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Reflexões no Salmo 119

DA ORAÇÃO AO LOUVOR

Com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus


justos ensinamentos. (Sl 119.7, NHTL)

Eu vou confessar-Te com retidão de coração enquanto aprendo tuas decisões


fiéis. (Tradução de GOLDINGAY).

Confessar nem sempre significa confessar pecados. No texto bíblico há três


sentidos básicos ligados à raiz dessa palavra. Primeiro, era empregada para
indicar o reconhecimento ou a confissão de pecados, tanto no âmbito individual
quanto nacional. Segundo, usava-se para expressar a confissão pública dos
atributos e obras de Deus. Terceiro, indicava, também, o louvor de um ser
humano por outro. Assim, com relação a Deus, “louvor é uma confissão ou
afirmação de quem Deus é e do que faz”. Desse modo, aliando à sua oração o
louvor (NVI) ou confissão (GOLDINGAY) ou ação de graças (ARA), o salmista
reconhece que o Senhor tem sido benevolente com ele. Testemunha à
comunidade da aliança que obedecer ao Senhor é o caminho da prosperidade
e honra. Da oração ao louvor, ou o louvor na oração, ou, ainda, a oração com
louvor, seja como for, temos aqui o reconhecimento que somo o que somos
pela graça maravilhosa de Deus, que é o centro da nossa adoração.

Para facilitar nossa compreensão do versículo façamos as seguintes


perguntas: Confessar a quem? Confessar o que? Confessar com que atitude?
Confessar com qual disposição? Primeiramente, o salmista confessa ao
Senhor. Nos Salmos, o reconhecimento do que Deus é passa pela
contemplação daquilo que Ele faz. São duas coisas que vão juntas (por
exemplo, ver os Salmos 112 e 150). O que ele confessa aqui, ao contemplar
sua própria vida à luz daquilo que Deus tem feito nele e através dele, portanto,
é a benevolência do Deus da aliança, que manifesta suas obras na vida do seu
povo e daquele que lhe é obediente.

A atitude com que o faz é digna de nota. Ele louva a Deus de modo sincero e
íntegro. Seu coração, que é o centro das emoções, volições e pensamentos,
está cheio da lei de Deus, que atua nele como um purgante. Se a fonte está
limpa, é claro que ela vai jorrar água limpa. Se a fonte do comportamento é o
coração, não poderíamos esperar de alguém cuja vida está limpa pela Palavra
outra coisa que um louvor sincero, efusivo e efetivo.

Por fim, o salmista apresenta uma disposição lúcida ao aprendizado. O seu


coração não está cheio apenas de sinceridade, mas também de humildade.
Albert Barnes expressou isso reconhecendo que “quanto mais conhecemos a
Deus, mais nós veremos nele para louvar. Quanto maior o nosso conhecimento
e experiência, mais nossos corações estarão dispostos a ampliar seu Nome.
Esta observação deve se estender a tudo o que há em Deus para ser
aprendido; e como isso é infinito, então haverá ocasião para louvores
renovados e mais elevados para toda a eternidade” .

Conhecer a Deus passa necessariamente pelo o que Ele disse sobre si


mesmo. Os justos juízos de Deus, que o salmista quer aprender mais e mais,
são aquelas "jurisprudências" que constituem a base do sistema jurídico de
Israel. No Salmo 119, a palavra "leis" geralmente denota a revelação dada pelo
Juiz Supremo, o próprio Deus. Ele é o Grande Juiz, e os veredictos proferidos
por ele são autoritativos. Por isso, a consequência natural é que “temos que
ouvir e aprender a descobrir as decisões autorizadas que o Senhor fez sobre a
vida que expõe a natureza da vida fiel em relação a Deus e ao outro” . Nos
guiamos na vida pelo GPS da vontade de Deus.

Que confessemos com entusiasmo o que Deus é e o que ele faz. Que
reconheçamos que somos o que somos pela sua graça. Que humildemente
procuremos conhecer a sua vontade revelada na sua santa Palavra, nossa
única regra de conduta e fé. Que nos alegremos por saber que “esta é a vida
eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem
enviaste” (Jo 17:3, NVI). "Quem se gloriar, glorie-se no Senhor" (1 Co 1.31,
NVI).

Jânio da Cunha Bastos

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