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Um ano após entrar em vigor a versão atual da Norma de Desempenho, de acordo com
Okamoto e Melhado (2014) as empresas ainda não executavam ações efetivas para
atender às exigências da Norma.
Em um contexto mais amplo, a pesquisa realizada pelo CTE (2016) com 145
representantes de empresas construtoras, incorporadoras, projetistas e fabricantes do
setor da construção civil, dentre as quais 90 já haviam participado de atividades de
capacitação sobre a Norma de Desempenho, revelou que 48% dos participantes só
tiveram conhecimento da norma de desempenho a partir de 2013.
Por outro lado, a pesquisa realizada por Otero e Sposto (2016) em sete empresas
construtoras e incorporadoras da região metropolitana de Goiana/GO mostrou que
numa escala de 0 a 10, o nível de preocupação com a Norma de Desempenho das
empresas pesquisadas foi de 7,86.
No entanto, mesmo nas pesquisas mais recentes, as empresas ainda não possuem uma
articulação precisa das atividades que devem ser desenvolvidas para implementar a
Norma. Isto porque, tendo em vista que o ciclo de produção de uma edificação
compreende um período de 3 a 5 anos, muitos dos projetos que estavam em execução
haviam sido protocolado antes da Norma de Desempenho entrar em vigor.
A exemplo de Santos et al. (2016) que identificaram que os itens sobre os quais os
intervenientes apresentam maior domínio são o desempenho estrutural e a segurança
no uso e na operação.
Já a pesquisa realizada por Otero e Sposto (2016) mostrou que o aspecto da Norma
sobre o qual as empresas tem maior compreensão é a funcionalidade e acessibilidade.
Em contrapartida, os aspectos de desempenho, sobre os quais as empresas relataram
menor conhecimento foram a segurança no uso e operação, o conforto tátil e
antropodinâmico, o desempenho térmico e o desempenho acústico.
Para a CBIC (2016), forma geral, os itens que demandam mais atenção dos usuários
são estanqueidade; desempenho acústico; funcionalidade e acessibilidade e conforto
tátil e antropodinâmico.
A pesquisa de CTE (2016) identificou que os itens com maior taxa de atendimento
pelas empresas construtoras e incorporadoras são funcionalidade e acessibilidade;
segurança no uso e operação e desempenho ambiental. Em contrapartida, os itens com
as menores taxas de atendimento são desempenho lumínico, durabilidade e
manutenibilidade e desempenho térmico.
Apesar de apresentar alguns resultados conflitantes, o que pode ter sido influenciado
pela realidade local do contexto de elaboração de cada pesquisa, pode-se concluir dos
levantamentos descritos que o desempenho acústico e a estanqueidade são aspectos da
Norma de Desempenho que requerem atenção especial das empresas. No entanto,
ainda se faz necessário o desenvolvimento de pesquisas estatisticamente
representativas de forma a assegurar quais requisitos da Norma são mais críticos.
Sim Não
Observa-se que da pesquisa do CBIC (2016), ainda que abrangem um reduzido número
de empresas, que é exequível que as empresas construtoras atendam às diretrizes
mínimas da Norma que lhe competem. No entanto, conforme exposto pela pesquisa
do CTE (2016), ainda falta à esses agentes a percepção de que o atendimento aos níveis
intermediário e superior constituem diferenciais competitivos que devem nortear de
forma prioritária a competitividade no setor.
Além dos aspectos citados anteriormente, estudos ressaltam outras questões que
também permeiam o cenário atual e ajudam a identificar os pontos nos quais as
empresas precisam atuar para .implementar a ABNT NBR 15575:2013.
Outro ponto foi levantado por Santos et al. (2016), os quais identificaram que, ainda
que sendo uma das principais exigência da Norma, a especificação de materiais por
parte dos projetistas, ainda não é rotineira no setor. Os autores afirmam que esta
atividade acaba sendo de responsabilidade do setor de suprimentos das empresas
construtoras.
Para Borges (2008), as seguintes ações precisam ser adotadas pela indústria da
construção de uma forma macro a fim de impulsionar o atendimento da normativa:
Definição de objetivos de longo prazo para atendimento aos níveis mínimos de
desempenho com um horizonte de 15 ou 20 anos. Neste período caberia ainda
a elaboração de novas normas técnicas pautadas pelo conceito de desempenho;
Criação de mecanismos de controle e responsabilização através de
penalizações pelo não cumprimento das normas técnicas. Incluem-se ações
voltadas à exigências contratuais em financiamentos; investimentos em
instrumentos de fiscalização como auditorias em projetos e ampliação de redes
de laboratório; e a criação de incentivos financeiros às empresas que atenderem
as exigência de desempenho;
Melhoria do arcabouço normativo brasileiro pela identificação de normas
conflitantes e desatualizadas e a conscientização setorial quanto a importância
do cumprimento de normas técnicas;
Desenvolvimento de condições que promovam o equilíbrio e desenvolvimento
técnico das empresas do setor através da elaboração de um sistema nacional de
referenciais tecnológicos;
Estabelecimento de metas às empresas fabricantes para que estas reduzam a
quantidade de tipologias e padronizem a forma de evidenciar o desempenho de
seus produtos;
Elaboração e promulgação como lei de uma legislação específica para a
construção civil brasileira;
Obrigatoriedade da contratação de seguro-desempenho para toas as edificações
brasileiras.
Diante dos estudos apontados, pode-se concluir que as empresas construtoras ainda
têm dificuldades na implantação desta norma, sobretudo em seus níveis superiores.
Nos tópicos seguintes, serão discutidos os benefícios que a implementação integral da
norma de desempenho pode acarretar ao setor e os entraves que retardam o alcance
desta implementação.