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O arquipélago formado pela ilha de São Tomé e a ilha da cidade de Santo António fazem
parte do testemunho histórico português, como ex-colónias do império ultramarino. A sua
localização no Golfo da Guiné, em proximidade com a costa africana, teve um papel importante
durante o do seu povoamento, visto que quando descobertas em 1470 a ilha de São Tomé e em
1472 ou 1471 a ilha de Príncipe o lugar encontrava-se em estado selvagem sem indícios de
ocupação humana. (ao tempo desertas p 49 Livro São Tomé – Ponto de Partida).
Em 1485 com a primeira tentativa de ocupação deu-se o início das devastações dos
terrenos com a finalidade de cultivar cana-de-açúcar. Era necessária mão-se-obra abundante
que terá sido introduzida no arquipélago através do comércio de escravos. No fim do século XVI
o cultivo crescente do açúcar no Brasil associado à instabilidade política na ilha de São Tomé
originou a decadência da produção açucarina na ilha principal, que entrou num período de
estagnação até o início do século XIX. Dados os problemas da instabilidade política e a
decadência da produção do açúcar, a ilha de Príncipe é doada à família de António Carneiro com
a condição de que parte da produção pertenceria ao príncipe de Portugal. Povoada em 1502, a
ilha dá início às práticas do cultivo do açúcar e anos mais tarde é transferida a capital de São
Tomé para a cidade de Santo António, conferindo outro estatuto ilha. É aqui que se dá início
urbanização da cidade colonial que ainda hoje se verifica.
“…o povoamento da ilha de São Tomé foi assegurado por dois grupos em oposição
directa e constante: o grupo europeu hegemónico, activo e interessado na formação de uma
sociedade nova, e o grupo africano dominado e passivo, formado por escravos, transportados
pelos Europeus e destinados a garantir a «domesticação do território».
O segundo grupo que considerado o maior núcleo populacional das ilhas era constituído
por escravos com origens das diferentes zonas do litoral africano, sobretudo da Guiné,
Manicongo e Benim. A sociedade santomense encontrava-se assim dividida entre os Europeus
ou Brancos, que organizavam-se pelos estatutos dos cargos exercidos e a quem pertencia o
poder, o controlo sobre o território, o domínio da estrutura social, encarregues de assegurar a
colonização e o valor económico das ilhas; e os negros sendo um grupo dominado e passivo,
uma fonte de mão-de-obra barata que garantiam a domesticação do território. (p.33).
A estrutura do povo santomense resulta de uma mistura de vários povos que resultou
do cruzamento de várias raças que ocuparam a ilha não só durante as tentativas de colonização
mas também durante aos apogeus económicos associados às monoculturas que tornaram
atrativo o território santomense aos europeus e mais tarde aos brasileiros.
2 - Contexto Histórico
No final do século XV, o império português liderado por D. Afonso V navega a costa
africana à procura de novos territórios e novas ligações marítimas para enraizar a sua cultura.
No ano de 1470, na viagem realizada por João de Santarém e Pêro Escobar, o território
ultramarino português expande os seus limites quando as embarcações desembarcam na ilha
de São Tomé. O território achado encontrava-se deserto, sem vestígios de população, apenas
ocupado pela vegetação densa e selvagem. A primeira tentativa de ocupar a nova colónia
No período entre séc. XVI e XVII como consequência dos acontecimentos menos
favoráveis, o papel desempenhado pelo arquipélago é nada mais que um porto de passagem
para embarcações. Para além dos problemas acima descritos, a cidade de São Tomé perde
gradualmente a sua importância enquanto capital com a queda do preço do açúcar, em
simultâneo com uma instabilidade política, doenças originadas em pântanos e falta de
salubridade devido ao mau sistema de esgotos. Nesse contexto, no dia 15 de novembro de 1753,
São Tomé deixa de ser a capital da colónia para dar a vez à cidade de Santo António assumir o
cargo por decisão régia. A transferência da capital para Príncipe surge em resultado das
potencialidades que apresentava para acolher a nova sede governamental das ilhas.
Nos finais do séc. e início do séc. XVII, após a descoberta do brasil os europeus dirigem-
se ao continente americano em busca de novos produtos e novos mercados. Na viagem seguiam
alguns mestres do açúcar e engenheiros que abandonaram São Tomé à procura de melhores
territórios para a plantação da cana açucareira no continente americano. A grande qualidade do
açúcar produzido no Brasil em comparação com o açúcar amarelo humedecido e pouco
desejado pelos europeus transformou a nova colónia na maior potência para a exploração e
produção do produto. Assim, para maximizar os lucros toda a produção açucareira de São Tomé
foi transferida para o continente americano e em contrapartida, introduziram-se duas novas
plantas na colónia africana de origem brasileira, que anos mais tarde irão regenerar a economia
santomense.
Foi o governador João Baptista e Silva que introduziu a planta do café nas ilhas em 1780.
Os campos cultivados estenderam-se rapidamente pelo pequeno território e a qualidade do
produto ganhou visibilidade a nível mundial, atraindo de novo os comerciantes europeus e
novos investidores de origem brasileira. A qualidade do café produzido era apreciada não só
pela Metrópole, mas também por outros países europeus tais como França, Holanda, Itália e a
Alemanha. Apesar da riqueza do solo, do clima favorável e da mão-de-obra barata, que faziam
nascer a riqueza do reino, o cultivo do café tornava-se cada vez mais competitivo, os países com
caraterísticas semelhantes a São Tomé com território mais vasto influenciavam o preço do
produto. Apesar do café produzido ser de alta qualidade, a colónia não tinha capacidades de
competir no mercado pelo constrangimento de um território muito limitado. Como
consequência do crescimento da oferta do café, as roças reduzem gradualmente a sua produção
até 1910, quando se deu o abandono.
No ano 1930 com o Ato Colonial, o controlo do governo central sobre os territórios
ultramarinos torna-se mais exigente, estatutos de altos comissários são substituídos por
governadores que representam o ministério nacional.
Nesta fase inicial, a cidade já conta com o edifício da alfândega, e um porto apesar de
não existir fisicamente uma estrutura que o identifique. Devido à qualidade de imagem do mapa,
alguns nomes não são percetíveis, mas é possível através do desenho entender a importância
da igreja na organização do espaço. São contabilizadas ao todo cinco edifícios religiosos e uma
capela, como edifícios singulares rematam as extremidades dos eixos com pequenos largos
dando origem maiores espaços públicos. A nova capital de São Tomé com um desenvolvimento
linear à semelhança das cidades medievais com localização estratégica, assenta num vale plano
adjacente a uma baía natural com vantagens para as navegações e defesa do território.