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ejesus Missões 0
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E na prática?
Por mais óbvia que pareça esta afirmação, sabemos que a ortopraxia da
missão integral não é tão óbvia como deveria ser. Não é fácil inculcar na
cabeça do nosso povo que o envolvimento da Igreja deve ser total. Não só no
que se refere ao indivíduo, mas também à criação de Deus em geral. Onde
está, por exemplo, a consciência ecológica da Igreja? (*)
Além disso, a Igreja como sal da terra e luz do mundo deve fazer a diferença
nos vários setores da sociedade, principalmente no socorro aos menos
favorecidos.
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a. No Antigo Testamento
b. No Novo Testamento
Várias igrejas foram orientadas por cartas a agirem com a mesma visão de
integralidade bíblica dos apóstolos. Destacamos, dentre outras, as igrejas de
Corinto (II Co 8 e 9), da Galácia (Gl 6.2-10) e das doze tribos da dispersão (Tg
2. 1-7,14-26; 5.1-6).
No Antigo Testamento Javé é o Deus soberano sobre toda a sua criação. Esta
imagem de Deus está no coração do Novo Testamento também. Um Deus
soberano e misericordioso é o ator último das parábolas de Jesus. É este Deus
salvador que alcança além das leis judaicas. Sua aproximação do homem
exige a atitude de conversão. O seu reino tem um escopo universal até
cósmico. Os marginalizados, mulheres, samaritanos, e gentios recebem a
misericórdia de Deus.
Deus tem um plano salvífico que alcança tanto judeu quanto gentio, e Ele vai
cumpri-lo. A confiança no cumprimento do seu plano dá a igreja motivação para
perseverar até o fim.
É na nossa história humana que Deus se revela e o faz com movimento para
frente. Percebemos, através da história, a sua conclusão. Assim, a perspectiva
cristã da história é essencialmente escatológica. A humanidade está indo na
direção do cumprimento, julgamento e salvação, e este movimento entrou na
sua fase final com a ressurreição de Cristo. Hoje é o dia da salvação.
Padilla desenvolve seu tratado em termos de desafios. Diz ele que o maior
desafio que a igreja enfrenta atualmente é o desafio da missão integral (1992,
p. 139).
O desafio da missão integral, por sua vez, subdivide-se em outros três, a saber:
O desafio da evangelização e do discipulado, o desafio da colaboração e da
unidade e o desafio do desenvolvimento e da justiça. Seus argumentos
principais são os seguintes:
Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a
ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que
evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever
cristão.
Por outro lado, violência é o exercício da força física, a fim de ganhar uma
disputa. Enquanto a confrontação é verbal, a violência é física. De uma forma
mais profunda, essas palavras não são sinônimas, e sim antônimas, pois, em
sua própria natureza, um ato de violência é a indicação de que a confrontação
falhou. A confrontação boa e eficaz nunca deve levar à violência, mas à
resolução do problema.
É nesse espírito de verdadeira confrontação que a Igreja deve encarar seus
desafios sociais, com propostas terapêuticas para uma sociedade enferma.
Portanto, empenhemos-nos pela dignidade do povo brasileiro. Reivindiquemos,
pois, os seus e os nossos direitos: Saúde, segurança, educação, trabalho e
salário digno.
E até onde podemos e devemos ir nesta questão toda? Até onde os direitos
sejam verdadeiramente assegurados, o amor ao próximo evidenciado, a moral
dignificada, o evangelho e o bom testemunho não sejam prejudicados e,
sobretudo, o nome de Jesus seja glorificado.
E Deus atendeu ao clamor de sua Igreja (At 4.31). Atendeu porque a Igreja
deixou de lado seus próprios interesses para servir ao mundo. Hoje, o que
muito se vê, à nível de igreja local, é a própria igreja criando obstáculos para
não fazer a obra do Senhor. Externamente desfruta-se de uma liberdade
religiosa como nunca se viu, mas internamente muito de nossas igrejas estão
enfermas, quando na verdade eram elas que deveriam estar curando!
A seguir daremos duas sugestões práticas para que esse quadro sombrio
possa se reverter.
Contudo, por uma questão de prudência e respeito àqueles que não pensam
como nós, é preciso que os paradigmas sejam quebrados aos poucos. As
idéias devem ser amadurecidas no meio da comunidade, sem atropelos, mas
progressivamente.
E como revitalizar uma igreja que começou com tanto entusiasmo por missões
e de repente esfriou? Em primeiro lugar é preciso reconscientizar a igreja de
sua missão no mundo. Em segundo lugar é preciso conscientizá-la de que ela
está no mundo para servir o mundo integralmente.
Se a igreja chegou a se empolgar com missão algum dia, é sinal que ela tem
potencial para fazer, com a graça de Deus, o que fez antes. Sermões e estudos
bíblicos missionários, filmes específicos como As Primícias, Etal e Atrás do Sol,
além do auxílio de uma boa agência ou junta missionária, com certeza
produzirão novo alento. Geralmente a frieza por missões acontece por causa
da rotina. Uma vez que o mal foi detectado é necessário que seja combatido
com atividades variadas.
O mais importante é que a igreja seja cientificada de que sua missão no mundo
é integral. Evangelizar não é simplesmente distribuir folhetos como alguns
pensam, mas sim, atender o indivíduo na totalidade de suas necessidades. Por
isso mesmo, a Igreja nunca deveria deixar se levar pela prática do paternalismo
e assistencialismo paliativos, porém, deveria partir sempre para uma ação
social transformadora, do indivíduo e da sociedade, para a honra e glória de
Deus Pai.
Cada igreja deve refletir sobre sua motivação em praticar evangelismo e ação
social, e todas as atividades nestas direções devem estar debaixo do serviço a
Deus em primeiro lugar (A. C. BARRO, sem data, p. 5). O ponto de partida é o
parâmetro bíblico e o contexto da igreja local.
Conclusão:
Missão integral é uma realidade bíblica. Os mitos não fazem sentido quando
são resultados baratos de um reducionismo evangélico, polarização entre
evangelização e ação social, e quando se deixa de contemplar o indivíduo em
sua totalidade. Os mitos (pelo menos os que aqui estudamos) deturpam a
missão integral da Igreja.
Se queremos atentar para o ensino bíblico, então devemos almejar por uma
igreja brasileira autêntica, que não seja ela mesma um mito, mas a realidade
bíblica de uma missão integral em nossa sociedade.
Bibliografia
STOTT, John R.W. O cristão em uma sociedade não cristã. Niterói: Vinde,
1989.