a hipertensão arterial envolve ensinamentos para o


conhecimento da doença, de suas inter-relações, de suas complicações e implica,
na maioria das vezes, a necessidade da introdução de mudanças de hábitos de vida.
(IV DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Segundo Pierin (2004), a problemática da adesão ao tratamento anti-


hipertensivo consiste em um grande desafio a ser enfrentado por todos: pessoa
hipertensa, familiares, profissionais da área de saúde, instituições e comunidade.

1.6.4 Escala de Morisky

Morisky et. al., (1986), afirma que a “Escala de Morisky” avalia as atitudes do
paciente em relação ao tratamento medicamentoso, classificando como aderentes
os pacientes que responderem não às quatro questões que compõem a escala,
anexas ao instrumento de coleta deste estudo

A Escala de Morisky classifica a adesão em Alta, Média ou Baixa,


dependendo das respostas do paciente às questões (MORISKY et al., 1986),
conforme abaixo:

Escala de Adesão de Morisky


Pacientes responderam “sim” para: Adesão ao tratamento medicamentoso:
0 (nenhuma questão) Alta
01 questão
Média
02 questões
03 questões
Baixa
04 questões
33

Para Strelec et al., (2003), o indivíduo que responder “sim” pelo menos uma
questão pode ser considerado não aderente ao tratamento medicamentoso.

1.7 Abordagem Multiprofissional

A abordagem multiprofissional é de fundamental importância no tratamento da


hipertensão e na prevenção das complicações crônicas. Assim como todas as
doenças crônicas, a hipertensão arterial exige um processo contínuo de motivação
para que o paciente não abandone o tratamento. (CADERNO DE ATENÇÃO
BÁSICA HAS, 2006).

A hipertensão arterial é um excelente modelo para o trabalho de uma equipe


multiprofissional. Por ser uma doença multifatorial, que envolve orientações voltadas
para vários objetivos, terá seu tratamento mais efetivo com o apoio de vários
profissionais de saúde. Objetivos múltiplos exigem diferentes abordagens, e a
formação de uma equipe multiprofissional proporcionará essa ação diferenciada,
ampliando o sucesso do controle da hipertensão e dos demais fatores de risco
cardiovascular. (V DIRETRIZES BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL,
2006).

A equipe multiprofissional pode ser constituída por todos os profissionais que


lidam com pacientes hipertensos: médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de
enfermagem, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, professores de
educação física, fisioterapeutas, musicoterapeutas, farmacêuticos, funcionários
administrativos e agentes comunitários de saúde. (V DIRETRIZES BRASILEIRA DE
HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Ainda conforme a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), os


membros de um grupo multiprofissional devem trabalhar de acordo com os limites e
especificidades de sua formação, e respeitada esta especificidade, necessitam
34

conhecer a ação individual de cada um dos membros. Além disso, cada local de
trabalho deve adequar-se à sua realidade.

Segundo Wetzel Junior e Silveira (2005), a definição do papel exercido pelos


diferentes profissionais é embasada na legislação profissional vigente, bem que, em
algumas circunstâncias as ações desenvolvidas são comuns a todos e isso deve
acontecer de maneira natural. As ações comuns a todos os membros da equipe
multidisciplinar são: promoção à saúde (ações educativas com ênfase em mudança
no estilo de vida, correção dos fatores de risco e produção de material educativo);
treinamento de profissionais; encaminhamento a outros profissionais quando
indicado; ações assistenciais individuais e em grupo; participação em projetos de
pesquisa e gerenciamento do programa.

Conforme a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), o trabalho


da equipe multiprofissional contribuirá para oferecer ao paciente e à comunidade
uma visão mais ampla do problema, dando-lhes conhecimento e motivação para
vencer o desafio e adotar atitudes de mudanças de hábitos de vida e adesão real ao
tratamento proposto com bases no risco cardiovascular global.

As principais vantagens do conjunto de profissionais trabalharem em benefício


do doente são: o aumento do número de indivíduos atendidos em seus diversos
modos de abordagem; maior adesão ao tratamento; maior número de pacientes
hipertensos controlados e adotando hábito de vida saudável; possibilidade de o
paciente ser replicador de conhecimentos sobre tais hábitos e o favorecimento de
ações de pesquisa em serviço. Ainda existem vantagens adicionais, como o
crescimento profissional por constante troca de informações e maior confiança no
serviço. (IV DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Os autores Lyra Junior et. al., (2006), afirmam que a importância do


enfermeiro está ligada ao processo de educação, motivando o portador de
hipertensão arterial a realizar o autocuidado, utilizando estratégias para viabilizar a
comunicação e a verbalização de seus problemas. O enfermeiro é um elemento de
confiança, onde o paciente pode compartilhar seus problemas, sejam eles físicos,
sociais, econômicos, familiares ou emocionais. Muitas vezes os portadores de
35

hipertensão arterial necessitam, não só alguém para esclarecer suas dúvidas, mas
também para amenizar os anseios e preocupações.

O enfermeiro além das muitas atividades, como aferir a pressão arterial,


realizar avaliações físicas, interpretação de diagnóstico e outros, cabe-lhe também a
responsabilidade de administrar e acompanhar o tratamento dos pacientes com
pressão arterial e fazer o encaminhamento ao médico nos casos em que a pressão
não está devidamente controlada. Deste modo, a introdução de metodologias
educacionais, deve enfocar a adesão em relação à colaboração, sobre tudo a co-
responsabilidade, o que implica em troca de experiências, questionamentos e
humanização dos pacientes. É importante torná-los participativos na conservação de
sua saúde. (PIERIN, 2004).

1.8 Assistência Domiciliar

A Organização Mundial da Saúde define Assistência Domiciliar como “a


provisão de serviços de saúde por prestadores formais e informais com o objetivo de
promover, restaurar e manter o conforto, função e saúde das pessoas num nível
máximo, incluindo cuidados para uma morte digna. Serviços de assistência
domiciliar podem ser classificados nas categorias de preventivos, terapêuticos,
reabilitadores, acompanhamento por longo tempo e cuidados paliativos”. (LOPES et.
al., 2003).

Os autores Duarte e Diogo (2000), apresentam o conceito de assistência


domiciliar como aquela que compreende as atividades assistenciais exercidas por
profissional de saúde e/ou equipe interprofissional no local de residência do cliente.
Engloba visitas programadas em que determinados procedimentos, geralmente de
maior complexidade, são realizados pelos elementos da equipe. A periodicidade das
visitas depende da complexidade assistencial requerida.

Conforme Giacomozzi e Lacerda (2006), a assistência domiciliar à saúde vem


transpor as práticas institucionalizadas da saúde, visando construir uma nova ação
36

profissional com base na inserção dos profissionais de saúde no local de vida,


interações e relações dos indivíduos, em sua comunidade e, principalmente, em seu
domicílio; passa, portanto, a considerar o contexto domiciliar das famílias.

O atendimento domiciliar à saúde é uma categoria diretamente relacionada à


atuação profissional no domicílio, que pode ser operacionalizada por meio da visita e
da internação domiciliar, envolvendo, assim, atividades que vão da educação e
prevenção à recuperação e manutenção da saúde dos indivíduos e seus familiares
no contexto de suas residências. (GIACOMOZZI e LACERDA, 2006).

Corroborando Paskulin e Dias (2002), afirmam que o atendimento domiciliar


envolve a realização de ações educativas, orientação, demonstração de
procedimentos técnicos a serem delegados ao cliente ou ao seu cuidador, bem
como a execução destes procedimentos pela equipe multiprofissional no domicílio do
cliente.

Para Lopes et. al., (2003), relatam que a participação ativa das pessoas,
famílias e profissionais envolvidos na assistência domiciliar constitui um aspecto
fundamental para a implementação de uma assistência domiciliar. Portanto, a
implantação da assistência domiciliar inclui: a reorganização do processo de trabalho
pela equipe de saúde, discussões sobre as diferentes concepções e abordagens à
família e a articulação com os outros níveis da atenção para a construção de uma
proposta integrada, e para aumentar a resolutividade e melhorar a qualidade de vida
das pessoas.

Segundo Paskulin e Dias (2002), o atendimento domiciliar pode propiciar um


contato mais estreito dos profissionais de saúde com o paciente e seus familiares
em seu próprio meio, podendo este momento ser útil para uma avaliação das
condições que o cercam, por vezes, de grande importância para o sucesso do
acompanhamento.

Lacerda et. al., (2006), consideram a atenção domiciliar à saúde como "um
dos meios de se obter do indivíduo, da família e da comunidade sua participação no
37

planejamento, na organização, na operação e no controle" dos cuidados primários


em saúde, fazendo uso dos recursos locais disponíveis.

O atendimento domiciliar representa uma estratégia de atenção à saúde, que


engloba mais do que o fornecimento de um tratamento padrão. É um método
aplicado ao cliente com o objetivo de enfatizar sua autonomia e realçar suas
habilidades em seu próprio ambiente domicílio. (DUARTE E DIOGO, 2000).

Segundo Lacerda et. al., (2006), na visita domiciliar são realizadas


orientações que dizem respeito a saneamento básico, cuidado com a saúde, uso de
medicamentos, amamentação, controle de peso, levantamento de dados que digam
respeito àquele indivíduo, à família e à comunidade em que vivem.

Conclui-se, portanto, que a visita domiciliar é uma forma de assistência


domiciliar à saúde, que dá subsídios para a execução dos demais conceitos desse
modelo assistencial. É, por intermédio da visita, que os profissionais captam a
realidade dos indivíduos assistidos, reconhecendo seus problemas e suas
necessidades de saúde. (LACERDA et. al., 2006).
38

2 MÉTODO

Neste capitulo apresenta-se o método utilizado neste estudo. Foi realizado


um estudo quantitativo, descritivo, com delineamento transversal, com a finalidade
de identificar a adesão ao tratamento medicamentoso da HAS, em pacientes
cadastrados e assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar, na região do Vale
do Rio dos Sinos R/S.

Segundo Figueiredo (2008), pesquisa quantitativa é o método que se


apropria da análise estatística para o tratamento dos dados. Deve ser aplicado nas
seguintes situações: quando é exigido um estudo exploratório para um
conhecimento mais profundo do problema ou objeto de pesquisa; quando é
necessário um diagnóstico inicial da situação; nos estudos experimentais; nos
estudos de análise ocupacional, de desempenho e nas auditorias da qualidade de
desempenho profissional e dos recursos institucionais.

A pesquisa descritiva tem como objetivo principal à descrição das


características de determinada população ou fenômeno, ou então, o estabelecimento
de relações entre variáveis obtidas por meio da utilização de técnicas padronizadas
de coleta de dados, tais como o questionário, formulário e a observação sistemática.
(FIGUEIREDO, 2008).

Conforme Goldim (2000), o estudo transversal é um tipo de Estudo


Observacional Descritivo, tendo por objetivo verificar a prevalência ou freqüência de
uma determinada característica. Neste estudo as variáveis podem ser obtidas em
um grupo de um determinado momento, as variáveis podem ser obtidas em grupos
de indivíduos expostos a um determinado fator capaz de influenciar ou desencadear
um evento.

O estudo foi realizado em um Projeto de Assistência Domiciliar que teve o


seu inicio no ano de 2007. Localizado na região do Vale do Rio dos Sinos R/S em
um bairro que possui uma população estimada de 25.492 habitantes,
compreendendo uma realidade de extrema pobreza. O Projeto foi direcionado para o
39

local de atuação, através da identificação de altos índices de problemas de saúde,


configurados principalmente pela vulnerabilidade social existente. O mesmo tem
como público alvo as famílias. O número de beneficiados é cerca de 1.000 famílias,
atingindo aproximadamente 3.500 pessoas e com média de 3.200
atendimentos/mês. Participaram deste estudo 110 pacientes com idade entre 28 á
88 anos de ambos os sexos, em tratamento medicamentoso para a HAS por mais de
06 meses e que apresentaram condições mentais de responder o questionamento
do formulário, bem como assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A coleta de dados teve o seu início no mês de Setembro do corrente ano,


quando foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) n° 4.04.30.09.1486 do
Centro Universitário Feevale. A mesma foi realizada de segunda a sexta durante o
turno da manhã e tarde. As entrevistas ocorreram na casa do próprio paciente
através do formulário (APENDICE A), contendo 18 questões objetivas e subjetivas e
de escolhas múltiplas, bem como linguagem simples e usual. A aluna pesquisadora,
com o auxilio de seis agentes comunitários de saúde¹ do Projeto, dirigiram-se ao
domicilio para realizar as entrevistas dos indivíduos hipertensos em tratamento
medicamentoso, cadastrados no Projeto.

Ao serem abordados em suas casas foi explicada a proposta do estudo, os


objetivos do mesmo e posteriormente lido o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE B). Aceitando participar do estudo foi assinado o mesmo,
ficando uma via em posse do participante, e a outra via em posse da aluna
pesquisadora, em seguida realizou-se a entrevista.

1
O Agente Comunitário de Saúde é o elo entre a equipe e a comunidade. Está em contato permanente com as
famílias, o que facilita o trabalho de vigilância e promoção da saúde, realizado por toda a equipe. É também um
elo cultural, que dá mais força ao trabalho educativo. Desenvolve suas ações nos domicílios de sua área de
responsabilidade.
3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Realizou-se a análise dos dados deste estudo a partir da aplicação de um


formulário em 110 pacientes, em tratamento medicamentoso para HAS, por mais de
seis meses, cadastrados e acompanhados pelo Projeto de Assistência Domiciliar na
região do Vale do Rio dos Sinos/RS.

Os resultados obtidos foram lançados num banco de dados (planilha Excel)


para posterior análise estatística. Os mesmos serão apresentados através de
frequências absolutas (n), relativos (%), média aritmética e seu respectivo desvio
padrão, valores mínimos e máximos. As associações entre as variáveis foram
testadas utilizando o teste Qui Quadrado no software Lê Sphinix Plus² (versão 4.5),
adotando o nível de significância de p≥ 0,05.

Pôde-se verificar na amostra estudada, maior frequência em pacientes do


sexo feminino (73,64%), sendo que a idade variou de 30 a 81 anos, com a média de
52,24 ± 10,79 anos. O alto nível de portadores de HAS deste estudo são da etnia
branca (85,45%).

Etnia
Sexo
90,00% 85,45%
100,00% 80,00%
70,00%
80,00% 73,64%
60,00%
60,00% 50,00%
40,00%
40,00% 30,00%
26,36%
20,00% 10,91%
20,00%
10,00% 3,64%
0,00% 0,00%
Figura:01:
Feminino Sexo Masculino Branco Negro Pardo

Figura 01: Sexo Figura 02: Etnia


Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta
41

No período de março de 2007 a março de 2008, cerca de 29.658 pessoas


apresentaram HAS, somente no Rio Grande do Sul, sendo 10.311 homens e
19.347 mulheres. (BRASIL, 2008). Considerando que os achados neste estudo vão
ao encontro da literatura, pois a amostra feminina é de (73,64%).

Franscischetti (2005), afirma que a prevalência de hipertensão em mulheres


é, em linhas gerais, parecida à que se observa em homens, acometendo, em média
30% a 40% das mulheres negras e aproximadamente, 20% das brancas.
Corroborando Brandão et. al., (2003), dizem que, em relação à etnia, o impacto da
hipertensão arterial não é uniforme, o que ficou comprovado no estudo de Spritzer
(1996), onde houve uma correlação positiva entre a cor da pele e os níveis de PA, tal
que um discreto aumento na pigmentação da pele seguir-se-ia de uma notável
elevação da mesma. Em contrapartida, neste estudo, observa-se o contrário
indicado na bibliografia, pois a maioria da amostra é de etnia branca.

Entretanto, Mano (2006), afirma que o índice de prevalência de hipertensão


varia numa mesma população de determinada origem conforme ocorrem migrações;
portanto, o ambiente é um importante fator determinante. Observou-se, então, que a
região em estudo é de imigração alemã, o que pode contribuir para este achado.
42

A figura 3 mostra o percentual de idades, evidenciando que a soma das


idades dos pacientes entre 49 a 88 anos e 11 meses totalizam 63,64%, e 36,36%
com idade entre 29 a 48 anos e 11 meses.

Idade

29 anos a 38 anos e 11 meses 10,00%

39 anos a 48 anos e 11 meses 26,36%

49 anos a 58 anos e 11 meses 40,91%

59 anos a 68 anos e 11 meses 10,91%

69 anos a 78 anos e 11 meses 10%

79 anos a 88 anos e 11 meses 1,82%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

Figura 03: Idade


Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

No Brasil, são cerca de 17 milhões de portadores de HAS, 35% da


população de 40 anos ou mais. Esse número é crescente; a HAS está cada vez mais
precoce, estimando-se que cerca de 4% das crianças e adolescentes também sejam
portadores. Corroborando Gus et. al., (2006), em um estudo transversal realizado
com representação para todo o Estado do Rio Grande do Sul, cujos resultados
mostraram 33% de prevalência de HAS, confirmando a elevada frequência da
doença. Salienta-se que neste estudo apresentam-se também 36,36% com idade
entre 39 a 48 anos e 11 meses, 40,91% são de 49 a 58 anos e 11 meses, sendo que
a média de idade fica em torno de 52,24 ± 10,79, confirmando os achados dos
autores.

Os autores Pessunto e Carvalho (1998), afirmam que a idade é considerada


um fator de risco importante que contribui para o aparecimento da HAS, devido às
alterações na musculatura lisa e no tecido conjuntivo dos vasos, como consequência
do processo de envelhecimento. Em ambos os sexos, a frequência da hipertensão
43

cresce com o aumento da idade. Podendo-se observar neste estudo que grande
parte dos pacientes tem acima dos 50 anos.

Escolaridade

Educação Fundamental Incompleto 59,09%

Educação Infantil Iniciação 15,45%

Educação Fundamental Completo 10,91%

Sem instrução 8,18%

Educação Infantil Completo 4,55%

Ensino Médio Completo 1,82%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

Figura 04: Escolaridade

Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Quando nos reportamos à escolaridade dos indivíduos, 59,09% da amostra


referem ter Ensino Fundamental Incompleto, 8,18% são analfabetos e apenas
1,82%, Ensino Médio Completo; ninguém da amostra possui Nível Superior. Os
dados coletados apontam para um baixo nível de escolaridade, revelando que o
nível de entendimento e conhecimento sobre a doença e o tratamento poderá estar
inadequado ou falho.

Neste sentido, Gus et. al., (2004), afirmam que em função da baixa
escolaridade tanto na prevenção da HAS como no seu conhecimento confirmam a
existência da relação entre a desigualdade social e a desigualdade em saúde. Nos
dados analisados neste estudo, 59,09% da amostra possuem Ensino Fundamental
Incompleto. A soma entre os participantes que não completaram o Ensino
Fundamental é de 87,27% da amostra, confirmando, assim, a desigualdade social e
o baixo nível de escolaridade.
44

Além do aspecto educacional, é de suma importância o acúmulo de


informações a respeito da HAS e das mudanças no estilo de vida. O paciente deve
estar consciente da gravidade dessa doença assintomática, pois, só assim, poderá
prevenir-se das complicações futuras e estar motivado para as alterações no
cotidiano, que talvez envolvam um dos aspectos mais difíceis de serem alcançados,
que é a adesão às condutas de controle da doença e de prevenção das
complicações da mesma. (SANTOS; LIMA, 2005).

Já em relação à renda, 47,30% dos pacientes confirmaram receber até um


salário, e somente 9,10% dois ou mais salários, enquanto que 42,70% afirmam não
possuir renda.

Renda

Até um salário mínimo 47,30%

Sem renda 42,70%

02 a 04 salários mínimos 9,10%

05 ou mais salários
0,90%
mínimos

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00% 50,00%

Figura 05: Renda


Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

O nível socioeconômico mais baixo está diretamente relacionado aos fatores


de risco para elevação da pressão arterial, além de uma maior possibilidade de
lesão em órgãos alvos e eventos cardiovasculares. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS
DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Para Castro et. al., (2005), a condição socioeconômica pode ter influência
multifatorial na hipertensão. No mundo do trabalho, a hipertensão arterial sistêmica é
mais encontrada entre os trabalhadores não especializados, que ganham menores
salários, dos setores secundários e terciários da economia. As pessoas menos
45

favorecidas não possuem acesso a informações, não tendo conhecimento suficiente


dos agravos que a HAS pode provocar.

Nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Brasil


(2002), pobres são considerados os indivíduos com renda per capita de até meio
salário mínimo. Conforme este fato, o Censo Brasileiro de 1999 retrata que 25,6%
dos brasileiros são considerados pobres; nesta classificação também se encontram
16,6% da população do Rio grande do Sul. Pode-se afirmar que a amostra do
presente estudo se enquadra na classe pobre, pois 47,30% dos entrevistados
recebem até um salário, e 42,70% não possuem salário mínimo.

Na população deste estudo também se pode perceber que o alto índice de


indivíduos sem renda (42,70%) está vinculado ao relato dos autores, pois estes, com
certeza, não têm acesso à informação, não detendo conhecimento adequado para
identificar e/ou tratar a HAS.
46

Tabela 01: Dados demográficos da população.


Idade 52,24 ± 10,79
Estado Civil
Casado 53 (48,18%)
solteiro 17 (15,45%)
União Estável 22 (20%)
Viúvo 10 (9,09%)
Outros 08 (7,27%)
Profissão
Dona de Casa 22 (20%)
Serviços gerais (doméstica, faxineira, pintor e
fiveleiro) 52 (47,27%)
Costureira 05 (4,55%)
Cozinheira 02 (1,82%)
Vigia 03 (2,73%)
Motorista 01 (0,91%)
Comerciante 02 (1,82%)
Pedreiro 02 (1,82%)
Não informou 19 (17,27%)
Beneficiário(a) do INSS ou aposentado 02 (1,82%)
Profissão atual
Dona de casa 46 (41,82%)
Serviços gerais (doméstica, faxineira, pintor e
fiveleiro) 27 (24,55%)
Costureira 01 (0,91%)
Cozinheira 01 (0,91%)
Desempregado 04 (3,64%)
Beneficiário do INSS ou aposentado 22 (20%)
Pedreiro 02 (1,82%)
Não informou 07 (6,63%)
Dados expressos através de análises de frequências
a - Dados expressos através de média ±
desvio padrão
Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

A tabela 01 apresenta dados demográficos da população. Dos 110


pacientes, 47,27% têm a profissão vinculada a serviços gerais (doméstica, faxineira,
pintor, fiveleiro, etc...), mas quando perguntamos sobre a profissão atual que está
exercendo, predominou a de dona de casa (41,82%), seguida por profissionais de
serviços gerais (24,55%). Foi observado, também, que 3,64% da amostra estão
desempregados e 20% são atualmente beneficiários do INSS ou aposentados. Os
dados da tabela 01 sobre a idade já foram discutidos anteriormente. Observando-se,
também, que 48,18% são casados, e 20% têm uma união estável de vida.
47

Na pesquisa, foram realizados alguns questionamentos aos pacientes


referente ao tempo de conhecimento da HAS. Pode-se observar que a grande
maioria deles tem mais de seis anos de conhecimento sobre a doença (43,64%),
sendo que 29,09% entre dois e três anos e 11 meses. O acompanhamento do
Projeto de Assistência Domiciliar iniciou em 2007, portanto, em pouco tempo, pôde-
se verificar mais indivíduos com HAS; o que significa que muitos dos pacientes são
portadores da doença e provavelmente, foram diagnosticados através da atuação da
equipe multiprofissional do Projeto.

Tempo de conhecimento sobre a doença

50,00% 43,64%
45,00%
40,00%
35,00% 29,09%
30,00%
25,00%
20,00% 17,27%
15,00% 10%
10,00%
5,00%
0,00%
Mais de seis Entre dois e três Entre quatro e Menos de um
anos anos e 11 cinco anos e ano e 11
meses; 11meses meses;

Figura 06: Tempo de conhecimento sobre a doença


Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Neste sentido, Brunner e Suddarth (2002), afirmam que os hipertensos


podem apresentar-se assintomáticos, permanecendo, assim, por muitos anos.
Entretanto, as manifestações clínicas específicas que aparecem, geralmente,
revelam lesão vascular com as manifestações específicas relacionadas aos órgãos
irrigados pelos vasos afetados. Segundo Lessa (2006), a pressão arterial sistêmica,
quando descontrolada, pode ocasionar o Acidente Vascular Encefálico (AVE),
Doença Arterial Coronariana (DAC), Insuficiência Cardíaca (IC), Insuficiência Renal
(IR) e Isquemia Vascular Periférica. Se observarmos o tempo de funcionamento do
Projeto, podemos afirmar que a importância do rastreamento dos hipertensos e,
48

consequentemente, o acompanhamento leva-os a um despertar do


comprometimento com o tratamento da HAS.

Entretanto Puppin (2002), confirma que, na maioria das vezes, a hipertensão


arterial não ocasiona sintomas, razão pela qual sua verificação periódica se faz
necessária do ponto de vista da prevenção. Corroborando Borenstein (1999), afirma
que nem sempre quem tem pressão alta apresenta alguma sintomatologia. Por isso,
a hipertensão é chamada de “Assassina silenciosa”. Constatamos aqui a importância
de um acompanhamento, controle e orientação sobre a HAS.

Quando perguntamos sobre o tempo de uso da medicação para HAS, com


acompanhamento do Projeto, 36,36% dos entrevistados disseram fazer uso de
medicação por mais de seis meses. E 29,09% estão se tratando entre um á dois
anos, sendo que o acompanhamento, a orientação e o controle dos níveis tencionais
da HAS foram intensificados pela presença da equipe do Projeto de Assistência
Domiciliar desde 2007, havendo um aumento da sua clientela no final de 2008,
segundo os relatórios estatísticos do referido.

Tempo faz uso de medicação para HAS com o


acompanhamento do Projeto?

100,00%
80,00%
60,00%
36,36%
40,00% 29,09% 25,45%
20,00% 8,18%
0,91%
0,00%
Entre 6 meses Entre 1 ano e Mais de 2 anos Entre 1 ano e 1 Não respondeu
a 11 meses e seis meses a 1 ano e 5 meses
29 dias ano 11 meses e e 29 dias
29 dia

Figura 07: Tempo que o paciente faz uso da medicação para HAS
com acompanhamento do Projeto.
Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta
49

Conforme as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2004), a manutenção do


tratamento e o permanente controle da pressão arterial ao longo do tempo,
certamente, são os maiores determinantes do sucesso que se imagina ter com as
intervenções medicamentosas.

O Brasil tem um elevado custo social com a hipertensão não controlada.


Porém pior do que a não adesão é a descontinuidade do fornecimento ou reposição
da medicação nos serviços de atenção básica, onde se insere a maioria daqueles
que conseguem assistência ainda sem lesão de órgão alvo. (LESSA, 2006).

Já em relação à história familiar, 37,27% da amostra estudada relata ter pais


com história de HAS. Foi verificado, também, que 10% dos pacientes referem não
ter história familiar de HAS.

Tabela 02: Questionamentos sobre HAS – História


familiar
variáveis n=110
História familiar
Pais 41 (37,27%)
Irmão(s) 17 (15,45%)
Pais e irmãos 21 (19,09%)
Nenhum 11 (10%)
Desconhece 19 (17,27%)
Não respondeu 01 (0,91%)
Dados expressos através de análises de frequência
Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Esta pesquisa vem ao encontro dos relatos de Cotran, Kumar e Collins,


(2000), os quais afirmam que a predisposição genética vem sendo alvo determinante
na compreensão desta doença. Sendo esses fatores genéticos responsáveis por
uma grande parcela de casos referentes a distúrbios na pressão hemodinâmica, fica
evidente a incidência maior de hipertensão em famílias de hipertensos, pois a
tendência hereditária costuma aparecer cerca de 75% de todos os pacientes.
Contudo, Cooper (1991), comenta que muitos casos de HAS têm um fator genético,
ou seja, algumas pessoas possuem uma tendência hereditária para a pressão alta.
Porém, os genes não são decisivos. Mudanças no estilo de vida e a administração
50

de medicamentos apropriados podem, com frequência, contrabalançar a influência


da hereditariedade. Evidenciou-se, nesta amostra, que grande parte dos
entrevistados tem correlação com história familiar, confirmando o que os autores
relatam: 37,27% têm relação somente com os pais, e 19,09% com pais e irmãos.

A maioria dos hipertensos desconhece sua causa; porém, vários são os


fatores que podem estar associados à elevação da HAS, como sedentarismo,
estresse, tabagismo, envelhecimento, história familiar, raça, gênero, peso e os
fatores dietéticos. (MOLINA et al., 2003).

Neste contexto, Siqueira et. al., (2003), afirmam que o risco da doença
aumenta nos casos em que se apresenta em parentes de primeiro grau,
porcentagem elevada entre os membros da família e precocidade da manifestação
da doença.
51

A figura 08 descreve as questões relacionadas à ESCALA DE MORISKY.


Nesta, pode-se observar que 83,64% dos pacientes analisados dizem seguir
corretamente as orientações dadas pelo médico e Equipe de Saúde para o
tratamento da HAS e que 4,55% dos pacientes, relatam não seguir de maneira
correta o tratamento orientado. Analisando este contexto, a maioria dos pacientes
com HAS adere às orientações e ao tratamento medicamentoso.

Você segue corretamente as orientações dadas pelos médicos ou


equipe de Saúde para o tratamento da sua hipertensão
90,00% 83,64%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%

30,00%
20,00%
10%
10,00% 4,55%
1,82%
0,00%
Sim Não Nem Sempre Não respondeu

Figura 08: Você segue corretamente as orientações dadas pelos médicos ou equipe
de Saúde para o tratamento da sua hipertensão?
Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Os autores Lyra Junior et. al., (2006), afirmam que a importância do


enfermeiro está ligada ao processo de educação, motivando o portador de
hipertensão arterial a realizar o autocuidado, utilizando estratégias para viabilizar a
comunicação e a verbalização de seus problemas. O enfermeiro é um elemento de
confiança, com quem o paciente pode compartilhar seus problemas, sejam eles
físicos, sociais, econômicos, familiares ou emocionais. Muitas vezes, os portadores
de hipertensão arterial necessitam não só de alguém para esclarecer suas dúvidas,
mas também para amenizar os anseios e preocupações.

A não adesão ao tratamento, segundo Pierin (2004), não é um problema


específico do Brasil; trata-se de um problema mundial. Para Santos e Lima (2005),
na prática profissional, tem-se deparado com a falta de adesão ao tratamento,
52

justificada não só com suspensão ou irregularidade ao tratamento farmacológico,


mas também com a adoção de estilo de vida inadequado.

Ao enfermeiro, são atribuídas muitas atividades, como aferir a pressão


arterial, realizar avaliações físicas, interpretação de diagnóstico e outros, cabe
também as responsabilidades de administrar e acompanhar o tratamento dos
pacientes com pressão arterial e fazer o encaminhamento ao médico nos casos em
que a pressão não está devidamente controlada. Deste modo, a introdução de
metodologias educacionais deve enfocar a adesão em relação à colaboração,
sobretudo a co-responsabilidade, o que implica troca de experiências,
questionamentos e humanização dos pacientes. É importante torná-los participativos
na conservação de sua saúde. (PIERIN, 2004).

A assistência domiciliar através da equipe multiprofissional é muito


importante, pois tem o objetivo de acompanhar esses indivíduos prestando
assistência qualificada, auxiliando para que tenham conhecimento adequado sobre a
patologia, seus cuidados e possíveis complicações. A adesão ao tratamento
medicamentoso da HAS é imprescindível para haver qualidade de vida e promoção
da saúde, porém nem sempre os indivíduos aderem ao tratamento, devido a vários
fatores, tais como: problemas socioeconômicos, falta de conhecimento, motivação,
entre outros.
53

Tabela 03: Questões relacionadas á orientações do


tratamento.
Variáveis n=110
Motivo pelo qual não segue as orientações:
Não acredito no tratamento para hipertensão 01 (20%)
Outros motivos 04 (80%)
Algumas vezes você se descuida de tomar
seus remédios?
Sim 45 (40,91%)
Não 65 (59,09%)
Quando você se sente bem/melhor, você
deixa de tomá-los?
Sim 17 (15,45%)
Não 93 (84,85%)
Quando você toma os seus remédios e se
sente pior, você deixa de tomá-los?
Sim 12 (10,91%)
Não 98 (89,09%)
Dados expressos através de análises de frequência
Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

A tabela 3 identifica questões relacionadas a orientações do tratamento,


sendo que 40,91% da amostra alguma vez já se descuidaram de tomar a
medicação. Observou-se que apenas 15,45% dos pacientes parou de tomar a
medicação quando se sentiu melhor, e que 10,91% dos pacientes parou de tomar a
medicação quando se sentiu pior.

Segundo Wetzel Júnior e Silveira (2005), para o controle da hipertensão


arterial, a adesão ao tratamento é imprescindível. Seu conceito refere-se ao grau de
cumprimento das medidas terapêuticas indicadas, sejam elas medicamentosas ou
não, com o objetivo de manter a pressão arterial em níveis normais.

Pierin (2004), afirma que a não adesão não é um problema específico do


Brasil trata-se de um problema mundial. Conforme Souza et. al., (2007), vários
fatores podem contribuir para o pobre controle da HAS, incluindo desde a adesão do
paciente ao tratamento proposto, a distribuição de medicamentos pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) em cada região, até a eficácia do próprio tratamento.
54

Salienta-se que, neste estudo, somente 20% dos entrevistados não acredita
no tratamento medicamentoso e que grande parte da amostra adere ao tratamento
da HAS.

Neste caso da resposta afirmativa para alguma das perguntas referente à


tabela 03, foi realizado um novo questionamento sobre o motivo de o paciente parar
de tomar a medicação, (os mesmos estão descritos no quadro 01), podendo
concluir-se que o motivo mais frequente foi o esquecimento.

Quadro 01 – Motivos pelo qual o paciente parou de tomar


medicação.
Por que você parou de tomar o remédio?
Esqueceu 30
Não tinha tempo ou condições de buscá-lo na
UBS 01
Outros motivos 15
Outros motivos que o levaram a parar de
tomar o remédio.
Bebeu cerveja 01
Descuido 01
Medicamento fazia mal 02
Teve medo de piorar. 01
Não aceitou tomar 01
Não estava em casa e esqueceu 01
Achou que não precisava 01
Não queria tomar 02
Parou por conta 01
Preguiça 01
Revolta 01
Sentia bem 01
Não mencionou o outro motivo 01
Estas questões foram aplicadas para pacientes que responderam
sim para alguma das perguntas do escore Morisky.
Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Em relação àqueles 10% (referenciados na figura 8) que nem sempre


seguem as orientações, pode-se observar no quadro 01 que o motivo principal
(n=30) é o esquecimento; alguns motivos como achar que não precisa, tomou a
medicação quando a pressão aumenta ou se sentiu bem melhor, também
apareceram como justificativa. Conforme tabela 03, somente quatro pacientes dizem
55

não seguir as orientações dadas pelos médicos ou Equipe de Saúde para o


tratamento da hipertensão, referindo ser por outro motivo, mas não descreveram o
mesmo.

A literatura demonstra que os pacientes têm conhecimento de sua doença e


são cumpridores do tratamento, no entanto, a adesão ao tratamento farmacológico é
de apenas 42%, sem especificar uma faixa etária. Também é descrito que o
esquecimento, relatado por alguns pacientes, dificulta a adesão, não contribuindo
para a redução dos níveis pressóricos. Os baixos níveis de conhecimento sobre os
medicamentos, em conjunto com o nível de escolaridade, constituem obstáculos
para a adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico. A presença de
déficit cognitivo em alguns pacientes, principalmente com idade avançada, interfere,
também, de forma negativa. (GIORGI, 2006).

A Organização Mundial de Saúde (OMS), em seus estudos sobre a HAS,


encontrou diversos motivos para a não aderência, citados pelos pacientes; entre ele:
indivíduos que não tomavam a medicação por esquecimento, alguns referiram outras
prioridades. Outros, conforme mesmo estudo, escolheram por tomar dosagem
menor que a prescrita, falta de informação, alto custo da medicação, efeitos
indesejáveis da mesma, falta de sintomas. Alguns desses indivíduos só tomavam a
medicação quando a pressão apresentava-se alta; alguns alegavam a falta de
vontade para tratar a doença e, também, entre outros motivos, um relacionamento
inadequado com a equipe de saúde. (GUSMÃO e JÚNIOR, 2006).
56

Tabela 04: Algumas vezes você se descuida de tomar seus remédios?


Sim Não
n = 45 n = 65 p
Sexo
Feminino 34 (75,56%) 47 (72,31%) 0,43
Masculino 11 (24,44%) 18 (27,69%)
Etnia 0,92
Branco 38 (84,44%) 56 (86,15%)
Pardo 05 (11,11%) 07 (10,77%)
Negro 02 (4,44%) 02 (3,08%)
Idade 50,17 ± 9,62a 53,67± 11,38 a 0,08 b
Quanto tempo tem conhecimento sobre
sua doença (HAS)? 0,29
Menos de um 01ano e 11 meses; 03 (6,67%) 08 (12,31%)
Entre 02 a 03 anos e 11 meses; 10 (22,22%) 22 (33,85%)

Entre 04 a 05 anos e 11meses 08 (17,78%) 11 (16,92%)


Mais de 06 anos 24 (53,33%) 24 (36,92%)

Quanto tempo faz uso de medicação para


HAS com o acompanhamento do Projeto? 0,06

Entre 06 meses a 11 meses e 29 dias 10 (22,22%) 30 (46,15%)

Entre 01 ano e 01 ano e 05 meses e 29 dias 04 (8,89%) 05 (7,69%)


Entre 01 ano e 06 meses a 01 ano 11 meses
e 29 dias 17 (37,78%) 15 (23,08%)
Mais de 02 anos 14 (31,11%) 14 (21,54%)

Possui história de hipertensão na família? 0,03


Não 08 (17,78%) 23 (35%)
Sim 37 (82,22%) 42 (64,62%)
a - Dados expressos através de média ± desvio padrão
Demais dados expressos através de análises de frequencias
b – Teste t para amostras independentes
Demais variáveis - x²
Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Na tabela 04, pôde-se verificar as associações entre as variáveis sócio-


demográficas em relação ao descuido em tomar a medicação. Observamos que
existe associação significativa nos pacientes que possuem história familiar de
hipertensão e que menos descuidam de tomar os medicamentos (p=0,03). Nas
demais variáveis não se observou associações significativas com o descuido em
tomar a medicação.
57

A maioria dos pacientes diz que não se descuida em tomar o medicamento e


que conhece sua doença há mais de 02 anos. Um dado significativo e de grande
relevância é o da história de HAS na família, pois a maioria da amostra estudada
tem história familiar confirmada.

Lima et. al.; (2005), ao discorrer sobre o estudo de avaliação de controle de


PA têm mostrado que as mulheres parecem ser mais conscientes quanto a sua
doença e, desta forma, apresentam maior adesão ao tratamento. Sendo que o
estudo realizado confirma este dado, pois 72,31% das mulheres afirmam não se
descuidarem de tomar os seus medicamentos.

Corroborando Siqueira et. al., (2003), em relação à hereditariedade o risco


da doença aumenta nos casos em que se apresenta em parentes de primeiro grau,
porcentagem elevada entre os membros da família e precocidade da manifestação
da doença.
58

Tabela 05: Quando você se sente bem/ melhor, você deixa de tomá-los?
Sim Não
n = 17 n = 93 p
Sexo 0,48
Feminino 12 (70,59%) 69 (74,19%)
Masculino 05 (29,41%) 24 (25,81%)
Etnia 0,68
Branco 15 (88,24%) 79 (84,95%)
Pardo 02 (11,76%) 10 (10,75%)
Negro 00 (0%) 04 (4,30%)
Idade 47,11 ± 9,96 a 53,18 ± 10,77 a 0,46 b
Quanto tempo tem conhecimento
sobre sua doença (HAS)? 0,19
Menos de 01 ano e 11 meses 01 (5,88%) 01 (1,08%)
Entre 02 a 03 anos e 11 meses 04 (23,53%) 28 (30,11%)

Entre 04 a 05 anos e 11meses 06 (35,29%) 13 (13,98%)


Mais de 06 anos 06 (35,29%) 42 (45,16%)
Quanto tempo faz uso de medicação
para HAS com o acompanhamento
do Projeto? 0,35

Entre 06 meses a 11 meses e 29 dias 04 (23,53%) 36 (38,71%)


Entre 01 ano e 01 ano e 05 meses e 29
dias 01 (5,88%) 08 (8,60%)
Entre 01 ano e seis meses a 01 ano 11
meses e 29 dias 08 (47,06%) 24 (25,81%)
Mais de 02 anos 04 (23,53%) 24 (25,81%)
Possui história de hipertensão na
família?
Não 03 (17,65%) 28 (30,11%) 0,22
Sim 14 (82,35%) 65 (69,89%)
a - Dados expressos através de média ± desvio padrão
Demais dados expressos através de análises de frequências
b – Teste t para amostras independentes
Demais variáveis -
Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Na tabela 05, pôde-se verificar que não existe nenhuma associação entre
parar de tomar a medicação quando se sente melhor, com as variáveis demográficas
da população.

Fica evidenciado através da tabela 05 que o sexo feminino (74,19%) é o que


menos deixa de tomar medicamentos quando se sente bem, aderindo melhor ao
tratamento da HAS, em relação ao sexo masculino (25,81%). Os demais dados
desta tabela já foram discutidos anteriormente nas figuras 06 e 07 e tabela 04.
59

Tabela 06: Quando você toma os seus remédios e se sente pior, você deixa
de tomá-los?
Sim Não
n = 12 n = 98 p
Sexo 0,60
Feminino 09 (75%) 72 (73,47%)
Masculino 03 (25%) 26 (26,53%)
Etnia
Branco 11 (91,67%) 83 (84,69%) 0,72
Pardo 01 (8,33%) 11 (11,22%)
Negro 00 (0%) 04 (4,08%)
Idade 49,41 ± 10,35 a 52,59 ± 10,84 a 0,52 b
Quanto tempo tem conhecimento
sobre sua doença (HAS)? 0,83
Menos de 01 ano e 11 meses 01 (8,33%) 10 (10,20%)
Entre 02 a 03 anos e 11 meses 04 (33,33%) 28 (28,57%)

Entre 04 a 05 anos e 11meses 01 (8,33%) 18 (18,37%)


Mais de 06 anos 06 (50%) 42 (42,86%)
Quanto tempo faz uso de medicação
para HAS com o acompanhamento
do Projeto?

Entre 06 meses a 11 meses e 29 dias 03 (25%) 37 (37,76%) 0,02


Entre 01 ano e 01 ano e 05 meses e 29
dias 00 (0%) 09 (9,18%)
Entre 01 ano e seis meses a 01 ano 11
meses e 29 dias 08 (66,67%) 24 (24,49%)
Mais de 02 anos 01 (8,33%) 27 (27,55%)
Possui história de hipertensão na
família?
Não 11 (8,33%) 30 (30,61%) 0,09
Sim 11 (91,67%) 68 (69,39%)
a - Dados expressos através de média ± desvio padrão
Demais dados expressos através de análises de frequências
b – Teste t para amostras independentes
Demais variáveis - x²
Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

A tabela 06 mostra as correlações entre as variáveis demográficas entre


deixar de tomar os medicamentos quando se sente pior. Podemos observar que os
pacientes que usam a medicação entre 01 ano e 06 meses e 01 ano e 11 meses e
29 dias são os que mais deixam de tomá-la quando se sentem pior (p=0,02). Já em
60

pacientes que a usam há mais de dois anos, pode-se verificar que apenas 27,55%
dos casos não deixam de tomar a medicação, mesmo se sentindo pior. Percebe-se
que estes pacientes, os quais são acompanhados pelo Projeto de Assistência
Domiciliar por mais tempo (02 anos), persistem no tratamento para a doença. Pode-
se, então, salientar a aderência ao tratamento proposto por parte desta parcela da
amostra. Já os que estão iniciando o tratamento demonstram ainda não estarem
bem comprometidos com o mesmo.

Smeltezer e Bare (2006), afirmam que uma vez que, a pressão arterial
elevada é identificada no indivíduo, deve ser acompanhada, já que a hipertensão é
uma condição para o resto da vida.

Segundo o Ministério da Saúde (2006), é preciso ter em mente que a


manutenção da motivação do paciente em não abandonar o tratamento é talvez uma
das batalhas mais árduas que os profissionais de saúde enfrentam, em relação ao
paciente hipertenso. A não adesão ao tratamento é a principal causa do não controle
da doença. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Contribuindo, Wetzel Junior e Silveira (2005), afirmam que a falta de adesão


ao tratamento anti-hipertensivo continua sendo um dos maiores problemas na área
da hipertensão arterial.
61

CONCLUSÃO

Através deste estudo buscou-se identificar a adesão ao tratamento da


hipertensão arterial sistêmica (HAS), baseando-se na Escala de Morisky, o
conhecimento sobre a patologia e o perfil sócio demográfico dos pacientes,
cadastrados e assistidos pelo Projeto de Assistência Domiciliar, na região do Vale do
Rio dos Sinos R/S.

A amostra foi composta por 110 pacientes, cadastrados e acompanhados no


Projeto de Assistência Domiciliar. Têm um perfil sócio demográfico que não favorece
o desenvolvimento e crescimento da comunidade. A maioria deles do sexo feminino,
etnia branca, casados e união estável.

Evidenciou-se a baixa renda como consequência do desemprego, na


população estudada, o que se deve a vários fatores, entre eles, o baixo nível de
escolaridade da maioria dos indivíduos. Em relação às profissões, grande parte dos
entrevistados, são profissionais de serviços gerais. Com relação à ocupação atual,
predominou a de dona de casa.

Pode-se confirmar que a população do presente estudo se enquadra na


classe pobre, pois mais que a metade dos indivíduos recebe até um salário e os
demais não possuem salário. Constata-se que grande parte desta população
estudada é estigmatizada pela sociedade, devido à localização geográfica,
dificultando, assim, o acesso ao trabalho. A condição histórica de desigualdade
social e a baixa autoestima também são fatores relevantes do desemprego desta
população.

Cabe salientar que a história familiar foi muito significante na amostra em


relação à hereditariedade (pais e irmãos), constatando-se que somente 10% deles
não têm história familiar de HAS. Isso revela que é necessário investir na orientação,
tratamento e prevenção da HAS.
62

A amostra alega ter mais de 06 anos de conhecimento sobre a doença da


HAS. Quanto às orientações dadas pela médica e Equipe de Saúde do Projeto, em
relação ao tratamento da HAS, poucos são os pacientes que não o seguem de
maneira correta. Os dados também apontam que alguns deles esquecem de tomar a
medicação. Isso faz despertar para uma investigação contínua bem como um
acompanhamento referente ao conhecimento e complicações da Hipertensão
Arterial Sistêmica. Sabe-se que a mesma, muitas vezes, não apresenta sinais e
sintomas.

Neste contexto, a enfermagem tem um papel primordial em orientar para


prevenir a doença, bem como verificar os fatores que influenciam a falta de adesão
ao tratamento medicamentoso, no acompanhamento dos pacientes hipertensos.
Tudo para tornar os pacientes conscientes e participativos na conservação da saúde
e prevenção da doença.

Constatou-se que, quando aplicada a ESCALA DE MORISKY, alguns dos


pacientes acompanhados pelo Projeto de Assistência Domiciliar não aderiram ao
tratamento medicamentoso. Foi também verificado que alguns deixam de tomar o
fármaco quando se sentem piores. Portanto, é de fundamental importância que os
profissionais, sejam quais forem as suas atuações, possam conhecer os fatores que
levam a não adesão ao tratamento desta doença, traçando estratégias, buscando os
recursos disponíveis, tendo em vista o melhor para a assistência do indivíduo que
procura o atendimento do profissional da saúde.

A Hipertensão Arterial Sistêmica é uma doença multifatorial, exigindo


diferentes abordagens e atenção de uma equipe multiprofissional, ampliando as
possibilidades de sucesso do tratamento anti-hipertensivo e do controle dos demais
fatores de risco envolvidos. Por esse motivo, o assunto não se esgota aqui. Fica o
desafio e a necessidade de novos estudos referentes à adesão ao tratamento
medicamentoso, bem como cuidados e complicações relacionados com a HAS.
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APÊNDICES
APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETAS DE DADOS

FORMULÁRIO

Nº: ______ Data:_____/_____/_____

DADOS PESSOAIS

1. Idade:............anos
2. Sexo: 1( ) Feminino 2( ) Masculino
3. Etnia: 1( ) Branco 2( ) Pardo 3( ) Negro
4. Estado Civil: 1( ) Casado 2( ) Solteiro 3( ) União Estável 4( ) Viúvo
5( ) Outros:____________________________________________________
5. Profissão:_______________________________________________________
6. OcupaçãoAtual:___________________________________________________
7- Qual a sua renda mensal?
1. ( ) Até 1 salário mínimo
2. ( ) 2 a 4 salários mínimos
3. ( ) 5 ou mais salários mínimos
4. ( ) Sem renda

8 - Nível de Escolaridade:

1. ( ) Sem instrução 5. ( ) Educação Fundamental Completo


2. ( ) Educação Infantil Iniciação 6. ( ) Ensino Médio Incompleto
3. ( ) Educação Infantil Completo 7. ( ) Ensino Médio Completo
4. ( ) Educação Fundamental Incompleto 8. ( ) Nível Superior Incompleto
9. ( ) Nível Superior Completo

DADOS RELATIVOS À PESQUISA

9 - Quanto tempo tem conhecimento sobre sua doença (HAS)?

1. ( ) Menos de um ano e 11 meses;


2. ( ) Entre dois e três anos e 11 meses;
3. ( ) Entre quatro e cinco anos e 11meses;
4. ( ) Mais de seis anos.

10 - Quanto tempo faz uso de medicação para HAS com o acompanhamento do


Projeto?
1. ( ) entre 6 meses a 11 meses e 29 dias
2. ( ) entre 1 ano e 1 ano e 5 meses e 29 dias
3. ( ) entre 1 ano e seis meses a 1 ano 11 meses e 29 dias
4. ( ) Mais de 2 anos.
71

11 - Possui história de hipertensão na família?


1. ( ) Pais
2. ( ) Irmão(s)
3. ( ) Pais e irmãos
4. ( ) nenhum
5. ( ) desconhece

12 - Você segue corretamente as orientações dadas pelos médicos ou Equipe de


Saúde para o tratamento da sua hipertensão?

1. ( ) sim 2. ( ) não 3. ( ) Nem sempre

13 - Se a resposta for nem sempre. Qual motivo?____________________________


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

14 - Se a resposta for não.

1. ( ) Não consigo compreender o que falam sobre a doença


2. ( ) Não tenho acesso as orientações sobre a doença
3. ( ) As orientações que recebo são fracas
4. ( ) Não acredito no tratamento para hipertensão
5. ( ) Não tenho orientações sobre a doença
6. ( ) Outros motivos:____________________.

Os dados abaixo se referem a Escala de Morisky

ESCALA DE MORISKY

15 - Algumas vezes você se descuida de tomar seus remédios?


1. ( ) Sim 2. ( ) Não

16 - Quando você se sente bem/ melhor, você deixa de tomá-los?


1. ( ) Sim 2. ( ) Não

17 - Quando você toma os seus remédios e se sente pior, você deixa de tomá-los?
1. ( ) Sim 2. ( ) Não

Se o paciente responder sim para alguma das perguntas do escore Morisky,


questionar:

18 - Porque você parou de tomar o remédio?


1. ( ) Esqueceu
2. ( ) Não tinha dinheiro para comprar
3. ( ) Não tinha tempo ou condições de busca-lo na UBS.
4. ( ) UBS não forneceu
5. ( ) Outros motivos. Qual ?..................................................................................
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ANEXOS
ANEXO A - TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS

TERMO DE COMPROMISSO PARA UTILIZAÇÃO DE DADOS

Cadastro no
ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO CEP

DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM PACIENTES

ASSISTIDOS POR UM PROJETO DE ASSISTÊNCIA

DOMICILIAR

Os pesquisadores do presente projeto de pesquisa se comprometem a


preservar a privacidade dos sujeitos da pesquisa, cujos dados serão coletados em
um Projeto de Assistência Domiciliar em uma região do Vale do Rio dos Sinos.
Concordam, igualmente, que essas informações serão utilizadas única e
exclusivamente para fins acadêmicos. Comprometem-se, igualmente, a fazer
divulgação dessas informações coletadas somente de forma anônima.

Novo Hamburgo, Setembro de 2009.

Nome da Pesquisadora: Benícia Rauber Assinatura

Pesquisadora responsável: Kelly Furlanetto


ANEXO B – AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE PESQUISA COMITÊ DE ETICA EM
PESQUISA - CEP

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