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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

SELEÇÃO DE UM MATERIAL IDEAL PARA A


CONSTRUÇÃO DE BARRAS PARALELAS PARA
FISIOTERAPIA

Amanda Silva do Nascimento


Emerson Rennê Santos Pereira

Professora: Ana Cristina Ribeiro Veloso

São Cristóvão (SE), 25 de setembro de 2017


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

SELEÇÃO DE UM MATERIAL IDEAL PARA A


CONSTRUÇÃO DE BARRAS PARALELAS PARA
FISIOTERAPIA

Amanda Silva do Nascimento


Emerson Rennê Santos Pereira

Professora: Ana Cristina Ribeiro Veloso

Relatório apresentado e discutido entre os


autores da obra com o propósito, diante das
exigências legais, à obtenção da nota da
disciplina Seleção de Materiais para
Engenharia Mecânica.

São Cristóvão (SE), 25 de setembro de 2017


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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
3. METODOLOGIA
3.1. Descrição das barras
3.2. Identificação do problema ou necessidade
3.3. Modelagem de cálculos
3.4. Análise dos mapas de propriedades
3.5. Seleção dos materiais
4. DEFINIÇÕES INICIAIS
4.1. Função
4.2. Objetivos
4.3. Restrições
4.4. Variáveis livres
5. CÁLCULO DO ÍNDICE DE MÉRITO
5.1. Equação da densidade
5.2. Coeficiente de segurança
5.3. Equação de deformação para cada barrote
6. ANÁLISE DE UM MÓDULO DE YOUNG MÍNIMO
6.1. Análise do mapa de propriedades
6.2. Análise dos preços e das reciclabilidades
6.3. Processo de escolha do material
6.3.1.1. Escala para o índice de mérito
6.3.1.2. Escala para custos
6.3.1.3. Escala para tenacidade à fratura
7. RESULTADOS
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
9. CONCLUSÃO
10. REFERÊNCIAS
4

LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Ilustração genérica das barras.
Figura 2 – Ilustração em 3D das barras.
Figura 3 – Exemplo de viga bi apoiada.
Figura 4 – Deformação na barra.

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Fatores utilizados para determinar um coeficiente de
segurança para materiais dúcteis.
Tabela 2 - Variação de E com o raio interno.
Tabela 3 – Materiais escolhidos para a análise.
Tabela 4 – Análise dos preços e reciclabilidades.
Tabela 5 – Processos de escolha do material.
Tabela 6 – Parâmetros e seus respectivos pesos.
Tabela 7 – Escala Pahl e Beitz para os parâmetros citados
acima, exceto o IM.
Tabla 8 – Notas em relação ao Índice de Mérito.
Tabela 9- Notas em relação ao custo.
Tabela 10 – Valores de tenacidade à fratura em deformação
plana
Tabela 11 – Matriz de decisão.
Tabela 12 – Materiais selecionados com maior Módulo de
Young.
Tabela 13 – Informações das barras.

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Seleção do material.
Gráfico 2 – Possíveis candidatos na classe dos ferros
nodulares.
5

1. INTRODUÇÃO
Em qualquer tipo de projeto mecânico, a escolha do material deve ser
primordial para o bom funcionamento dos equipamentos e para a eficiência do
projeto, visto que, as falhas são responsáveis por enormes danos materiais
(financeiros) e imateriais (vidas). De maneira a evitá-los, é essencial que, dentre
os mais de 160 mil materiais disponíveis, haja uma escolha que deve ser feita
por profissionais qualificados para tal.
Essa seleção de materiais não deve ser feita de maneira aleatória. Uma
série de fatores devem ser levados em conta. Por exemplo: a geometria da peça,
os esforços sofridos e realizados pela mesma, a disponibilidade no mercado, os
custos, a facilidade de sofrer alterações com processos (soldagem, usinagem,
forjamento, etc.), e muitos outros que ainda serão falados.
Como disse o autor Michael Ashby:
“Engenheiros fazem coisas. E as fazem com materiais. Os
materiais têm de suportar cargas, isolar ou conduzir calor
e eletricidade, aceitar ou rejeitar fluxo magnético, transmitir
ou refletir luz, sobreviver em ambientes muitas vezes
hostis, e fazer tudo isso sem prejudicar o ambiente ou sem
custar muito”.
Para auxilio e suporte na escolha do material ideal para determinada ação,
há softwares que contam com uma base de dados muito vasta e que
compreende bastante informação sobre temas de engenharia. Um dos principais
programas utilizados para o desenvolvimento deste projeto, por exemplo, foi o
software CES Materials and Process Information EduPack 2013, que propicia um
ambiente de computador para seleção otimizada de materiais, além do MatLab,
que auxiliou nos cálculos matemáticos.

2. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é selecionar, dentre um conjunto de materiais


possíveis, aquele que possui propriedades e características mais adequadas à
aplicação num par de barras (tubos) usadas em exercícios fisioterapêuticos. E
6

para tal feito, ferramentas de seleção dos materiais, a exemplo dos Índices de
Mérito, Mapas de Propriedades Dos Materiais e Matrizes de Decisão, foram
usadas, considerando, claramente, os objetivos, as restrições e as variáveis
livres.

3. METODOLOGIA
3.1. Descrição das barras
O equipamento empregado em exercícios fisioterapêuticos, possui duas
barras de mesmas dimensões e altura, sendo que cada uma é apoiada por dois
suportes verticais, nos quais se encontram em um quadro de base estável. É
considerável que as barras necessitem dispor de elasticidade, e os pontos de
fixação que as compõem nos suportes serem articulados. Para esse fim, o
aparelho não deve se deslocar na execução dos exercícios.
Dessa maneira, para a seleção dos materiais para as barras, adotou-se
como um exemplo de modelo o do Figura 1, considerando que as colunas
possuem altura regulável, variando de 77 cm até 1,04m, e as barras possuem
comprimento de 1040 mm, respectivamente. O raio externo das barras foi
determinado como sendo 0,1 mm.
Tem-se nas figuras abaixo, dois desenhos, nos quais mostram uma
ilustração do aparelho fisioterapêutico genérica e uma ilustração em 3D, feita no
software SolidWorks.
Figura 1 – Ilustração genérica das barras.

Fonte: https://www.ispsaude.com.br/isp/produto/barra-paralela-classic-em-aco-carbono-
arktus/00110B?gclid=Cj0KCQjwr53OBRCDARIsAL0vKrOvp6vqvo2WPdHklf5GQXAO2iFTXnQ9
hSe_UoH621wiEpo5z0Q2rHUaAuu0EALw_wcB
7

Figura 2 – Ilustração em 3D das barras.

3.2. Identificação do problema ou necessidade


Nesta fase, definimos a indispensabilidade à escolha de um material
conveniente para as barras e sua aplicação às restrições e variáveis livres
adotadas.
3.3. Modelagem dos cálculos
A modelagem dos cálculos é importante ser definida, pois o Índice de
Mérito (IM), fator essencial para o projeto pois que relaciona a razão da
propriedade a ser maximizada com a propriedade a ser minimizada, é
conseguido através do equacionamento elástico e das equações de massa e
momento de inércia.
3.4. Análise dos mapas de propriedades
8

Apontou-se nos mapas de propriedades a região dos materiais nos quais


estavam propícios à aplicação pretendida, tendo base nos cálculos. Foram
escolhidos dessa região alguns materiais para possíveis aplicações futuras em
matrizes de decisão.
3.5. Seleção dos materiais
Na seleção dos materiais foi aplicada uma matriz de decisão com cada
material selecionado e com os critérios de escolha determinados com seus
respectivos pesos, que foram baseados nos requisitos e restrições. Notas foram
concedidas para os materiais referindo-se aos critérios, dessa maneira, o
material mais cabível foi aquele que obteve maior nota.

4. DEFINIÇÕES INICIAIS
4.1. Função
As barras, na fisioterapia, têm a função de suportar a carga a elas imposta
para os treinos de marcha e proprioceptivo, nos quais visam a aquisição de
competência para caminhar.
4.2. Objetivos
O objetivo é reduzir a densidade e aumentar o módulo de elasticidade.
4.3. Restrições
As restrições adotadas foi uma deformação de 0,1 mm e uma massa de
120 kg, na qual consiste um valor máximo para a massa do paciente, e que tenha
o raio externo de 10 cm.
4.4. Variáveis Livres
Raio interno, módulo de Young ou módulo de elasticidade e Índice de
Mérito, foram as variáveis livres admitidas.

5. CÁLCULO DO ÍNDICIE DE MÉRITO


A barra a ser avaliada é um tubo cilíndrico que, idealmente, sofre uma
deflexão por conta de uma carga, que nesse caso, é gerada pelo peso do
paciente. Por isso, podemos avaliar o problema como sendo uma viga biapoiada,
cujos pontos de apoio são as colunas do equipamento. Nesse caso, não nos
importa o comprimento total da barra, mas sim, apenas o comprimento que
estará sofrendo os esforços, o qual se situa entre as colunas.
9

Figura 3 – Exemplo de viga bi apoiada.

Fonte: Mecânica dos Materiais, Beer, 7 ed.

Para realizar um projeto ideal é necessário imaginar situações extremas,


nesse caso, será utilizada a maior carga nominal possível para a barra, com a
finalidade de analisar a situação mais crítica de esforços. Como visto nas
restrições, essa carga máxima é de 120 (kg) quilogramas, que serão distribuídos
pelo comprimento útil da barra.
Para a fabricação da barra fixa-se o comprimento em 1.1 m, porém para
efeito de cálculos serão utilizados 1.04 m correspondente ao comprimento útil
entre os suportes. A carga a ser suportada pelos barrotes corresponde a 120 kg
(peso do paciente), distribuídos nos dois apoios do aparelho. Sabendo que a
força é dada pela equação 1, temos o esforço sofrido pelas duas barras é 1176N.
Porém, se analisarmos o fato de que o paciente pode, por algum momento se
apoiar inteiramente em uma barra apenas, ambas as peças devem suportar
1176N.

120 ∗ 9,8
1176

Tal fato ocasiona uma deformação δ que não deve passar de 0,1 mm. O
critério de seleção estabelecido para o material que irá compor a barra tem o
objetivo de escolher o mais viável entre vários materiais semelhantemente com
baixa densidade, alta resistência e de custo baixo. O diâmetro interno (variável
livre) e a massa (objetivo do projeto) podem ser encontradas a partir da
manipulação de equações de resistência dos materiais.
Manipulando essas equações, tem-se a determinação do Índice de Mérito
(IM). É a partir deste que se torna possível realizar uma comparação entre
materiais candidatos e, por conseguinte, uma otimização da resistência da barra
10

à deformação e a escolha do diâmetro interno, além, é claro, de incluir fatores


como custo, disponibilidade, massa, flexibilidade e resistência à fratura, para
finalmente definir o material mais adequado a ser empregado.

Figura 4 – Deformação na barra

Fonte: Elaboração dos autores

5.1. Equação da densidade


Através da equação da densidade, podemos encontrar uma relação entre
a massa o comprimento e o diâmetro.
(1)

Onde é a massa e é o volume.


(2)

Onde é a área e é o comprimento da barra.


= ∗ ∗ ∗( − ) (3)
Onde é o raio externo e é o raio interno do nosso tubo (barra).
( − )= (4)
∗ ∗!

A equação do momento de inércia a seguir para perfil circular foi obtida


através do livro Mecânica dos Materiais do autor Beer (2015, 7ª edição).
! # #
" = #∗( − ) (6)

Onde = 0,1 m, para ambas as barras

5.2. Coeficiente de segurança


11

Agora, é necessário nomear um coeficiente de segurança para a barra.


Para isso, baseamo-nos na Tabela 1, que apresenta uma simplificação utilizada
no livro Projeto de Máquinas de Robert L. Norton. Essa abordagem analisa
alguns critérios para a escolha do coeficiente ou fator de segurança. Para
escolher apropriadamente o fator de segurança desejado, calcula-se os fatores
parciais F1, F2 e F3 por meio da tabela. Para materiais dúcteis, o coeficiente ou
fator de segurança real será o maior valor entre os três que se considerou.

Tabela 1 – Fatores utilizados para determinar um coeficiente de segurança


para materiais dúcteis.

Fonte: Projeto de Máquinas, Robert L. Norton, 2 Ed.

Portanto, consideraremos para as barras:


• F1= 2, considerando que os materiais que iremos analisar são
amplamente testados e utilizados pela engenharia, e que esses dados
são facilmente encontrados;
• F2= 2, considerando que não haverá um ambiente de uso para as barras
muito diferente do que se é esperado, como clínicas, academias ou
residências;
• F3= 3, o modelo de análise de forças foi uma simplificação aproximada
do que realmente acontece na realidade.
Assim:
$. &' () = (2,2,3)
Sendo assim, o nosso coeficiente de segurança é 3.
12

5.3. Equação de deformação para cada barrote

A equação da deflexão para o tipo de carregamento do problema é:


,∗-∗ .
+= (7)
#/∗0∗1

Voltando para a equação (6), temos:


" = 34 ∗ ( − )∗( + ) (8)
Portanto, pela equação (7):
3∗ ∗ ,∗4
+=
48 ∗ 5 ∗ ( − ) ∗ ( + )
#
1 ∗
+= ∗ ∗
4 ∗( + ) 5
Substituindo na equação da massa, percebemos que:
-∗ 6
= #7∗(' 9 :'9 ) ∗ 0 (9)
8 ;

Onde,
= 1176 N;
ú= ) =1,04 m;
5e variam com o material;

Dessa forma, temos que o nosso Índice de Mérito é:


0
"> = (10)

6. ANÁLISE DE UM MÓDULO DE YOUNG MÍNIMO


Se isolarmos o E na equação da flecha, obtemos o seguinte valor:
-∗ .
5 = #∗!∗7∗?' 6 @'6 A (11)
8 ;

Com a equação (11), é fácil perceber que, já que todos os outros


parâmetros são constantes, cada valor do raio interno da barra está sempre
relacionado a um módulo de elasticidade (Young) mínimo necessário para que
aquele raio seja possível. Isso está dentro do esperado, uma vez que quanto o
maior o diâmetro interno, maior será a exigência de resistência do mesmo.
A tabela abaixo ilustra os valores de raio para alguns módulos de
elasticidade.
13

Raio interno (m) Módulo de Elasticidade


(GPa)
0,020 105,4
0,025 105,7
0,050 112,3
0,075 153,9
0,080 178,3
Tabela 2 – Variação de E com o raio interno.

Assim, de acordo com essa tabela, utilizaremos classes de materiais cujo


Módulo de Elasticidade está entre 105.4GPa e 178.3 GPa, pois, para dados
valores de E, os diâmetros são aceitáveis. Esses valores serão utilizados nos
mapas de Propriedades como uma restrição.

6.1. Análise do Mapa de Propriedades


O índice de mérito IM encontrado relacionava densidade e Módulo de
Elasticidade. Por isso, trabalharemos no mapa Módulo de Elasticidade (Mpa) X
Densidade (kg/m³) para encontrar os possíveis candidatos a material do nosso
projeto.
A priori, é essencial definir um material de referência. Por isso, com base
no programa CES EduPack 2013, um candidato ideal seria o Ferro Fundido
Cinzento, que possui a densidade entre 7,05x103 e 7,25x103 kg/m3 e o módulo
de Young ente 80 e 138 GPa, portanto vamos traçar a linha de referência a partir
desta liga.
B
0C
Para um índice de Mérito definido por: "> = , o coeficiente angular da

reta, isto é, sua inclinação, é dada simplesmente por k. Como o índice de mérito
0
calculado foi "> = , temos que a inclinação da reta é 1. Abaixo se encontra o

gráfico utilizado no processo de seleção do material:


14

Gráfico 1 – Seleção do material.

Utilizando a classe de referência como sendo “Ferro Fundido Cinzento”,


traçamos uma reta de inclinação 1 passando exatamente pelo material de
referência (reta azul na figura acima). Além disso, traçamos uma reta horizontal
na ordenada que representa a restrição do módulo de elasticidade mínimo, que
é 105,4 GPa no nosso caso (reta laranja na figura acima). Assim, as classes de
materiais candidatas para a confecção das barras se encontram à esquerda da
reta que passa pelo material de referência e acima da reta de restrição horizontal.
Depois de algumas análises de dados disponíveis sobre os materiais
elegíveis, os seguintes materiais foram escolhidos para a análise:
• Ferro Fundido Cinzento;
• Ferro Fundido Nodular;
• Ligas de Titânio;
• Níquel;
• Ligas Níquel-Cromo;
• Alumina;
• CFRP – “Fibra de Carbono”;
• Aço de Baixa Liga.

Com os dados fornecidos pelo mesmo programa, temos:


15

Classes de Material Densidade em Módulo de Elasticidade (GPa)


kg/m3
Ferro Fundido Cinzento 7,19x103 113
Ferro Fundido Nodular 7,25x103 172
Ligas de Titânio 4,43x103 120
Níquel 7,75x103 150
Ligas níquel Cromo 8,40x103 210
Alumina 3,94x103 380
CFRP 1,60x103 119
Aço de Baixa Liga 7,85x103 212
Tabela 3 – Classes de Materiais escolhidas para a análise.

6.2. Análise dos preços e das Reciclabilidades


Além de observar as características anteriores, para viabilizar um projeto,
é primordial que os custos sejam definidos. Em adição, como característica
inerente ao mundo globalizado e progressista em que vivemos, é necessário
também respeitar o meio ambiente. Por isso, verificar a viabilidade de reciclagem
desses materiais é muito importante.

Classe de Material Preço Preço (R$/kg) Reciclabilidade


(USD/kg)
Ferro Fundido Cinzento 0,411 1,280 Reciclável
Ferro Fundido Nodular 0,600 1,875 Reciclável
Ligas de Titânio 18,16 56,75 Reciclável -
Cavacos
Níquel 13,08 40,87 Reciclável
Ligas níquel Cromo 17,60 55,00 Reciclável
Alumina 17,88 55,87 Não – Reciclável
CFRP 27,17 84,90 Não – Reciclável
Aço de Baixa Liga 0,432 1,350 Reciclável
Tabela 4 – Análise dos preços e reciclabilidades.
16

Esses valores de custos em USD (dólares americanos) foram retirados do


banco de dados do software CES EduPack 2013. Para o cálculo do custo em
reais, utilizou-se uma conversão de 3,12 (1 USD = 3,12 R$).

6.3. Processo de Escolha


A partir das tabelas acima, podemos encontrar os Índices de Mérito e a
variável livre (raio interno) para cada uma das promessas pré-selecionadas,
além da massa total e do preço. Para tal, foi escrito um código no programa
MatLab que auxilia nos cálculos dos parâmetros citados anteriormente.

Figura 5 – Código no Matlab para o cálculo dos parâmetros E, massa total,


preço e raio interno.

Como resultado, temos as seguintes tabelas:


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Ferro Fundido Cinzento:


IM Massa Total (kg) Preço (R$) Raio Interno (m)
14,30 381,19 488,00 0,051
Ferro Fundido Nodular:
IM Massa Total (kg) Preço (R$) Raio Interno (m)
23,70 178,60 335,00 0,079
Ligas de Titânio:
IM Massa Total (kg) Preço (R$) Raio Interno (m)
27,08 188,05 10672,00 0,059
Níquel:
IM Massa Total (kg) Preço (R$) Raio Interno (m)
19,35 229,80 9394,80 0,073
Ligas de Níquel Cromo:
IM Massa Total (kg) Preço (R$) Raio Interno (m)
25,00 161,26 8869,50 0,084
Alumina:
IM Massa Total (kg) Preço (R$) Raio Interno (m)
96,44 38,54 2153,59 0,093
CFRP:
IM Massa Total (kg) Preço (R$) Raio Interno (m)
74,37 69,03 5861,18 0.058
Aço de Baixa Liga:
IM Massa Total (kg) Preço (R$) Raio Interno (m)
27,00 148,99 201,13 0,084
Tabela 5 – Processos de escolha do material.

A Tabela 3 nos informa as classes dos materiais cujas propriedades


cumprem os requisitos iniciais básicos de módulo elástico do nosso problema.
Todavia, partindo daí, devemos selecionar qual dentre esses materiais é o
melhor. Para tanto, definiremos os critérios que serão avaliados para essa
escolha, que já serão baseados nas restrições. A Tabela abaixo apresenta os
parâmetros e seu respectivo peso.
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1. Pouco importante;
2. Razoavelmente importante;
3. Importante;
4. Muito importante;
5. Primordial.

Tabela 6 – Parâmetros e seus respectivos pesos.


Critério Peso
Índice de Mérito (IM) 5
Tenacidade à fratura (K1c) 5
Ductilidade (DUC) 4
Preço (R$) 4
Disponibilidade no mercado (DM) 3
Raio Interno (ri) 2
Reciclabilidade (REC) 2

Depois, é necessário avaliar cada material através desses critérios. Para


isso, utilizamos uma matriz de decisão, na qual avaliamos todos os materiais
pré-selecionados, atribuindo notas para cada um deles baseando-se na literatura
e nos dados disponíveis na internet. Após isso, faz-se um cálculo que oferece
uma nota final, resultante da média ponderada entre cada um dos critérios com
seus respectivos pesos. Esta nota final será decisiva na escolha do melhor
material a ser utilizado.
Para todos os critérios apresentados anteriormente, a escala 5 do método
de Pahl e Beitz foi adotada para dar as notas colocadas na matriz de decisão
para a Ductilidade, para a Disponibilidade no Mercado e para a Reciclabilidade.
19

Tabela 7 - Escala Pahl e Beitz para os parâmetros citados acima, exceto o IM,
raio interno e preço
Escala Representação
0 Insatisfatório
1 Tolerável
2 Adequado
3 Bom
4 Muito Bom
6.3.1. Escala para o índice de Mérito
Como os valores para os IMs calculado foram muito discrepantes, surgiu
a necessidade de criar uma nova escala para os mesmos. Primeiramente, foi
discutido que a Nota 0, seria dada aos materiais com o IM insatisfatórios. Mas
como nenhum material foi selecionada abaixo do mínimo módulo de elasticidade
(105,4 GPa), nesse quesito não há nenhum material presente.
Sabemos que o menor índice de mérito para a aplicação seria a
combinação do módulo elástico mínimo com a maior densidade possível para
um material com esse módulo mínimo, a qual, vendo pelo mapa de materiais
identificamos como sendo bem próxima do ferro fundido, isto é, variando entre
7,5 e 7,6 g/cm3, no caso do Ferro Fundido Cinzento.
Então, temos
105,4
"> íE F = = 13,8
7,6
Portanto, materiais com o IM menor ou igual que 14 (valor aproximado de
13,8), seriam avaliados como insatisfatórios e receberiam nota 0. Dessa
maneira, criaríamos intervalos de dimensão 14 e atribuiríamos as notas a eles.
Intervalos Notas
0 ≤ IM ≤ 14 0
14 ≤ "> ≤ 28 1
28 ≤ "> ≤ 42 2
42 ≤ "> ≤ 56 3
56 ≤ "> ≤ 70 4
70 ≤ "> ≤ 84 5
84 ≤ "> ≤ 98 6
20

Tabela 8 – Notas em relação ao Índice de Mérito.

6.3.2. Escala para os custos


Para os custos, a escala usada foi definida através da razão entre o maior
preço total e a quantidade de notas:
10672
"KLM NOPQ = = 2134,4
5
Então:

Intervalo Nota
0 ≤ Preço Total ≤ 2134,4 4
2134,4 ≤ Preço Total ≤ 4268,8 3
4268,8 ≤ Preço Total ≤ 6403,2 2
6403,2 ≤ Preço Total ≤ 8537,6 1
8537,6 ≤ Preço Total ≤ 10672 0
Tabela 9 – Notas em relação ao custo.

6.3.3. Escala para Tenacidade à Fratura


A tenacidade à fratura representa uma medida da resistência do material
à fratura frágil quando uma trinca está presente. Para esse critério, foram
utilizados os valores tabelados de tenacidade à fratura em deformação plana,
encontrados no software CES EduPack 2013 e no Livro de Ciência e Engenharia
dos Materiais do autor Callister Jr (vide referências).

Material K1c (MPa√m)


Ferro Fundido Cinzento 24
Ferro Fundido Nodular 52
Ligas de Titânio 71
Níquel 110
Ligas níquel Cromo 100
Alumina 4
CFRP 20
Aço de Baixa Liga 54
Tabela 10 – Valores de tenacidade à fratura em deformação plana.
21

Da mesma maneira que no tópico anterior, dividiremos a maior K1c pela


quantidade de notas desejadas.
110
"KLM NOPQ = = 22
5
Então, temos:
• 0 ≤ K1c ≤ 22  Nota 0 (insuficiente)
• 22≤ K1c ≤ 44  Nota 1
• 44 ≤ K1c ≤ 66  Nota 2
• 66 ≤ K1c ≤ 88  Nota 3
• 88 ≤ K1c ≤ 110  Nota 4

6.3.4. Escala para a Variação do Raio Interno


Para a variação do raio interno, utilizamos a Tabela Y do início. Em suma,
temos:
• 0 m ≤ raio interno ≤ 0,02 m Nota 0 (insuficiente)
• 0,02 m ≤ raio interno ≤ 0,025 m Nota 1
• 0,025 m ≤ raio interno ≤ 0,05 m Nota 2
• 0,05 m ≤ raio interno ≤ 0,075 m Nota 3
• 0,075 m ≤ raio interno ≤ 0,1 m Nota 4

Para o critério disponibilidade no mercado, foi julgado a facilidade de se


encontrar o material disponível para a compra, por exemplo em sites de venda
na Internet e catálogos de empresas. Para o critério usinabilidade, foi
considerada a facilidade de processamento em máquinas como tornos, para
retirada de cavacos. Por último, para o critério reciclabilidade foi considerada a
facilidade do material em se submeter a processos de reciclagem,
principalmente dos seus cavacos retirados na usinagem, e seu respectivo custo.
Assim, foi montada a Matriz de decisão abaixo:
22

Classe Critérios com Pesos Nota Final

IM - 5 K1c - 5 DUC - 4 R$ - 4 DM - 3 Ri - 2 REC - 2


Ferro Fundido 1 1 1 4 4 3 4 2,24
Cinzento
Ferro Fundido 1 2 4 4 4 4 4 2,92
Nodular
Ligas de Titânio 1 3 3 0 2 3 3 2,00
Níquel 1 4 3 0 2 3 2 2,12
Ligas níquel Cromo 1 4 4 0 2 4 3 2,36
Alumina 6 0 0 3 3 4 0 2,36
CFRP 5 0 0 2 4 3 0 2,04
Aço de Baixa Liga 1 2 2 4 4 4 4 2,68

Tabela 11 - Matriz de decisão


23

7. Resultados
Com base nas notas obtidas pelas classes de materiais acima, podemos
perceber que a nossa escolha será um ferro fundido nodular. A partir de dados
obtidos no programa CES EduPack 2013, a plataforma de nível três foi usada
para determinar qual o material específico, dentre a classe dos Ferros Fundidos
Nodulares, que seria ideal para o nosso projeto.

Gráfico 2 – Possíveis candidatos na classe dos ferros nodulares.

Dentre os elementos que podem ser visualizados na figura acima,


selecionamos o material com base no que tem o maior Módulo de Young e a
menor densidade. Ou seja, os melhores são: Ferro Fundido Nodular
Austenítico ENGJSA XNiMn 13,7 e Ferro Fundido Nodular Grafite EN GJS
700-2, fundido e normalizado.

Tabela 12 – Materiais selecionados com maior Módulo de Young.


Módulo de Young Densidade (g/cm3)
(GPa)
Austenítico 140 – 145 7,25 – 7,3
Grafite 172 – 180 7,15 – 7,25
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A partir desses materiais, foi selecionado, com base no critério


previamente definido, que o que vai ser usado será o Ferro Fundido Nodular
Grafite EN GJS 700-2, fundido e normalizado, cujo número 700 indica a
resistência à tração (em MPa) e 2 representa o alongamento em porcentagem.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
EN-GJS-700-2 é um material considerado dúctil, e, o grafite, forma
nódulos (ou esferas) – Grafite esferoidal. Essas esferas inibem a propagação de
trincas. Além de possuir uma boa resistência à fadiga e ao impacto.

Após a seleção do material, as variáveis livres forma definidas:


Tabela 13 – Informações das barras.

Raio Raio Módulo de Massa Preço Massa Máxima


Externo (m) Interno Elasticidade Total (R$) Permitida (Kg)
(m) (GPa) (Kg)
0,1 0,79 176 178,60 335,00 120

9. CONCLUSÃO

O objetivo do projeto em questão foi selecionar, dentre um conjunto de


materiais possíveis, aquele que possui propriedades e características mais
adequadas à aplicação num par de barras usadas em exercícios. E tratando-se
dessas metas, pode-se dizer que as expectativas foram atendidas.
Observando os resultados da seleção de materiais para as barras,
percebemos que, diante dos objetivos de minimizar sua massa e maximizar as
restrições adotadas, o melhor material a ser utilizado é da classe dos Ferros
Fundidos Nodulares, que obtiveram a melhor nota final entre todos os materiais
avaliados na matriz de decisão, e entre os membros desta classe, com base nos
critérios definidos no tópico 7, Ferro Fundido Nodular Grafite EN GJS 700-2,
fundido e normalizado foi escolhido.
Levando em consideração que o material escolhido é um metal, e possui
uma alta condutividade térmica, é necessário revestir as barras com, por
exemplo, espuma ou algum polímero. Então, para cada situação de uso das
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barras, seria avaliado o melhor revestimento para trazer mais conforto para os
usuários.

10. REFERÊNCIAS
CALLISTER, W.D. Ciência e Engenharia dos Materiais. 7. Ed. Jhon Wiley
&Sons, 2007.

ASHBY, M. Seleção de Materiais no Projeto Mecânico. 4. Elsevier Editora


Ltda, 2012.

Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-


43662005000100016>. Acesso em :22/09/2017.

Disponível em :<http://www.utfpr.edu.br/curitiba/estrutura-
universitaria/diretorias/dirppg/programas/ppgem/banco-
teses/dissertacoes/2012/MARINHONelsonPotenciano.pdf>. Acesso em:
22/09/2017.

Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Fiberglass>. Acesso em


22/09/2017.

Disponível em: < http://files.praiasaude.webnode.com.pt/200000271-


24bcd25b71/FI.5010.JPG>. Acesso em: 24/09/2017.

Disponível em: < http://www.fisioterapiaoeiras.com/servicos/fisioterapia/treino-


de-marcha>. Acesso em: 24/09/2017.

Disponível em: < https://www.jetmed.com.br/barra-paralela-25m-aco-inox-c-


piso>. Acesso em: 24/09/2017.

Disponível em:< http://www.steelexpress.co.uk/cast-iron-bar/grade700-SGiron-


EN-GJS-700-2.html>. Acesso em 24/09/2017.

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