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RHODES
HIPNOTISMO!
semMISTÉRIO
7? EDIÇÃO
ira
RECORD
RAPHAEL H. RHODES
HIPNOTISMO
SEM MISTÉRIO
TEORIA • PRÁTICA • APLICAÇÃO
Prefácio do
Dr. FOSTER KENNEDY
Professor de Neurologia da Escola de Medicina da
Universidade de Comell e Diretor do Serviço Neurológico
do Bellevue Hospital, Nova York.
Tradução de
ALEXANDRE LISSOVSKY
ra
CDITORIV RGCORD
CCSF
Divisão de Blbiioíeca;
Titulo original americano
HYPNOSIS: THEORY, PRACTICE AN D APPLICATION
A minha esposa
Preâmbulo 9
• f
Agradecimento 10
PRIMEIRA PARTE
Introdução 13
1. A teoria da exclusão psíquica relativa 19
2. Aplicação geral da teoria 23
3. Aplicação terapêutica (controle externo) 29
4. Aplicação terapêutica (controle auto-induzido:
auto-hipnose) 44
5. Aplicação terapêutica (auto-sugestão e sono leve
subjetivamente controlado) 47
6. Outras teorias 50
7. Sumário 56
SEGUNDA PARTE
Dr. Fo ster K en n e d y
Preâmbulo
R aphael H. R hodes
Nova York
11 de setembro de 1950.
Agradecimento
A teoria da
exclusão psíquica relativa
A TEORIA É A SEGUINTE:
Aplicação terapêutica
(Controle externo)
Memória aumentada
Sugestão pós-hipnótica
Insônia
Sonhos e pesadelos perturbadores
Sonambulismo
Ânsia excessiva
Temores e fobias: claustrofobia, acrofobia, ginofobia, xenofobia etc.
Medo de trovoadas, relâmpagos, terremotos etc.
Morbidez
Hipocondria
Compulsões
Obsessões
Depressões
Alucinações
Delírios
Sadismo
Masoquismo
Narcisismo
Gozo sexual anormal, masturbação excessiva ou incapacidade
sexual funcional
Distúrbio neurótico acompanhando menopausa, ou vindo após aborto
ou parto
Amnésia
Paralisia, cegueira, afonia e surdez funcional
Hipertensão funcional
Distúrbios funcionais da fala (a maioria dos casos de gagueira
ou indecisão vocal)
Dor de cabeça de fundo nervoso
Hábitos nervosos, incluindo contorções, tiques e contrações; roer
unhas, fumar, beber e comer em excesso
Constrangimento ou timidez devido a defeitos físicos, como perda
de membro, cicatrizes, surdez, manchas, etc.
Defeitos de personalidade: acanhamento, pugnacidade, gênio, de
selegância, dependência
Prevaricação habitual
Cleptomania e algumas outras tendências criminosas ou anti-sociais
Vício de entorpecentes
(Controle auto-induzido:
auto-hipnose)
U
tima em grau suficiente para servir de fonte positiva
de sugestões intencionalmente planejadas e dadas. Estas
são prontamente aceitas pela mente subjetiva, não só
por causa da sua incapacidade para rejeitar generaliza
ções, mas também porque ela vem à frente na expecta
tiva de aceitar (sendo controlada por) as sugestões
conscientemente feitas pelo paciente (pensamentos obje
tivamente impelidos).
As técnicas da auto-hipnose conforme desenvolvi
das por Sálter permitem ao paciente tornar-se inde
pendente do hipnotizador em todos os casos em què
o resultado psicoterapêutico pode ser alcançado atra
vés da sugestão pós-hipnótica. Isso não se aplica ne
cessariamente a curas que dependem da revelação de
um incidente crucial; em tais casos a técnica psicana-
lítica é empregada em conjunto com hipnose por con
trole externo.
Não conheço nenhum caso em que um paciente
num estado de auto-hipnose se tenha psicanalisado com
êxito, embora em teoria isso não seja necessariamente
impossível. É possível concebermos que um paciente
com um conhecimento profundo da técnica psicanalíti-
ca pode achar que a auto-hipnose é a chave apropriada
para abrir a porta da memória ao incidente crucial.
Seria uma experiência interessante se empreendida por
um paciente com os conhecimentos adequados.
Um método simples para ensinar a auto-hipnose é
fazer a sugestão pós-hipnótica que o paciente, depois
de contar até cinco, cairá num sono hipnótico, mas con
servando suficiente consciência para fazer à sua pró
pria mente subjetiva sugestões mentais que terão efeito
continuado, e também para se despertar, quando o de
sejar, contando até dez.
Ao ensinar a auto-hipnose a um paciente, é desne
cessário treiná-lo em todas as suas facetas. O tempo
de treinamento e risco de mau emprego são ambos re
duzidos limitando-se a instrução ao que é essencial à
finalidade terapêutica desejada. Um paciente aprenden
do auto-hipnose como meio para dominar a insônia,
por exemplo, não precisa, e na maioria dos casos não
deve, preocupar-se com regressão, anestesia e muitos
outros efeitos hipnóticos; no entanto, o conhecimento
da auto-hipnose, para combater somente a insônia, é
um elemento valioso para a pessoa assim afligida.
Com relação à sugestão pós-hipnótica por meio da
auto-hipnose, cabe aqui uma palavra de cautela. Uma
vez a técnica auto-hipnótica dominada pelo paciente,
ele poderá utilizá-la não só para dar a si mesmo as su
gestões pós-hipnóticas originalmente pretendidas, mas
também quaisquer outras que possa subseqüentemente
imaginar. É aí que está o perigo. Ele pode, por exem
plo, empregar seu conhecimento para criar uma anes
tesia para aliviar uma dor que seja na realidade de
origem orgânica, e assim desatender, com efeitos de
sastrosos, as advertências da natureza. A auto-hipnose
deve por isso •ser ensinada somente a pacientes com
suficiente inteligência para usá-la judiciosamente e den
tro de determinados limites. Eles devem ser preveni
dos contra seu mau emprego, e advertidos de que nun
ca a devem usar em qualquer situação, a não ser que
um médico tenha constatado que a dificuldade de que
se padece é inorgânica.
CAPÍTULO 5-
Aplicação terapêutica
O a s s u n t o d a a u t o -s u g e s t ã o no estado desperto,
distinto da auto-hipnose, não é, rigorosamente falando,
parte do tema deste livro. Acha-se, entretanto, -suficien
temente ligado ao mesmo, em virtude do fato de seus
fenômenos serem explicados pela mesma teoria subja
cente, de modo que algumas palavras a seu respeito
serão aqui apropriadas.
A auto-sugestão envolve o processo consciente de
repetir mentalmente um pensamento ou frase represen
tando a desejada reação física ou atitude mental: “ Cada
dia, e sob todos os aspectos, me sinto melhor” . Esse
processo resulta no estabelecimento de uma forma de
pensamento similar que se manifesta na reação física ou
atitude mental desejada, se organicamente exeqüível.
A auto-sugestão consciente pode alcançar seu resul
tado afetando diretamente a mente objetiva. Isso, é
óbvio, é bem diferente do processo da auto-hipnose em
que a mente objetiva conscientemente controla (e dá
sugestões a mente subjetiva, à qual permitiu ficar em
evidência.
Existe entre esses dois um processo intermediário,
que engloba a simplicidade de método com resultados
práticos positivos; refiro-me ao influenciar da própria
mente subjetiva no sono comum (sem auto-hipnose),
através da repetição mental consciente da desejada for
ma de pensamento, enquanto se passa pelo processo
de entrar no estado de sono leve comum. Por resultar
isso num controle da forma de pensamento subjetivo
(mas não à maneira resultante de hipnose externa ou
auto-hipnose), dou-lhe o nome de1sono leve subjetiva
mente controlado.
À medida que a relaxação e o recesso dos sentidos
objetivos se encaminham para o ponto onde ocorre o
sono, a mente subjetiva está concomitantemente vindo
à frente. Durante esse tempo é possível, consciente
mente, repetir mentalmente o pensamento ou frase que
representa a desejada reação física ou atitude mental;
e essa repetição influencia a mente subjetiva que se
acha no processo de vir à frente, e se implanta como
a generalização aceita, básica, controladora da mente
subjetiva, e nessa qualidade nela permanece durante o
período subseqüente de sono (até que seja, de outro
modo, dispersa).
Dessa maneira, pode alguém estabelecer para si
próprio a forma de pensamento básico que controla
seus processos, atitudes e reações mentais durante as
horas do sono, geralmente passando para o subseqüen
te estado desperto (pois a forma de pensamento uma
vez estabelecida persistirá até ser dispersa).
Uma compreensão dessa técnica, especialmente
quando associada a uma apreciação de sua base teóri
ca, possibilitará à pessoa comum, dessa maneira sim
ples mas eficiente, ajudar-se a si própria em relação
a muitos dos habituais distúrbios que afligem a huma
nidade.
Pensamentos perturbadores podem ser rejeitados,
atitudes modificadas, desejos controlados, temores dis
persos, esperanças alimentadas; praticamente tudo que
é possível através de sugestão pós-hipnótica pode ser
até certo ponto atingido com o sono leve subjetivamen
te controlado.
A repetição mental consciente do pensamento ou
frase representando a desejada reação física ou atitude
mental não precisa ser expressa em linguagem clara;
qualidade literária e dicção correta per se não servem
aqui a nenhum propósito. Exige-se apenas que o pen
samento ou frase empregada tenha a significação de
sejada para quem a usa.
As mesmas palavras podem de fato ser usadas em
ocasiões diferentes, cada vez com significação diferen
te. Pode-se criar uma frase com extensas possibilida
des e empregá-la sob condições diversas. É uma ques
tão individual, em que o significado da frase ou pen
samento para quem o usa é o único critério do seu
valor.
Quanto a mim, emprego com freqüência a frase:
"‘Dormirei profundamente, e acordarei bem” . Ela tem
significação ampla, e conduz a sono quase instantâneo
bem como a euforia pós-sono. Acho que uma respira
ção profunda é também capaz de induzir rapidamente
o sono, e geralmente ajusto a primeira frase a uma
inalação profunda moderadamente mantida e a segun
da a uma exalação relaxada. A combinação dessa res
piração e forma de pensamento resulta numa suave li
beração para o sono. A forma de pensamento em si
não só serve como uma fórmula para sono leve subje
tivamente controlado com transferência para o estado
desperto, como também auxilia na consecução da rela
xação e recesso objetivo que são requisitos para o sono.
Eventualmente, pode o problema do acordar tórpi-
do após sono noturno interrompido ser atacado através
de uma compreensão do que causa tal inquietude. Essa
é com freqüência acompanhada pela repetição involun
tária de alguma forma de pensamento que assumiu o
controle da mente subjetiva. Paradoxal como pareça,
a melhor maneira de atacar o problema é consciente
mente acordar-se, rejeitar e dispersar a repisada forma
de pensamento, e depois recomeçar o processo de re
laxação para o sono, empregando a habitual forma de
relaxação ou de sono leve subjetivamente controlado.
O reacordar consciente põe em evidência a mente obje
tiva, tornando assim possível a rejeição ativa da incô
moda forma de pensamento; essa rejeição é conseguida
chegando-se a uma generalização de rejeição, o que re
quer um processo indutivo, de que só a mente objetiva
é capaz. É por isso que o reacordar (pondo em evidên
cia a mente objetiva) deve preceder o retorno ao sono.
CAPÍTULO G
Outras teorias
Sumário
A g r a n d e m a i o r i a d a s p e s s o a s normalmente inteli
gentes, dos 15 aos 55 anos, pode ser hipnotizada; e entre
os que estão abaixo e acima dessas idades há provas
de que muitos, se não a maior parte, entre os 5 e os 15
e com mais de 55, podem também ser hipnoticamente
controlados.
O controle hipnótico externo do paciente é conse
guido pelo hipnotizador do seguinte modo: ele induz a
mente objetiva do paciente a retroceder, pondo assim
a subjetiva em evidência e na expectativa de ser con
trolada por (e sujeita a) sugestões do hipnotizador.
Há diversas maneiras de consegui-lo. A escolha do
método depende da facilidade com que o hipnotizador
é capaz de influenciar determinado paciente. Isso pode
ser decidido com base em certos testes preliminares e
reações do paciente enquanto hipnotizado. Fundamen
talmente todos os métodos se assemelham no fato de
procurarem induzir o paciente a pensar em algo tão in
significante que para todos os efeitos práticos o paciente
não está pensando em nada. Desse modo os sentidos
do paciente são reduzidos a um estado passivo, sua
mente objetiva conseqüentemente retrocedendo, e a
subjetiva concomitantemente pondo-se em evidência na
expectativa da influência hipnótica já implantada como
resultado de conversação prévia.
A relaxação física e mental por parte do paciente
é essencial antes de se poder estabelecer o controle
hipnótico. Eis alguns testes simples para verificar se
essa condição existe:
A) Caindo para trás. — Faça o paciente ficar de
pé, pés juntos, de costas para você, encarando uma pa-
rede ou canto de um quarto, concentrando-se em al
gum ponto acima, que força a direção da vista cerca
de 45 graus para o alto. Sugira que o paciente relaxe
e ouça apenas a você. Saliente a relaxação de todo o
corpo. De repente puxe o paciente levemente para trás:
ele deverá cair para trás facilmente. Se o fizer, pode
prosseguir. Se não, é que ele não ficou suficientemente
relaxado; explique isso a ele e tente novamente.
Mostre-lhe que ele deve relaxar, já que esse é o
primeiro passo para a hipnose; que ele precisa coope
rar com você; que não é uma questão de a sua mente
ser mais forte que a dele, mas sim a cooperação recí
proca é que produz o resultado. Tranqüilize-o quanto
ao receio de cair para trás; diga-lhe que você vai esco
rar sua queda. Se houver dificuldade, experimente em
purrar a palma da sua mão contra as omoplatas do pa
ciente, e depois afrouxar rapidamente a pressão. Isso
com freqüência resulta em cair ele facilmente para
trás.
Explicações e experiências repetidas levarão geral
mente a resultados positivos com a grande maioria dos
pacientes. Esse teste tem várias vantagens. Permite a
você verificar quando a relaxação foi alcançada; forne
ce a base para ensinar ao paciente como relaxar; e o
êxito que você obtém conduz a mais cooperação do
paciente.
Quando o paciente se achar relaxado, faça-o voltar
novamente à posição original, e depois diga, “ tenha ape
nas um pensamento — o pensamento de que está cain
do para trás”. Se o paciente estiver relaxado, seguir-se-á
uma reação positiva. Apare a queda.
Às vezes é necessário acrescentar numa voz firme,
monótona: " . . . Que você está caindo para trás. Pense
apenas em cair para trás agora — para trás — para
trás. Não resista. Aí vem você.”
Às vezes, no ponto de cair para trás, a mente obje
tiva do paciente já retrocedeu o suficiente para que a
sugestão “Durma” baste para estabelecer o controle.
Isso não é comum, mas ocorre de vez em quando. Um
hipnotizador experimentado pode julgar a probabilida
de de sucesso pelo grau de abandono na quèda.
B) Caindo para a frente. — Faça o paciente ficar
de pé, como para a reação de cair para trás, exceto que
ele estará de frente para você. Diga, “Agora tenha um
único pensamento — que você está caindo para a fren
te ” etc., como para a reação de cair para trás. Cair para
a frente é uma reação mais difícil de se conseguir, e
geralmente só deve ser tentada depois que a reação de
cair para trás tiver sido bem sucedida.
E n t r e t a n t o , e m a lg u n s c a s o s , m u lh e r e s q u e u s a m
s a l t o a lt o r e s is t ir ã o à r e a ç ã o d e c a i r p a r a t r á s , m a s a c e i
t a r ã o a d e c a i r p a r a a fr e n t e .
A e B: O l h o s F e c h a d o s . A s reações tanto de cair
para trás quanto de cair para a frente podem ser indu
zidas com maior rapidez se o paciente receber ordem
de fechar os olhos. O fato de os olhos estarem fecha-*
dos dá maior amplidão à força das suas sugestões so
mente, e evita impulsos contrários que ocorrem às ve
zes quando um paciente recalcitrante observa seus pró
prios movimentos.
C) Retesamento do braço. — Faça o paciente ficar
de pé, de frente para você, a cerca de oito pés de dis
tância. Diga-lhe que levante o braço direito, palma da
mão para cima. Ordene-lhe que olhe para seus olhos,
e detenha a atenção dele com o seu olhar. Continue:
“ Estique-o quanto puder. Agora vou retesar o braço.
Estenda-o o mais que puder, tão rígido e teso quanto
lhe for possível.” Espere aproximadamente quinze se
gundos. “Você pode esticá-lo mais. Tanto quanto pu
der agora. Reto e rígido. Está agora teso, reto e rígido.
Mantenha seus olhos nos meus, e você não pode do-
brá-lo. Você não pode dobrá-lo agora. Experimente e
verá que não pode. Você não pode fazê-lo.” Mantenha
os olhos do paciente fixados no seu olhar, e na gran
de maioria dos casos ele não será capaz de dobrar o
braço.
Deixe-o tentar durante cerca de dez segundos, ou
meio minuto se seu controle parece bom. Antes que
ele mesmo consiga dobrar o braço, diga: “Agora, quan
do eu contar até três, você poderá dobrá-lo. 1-2-3. Re
laxe. Você agora pode dobrá-lo.” Ao mesmo tempo
desvie seus olhos.
D) Pêndulo de Chevraul. — O pêndulo consiste de
um pequeno peso metálico preso a um fio de aproxi
madamente trinta polegadas de comprimento. O pa
ciente segura-o por meio de um pequeno anel preso na
extremidade superior do fio. O anel é colocado no dedo
indicador do paciente. Coloque uma barra metálica
simples (não-magnetizada) no chão ou mesa debaixo do
peso metálico.
Diga ao paciente que a barra metálica está magneti-
zada e que suas propriedades são tais que o peso osci
lará na direção da barra. Nas mãos de um paciente su-
gestionável, o peso, depois de alguns momentos, come
çará a oscilar na direção sugerida. Troque a direção
da barra e dentro de alguns segundos a direção da os
cilação mudará de modo correspondente. Ponha um
círculo “magnetizado” debaixo dele, e o peso se move
rá num círculo. Remova a barra e o círculo e o peso
cessará de se mover.
Você poderá então explicar ao paciente que na. rea
lidade a barra e o círculo não estavam de modo algum
magnetizados, e que o peso reagiu daquela maneira so
mente porque o paciente o moveu inconscientemente
por estar você controlando sua mente subconsciente
(subjetiva).
Uma vez verificadas as reações acima, ou algumas
delas, pode-se usar uma grande variedade de processos
para induzir o sono hipnótico. Alguns deles podem ser
esboçados conforme se segue:
1. VOz a p e n a s . Ao assegurar o controle hipnóti
co pelo uso apenas da voz, o hipnotizador utiliza sua
voz para diversos propósitos coordenados. O tom de
voz deve ser calmante para o paciente, ao mesmo tem
po que a maneira de enunciar deve prender e manter
sua atenção. As palavras devem ser cuidadosamente es-
.colhidas para servir de motivação eficaz para o retro
cesso cooperativo dos interesses objetivos. A linguagem
sugerida nos parágrafos seguintes não é inalterável,
mas sim variável dentro dos limites esboçados na nota
acrescentada aos mesmos.
Faça o paciente deitar-se num sofá ou sentar-se con
fortavelmente numa cadeira. Sugira que ele pense ape
nas no que você disser, e que ouça somente a sua voz.
Entoe: “Pense agora somente em dormir, que você
está ficando cansado e quer ir dormir. Que você está
muito cansado, seus olhos estão ficando pesados, seu
eu
corpo está mole, sua cabeça está pesada. Que você está
com muito sono e quer ir dormir. Pense agora somente
em dormir, que você está muito cansado e quer ir dor
mir. Que seu corpo está mole e pesado, sua cabeça está
pesada. Você está tão cansado; suas pálpebras ficam
cada vez mais pesadas, e você quer fechar suas pálpe
bras pesadas e ir dormir. Que você quer fechar suas
pálpebras pesadas e ir dormir. Que você se sente rela
xado e confortável, que você respira profundamente,
que você se sente inteiramente confortável e tão can
sado. Que você quer ir dormir. Que você vai fechar
suas pálpebras pesadas e vai dormir. Que você agora
vai fechar suas pálpebras pesadas e vai dormir. Pense
agora somente em dormir, que você vai fechar suas
pálpebras pesadas e vai dormir.”
Quando os olhos começam a se fechar, ou tremular:
“ Que seus olhos estão-se fechando. Você está muito
confortável, e muito cansado e quer ir dormir. Que
você está tão cansado, que seus olhos estão tão cansa
dos, que você já não pode mantê-los abertos, e você
vai fechá-los e dormir. Que você quer ir dormir. Que
seus olhos agora estão-se fechando.” Às vezes a suges
tão direta, “Feche seus olhos agora”, torna-se ne
cessária.
“Que seus olhos agora estão fechados. Que você
está muito cansado e vai entrar num sono profundo.
Que você está tão cansado, que você quer entrar num
sono profundo. Que você está entrando num sono pro
fundo. Que você está passando para um estado de sono
profundo, confortável. Que você agora está entrando
num sono profundo, e você permanecerá profundamen
te adormecido, até que eu lhe diga que acorde. Eu ago
ra vou contar até vinte e, enquanto o faço, você entrará
num sono muito profundo, e quando èu chegar a vinte
você respirará profundamente, se relaxará completa
mente e estará num sono profundo e Confortável, e você
permanecerá dormindo até que eu lhe diga que acor
de.” Conte até vinte numa voz pausada, monótona.
Aguarde uma respiração profunda. Se necessário, acres
cente: “Agora respire profundamente.”
E depois: “Que você agora está dormindo profun
damente: você está confortável; você está respirando
profundamente.” (Pausa. O paciente respirará profun
damente.) “ Você escuta apenas a minha voz, ouve so
mente a mim, faz só o que eu disser. Você ficará pro
fundamente adormecido até que eu lhe diga que acorde”.
Nota: A linguagem acima pode ser modificada, am
pliada ou reduzida conforme exigido pelas circunstân
cias; mas deve-se desenvolver e manter a mesma forma
de pensamento. Observe a continuidade da forma em
relação aos efeitos desejados.
“Pense agora somente em dormir” — concentração
num só pensamento. “Que você — quer ir dormir” —
ênfase imperceptível de que é o desejo do paciente.
“ . . . Seus olhos estão ficando pesados. . . você está com
muito sono” — desenvolvimento gradual seguido da re
petição de “ . . . você quer ir dormir. . . ” Depois vem
mais desenvolvimento na sugestão de que as pálpebras
começam a ficar pesadas, levando a “ . . . você quer fe
char suas pálpebras pesadas e dormir” . Depois: “Que
você vai fechar agora suas pálpebras pesadas. . . ” se
guido de “que seus olhos estão-se fechando. . . ” e
" . . . você vai fechar os olhos e vai dormir”, e assim
por diante.
Releia o monólogo sugerido, e analise o desdobra
mento das idéias. Observe o desenvolvimento gradual,
a repetição calculada, o obscurecimento dos passos
subseqüentes, começando com ênfase sobre o próprio
pensamento do paciente (“ . . . você quer ir d orm ir... ” ) ,
seguido pelas afirmações diretas do hipnotizador “Que
seus olhos agora estão fechados. .. que você permane
cerá profundamente adormecido até que eu lhe diga
que acorde” .
Não decore as palavras, mas domine o desenvolvi
mento da forma de pensamento.
Iluminação e ambiente devem ser discretos: a fonte
de luz de preferência atrás do paciente, difusa, não
muito brilhante; a mobília, quadros etc. fora da linha
de visão do paciente. A voz deve ser meio baixa, lenta
e suave, e no entanto firme e sem hesitar. Fale com
tranqüila convicção. Não domine opressivamente.
O hipnotizador pode ficar de pé (ou sentado)
diante, ao lado ou atrás do paciente. O melhor é estar
numa posição que permita observar os olhos do pa
ciente, pois estes constituem fácil indicador do avanço
para o sono e assim orientam o hipnotizador quanto a
acelerar ou retardar sua atividade.
2. F ix a ç ã o d a v i s t a . Um monólogo semelhante
pode ser usado conjuntamente com a fixação visual da
atenção do paciente. O ponto de concentração pode ser
um sinal de lápis numa parede branca, ou uma fonte
de luz (lanterna de bolso ou luz de vela), ou um pe
queno objeto brilhante (diamante ou cristal de rocha
contra um fundo preto ou preso à extremidade de
um lápis ou vara preta), ou um espelho de dentista re
fletindo luz emanando de detrás do paciente, ou ainda
uma pequena bola brilhante de cristal.
Por exemplo, quando usar uma lanterna de bolso,
tenha o revestimento externo preto, cinza-escuro ou de
alguma outra cor que absorva luz, a lâmpada ou fonte
luminosa pequena, a luz suficientemente forte para exi
gir a focalização da atenção mas não tanto que inco
mode a vista do paciente. Diga ao paciente que olhe
somente para a luz, ouça apenas a sua voz e pense so
mente no que você disser. Acrescente depois, ca
sualmente, que se ele assim fizer, em breve estará dor
mindo. Faça-o relaxar numa cadeira confortável e olhar
para a luz. Mantenha esta cerca de 60 cm a um metro
à frente e 30 cm acima do nível dos olhos do paciente.
Depois proceda como no item 1, acima.
Os métodos que empregam outros pontos de fixa
ção visual são semelhantes.
3. C o n t a g e m o c u l a r . Depois que o paciente re
laxou numa cadeira confortável, diga-lhe que siga suas
instruções, ouça apenas a sua voz, e não pense em mais
nada. Depois proceda como se segue:
Fique de pé diante do paciente. Instrua-o para que
olhe um ponto determinado do seu paletó, por exem
plo, um botão que esteja na linha direta de visão dele.
Diga-lhe que você vai contar; que em 1 ele deve fechar
os olhos, em 2 abri-los, em 3 fechá-los etc. Acrescente
que ele deve seguir atentamente a contagem e que em
breve estará ferrado no sono.
Conte de modo bastante rápido, de um a mais ou
menos doze; depois continue, aumentando gradativa-
mente os intervalos em que os olhos permanecem fe
chados.
Você notará que, à medida que você prossegue, os
olhos do paciente se abrirão menos. Ajuste a contagem
para encorajar essa diminuição.
Quando as pálpebras apenas tremularem em vez de
se abrirem à contagem, aumente ainda mais o período
de fechamento até que o tremular se torne quase im
perceptível. Nesse ponto pare de contar durante cerca
de sete a dez segundos, e depois diga, em tom de con
versa : “Você vai entrar agora num sono profundo, con
fortável. Agora vou contar até dez, e quando eu chegar
a dez você respirará profundamente, se relaxará com
pletamente, e estará num sono profundo e confortável,
e você permanecerá profundamente adormecido até que
eu lhe diga que acorde” .
No início da contagem, use um tom de conversa.
Todavia, à medida que o andamento diminui, abaixe
gradativamente sua voz de modo que você esteja sus
surrando quando as pálpebras tremularem. Depois,
antes de parar a contagem, suba rapidamente até o vo
lume de voz de conversação. Após a pausa de sete a
dez segundos, continue com (e mantenha) o tom de
conversa.
Geralmente o paciente capitulará antes que você
atinja 100; contudo, se isso não ocorrer, então continue
a contar na mesma voz, mas recomeçando de 1.
4. C o n t r o l e g r a d u a d o . Faça o paciente sentar-se
numa cadeira confortável. Instrua-o para: 1) retirar
todos os anéis dos dedos, 2) relaxar, 3) juntar as mãos
(entrelaçando os dedos) e pô-las no colo, 4) colocar os
pés no chão (sem cruzá-los), retos ( p " j atirados para
a frente). Diga-lhe que ouça apenas a você e que se
concentre somente no que você disser, e depois conti
nue, em tom de conversa, substancialmente como se
segue:
“Olhe para o ponto onde seus polegares se cruzam,
e concentre-se nesse ponto.” Aguarde cerca de dez a
quinze segundos. Depois, lenta e deliberadamente:
“Relaxe. Agora feche os olhos e revire o globo
ocular para cima. Mantenha seus olhos fechados e o
globo ocular virado para cima. Enquanto eu contar até
dez, suas pálpebras se tornarão cada vez mais firme
mente fechadas, e quando eu atingir 10 você não será
capaz de abri-las. 1-2-3 — mais fechadas — 4-5 — pál
pebras mais unidas — 6 — em 10 estarão completa
mente unidas — 7 — mais firmes-mais fechadas-unidas
mais firmemente — mantenha o globo ocular para cima
— 8 — bem fechadas agora — 9-10 — mantenha o glo
bo ocular para cima e você não poderá abrir seus olhos.
Você pode tentar, mas não será capaz de fazê-lo” .
Se o paciente for capaz de abrir os olhos, expli-,
que-lhe que ele aparentemente não cooperou: ele não
manteve o globo ocular revirado para cima, como or
denado, ou ele deixou de se concentrar nas suas ordens
somente. Saliente que ele deve dispersar todos os ou
tros pensamentos, e que ele pode fazê-lo se o tentar.
Destaque ser mais fácil hipnotizar pessoas inteligentes
porque elas cooperam melhor. Insista em que ele será
seguramente hipnotizado se seguir fielmente todas as
instruções dadas. Depois recomece.
Não desanime com um fracasso, e, acima de tudo,
não revele qualquer desalento que possa sentir. Con
serve uma atitude deliberada e um tom de conversa.
Freqüentemente um fracasso na primeira tentativa
é seguido de êxito na segunda. Às vezes algumas têm
de ser feitas antes que as pálpebras permaneçam fe
chadas. Entre cada tentativa ponha a culpa claramente
no fracasso do paciente em seguir todas as instruções
e incuta nele que o sucesso é certo se ele cooperar ple
namente.
Quando o paciente faz uma tentativa razoável de
abrir os olhos e falha, permita-lhe tentar durante alguns
segundos (o suficiente para se convencer de que não
pode abri-los, mas não tanto que o encanto se quebre)
e então diga:
“Pare de tentar. Conserve seus olhos fechados. Eu
vou agora juntar suas mãos de modo que você não
possa separá-las. Enquanto eu contar de um a dez, suas
mãos irão ficando cada vez mais firmemente juntas e
em dez você não será capaz de separá-las. Junte as
mãos firmemente. 1-mais firme-2-mais juntas-3-4-(dê
uma ou duas batidas descendentes leves, com as pontas
dos dedos, nos braços do paciente)-seus braços estão
ficando entorpecidos-5-mais firme-mais juntas-6-7-bem
firme agora-o mais firme que puder-8-muito firme-os
dedos estão duros-9-10-estão presas agora. Você, por
r,9
mais que tente, não poderá separá-las. Tente, e verá
que não pode”.
Geralmente não podem. Se o fazem, você às vezes
pode ter êxito recomeçando esse método, mas talvez
seja melhor substituí-lo por outro (por exemplo, item
2 ou 3, acima).
Quando as mãos permaneceram juntas, apesar dos
esforços do paciente para abri-las, aguarde alguns ins
tantes; depois diga:
“Pare de tentar. Fique como está. Agora endure
cerei suas pernas, de modo que você não se poderá le
vantar. Enquanto eu contar até dez, suas pernas irão
ficando cada vez mais endurecidas, e em dez não será
capaz de se levantar. 1-2-mais duras-(dê uma ou duas
batidas descendentes leves, com as pontas dos dedos,
nas coxas, joelhos e pernas do paciente)-3-estão fican
do entorpecidas-4-mais entorpecidas-5-6-entorpecidas e
duras, e você não pode senti-las-7-mais duras-8-muito
endurecidas agora-9-10-você não pode levantar. Você
pode tentar, mas não será capaz de fazê-lo” . Enquanto
tenta: “Quanto mais força fizer, mais resistência en
contrará”, ou “Você pode mover o corpo, mas não pode
mexer as pernas” .
Depois de alguns momentos, porém mais demorado
do que para os olhos e mãos, diga, “Está bem. Pare de
tentar. (Curta pausa.) Eu agora vou adormecê-lo. Re
laxe. Pense agora em dormir, que você vai dormir.
Você está ficando cansado. . . ” etc., continuando com
monólogo similar ao método 1 acima, convenientemen
te modificado e condensado. Uma vez os olhos fecha
dos, e as mãos e pés imobilizados, o sono poderá ser
induzido de modo razoavelmente rápido.
5. H i p n o s e c o l e t iv a . O método descrito em 4 é
prontamente aplicável, ao mesmo tempo, a um grande
número de pacientes, e pode ser usado para obter con
trole simultâneo de dois ou mais pacientes.
Os primeiros três métodos acima descritos podem
também ser aplicados ao mesmo tempo a mais de um
paciente; existe, contudo, uma dificuldade oriunda do
fato de que o grau em que o controle é estabelecido
pode diferir de acordo com o paciente. Pelo seu siste
ma de controle graduado, o método 4 sobrepuja essa
desvantagem. À medida que cada etapa na série de con
troles vai sendo alcançada, os pacientes já influenciados
até esse grau podem ser mantidos naquele nível, en
quanto os outros são trazidos a um ponto semelhante.
Usando esse método, conseguiu o autor imobilizar
todos com exceção de dois ou três num grupo de apro
ximadamente trinta, e depois pôs, simultaneamente, cer
ca de metade deles para dormir.
Com relação a isso, considere também o método 8,
abaixo.
6. C o n t r o l e r á p id o . A técnica seguinte é sugeri
da apenas às pessoas que já tenham realizado com
êxito um número considerável de hipnoses por meio de
alguns dos métodos mais lentos.
Instrua o paciente para que fique de pé diante de
você, remova os anéis, segure as mãos com os dedos
entrelaçados, e as mantenha levantadas com os braços
paralelos ao chão ou com os cotovelos dobrados. Co
loque-os diante do paciente de modo que os olhos dele
fiquem na mesma altura ou abaixo dos seus. (Se você
for de estatura mais baixa que o paciente, faça-o sen
tar-se e sente-se você mesmo numa cadeira ou banco
pouco mais elevado.) Proceda conforme se segue:
“Mantenha seus olhos fixos nos meus. Segure suas
mãos juntas o mais apertado que puder. Mais apertado.
Tão apertado que não possa separá-las. Agora você não
pode separá-las por mais que tente. — Durma!”
Enquanto você fala, mantenha os olhos do paciente
fixos no seu olhar. Abra mais os olhos à medida que
você prossegue. Fale clara, direta, imperativamente
(mas não grite), com rapidez cortante. Enquanto você
fala, comprima as mãos do paciente com as palmas das
suas mãos postas em concha por cima das dele. Logo
■que você creia que ele esteja' apertando as mãos o mais
fortemente possível, retire as suas mãos e profira a úl
tima frase, mas não ainda a palavra: “Durma” . Man
tenha os olhos do paciente fixos no seu olhar. Quando
ele tenta, e não consegue, separar as mãos durante dois
ou três segundos, passe a palma de sua mão direita por
sobre os olhos dele e rapidamente ordene: “Durma!”
Se os olhos dele não se fecharem, acrescente: “Fe
che os olhos e vá dormir”. E depois: “Durma mais
profundamente” etc. durante alguns segundos.
Com esse método, o hipnotizador experiente pode.
conseguir o controle do seu paciente em questão de se
gundos.
7. S e g u n d o s o n o . T e n d o p r i m e i r o h ip n o t i z a d o o
p a c ie n t e p o r u m d o s m é t o d o s m a is le n t o s , p o d e o h i p n o
tiz a d o r d a r u m a s u g e s tã o p ó s -h ip n ó tic a p a r a q u e o p a
c ie n t e , d e p o i s d e a c o r d a d o , v á d o r m i r u m a s e g u n d a v e z
a u m s in a l d a d o , p o r e x e m p l o , à c o n t a g e m d e 10 p e l o
h ip n o t i z a d o r . A n t e s d e c o n t a r a té d e z p a r a in d u z ir e s s e
s e g u n d o s o n o , d e v e o h i p n o t i z a d o r fa z e r o p a c ie n t e s e n
t a r -s e c o n f o r t a v e l m e n t e , e d e p o i s in s t r u í-lo p a r a q u e
o l h e o d e d o i n d i c a d o r le v a n t a d o d o h i p n o t i z a d o r m a n
t i d o d ia n t e d o s o l h o s d o p a c ie n t e . S e g u e -s e a c o n t a g e m
a t é d e z , à r a z ã o d e a p r o x im a d a m e n t e u m n ú m e r o p o r
s e g u n d o , d e u m m o d o d ir e t o , im p r e s s i v o , n u m t o m d e
c o n v e r s a m o d u l a n d o p a r a m a is b a i x o à m e d i d a q u e a
co n ta g em p rosseg u e.
Ao chegar a dez, se os olhos do paciente já estive
rem fechados, acrescente apenas: “Durma! Você ago
ra está profundamente adormecido” . Se ao chegar a
dez os olhos ainda estiverem abertos, acrescente: “Fe
che os olhos e vá dorm ir. . . ” etc.
8. S o n q a p ó s t r a n s e l e v e . E s t e é s e m e lh a n t e
a o m é t o d o 7 , e x c e t o q u e o p a c ie n t e é p o s t o a n t e s a p e
n a s n u m t r a n s e le v e . •
Faça o paciente sentar-se e. relaxar; proceda como
no método 4, somente através de catalepsia das pálpe
bras. (Alguns preferem incluir também a reação de
aperto de mão.) Depois diga: “Vou acordá-lo num ins
tante e depois vou pô-lo novamente a dormir — um
sono profundo. Quando eu contar até dez, você relaxa
rá, fechará os olhos num sono muito profundo. Pouco
depois de eu acordá-lo, contarei até dez, e você rela
xará, fechará os olhos e entrará num sono profundo,
confortável. Agora quando eu estalar meus dedos, você
acordará” . Espere um momento; depois estale os dedos,
dizendo, “Acorde —' abra os olhos” .
Depois, tendo deixado passar apenas um curto es
paço de tempo, aproxime-se do paciente, que ainda se
encontra sentado. Use na sua mão direita um anel sim
ples com uma pedra central, e mantenha as' costas da
mão acima do nível de visão do paciente, e ligeiramente
para a frente, de modo que ele, para vê-la, terá de olhar
para cima. Muito rápido e com voz suave, baixa: “Olhe
para o anel, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10. Feche os olhos e
vá dormir” . (Rapidamente vire sua mão e faça descer
a palma sobre a testa e olhos do paciente.) “Durma,
durma, durma, durma, durma, durma; você vai entrar
num sono profundo, bem profundo, bem profundo.
Você dorme profundamente, profundamente; você dor
me profundamente; você dorme profundamente”. E de
pois, mais devagar: “Você dorme profundamente, num
sono profundo, confortável. Você ouve apenas minha
voz e você permanecerá profundamente adormecido até
que eu lhe diga que acorde.”
Das duas partes desse processo, transe leve e sono
profundo, a primeira pode levar entre cinco e dez mi
nutos, mas a segunda requer menos de sessenta segun
dos. As instruções para essa última parte devem ser
dadas rapidamente e numa voz suave, baixa. O período
intermediário deve ser conservado num mínimo, espe
cialmente com pacientes que nunca foram hipnotizados
antes, embora até mesmo um intervalo de cinco minu
tos não seja necessariamente longo demais.
Esse método pode assim ser usado para hipnotizar
diversas pessoas de uma só vez. A primeira parte do
processo é aplicada simultaneamente a um grupo gran
de. Aqueles que não reagem são eliminados. Os outros,
tendo sido primeiro “ acordados” en masse, são depois
postos a dormir um de cada vez, conforme aqui des
crito. Durante a segunda parte do processo, falando de
pressa, e passando rapidamente de um para outro, po-
de-se conseguir controle sobre cinco ou seis pessoas em
aproximadamente dois a três minutos.
Enquanto ensinava a hipnotizar, observei que os
principiantes muitas vezes misturavam seus métodos;
empregavam parte de um conjuntamente com parte de
outro. Isso geralmente resulta em fracasso. Só se deve
tentar um método de cada vez. Se falhar, abandone-o
completamente antes de empreender outro.
Embora a linguagem para obter controle se refira
a “ sono profundo”, na realidade um sono profundo e
rápido é conseguido somente em raras ocasiões. Na
maioria dos casos, o controle original é pequeno, e deve
ser mantido e ampliado cuidadosamente pelos métodos
descritos no capítulo seguinte.
Durante o processo de obtenção de controle, uma
atmosfera tranqüila é essencial. Outras pessoas presen
tes devem-se abster de falar, rir, mexer-se, ou qualquer
atividade que possa impedir o paciente de prestar aten
ção concentrada unicamente no hipnotizador.
Os métodos precedentes são os principais para con
seguir controle hipnótico. O hipnotizador pode criar
suas variações individuais baseado em sua própria ex
periência. O sucesso, é claro, pode ser alcançado pelo
modus operandi sozinho; mas tenho constatado que a
fidelidade à teoria fundamental aqui exposta conduz a
um inteligente e fecundo desenvolvimento do método
para facilidade e rapidez em obter, manter e ampliar
o controle.
Se tentativas para hipnotizar por um método fa
lham, explique ao paciente que outro método talvez seja
mais adequado para ele, e mude para outro método sem
indicar qualquer embaraço ou frustração que você
possa estar sentindo intimamente, pois a revelação de
qualquer atitude dessas de sua parte agirá como suges
tão ao paciente de que você prevê um fracasso, anulan
do assim seus esforços posteriores. Não há, realmente,
qualquer razão para embaraço de sua parte, só porque
um método falha. Muitas vezes a mudança para um
método diferente resulta num sucesso bastante rápido,
não obstante haverem sido inúteis as tentativas ante
riores. É conveniente lembrar ao paciente que você não
pode hipnotizá-lo contra sua vontade, que sua coopera
ção ativa é essencial, e que se ele tem uma mente forte,
pode controlar seus processos mentais e forçar-se a si
próprio a cooperar com você.
CAPÍTUDO 9
Mantendo e prolongando
o controle hipnótico
Q u a n d o a c h a r q u e o p a c ie n t e e s t á a d o r m e c i d o , p r o
ceda d a s e g u in t e m a n e i r a :
1. Instrua-o para, à contagem de cinco, separar as
mãos e colocar uma sobre cada joelho (ou, se estiver de
pé, deixá-las pender ao lado do corpo). Depois diga:
“Estenda sua mão direita, palma para cima.” Co
loque uma moeda na palma da mão. “ Agora quando
eu contar até vinte a moeda ficará mais pesada com
cada número contado, e quando eu estiver chegando ao
vinte ficará tão pesada que obrigará sua mão a baixar;
sua mão vai pender para o chão até que a moeda caia.”
Conte vagarosamente; ao chegar a dez, acrescente: “Está
ficando agora tão pesada que você não pode sustentá-la,
e quando eu chegar a vinte o peso forçará sua mão para
baixo até que a moeda caia.” Prossiga até vinte. Se
a mão não tiver começado a baixar, acrescente:
“ Está começando a cair; baixando, baixando, baixan
do.. etc., até a mão pender para o chão e a moeda
cair. “Agora não está mais pesada e você pode nova
mente levantá-la. Levante-a.” Quando estiver outra vez
horizontal, diga:
“Agora farei sua mão ficar muito leve. Enquanto
eu contar até dez, seu braço e mão direita se irão tor
nando cada vez mais leves, tão leves como uma pluma,
e sua mão se erguerá sozinha e flutuará no ar.” Conte
vagarosamente.
Se não levantar, acrescente: “Está começando a se
levantar agora — está-se levantando agora — você não
pode mais impedir que suba. . . ” etc. Você pode suge
rir que, quando você soprar sobre ela, ela se erguerá.
Então sopre, ou até mesmo empurre-a ligeiramente
para cima.
Depois que a mão já se ergueu bastante, aparente
mente fora do controle volitivo do paciente, diga: “À
contagem de três ela cairá, retomando sua posição ori
ginal.” Conte. Depois da queda acrescente: “ Agora, eu
contando até cinco, seu braço e mão direita ficarão nor
mais outra vez. Não mais estarão leves, e ficarão
normais outra vez como o braço e mão esquerda.”
Conte, dessa vez mais rapidamente.
Lembre-se sempre de renormalizar com uma con-
tra-sugestão dessas qualquer função ou quaisquer sen
tidos que você tenha influenciado através de uma suges
tão original de natureza anormal. Se essa precaução
for esquecida, o paciente poderá permanecer inibido
pela sugestão original. Tal inibição poderá ser automa
ticamente resolvida quando a mente objetiva do pa
ciente ficar depois em evidência (ao acordar). Por
outro lado, o próprio fato da manifestação física da ini
bição mental pode aumentar a força da sugestão e
assim dotá-la de força pós-hipnótica, com resultante
aborrecimento para o paciente durante longo período
de tempo.
De qualquer maneira, entretanto, o processo de re-
normalização é apenas uma questão de simples suges
tão hipnótica, e pode em geral ser realizado com o pa
ciente em transe leve, e às vezes até acordado.
2. Use procedimento similar para tomar a mão
do paciente tão pesada que ele não possa erguê-la por
mais que tente: “ . . . ficará tão pesada como uma to
nelada de chumbo, e você não será capaz de movê-la. . . ”
(Evite linguagem incomum ou “literária” . Quanto mais
banal e óbvia a comparação, tanto mais aceitável será
para a mente subjetiva, incapaz de raciocinar indutiva
mente.) Então, deixe-o tentar erguê-la, mas ele não será
capaz de fazê-lo. (Renormalize por contra-sugestão e
faça-o erguê-la uma vez rapidamente para indicar rea
ção normal.)
2a . Da mesma maneira podem ser imobilizadas
as pernas do paciente: “Enquanto eu conto até dez suas
pernas irão ficando cada vez mais endurecidas, e quan
do eu chegar a dez você não será capaz de movê-las,
você não será capaz de ficar de pé”. Quando tiver atin
gido na contagem cinco ou seis, acrescente: “Mais du
ras, mais duras; em dez você não será capaz de mo
vê-las, você não será capaz de se pôr de pé”. Logo após
o dez, afirme: “Agora estão duras e rígidas. Você não
se. pode levantar — por mais que tente. Tente e verá
que não pode.” Se o paciente começar a se mexer, diga:
“ Você pode se retorcer, mas não pode levantar-se —
você não pode fazê-lo.”
2b. I s s o pode ser seguido de afonia induzida. Fale
mais rápido e com um pouco maior firmeza de tom:
“ Enquanto eu conto até cinco, sua garganta irá ficando
ressequida, e quando eu chegar a cinco, você não será
capaz de falar, até que eu diga que pode. 1 -2 -3 -4 -5 . Você
agora não pode falar. Tente — você agora não pode
lazê-lo”.
O hipnotizador, obtendo as reações sugeridas aos
procedimentos acima, colhe uma vantagem dupla:
Insuscetível 0
i Relaxação
Hipnoidal . ... < 3 Tremular de pálpebras
4 Fechar dos olhos
5 Completa relaxação física
13 Amnésia parcial
15 Anestesia pós-hipnótica
Transe médio . 17 Modificações de personalidade
18 Sugestões pós-hipnóticas simples
20 Delírios cinestésicos; amnésia
completa
Capacidade de abrir os olhos sem
afetar o transe
23 Sugestões pós-hipnóticas bizarras
25 Sonambulismo completo
26 Alucinações visuais positivas, pós-
Transe sonam- hipnóticas
búlico ............. 27 Alucinações auditivas positivas,
pós-hipnóticas
28 Amnésias pós-hipnóticas sistema
tizadas
29 Alucinações auditivas negativas
30 Alucinações visuais negativas;
hiperestesias
Acordando o paciente
O p r o c e s s o d e a c o r d a r o p a c ie n t e é u m p r o c e s s o d e
a b a n d o n o p o s it iv o d e c o n tr o le . O a b a n d o n o d e c o n t r o le
p o d e s e r p a r c ia l o u c o m p le t o .
É parcial quando uma sugestão pós-hipnótica per
manece. É completo quando nenhuma sugestão pós-
hipnótica é feita, ou quando sugestões pós-hipnóticas
feitas são subseqüentemente eliminadas por outra su
gestão ou conclusão total (desempenho) das sugestões,
ou ainda quando as sugestões pós-hipnóticas feitas não
ficaram gravadas na mente do paciente.
Esta última é uma situação rara; mesmo quando
o paciente não atua conforme uma sugestão hipnótica,
é provável que mesmo assim ele a tenha gravado em
sua mente subjetiva. (Você pode pôr isso à prova: a)
perguntando-lhe se ele se lembra, ou b) tornando a
hipnotizá-lo e fazendo a mesma pergunta. Muitas vezes
você receberá uma resposta afirmativa para b) embora
tenha sido negativa para a). “ Sim” em qualquer dos
dois casos significa que a sugestão pós-hipnótica ficou
gravada, embora não ocorresse ação.) Por isso, a fim
de evitar que tenha algum efeito numa ocasião subse
qüente e possivelmente inoportuna, você deve mencio
nar ao seu paciente o fato da sugestão e declarar que
agora não terá mais efeito. Isso pode ser feito até com
o paciente acordado.
Nos casos das sugestões pós-hipnóticas feitas com
finalidade terapêutica, o abandono de controle ao se
acordar o paciente é apenas parcial. Muito embora
você abandone todo controle ativo sobre o paciente ao
acordá-lo, as sugestões hipnóticas que você fez ainda o
controlam, bem como aos seus pensamentos e ações.
Elas se tornaram generalizações aceitas da sua mente
subjetiva e, assim, parte integrante dos seus processos
mentais.
O paciente acordado, a força das sugestões pós-
hipnóticas pode, de início, ser até certo ponto minimi
zada pela influência neutralizadora da mente objetiva
agora em evidência. As mentes subjetiva e objetiva
agem uma sobre a outra e reagem entre si. O continua
do controle do hipnotizador sobre a mente subjetiva do
paciente leva a uma influência gradativamente crescente
também sobre seus processos objetivos, e assim a uma
remodelação de toda sua forma de pensamento. É esta
a base da hipnose terapêutica que se baseia na implan
tação de sugestões na mente subjetiva do paciente com
efeito continuado (pós-hipnótico).
Acordar o paciente com simultâneo abandono com
pleto de controle poderia ser efetuado substancialmente
como se segue: declare ao paciente que à contagem de
dez ele acordará e estará completamente liberto da sua
influência; depois conte, terminando com um estalo dos
dedos e a ordem, “Acorde” .
Tal modo de proceder é mencionado apenas para
ser condenado. É muito desaconselhável abandonar su
bitamente o controle e simultaneamente acordar o pa
ciente. Fazer isso pode causar no paciente várias rea
ções indesejáveis, como, por exemplo, continuada sono
lência (semelhante ao despertar do sono comum, mas
ágora considerada mais desagradável pelo paciente
como uma conseqüência da hipnose), dor de cabeça
(causada às vezes pelo despertar súbito, às vezes como
resultado de esforço visual conseqüente do método de
fixação da vista na indução do sono), dormência ou en
durecimento dos membros (resultante de catalepsia
dos membros incompletamente removida ou anestesia),
insônia à noite (após prolongado repouso hipnótico ou
resultante de hiperestimulação devida à nova experiên
cia) . Estes e outros possíveis efeitos posteriores po
dem, entretanto, ser evitados como se descreve nos
parágrafos seguintes.
Faça sempre com que o acordar do paciente seja
precedido de uma sugestão pós-hipnótica de euforia, e
inclua sugestões específicas para neutralizar sensações
desagradáveis previstas. Uma boa fórmula geral é:
“Dentro de alguns momentos irei acordá-lo; e quan
do eu o fizer, você estará bem desperto e feliz; não ha
verá efeitos posteriores (exceto os que foram por mim
especificamente mencionados). Você se sentirá otima
mente. E mais tarde, quando logo à noite você for dor
mir, você adormecerá facilmente e dormirá bem. Agora
quando eu contar até dez, você abrirá os olhos e acor
dará, assim como eu lhe disse. 1-2-3-4-5-6-7-8-9-10. Acor
de. — Como você se sente?”
Nos casos em que foi feita uma sugestão pós-hipnó
tica para entrar em vigor com um dado sinal pouco de
pois do despertar, o paciente pode-se comportar como
se não completamente liberto até que se tenha realiza
do a sugestão pós-hipnótica, e depois de ter sido expli
cado pelo hipnotizador o fato de que a ação era de na
tureza pós-hipnótica.
De qualquer maneira, os indivíduos diferem quanto
à rapidez com que acordam completamente do sono
hipnótico, tal como acontece quando acordam do
sono comum. Se o paciente for envolvido, durante al
guns momentos, em conversa, seja pelo hipnotizador ou
por qualquer outra pessoa, estará completado o pro
cesso de acordar.
A crença popular de que podem ser encontradas
dificuldades em acordar o paciente é, de um modo ge
ral, infundada. Mesmo quando foi difícil estabelecer o
controle, seu abandono é simples. Fundamentalmente,
tudo que é necessário é dizer ao paciente que dentro
de alguns instantes, a um dado sinal (por exemplo, a
contagem até dez), você vai acordá-lo, e depois dar o
sinal. É aconselhável tornar o sinal ligeiramente pro
longado, como na contagem até dez, de modo que o
processo de acordar seja gradativo, dando assim tem
po para a necessária mudança mental.
Embora seja possível acordar o paciente (após
apropriada declaração da intenção de fazê-lo) com um
simples estalar de dedos, ou algum outro súbito sinal
instantâneo, tal procedimento é desaconselhável. O con
seqüente reajustamento mental rápido não é natural, e
pode causar dor de cabeça ou outra reação indesejável.
Ao acordar o paciente, deve o hipnotizador usar o
mesmo tom de conversa que vinha empregando desde
o início. Isso é importante.
Exemplos em que o hipnotizador encontra dificul
dade para acordar o paciente sáo muitos raros. Há
sempre alguma causa específica para a falha, a qualr
uma vez compreendida, será prontamente superada.
O principiante pode se defrontar com tal problema
se sua súbita agitação ou confusão resultam em mudar
ele para um tom e maneira agitados ou confusos, ao
ponto de o paciente não o reconhecer como o meio con
trolador, deixando por isso de seguir as instruções da
das. Uma situação desse tipo foi relatada ao autor. Um
hipnotizador inexperiente, trabalhando com uma boa
paciente, obteve rapidamente um forte grau de controle
e então sugeriu que a paciente abrisse os olhos e visse
cobras. A paciente assim fez, “viu” as cobras e ficou
histérica de medo; em conseqüência disso, o hipnotiza
dor ficou agitado e confuso, gritando novas instruções
num tom e maneira que ela não reconheceu e por isso
não obedeceu. A paciente permaneceu no estado hipnó
tico e num estado de medo histérico de cobras até que
um hipnotizador mais experiente foi chamado para re
solver o problema.
Após ter acalmado o perturbado calouro, pediu-lhe
o perito que dissesse à paciente, com voz tranqüila:
“Vou agora transferir meu controle sobre você para o
Sr. X. A voz que ouvirá a seguir é a do Sr. X e você
lhe obedecerá”. (Sr. X é o nome do hipnotizador ex
periente.)
Aí o Sr. X ordenou à paciente que fechasse os
olhos e se sentasse, acompanhando a ordem de uma
pressão para baixo nos seus ombros, seguida de uma
declaração de que, agora que seus olhos estavam fecha
dos, ela nada poderia ver; que enquanto ele contasse
até dez as cobras desapareceriam e quando ela abrisse
os olhos já não mais estariam lá. À conclusão da con
tagem ela abriu os olhos e as cobras haviam “desapa
recido”. Sugeriu-se amnésia pós-hipnótica e a paciente
foi despertada de modo habitual.
É claro que o primeiro hipnotizador, mesmo depois
de “perder” o controle por causa de sua voz e maneira
agitadas, poderia tê-lo recuperado facilmente se hou
vesse compreendido a razão da sua dificuldade. Preci
saria apenas controlar sua própria voz e maneira, e re
tomar o tom de conversa que vinha empregando antes
da dificuldade. A paciente então teria reconhecido seu
hipnotizador, obedecendo-lhe. ■
O fracasso da paciente em reconhecer seu próprio
hipnotizador ao alterar ele subitamente a voz e maneira
foi devido ao fato de ser a mente subjetiva da paciente
(em evidência no estado hipnótico) incapaz de racio
cino indutivo. Tivesse ela sido capaz de raciocinar in
dutivamente, teria chegado à generalização adequada
de que ele era seu hipnotizador, por causa de outras
particularidades observáveis, como aparência etc. No
estado hipnótico, entretanto, com apenas sua mente
subjetiva em evidência, ela podia reconhecer (e reagir a)
somente aquela particularidade que a mente subjetiva
já aceitara como base do controle, a saber: o tom e ma
neira habituais de conversa do hipnotizador.
Outra possível causa de dificuldade em acordar o
paciente, de ocorrência extremamente rara, pode ser
mencionada. Ao começar o paciente a despertar, sua
mente subjetiva está retrocedendo e a objetiva vindo à
frente. Nos casos em que um paciente tem (ou for
mou) um antagonismo objetivo ao hipnotizador, a
mente objetiva ao vir à frente pode talvez ressentir-se
ante a ordem de acordar e oferecer resistência; o pa
ciente pode então não acordar quando ordenado, e
pode ou se recusar a responder ao hipnotizador ou ca
tegoricamente afirmar sua recusa em acordar.
Essa situação pode ser enfrentada de qualquer
uma dentre as duas maneiras seguintes: 1) o hipnoti
zador pode deixar o paciente, que entrará então num
sono natural, do qual acordará no devido tempo, ou 2)
o que é ainda mais eficiente, o hipnotizador pode dizer
ao paciente: “Está bem — agora fique dormindo!” Isso
acordará imediatamente um paciente desses.
Uma terceira situação semelhante, extremamente
incomum, pode surgir. Um paciente hipnotizado, de
pois de obedecer a algumas ordens do hipnotizador,
subitamente não reage mais a quaisquer novas suges
tões, como se não as ouvisse. Tal paciente caiu prova
velmente num estado de sono natural. Para acordá-lo,
basta simplesmente sacudi-lo.
Essas situações são raramente encontradas na prá
tica, e são nítidas exceções às reações habituais da
imensa maioria dos pacientes.
Se, após completo abandono do controle, o paciente
ainda se queixar de dor de cabeça, sonolência ou qual
quer outro incômodo, isso pode ser rapidamente reme
diado, do seguinte modo: Induza prontamente transe
leve, saliente sugestões pós-hipnóticas de bem-estar e
desaparecimento da indisposição específica, afirme que
ela agora desapareceu e que se manterá ausente mesmo
depois que você reacordar o paciente. Isso em geral
produzirá o resultado desejado.
O ponto até o qual o paciente recordará, depois
de acordar, os acontecimentos revelados em seu estado
hipnótico depende de vários fatores. Nos casos em que o
hipnotizador não menciona especificamente se o pacien
te recordará ou não os acontecimentos, o grau de lem
brança depende do grau de transe. Se o transe foi leve,
a lembrança é boa, assim como são lembrados os sonhos
num sono natural leve. A lembrança pode ser parcial ou
completa. Às vezes os acontecimentos são lembrados
imediatamente após acordar, mas depois se desvanecem
na memória do paciente, como costuma acontecer com
os sonhos comuns. Essa dissipação pode ser acelerada
se o hipnotizador sugerir, “ Você o esquecerá logo, como
um sonho” . Se o transe foi profundo, resultará, prova
velmente, completa amnésia pós-hipnótica.
Quando o hipnotizador dá uma sugestão pós-hipnó
tica de que o paciente lembrará tudo mesmo depois
de acordado, então tudo será lembrado. Por outro lado,
uma sugestão de amnésia pós-hipnótica, embora possa
conduzir ao resultado sugerido, nem sempre será eficaz,
porque, se o transe foi suficientemente leve, haverá
lembrança, parcial ou completa, não obstante a suges
tão em contrário.
De qualquer maneira, os acontecimentos de uma
hipnose anterior são prontamente lembrados pelo mes
mo paciente em hipnoses subseqüentes; a mente subje
tiva (controlando a memória) lembra ^prontamente suas
próprias experiências prévias.
Nos casos em que houve qualquer amnésia pós-
hipnótica, pode esta ser removida tornandoa hipnoti
zar-se o paciente (transe leve, rápido, é sítficiênte) e su
gerindo: “Agora você se lembra claramente de tudo
que aconteceu antes. Quando eu o acordar desta vez,
você continuará a se lembrar de tudo”.
Aplicação específica
(Sugestões para o profissional)